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Relação Espírito:Matéria. Parte 3. Reencarnação e a evolução espiritual

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Com o conhecimento do processo de reencarnação, o homem começa a compreender muita coisa que, até então, não fazia sentido ao seu bom senso.

O entendimento da reencarnação é primordial para começar a perceber a grandeza da vida. É desvendar os olhos sobre a vida, ampliando a visão para novo horizonte, muito mais amplo.

A reencarnação não é uma simples teoria. Existem inúmeros exemplos de pessoas que desenvolveram a regressão de memória e foram capaz de regredir a vidas passadas, narrando fatos desconhecidos da vida atual, mas que se podem, com certo esforço, ser obtidas provas incontestáveis.

Profissionais ligados a problemas mentais que trabalham com a regressão de memória, ou terapia devidas passadas, mesmo obtendo grandes sucessos em seus pacientes, devem entretanto, ter o conhecimento adequado sobre o que está se praticando. 

O Espírito é criado imperfeito e muito atrasado, ou seja, num estado de simplicidade e ignorância e inicia todo um processo de evolução (aperfeiçoamento) em busca da perfeição. O desenvolvimento espiritual pode ser estritamente lento ou extremamente rápido e as suas variáveis intermediárias. O fato é que todos nós estamos em um processo evolutivo, contínuo, gradual e eterno.

Não existe, assim, uma condenação eterna para qualquer pessoa, por pior que tenha sido aos nossos olhos e sempre haverá outra chance, certamente com grandes dificuldades. Aliás, condenação não existe mesmo, em qualquer sentido. O próprio Espírito escolhe o seu caminho a seguir entre os dois pontos, do início de sua criação até um ponto muito distante, onde atinge a purificação, vivendo num estado de felicidade eterna. Ele poderá optar em seguir por uma linha reta ou por um caminho com curvas ou atalhos extremamente longos, gastando-se muito mais tempo. Porém, todos atingirão o mesmo objetivo. O Espírito faz a sua própria escolha, pois acima de tudo, ele tem o seu livre-arbítrio.

O universo, segundo a avaliação cientifica, é imenso. Ainda assim a sua dimensão conhecida é extremamente pequena, como mostra as novas descobertas da astronomia. Embora ainda não sendo de nosso conhecimento, pelo menos para a população de um modo geral, fica difícil imaginar que só exista vida no planeta Terra. Quantos locais apropriados para o desenvolvimento de vida como ocorre aqui devem existir? De fato, muitos Espíritos já discorreram sobre esse assunto esclarecendo-nos que existem muitos locais onde os Espíritos desenvolvem as reencarnações em suas sagas evolutivas. Convém ressaltar que a forma física do ser humano é adaptada para a vida no planeta Terra em função das características próprias do planeta.

A vida não é simples como muita gente imagina. Muitos pensam que viver é só deixar o tempo passar e procurar obter o que desejam para suas satisfações próprias custe o que custar. Essa maneira simplista de viver leva o homem sempre a sofrer graves conseqüências até que num determinado momento irá "parar" para uma reflexão mais profunda e esse é o ponto do limiar da compreensão. A partir daí começa a seguir um novo caminho, permitindo uma evolução mais rápida, pois passa a observar tudo o que ocorre ao seu redor e, de maneira coerente, vai melhorando dia a dia a sua conduta pessoal, pois percebe que o tempo é o seu maior amigo e não pode ser desperdiçado com futilezas inúteis.

Como se processa a evolução do Espírito? Vamos fazer uma analogia simples com um exemplo do nosso meio. Uma criança entra na escola e desenvolve o ensino fundamental; depois segue para o médio, universitário, pós-graduação e outros. Sempre haverá um contínuo aprendizado, pois mesmo em final de carreira, perceberá que ainda tem muito o que aprender. Há, assim, uma evolução intelectual constante como faz parte do seu Espírito. Geralmente o individuo se especializa em uma determinada área do conhecimento humano, muitas vezes por afinidade já de outras reencarnações, ou por outros motivos.

As fases do aprendizado podem ser separadas por estágios e a pessoa passa vários estágios no primeiro grau, no segundo, na universidade e assim por diante. No final é obvio que houve uma grande evolução intelectual e ele não seria o mesmo se não tivesse iniciado essa longa "viagem".

A evolução espiritual ocorre de maneira semelhante, tanto a moral como a intelectual. Existem muitos planetas onde os Espíritos se desenvolvem ("aprendizados") com as reencarnações. O Espírito é criado ignorante e vai progredindo sempre através das sucessivas reencarnações. Em cada reencarnação, ele se encontra num estágio da evolução e à medida que vai progredindo vai reencarnando em mundos mais evoluídos. Após ter atingido um estágio bem avançado, não há mais a necessidade de se reencarnar e passa a viver em um estado puramente espiritual.

É coerente uma pessoa em um estágio avançado do conhecimento voltar a sentar na cadeira escolar no ensino fundamental? Certamente, a distância aí seria muito grande, mas mesmo retroceder alguns passos, não é viável. O Espírito em evolução também não regride e somente avança, mas poderá permanecer, da mesma forma, por longo período no mesmo estágio evolutivo.

Supondo haver uma verdadeira humildade numa determinada pessoa em final de carreira, seria possível ela voltar, mas não para aprender, e sim para ensinar. Nesses casos excepcionais, ainda irá depender da distância que o separa entre a sua evolução e o mundo que optou em reencarnar. Mesmo assim, existem problemas de diferenças "energéticas" a ser considerados. Da mesma forma que não vemos normalmente um professor de pós-graduação, ensinando no primário, o que também não faz muito sentido, a não ser que isso seja relevante de alguma forma.

A evolução espiritual permite esclarecer a existência de uma hierarquia de Espíritos, onde os mais adiantados trabalham na melhoria dos mais atrasados, mas não há uma imposição e sim uma satisfação pessoal com seu trabalho.

A complexidade reencarnatória é imensa e não se pode reencarnar a qualquer momento, conforme queira. Uma chance desperdiçada pelo mau uso, representa uma grande perda para o Espírito e qualquer conduta indevida do nosso corpo físico, que permita um suicídio indireto, chegando ao extremo no suicídio direto, deve ser sempre desaconselhada. Evidentemente, muito pior será a má conduta moral. Todo o esforço que se fizer para melhorar as condições de vida é louvável, porém a destruição da natureza em favor de um conforto material excessivo, muitas vezes, desnecessário, promove um suicídio indireto do homem.

Evolução moral significa procurar a melhor maneira espiritual de se viver, ou seja, de se relacionar com os outros e com a natureza, pois sempre viveremos em sociedade.

A Terra é um entre os vários mundos que serve como meio para a evolução dos Espíritos. Como um estágio da evolução, ela sempre abrigou Espíritos de evolução intermediária. Não é um local de mais baixa evolução, como também está longe dos mundos mais evoluídos. Os mundos mais atrasados são muitos materialistas e muito sofrimento existe.

Aqui na Terra, como percebemos, o sofrimento também se faz presente, em todos os sentidos. Há o sofrimento físico que é produto de nossa matéria, mas os sofrimentos morais produtos de nosso Espírito são os mais duros e, muitas vezes, uma depressão profunda pode significar muito tempo de árduo trabalho para o restabelecimento da harmonia.

O sofrimento infelizmente é uma conseqüência de nossa própria conduta errônea e ele vai sendo eliminado à medida que subimos mais degraus na escalada evolutiva, ou seja, melhorarmos nossa maneira de viver. Assim o sofrimento é um efeito e não uma causa e todo efeito tem uma causa.

Dessa forma, o conhecimento do processo reencarnatório nos permite observar a Justiça Divina, que é infinitamente superior a justiça dos homens e nos dá a certeza de que esta vida é apenas uma passagem. Com isso, adquirimos mais força para viver, pois nos permite a certeza de que, de acordo com nosso próprio esforço, independentemente ou não de termos sidos recompensados agora, continuaremos nesse mesmo processo, após o desencarne, num estágio melhor.


Fonte: Boleltim GeaE, Ano, 01, Número 09, 08/12/1992


 COMENTÁRIOS

Caro colega,

Em princípio (porque não sou um especialista no assunto), me considero um espírita. Porém, lendo tua mensagem me ocorreu de te perguntar sobre uma (?) dúvida que tenho.

  1. Em teu texto pode-se interpretar que quanto mais avançada tecnologicamente a sociedade, mais avançados são os espíritos?
  2. Não me “recordo”, mas tenho a impressão de que há muito tempo atras (numa época qualquer a milhares de anos) a paz e felicidade deviam ser mais abundantes neste planeta. Logo, estamos evoluindo?
  3. Outra dúvida. No teu texto há a sugestão de que não há involução. Tenho serias dúvidas pois vejamos os exemplos dos políticos no nosso país. São pessoas inteligentes. Alguns vieram de famílias humildes. Lutaram progrediram, e finalmente quando chegam a uma posição de poder contribuir a um número grande de pessoas, se corrompem. No meu entender isto é uma evolução e depois uma involução. Vejamos o caso de um Getúlio Vargas, aparentemente uma vida de altos e alguns baixos, e finalmente num momento crucial, o suicídio. Não seria isto uma involução?

Bem por hoje as dúvidas são estas.

Se tiveres a oportunidade agradeceria uma resposta.

Abraços e cumprimentos pelo corajoso (pelo clima que reina nesta rede) trabalho.

Renato

UofA - Edmonton - Alberta - Canada

 Resposta do autor:

  1. As duas variáveis da evolução espiritual do homem, ou seja, a intelectual e a moral, podem ser desenvolvidas independentes. Numa sociedade formada, no geral, por espíritos mais evoluídos na parte intelectual do que outra, certamente será mais avançada tecnologicamente. Porém, a evolução total do espírito é o conjunto formado pelas duas variáveis juntas. Assim, essa mesma sociedade pode não ser constituída por espíritos de alto nível moral. O caminho da perfeição passa pelo aperfeiçoamento das duas variáveis e a felicidade eterna só será atingida quando o espírito conseguir atingir elevado nível de evolução espiritual plena. Assim, o simples desenvolvimento tecnológico não é sinônimo de evolução espiritual. Podemos ver um alto desenvolvimento tecnológico na indústria bélica e na destruição ambiental, cujos objetivos não caminham para a evolução moral. Por outro lado, vemos também o desenvolvimento tecnológico a favor do bem-estar do homem. O mais importante é a intensão e o bom senso com que se busca o desenvolvimento tecnológico em favor da humanidade e não em benefício próprio.
  2. Não creio que a paz e a felicidade já fizeram parte da Terra. Temos informações, "Evangelho Segundo o Espiritismo" e outros livros de que a Terra sempre foi um planeta expiatório, ou seja, um planeta onde os espíritos devem passar por grandes dificuldades para se evoluírem. Porém, a Terra está passando por um período de transição de um planeta de "Provas e Expiação" para um planeta "Regenerador", subindo na escala evolutiva. Muitos acreditam no fim do mundo, com tragedias e tristezas. O que já está se processando é algo muito superior à que muitos pensam e temem. Gradativamente estão sendo substituídas reencarnações de espíritos de pouca evolução por aqueles de níveis mais elevados. Não foi citado uma data fixa de quando isso se iria processar, mas esse ponto é tido como sendo o início do terceiro milênio, mas certamente isso levara vários séculos, dada a complexidade do planeta. Esse processo pode ser notado pelas mudanças promovidas nas sociedades em favor da preservação da natureza, liberdade de expressão, luta contra os preconceitos e tradições errôneas, solidariedade em todos os níveis, e principalmente pela "curiosidade" e o "espirito de liderança" já desenvolvidos nas crianças em pouca idade, que nem bem acabam de nascer, e já se comportam como adultas, preocupadas com o futuro do planeta. Isso se verifica em todos os países do mundo, uns mais, outros menos intensamente.
  3. Novamente aqui, é o caso de analisarmos as duas variáveis da evolução espiritual. O fato do indivíduo ser inteligente não significa que tenha alta evolução espiritual, e se existe nele a tendencia a corrupção, encontra-se num estágio baixo de evolução moral. Se ele subiu na carreira política, muitas vezes utilizando da má-fé, e se corrompe pelo poder, não houve involução, pois provavelmente não "subiu nada" e encontra-se no mesmo ponto que esteve quando iniciou. O suicídio é muito complexo e também não demostra uma involução. As causas que levam ao suicídio são muitas, mas se um indivíduo resolve se suicidar é porque está com sérios problemas que não consegue resolvê-los e acha que a morte é o fim deles. Após a morte, verá que não promoveu uma atitude correta e que deverá continuar a sua luta para sanar seus problemas. O ato de escolher o caminho da morte pelo suicídio, não apaga o que ele sempre foi e o que conseguiu evoluir antes do suicídio. O grande erro do suicídio, é deixar de aproveitar um tempo que lhe foi concedido para elevar sua evolução através da reencarnação e não significa que promoveu uma involução espiritual. Convêm ressaltar, que muitos suicídios são cometidos por pessoas que não concordam com o sistema em que vivem e muitas vezes por achar que será melhor para outras pessoas, as suas ausências. Isso é um sentimento de grandeza e de grande valor para suas evoluções, porém deverão recuperar o tempo perdido com o suicídio. Outros cometem suicídio como fuga de atos errôneos que praticaram imaginando que os sofrimentos se acabarão com a morte. Para esses, esse ato é muito mais doloroso.

Fonte: Boleltim GeaE, Ano, 01, Número 10, 15/12/1992

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Raul Franzolin Neto

Natural de Botucatu-SP, desenvolveu sua infância e adolescência em Itatinga-SP. É Médico Veterinário e Professor Titular aposentado da USP. Escritor espírita foi o fundador do GeaE - primeiro grupo espírita da internet. Atualmente é o editor principal e webdesigner da página do GeaE.