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Suicídio: causas e consequências

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 “As causas e consequências do suicídio só podem ser entendidas em um contexto geral, envolvendo as vivências passada, presente e futura e, portanto, não está ao nosso alcance no momento.

      Certa vez participei do funeral de uma jovem de 33 anos que optou pelo desencarne drástico com o auto enforcamento, vítima de momento fortemente depressivo. A tristeza estava estampada nos rostos dos familiares e amigos.
 Durante o sepultamento, em oração pedi ajuda ao plano espiritual para o acolhimento da jovem sob as bênçãos de Deus e fiquei refletindo sobre o processo em si e da sua importância na nossa vida, já que ocorrem muitos casos assim.

O ambiente formado nesse momento é de muita tristeza, espanto e comoção social pelo rompimento inesperado de uma vida aqui na Terra.

Muito se tem falado a respeito do suicídio, envolvendo aspectos sociais, religiosos, pessoais e outros.  Informações existem de todas as maneiras, e muitas levam ao caminho da prática condenável indicativo do extremo erro irreparável. Mas esse processo não é tão simplista com se pensa, ou seja, o indivíduo decidiu pela sua própria morte, descumprindo a Lei de Deus, sendo condenado eternamente. Primeiramente o espiritismo nos ensina que não há penas eternas e nem mesmo punição pura e simplesmente. Há sim necessidade de reparo de qualquer situação inadequada. Árduos sofrimentos são enfrentados pelo espírito diante da evolução espiritual, o qual significa um caminho crescente de aperfeiçoamento rumo a felicidade eterna.

A visão estritamente condenável com informações irracionais (absurdas) e longe da verdade, embora possa até contribuir para evitar a prática do suicídio, também não é útil nem para os parentes e amigos e muito menos para o suicida que enfrentará mais dificuldades para o reequilíbrio de suas forças. Mais do que o medo dessa condenação eterna, ou longa duração dependente de orações constantes imposta por muitos, a característica nata individual do desconhecido, ou do medo da morte, é muitas vezes maior, pois ela faz parte da Lei de Deus que nos é dada como meio de preservação da vida.

As causas e consequências do suicídio só podem ser entendidas em um contexto geral, envolvendo as vivências passada, presente e futura e, portanto, não está ao nosso alcance no momento.

Devemos considerar que infelizmente o nosso planeta Terra não é um ambiente de total felicidade para a reencarnação de muitos espíritos, principalmente para aqueles que já se encontram em bom estado de evolução espiritual e se propõem avançar mais rapidamente. Vivemos em constante conflitos de condutas, estando sujeitos aos mais variados dissabores como assaltos, roubos, crimes horrorosos, guerras, acidentes, fome, miséria, doenças simples e graves, problemas psicológicos como traumas e depressão, além de problemas ambientais com terremotos, secas, inundações, tornados etc. A desigualdade social é visível dentro de regiões, países e continentes. Nesse contexto, qual será a visão de um espírito que reconhece a necessidade de reencarnar na Terra e vem em sua mente - para onde? De que forma (como)? O que devo fazer? Quanto tempo?

Há, portanto, que se analisar a forte pressão imposta pelo meio a que estamos sujeitos em todas as fases do crescimento do indivíduo. Na infância e juventude, a inocência, drogas, problemas sociais; no adulto a insegurança, desemprego, problemas financeiros e desajuste social; na velhice o desamparo, solidão, doenças e tantos outros fatores em todas as fases da vida. Por isso, a semente da preservação da vida em nosso ser é muito forte dentro da Lei Divina da sobrevivência. É por essa razão, que com tantos problemas, o desencarne pelo suicídio é muito pequeno diante da morte natural.

A questão do suicídio deve ser encarada com grande seriedade, pois dizer que a pessoa é condenada eternamente, não produz efeito naqueles que realmente se encontram nesse caminho. É preciso que a pessoa faça uma real reflexão sobre sua vida em toda a sua vivência na Terra, para aí sim, ser capaz de superar esse tremendo trauma e dar o próximo passo em direção ao outro caminho que é o da preservação natural da vida, ou seja, do caminho que a levará ao brilhante estado da compreensão e da renovação. 

É interessante observar que quando tudo está indo bem na vida, muitos nem sequer imagina a possibilidade de uma reviravolta com sérias complicações. Acreditam que a felicidade já está em sua porta e isso é o suficiente. Acreditam que o mérito reside em manter tudo em boas condições. É o caminho, sem dúvida, mais fácil. Entretanto, também é o mais perigoso, pois não há evolução em nível elevado, sem a prática do esforço constante.  Não é incomum, verificarmos a mudança total da chamada vida feliz para um desastre completo, um pesadelo. E pior, como o ditado popular, “desgraça pouca é bobagem”. Isso é um fato e não uma suposição. O espanto e a surpresa acontecem mesmo nas maiores evidências do planeta em meio artístico. A gente não consegue entender como uma pessoa, aparentemente feliz, bonita com plena saúde, rica e poderosa, acaba em situações extremamente desagradáveis e, muitas vezes, em suicídio premeditado, ou indireto com o uso abusivo de álcool, drogas, conduta pessoal perigosa, entre outras. Um novo desafio surge às portas, provavelmente solicitado pelo próprio espírito em seu planejamento do processo reencarnatório.

Muitas pessoas que cometem o suicídio trazem a angustia de sentirem-se inúteis sem razão de existir e decidem pôr um fim na vida e ponto final. Muitos aceitam que seus problemas acabam com a morte.  Essa angustia só pode ser revertida ao sentir que o fim não existe e que ela irá viver eternamente se evoluindo, lutando contra suas mazelas, independentemente se irá desencarnar hoje ou daqui há muito tempo.

O efeito provocado pelo suicídio é sem dúvida complicado ao espírito devido a redução do tempo da planejada reencarnação, entretanto, cada caso será devidamente avaliado individualmente como em tudo que fazemos e a nova jornada da vida dependerá de toda atividade vivida em muitas reencarnações e no plano espiritual.

A chave do caminho da felicidade eterna está perfeitamente definida na frase “conhece-te a ti mesmo”.

Em todas as épocas da humanidade vamos encontrar exemplos de vida que mostram verdadeira superação diante de extremo desafio na vida. Daí a oração que aprendemos”...livrai-nos do mal” ou “orai e vigiai”.

Vamos rever um pequeno trecho de um diálogo entre Sócrates e Alcebíades, ressaltando que esses filósofos viveram há cerca de 2500 anos e suas reflexões continuam relevantes até hoje. É a própria evolução espiritual elevada já naqueles tempos.

Sócrates — Acaso poderíamos reconhecer a arte que aperfeiçoa os calçados, se não soubéssemos em que consiste um calçado?

Alcibíades — Impossível.

Sócrates — Ou que arte melhora os anéis, se não soubéssemos o que é um anel?

Alcibíades — Não, isto não é possível.

Sócrates — Que seja fácil ou não, Alcibíades, estamos sempre em presença do fato seguinte: somente conhecendo-nos é que podemos conhecer a maneira de nos preocupar conosco; sem isto, não o podemos.

Assim também ouso a inferir:

- É certo que para melhorarmos um sentimento ou vício precisamos conhecê-lo?

Sim, é claro.

- Um indivíduo conhece e modifica todos os seus sentimentos e vícios exatamente da mesma forma que outro indivíduo?

-Não, isso não é possível, caso contrário, eles seriam um só.

Acaso poderíamos reconhecer todos os sentimentos e vícios que existem no indivíduo e suas infinitas possibilidades de mudanças, ou seja, o próprio indivíduo?

Não, isto não é possível.

É certo então, que não podemos melhorar todo o indivíduo se não conheço?

Sim, isso é certo.

Então podemos concluir que somente ele mesmo é capaz de melhorar os sentimentos que somente ele conhece?

Isto parece lógico.

É certo então, que podemos melhorar com a experiência de outro indivíduo somente os sentimentos que reconheço nele?

Sim.

Então, é com a experiência de vida na convivência infinita, é que aperfeiçoamos todos os nossos sentimentos de maneira que nunca existirá dois indivíduos iguais, já que existem infinitas combinações existenciais.

 
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Raul Franzolin Neto

Natural de Botucatu-SP, desenvolveu sua infância e adolescência em Itatinga-SP. É Médico Veterinário e Professor Titular aposentado da USP. Escritor espírita foi o fundador do GeaE - primeiro grupo espírita da internet. Atualmente é o editor principal e webdesigner da página do GeaE.