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Revue Spirite

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Revue Spirite!... Essa grande desconhecida da maioria dos espíritas!...

Tão importante é a Revista Espírita para o enriquecimento doutrinário complementar que não se pode compreender o descaso a que é relegada.

Escrita pelo próprio Kardec, a “Revue Spirite”, Jornal de Estudos Psicológicos, é um laboratório vivo da Codificação. Escrita de 1858 a 1869, ela hoje é encontrada em primorosa encadernação do IDE, já em sua segunda edição, em 12 volumes; um para cada ano de existência da Revista.

Eis como o ínclito Codificador do Espiritismo se refere à “Revue” [1]:

“Variada coletânea de fatos, de explicações teóricas e de trechos isolados, que completam o que se encontra nas duas obras precedentes [2], formando­lhes, de certo modo, a aplicação. Sua leitura pode fazer­se simultaneamente com a daquelas obras, porém, mais proveitosa será, e, sobretudo, mais inteligível, se for feita depois de O Livro dos Espíritos”.

Apenas a título de “trailer”, vamos transcrever, para deleite dos leitores, o conteúdo das páginas 4 e 5 do volume de 1858, que vem ratificar o versículo de Davi em epígrafe:

“(...) A existência dos Espíritos, e a sua intervenção no mundo corporal, está atestada e demonstrada, não mais como um fato excepcional, mas como princípio geral, em Santo Agostinho, São Jerônimo, São Crisóstomo, São Gregório de Nazianzeno e muitos outros Pais da Igreja. Essa crença forma, por outro lado, a base de todos os sistemas religiosos. Os mais sábios filósofos da antiguidade a admitiram: Platão, Zoroastro, Confúcio, Apuleio, Pitágoras, Apolônio de Tiana e tantos outros. Nós a encontramos nos mistérios e nos oráculos, entre os Gregos, os Egípcios, os Hindus, os Caldeus, os Romanos, os Persas, os Chineses. Vêmo­la sobreviver a todas as vicissitudes dos povos, a todas as perseguições, desafiar todas as revoluções físicas e morais da Humanidade...

Mais tarde, encontramo­la nos adivinhos e feiticeiros da Idade Média, nos Willis e nas Walkirias dos Escandinavos, nos Elfos dos Teutões, nos Leschios e nos Domeschnios Doughi dos Eslavos, nos Ourisks e nos Brownies da Escócia, nos Poulpicans e nos Tensarpoulicts dos Bretões, nos Cemis dos Caraíbas, em uma palavra, em toda a falange de ninfas, de gênios bons e maus, de silfos, de gnomos, de fadas, de duendes, com os quais todas as nações povoaram o espaço. Encontramos a prática das evocações entre os povos da Sibéria, no Kamtchatka, na Islândia, entre os índios da América do Norte, entre os aborígenes do México e do Peru, na Polinésia e mesmo entre os estúpidos selvagens da Oceania. De alguns absurdos que essa crença esteja cercada e disfarçada segundo os tempos e os lugares, não se pode deixar de convir que ela parte de um mesmo princípio, mais ou menos desfigurado.

Ora, uma doutrina não se torna universal, e nem sobrevive a milhares de gerações, nem se implanta, de um pólo ao outro, entre os povos mais dessemelhantes, e em todos os graus da escala social, sem estar fundada em alguma coisa de positiva. O que é essa alguma coisa? É o que nos demonstram as recentes manifestações. Procurar as relações que podem e devem ter entre essas manifestações e todas essas crenças, é procurar a verdade.

Já a história da Doutrina Espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. Iremos estudar todas essas fontes que nos fornecerão uma mina inesgotável de observações, tão instrutivas quão interessantes, sobre os fatos gerais pouco conhecidos. Essa parte nos dará a oportunidade de explicar a origem de uma multidão de lendas e de crenças populares, interpretando a parte da Verdade, da alegoria e da superstição.

No que concerne às manifestações atuais, daremos conta de todos os fenômenos patentes, dos quais formos testemunhas ou que vierem ao nosso conhecimento, quando parecerem merecer a atenção dos nossos leitores. Faremos o mesmo com os efeitos espontâneos que se produzem, frequentemente, entre as pessoas, mesmo as mais estranhas às práticas das manifestações espíritas, e que revelem seja a ação oculta, seja a independência da alma; tais são os fatos de visões, aparições, dupla vista, pressentimentos, advertências íntimas, vozes secretas, etc...

À relação dos fatos acrescentaremos a explicação, tal como ela ressalta do conjunto dos princípios. Faremos anotar, a esse respeito, que esses princípios são aqueles que decorrem do próprio ensinamento dado pelos Espíritos, e que faremos, sempre, abstração das nossas próprias idéias. Não será, pois, uma teoria pessoal que exporemos, mas a que nos tiver sido comunicada, e da qual não seremos senão o intérprete.

Uma larga parte será, igualmente, reservada às comunicações, escritas ou verbais, dos Espíritos, todas as vezes que tiverem um fim útil, assim como as evocações de personagens antigas ou modernas, conhecidas ou obscuras, sem negligenciar as evocações íntimas que, frequentemente, não são menos instrutivas; abarcaremos, em uma palavra, todas as fases das manifestações materiais e inteligentes do mundo incorpóreo.

A Doutrina Espírita nos oferece, enfim, a única solução possível e racional de uma multidão de fenômenos morais e antropológicos, dos quais, diariamente, somos testemunhas, e para os quais se procuraria, inutilmente, a explicação em todas as doutrinas conhecidas. Classificaremos nessa categoria, por exemplo, a simultaneidade dos pensamentos, a anomalia de certos caracteres, as simpatias e as antipatias, os conhecimentos intuitivos, as aptidões, as propensões, os destinos que parecem marcados de fatalidade, e, num quadro mais geral, o caráter distintivo dos povos, seu progresso ou sua degeneração, etc...

À citação dos fatos acrescentaremos a busca das causas que puderam produzi­los. Da apreciação desses atos, ressaltarão, naturalmente, úteis ensinamentos sobre a linha de conduta mais conforme com a sã moral. Em suas instruções, os Espíritos superiores têm, sempre, por objetivo excitar, nos homens, o amor ao bem pela prática dos preceitos evangélicos; nos traçam, por isso mesmo, o pensamento que deve presidir à redação dessa coletânea.

Nosso quadro, como se vê, compreende tudo o que se liga ao conhecimento da parte metafísica do homem; estudá­la­emos em seu estado presente e em seu estado futuro, porque estudar a natureza dos Espíritos, é estudar o homem, uma vez que deverá fazer parte, um dia, do mundo dos Espíritos; por isso acrescentamos, ao nosso título principal, o de jornal de estudos psicológicos, a fim de fazer compreender toda a sua importância”.

[1] ­ Kardec, A. O Livro dos Médiuns. 57.ed.FEB, 1ª parte, cap. III, item 35, § 4º.

[2] ­ Kardec refere­se aos dois livros básicos: “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns”


 Fonte:  BOLETIM GEAE | ANO 18 | NÚMERO 540 | FEVEREIRO DE 2010

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