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Relação Espírito:Matéria. Parte 4. Evolução espiritual e Razão

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A evolução espiritual implica necessariamente na existência da reencarnação. A simples visão da evolução espiritual do homem, já descarta de imediato, a possibilidade de que a vida seja apenas a que ocorre aqui na Terra. Ao imaginarmos que o espírito seja criado no momento da concepção e se extingue com a morte, jamais poderemos entender a evolução espiritual, pois não haverá sentido para a vida e tudo o que vivenciamos não representará absolutamente nada com um início e um fim já definidos. Dessa forma, se o planeta Terra for destruído por completo, tudo estará acabado.

Com minha razão em curso, não consigo imaginar, por mais esforço que tento fazer, a minha própria destruição total. Não posso aceitar que com tanta perfeição que vemos ao nosso redor, eu seja um ser passível de aniquilação. Então, por que existe vida?  A morte pode acontecer por um mero descuido, como um acidente ou uma disfunção orgânica, ou pior, ser extinto por outra pessoa injustamente a qualquer momento.

A vida na Terra só é possível graças ao sol, a terra, a água, o ar, enfim todo o sistema solar trabalhando em harmonia. A vida vegetal e a animal têm ciclos perfeitos. Espécies se extinguem e outras surgem ao longo de milhões de anos. O corpo humano é algo extremamente intrigante e perfeito. Uma célula, uma organela, uma proteína, cada elemento com a sua função precisa para que a vida se processe nas condições do planeta. Temos um mundo harmônico em nosso corpo, com o objetivo de desenvolver a vida a todo o custo, mesmo em condições extremas. A dor e a fome, por exemplo, que são sofrimentos apavorantes, mas importantes. Sem a dor poderíamos ser queimados vivos, sem perceber. Entretanto, um simples calor excessivo em nosso dedo faz reagirmos imediatamente contra a fonte causadora do processo. Sem a fome, morreríamos de inanição e doenças. 

A vida é conduzida por um conjunto de ações e reações que ocorrem no corpo físico, sustentada pela dinâmica do universo. Ela é muito diversa, entretanto, a inteligência coloca o ser humano numa condição superior no mundo. Mas na vida, existem muitas variáveis, com pessoas normais de inúmeras formas, outras com problemas genéticos, de saúde, mais ou menos inteligentes etc.

Isso tudo é óbvio e se a nossa razão disser que a vida é iniciada com a concepção e termina com a morte, ela também diz que devemos parar nosso raciocínio por aqui e ponto final. 

Sendo a vida única, ou seja, não existindo anda além-túmulo, a grande variabilidade comportamental teria a sua origem no corpo humano, porém embora o meio influencie em certo nível no comportamento do indivíduo, o que realmente observamos é que muitas pessoas semelhantes, tratadas de maneiras semelhantes e vivendo no mesmo meio apresentam atitudes completamente distintas. 

Assim, se levantarmos algumas perguntas, tais como: Por que eu nasci dessa forma e vivo desse jeito? Por que eu fui privilegiado ou desfavorecido em relação ao outro? Por que uma pessoa vive tão pouco tempo enquanto outra pode ser centenária? a nossa razão terá que procurar conhecimentos, necessariamente, além desta vida. A explicação material é fácil de entender com base na ciência. Uma doença existe devido à ação agressora de um agente infeccioso. Uma anomalia física é o efeito de uma deficiência genética. Mas o que queremos saber é porque uma pessoa deve viver diferentemente de outra; uma numa condição favorável e outra complemente desfavorável. Considerando que todo efeito tem uma causa, onde estão as causas desses efeitos? 

A angústia do desconhecido sempre esteve ligada ao homem. As religiões e filosofias surgiram basicamente no mistério da vida após a morte. Muitas aceitam qualquer explicação sem usar o poder da razão, umas por comodismo, outras pela razão limitada pelo fanatismo ou ignorância e outras pelo interesse material associado ao egoísmo e vaidade. O comodismo, muitas vezes, é mais fruto de uma tradição religiosa, que impõe um sistema para não usar a razão e não questionar nada.

 As grandes religiões pregam a existência de um Deus, que é o centro de todas as explicações. O espiritismo também nos mostra que toda a criação e a evolução espiritual é fruto de uma Inteligência Suprema, Perfeita, Causa primária de todas as coisas, que é Deus. O espírito encarnado jamais poderá imaginar, ou ter uma noção pura de Deus, como também de muita coisa, pois o simples fato de se encontrar ligado à matéria o faz com que não possa transpor a sua razão para muito além. 

O espírito somente consegue compreender a vida, conforme o seu próprio grau evolutivo. Com a hierarquia evolutiva, cada um tem o seu próprio entendimento, de acordo com o ponto em que se encontra. Quando nos referimos A VERDADE, significa o conhecimento pleno, que só é alcançado num estágio muito além de onde estamos, longe da matéria.  Entretanto, a nossa razão não pode ser limitada pela explicação simplista: "isso é assim por determinação Divina e não se pode questionar a respeito". Perante a natureza em que estamos envolvidos, tudo deve ser questionado e a luta pela procura das respostas deve ser constante para que possamos evoluir mais rapidamente, alterando nossa conduta em favor da verdade, que é a felicidade eterna. Tudo isso pode ser feito dentro do contexto normal da nossa vida, sem significar mudanças drásticas nos nossos hábitos e costumes, mas as mudanças devem ser do espírito, principalmente na maneira de ver ao seu redor. 

A nossa razão pode ir, ser dúvida alguma, muito além do que normalmente estamos acostumados, mas não é possível determinar, nas nossas condições, qual o ponto máximo de evolução espiritual que se pode atingir aqui na Terra e qual o nível de evolução em que se encontra espíritos de evoluções mais altas. O que podemos fazer é observar os exemplos de vida deixados por muito deles. Por exemplo, Sócrates, Platão e outros filósofos usaram da razão elevada para compreensão da vida há cerca de 2400 anos. 

Com o avanço tecnológico, científico, cultural e espiritual da Terra, as religiões têm que se adaptar para essa nova realidade. Quanto mais lenta for essa adaptação, mais rapidamente elas vão ficando para trás, pois o progresso não para nunca. A evolução espiritual também não ocorre da mesma forma no mundo todo, existindo diferentes regiões, sub-regiões, países, grupos e até famílias que evoluem mais rapidamente que outras, pois sempre há a opção dos espíritos (livre-arbítrio) e a afinidade espiritual sempre existe perante a reencarnação, conforme as leis de Deus. 

Lamentamos o atual desenvolvimento da ciência, onde verificamos estudos aprofundados em várias áreas e a carência de pesquisas na área da ciência espiritual. Sabemos que nascemos e morremos naturalmente. Mas ainda há uma forte barreira científica para desenvolvimento de pesquisas aquém e além desses dois pontos. Quando novas doenças surgem causando muitas mortes, como é o caso atual da AIDS, há um medo generalizado e forte pressão social para se produzir medicamentos, ou vacinas visando preservar e voltar vida normal. Isso é muito importante. Mas obter conhecimentos da vida espiritual, ou seja, o processo da morte, a vida após a morte, o processo da reencarnação etc., é uma forma de nos preparar para a continuidade da vida após a morte, que certamente virá mais cedo ou mais tarde. E como isso é importante!!


Fonte: Boleltim GeaE, Ano, 01, Número 11, 22/12/1992, revisado pelo autor em 03/11/2021

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Raul Franzolin Neto

Natural de Botucatu-SP, desenvolveu sua infância e adolescência em Itatinga-SP. É Médico Veterinário e Professor Titular aposentado da USP. Escritor espírita foi o fundador do GeaE - primeiro grupo espírita da internet. Atualmente é o editor principal e webdesigner da página do GeaE.