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A mediunidade: causas e consequências

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A mediunidade é o processo de intermediação entre os dois mundos reais, visível e invisível. É a ponte de acesso que permite a comunicação dos Espíritos encarnados e dos que estão vivendo em estado fora do corpo físico.

Esse processo se realiza pela ação de médiuns que são pessoas intermediárias na relação da transmissão das ideias dos Espíritos, uma vez que livre da matéria, eles não têm toda a estrutura do corpo devidamente adaptada para uma comunicação simples e fácil como ocorre entre seres humanos.

O ser humano pleno é constituído por três componentes que se conectam entre si numa complexidade variável de acordo com a sua própria evolução espiritual e local de vivência. O corpo físico, temporário e perecível; o Espírito criado por Deus e eterno e um componente semimaterial que é o perispírito.

A conexão do Espírito se estabelece com o médium por meio de seu perispírito atuando no corpo físico de forma específica, principalmente envolvendo a glândula pineal localizada no cérebro. Essa é uma área ainda aberta para que as pesquisas científicas possam demonstrar o real papel da pineal, ou epífise na intermediação com o plano espiritual (Lucchetti et al. 2013; Oliveira).

Tendo em vista de que todo corpo humano possui a pineal e outras tantas estruturas complexas e necessárias a vida terrena, como também participa na formação de um campo magnético, qualquer pessoa pode exercer alguma forma de conexão com o mundo espiritual. Entretanto, os mecanismos da mediunidade envolvem uma complexidade de fatores físicos do mundo material e estrutura humana integrados com o mundo espiritual (Aniche 2017). Esse canal é extremamente importante para a sobrevivência da vida na Terra, pois a condição humana é frágil diante da natureza. Um exemplo vivo são os efeitos terríveis provocados por uma simples estrutura biológica, como o coronavírus, no mundo moderno de hoje com toda a tecnologia avançada.

A conexão espiritual promove benefícios significativos à vida na Terra, com o constante apoio principalmente do Espírito protetor que cada um possui, como também malefícios, por ação de Espíritos inferiores e desiquilibrados. Mas, a capacidade da manifestação mediúnica depende de vários fatores primordiais, como a afinidade espiritual, controle espiritual, vontade e desenvolvimento do médium e do Espírito comunicante, estrutura do corpo físico e do corpo extrafísico, entre outros.

A mediunidade se apresenta de um modo geral, numa acepção ampla, como a mediunidade intuitiva. Ela é sutil e despercebida, em que nem mesmo se imagina a ação espiritual em determinado momento. Porém, o mérito da ação diária é uma decisão inequívoca de cada um. Em outra acepção, ela é restrita, onde o médium apresenta características bem pronunciadas mantendo-se a ponte da conexão com os portões abertos para a comunicabilidade espiritual (Chibeni and Chibeni 1997). Essas acepções são adequadas para esclarecer que poucas pessoas atingem um grau de mediunidade restrita, mas ela pode acontecer em qualquer idade, desde crianças a idosos. Em muitos casos, as manifestações mediúnicas surgem na infância (Almeida 2004).

Após a publicação de O Livro dos Espíritos em 1857, Allan Kardec percebeu a importância e a necessidade de se publicar um livro específico para tratar sobre esse fundamental fenômeno, já com os muitos relatos acumulados e publicados na Revista Espírita. Além do que as manifestações mediúnicas ocorreram durante toda a história. Muitos foram excluídos, queimados, tratados como loucos etc.

O Livro dos Médiuns aborda os diferentes tipos de mediunidade e suas nuances. Devido a complexidade das manifestações mediúnicas, as classificações são vaiáveis sofrendo influências dos costumes e épocas. No geral, duas grandes categorias são definidas: (1) Médiuns de Efeitos Físicos com habilidade de produzir os efeitos materiais como os movimentos dos corpos inertes, ruídos etc. provocados pelos chamados Espíritos Batedores ou manifestações ostensivas. (2) Médiuns de Efeitos Intelectuais conectados as comunicações inteligentes que podem, mais especialmente, servir de instrumentos para comunicações regulares e contínuas (Kardec 1861).

Os médiuns de efeitos físicos tiveram seu auge no século XIX nos Estados Unidos e Europa, principalmente Inglaterra, Alemanha, Itália e França com a exibição de espetáculos em teatros, casas de show e até mesmo em palácios imperiais. O despertar curioso e assustador em se mexer com o mundo dos Espíritos era a vedete da época, com movimentação de objetos, mesas girantes, materialização de objetos e Espíritos, tocar instrumentos musicais sozinhos, entre outros fenômenos. Muitos médiuns que produziam fenômenos reais foram taxados de fraudadores e submetidos à humilhação e ao ridículo e muitos acabaram em processos judiciais e prisões (Conan Doyle 2013).

Com a codificação espírita, esses fenômenos foram devidamente esclarecidos. Os médiuns de efeitos físicos perderam interesse. As pessoas instruídas se afastaram da curiosidade ao entenderam que são manifestações improdutivas e provocadas por Espíritos de ordem inferior. Os Espíritos elevados procuram uma forma muito mais eficiente de atuação, capaz de promover o efeito desejado de forma clara e direta com a participação de médiuns de efeitos intelectuais preparados fisicamente e moralmente. Ressalta-se a possibilidade de um Espírito elevado produzir algum tipo de tiptologia por um motivo especial, mas ele o faz por intermédio de outro Espírito mais próximo das condições materiais, como alguém que pede um favor a outro. Além do mais, os Espíritos não podem sair promovendo esses fenômenos ao bel prazer, pois há um controle no mundo espiritual, da mesma forma que aqui uma pessoa não pode sair quebrando qualquer vidraça pelas ruas de uma cidade.

Um dos aspectos importantes no processo mediúnico trata-se da influência dos médiuns. Kardec considera uma divisão dos médiuns segundo as suas qualidades morais, em Médiuns Imperfeitos e Bons Médiuns. Como existe uma imensa variação dos níveis evolutivos entre os Espíritos, a afinidade entre o Espírito e o Médium acontece conforme o grau de evolução moral do médium. Quanto mais evoluído espiritualmente for o médium, seguindo a vida dentro dos princípios do amor, caridade desinteressada e humildade maior será a afinidade com Espíritos elevados. Daí as comunicações serem instrutivas e benéficas (curas etc.) a favor do desenvolvimento da humanidade de acordo com a Lei do progresso e a Lei do amor.

Existem ainda dentro dos Bons Médiuns uma ampla variedade permitindo que pessoas simples e comuns se tornem trabalhadores da fraternidade e solidariedade ajudando os que sofrem, tanto encarnados como desencarnados, a melhorar o equilíbrio espiritual e seguir a vida num patamar menos doloroso ou mais feliz.

O pensamento é um poderoso efeito gerado pelo Espírito com o uso da complexidade cerebral em forma de ondas mentais. Nas ocorrências cotidianas um pensamento negativo ou positivo emite ondas mentais que se associam a outras espirituais integrando-se em formas-pensamento. É por uma mediunidade ignorada e de acordo com as inclinações do indivíduo que as entidades espirituais são atraídas plasmando as formas-pensamento, mas que não exime, nem o autor, nem o Espírito influenciador, das consequências decorrentes dessa conexão. Assim a conjugação de ondas se faz presente em todos os fatos mediúnicos. Em expositores na tribuna e na pena a responsabilidade é ampla, já que eles influenciam milhares de vidas pelo mundo. Portanto, a prece é um potente meio na formação de conjugação de ondas benéficas para a vida mental, mas é no enriquecimento da virtude e do conhecimento que se obtém as mais sublimes conexões (Luiz et al. 1959). Aqui cabe a mensagem do Cristo “Orai e Vigiai”.

O conhecimento de todo o processo da mediunidade é de fundamental importância para aqueles que se habilitam a seguir nessa área. A sua complexidade exige o estudo constante e aprofundado para praticá-lo de forma adequada e com um propósito estabelecido de acordo com as Leis de Deus. Ao se lidar com pessoas, o primeiro mandamento que se deve ter em mente é a responsabilidade assumida diante de sua vida espiritual. O despreparo e a curiosidade são as causas de desequilíbrios e transtornos enfrentados por indivíduos que se aventuram nessa área com sérias consequências futuras. Por outro lado, o desejo em auxiliar o próximo com amor, caridade verdadeira e humildade aliado ao estudo sério e produtivo é uma grande oportunidade Divina de trabalho no Bem Comum.

 

Referências

Almeida, Alexander Moreira de (2004), 'Fenomenologia das experiências mediúnicas, perfil e psicopatologia de médiuns espíritas', (Universidade de São Paulo).<https://www.geae.net.br/images/Dissertacao_Tese/Teses/Tese_2004_ALMEIDA_AM_Fenomenologiamediunidade.pdf>

Aniche, Roberto Antonio (2017), 'Resumo simplificado do livro Mecanismos da Mediunidade com a orientação dos mentores espirituais', 81. <https://www.geae.net.br/images/Artigos/AnicheRoberto-mecanismos-da-mediunidade-resumo.pdf>.

Chibeni, Silvio Seno and Chibeni, Clarice (1997), 'Estudo sobre a mediunidade', Reformador, 115 (2.021), 240-43(53-55). https://www.sistemas.febnet.org.br/acervo/revistas/1997/html5forpc.html?pagina=257

Conan Doyle, Arthur (2013), A história do espiritualismo - de Swedenborg ao início do século XX, trans. José Carlos da Silva Silveira (1ª ed. edn.; Brasília: FEB Editora) 558.

Kardec, Allan (1861), O livro dos médiuns: guia dos Médiuns e dos Doutrinadores, trans. J. Herculano Pires (2ª edição edn.; São Paulo: Edicel Ltda) 433.

Lucchetti, Giancarlo, et al. (2013), 'Aspectos históricos e culturais da glândula pineal: comparação entre teorias fornecidas pelo Espiritismo na década de 1940 e a evidência científica atual.', Neuroendocrinol Lett, 34 (8), 745-55. https://www.geae.net.br/images/Artigos/Glandulapineal-comparacaoentreteoriasfornecidaspeloespiritismo.pdf

Luiz, André(Espírito), Xavier, Francisco Cândido(Médium), and Viera, Waldo(Médium) (1959), Mecanismos da mediunidade (28ª edição, 2020 edn.: FEB Editora).

Oliveira, Sergio Felipe de, 'Glândula pineal. A união do corpo e da alma como o cérebro capta o magnetismo externo através da pineal'. <https://youtu.be/k7u-QjHZ-y8>

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Raul Franzolin Neto

Natural de Botucatu-SP, desenvolveu sua infância e adolescência em Itatinga-SP. É Médico Veterinário e Professor Titular aposentado da USP. Escritor espírita foi o fundador do GeaE - primeiro grupo espírita da internet. Atualmente é o editor principal e webdesigner da página do GeaE.