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A Aura e os Chakras no Espiritismo

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“O que é evidente, para nós, pode não ser para vós outros; cada qual julga as coisas debaixo de certo ponto de vista, e do fato mais positivo nem todos tiram as mesmas consequências. (KARDEC, O que é o Espiritismo, cap. I)

 

A versão 8. (2019) desse artigo pode ser acessada em: A aura e os chakras no espiritismo v. 8

 

Introdução

Esses dois temas – aura e chakras ([1]) – são, geralmente, tratados como alheios à Doutrina Espírita e aceitos por uns como pertencentes exclusivamente ao esoterismo e, por outros, como afetos à correntes espiritualistas.

Temos visto que, quando determinada coisa tem alguma semelhança com crenças esotéricas, muitos espíritas imediatamente a rechaçam, mesmo sem terem pesquisado nas obras da Codificação espírita para saber se nelas há alguma coisa a respeito ou não.

O nosso propósito neste estudo é exatamente esse, ou seja, pesquisar nas obras da Codificação e também nas de estudiosos ou pesquisadores espíritas, para confirmarmos ou não, se nessas fontes poderemos encontrar algum ponto de apoio para aceitar, doutrinariamente, a aura e os chakras como integrantes dos postulados espíritas, ou, quem sabe, na pior das hipóteses, abrir portas para isso, de forma que outros pesquisadores, que se destacam no movimento espírita, possam desenvolver a questão com maior propriedade que nós.

Quanto à questão de estar ou não na Codificação, é importante levarmos em conta esta fala de Allan Kardec (1804-1869): “O Livro dos Espíritos não é um tratado completo do Espiritismo; não faz senão lhe colocar as bases e os pontos fundamentais, que devem se desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação.” ([2])

Recomendamos a você, caro leitor, que faça uma comparação entre o que consta da 1ª e da 2ª edição de O Livro dos Espíritos, quanto ao momento da ligação do Espírito com o corpo, como também em relação a evolução do princípio inteligente. Acrescentamos, ainda a questão da possessão física, veja o que consta nas obras: O Livros dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, Revista Espírita 1863, mês de dezembro e A Gênese, e observe o que aconteceu.

Compreendemos que existem, pelo menos, três hipóteses em relação a aura e os chakras, sobre cada um podemos afirmar:

1) é coisa totalmente contrária;

2) parte dela consta; e

3) não consta de forma alguma.

Tomando dessa fala de Kardec, gostaríamos de ressaltar que, no caso de ocorrer a opção 2, necessariamente, não significa que não possa ser um ponto doutrinário, porquanto, para se afirmar isso devemos demonstrar que, a nível mundial, em nenhuma mensagem de origem espiritual nada podemos encontrar que nos permita  fazer alguma correlação com o que estamos querendo verificar, ou seja, aplicação prática do Controle Universal do Ensino dos Espíritos, conforme proposição de Kardec, para os dois pontos – aura e os chakras.

 

Perispírito

Como os dois pontos estão diretamente relacionados ao corpo espiritual, designado pelo Codificador de perispírito, algumas explicações serão necessárias.

Na Revista Espírita 1866, Kardec, entre várias coisas, esclarece que:

O perispírito é uma das engrenagens mais importantes da economia. A Ciência o observou em alguns de seus efeitos e, sucessivamente, tem sido designado sob o nome de fluido vital, fluido ou influxo nervoso, fluido magnético, eletricidade animal, etc., sem se dar conta precisa de sua natureza, de suas propriedades e, ainda menos, de sua origem. Como envoltório do Espírito após a morte, foi suspeitado desde a mais alta antiguidade. Todas as teogonias atribuem aos seres do mundo invisível um corpo fluídico. São Paulo diz em termos precisos que renascemos com um corpo espiritual (1ª epístola aos Coríntios, 15:35 a 44 e 50). ([3])

Embora Kardec tenha tratado de sua formação e propriedades, observamos uma certa carência quanto às suas funções, porém, o Codificador, em O Livro dos Médiuns, deixou bem claro:

[…] Não conhecemos a natureza íntima do perispírito. Imaginemo-lo, todavia, formado de matéria elétrica, ou de outra tão sutil quanto esta; por que, quando dirigido por uma vontade, não teria propriedade idêntica à daquela matéria? ([4]) (grifo nosso)

Essa confissão de Kardec, sobre o seu desconhecimento da natureza íntima do perispírito, é importante para não achar que sabemos mais do que ele, colocando-nos, portanto, acima do mestre de Lyon.

Em O Livro dos Espíritos, Kardec, em o “Ensaio teórico da sensação nos Espíritos”, e em O Livro dos Médiuns, cap. I – Ação dos Espíritos sobre a matéria, item 54, pela ordem, explica:

O perispírito é o laço que à matéria do corpo prende o Espírito, que o tira do meio ambiente, do fluido universal. Participa ao mesmo tempo da eletricidade, do fluido magnético e, até certo ponto, da matéria inerte. Poder-se-ia dizer que é quintessência da matéria. É o princípio da vida orgânica, porém não o da vida intelectual, que reside no Espírito. E além disso, o agente das sensações exteriores. No corpo, os órgãos servindo-lhes de condutos, localizam essas sensações. Destruído o corpo, elas se tornam gerais. […]. ([5]) (grifo nosso)

Esse segundo invólucro da alma, ou perispírito, existe, pois, durante a vida corpórea; é o intermediário de todas as sensações que o Espírito percebe e pelo qual transmite sua vontade ao exterior e atua sobre os órgãos do corpo. Para nos servirmos de uma comparação material, diremos que é o fio elétrico condutor, que serve para a recepção e a transmissão do pensamento; é, em suma, esse agente misterioso, imperceptível, conhecido pelo nome de fluido nervoso, que desempenha tão grande papel na economia orgânica e que ainda não se leva muito em conta nos fenômenos fisiológicos e patológicos. ([6]) (grifo nosso)

Considerando que o corpo material, para se manter vivo, precisa de uma fonte energética, que é tirada dos elementos sólidos e líquidos que ingere, a questão que se coloca é: será que o perispírito, que não deixa de ser material, ainda que quintessenciado, também não necessitaria de algum tipo de fonte energética?

Na Revista Espírita 1863, encontramos algo curioso relacionado à doenças:

O perispírito, como se viu, desempenha um papel importante em todos os fenômenos da vida; é a fonte de uma multidão de afecções das quais o escalpelo procura em vão a causa na alteração dos órgãos, e contra a qual a terapêutica é impotente. […]. ([7]) (grifo nosso)

[…] A homeopatia, provando a força da matéria espiritualizada, se liga ao papel importante que o perispírito desempenha em certas afecções; ela ataca o mal em sua própria fonte que está fora do organismo, do qual a alteração não é senão consecutiva. Tal é a razão pela qual a homeopatia triunfa numa multidão de casos onde a medicina comum fracassa: mais do que isto, toma em conta o elemento espiritualizado tão preponderante na economia, o que explica a facilidade com a qual os médicos homeopatas aceitam o Espiritismo, e porque a maior parte dos médicos espíritas pertence à escola de Hahnemann. […]. ([8]) (grifo nosso)

Eis um ponto interessante, que não foi desenvolvido na época da Codificação, o fato do perispírito ser “fonte de uma multidão de afecções” prova que suas funções são muito mais complexas do que imaginamos, talvez até mesmo as restringimos em excesso.

Bem interessante esta fala de Jorge Andréa dos Santos (1916-2017), psiquiatra e pesquisador espírita, em Lastro Espiritual nos Fatos Científicos, no cap. Buscando o Perispírito:

O físico Nizar Mullani, em Huston, nos Estados Unidos, vem desenvolvendo interessante técnica a fim de detectar doenças antes de sua instalação na organização física. Assim, com certa aparelhagem, os distúrbios seriam revelados muito antes de se instalarem nas células, não só os de origem metabólica, mas, também, os de características degenerativas, como o caso do câncer. As coisas se tornam mais importantes diante a possibilidade de serem conhecidas, em tempo, certos distúrbios nas células nervosas responsáveis por futuros componentes das doenças mentais.

A máquina para tal fim é o hoje chamado TEP – Tomógrafo de emissões de pósitrons –, diferente do já bem conhecido TAC – Tomógrafo axial computorizado. Enquanto este último detecta as doenças já instaladas na organização física, o TEP, recebe aviso das desordens no campo energético, isto é, percebe no campo organizador o metabolismo em sua real atividade. ([9]) (grifo nosso)

Assim, temos a comprovação de que o Perispírito registra as afecções como dito por Kardec.

Completando essa informação, tomemos de Obras Póstumas, uma outra fala de Kardec:

Sendo um dos elementos constitutivos do homem, o perispírito desempenha importante papel em todos os fenômenos psicológicos e, até um certo ponto, nos fenômenos fisiológicos e patológicos. Quando as ciências médicas tiverem na devida conta o elemento espiritual na economia do ser, terão dado um grande passo e horizontes inteiramente novos se lhes patentearão. As causas de muitas enfermidades serão a esse tempo descobertas e encontrados poderosos meios de combatê-las. ([10])

Kardec, portanto, confirma o que havia falado antes.

Em A Gênese, cap. XIV – Os Fluidos, no item 17, lemos:

O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito. É por seu intermédio que o Espírito encarnado tem a percepção das coisas espirituais que escapam aos sentidos carnais. Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual, eles estão generalizam. O Espírito vê, entende e sente, por todo o seu ser o que está na esfera de irradiação do seu fluido perispiritual. ([11]) (grifo nosso)

Observa-se, também, uma certa diferença entre o perispírito do encarnado do de um desencarnado, pois, neste as sensações estão localizadas por todo o perispírito e não em órgãos específicos como naquele, embora “estranhamente” sente dor em membros amputados, designados de membros fantasmas.

Daí resulta na possibilidade de que certas funções do perispírito no encarnado se manifestem de forma bem diferente do que no desencarnado, razão pela qual, em alguns casos, não se pode fazer comparações como se fossem exatamente iguais as suas funções, levando-se em conta a questão, por exemplo, de que no encarnado a alma vê pelos olhos físicos, enquanto que na condição de desencarnado, esse sentido se espalha por todo o seu corpo espiritual, ou seja, pelo perispírito. Portanto, não se deve tomar as explicações de maneira generalizada, é necessário que distingamos sobre qual das duas situações se está falando.

Antes de passarmos para a análise dos dois tópicos, vejamos estas falas de Kardec, respectivamente na Revista Espírita 1860 e Revista Espírita 1862, que, num mesmo sentido, trazem algo que merece reflexão de nossa parte:

[…] Na maioria das crenças populares há, quase sempre, um fundo de verdade, embora desnaturada e amplificada. São os acessórios, as falsas aplicações que, a bem dizer, constituem a superstição. […]. ([12])

[…] A lógica sã diz que a adoção de uma ideia, ou de um princípio, pela opinião geral, é uma prova de que ela repousa sobre um fundo de verdade. ([13])

Talvez, não seria também o caso de aplicarmos, o que Kardec diz, a esses dois tópicos que estamos analisando?

Na obra A Reencarnação, Gabriel Delanne (1857-1926), notável pesquisador experimental do Espiritismo, ao tratar das Experiências de Renovações de Memória,  traz a seguinte informação:

[…] Sabemos que a alma humana está associada a uma substância infinitamente sutil, à qual Allan Kardec deu o nome de perispírito. Esse corpo espiritual existe durante a vida e sobrevive à morte. É ele o molde no qual a matéria física se incorpora, ou, mais exatamente, o plano ideal que contém as leis organogênicas do ser humano. O perispírito está ligado ao corpo por intermédio do sistema nervoso; toda sensação, que abala a massa nervosa, desprende essa espécie de energia, à qual se deram os mais diversos nomes: fluido nervoso, fluido magnético, força ectênica, força psíquica, força biológica… Essa energia age sobre o perispírito, para comunicar-lhe o movimento vibratório particular, segundo o território nervoso que foi excitado (vibração visual, auditiva, táctil, muscular, etc.), de maneira que a atenção da alma seja acordada e que se produza o fenômeno da percepção; desde esse momento, essa vibração faz parte, para sempre, do organismo perispiritual, porque, em virtude da lei da conservação da energia, ela é indestrutível. Sem dúvida, poderá desaparecer do campo da consciência, mas, como vimos, persiste inalterada nas profundezas dessa memória latente a que hoje se chama inconsciente. Foram as experiências espíritas que estabeleceram a certeza absoluta desse corpo espiritual, que se torna visível durante o desdobramento do ser humano e que demonstra a sua persistência depois da morte, pelas aparições, e, sobretudo, pelas materializações. ([14]) (grifo nosso)

Sua informação de que o perispírito está ligado ao corpo por intermédio do sistema nervoso, remete-nos aos plexos nervosos, que, como veremos, encontram-se ligados aos chakras.

Em Evolução Anímica, Delanne, faz as seguintes afirmações:

Lembremos ainda uma vez que o sistema nervoso não é senão a condição orgânica, terrestres, das ações psíquicas da alma e que, de si mesmo, não é inteligente nem instintivo, visto que, depois de sua destruição, a alma sobrevive, tanto a humana como a animal.

Mas, enquanto subsiste a incorporação, ele é a reprodução material do perispírito e toda alteração grave de sua substância engendra consecutivas desordens nas manifestações do princípio pensante. ([15]) (grifo nosso)

Já dissemos que o perispírito é o molde do corpo. Estudar, pois, as modificações do sistema nervoso valem por estudar o funcionamento do perispírito, do qual esse sistema nervoso mais não é que uma reprodução material. ([16]) (grifo nosso)

É muito sintomática a informação de que o sistema nervoso é a reprodução material do perispírito, pois, como ainda veremos, é exatamente nos plexos nervosos que se localizam os centros energéticos, designados de chakras.

Em Estudos Espíritas, a autora espiritual, Joanna de Ângelis, desenvolve um capítulo ao tema Perispírito, dele destacamos o seguinte trecho: “[…] Também considerado corpo astral, exterioriza-se através e além do envoltório carnal, irradiando-se como energia específica ou aura. ([17]) (grifo nosso) O próximo tópico será justamente sobre a aura.

No desenrolar de nossa pesquisa, percebemos que todos os autores que fazem referência a aura, também mencionam os chakras e vice-versa. 

Aura

artigo 23Encontramos no Dicionário Houaiss a definição da aura para a Parapsicologia como sendo: “suposto campo de energia que irradia dos seres vivos”.

Observamos que a grande maioria dos autores que a citam, também fazem referência aos chakras, isso foi algo que notamos em nossa pesquisa.

Ao se pesquisar nas obras da Codificação, é fato que não encontraremos a palavra “aura” mencionada em nenhuma delas. Porém, devemos procurar ver se algo que nos remete a essa ideia pode ser encontrada em alguma das explicações, de forma que não restem dúvidas de que se trata dela.

Na Revista Espírita 1862, mês de dezembro, Kardec publicou o artigo “Estudo sobre os possessos de Morzine”, do qual destacamos o seguinte parágrafo:

Sabemos que os Espíritos estão revestidos de um envoltório vaporoso, formando neles um verdadeiro corpo fluídico, ao qual damos o nome de perispírito, cujos elementos são hauridos no fluido universal ou cósmico, princípio de todas as coisas. Quando o Espírito se une ao corpo, nele existe com seu perispírito, que serve de laço entre o Espírito propriamente dito e a matéria corpórea; é o intermediário das sensações percebidas pelo Espírito. Mas esse perispírito não está confinado no corpo como dentro de uma caixa; pela sua natureza fluídica, irradia ao redor e forma, em torno do corpo, uma espécie de atmosfera, como o vapor que dele se libera. Mas o vapor que se libera de um corpo malsão é igualmente malsão, acre e nauseabundo, o que infecta o ar dos lugares onde se reúnem muitas pessoas malsãs. Do mesmo modo que esse vapor está impregnado das qualidades do corpo, o perispírito está impregnado das qualidades, quer dizer, do pensamento do Espírito, e faz irradiar essas qualidades em torno do corpo. ([18]) (grifo em itálico do original, em negrito nosso)

Destaca-se a informação de que o perispírito, por não estar confinado no corpo como numa caixa, irradia a seu derredor, formando uma atmosfera, que tem as qualidades do pensamento que emana do Espírito, sejam elas boas ou más. Ora, essa irradiação do perispírito é justamente aquilo que se entende ser a nossa aura.

Na Revista Espírita 1865, mês de outubro, e na Revista Espírita 1867, mês de junho, descobrimos, em trechos de considerações de Kardec, novas referências ao perispírito. Dois deles merecem destaque:

Compreende-se, até um certo ponto, o desenvolvimento da faculdade por um meio material, mas como a imagem de uma pessoa distante pode se apresentar no copo? ([19]) Só o Espiritismo pode resolver este problema pelo conhecimento que dá da natureza da alma, de suas faculdades, das propriedades de seu envoltório perispiritual, de sua irradiação, de seu poder emancipador e de seu desligamento do envoltório corpóreo. […]. ([20]) (grifo nosso)

Seria errado, pensamos, que se considerasse o sonambulismo e a mediunidade como o produto de dois sentidos diferentes, tendo em vista que não são senão dois efeitos resultantes de uma mesma causa. Essa dupla faculdade é um dos atributos da alma, e tem por órgão o perispírito, cuja irradiação transporta a percepção além dos limites da ação dos sentidos materiais. Propriamente falando, é o sexto sentido, que é designado sob o nome de sentido espiritual. ([21]) (grifo itálico do original, em negrito nosso)

Embora ele tenha utilizado um termo diferente, entendemos que essa irradiação do envoltório perispiritual, ou seja, do perispírito, não é outra coisa senão aquilo que se entende por aura.

Em A Gênese, cap. XIV – Os Fluidos, no item 17, se lê: “[…] Encarnado, o Espírito conserva seu perispírito com as qualidades que lhe são próprias e este, como se sabe, não está circunscrito pelo corpo, mas irradia ao seu redor e o envolve, como uma atmosfera fluídica.” ([22]) (grifo nosso)

Em Obras Póstumas, vê-se uma explicação bem interessante no artigo “Manifestações dos Espíritos”, que vem ao encontro do que estamos falando:

O perispírito não se acha encerrado nos limites do corpo, como numa caixa. Pela sua natureza fluídica, ele é expansível, irradia para o exterior e forma, em torno do corpo, uma espécie de atmosfera que o pensamento e a força de vontade podem dilatar mais ou menos. Daí se segue que pessoas há que, sem estarem em contato corporal, podem achar-se em contato pelos seus perispíritos e permutar a seu mau grado impressões e, algumas vezes, pensamentos, por meio da intuição. ([23]) (grifo nosso)

Confirma-se, portanto, a irradiação do perispírito, que, para nós, como dito, se trata da aura.

Na obra No Invisível, Léon Denis (1846-1927), fala desse tema:

Os eflúvios do corpo humano são luminosos, coloridos de tonalidades diferentes – dizem os sensitivos – que os distinguem na obscuridade. Certos médiuns os veem, mesmo em plena luz, a escapar-se das mãos dos magnetizadores. Analisados ao espectroscópio, a extensão das suas ondas tem sido determinadas segundo cada uma das cores.

Esses eflúvios formam em torno de nós camadas concêntricas que constituem uma espécie de atmosfera fluídica. É a “aura” dos ocultistas, ou fotosfera humana, pela qual se explica o fenômeno da exteriorização da sensibilidade, estabelecidas pelas numerosas experiências do Coronel De Rochas, do Dr. Luys, do Paul Joire, etc. ([24]) ([25]) (grifo nosso)

As considerações de Denis, que se baseiam em informações de sensitivos, possivelmente os que, nos dias de hoje, chamamos de médiuns videntes, são claras em apontar a irradiação do perispírito como sendo a aura.

Sobre o que fala na nota, fomos conferir e encontramos na Revista Espírita 1860, mês de março, o artigo “Estudos sobre o espírito de pessoas vivas”, no qual se narra a experiência, na Sociedade Espírita de Paris, em 03 de fevereiro de 1860, relativa à evocação de Espírito de pessoa viva. No caso em questão foi evocada a alma do Dr. Vignal. Foram-lhe dirigidas várias perguntas, entre elas a de número 15, da qual Denis tirou a informação.

Vemos em algumas descrições de pessoas que têm a capacidade de ver a aura, no estado de vigília, dando-nos conta de que são coloridas, e também os sentimentos da pessoa estão como que “impregnados” nela. Pessoas com raiva, ódio, desejo de vingança, por exemplo, são, facilmente, detectadas por eles, quando veem as suas auras. A bem da verdade, isso não soa bem, parece mesmo ser algo estranho.

Quanto às cores, além do que foi dito por Léon Denis, logo acima, procuramos ver se encontraríamos algo a respeito nas obras da Codificação. Nelas nada vimos; porém, na obra publicada após o desencarne de Kardec, fruto de alguns de seus manuscritos particulares – Obras Póstumas –, apareceu-nos explicações que nos levaram a confirmar isso.

O fluido perispirítico é imponderável, como a luz, a eletricidade e o calórico. É-nos invisível, no nosso estado normal, e somente por seus efeitos se revela.

Torna-se, porém, visível a quem se ache no estado de sonambulismo lúcido e, mesmo, no estado de vigília, às pessoas dotadas de dupla vista. No estado de emissão, ele se apresenta sob a forma de feixes luminosos, muito semelhante à luz elétrica difundida no vácuo. A isso, em suma, se limita a sua analogia com este último fluido, porquanto não produz, pelo menos ostensivamente, nenhum dos fenômenos físicos que conhecemos. No estado ordinário, denota matizes diversos, conforme os indivíduos que o emitem: ora vermelho fraco, ora azulado, ou acinzentado, qual ligeira bruma. As mais das vezes, espalha sobre os corpos circunjacentes uma coloração amarelada, mais ou menos forte. ([26]) (grifo nosso)

Confirma-se, portanto, a sua coloração, e também a irradiação do perispírito provocando uma certa luminosidade, que, um pouco mais à frente, será novamente mencionada:

[…] Cada um de nós tem, pois, o seu fluido próprio, que o envolve e acompanha em todos os movimentos, como a atmosfera acompanha cada planeta. É muito variável a extensão da irradiação dessas atmosferas individuais. Achando-se o Espírito em estado de absoluto repouso, pode essa irradiação ficar circunscrita nos limites de alguns passos; mas, atuando a vontade, pode alcançar distâncias infinitas. A vontade como que dilata o fluido, do mesmo modo que o calor dilata os gases. As diferentes atmosferas individuais se entrecruzam e misturam, sem jamais se confundirem, exatamente como as ondas sonoras que se conservam distintas, a despeito da imensidade de sons que simultaneamente abalam o ar. Pode-se, por conseguinte, dizer que cada indivíduo é centro de uma onda fluídica, cuja extensão se acha em relação com a força da vontade, do mesmo modo que cada ponto vibrante é centro de uma onda sonora, cuja extensão está na razão propulsora do fluido, como o choque é a causa de vibração do ar e propulsora das ondas sonoras. ([27]) (grifo nosso)

Todos nós vivemos como numa redoma luminosa ou envolto num halo, que nada mais é que a nossa aura irradiando luz e cor.

Na obra Correlações Espírito-Matéria, o autor Jorge Andréa, fala de ambos – aura e chakras –, e também informa das cores da aura:

O duplo etérico, em combinação com as irradiações das células físicas, mostram um campo bem específico de energias que ultrapassam a superfície do corpo, conhecido como sendo a aura. A aura seria o resultado da difusão dos campos energéticos que partem do perispírito, envolvendo-se com o duplo etérico e o manancial de irradiações das células físicas. […]. ([28]) (grifo nosso)

Pela maneira que a aura se mostra, com os seus múltiplos aspectos e combinações de cores, já foi motivo de estudos pelos antigos que traduziam na cor escura para o negro, a presenta do ódio e maldade; no castanho e suas nuanças, avareza, ciúme e egoísmo; no vermelho, a ira ao lado da sensualidade; no cinzento, não só o medo, mas, também, o abatimento e a depressão; no rosa estaria a dedicação e o amor; no violeta, o altruísmo com espiritualidade dilatada; e no amarelo, a intelectualidade. ([29]) (grifo nosso)

Quanto aos sentimentos, vamos encontrar em A Gênese, cap. XIV, explicações sobre as qualidades dos fluidos espirituais, das quais transcrevemos estes trechos dos itens 15 e 18, respectivamente:

A ação dos espíritos sobre os fluidos espirituais tem consequências de uma importância direta e capital para os encarnados. Desde o momento em que esses fluidos são o veículo do pensamento, e que o pensamento pode modificar-lhes as propriedades, é evidente que eles devem estar impregnados das qualidades boas ou más dos pensamentos que os põem em vibração, modificados pela pureza ou impureza dos sentimentos. Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável. […].  ([30]) (grifo nosso)

Conforme esses fluidos atuam sobre o perispírito, este reage sobre o organismo material com que se acha em contato molecular. Se os eflúvios forem de boa natureza, o corpo ressente-se de uma impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa; se são malignas forem permanentes e enérgicas, elas podem determinar desordens físicas. Certas doenças não têm outra causa.

Os meios onde predominam os maus Espíritos estão impregnados de maus fluidos, que são absorvidos por todos os poros perispirituais, como se absorve pelos poros do corpo os miasmas pestilentos. ([31]) (grifo nosso)

Diante de tão claras explicações não podemos deixar de levá-las em consideração para aceitar, de forma pacífica, a realidade da repercussão dos sentimentos na aura, influenciando-a positiva ou negativamente, o que, se não estivermos enganados, significa dizer que influenciam de alguma forma o nosso perispírito.

O que seriam propriamente esses “poros perispirituais” que absorvem os fluidos? Poderíamos pensar que pode ser os centros de força (centros vitais), ou estaríamos indo longe demais?

Temos na Revista Espírita 1867 algo que corrobora isso:

[…] Segundo os pensamentos que dominam num encarnado, ele irradia raios impregnados desses mesmos pensamentos que os viciam ou os saneiam, fluidos realmente materiais, embora impalpáveis, invisíveis para os olhos do corpo, mas perceptíveis para os sentidos perispirituais, e visíveis para os olhos da alma, uma vez que impressionam fisicamente e tomam aparências muito diferentes para aqueles que estão dotados de visão espiritual. ([32]) (grifo nosso)

Confirma-se que a irradiação vem impregnada dos pensamentos e, além disso, que podem ser vistos pelos que são dotados de vidência, ou por médiuns sonambúlicos. 

Chakras

Recorremos a dois dicionários para vermos qual é a definição desse termo:

Chacras locaisDicionário Houaiss s.m. fil rel em certas formas de hinduísmo e no budismo, cada um dos centros de acumulação de energia espiritual distribuídos pelo corpo; xacra [Os chacras principais, situados ao longo do eixo vertical que perpassa o centro do corpo, são em número de sete para a ioga e o tantrismo, e quatro para o budismo; são supostamente ativados através de meditação, ássanas, recitação de mantras etc.]. ¤ etim sânsc. chakra 'roda, círculo' ([33]) (grifo nosso)

Dicionário Michaelis: s.m. FILOS, REL Cada um dos centros energéticos distribuídos pelo corpo, que captam e distribuem energia. O número de chacras varia de acordo com a linha filosófica ou religiosa, mas existem sete chacras considerados principais: três inferiores (básico, umbilical e plexo solar), assim chamados por estarem localizados abaixo do chacra cardíaco; três superiores (laríngeo, frontal e coronário), por estarem localizados acima do coração; e o central (chacra cardíaco), que representa o ponto de encontro das energias espiritual e material. ([34]) (grifo nosso) artigo 1

Será que os lexicógrafos têm os chakras como certos, já que não utilizaram a palavra “supostamente”, como, geralmente, se faz com coisas ligadas somente às crenças?

Essa ligação dos chakras com o Hinduísmo ([35]) e Budismo ([36]), citada na definição, pode bem ser o motivo pelo qual alguns confrades não os querem relacionados com o Espiritismo. Aliás, segundo estudiosos do movimento espírita, o termo mais apropriado para uso de seus adeptos seria: centros vitais ou centros vitais perispirituais.

O rev. C. W. Leadbeater (1847-1934), que foi sacerdote da Igreja Anglicana e Bispo da Igreja Católica Liberal, escritor, orador, maçom e uma das mais influentes personalidades da Sociedade Teosófica, em sua obra Os Chakras, no cap. I – Centros de Força, inicia dizendo que “A palavra chakra é sânscrita, e significa roda. […].” ([37]) Um pouco mais à frente, no tópico “Os Centros”, esclarece-os com mais detalhes:

Os chakras, ou centros de força, são pontos de conexão ou enlace pelos quais flui a energia de um a outro veículo ou corpo do homem. Quem quer que possua um ligeiro grau de clarividência, pode vê-los facilmente no duplo etérico, em cuja superfície aparecem sob forma de depressões semelhantes a pratinhos ou vórtices. Quando já totalmente desenvolvidos, assemelham-se a círculos de uns cinco centímetros de diâmetro, que brilham mortiçamente no homem vulgar, mas que, ao se excitarem vividamente, aumentam de tamanho e se veem como refulgentes e coruscantes torvelinhos à maneira de diminutos sóis. Às vezes falamos destes centros como se toscamente se correspondessem com determinados órgãos físicos; mas em realidade estão na superfície do duplo etérico, que se projeta ligeiramente mais além do corpo denso. ([38]) (grifo nosso)

Um tipo de conhecimento como o dos chakras, certamente, que não caiu de paraquedas e muito menos é fruto de imaginação de algum “revelador”, mas algo mais concreto. Sim, os videntes da antiguidade foram, provavelmente, os que deram as primeiras notícias deles. E, entendemos, que esse conhecimento sobrevivendo até os nossos dias lhe dá um certo caráter de coisa séria e, talvez, real, vamos assim dizer.

Há detalhes em textos que lemos e não nos chamam nenhuma atenção, porém um amigo postou uma fala de Kardec, constante do artigo “História do maravilhoso” publicado na Revista Espírita 1860, mês de dezembro, ao se referir à obra Historie du merveilleux, do sr. Louis Figuier, que achei fantástica para o nosso estudo, porque também demonstra um Kardec livre de preconceitos em relação a outros conhecimentos:

[…] Nós o lemos com cuidado, e o que dele ressalta mais claro para nós, é que o autor tratou de uma questão que ele não conhecia de modo nenhum; para isso não queremos outra prova senão as duas primeiras linhas assim concebidas: Antes de abordar a história das mesas girantes e dos médiuns, cujas manifestações são todas modernas, etc. Como o Sr. Figuier não sabe que Tertuliano fala em termos explícitos das mesas girantes e falantes; que os Chineses conhecem esse fenômeno de tempos imemoriais; que é praticada entre os Tártaros e os Siberianos; que há médiuns entre os Tibetanos; que os havia entre os Assírios, os Gregos e os Egípcios; que todos os princípios fundamentais do Espiritismo se encontram nos filósofos sânscritos? É falso, pois, avançar que essas manifestações são todas modernas; os modernos nada inventaram a esse respeito, e os Espíritas se apoiam sobre a antiguidade e a universalidade de sua doutrina, o que o Sr. Figuier deveria saber antes de ter a pretensão de fazer-lhe um tratado ex professo. Sua obra não teve menos as honras da imprensa, que se apressou em render homenagem a esse campeão das ideias materialistas. ([39]) (grifo em itálico do original, negrito nosso)

Pela importância ao nosso estudo, ressaltaremos estes dois trechos, pois, a nosso ver, são falas que merecem sérias reflexões da parte de todos nós: “que todos os princípios fundamentais do Espiritismo se encontram nos filósofos sânscritos”.

Ora, não poderíamos aí incluir os chakras, apesar deles, expressamente, não terem sido desenvolvidos na Codificação? Ademais, se “os Espíritas se apoiam sobre a antiguidade […] de sua doutrina”, não se poderia aceitar os chakras também pela sua antiguidade, levando-se em conta, como dito, não caiu do céu? Pode-se alegar que a antiguidade de um conhecimento não prova que ele seja verdadeiro, sim, porém, que a ciência venha demonstrar que é pura crença e não simplesmente descartar sem apresentar as devidas provas. Por outro lado, há um paradoxo, pois não podemos tomar a própria ciência para dizer que uma coisa existe ou não, haja vista que nós acreditamos que somos um espírito, sobrevivemos à morte física e, do além podemos nos comunicar com os que ainda se encontram presos à carne, porém, nada disso foi provado pela ciência.

A nosso ver, são mais fáceis de identificar na Codificação do que a aura. Vejamos essas duas questões de O Livro dos Espíritos:

  1. Que se deve pensar da teoria da alma subdividida em tantas partes quantos são os músculos e presidindo assim a cada uma das funções do corpo?

“Ainda isto depende do sentido que se empreste a palavra alma. Se se entende por alma o fluido vital, essa teoria tem razão de ser; se se entende por alma o Espirito encarnado, é errônea. Já dissemos que o Espirito é indivisível. Ele imprime movimento aos órgãos, servindo-se do fluido intermediário, sem que para isso se dívida.”

  1. a) Entretanto, alguns Espíritos deram essa definição.

“Os Espíritos ignorantes podem tomar o efeito pela causa.”

A alma atua por intermédio dos órgãos e os órgãos são animados pelo fluido vital, que por eles se reparte, existindo em maior abundância nos que são centros ou focos de movimento. Esta explicação, porém, não procede, desde que se considere a alma o Espírito que habita o corpo durante a vida e o deixa por ocasião da morte.

  1. A alma tem, no corpo, sede determinada e circunscrita?

“Não; porém, nos grandes gênios, em todos os que pensam muito, ela reside mais particularmente na cabeça, ao passo que ocupa principalmente o coração naqueles que muito sentem e cujas ações têm todas por objeto a Humanidade.”

  1. a) Que se deve pensar da opinião dos que situam a alma num centro vital?

“Quer isso dizer que o Espírito habita de preferência essa parte do vosso organismo, por ser aí o ponto de convergência de todas as sensações. Os que a situam no que consideram o centro da vitalidade, esses a confundem com o fluido ou princípio vital. Pode, todavia, dizer-se que a sede da alma se encontra especialmente nos órgãos que servem para as manifestações intelectuais e morais.” (([40]) (grifo nosso)

Embora não encontremos nas obras da Codificação a especificação dos Centros Vitais, entendemos que, s.m.j., não há como negar a referência a eles tomando-se, por exemplo, como dito acima, de “são centros ou focos de movimento”, que julgamos se tratar dos plexos nervosos. Temos ainda, na questão 146-a, a expressão “centro vital” nominalmente citada por Kardec.

No site Centro Espírita Assistencial Maria de Nazaré – Taubaté, SP, descobrimos que a expressão “o centro da vitalidade”, corresponde ao chakra esplênico. ([41])

Em O Livro dos Espíritos, no item 455, Kardec apresenta um “Resumo teórico do sonambulismo, do êxtase e da segunda vista” ([42]), do qual destacamos:

chacras regioesA vista da alma ou do Espírito não é circunscrita e não tem sede determinada, razão por que os sonâmbulos não lhe podem assinalar um órgão especial. Veem porque veem, sem saberem o motivo nem o modo, já que, na condição de Espíritos, a vista carece de foco próprio. Se se reportam ao corpo, esse foco lhes parece estar nos centros em que a atividade vital, é maior, principalmente no cérebro, na região do epigástrica, ou no órgão que considerem o ponto de ligação mais forte entre o Espírito e o corpo. ([43]) (grifo nosso)

Entendemos como centros com atividade vital, a designação dos chakras como centros vitais, pelo menos dois são mencionados: o localizado no cérebro (frontal) e o na região epigástrica (esplênico).

Aliás, se sensitivos, conforme afirmara Léon Denis, podiam ver que “Os eflúvios do corpo humano são luminosos, coloridos de tonalidades diferentes” ([44]), por que motivo também não poderiam ver os centros vitais ou chakras? Quem sabe se aqui não temos uma ótima sugestão de tema para se desenvolver uma pesquisa?

Em André Luiz, especialmente, nas obras Evolução em dois mundos, capítulo “Corpo Humano” ([45]) e Entre a Terra e o Céu, capítulo XX “Conflitos da alma” ([46]), temos a especificação dos Centros Vitais ou Centros de Força. Vejamos:

CENTROS VITAIS – Estudado no plano em que nos encontramos, na posição de criaturas desencarnadas, o corpo espiritual ou psicossoma é, assim, o veículo físico, relativamente definido pela ciência humana, com os centros vitais que essa mesma ciência, por enquanto, não pode perquirir e reconhecer.

Nele possuímos todo o equipamento de recursos automáticos que governam os bilhões de entidades microscópicas a serviço da Inteligência, nos círculos de ação em que nos demoramos, recursos esses adquiridos vagarosamente pelo ser, em milênios e milênios de esforço e recapitulação, nos múltiplos setores da evolução anímica.

É assim que, regendo a atividade funcional dos órgãos relacionados pela fisiologia terrena, nele identificamos o centro coronário, instalado na região central do cérebro, sede da mente, centro que assimila os estímulos do Plano Superior e orienta a forma, o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma encarnada ou desencarnada, nas cintas de aprendizado que lhe corresponde no abrigo planetário. O centro coronário supervisiona, ainda, os outros centros vitais que lhe obedecem ao impulso, procedente do Espírito, assim como as peças secundinas de uma usina respondem ao comando da peça-motor de que se serve o tirocínio do homem para concatená-las e dirigi-las.

Desses centros secundários, entrelaçados no psicossoma e, consequentemente, no corpo físico, por redes plexiformes, destacamos o centro cerebral contíguo ao coronário, com influência decisiva sobre os demais, governando o córtice encefálico na sustentação dos sentidos, marcando a atividade das glândulas endocrínicas e administrando o sistema nervoso, em toda a sua organização, coordenação, atividade e mecanismo, desde os neurônios sensitivos até as células efetoras; o centro laríngeo, controlando notadamente a respiração e a fonação; o centro cardíaco, dirigindo a emotividade e a circulação das forças de base; o centro esplênico, determinando todas as atividades em que se exprime o sistema hemático, dentro das variações de meio e volume sanguíneo; o centro gástrico, responsabilizando-se pela digestão e absorção dos alimentos densos ou menos densos que, de qualquer modo, representam concentrados fluídicos penetrando-nos a organização, e o centro genésico, guiando a modelagem de novas formas entre os homens ou o estabelecimento de estímulos criadores, com vistas ao trabalho, à associação e à realização entre as almas. ([47]) (grifo nosso)

Como não desconhecem, o nosso corpo de matéria rarefeita está intimamente regido por sete centros de força, que se conjugam nas ramificações dos plexos e que, vibrando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente, estabelecem, para nosso uso, um veículo de células elétricas, que podemos definir como sendo um campo eletromagnético, no qual o pensamento vibra em circuito fechado. Nossa posição mental determina o peso específico do nosso envoltório espiritual e, consequentemente, o “habitat” que lhe compete. Mero problema de padrão vibratório. [...] Quanto mais nos avizinhamos da esfera animal, maior é a condensação obscurecente de nossa organização, e quanto mais nos elevamos, ao preço de esforço próprio, no rumo das gloriosas construções do espírito, maior é a sutileza de nosso  envoltório, que passa a combinar-se facilmente com a beleza, com a harmonia e com a luz reinantes na Criação Divina.

[…].

[…] Tal seja a viciação do pensamento, tal será a desarmonia no centro de força, que reage em nosso corpo a essa ou àquela classe de influxos mentais. Apliquemos à nossa aula rápida, tanto quanto nos seja possível, a terminologia trazida do mundo, para que vocês consigam fixar com mais segurança os nossos apontamentos. Analisando a fisiologia do perispírito, classifiquemos os seus centros de força, aproveitando a lembrança das regiões mais importantes do corpo terrestre. Temos, assim, por expressão máxima do veículo que nos serve presentemente, o “centro coronário” que, na Terra, é considerado pela filosofia hindu como sendo o lótus de mil pétalas, por ser o mais significativo em razão do seu alto potencial de radiações, de vez que nele assenta a ligação com a mente, fulgurante sede da consciência. […] Logo após, anotamos o “centro cerebral”, contíguo ao “centro coronário”, que ordena as percepções de variada espécie, percepções essas que, na vestimenta carnal, constituem a visão, a audição, o tato e a vasta rede de processos da inteligência que dizem respeito à palavra, à cultura, à arte, ao saber. É no “centro cerebral” que possuímos o comando do núcleo endocrínico, referente aos poderes psíquicos.

Em seguida, temos o “centro laríngeo”, que preside aos fenômenos vocais, inclusive às atividades do timo, da tireoide e das paratireoides. Logo após, identificamos o “centro cardíaco”, que sustenta os serviços da emoção e do equilíbrio geral. Prosseguindo em nossas observações, assinalamos o “centro esplênico” que, no corpo denso, está sediado no baço, regulando a distribuição e a circulação adequada dos recursos vitais em todos os escaninhos do veículo de que nos servimos. Continuando, identificamos o “centro gástrico”, que se responsabiliza pela penetração de alimentos e fluidos em nossa organização e, por fim, temos o “centro genésico”, em que se localiza o santuário do sexo, como templo modelador de formas e estímulos. ([48]) (grifo nosso)

Portanto, conforme essas duas obras, são em número de sete os centros vitais, que se conjugam nas ramificações dos plexos nervosos.

Vejamos, por curiosidade, as colocações de José Herculano Pires (1914-1979) e a resposta de Chico Xavier (1910-2002) que lhe deu com relação à psicografia da primeira obra citada. De Pinga-fogo com Chico Xavier, tomamos este registro de Saulo Gomes:

HERCULANO PIRES: Chico, eu me lembro, entre as suas obras, de algumas obras de psicografia que são bastante importantes do ponto de vista doutrinário para o espiritismo. Por exemplo, Evolução em dois mundos. Eu me lembro que esse livro foi escrito psicograficamente por você e pelo Dr. Waldo Vieira. Na ocasião, você morava, se não me engano, em Pedro Leopoldo, e o Dr. Waldo Vieira, em Uberaba. Os capítulos foram dados a vocês dois pelo mesmo autor espiritual, que é André Luiz, sendo que você não sabia qual era o capítulo que o Waldo havia recebido, e vice-versa. Bom, eu gostaria que você disse alguma coisa sobre isso.

Mas queria lembrar também Mecanismos da mediunidade, que me parece um livro dotado de tanta informação científica atual, dos nossos tempos, e relacionando todas as conquistas da técnica atual com os problemas mediúnicos, que eu creio que você nunca teve oportunidade de obter conhecimentos pessoalmente a respeito desses dois assuntos.

Eu gostaria que você nos dissesse alguma coisa sobre esses dois livros:

CHICO XAVIER: O que eu posso dizer é que tenho a maior dificuldade para compreender esses dois livros, porque eles são baseados numa linguagem quase que inacessível à minha capacidade de entendimento, porque eles foram recebidos nas condições em que o nosso caro amigo, professor Herculano Pires, menciona. É o caso de mediunidade psicográfica.

Eu não posso emitir juízo algum, porque o livro é mais para técnicos, em matéria de evolução e em matéria de comunicações, neste mundo mesmo. Não posso emitir julgamento nenhum, porque não estou à altura, para isso eu precisaria ter de mim mesmo uma diplomação acadêmica para que o Espírito de Emmanuel encontrasse em mim recursos. ([49]) (grifo nosso)

É bem interessante a forma pela qual Herculano Pires inicia a sua fala, dizendo a Chico Xavier que “entre as suas obras, de algumas obras de psicografia que são bastante importantes do ponto de vista doutrinário para o espiritismo”. Ora, a nosso ver, isso, claramente, demonstra o valor que ele dava às duas obras que menciona, não fazendo nenhuma objeção ao conteúdo delas do ponto de vista doutrinário.

Ao que nos parece, na psicografia de Evolução em Dois Mundos, foi utilizada a “correspondência cruzada”, pois somente com os textos recebidos pelos dois médiuns de localidades diferentes pode-se ter a obra por inteiro.

No cap. XIV – Os três corpos do homem, constante de Curso Dinâmico de Espiritismo, Herculano Pires, oferece-nos a seguinte explicação sobre aquele que aqui estamos tratando:

O perispírito, corpo espiritual ou corpo bioplásmico possui, em sua estrutura extremamente dinâmica, os centros de força que organiza o corpo material. É o modelo energético previsto com grande antecedência por Claude Bernard. Os pesquisadores russos compararam esse corpo, visto através das câmaras Kirlian de fotografia paranormal, em conjugação com telescópio eletrônico de alta potência, a um pedaço de céu intensamente estrelado. Esse é o corpo da ressurreição espiritual do homem, dotado de todos os recursos necessários para a vida após a morte. Esse corpo de plasma físico e plasma espiritual vai perdendo seus elementos materiais na vida espiritual, na proporção exata da evolução do espírito. […] O elemento mais importante e vital do ectoplasma é a energia espiritual, que não permanece nas porções colhidas pelos pesquisadores. Nesse corpo, segundo os pesquisadores russos, as condições de doença e saúde e a previsão de doenças nas plantas, nos animais e no homem são feitas com grande precisão através das variações de cores do plasma e um sistema de sinais coloridos ainda em estudo. ([50])

Portanto, Herculano Pires, “o melhor metro que mediu Kardec”, é um dos que também pacificamente aceita a existência dos centros de força ou centros vitais, sem mencionar nenhuma obra da série André Luiz. O que ainda se pode corroborar com esta outra fala, tomada do seu livro Educação para a Morte:

[…] A formação total do organismo é dirigida pelo corpo bioplásmico, provado e pesquisado pelos cientistas soviéticos da Universidade de Kirov, mas os centros energéticos desse corpo se distribuem em subcentros locais que operam no processo genésico de acordo com as funções específicas dos órgãos. Por outro lado, as pesquisas parapsicológicas revelaram a poderosa influência da mente – já há muito aceita pelo povo e suspeitada por diversos especialistas – na formação e desenvolvimento dos organismos humanos. ([51]) (grifo nosso)

Aqui, Herculano Pires, amplia os centros de força, noticiando a existência dos “secundários”, após mencionar os principais, que julgamos serem os sete: 1) coronário, 2) frontal, 3) laríngeo, 4) cardíaco, 5) plexo solar ou gástrico, 6) genésico ou sexual e 7) raiz ou fundamental, utilizando-nos das denominações apresentadas pelo amigo prof. Paulo Cesar Pfaltzgraff Ferreira, mestre em Reiki.

Gabriel Dellane, como vimos, disse que durante a encarnação, o sistema nervoso torna-se a reprodução material do perispírito, com isso podemos ver que a relação deles com os plexos nervosos têm algum sentido.

O escritor Jorge Andréa, presidente de honra do Instituto de Cultura Espírita do Brasil – ICEB ([52]), reforçou-nos essa ideia, pois, em Correlações Espírito-Matéria, sem citar André Luiz, esclarece que:

Carrega o perispírito, em sua estrutura, um componente de centros de força bem específicos, conhecidos como centros-vitais, e descrito pelos antigos, através da teosofia, como chacras. Segundo informações espirituais, existem sete centros principais, salientando-se o centro-coronário, correspondendo ao alto da cabeça, como orientador dos demais, numa verdadeira cadeia de funcionalidade, influenciando as zonas físicas que lhes correspondem. Assim, segue-se o centro-cerebral, ao lado do coronário, o centro-larígeo na altura do pescoço, o centro-cardíaco correspondendo a região do coração, o centro-esplênico na altura do baço, o centro-gástrico na região estomacal e o centro-genésico em correspondência aos órgãos sexuais. Todos esses centros, pelas suas características de impulsão, organização e direção de trabalho podem exteriorizar-se, contrair-se e expandir-se, a fim de absorverem ou emitirem energias com variada finalidade. A sua precípua função seria a de canalizar as energias do espírito, após adaptação vibratória, nos campos materiais. Os campos da matéria que melhor se identificam com os chacras são os plexos nervosos do sistema neurovegetativo, por onde as sugestões espirituais seriam feitas sem interferência da vontade consciente do sistema nervoso cérebro-espinhal ([53]) (grifo nosso)

Portanto, temos aí, com Jorge Andréa, a relação íntima do chakras com os plexos nervosos.

Da mesma forma, vamos também encontrar em Técnica da Mediunidade, o ex-padre Carlos T. Pastorino (1931-2015), que foi um estudioso da fenomenologia mediúnica, argumentando, entre outras coisas, isto sobre os chakras:

Correspondendo aos locais dos plexos, no físico, o corpo astral possui “turbilhões” ou “motos vorticosos”, que servem de ligação e captação das vibrações e dos elementos fluídicos do plano astral – que nos envolve externamente, passando tudo à parte astral solidificada em nosso corpo – os nervos.

O conglomerado dos nervos no físico produz os plexos que ativam e sustentam esses vórtices com mais intensidade, ao passo que no resto do corpo, onde os nervos correm sem formar esses nós, aparece apenas no astral a aura simples. Essa aura, ao chegar à altura dos plexos nervosos, gira com intensidade, estabelecendo verdadeiros canais de sucção ou de expulsão (redemoinhos).

Tal como exaustores ou ventiladores, que giram quando passa por eles o ar, ou que giram por efeito de um motor, movimentando o ar, assim essas “rodas” (chakras em sânscrito) giram ao dar passagem à matéria astral, de dentro para fora ou de fora para dentro. São chamados rodas porque têm a aparência de pequeno exaustor ou ventilador, com suas pás (denominadas “pétalas”), que giram incessantemente quase, já que é constante a “corrente de ar” que por elas passa ([54]). ([55]) (grifo nosso)

Em Bibliografia, Pastorino informa haver estudado “[…] as obras de Kardec e de outros espíritas e espiritualistas, sobretudo as recebidas por Francisco Cândido Xavier (mormente ‘Mecanismos da Mediunidade’ e ‘Evolução em Dois Mundos’).” ([56])

No capítulo 6 – Os Centros Vitais, da obra O Cure-se e Cure pelos Passes, o estudioso Jacob Melo também relaciona os Centros de Força com os plexos nervosos. ([57])

Nesta imagem ([58]), temos a correspondência deles com as informações de André Luiz:

chacras1.JPG

Em Depois da Morte, Léon Denis esclarece que: “É pelas correntes magnéticas que o perispírito se comunica com a alma. É pelos fluídos nervosos que ele está ligado ao corpo. […].” ([59]) (grifo nosso)

Autora espiritual Joanna de Ângelis, através do médium baiano Divaldo Pereira Franco, além de mencionar a aura também fala dos chakras ([60]) ou Centros Vitais, conforme se comprova na obra Estudos Espíritas, capítulo 4, “Perispírito” ([61]), cuja lista desses vórtices energéticos confere exatamente com a mencionada por André Luiz. Fechando o capítulo, temos duas transcrições de obras da Codificação, destacamos esta: “‘[…] Somente faremos notar que no conhecimento do perispírito está a chave de inúmeros problemas até hoje insolúveis.’ (O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 54).”

Em Diretrizes de Segurança, o médium José Raul Teixeira à pergunta “Qual o papel dos centros vitais no intercâmbio mediúnico?” responde o seguinte:

Encontramos os centros vitais como sendo representações do corpo psicossomático ou perispírito, correspondendo aos plexos no corpo físico. São verdadeiras subestações energéticas.

À proporção que encontramos no mapa fisiológico do indivíduo os diversos entroncamentos nervosos, de vasos, de veias, temos aí um foco de expansão de energia.

O nosso centro coronário, que é a porta que se abre para o cosmo, é a “esponja” que absorve o influxo de energia e o distribui para o centro cerebral, para o centro laríngeo, e, respectivamente, para outros centros que se distribuem com maior ou menor intensidade, através do corpo.

Sabemos que tais energias, antes de atingir o corpo físico, abrigam-se no corpo espiritual. Do mesmo modo como se tivéssemos uma grande cisterna de água abastecendo uma cidade, tendo em cada residência a nossa particular, verificamos no organismo a grande “cisterna” que absorve as energias de maior vulto, que é o citado centro coronário, e as pequenas “cisternas” que vão atendendo às outras regiões: […].

[…].

Esses centros espalhados são tidos como os mais importantes, mas, ao longo do corpo, temos vários outros centros por onde as energias penetram ou por onde elas são emitidas.

Dessa forma, os centros de força são distribuidores de energia ao longo do corpo psicossomático que têm a função de atender ao corpo somático.

Identificamos a correspondência das veias, das artérias e dos vasos no corpo físico com as “linhas de força” do corpo perispiritual.

Eis porque, quando recebemos o passe, imediatamente, sentimos bem-estar, nos sentimos envolvidos numa onda de leveza que normalmente provoca-nos emoção. Porque as energias penetram o centro coronário e são distribuídas por essas “linhas de força”, à semelhança de qualquer medicamento, elas vão atingir as áreas carentes.

Se estivermos com uma problemática cardíaca, por exemplo, não haverá necessidade de aplicarmos as energias sobre o músculo cardíaco, porque em penetrando nossa intimidade energética, aquele centro lesado vai absorver a quantidade, a parcela de recursos fluídicos de que necessita.

Do mesmo modo, se temos uma dor na ponta do pé e tomamos um analgésico, que vai para o estômago, a dor na ponta do pé logo passa. Então, o nosso cosmo energético está, como diz a Doutrina Espírita, ligado célula por célula ao nosso corpo somático.

Por isso, os centros de força do perispírito têm seus correspondentes materiais nos plexos do corpo carnal, ou, diríamos de melhor maneira, os plexos do corpo carnal são representantes materiais, são a expressão materializada dos fulcros energéticos ou dos centros de força, ou, ainda, dos centros vitais do nosso perispírito. ([62]) (grifo nosso)

O que consta neste último parágrafo parece que há perfeita correlação com o que vimos da opinião de Gabriel Delanne.

Citaremos também a obra Mãos de Luz, como mais uma obra que aborda tanto a aura quanto os chakras ([63]), aliás, observamos que sempre os dois são mencionados, pela ligação íntima entre eles.

Estamos mencionando essa obra pela qualificação da autora Barbara Brennan: “cientista, foi pesquisadora da NASA no Centro de Voo Espacial de Goddard logo após completar seu Mestrado de Ciência em Física Atmosférica na Universidade de Wisconsin. Nos últimos quinze anos vem estudando o campo da energia humana e trabalhando com ele, e envolveu-se em projetos de pesquisa da Drexel University e do Institute for the New Age.” ([64])

Em resumo, temos:

Os Chakras: alguns autores e obras que os mencionam

Autores com transcrições

1 – Espirituais

André Luiz, Evolução em Dois Mundos e Entre a Terra e o Céu

Joanna de Ângelis, Estudos Espíritas

2 – Estudiosos da atualidade

Carlos T. Pastorino, Técnica da Mediunidade

José Herculano Pires, Curso Dinâmico de Espiritismo e Educação para a Morte

Jacob Melo, Cure-se e Cure pelos Passes

Jorge Andréa, Correlações Espírito-Matéria

José Raul Teixeira, Diretrizes de Segurança

Outros autores que os citam, mas dos quais nada foi transcrito

Astolfo Olegário de Oliveira Filho, Seminário “Passes e Passistas”

Carlos Bernardo Loureiro, Perispírito: natureza, funções e propriedades

Durval Chiamponi, Perispírito e Corpo Mental

FEB – Estudo e Prática da Mediunidade – Programa I

João Sérgio Sell, Perispírito

José Náufel, Do ABC ao infinito, Vol. 4

Luiz Gonzaga Pinheiro, O perispírito e suas modelações

Salvador Gentile, O passe magnético: seus fundamentos e sua aplicação

Zalmiro Zimmermann, Perispírito e Teoria da Mediunidade

O certo é que alguns veem coisas onde elas não existem, enquanto outros não veem onde elas existem, daí resulta a polêmica, que, talvez, só o tempo poderá resolver.

É visível que os chakras foram considerados como ponto doutrinário por estudiosos dos primórdios da Codificação e vários outros da atualidade, temos aqui, nesse estudo, apenas duas fontes espirituais, isso é fato. Uma delas, Joanna de Ângelis, em Estudos Espíritas, faz uma colocação bem interessante ao se referir ao Perispírito, diz que:

Desde épocas imemoriais, a filosofia hindu, estudando as suas manifestações no ser reencarnado, relacionou-o com os chakras ([65]) ou centros vitais que se encontram em perfeito comando dos órgãos fundamentais da vida, espalhados pela fisiologia somática, […]. ([66]) (grifo nosso)

Então, temos uma questão a ser resolvida: o que disseram estes dois autores – André Luiz e Joanna de Ângelis – é nova revelação, que necessita passar pelo CUEE, ou trata-se simplesmente de detalhamento de algo não objetivamente abordado na Codificação, mas consta nas entrelinhas…

Abstraindo-se da hipótese de estar na Codificação, como acreditamos que está, julgamos que para se afirmar categoricamente que não é ponto doutrinário, ter-se-á que consultar, em várias fontes mediúnicas da literatura espírita mundial, para se dizer que passou ou não pelo CUEE. 

Conclusão

Diante de tudo isso que encontramos, entendemos que, s.m.j., tanto a aura como os chakras (Centros Vitais) são abordados nas obras da Codificação, ainda que sob outras denominações, razão pela qual passamos a aceitá-los como pontos doutrinários.

Claro que, por questão moral, respeitaremos todos aqueles que não comungarem de nossa conclusão, já que estimaríamos que também respeitassem a nossa opinião, que é a de uma pessoa que quer respaldar seus estudos em bases doutrinárias coerentes, procurando, na medida do possível, deixar de lado eventuais “achismos”.

E, finalizamos, com esta frase de Matthieu Tubino (2005): “[…] no que se refere às teorizações ou hipóteses, deve-se ter o cuidado para não tomá-las como afirmações, pois, dependem muito de opiniões próprias de quem teoriza.” Não garantimos que não tenhamos sido vítima de nossas próprias opiniões.

Mesmo que estejamos equivocados em nossa forma de pensar, tendo-os como possível ponto doutrinário, o fato de estarmos alinhados com o pensamento de destacados estudiosos, já consideramos isso um lucro.

Paulo da Silva Neto Sobrinho

nov/2014.

(versão 7 – jun/2018).

Revisor: Hugo Alvarenga Novaes

Nota explicativa:

Observações do Prof. Paulo Cesar Pfaltzgraff Ferreira, estudioso do tema, a respeito de:

1) Definição – O Chakra do Baço não está situado ao longo do eixo vertical que perpassa o centro do corpo, logo a definição do dicionário fica em contraposição ao fato de colocar o Chakra do Baço como sendo um dos sete principais, fazendo com que o leitor fique confuso.

Na verdade, a palavra no singular é āsana (devanāgarī: आसन; pronúncia: aassana; tradução:

postura, acento) → plural: āsanāni (devanāgarī: आसनानि; pronúncia: aassanaani). O plural “āsanas” é “aportuguesado”.

2) Imagem: - Na figura estamos com 8 chakras principais e creio que seria interessante observar que algumas tradições, conforme a indiana, não incluem o Chakra Esplênico ou do (faltou este “do” na figura) Baço como sendo um dos sete principais, mas incluem o Chakra Genésico ou Sexual. Os teosofistas, seguindo o modelo proposto por Charles Webster Leadbeater, não incluem o Chakra Genésico ou Sexual, porém, incluem o Chakra Esplênico ou do Baço.

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Este artigo foi publicado:

– revista Espiritismo – o Grande Consolador nº 7, São Paulo: Mythos Editora, jan/2015, p. 36-42 (versão original).

 

[1]    Optamos por essa grafia, embora, nos Dicionários Houaiss e Michaelis, lemos chacra.

[2]    KARDEC, Revista Espírita 1866, p. 223.

[3]    KARDEC, Revista Espírita 1866, p. 72.

[4]    KARDEC, O Livro dos Médiuns, p. 18.

[5]    KARDEC, O Livro dos Espíritos, p. 189.

[6]    KARDEC, O Livro dos Médiuns, p. 63.

[7]    KARDEC, Revista Espírita 1863, p. 1.

[8]    KARDEC, Revista Espírita 1863, p. 234.

[9]    SANTOS, Lastro Espiritual nos Fatos Científicos, p. 49.

[10]  KARDEC, Obras Póstumas, 50.

[11]  KARDEC, A Gênese, p. 295.

[12]  KARDEC, Revista Espírita 1860, p. 155.

[13]  KARDEC, Revista Espírita 1862, p. 43.

[14]  DELANNE, A reencarnação, p. 144-145.

[15]  DELANNE, Evolução Anímica, p. 112.

[16]  DELANNE, Evolução Anímica, p. 124.

[17]  FRANCO, Estudos Espíritas, p. 39.

[18]  KARDEC, Revista Espírita 1862, p. 355.

[19]  Kardec comenta o caso de um camponês do cantão de Berna que tinha a faculdade de ver, num copo de vidro, as coisas distantes. (KARDEC, Revista Espírita 1865. p. 289)

[20]  KARDEC, Revista Espírita 1865, p. 295.

[21]  KARDEC, Revista Espírita 1867, p. 172.

[22]  KARDEC, A Gênese, p. 292.

[23]  KARDEC, Obras Póstumas, p. 50.

[24]  Nota da transcrição: […] Já desde 1860 (“Revue Spirite”, pág. 81), Allan Kardec afirmava, de acordo com as revelações do Espirito do Dr. Vignal, que os corpos emitem vibrações luminosas, invisíveis aos sentidos materiais, o que mais tarde a Ciência confirmou. O Espiritismo tem, pois, o mérito de haver, em primeiro lugar, sobre esse como sobre tantos outros pontos, apresentado teorias físicas que a Ciência não admitiu senão trinta anos depois, sob a reiterada pressão dos fatos.

[25]  DENIS, No Invisível, p. 177.

[26]  KARDEC, Obras Póstumas, p. 121-122.

[27]  KARDEC, Obras Póstumas, p. 123.

[28]  SANTOS, Correlações Espírito-Matéria, p. 26.

[29]  SANTOS, Correlações Espírito-Matéria, p. 26-27.

[30]  KARDEC, A Gênese, p. 291.

[31]  KARDEC, A Gênese, p. 325-326.

[32]  KARDEC, Revista Espírita 1867, p. 130-131.

[33]  Ver nota explicativa no final deste artigo.

[34]  MICHAELIS ON-LINE: https://michaelis.uol.com.br/palavra/ZojK/chacra-2/.

[35]  Principal religião da Índia, o Hinduísmo é um tipo de união de crenças com estilos de vida. Sua cultura religiosa é a união de tradições étnicas. Atualmente é a terceira maior religião do mundo em número de seguidores. Tem origem em aproximadamente 3.000 a.C. na antiga cultura Védica. (https://suapesquisa.com/religiaosociais/hinduismo.htm)

[36]  O budismo não é só uma religião, mas também um sistema ético e filosófico, originário da região da Índia. Foi criado por Sidarta Gautama (563? - 483 a.C.?), também conhecido como Buda. Este criou o budismo por volta do século VI a.C. Ele é considerado pelos seguidores da religião como sendo um guia espiritual e não um deus. Desta forma, os seguidores podem seguir normalmente outras religiões e não apenas o budismo. § O início do budismo está ligado ao hinduísmo, religião na qual Buda é considerado a encarnação ou avatar de Vishnu. (https://www.suapesquisa.com/budismo/)

[37]  LEADBEATER, Os Chakras, p. 17.

[38]  LEADBEATER, Os Chakras, p. 19-20.

[39]  KARDEC, Revista Espírita 1860, p. 369.

[40]  KARDEC, O Livro dos Espíritos, p. 127-129.

[41]  Passe direcionado no Centro de Força (PDCF), artigo disponível em: http://ceamariadenazaretaubate-sp.blogspot.com.br/2015/05/passe-direcionado-no-centro-de-forca_16.html,

[42]  KARDEC, O Livro dos Espíritos, p. 223-228.

[43]  KARDEC, O Livro dos Espíritos, p. 225.

[44]  DENIS, No Invisível, p. 177.

[45]  XAVIER, Evolução em dois mundos, p. 25-30.

[46]  XAVIER, Entre o céu e a terra, p. 123-129.

[47]  XAVIER, Evolução em Dois Mundos, p. 26-27.

[48]  XAVIER, Entre a Terra e o Céu, p. 126-128.

[49]  GOMES, Pinga-fogo com Chico Xavier, p. 93-94.

[50]  PIRES, Curso Dinâmico de Espiritismo, p. 103-104.

[51]   PIRES, Educação para a Morte, p. 54.

[52]  Biografia de Jorge Andréa, disponível em: http://fraterluz.blogspot.com/2014/07/biografia-jorge-andrea.html.

[53]  SANTOS, Correlações Espírito-matéria, p. 21.

[54]  N.T.: Para estudos especiais mais profundos, enviamos às obras especializadas, publicadas por espiritistas, teósofos, rosa-cruzes, esoteristas e ocultistas. Aqui fazemos simples vulgarização.

[55]  PASTORINO, Técnicas da Mediunidade, p. 111.

[56]  PASTORINO, Técnicas da Mediunidade, p. 143.

[57]  MELO, Cure-se e Cure pelos Passes, p. 73-92.

[58]  Editora Auta de Souza – Curso de Passe – Centros de Força, disponível em: http://www.ocentroespirita.com/centroespirita/download/passe/03-Centros-de-Forca.pdf.

[59]  DENIS, Depois da Morte, p. 176.

[60]  Chakra – Palavra sânscrita que significa roda. Igualmente conhecida, em páli, como Chakka. (Nota da Autora espíritual), em FRANCO, Estudos Espíritas, p. 43, grifo do original.

[61]  FRANCO, Estudos Espíritas, p. 39-45.

[62]  FRANCO e TEIXEIRA, Diretrizes de Segurança, p. 30-32.

[63]  BRENNAN, Mãos de Luz, p. 70-78.

[64]  BRENNAN, Mãos de Luz, p. 17.

[65]  N.T.: Chakra – Palavra sânscrita que significa roda. Igualmente conhecida, em páli, como ChakkaNota da Autora espiritual. (grifo do original)

[66]  FRANCO, Estudos Espíritas, p. 43.


Sobre o autor:

Paulo Neto: Nascido em Guanhães, MG. Bacharel em Ciências Contábeis e em Administração de Empresas pela Universidade Católica-MG (PUC-BH). Aposentou-se como Fiscal de Tributos pela Secretaria da Fazenda-MG. Adepto do Espiritismo desde Julho/1987. É escritor, articulista e orador espírita com vários artigos publicados em periódicos e imprensa na internet. Autor de livros espíritas com foco em vasta pesquisa da literatura espírita e convencional.

 

 

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