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Primeiro grupo espírita da internet

Suplemento ao capítulo das preces da imitação do evangelho

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preceVários assinantes testemunharam o seu pesar por não haverem encontrado, em nossa Imitação do Evangelho segundo Espiritismo, uma prece especial, para uso habitual, para a manhã e a noite.

Faremos notar que as preces contidas nessa obra não constituem um formulário que para ser completo deveria ter que encerrar um número muito maior. Elas fazem parte das comunicações dadas pelos Espíritos; nós as reunimos no capítulo consagrado ao exame da prece, como adicionamos a cada um dos outros capítulos as comunicações que aos mesmos poderiam referir-se. Evitando de propósito as da manhã e da noite, quisemos tirar de nossa obra o caráter litúrgico, por isso nos limitamos às que têm uma relação mais direta com o Espiritismo. As outras, cada um poderá encontrar entre as de seu culto particular. Nada obstante, para atender ao desejo que nos é expresso, damos a seguir a que se nos afigura responder melhor ao objetivo que se propõe. Contudo a precedemos de algumas observações, para que melhor se compreenda o seu alcance.

Na Imitação, nº 274, fizemos ressaltar a necessidade das preces inteligíveis. Aquele que ora sem compreender o que diz, habitua-se a ligar mais valor às palavras do que aos pensamentos; para ele as palavras é que são eficazes, ainda que o coração não participe. Assim, muitos se julgam quites quando recitaram algumas palavras que os dispensam de se reformarem. É fazer da Divindade uma ideia estranha, acreditar que ela se satisfaz com palavras, mais do que com atos que atestam um melhoramento moral.

Eis, aliás, a respeito deste assunto, a opinião de São Paulo:

“Se eu não entendo o que significam as palavras, serei um bárbaro para aquele a quem falo, e aquele que me fala será para mim um bárbaro. Se eu oro numa língua que não compreendo, meu coração ora, mas meu entendimento fica sem fruto. Se louvais apenas com o espírito, como é que um homem desses que não entendem senão sua própria língua dirá Amen, no final de vossa ação de graças, considerando-se que ele não compreende o que dizeis? Isto não significa que vossa ação de graças não é boa, mas os outros não são edificados.” (São Paulo, 1ª epístola aos Coríntios, cap. XIV, versículos 11, 14, 16 e 17).

É impossível condenar de maneira mais formal e mais lógica o uso das preces ininteligíveis. Pode-se admirar que seja tão pouco levada em conta a autoridade de São Paulo neste assunto, ao passo que ela é tantas vezes invocada sobre outros pontos. Outro tanto poder-se-ia dizer da maioria dos escritores sacros, considerados como luzes da Igreja, e cujos preceitos todos estão longe de ser postos em prática.

Uma condição essencial da prece é, pois, segundo São Paulo, ser inteligível, para que possa falar ao nosso espírito. Para isto não basta que seja dita em língua compreendida por aquele que ora, porquanto há preces em língua vulgar que não dizem muito mais ao pensamento do que se fossem ditas em língua estrangeira, e que, por isso mesmo, não vão ao coração, porque as raras ideias que elas encerram são frequentemente abafadas pela superabundância de palavras e pelo misticismo da linguagem.

A principal qualidade da prece é ser clara, simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos, que não passam de vestimentas de lantejoulas. Cada palavra deve ter o seu alcance, despertar um pensamento, mover uma fibra, numa palavra, deve fazer refletir. Só com esta condição a prece pode atingir o seu objetivo, do contrário não passa de ruído. Vede, também, com que ar distraído e com que volubilidade elas são ditas na maior parte do tempo! Veem-se os lábios se movendo, mas, pela expressão da fisionomia e pelo tom da voz se reconhece um ato maquinal, puramente exterior, ao qual a alma fica indiferente.

O mais perfeito modelo de concisão, no caso da prece, é, sem contradita, a Oração dominical, verdadeira obra prima de sublimidade em sua simplicidade. Sob a mais reduzida forma, ela resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. Contudo, em razão de sua própria brevidade, o sentido profundo encerrado nas poucas palavras de que ela se compõe escapa à maioria; os comentários já feitos a respeito nem sempre estão presentes à memória, ou mesmo são desconhecidos pela maior parte das pessoas, por isto geralmente ela é dita sem que o pensamento seja direcionado à aplicação de cada uma de suas partes. Dizem-na como uma fórmula cuja eficácia é proporcional ao número de vezes que é repetida. Ora, é quase sempre um dos números cabalísticos três, sete ou nove, tirados da antiga crença na virtude dos números, e em uso nas operações de magia. Pensai ou não penseis no que dizeis, mas repeti a prece tantas vezes, que isto basta. Agora que o Espiritismo repele expressamente toda eficácia atribuída às palavras, aos signos e às fórmulas, a Igreja acusa-o de ressuscitar as velhas crenças supersticiosas.

Todas as religiões antigas e pagãs tiveram sua língua sagrada, língua misteriosa, apenas inteligível aos iniciados, mas cujo sentido verdadeiro era oculto ao vulgo, que a respeitava tanto mais quanto menos a compreendia. Isto podia ser aceito na época da infância intelectual das massas, mas hoje, que elas estão espiritualmente emancipadas, as línguas místicas não mais têm razão de ser e constituem um anacronismo; elas querem ver tão claro nas coisas da religião quanto nas da vida civil; não se pede mais para crer e orar, mas se quer saber por que se crê e o que se pede orando.

O latim, de uso habitual nos primeiros tempos de Cristianis­mo, ficou sendo para a Igreja a língua sagrada, e é por um resto do antigo prestígio ligado a essas línguas que a maioria dos que não o sabem dizem a Oração dominical nessa língua, de preferência à sua própria. Dir-se-ia que dão tanto mais valor à coisa quanto menos a compreendem. Por certo tal não foi a intenção de Jesus quando a ditou, e tal também não foi o pensamento de São Paulo, quando disse: “Se eu oro numa língua que não compreendo, meu coração ora, mas meu entendimento fica sem fruto.” Ainda se, por falta de inteligência, o coração orasse sempre, haveria apenas meio mal, entretanto, infelizmente, muitas vezes o coração não ora mais que o espírito. Se o coração realmente orasse, não se veria tanta gente, entre aqueles que rezam muito, aproveitar tão pouco, não ser nem mais benevolentes nem mais caridosos nem menos maledicentes para com o próximo.

Feita esta ressalva, diremos que a melhor prece matinal e da noite é, sem contradita, a Oração dominical, dita com inteligência, de coração e não apenas com os lábios. Mas, para suprir o vago que a sua concisão deixa no pensamento, aqui acrescentamos, a conselho e com a assistência dos bons Espíritos, um desenvolvimento a cada proposição.

Conforme as circunstâncias e o tempo disponível, pode, pois, dizer-se a Oração dominical simples ou com os comentários. Também se podem acrescentar algumas das preces contidas na Imitação do Evangelho, tomadas entre as que não tenham um objetivo especial, como, por exemplo, a prece aos anjos da guarda e aos Espíritos protetores, nº. 293; a para afastar os maus Espíritos, nº. 297; para as pessoas que nos foram afeiçoadas, nº. 358; para as almas sofredoras que pedem preces, nº. 360, etc. Fica entendido que é sem prejuízo das preces especiais do culto ao qual se pertence por convicção, e ao qual o Espiritismo não manda renunciar.

Aos que nos pedem uma linha de conduta a seguir no que concerne às preces quotidianas, aconselhamos cada um a fazer uma coletânea apropriada às circunstâncias em que se encontra, por si mesmo, para outrem ou para os que deixaram a Terra, e desenvolvê-las ou restringi-las conforme a oportunidade.

Uma vez por semana, no domingo, por exemplo, pode-se a isto consagrar um tempo mais longo, e dizer todas, quer em particular, quer em comum, se houver lugar, a isso acrescentando a leitura de algumas passagens da Imitação do Evangelho e de algumas boas instruções ditadas pelos Espíritos. Isto é mais especialmente dirigido às pessoas que são repelidas pela Igreja por causa do Espiritismo, e que não sentem menos a necessidade de se unirem a Deus pelo pensamento.

Mas, salvo este caso, nada impede que aqueles que sentem a necessidade de assistir, nos dias consagrados às cerimônias de seu culto, ali digam, ao mesmo tempo, algumas das preces relacionadas com suas crenças espíritas. Isto não pode senão contribuir para elevar sua alma a Deus pela união do pensamento e das palavras. O Espiritismo é uma fé íntima. Ele está no coração e não nos atos exteriores. Ele não prescreve nenhum ato que seja de natureza a escandalizar os que não partilham dessa crença, mas recomenda, ao contrário, a sua abstenção, por espírito de caridade e de tolerância.

Em consideração e como aplicação das ideias precedentes, damos abaixo a Oração dominical desenvolvida. Se algumas pessoas acharem que aqui não seria o lugar adequado para um documento desta natureza, nós lhes lembraríamos que a nossa Revista não é apenas uma coletânea de fatos e que o seu plano abarca tudo o que pode ajudar no desenvolvimento moral. Houve um tempo em que os casos de manifestações eram os únicos a interessar os leitores. Hoje, porém, que o objetivo sério e moralizador do Espiritismo é compreendido e apreciado, a maioria dos adeptos aqui procuram mais o que toca o coração do que o que agrada ao espírito. É, pois, a esses que nos dirigimos nesta circunstância. Por esta publicação, sabemos ser agradável a muitos, senão a todos. Só isto nos teria feito decidir, se outras considerações, sobre as quais devemos guardar silêncio, não nos tivessem determinado a fazê-lo neste momento, e não em outro.

ORAÇÃO DOMINICAL DESENVOLVIDA

 

I. PAI NOSSO, QUE ESTAIS NO CÉU, SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME!

Cremos em vós, Senhor, porque tudo revela o vosso poder e a vossa bondade. A harmonia do Universo testemunha uma sabedoria, uma prudência e uma previdência que ultrapassam todas as faculdades humanas; o nome de um ser soberanamente grande e sábio está inscrito em todas as obras da criação, desde o broto de erva e do menor inseto até os astros que se movem no espaço; por toda parte vemos a prova de uma solicitude paternal, eis por que é cego aquele que não vos reconhece em vossas obras, orgulhoso aquele que não vos glorifica e ingrato aquele que não vos rende ações de graça.

 

II. VENHA A NÓS O VOSSO REINO!

Senhor, destes aos homens leis cheias de sabedoria e que fariam a sua felicidade, se as observassem. Com essas leis eles fariam reinar entre si a paz e a justiça; ajudar-se-iam mutuamente, em vez de se prejudicarem, como fazem; o forte ampararia o fraco, em vez de esmagá-lo; evitariam os males que engendram os abusos e excessos de todos os gêneros. Todas as misérias daqui de baixo vêm da violação de vossas leis, porque não há uma só infração que não tenha suas consequências fatais.

Destes ao animal o instinto que lhe traça o limite do necessário, e ele a isso se conforma maquinalmente, mas ao homem, além desse instinto, destes a inteligência e a razão; também lhe destes a liberdade de observar ou infringir aquelas de vossas leis que lhe concernem pessoalmente, isto é, de escolher entre o bem e o mal, a fim de que ele tenha o mérito e a responsabilidade de suas ações.

Ninguém pode pretextar ignorância de vossas leis, porque, na vossa previdência paternal, quisestes que elas fossem gravadas na consciência de cada um, sem distinção de culto nem de nações. Aqueles que as violam é porque vos desconhecem.

Um dia virá em que, conforme a vossa promessa, todos as praticarão. Então a incredulidade terá desaparecido, e todos vos reconhecerão como Soberano Senhor de todas as coisas, e o reino de vossas leis será o vosso reino na Terra.

Dignai-vos, Senhor, apressar a sua vinda, dando aos homens a luz necessária para conduzi-los no caminho da verdade.

 

III. SEJA FEITA A VOSSA VONTADE, ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU!

Se a submissão é um dever do filho para com o pai, do inferior para com o seu superior, quão maior não deve ser a da criatura para com o seu Criador! Fazer a vossa vontade, Senhor, é observar vossas leis e submeter-se sem murmúrio aos vossos divinos desígnios; o homem a eles submeter-se-á quando compreender que sois a fonte de toda sabedoria e que sem vós ele nada pode; então fará vossa vontade na Terra, como os eleitos no Céu.

 

IV. O PÃO DE CADA DIA DAI-NOS HOJE.

Dai-nos o alimento para manutenção das forças do corpo; dai-nos, também, o alimento espiritual para o desenvolvimento de nosso Espírito.

O animal encontra sua pastagem, mas o homem a deve à sua própria atividade e aos recursos de sua inteligência, porque o criastes livre.

Vós lhe dissestes: “Tirarás o teu alimento da terra com o suor de teu rosto.” Assim, vós lhe tornastes o trabalho uma obrigação, para que ele exercitasse sua inteligência pela procura dos meios de prover às suas necessidades e ao seu bem-estar, uns pelo trabalho material, outros pelo trabalho intelectual. Sem o trabalho, ele ficará estacionário e não poderá aspirar à felicidade dos Espíritos superiores.

Vós ajudais o homem de boa-vontade, que se confia a vós para o necessário, mas não aquele que se compraz na ociosidade e tudo quereria obter sem esforço, nem aquele que busca o supérfluo.

Quantos não sucumbem por sua própria culpa, por sua incúria, sua imprevidência ou sua ambição, e por não terem querido contentar-se com o que lhes haveis dado! Esses são os artífices de seu próprio infortúnio e não têm o direito de lamentar-se, porque são punidos por onde pecaram. Mas esses mesmos, vós não os abandonais, porque sois infinitamente misericordioso. Vós lhes estendeis a mão socorredora desde que, como o filho pródigo, eles voltem para vós sinceramente.

Antes de nos lamentarmos de nossa sorte, perguntemos se não é obra nossa. A cada desgraça que nos chega, perguntemos se de nós não teria dependido evitá-la; mas digamos também que Deus nos deu a inteligência para nos tirar do lodaçal e que de nós depende pô-la em atividade.

Considerando-se que a lei do trabalho é a condição do homem na Terra, dai-nos força e coragem para cumpri-la; dai-nos também a prudência, a previdência e a moderação, a fim de lhes não perder o fruto.

Dai-nos pois, Senhor, o pão nosso de cada dia, isto é, os meios de adquirir, pelo trabalho, as coisas necessárias à vida, pois nin­guém tem direito de reclamar o supérfluo.

Se o trabalho nos for impossível, nós nos confiamos à vossa divina Providência.

Se entrar nos vossos desígnios experimentar-nos pelas mais duras provações, malgrado os nossos esforços, nós as aceitamos como uma justa expiação das faltas que podemos ter cometido nesta vida ou em vida precedente, porque sois justo; sabemos que não há penas imerecidas e que jamais castigais sem causa.

Preservai-nos, ó meu Deus, de conceber a inveja contra os que possuem o que não temos, nem mesmo contra os que têm o supérfluo, ainda que nos falte o necessário. Perdoai-lhes se esquecem a lei da caridade e de amor ao próximo que lhes ensinastes.

Afastai, também, do nosso Espírito o pensamento de negar vossa justiça, quando vemos a prosperidade do mau e a infelicidade que por vezes acabrunha o homem de bem. Agora sabemos, graças às novas luzes que vos aprouve nos dar, que vossa justiça sempre recebe o seu cumprimento e não falta a ninguém; que a prosperidade material do perverso é efêmera como a sua existência corpórea, e que ela terá terríveis retornos, ao passo que será eterna e alegria reservada ao que sofre com resignação.

 

V. PERDOAI AS NOSSAS DÍVIDAS, ASSIM COMO PERDOAMOS AOS NOSSOS DEVEDORES.

PERDOAI AS NOSSAS OFENSAS, ASSIM COMO PERDOAMOS AOS QUE NOS OFENDERAM.

Cada uma de nossas infrações às vossas leis, Senhor, é uma ofensa a vós, e uma dívida contraída que, mais cedo ou mais tarde, teremos que resgatar. Solicitamos de vossa infinita misericórdia a sua remissão, sob promessa de fazer esforços para não contrair novas.

Vós fizestes da caridade uma lei expressa, mas a caridade não consiste apenas em assistir ao semelhante em suas necessidades; ela consiste também no esquecimento e no perdão das ofensas. Com que direito reclamaríamos a vossa indulgência, se nós próprios a ela faltamos para com aqueles de que temos de nos lamentar?

Dai-nos, ó meu Deus, a força de abafar em nossa alma todo ressentimento, todo ódio e todo rancor; fazei que a morte não nos surpreenda com um desejo de vingança no coração. Se vos aprouver hoje mesmo nos retirar daqui, fazei que nos possamos apresentar a vós livres de toda animosidade, a exemplo do Cristo, cujas últimas palavras foram em favor de seus carrascos.

As perseguições que os maus nos fazem sofrer são parte de nossas provas terrenas; devemos aceitá-las sem murmuração, como a todas as outras provas, e não maldizer aqueles que, por suas maldades, nos abrem o caminho da felicidade eterna, pois nos dissestes, pela boca de Jesus: “Bem-aventurados os que sofrem por amor à justiça!” Bendigamos, pois, a mão que nos fere e nos humilha, porque as contusões do corpo fortalecem nossa a alma, e seremos exalçados em consequência de nossa humildade.

Bendito seja o vosso nome, Senhor, por nos haverdes ensinado que nossa sorte não será irrevogavelmente fixada após a morte; que em outras existências encontraremos os meios de resgatar e reparar nossas faltas passadas, e de cumprir numa nova vida aquilo que não podemos fazer nesta, para o nosso adiantamento.

Assim se explicam, enfim, todas as anomalias aparentes da vida; é a luz lançada sobre o nosso passado e o nosso futuro, o sinal deslumbrante de vossa soberana justiça e de vossa bondade infinita.

 

VI. NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO, MAS LIVRAI-NOS DO MAL.

Dai-nos, Senhor, a força de resistir às sugestões dos maus Espíritos que tentarem desviar-nos da via do bem, inspirando-nos maus pensamentos.

Mas nós mesmos somos Espíritos imperfeitos, encarnados nesta Terra para expiar e nos tornarmos melhores. A causa primeira do mal está em nós, e os maus Espíritos apenas aproveitam nossas más inclinações viciosas, nas quais nos entretêm para nos tentar.

Cada imperfeição é uma porta aberta à sua influência, ao passo que são impotentes e renunciam a toda tentativa contra os seres perfeitos. Tudo quanto podemos fazer para afastá-los será inútil, se não lhes opusermos uma vontade inquebrantável no bem e uma renúncia absoluta ao mal. É, pois, contra nós mesmos que devemos dirigir nossos esforços, e então os maus Espíritos afastar-se-ão naturalmente, porque é o mal que os atrai, enquanto o bem os repele.

Senhor, sustentai-nos em nossa fraqueza; inspirai-nos, pela voz dos anjos da guarda e dos bons Espíritos, a vontade de nos corrigirmos de nossas imperfeições, a fim de fecharmos aos Espíritos impuros e acesso à nossa alma.

O mal não é obra vossa, Senhor, porque a fonte de todo o bem nada pode engendrar de mau. Nós mesmos o criamos infringindo as vossas leis, e pelo mau uso que fizemos da liberdade que nos destes. Quando os homens observarem as vossas leis, o mal desaparecerá da Terra, como já desapareceu dos mundos mais adiantados.

O mal não é uma necessidade fatal para ninguém, e só parece irresistível aos que a ele se abandonam com satisfação. Se temos vontade de fazê-lo, também podemos ter a de fazer o bem. Por isto, ó meu Deus, pedimos a vossa assistência e a dos bons Espíritos, para resistirmos à tentação.

 

VII. ASSIM SEJA.

Praza-vos, Senhor, que nossos desejos se realizem! Mas nos inclinamos ante a vossa sabedoria infinita. Sobre todas as coisas que não nos é dado compreender, que se faça segundo a vossa santa vontade, e não segundo a nossa, porque não quereis senão o nosso bem e sabeis melhor do que nós o que nos é útil.

Nós vos dirigimos esta prece, ó meu Deus, por nós mesmos, por todas as almas sofredoras, encarnadas e desencarnadas, por nossos amigos e nossos inimigos, por todos os que pedem a nossa assistência.

Pedimos para todos a vossa misericórdia e a vossa bênção.

NOTA: Aqui pode-se mencionar aquilo pelo que agradecemos a Deus, e o que pedimos para nós próprios ou para os outros.


Fonte: Revista Espírita, Ano VII, volume 8, Agosoto de 1864

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Allan Kardec

Nasceu em Lyon, França em 1804. Professor, escritor e autor da codificação espírita, desencarnou em 1869.