Boletim GEAE

Grupo de Estudos Avançados Espíritas

http://www.geae.inf.br

Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec

Ano 13 - Número 486 - 2004            14 de dezembro de 2004

Editorial

Editorial de Natal
Mensagem de Natal, Paulo da Silva Neto Sobrinho, Brasil

Artigos

Curso de Ciência e Espiritismo, 4.a Aula, Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil

História & Pesquisa

As Cartas de Chico Xavier


Questões e Comentários

Questões Intrincadas sobre o Espiritismo IX
Livros Espíritas abordando Conceitos da Física Quântica, Marconi, Brasil

Painel

MAP - Movimento de Amor ao Próximo
Musical de Natal com Paula Zamp e Convidados
Feliz Natal e um Próspero Ano Novo, Souto, Brasil
Presente de Natal - A coleção da Revue Spirite de 1858 - 1869


Editorial


Editorial de Natal


Amigos,

A "Mensagem de Natal" do Paulo da Silva Neto Sobrinho é muito bonita e toca no ponto mais importante da comemoração, que é a recordação da passagem de Jesus por nosso mundo. E precisamos recordar não para nos entregarmos a adoração vazia, que Jesus sempre alertou ser inútil, mas sim para refletirmos em seus ensinamentos. Jesus é a Verdade, o Caminho e a Vida, mas de nada vale sabermos onde encontrar a Verdade se não a estudarmos, de nada vale conhecermos o Caminho se não o trilharmos e com certeza não nos aperceberemos da realidade da Vida eterna se não passarmos a vivenciá-la pela prática desinteressada do amor a Deus e ao Próximo.


Assim, com os devidos créditos ao nosso amigo Paulo, colocamos sua mensagem como editorial de Natal e aproveitamos para desejar a todos os amigos que participam conosco deste grupo de estudos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.

Que a Paz do Mestre Jesus esteja sempre com todos,
   

São os votos destes seus companheiros e servidores,

Ademir Xavier, Antonio Leite, Alexandre Fonseca, Carlos Iglesia, Edgar Crespo, José Cid, Raul Franzolin, Renato Costa e Yvonne Limoges
editor@geae.inf.br


Mensagem de Natal, Paulo da Silva Neto Sobrinho, Brasil

Não podemos nos furtar de falar do evento que é o mais importante para todos nós seres humanos, qual seja a data em que comemoramos o nascimento de Jesus, o Cristo.

Esperamos que neste ano possamos nos irmanar nos sentimentos de amor, de tolerância e de compreensão, seguindo o exemplo daquele que especialmente Deus, o nosso Pai, nos enviou para servir de modelo e guia.

Que possamos ouvir dentro dos nossos corações as palavras com que Jesus saudou a seus discípulos: "A paz esteja com vocês", já que é o que todos nós intimamente buscamos.

Muito simbólica a narrativa de Lucas quando diz “Maria deu à luz o seu filho primogênito, (2,7), na voz embargada Simeão profetiza que ele seria a “luz para iluminar as nações”, o que de fato foi confirmado por Ele quando disse: “Eu sou a luz do mundo”.

Por outro lado, como sempre quis se igualar a nós, diz sobre “Vós sois a luz do mundo”, nos recomendando que “brilhe vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”, o que nos coloca diante da inevitável máxima do Evangelho “amar ao próximo como a ti mesmo”.

Então estamos diante da opção de sermos luz se nós o quisermos, entretanto devemos ter consciência que essa é a condição necessária para se instalar o reino de Deus aqui na Terra. Se não agirmos dessa maneira, estaremos dizendo que a vinda desse Mensageiro de Amor foi infrutífera para nós. Mudemos nossas atitudes, buscando seguir suas recomendações de tal forma que possamos ser aquela “árvore que produz bons frutos” maneira prática de cada um dizer ao Cristo: Valeu a pena tudo o que passastes para trazer a mensagem do Pai a mim.

* Nota do Editor: A imagem apresentada junto ao texto é a ilustração da capa da "Revista André Luiz" de nov/dez 1983. Esta revista foi publicada durante vários anos pelas Casas André Luiz (Guarulhos, SP) e sempre primou por um belo trabalho editorial.

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Artigos

 

Curso de Ciência e Espiritismo, 4.a Aula, Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil 

Tópicos de pesquisa multidisciplinar entre algumas Ciências e o Espiritismo.
O método de análise por pares


1. TÓPICOS PERTENCENTES À ALGUMAS CIÊNCIAS E O ESPIRITISMO

Nas aulas anteriores, falamos sobre o caráter científico do Espiritismo e do campo de trabalho puramente espírita. Aqui, vamos iniciar uma série de aulas onde discutiremos o outro campo de trabalho que tem atraído e recebido muita atenção do Movimento Espírita. Trata-se do estudo de tópicos de pesquisas multidisciplinares: assuntos que pertencem ao escopo de alguma ciência ordinária e ao Espiritismo. Não pretendemos apresentar em detalhes cada pesquisa, mas sim divulgar sua existência e a referência para que o leitor interessado busque maiores informações. Nesta aula, apresentaremos exemplos gerais de pesquisas científicas na área de Medicina que estão contribuindo com o Espiritismo.

MEDICINA: Hoje em dia, a disciplina científica que nos parece ser a mais promissora para a introdução de assuntos espíritas e espiritualistas em seus projetos de pesquisa acadêmicos é a Medicina. E, na verdade, isso já vem acontecendo conforme os exemplos que veremos a seguir.

Nosso primeiro exemplo de pesquisa na área médica de interesse espírita é o resultado de um trabalho de revisão sobre diversas experiências sobre os efeitos da prece nos tratamentos de diversos tipos de pacientes [1]. Os autores analisaram estatisticamente os diversos casos publicados na literatura científica e concluíram que se por um lado não se pode confirmar, dentro dos critérios científicos, os efeitos da prece sobre a recuperação de doentes, eles reconhecem que um número significativo de casos positivos incentiva a realização de mais pesquisas nessa área.

Em Psiquiatria temos alguns trabalhos interessantes. Um dos maiores nomes na área de pesquisa relacionada com conceitos espiritualistas é o Prof. Ian Stevenson. Aqui no Brasil, o trabalho mais conhecido de Stevenson é o livro 20 casos sugestivos de reencarnação [2]. É digno de nota dizer que Stevenson não se limitou a escrever, somente, livros divulgando o seu trabalho de pesquisa1. Ele publicou vários artigos científicos em revistas internacionais levantando dúvidas sobre casos “estranhos” que não podem ser explicados nem pela genética nem pelas influências do ambiente [3]. Dentre esses fatos “estranhos” estão as fobias observadas em crianças, marcas de nascimento incomuns, diferenças entre gêmeos monozigóticos2, brincadeiras e comportamento incomuns na infância, etc. No Brasil, o Dr. Hernani G. Andrade repetiu algumas das experiências de Stevenson sobre casos sugestivos de reencarnação [4]. O médico psiquiatra Dr. Alexander de Almeida está trabalhando em um projeto de tese de doutoramento, na Universidade de São Paulo, intitulado “Mediunidade: uma experiência dissociativa num contexto religioso”, tendo já publicado alguns artigos sobre o assunto [5-7].

Esses são alguns exemplos que tem tido repercussão científica. O campo de pesquisa é imenso dentro da medicina e aos poucos novos pesquisadores vão se interessando por esses tópicos de estudo.

Na próxima aula comentaremos a respeito de uma interessante pesquisa em matemática cujos resultados levam a interpretações morais. Abaixo falaremos sobre o chamado método de análise por pares.

2. O MÉTODO DE ANÁLISE POR PARES

Na aula anterior, expomos o formato geral de um artigo científico. Aqui falaremos do coração da atividade de divulgação científica: o método de análise por pares. A palavra “pares” significa “semelhantes”. Cada área do conhecimento é formada por conteúdo e terminologia próprias. O enorme progresso em todas as áreas tornou muito difícil, para não dizer impossível, a uma única pessoa, conhecer profudamente mais de um assunto. Mesmo dentro de uma área do conhecimento, as especializações se desenvolveram a tal ponto que as pessoas levam anos para dominarem um único tópico. Assim, apenas uma pessoa formada em uma área específica pode analisar com segurança as atividades de outras pessoas na mesma área. Somente um “semelhante” ou “par” pode verificar se outros trabalhos, sobre determinado assunto, foram realizados com todo o rigor que se espera nesse campo de estudo.

A comunidade científica adotou, então, um método de análise de artigos onde os “pares”, isto é, outros cientistas especialistas na mema área de que trata o artigo, fazem a análise do mesmo. Isto ocorre, em geral, da seguinte maneira.

Cada revista científica possui um conjunto de editores, geralmente cientistas experientes, que são responsáveis por garantir que os artigos passem pelo método de análise por pares de forma correta e idônea. Os editores, em geral, fazem uma primeira leitura no artigo para verificar se o mesmo pertence ao escopo da revista, isto é, à(s) área(s) de pesquisa para a(s) qual(is) a revista foi criada. Se o artigo estiver dentro do escopo da revista os editores escolhem um ou mais cientistas especialistas no tema do artigo e enviam-lhes uma cópia para que façam uma análise crítica de acordo com o conjunto de critérios da revista. Os autores nunca sabem quem faz a análise de seus artigos. Mas, em alguns casos, aqueles que vão analisar o artigo sabem quem são os autores do mesmo.

Os cientistas convidados a analisarem um artigo, em geral, não possuem vínculo formal com a revista. Isso ajuda a assegurar a imparcialidade no processo de análise do artigo. Essas pessoas são chamadas de “árbitros” (“referees” em inglês) e esse processo é também conhecido como processo de arbitragem. Algumas revistas possuem, também, uma espécie de conselho editorial que colabora na análise dos artigos e na escolha dos “árbitros”. Encontramos, ainda, a denominação de “pareceristas” para os árbitros.

A grande vantagem deste método é a maximazação da imparcialidade na análise dos artigos já que aqueles que a farão não pertencem formalmente à revista ou a sua editora. Revistas científicas de grande impacto costumam enviar os artigos para duas ou mais pessoas de modo a evitar que pareceres desonestos baseados em motivos pessoais (como, por exemplo, a concorrência em pesquisa) possam ocorrer. Desta forma, os leitores terão mais garantia de que os artigos publicados correspondem a resultados de pesquisa realizados de forma séria e criteriosa.


Para ilustrar o processo, considere o seguinte exemplo. Vamos supor que o cientista X escreveu um artigo sobre suas pesquisas com um novo remédio para o combate ao cancer. O cientista X submete o seu artigo para publicação na revista A. O editor da revista A, chamemo-lo EA, recebe o artigo e faz uma leitura do mesmo. EA percebe que o artigo é muito interessante e seus resultados são muito importantes. Mas o editor EA não entende nada de cancer e não pode avaliar se o artigo está correto ou não. O editor EA, ao invés de publicar um artigo somente por ser interessante, decide enviar o artigo do cientista X para um outro cientista, chamemo-lo Y, fazer uma análise. O cientista Y é escolhido por ser especialista em drogas contra o cancer. O cientista Y inicia, então, a leitura e análise dos métodos empregados pelo cientista X para obtenção dos resultados de sua pesquisa. Y verificará, por exemplo, se nenhum experimento ou método de análise foi esquecido ou mal realizado por X. Y verificará se não existem pesquisas já publicadas sobre o assunto que não foram citadas por X no artigo. Y verificará se X fez todos os testes cabíveis para assegurar que os efeitos e consequências da nova droga não se devem a outros fatores possíveis. Enfim, o cientista Y verificará se o artigo satisfaz todos os critérios científicos de pesquisa dentro de sua área.

Se o cientista Y verificar que os resultados das pesquisas do cientista X seguiram todos ou quase todos os requisitos necessários, o cientista Y emitirá um parecer positivo quanto à publicação do artigo. Certamente, o cientista Y recomendará pequenas modificações no artigo mas ele será aceito. Nesse caso, o editor EA agradecerá a ambos (cientistas X e Y) e emitirá o parecer final de aceitação do artigo para publicação.


Se o cientista Y verificar que alguns requisitos importantes não foram abordados ou realizados pelo cientista X, ele emitirá parecer negativo decisivo ou parecer negativo condicional. O parecer negativo decisivo significa que Y não recomenda a publicação do artigo, nem se forem feitas correções no mesmo, porque ele não contém resultados confiáveis sobre o assunto. O parecer negativo condicional significa que Y não recomenda a publicação do artigo como ele está agora, mas sugere várias alterações e recomendações sobre vários passos que precisam ser realizados pelo cientista X de modo a assegurar os resultados apresentados. Em ambos os casos, o editor EA também agradece e expõe o parecer final de recusa do artigo para publicação, apresentando todas as explicações emitidas pelo parecerista (cientista Y) que foram usadas como base para a decisão editorial.
O processo de análise por pares não é perfeito já que envolve a atuação de seres humanos que, como sabemos, somos falíveis. Porém, não conhecemos nenhuma outra forma mais imparcial e produtiva de analisar os artigos científicos submetidos para publicação. Na prática, esse método tem se mostrado muito eficiente e a enorme quantidade e variedade de periódicos científicos permitem que autores que se sintam injustiçados, tentem publicar seus trabalhos em outras revistas já que elas enviarão os artigos para análise de outros árbitros. Na próxima aula comentaremos sobre os periódicos espíritas e a análise que seus editores podem realizar dos artigos e matérias submetidos para a publicação.

Referências

[1] J. A. Austin, E. Harkness e E. Ernest, The efficacy of “distant healing”: a systematic review of randomized trials 2000, Annals of Internal Medicine 132, pp. 903-910.

[2] I. Stevenson, Twenty Cases Suggestive of Reincarnation, University Press of Virginia, 2nd Edition (1974).

[3] I. Stevenson, The phenomenon of claimed memories of previous lives: possible interpretations and importance 2000, Medical Hypotheses 54, pp. 652-659.

[4] H. G. Andrade, Reencarnação no Brasil (Oito Casos que Sugerem Renascimento), Editora Casa Editora O Clarim (1980).

[5] A. M. de Almeida, Cirurgia espiritual: uma investigação 2000, Revista Associação Medica Brasileira 46 (3), pp. 194-200.

[6] A. M. de Almeida, Diretrizes metodológicas para investigar estados alterados de consciência e experiências anômalas 2003, Revista de Psiquiatria Clínica 30 (1), http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/ vol30/n1/21.html

[7] A. M. de Almeida e F. L. Neto, A mediunidade vista por alguns pioneiros da área mental 2004, Revista de Psiquiatria Clínica 31 (3), pp. 132-141.

1 Em aula futura falaremos sobre a diferença de valor científico entre livros e artigos.

2 Isto é, entre gêmeos que possuem o mesmo genoma.

Continua no próximo Boletim

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História & Pesquisa

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas")

As Cartas de Chico Xavier

Três mortes, três acusados, três absolvições e três testemunhos de que a vida continua após a morte. As histórias aconteceram entre 1976 e 1980, em Mato Grosso do Sul e Goiânia, mas chamaram a atenção do mundo mais uma vez para a mediunidade de Francisco Cândido Xavier e para um fato até então inédito na história da Justiça: a absolvição de três acusados de assassinato mediante o depoimento de suas próprias vítimas através de cartas psicografadas, anexadas aos processos.

Os casos foram relembrados em 4 de novembro, no programa "Linha Direta Justiça", da TV Globo, no episódio "As cartas de Chico Xavier", cuja exibição foi anunciada com destaque por diversos jornais, dentre os quais o jornal "Extra", do Rio de Janeiro, em 31 de outubro. A reportagem, das jornalistas Vivianne Cohen e Ana Bárbara Elias, ouviu alguns dos envolvidos, dentre os quais João Marcondes, levado a julgamento após matar com um tiro acidental, em sua casa, em Campo Grande (MS), a esposa Gleide Maria Dutra, Miss Campo Grande 1975.

"Acho que fui um instrumento de Deus para mostrar a todos que existe vida após a morte" – disse Marcondes, que após o acontecido tornou-se espírita e deu o nome de Gleide a uma de suas filhas do segundo casamento. "A personalidade das duas é muito parecida. É como uma volta ao passado" – afirmou.

Antes de Marcondes, contudo, a polêmica quanto ao uso de cartas psicografadas em questões legais já havia se instalado, com o julgamento de dois casos. O primeiro o de Henrique Gregoris, morto em 1976, aos 23 anos, por João França após uma brincadeira de roleta-russa; e o segundo, de Maurício Garcez, de 15 anos, assassinado pelo amigo José Divino Nunes, de 18, por disparo acidental de arma de fogo. A absolvição de Divino veio também pelas mãos do juiz Orimar de Bastos, recebendo confirmação do júri depois que o Ministério Público entrou com recurso.

"Tenho a convicção de que fiz justiça" – declarou Orimar de Bastos, que não é espírita e na ocasião sofreu perseguição dos colegas de profissão. O juiz, hoje aposentado, contou um fato curioso por ele vivido ao redigir a primeira sentença.

"Havia batido à máquina as considerações iniciais e me lembro de ouvir o relógio da cidade (Piracanjuba) bater 21 horas. Não sei se entrei em transe, mas, quando dei por mim, estava escutando as badaladas das 24 horas. E a sentença estava pronta. Não me recordo de ter redigido nada. Levei um susto. Havia escrito, além das três páginas das quais me lembrava, seis sem sentir. E quando a gente batia à máquina, era comum cometer alguns erros de datilografia, mas nas últimas folhas não havia nenhum. Fiquei intrigado e resolvi ir embora. No dia seguinte, ao me sentar no ônibus para reler a sentença antes de pronunciá-la, acabei dormindo. Eu havia absolvido o rapaz" – revelou.

A explicação para o fato, inclusive sobre o seu envolvimento nos dois casos, só veio depois, quando se encontrou com Chico Xavier. O médium mineiro psicografou uma mensagem do juiz Adalberto Pereira da Silva, desencarnado em 1951, na qual revelava a Orimar que a sua transferência para Goiânia havia sido planejada pelo Plano Espiritual, para que também pudesse atuar no caso do Divino.

O ex-juiz hoje ministra palestras em Goiânia sobre o caso e se prepara para lançar um livro no qual contará a história de sua decisão.

Extraído do Boletim SEI de Sábado, 20/11/2004 - número 1912

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Questões e Comentários 


Questões Intrincadas sobre o Espiritismo IX

(Continuação do Artigo iniciado no Boletim 478)

14)  No Evangelho Segundo o Espiritismo [Cap. IV; p.85; §6] Kardec diz ”A idéia de que João Batista era Elias e de que os profetas podiam reviver na Terra se nos depara em muitas passagens dos Evangelhos”. E cita particularmente, para justificar essa tese, os seguintes versículos. Mt 17,10-13 e Mt 11,12-15.

A) No entanto, em Mt 11,14, Jesus diz que João Batista é “o Elias que há de vir”. Neste trecho temos, antes da palavra Elias, a letra “o”, que por mais insignificante que possa parecer, traz muita dificuldade na interpretação, pois um artigo, ao lado de um nome, adjetiva este mesmo nome. Por exemplo, eu posso dizer que Divaldo Pereira Franco é o Allan Kardec brasileiro. Com uma frase como esta, não estou dizendo que Divaldo é Allan Kardec, nem que Divaldo é a reencarnação do mesmo. Estou apenas querendo ressaltar que a função e a importância de Divaldo no Brasil se assemelham à função e à importância de Allan Kardec na codificação mundial.

As provas de que João Batista e Elias são o mesmo Espírito estão abundantemente esclarecidas em várias obras. Ninguém jamais cogitou em dizer o mesmo de Divaldo e Kardec. Mas, de qualquer forma, podemos ainda lhe dizer que não são todas as Bíblias que traduzem da forma como você citou. Por exemplo, as Bíblias protestantes publicadas pelas editoras Mundo Cristão e Novo Mundo não colocam o artigo que você faz questão de mencionar. Daí lhe perguntamos: qual das traduções bíblicas é a verdadeira? Por outro lado, em versículo anterior (10) Jesus relaciona João Batista à profecia de Malaquias 3, 1. Esse mensageiro é identificado no versículo 23: “Vejam! Eu mandarei a vocês o profeta Elias,...”. A conclusão final é que se Jesus está afirmando que João Batista é “o Elias”, “o profeta Elias” ou simplesmente “Elias”, não faz a menor diferença quando se quer entender. Mas, se desejar algo mais categórico, é só ler Mt 17, 12, que diz: 12. “Mas eu digo a vocês: Elias já veio, e eles não o reconheceram. Fizeram com ele tudo o que quiseram. E o Filho do Homem será maltratado por eles do mesmo modo." Na seqüência, ou seja, o versículo 13, diz: “Então os discípulos compreenderam que Jesus falava de João Batista”, isso reforça os nossos argumentos, pois sabemos que em outras ocasiões Jesus demonstrou conhecer o pensamento dos outros. Assim, se não fosse verdadeiro o que pensaram, Jesus teria dito, com certeza.

Veja o quão importante é usarmos a razão. Vamos analisar o contexto em que a frase que você destacou foi dita. Na referida passagem Jesus disse: "Ora, desde o tempo de João Batista até o presente, o reino dos céus é tomado pela violência e são os violentos que o arrebatam; - pois que assim o profetizaram todos os profetas até João, e também a lei. - Se quiserdes compreender o que vos digo, ele mesmo é o EIias que há de vir. - Ouça-o aquele que tiver ouvidos de ouvir.” (Mateus, XI, 12 a 15.)

A expressão "desde o tempo de João Batista" parece um grande contra-senso pois João Batista foi conterrâneo de Jesus (eram primos). Mais adiante Jesus disse que "se quiserdes compreender o que vos digo" ou seja, se vocês quiserem esclarecer o aparente contra-senso, "ele mesmo (o João) é o Elias que há de vir." Nesse contexto, não temos dúvidas de que Jesus quis dizer que João era Elias reencarnado. Se Jesus tivesse pretendido dizer que João era tão importante quanto foi Elias, ele não teria dito a expressão "desde o tempo de João Batista...".

Agora, junte-se a esta passagem as outras em que Jesus fala de João e de Elias e conclua por você mesmo que não há dúvidas. Por que será que Jesus, ainda por cima, disse: "Ouça-o aquele que tiver ouvidos de ouvir". Aqui, sim, Jesus está usando uma linguagem simbólica onde "ouvir" significa entender e aceitar bem o que ele está dizendo.

B) Existe uma passagem do evangelho que não é analisada por Kardec que diz o seguinte: E eis o testemunho de João, quando, de Jerusalém, os judeus lhe enviaram sacerdotes e levitas para o interrogarem: “Quem és tu?” Ele fez uma declaração sem restrição; declarou: “Eu não sou o Cristo”. E eles lhe perguntaram: “Quem és tu? És Elias?” Ele respondeu: “Eu não sou Elias”. - “És tu o profeta?” Ele respondeu: “Não”. [Jo 1,19-21]. Kardec afirma que João era a reencarnação de Elias, e João afirma categoricamente que não é Elias. Como explicar este trecho?

Esse trecho demonstra a ignorância de João quanto à sua natureza como Espírito. Fato que comprova a afirmativa dos Espíritos quanto ao esquecimento do passado (Livro dos Espíritos, perguntas 392 a 399). Essa passagem não tem nada de contraditório com o que o Espiritismo diz.

O fato de que se não lembrarmos de algo das vidas anteriores não quer necessariamente dizer que não tenhamos vivido anteriormente, já que muitos acontecimentos dessa vida atual mesmo, por mais que o queiramos, não conseguimos lembrar e disso não podemos concluir que não os tenhamos vivido.

Além disso, Jesus não é um Espírito muito mais superior do que João? Jesus sabia do que estava falando. João não tinha todo o conhecimento. Nós preferimos aceitar a afirmativa de Jesus que João é Elias, quem quiser poderá acreditar em João.

C) Na cronologia bíblica, João batista morre (Mt 14,1-12). Dias depois os discípulos de Jesus têm uma visão de Moisés e Elias, ao lado de Jesus. Se João Batista era Elias reencarnado, o espírito não deveria se mostrar com a aparência da sua última reencarnação? Deve-se considerar ainda que os discípulos conheciam João Batista, pois haviam convivido com ele, fato que não se sucedera com Elias.

Moisés e Elias são pilares do Judaísmo. A presença deles junto a Jesus serviu para corroborar a missão de Jesus como esclarecedor e promotor da Lei de Deus e não seu opositor. Além disso, para os Judeus em geral não era claro que João e Elias eram o mesmo Espírito. Tampouco tinham João como um profeta da envergadura de Elias. Além disso, todo Espírito se identifica não conforme sua última encarnação e sim conforme aquela que foi mais significativa para a sua evolução ou que mais marcará o entendimento em quem o vê. Que Pedro, Tiago e João não conviveram com Elias é um fato incontestável, mas isso não quer dizer que não poderiam identificá-lo. Aliás, a narrativa diz exatamente isso, ou seja, que foi identificado pelos três, já que não está dito que Jesus tenha falado o nome dos que lhe apareciam no momento, observar os versículos 3 e 4. E essa passagem está a prova bíblica incontestável que os mortos se comunicam. Tendo Jesus dito “tudo o que eu fiz, vós podeis fazer e até muito mais” (Jo 14,12), nos libera definitivamente da proibição mosaica de nos comunicarmos com os “mortos”.

O fato de Espíritos evoluídos se apresentarem de modo a serem identificados por quem os vê está registrado uma infinidade de vezes na história da vida dos santos. Estes sempre tiveram visões de Espíritos com os quais nunca tinham convivido mas aos quais nenhuma dificuldade tinham em reconhecer. A quantos se apresentou Jesus? A quantos se mostrou Maria? Qualquer médium de tradição cultural judaica identificará com facilidade seus grandes profetas, disso não resta qualquer dúvida.

15) No Evangelho Segundo o Espiritismo [Cap. IV; p.85] Kardec cita Jo 3,1-12, que é um trecho em que Jesus afirma que “Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo.” Kardec interpreta “nascer de novo” como reencarnação. Aqui podemos levantar dois problemas:

A) Jesus começou a frase em sentido figurado: “Ninguém pode ver o reino de Deus”. Se começou assim, é lógico supor que vai terminar da mesma forma. Logo, “nascer de novo” deveria estar, igualmente, em sentido figurado, mas se interpretamos “nascer de novo” como reencarnação, estamos, na verdade fazendo uma tradução literal (e não simbólica) das palavras de Jesus. Não é uma interpretação incoerente?

Quando Jesus disse que “ninguém pode ver o reino de Deus”, ele não estava usando sentido figurado algum. Ninguém pode ver, mesmo, o reino de Deus pois não se trata de um reino material, com palácio, exércitos, etc.. Logo, não há incoerência alguma ao interpretarmos “nascer de novo” de forma literal.

Mais uma vez você analisa os textos bíblicos "fora" do contexto. Vamos analisar isso. Nessa passagem Jesus recebe a visita de um Fariseu, senador dos Judeus. Portanto, Nicodemos era pessoa bastante esclarecida. Daí Jesus disse a ele: "Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo".
 
Qual foi a reação de Nicodemos, que era um homem inteligente e culto? Ele perguntou a Jesus "Como pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, para nascer segunda vez?" Isso quer dizer que Nicodemos, que esteve lá com Jesus, entendeu no sentido literal a expressão "nascer de novo". Isso já indica que, no contexto, Jesus não estava usando linguagem figurada. Mas continuemos  a análise. Jesus refaz a afirmativa: "Se um homem não renasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. - O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do espírito é Espírito. - Não te admires de que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo. O Espírito sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem ele, nem para onde vai; o mesmo se dá com todo homem que é nascido do Espírito."

O que Jesus quis dizer com a expressão "renascer da água e do Espírito"? O que a água representava para os Judeus e para os demais povos daquela época? Segundo Kardec, no mesmo capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo, a água era tida como o elemento gerador da vida. Nicodemos sabia disso pois era homem culto. Ao dizer que o que é nascido da carne é carne e do espírito é Espírito, Jesus ressalta os dois aspectos envolvidos no processo de reencarnação.
 
Ao dizer para Nicodemos não se admirar "de que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo" Jesus mostra que não estava querendo usar linguagem simbólica com relação ao "nascer de novo". Ao explicar que o espírito sopra onde quer e ouvimos a sua voz sem saber de onde vem nem para onde vai, Jesus claramente reafirmou que o Espírito que animará o novo corpo vem de algum lugar que não conhecemos e irá embora para outro lugar após a morte. Isso, junto da idéia de nascer de novo, demonstram, de modo inequívoco, a Reencarnação.

B) Se nascer de novo significar reencarnação, e fizermos a devida substituição na frase, ela ficaria sem sentido: Ninguém pode ver o reino de Deus se não se submeter à reencarnação. Pois, pela própria doutrina espírita sabemos que um espírito pode reencarnar e não aproveitar sua nova vida, ficando estacionado na sua trajetória evolutiva, sem se aproximar um milímetro sequer de Deus. Portanto, para ver o reino de Deus o espírito precisa realmente progredir, ter uma renovação íntima, ou nascer de novo, no sentido de morrer para a vida material e renascer para a vida espiritual. E parece que, no fim, Jesus quis dizer isso mesmo, interpretando a frase inteira no sentido simbólico: Para nos aproximar de Deus (ver o reino de Deus) precisamos nos regenerar (nascer de novo). Não é uma interpretação mais coerente e mais simples, com maior rigor lógico?


A evolução é contínua. Em nenhum lugar a Doutrina ensina que podemos ficar estacionados em uma vida. Podemos não nos “aproximar de Deus” como você disse, mas enfrentamos provas e, de provas em provas, vamos aprendendo e endireitando nosso caminho. Há um comercial, achamos que no “Cartoon Network”, que mostra muita coisa sobre o que queremos dizer. Puseram um psicólogo para educar os sentimentos de todos os malfeitores dos desenhos. Lá para as tantas, após de explicar a eles um monte de coisas, ele pergunta “O que todos nós queremos”? E todos, dando prova de não terem prestado nenhuma atenção ao que o psicólogo tinha dito, gritam em coro “Conquistar o mundo”. Mais adiante, para ensiná-los a controlar a raiva, ele pega um papel e faz uma bola dizendo para eles fazerem o mesmo, para embrulharem sua raiva naquele papel. A cena acaba em off com o som de todos jogando a bola de papel encima do psicólogo.

Por que lembramos do comercial do “Cartoon NetworK”? Porque é exatamente o que ocorre na vida. Alguém tem alguma dúvida do que teria ocorrido se um santo homem tivesse ido pregar reforma íntima à Átila, Gêngis Khan, Hitler ou Stalin? Jesus era sábio demais para achar que em uma única existência o ser humano pudesse fazer uma reforma íntima tão profunda a ponto de implantar o Reino de Deus em seu coração. Sabendo como sabia ser isso impossível, jamais o teria ensinado.

É um absurdo lógico entender que Jesus era ingênuo a ponto de julgar possível a reforma íntima de todas as criaturas em uma única existência. Por outro lado, a máxima “ninguém pode ver o reino de Deus se não se submeter à reencarnação”, esta, sim, tem toda a lógica, pois não estamos falando de uma única chance a mais, como o irmão certamente sabe e por algum motivo quis parecer ignorar. Deus, em sua infinita bondade, dá a seus amados filhos e filhas toda a eternidade para se voltarem para Ele. Mas voltaremos a esse tema mais adiante, utilizando uma analogia.

16) No mesmo capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo [Cap. IV, §4, p.84] Kardec diz “A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição”. No entanto, devemos lembrar do relato bíblico da ressurreição de Lázaro.

A) Jesus afirmou claramente que ele estava morto (Jo 11,14), e não que havia sofrido um ataque de letargia (morte aparente). Portanto, houve, de fato, uma ressurreição! A menos que ponhamos em dúvida as palavras de Jesus, o que seria absurdo e colocaria em cheque um dos livros mais importantes do espiritismo, pois Kardec se utiliza fartamente dos ensinamentos de Jesus. Além do que, Jesus, sendo um Espírito extremamente superior, jamais mentiria. A conclusão aqui seria essa: a palavra ressurreição significava simplesmente ressurreição nos dogmas judeus. Como entender a afirmação de Kardec?

Quem fala que os Fariseus criam na reencarnação é Flavio Josefo em “A História dos Judeus”, uma obra que usam católicos, seguidores de outras crenças cristãs e até historiadores agnósticos como evidência da existência de Jesus na história.

Se os judeus não acreditassem na reencarnação como poderia nos explicar a resposta dada a Jesus quando Ele perguntou o que o povo pensava a respeito dele que diz "Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias, ou algum dos profetas" (Mt 16, 13-15). O único que não se enquadra no conceito de reencarnação é João Batista que foi contemporâneo de Jesus, quanto aos outros caberiam como uma luva.

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Em Jo 11, 1-44 está a passagem sobre a ressurreição de Lázaro. Vejamos: Versículo 4: Jesus diz: "Essa doença não é para a morte, mas para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela”; Versículo 11: "O nosso amigo Lázaro adormeceu. Eu vou acordá-lo”; Versículo 14: Então Jesus falou claramente para eles: "Lázaro está morto”. Não lhe parece uma contradição o versículo 14 com os outros? Leia a passagem e retire dela os versículos 14 a 16 e veja se ela continuará coerente ou não.

E ainda quanto à morte de Lázaro, é bom lembrar que a catalepsia, ao longo dos tempos, fez com que muita gente fosse enterrada viva. Isso só deixou de ocorrer no final do século XX quando em quase todo mundo tornou-se necessária a comprovação de morte cerebral para que alguém fosse enterrado. Jesus, no primeiro momento, afirmou que Lázaro “dormia”. Ë evidente, portanto, que o Mestre sabia que Lázaro não estava realmente morto. No entanto, que poderia ele dizer? Poderia ele adiantar de 2000 anos um conhecimento científico? Um ataque cataléptico pode durar de poucos minutos a alguns dias e é um distúrbio que impede a pessoa de se movimentar, apesar de continuarem funcionando seus sentidos e funções vitais (que ficam só um pouco desaceleradas).Foi certamente isso que Lázaro teve mas a humanidade teria de esperar mais 2000 anos para saber o que acontecia nesses momentos e parar de enterrar os pobres doentes ainda vivos.

B) Ainda sobre a ressurreição de Lázaro, Kardec escreve “Há toda a probabilidade de que não havia senão síncope ou letargia”. (…) sabe-se que há letargias que duram oito dias e mais. (…) entre certos indivíduos, há decomposição parcial do corpo, mesmo antes da morte, e que exalam um odor de podridão.” [A Gênese; §§39,40; pp.292/293]. Mais uma vez surge uma incoerência, pois o próprio Jesus afirmou com firmeza e simplicidade: “Ele morreu!”. Por que insistir em buscar explicações como letargia?

Voltamos ao que dissemos acima. Jesus disse o que eles podiam entender. Não disse que Lázaro estava tendo um ataque cataléptico porque ninguém entenderia patavina. Se caísse um raio sobre uma pessoa e dissessem que a pessoa tinha sido castigada por Deus o que você teria dito se pudesse estar lá com o conhecimento de hoje? “Não, não foi um castigo de Deus, mas o fato da umidade relativa do ar estar alta, a atmosfera estar altamente ionizada, a pessoa estar usando um sapato de sola de couro, não haver pontos altos na redondeza, etc.”. Olhariam para você e o taxariam de louco. O melhor que você teria a fazer era concordar com eles e, depois, com habilidade e paciência, ensinar como eles deveriam proceder em ocasião de temporal.

Quando lidamos com crianças pequenas é muito comum usarmos a mesma estratégia. Concordamos com elas em um primeiro instante para irmos aos poucos introduzindo os conceitos que permitirão mais tarde uma explicação que lhes seja possível entender. Os homens eram crianças espirituais naquelas épocas.

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Note, ainda, que Jesus não saia por aí a ressuscitar mortos antigos, com corpo completamente decomposto. Já que existe o fenômeno da letargia que, em certos indivíduos, há decomposição parcial, é bem possível, sim, que Lázaro ainda não estivesse morto. Não existe no Novo Testamento nenhum exemplo de Jesus ressuscitando algum morto antigo. Um exemplo destes, se houvesse, este sim  seria bastante conclusivo de uma “ressurreição”.

Se os laços entre um Espírito e o corpo se desfazem, eles não podem ser refeitos. Mas se os laços entre o Espírito e o corpo estão apenas frouxos, como são nos casos de letargia, catalepsia e outros estados alterados de consciência, então eles podem ser reapertados.

Mas, se mesmo assim, alguém desejar empregar a idéia de que Deus é todo poderoso e que, por isso, Ele pode fazer ressuscitar qualquer pessoa, esse tipo de argumento pode ser usado em favor do Espiritismo e da reencarnação pois Deus, sendo todo-poderoso, criou a possibilidade de reencarnação. Seria mais inteligente para nós, hoje, em nosso atual estágio de desenvolvimento intelectual, que analisássemos as conseqüências morais deste tipo de "concessão" divina.

Continua no próximo Boletim

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Livros Espíritas abordando Conceitos da Física Quântica, Marconi, Brasil

Gostaria de obter informações sobre livros espiritas que abordam os conceitos da física quântica.

Grato pela atenção!
Marconi


Prezado Marconi,

Desculpe a demora em respondê-lo. Estivemos ocupados com alguns preparativos para o próximo boletim.

Sua questão é muito bem vinda pelo fato de várias pessoas que conheço também se interessarem por essas questões.

Eu conheço duas obras espíritas que são interessantes e utilizam conceitos da mecânica quântica em propostas espíritas.

O primeiro livro é o "Mecanismos da Mediunidade", psicografia de Fransisco Cândido Xavier e Waldo Vieira pelo espírito de André Luiz.  André Luiz se utiliza dos conhecimentos científicos da época em que foi escrito o livro para propor uma explicação em termos análogos para os mecanismos da mediunidade. Vale lembrar o destaque que o autor espiritual dá para o fato dele estar fazendo uma analogia entre a descrição das forças físicas e daquelas ligadas à matéria fluídica.

O  outro livro é o "Psi Quântico" de Hernani Guimarães Andrade. Um artigo que comenta e critica (construtivamente) este livro pode ser encontrado no seguinte link: http://www.neudelondrina.org.br/artcientificos_capa.htm Este livro propõe qualitativamente um modelo para a estrutura da matéria dita psi (ou matéria fluídica, ou fluído espiritual) em termos análogos à proposta para a estrutura da matéria física. O livro possui muitas informações interessantes mas, como comentado no artigo acima, possui alguns erros de física.

Certamente, existem outras obras que utilizam conceitos da teoria quântica em propostas espíritas. Mas eu ainda não encontrei uma obra que seja completa no sentido de fazer alguma proposta que não contenha erros de física ou erros nos conceitos espíritas. Por isso, é preciso ter um certo cuidado com obras e artigos que utilizem conceitos científicos em propostas espíritas, principalmente se essas propostas forem idéias novas.

Caso não tenha lido ainda, eu sugiro, também, a leitura de dois artigos que escrevi e que foram publicados nos boletins 465 (http://www.geae.inf.br/pt/boletins/geae465.html) e 468 (http://www.geae.inf.br/pt/boletins/geae468.html) intitulados "Física Quântica e Espiritismo I" e a parte "II", respectivamente.

Nestes artigos eu comento sobre os cuidados com determinadas afirmativas que foram publicadas e divulgadas no meio espírita com base em conceitos da Física Moderna. Assim como Kardec foi muito cuidadoso desde o primeiro momento em que teve contato com os fenômenos das mesas girantes, devemos
ser cuidadosos com nossos estudos, buscando evitar afirmativas conclusivas a respeito de assunto ainda controverso.

A teoria quântica ainda é motivo de controvérsia entre os físicos no mundo inteiro porque ela ainda não é completamente compreendida. Apesar de seu grande sucesso na descrição de muitos fenômenos materiais, não existe garantia de que ela valha em outros domínios da realidade. A qualquer momento, alguém pode propor uma nova teoria que explique melhor os fenômenos em escala microscópica e resolva uma série de paradoxos que a teoria atual apresenta. 

Assim, é muito arriscado construir idéias sobre teorias que podem ser modificadas ou atualizadas a qualquer momento. Por exemplo, algumas pessoas acreditam que a idéia de universos paralelos tem relação com a idéia de mundo espiritual. Recentemente, em julho deste ano, o autor desta proposta científica (dos universos paralelos), o grande e conhecido físico Stephen Hawking, afirmou que sua teoria sobre os buracos negros estava ligeiramente errada e que, em sua nova proposta, a informação que ele suponha se perder quando um buraco negro engole a matéria, retornaria ao universo de forma diferente. Na teoria antiga, ele acreditava que o buraco negro enviava a informação para outros universos. Agora, ele não mais acredita na idéia de universos paralelos. Como ficam as propostas daqueles que supuseram a idéia dos universos paralelos para explicar o mundo espiritual? Resposta: não ficam.

Espero que eu tenha ajudado. Fique a vontade para questionar qualquer coisa.

Um abraço fraterno,
Alexandre

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Painel

 
MAP - Movimento de Amor ao Próximo

O MAP - MOVIMENTO DE AMOR AO PRÓXIMO, está participando a realização do 2 º Seminário Beneficente de Divaldo Franco na região da Barra, Recreio, Jacarepaguá e adjacências.

Tema: Lições para a Felicidade
Local: Casa de Eventos Ribalta  - Av. das Américas n.º 9650 - Barra da Tijuca, RJ. (estacionamento para 1500 carros)
Dia e Hora: 22 de janeiro de 2005 (sábado), das 9 às 13 horas - Investimento: R$30,00

Obs.: O crachá dá direito a um livro psicografado por Divaldo, a ser entregue no dia do evento. O preço praticado, na realidade, é simbólico, uma vez que você estará pagando o preço de um livro, sem contar que a Ribalta é um moderno e confortável espaço nobre do Rio de Janeiro, utilizado por nomes de grande repercussão nacional e internacional.

Os crachás podem ser encontrados nos seguintes locais:

MAP - Jacarepaguá
- Estrada do Pau Ferro, 325 - Pechincha - Rj
- Fones: 3392-5600 - 3392-5700
- Fax: 2424-1080

MAP - Ilha do Governador
- Fone: 2466-9964
Rua Taquatinga 24 B - Freguesia

Livraria Joana de Angelis
R. do Catete, 347, loja 07 - telefone: 2265-2065

Livraria Academia do Saber
Av. Passos, 23 - telefone:2242-4826.

Estamos enviando este E-MAIL solicitando aos amigos-irmãos para fazerem a gentileza de divulgar.

Paz. Muita Paz.

Site: www.map.org.br
E-mail: contato@map.org.br

Est. do Pau Ferro, 325 - Pechincha - Jacarepaguá - CEP: 22743-050, RJ - tel: 3392-5600
Av. dos Italianos, 789 - Rocha Miranda - Rio de J aneiro - CEP-21510-100 - tel: 3373-7832
Rua Taquatinga, 24 B - Freguesia - Ilha do Governador,RJ - CEP: 22.740-050 - tel: 2466-9964
Rua Sizenando Nabuco, 111 - Manguinhos, RJ - CEP- 21241-050 - (Parceria com o LIFRAN )

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Musical de Natal com Paula Zamp e Convidados

SEGUNDO MUSICAL DE NATAL com Paula Zamp e convidados. Em 19 de dezembro 2004 na FEESP, Rua Maria Antonia, 140 - SP/SP, das 17h às 19h.

Entrada: 1Kg de alimento não perecível em prol da Casa Transitória Fabiano de Cristo.

Contará com a participação de vários artistas, inclusive, da Orquestra Carlos Gomes, Allan Vilches, bailarinos do Teatro Municipal e uma SURPRESA... um cantor da Jovem Guarda!

A apresentação do evento ficará por conta de Luiz Saegusa e Sílvia Abravanel.

Aguardaremos por você!


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Feliz Natal e um Próspero Ano Novo, Souto, Brasil

Olá, pessoal!

Que a Paz do Divino Mestre Jesus esteja presente em seu lar neste Natal e perdure por todo ano de 2005!

Um grande abraço do Souto e da Loyde!



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 Presente de Natal - A coleção da Revue Spirite de 1858 - 1869

Amigos,

Passamos a disponibilizar na página inicial do GEAE o acesso ao arquivo PDF com a coleção em francês da revista espírita dos anos de 1858 a 1869, período em que foi dirigida por Allan Kardec. É um belo presente de Natal que nos foi oferecido pelo amigo Charles Kempf, que mantém na página do Centre d´Etudes Spirites Leon Denis este tesouro e outras importantes obras espíritas em francês.

Muita Paz,
Carlos Iglesia

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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição/Cancelamento - inscricao-pt@geae.inf.br

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
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