Ano 14 Número 509 2006



28 de Fevereiro de 2006


"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, 
face a face,
em todas as épocas da humanidade"

Allan Kardec



 ° EDITORIAL

Noticiário Diário





 ° ARTIGOS

Positivismo e Espiritismo, Rogério Coelho, Brasil


Existe uma Pedagogia Espírita ?, Dalmo Duque dos Santos, Brasil





 ° HISTÓRIA & PESQUISA

Cronologia Espírita, Carlos Iglesia, Brasil




 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS

Casa Transitória Policarpo Guilherme, João Zamoner, Brasil





 ° PAINEL

O IPEPE convida você, IPEPE, Brasil


Evento Histórico no Espiritismo, Spiritist Society of Baltimore, EUA







 ° EDITORIAL


Noticiário Diário

O noticiário da noite vocifera com alarme notícias de uma ressaca, nunca antes vista, no litoral nordeste do Brasil. Quase que a seguir vem a informação de que as camadas de gelo do pólo norte e da Groelândia estão sofrendo uma redução maior do que a esperada pelos cientistas. Pouco após novas mortes por atentados no Oriente Médio e algumas tragédias locais, crimes e assassinatos que já se tornaram rotina no cenário cada vez mais violento das cidades modernas.

Que fazer? Pensa o homem de bem, cada vez mais acuado e amedrontado, diante de um panorama que lhe parece cada vez mais sombrio e sem esperança. O jeito é viver a vida ao máximo, pensa o libertino, certo de que se não aproveitar ao máximo os prazeres do momento não poderá fazê-lo mais tarde. Cada um por si, pensa o egoísta, diante da constatação de que a lei do mais forte parece novamente reger as relações sociais e o estado de direito encolhe-se com a busca de cada um levar vantagem em tudo, não importando a quantos fira e nem a quem fira.

É o fim do mundo, clamam os religiosos mais desavisados, interpretando de forma errônea as palavras do Cristo, que se por um lado anunciou as dores do futuro, quando a humanidade seria chamada a prestar conta de seus atos e passar pelas provas de admissão a um estado mais feliz, por outro sempre enfatizou que o Pai não queria a perda do pecador e sim sua salvação.

Não é nem uma coisa nem outra. Nem o domínio inelutável do mal, corporificado no egoísmo materialista que só vê diante de si os prazeres e conquistas do mundo, nem o fim apocalíptico dos antigos sermões de domingo, quando velhos curas de paróquias amedrontavam suas ovelhas com as cenas de horror capitaneadas pelos anjos trocando as trombetas anunciadas por São João.

É apenas o ponto de mudança na vida de um planeta que atingiu um novo patamar de sua história e cuja humanidade precisa se adaptar a ele. É o ciclo natural da vida trazendo, pela lei de causa e efeito, a colheita de dores que o homem vem semeando a séculos. Colheita que não tem outro fim senão ensinar o semeador. Ensinar que da sementeira do egoísmo e do mal ao próximo, se colhem apenas desilusões e dores. Que o mundo não foi criado apenas para satisfazer os caprichos do homem, mas para ser-lhe acolhedora escola e que a lição ensinada nela é que somos todos irmãos, interdependentes um dos outros. O madereiro que corta a floresta que alimenta a vida animal não prejudica apenas a natureza, prejudica a si mesmo. O comerciante ganancioso que eleva seus preços aproveitando a escassez do momento, não prejudica apenas a sua clientela necessitada, prejudica seu equilibrio espiritual e seu futuro também. O incauto que se lança na rede do crime, contando com a impunidade das leis terrenas ou da fragilidade de seu aparelho repressivo, semea para si mesmo largo período de dores e reparações.

A fome pela qual nosso próximo passa pesará contra nós se por nossa omissão ela se tornou possível. A dor que nosso próximo sofre, quando para ela tivermos contribuido, exigirá de nós - mais cedo ou mais tarde - a justa reparação. Toda ação maléfica, seja ela culposa ou dolosa no linguajar jurídico de hoje, significa compromisso que assumimos perante a lei eterna, compromisso individual ou coletivo, calculado conforme a extensão de nossa participação na sua origem.

O mundo de hoje assemelha-se as escolas onde as provas finais são executadas e cada aluno precisa completar os pontos necessários para passar de ano. Lembra também a instituição bancária onde no balanço final são feitas as contas de débitos e créditos e acertadas as diferenças. Ressarcem-se séculos de débito e realizam-se investimentos, nas lutas reparadoras, para os séculos futuros.

E o que deve fazer o homem diante deste cenário? Como situar-se diante de tamanha responsabilidade? Como nortear-se entre os débitos do passado e as promessas do futuro? Muito simples, com fé em Deus e norteando-se pelas palavras do Cristo. Cristo ensinou que o maior tesouro do homem está no seu coração e onde ele estiver ai estará sua alma. Invista o homem na transformação de seu coração, torne-o compassivo, solidário com seus irmãos, sem egoismo e buscando sempre agir de conformidade com sua consciência e atravessará com segurança as turbulências do momento presente.

Não há outra solução! Sem que o homem adira incondicionalmente ao reino dos Céus, o que equivale a dizer aderir incondicionalmente ao bem, não encontrará saída e se verá preso no turbilhão de emoções e medos deste momento presente. Engolfado pelos problemas, derrotado nas lutas para a conquista de uma felicidade que lhe escapa dos dedos por não estar onde ele a procura, terminará perdendo seus dias e a oportunidade única que estes momentos de transição oferecem. Oportunidade de, em meio a tormenta, dar o passo decisivo em caminho da paz de espírito e dos tesouros da alma. Única paz que situação transitória nenhuma do mundo pode tirar e tesouro totalmente fora do alcance dos ladrões e das traças.

Muita Paz,
Carlos Iglesia

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 ° ARTIGOS

Positivismo e Espiritismo, Rogério Coelho, Brasil

(Artigo publicado originalmente no jornal "O Clarim" em fevereiro de 2006)


Crucifiquem Jesus, libertem Barrabás
Lucas, 23:18.

Não poucas escolas filosóficas nascem, atingem rápido apogeu e, tal como surgiram, desaparecem por faltar-lhes bases firmes onde possam cimentar suas teses. Se permanecem ainda alguns resquícios, com o tempo se esboroam... Tal aconteceu com o Positivismo, doutrina de Auguste Comte que, em seu zênite seduziu muita gente, causando – digamos – uma espécie de ebulição intelectual, cuja “fervura” não se sustentou por faltar-lhe o “fogo sagrado” da Verdade.

Lembra-nos o saudoso Deolindo Amorim1:

(...) O Positivismo tem por lema: o Amor, a Ordem e o Progresso. Tão grande e sadia foi a influência do Positivismo no Brasil, que a Bandeira brasileira conserva até hoje a bela e significativa inscrição: Ordem e Progresso.

O Positivismo diz que os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mortos; o Espiritismo afirma este princípio, de outro modo, e também esposa a trilogia: Amor, Ordem e Progresso. Mas, seria cabível concluir que o Espiritismo e o Positivismo são a mesma coisa? Não.

Os conceitos, na forma, são idênticos, mas as concepções filosóficas divergem fundamentalmente. Segundo a filosofia espírita2, apoiada, aliás, sobre o testemunho das provas experimentais, os chamados mortos têm influência, diretamente, sobre os vivos. O Espiritismo defende, portanto, a tese da imortalidade individual, isto é, a imortalidade objetiva e não apenas teórica; quando, porém, o Positivismo preceitua que “os vivos são governados pelos mortos”, não se refere à sobrevivência do Espírito nem quer dizer, com este asserto, que os Espíritos desencarnados, como nós entendemos, venham entrar em relações com o homem. A noção positivista de Imortalidade é puramente subjetiva, porque apenas preconiza o culto dos mortos pelo exemplo, na lembrança dos vivos: os grandes homens, os benfeitores da Humanidade (Aristóteles, Arquimedes, Pasteur, por exemplo) continuaram influindo nos destinos humanos pelas suas obras, pela memória que deles fica, em cada geração que se sucede. A Imortalidade histórica, não é a Imortalidade individual. Para o Positivismo, o problema da Imortalidade do Espírito ou da Vida futura pertence à metafísica e, portanto, não deve entrar nas cogitações da inteligência humana. Já se vê que é muito diferente a concepção Espírita. Seria impossível confundir Espiritismo e Positivismo, apesar de haver conceitos e sentenças que se adaptam, ao mesmo tempo, tanto a esta co­mo àquela doutrina, conquanto sejam enunciados com objetivos diferentes”.

Estabelecendo um paralelo entre o Positivismo e o Espiritismo, o nosso mui querido Dr. Bezerra de Menezes, sob o pseudônimo de “Max”, publicou o seguinte texto no jornal de seu tempo “O Paiz”, em sua coluna: Espiritismo, Estudos Filosóficos3:

(...) Aproveitando o progresso realizado pela Doutrina de Jesus, Auguste Comte construiu, por orgulho e por ambição, uma doutrina oposta à d`Ele, que poderá seduzir pelo brilho, mas, em sua essência não tem por onde resistir à uma análise racional, conscienciosa; uma doutrina que só tem valor pela moral, que não é especial, que é toda copiada, com retoques sem importância, da moral de Jesus; uma doutrina cuja parte filosófica, para prova de sua debilidade, se firma sobre este princípio: “Só aceitar o que é materialmente provado!

Vê-se, por aí, que muito propositadamente tal doutrina repelia de seu campo de estudos a idéia de Deus, da alma, de todos os fenômenos, em suma, do mundo espiritual, os quais, de nenhum modo, podem ser apreciados, na opinião corrente do chefe e dos sectários do positivismo, pelos seus processos e aparelhos, apenas sensíveis aos fenômenos materiais.

Que qualidades pessoais, conferentes com a própria moral, exibiu Auguste Comte, comparáveis com as de Jesus? Que benefícios têm produzido à Humanidade a Doutrina positivista em absoluto, e principalmente, com relação à de Jesus? Comte, diante de Jesus, é o orgulho humano, diante da Humanidade angélica; é ambição pessoal, diante da abnegação até o sacrifício da Vida!

O positivismo, diante da pura Doutrina de Jesus, é tão só a pretensão exagerada, diante da Verdade atestada por 21 séculos de provas espalhadas por todo o mundo.

Tudo o que aí fica exposto está tão gravado na consciência universal que só um cego fanatismo ou o Espírito de sistema poderão contestar.

Se Deus existe, apesar de não ter a honra de ser reconhecido pelos positivistas, e se a Doutrina de Jesus é emanada de Seu infinito amor pela Humanidade, como o crê a universalidade das pessoas e o revela seu caráter de indestrutibilidade o que será de uma nação que preferir em vez da Doutrina de Comte, a Doutrina de Jesus?

Tomando o chefe do positivismo por patrono, ela tem a certeza de que toma um homem como qualquer outro, com todas as fraquezas e falibilidades humanas.

Tomando por guia e protetor a Jesus, ela não pode deixar de ficar, pelo menos, na dúvida de ter por si um homem ou um ministro do Senhor, e em todo o caso um homem muito superior a Comte, um homem a quem o mundo deve todos os benefícios que hoje possui.

Naquela dúvida, pois, que vai de encontro à opinião dos povos, quem, com juízo reto, preferirá ao superior o inferior?

Podemos avançar ainda mais, entrando no campo específico dos arraiais espiritistas: Temos testemunhado algumas não poucas defecções em nossas fileiras... Em sã consciência, uma criatura que se diz conhecedora do Espiritismo, mas que ainda sente a “saudade do altar”, ou que O abandona por outro “ismo” qualquer, assemelha-se, sem dúvida aos hebreus que entre Jesus e Barrabás optaram pelo último. Aquele povo está pagando até hoje em ruínas, desastres e desolações o alto preço de sua opção equivocada.

Há que se generalizar a piedade para com todos os que vamos ficando pelo caminho, seduzidos sabe-se lá pelo que, vez que teremos que pagar o preço da desídia; preço esse nada barato, pois Jesus disse que aquele que muito recebeu, dele muito será exigido.

Oremos por todos nós...

1 - AMORIM, D. O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas. ed. CELD, cap. III.

2 - KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 70.ed.feb, questão número 459.

3 - MENEZES, B. Espiritismo, Estudos Filosóficos. ed.FAE, Vol III, cap. 19

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Existe uma Pedagogia Espírita ?, Dalmo Duque dos Santos, Brasil

Toda filosofia tem sempre três aspectos a serem considerados: aquilo que pensamos sobre o assunto, aquilo que sentimos e aquilo que colocamos em prática, através de atitudes. O que pensamos é teoria e não muda a realidade em que vivemos. Já o que praticamos, motivado pelos sentimentos e emoções, causa mudanças em nós e no entorno da nossa experiência. A mente pensa, age e sente simultaneamente num processo dinâmico de vivências. Podemos fazer essas três coisas separadamente e isso significa que estamos fazendo experiências parciais e isoladas. Isso é muito comum nas mentes imaturas e deliberadamente alienadas, em constante processo de fuga da consciência. Pensar, sem revelar os sentimentos, agir sem pensar, sentir ocultando pensamentos e ações são operações mentais que geralmente utilizamos para enganar a mente ou a nós mesmos. Com a filosofia espírita não é diferente. Podemos pensá-la, restringindo-a aos domínios do intelecto e ocultando os nossos sentimentos; ou podemos coloca-la no plano atitudinal, agindo simultaneamente com os nossos conhecimentos doutrinários e os nossos sentimentos, coloridos pelos valores morais.

Aprender e ensinar o Espiritismo também passa por essa reflexão sobre a natureza da nossa mente e a mentalidade dela decorrente, surgindo assim as seguintes perguntas: o que seria uma pedagogia espírita? Seria o domínio das habilidades mediúnicas?   Seria o ensino da filosofia e a educação das suas conseqüências morais? Seria a capacidade de observar o mundo segundo a ótica espírita, isto é, comparar a realidade utilizando como referência os postulados fundamentais do Espiritismo como, por exemplo, a existência do Espírito, a imortalidade pela constatação da sobrevivência após a morte, a lei de ação e reação, a lei da reencarnação, a pluralidade de mundos e o intercâmbio através da mediunidade?

Se for tudo isso e mais alguma coisa que esquecemos de apontar, então no que o Espiritismo é diferente das filosofias espiritualistas que também postulam essas verdades?


Onde está o diferencial que pode ser transposto para um projeto de ensino e educação espíritas e, principalmente, para uma efetiva prática educacional com o poder de transformação das pessoas e da sociedade?

Achamos que o diferencial não está no fenômeno espírita, bem como na sua observação e controle psíquico; muito menos na apropriação intelectual do conhecimento filosófico. Achamos que este s e encontra num outro tipo de apropriação do conhecimento, que são as implicações morais deles resultantes. Mais ainda: achamos que as implicações, exatamente como Rivail percebeu ao longo das primeiras reuniões de mesas-girantes, que é a vivência dessas implicações morais, não nos debates e discussões da ética espírita, mas na exemplificação pessoal desses valores.

Não foi coincidência nem à toa que o Espiritismo tenha dado seus primeiros passos em núcleos domésticos, em ambiente familiar, base educativa e vivencial dos seres e das sociedades civilizadas. É na família e no ambiente familiar que as coisas realmente importantes na vida do Espírito acontecem. Tanto a educação como a reeducação geralmente só ocorre com êxito, salvo exceções, na qual a ausência familiar é fator de prova ou expiação, em núcleos fami liares ou afins.   Essa é a grande e verdadeira sala de aula onde começa o ensino e a educação pelo Espiritismo e de onde jamais deverá ser banido como prática educativa, ou radicalmente substituído pelas formas alternativas de aprendizagem. Não podemos jamais perder de vista essa primeira lição dada pelos Espíritos Superiores, como fez Jesus ao nascer numa manjedoura.

Mas isso não quer dizer que somos contra as formas alternativas de aprender e ensinar o Espiritismo. Só não podemos nos iludir com os modismos superficiais e trocar os fins pelos meios.

Outras dúvidas: porque tantos espíritas, incluindo algumas antigas e atuais celebridades do nosso movimento tanto falam numa “pedagogia espírita”, mesmo que seja um rótulo de aparência, na falta de uma definição melhor do tema?  Será que é um idealismo definido ou sonho de aceitação e de domínio social, quando, por exemplo, observamos o alto poder de influência política e econômica das escolas confessionais católicas, protestantes, etc?

Pode ser apenas uma impressão da nossa parte, mas existe em nosso movimento, sobretudo nos espíritas de pendor intelectual, uma certa dificuldade de compreender os mecanismos da transformação moral do ser humano. Em núcleos mais cristianizados essa transformação é simplificada pela expressão “reforma íntima”, ou seja, matar o homem velho e deixar nascer o homem novo, usando a metáfora do Ap óstolo Paulo. Aliás, esta é também a dificuldade que temos de compreender a transformação moral de Rivail para Kardec, na qual o Codificador nos deu um claro exemplo de disposição para o amadurecimento espiritual, ocorrido quando ele já contava mais de meio século de idade física.

Os espíritas que têm dificuldades com a reforma íntima, em cujo grupo também nos incluímos, tendem a valorizar mais o passado e o perfil intelectual do Codificador do que a sua experiência de maturação consciencial, realizada num momento em que seu Espírito estava vivamente preocupado com o tempo futuro. Foram 14 anos nos quais Rivail se transformou em Kardec, não pela simples mudança de nome ou adoção formal de um pseudônimo. Temos a nítida convicção que, ao adotar o pseudônimo Allan Kardec, o Codificador não só atendeu ao simbolismo sugerido pelo seu Espírito protetor, n em tampouco estava solucionando um simples problema de identidade jurídica, mas estava também equacionando um importante dilema de identidade existencial. Naquele momento estava iniciando a agonia da morte do homem velho, do mundo objetivo e positivo, do pedagogo que lutava pelo ganha pão, para deixar nascer ou ressurgir o homem novo, o educador da espiritualidade. Esse despertar de Kardec, cuja iniciação foi rápida e proveitosa, pois o seu potencial de maturação era imenso, como o próprio Espírito o alertou, lembrando suas experiências anteriores, mostra bem as graves diferenças de concepções educativas que permeiam os atuais ambientes de aprendizagem espírita.

A pedagogia de Rivail, embora humanista, refletia a sua visão de mundo ainda estreita e limitada pelos cinco sentidos, portanto altamente cerebral e vo ltada para os problemas de sua época. Rivail talvez não fosse um materialista, mas não acreditava em Espíritos, nem em reencarnação, muito menos na possibilidade de comunicação entre vivos e mortos. Isso está bem exposto em “Obras Póstumas”. Só mudou de idéia quando constatou, testou e comprovou o que viu e ouviu. Não só mudou de idéia, processo que foi até rápido, mas também de postura, processo que podemos perceber nos textos da Revista Espírita e nas obras posteriores ao “Livro dos Espíritos”.  Não podemos esquecer que este livro, segundo o próprio Kardec, teve participação intuitiva e também direta dos Espíritos, corrigindo inclusive algumas falhas conceituais. Já o auto-educador Allan Kardec, nesse percurso de 14 anos, rompeu com essa limitação cerebral e penetrou no universo ilimitado da mente. Os sábios gregos da Antiguidade chamavam essa experiência de “andragogia”, prática educativa que se realizava em campo dialeticamente opost o da pedagogia. A escola de Pitágoras, em comparação com a maioria das escolas filosóficas gregas, possuía esse diferencial andragógico. Não se trata de educar “adultos”, no sentido literal da palavra, mas despertar consciências. A pedagogia também não deve encarada no sentido literal de educar “crianças” e sim potencializar mentes imaturas e infantis[1
].

Assim, devemos dizer que o termo “pedagogia espírita”, quando colocado como proposta educativa filosófico-intelectual das escolas racionalistas, pode ser um contra-senso, um equívoco conceitual e histórico que tenta, em vão, associar de forma linear a figura transformada, amadurecida e, portanto, revolucionária de Allan Kardec com personalidades da educação humanista, ainda que respeitáveis reformadores em suas épocas, mas que pouco têm a ver com a essência filosófica do Espiritismo. Comenius, Rousseau e Pestalozzi realmente inovaram na educação pedagógica, mas ainda não estavam preparados – nem havia ambiente histórico para isso -  para ousar e romper as amarras da intelectualidade e mostrar que adultos e crianças são Espíritos e que tais condições biológicas são sempre relativas quando defrontadas com o fator reencarnação. Nas diferentes épocas de Comenius, de Rousseau e Pestalozzi não havia como demonstrar positivamente essa realidade, sob o grave risco de acusação de bruxaria e pena de morte, inclusive na Suíça, porque o paradigma espírita não havia sido abertamente proposto e rompido com os anteriores. Tudo isso era assunto de alto risco social, restrito aos círculos esotéricos. Quem se atreveu a desafiar tai s dogmas pagou  com a vida essa ousadia.  O que encontramos nesses educadores são idéias superficialmente parecidas com as idéias espíritas,de linguagem emocional, mas não espíritas em si. São idéias no máximo “precursoras”, o que é bem diferente de “semelhantes”. É só lembrar a “dificuldade” mental e a aversão que os esoteristas têm até hoje com a mediunidade. Swedenborg, Andrew Jackson Davies, D.D. Home, as irmãs Fox, os grandes nomes do espiritualismo anglo-saxônico jamais conseguiram digerir intelectual e emocionalmente a idéia de reencarnação. Por isso não se poder dizer que eram espíritas. Kardec, por questões diplomáticas, até tentou colocar panos quentes nessa questão, afirmando que isso era uma questão de tempo e que não alterava o conjunto da revelação espírita. Mas, a bem da verdade, tudo se resumia num problema de maturidade consciencial.   Até mesmo a “História do Espiritualismo”, de Arthur Conan Doyle, que Júlio de Abreu Filho e Herculano Pires também tentaram “esquentar”, traduzindo “espiritualismo” como “espiritismo”, para não perder o valor documental dos fenômenos e experiências, é uma prova de que as coisas não acontecem fora de hora, sem contexto, e que há uma diferença entre coelho e lebre, uma distância entre entender e compreender as coisas. Talvez esses três grandes educadores, colocados como precursores de Kardec, possuíssem a intuição das idéias espíritas trazidas de mundos superiores, ou de núcleos da erraticidade que freqüentavam, mas, como os homeopatas e socialistas utópicos, apenas lançavam sementes em terreno árido e insensível. Benoît-Mure, que seguia as idéias educativas de Jacot e medicinais de Hanemman praticava a medicina homeopática em ambiente de forte espiritualidade, mas há uma grande distância em dizer que ele e João Vicente Martins eram espíritas. Kardec talvez tenha percebido essa di ferença e logo entendeu que tais mudanças só ocorreriam de fato quando as coisas novas recebessem um tratamento novo, começando pelas palavras e complementando pelas práticas. Isso era algo para o futuro, num tempo bem à frente do seu.

No caso do Espiritismo, como novo paradigma, toda educação voltada para a intelectualidade tende a perpetuar os valores do homem velho  e impedir a manifestação pura do homem novo. Essa é a causa do sincretismo religioso e do hibridismo filosófico (ou impureza doutrinária)  encontrados nos centros espíritas. Isso acontece também com qualquer idéia educativa inovadora, quando formulada e aplicada em sistemas escolares convencionais. A educação espírita sofre esse bloqueio quando se defronta, nos centros espíritas ou escolas, com sist emas racionalistas. A racionalidade, quando utilizada como meio, funciona perfeitamente e cumpre  o seu papel intelecto-existencial. Quando utilizada de forma invertida, como finalidade, torna-se uma perversão, um vício dos sentidos. Isso aconteceu com a educação cristã ao adotar dogmas de fé e se submeter ao sistema sacerdotal romano. Tanto é que um dos dogmas filosóficos restaurados com mais ênfase pelo Espírito Verdade foi exatamente o da imortalidade real, sustentado cientificamente pela mediunidade e pela lei da reencarnação, que são ao mesmo tempo prova e essência da transitoriedade carnal e existencial,  e também da transformação consciencial ou ressurreicional. Os católicos e protestantes, profundamente degradados espiritualmente, ou ainda imaturos, foram os responsáveis por essa perversão da religiosidade, cultivando a religião dogmática e materialista. A educação espírita, ora em con strução, não deve contaminar-se pelas formas confessionais, portas largas do conforto institucional, nem pelas seduções intelecto-acadêmicas, pois corre o risco de repetir os mesmo erros desses irmãos transviados. Assim como os templos tornaram-se prostíbulos da religião, como as artes se corromperam nas vielas obscuras da tecnologia e do lucro, os centros espíritas e entidades federativas podem se converter em poderosos antros de materialização do espírito e fossilização das idéias e sentimentos. Conceitos como “Orai e vigiai”, “Amai-vos e instruí-vos”,  ou ainda “Sede perfeitos” ainda são dogmas filosóficos educativos de grande valor, de difícil superação e desatualização. Mas, como se sabe, nada resiste à indiferença e à teimosia humana. O único problema é que poderemos pagar caro por essa atitude de continuar jogando pérolas aos porcos.

É por isso que afirmamos não existir de fato, ou ser um contra-senso, a “pedagogia espírita”. E nem pode haver, porque no momento em que ela é envolvida pelos esquemas institucionais (cerebrais, racionais, legais e utilitários), acontece o aborto da verdadeira idéia de educação que ali foi idealizada. Surge então uma falsificação, uma adaptação educacional. Prova disso são as nossas escolas de evangelização infantil e cursos de espiritismo, cujas práticas educativas superficiais e teorias meramente racionalistas tendem a criar nas mentes dos alunos um mundo irreal, propício à fantasia e à hipocrisia. Esse clima de máscaras doutrinárias, de competição e de patifarias entre irmãos é facilmente destruído ao longo das experiências cotidianas, realistas e cheias de espinhos das provas e expiações. Dessa falsa educação para a condição de desertores o  caminho é curto.

Uma educação espírita andragógica, de exploração vivencial, de complexidade integral (pensamento, ação e sentimento) pode vir a ser uma grande revolução porque certamente ela partiria de educadores realmente transformados, mas principalmente das próprias crianças, por serem espontâneas, sem máscaras. Ou então de adultos em constante atitude de insatisfação consigo mesmos, em busca permanente de soluções das equações íntimas, relevantes para o Espírito e não para o intelecto. Nela a experiência intelectual não vai ser desprezada, nem banida; simplesmente vai ser colocada no seu devido lugar, deixando de brilhar como fim, segundo o novo paradigma mente-corpo, para atuar como meio.

Também é difícil e curioso entender porque Allan Kardec, sendo antigo educador de profissão, ao tomar contato e desenvolver filosoficamente o Espiritismo, não tenha cogitado e fundado uma Escola Espírita. Ao contrário, sua concepção de educação espírita demorou para ser formulada e soa de maneira muito vaga, visto que era um “herdeiro” de Pestalozzi, de Comenius e de Rousseau. Sua formulação filosófica tinha conteúdo suficiente para implantar um sistema educacional convencional, do tipo que ele de Amélie Boudet conheciam muito bem. O que aconteceu então? Falta de recursos, falta de tempo, falta de definição de um currículo essencialmente espírita?  Tudo muito estranho, não e mesmo? Ou ele entendia ser uma escola intelectual e pedagógica, com toques sentimentais, como a que estudou em Yverdon, o que é pouco provável pela sua maturidade filosófica abertamente exposta nas obras e na sua v ivência na Sociedade de Estudos Espíritas e registrada na Revue. Ou então compreendeu que tal idéia só seria possível depois de uma ampla propagação e assimilação social do Espiritismo, como expôs na tese das “Aristocracias” e dos “Seis Períodos do Espiritismo”.

Já no século XIX, os sucessores de Kardec na Revista Espírita, Pierre e Marina Leymarie, juntamente com Jean Macé e Emmanuel Vauchês fundaram a Liga do Ensino, uma tentativa experimental de unir Espiritismo e Socialismo Utópico num currículo escolar, mas, ao que tudo indica, não obtiveram sucesso, pois o projeto acabou sendo transferido da sua casa para o Falanstério de Guise, dirigido por J.B. Godin. Se lembrarmos do Colégio Allan Kardec, fundado em 1907 por Eurípedes Barsanulfo, em Sacramento, podermos ter uma idéia de como a educação espírita de fa to iria demorar para ser implantada como prática educacional efetiva. Eurípedes se esforçou para implementar um currículo espírita, mas o que aconteceu, na prática foi uma adaptação daquilo que ele concebia como Espiritismo, acrescida da sua experiência educacional católica, herdada da Sociedade São Vicente de Paulo. O próprio Espírito Vicente de Paulo alertou Eurípides sobre o perigo da “nostalgia” católica e o exortou a se “afastar” definitivamente daquela instituição. É claro que a sua história, a condição espiritual e sua mediunidade excepcional deram um tom revolucionário ao colégio, mas assim que desencarnou tal característica não pôde ser sustentada. As tentativas se sucederam Anália Franco, com os ex-alunos de Eurípedes, com Leopoldo Machado, no Rio de janeiro, com Ney Lobo, no Paraná, com o Instituto de Educação Espírita, em São Paulo, todos com o mesmo problema: qual é o currículo dessas escolas e qual sua verdadeira ideologia? Ora, uma escola e uma educação espírita não p odem depender da presença eterna dos seus fundadores nem da indefinição do seu perfil curricular. Se os próprios educadores não conhecem os rumos de suas vidas e das suas idéias educacionais como querem apontar caminhos para os outros?  Os Educadores passam e o Espiritismo continua sendo o mesmo, filosoficamente bem estruturado, aguardando que os espíritas descubram nesse campo um rumo novo e que consigam andar com suas próprias pernas.

Curioso também lembrar que Comenius, Rousseau e Pestalozzi não tiveram uma participação efetiva nos eventos do Espiritismo no tempo de Kardec.  Ou permaneceram anônimos, como muitos Espíritos assim o fizeram, ou então estavam reencarnados, longe ou perto da seara francesa, ou  ainda não tinham muito a dizer sobre algo que não possuíam conhecimento. A dissertação de Rousseau na Revista Espírita pode confirmar essa última hipótese.

Podemos afirmar, sem receio de errar ou polemizar, que o Allan Kardec, espírita do terceiro grau, auto-educador, comunicador e facilitador educacional, está mais para Carl Rogers, Edgard Morin, Bernardo Toro e Paulo Freire do que para Comenius, Rousseau e Pestalozzi. Primeiro porque Allan Kardec sempre esteve voltado para o futuro. Entenda-se futuro como o aprofundamento de conhecimentos sobre a mente, em oposição ao determinismo materialista cerebral. Tais mudanças ocorreriam a partir das proposições  filosóficas de Henri Bérgson, prontamente acusado de misticismo;  dos vastos estudos de Freud, também taxados de crença judaica;  e que culminariam, no meio espírita, com as revelações sobre a “casa mental”,  de André Luiz, na obra “No Mundo Maior”,  também desprezada pelos corifeus da ciência, incluindo alguns espíritas, como superstição e engodo mediúnico.   As recentes teses sobre as inteligências múltiplas e sobre a habilidade emocional também contribuíram muito para essa mudança de paradigmas na educação e que se identificam com o Espiritismo.

Segundo porque, se Comenius, Rousseau e Pestalozzi hoje são reconhecidos como precursores da educação integral, muito se deve aos educadores e psicólogos do século X X, que demoliram antigos dogmas científicos e aboliram velhos tabus da educação confessional.  Eles demonstraram que a fé e a intelectualidade são apenas aspectos da mente humana e não a sua totalidade; que a mente se compõe também de experiência atitudinais (escolhas) e emocionais (sentimentos). Com Rogers e sua teoria da personalidade, por exemplo, na qual a pessoa é vista e tratada como um ser autônomo, livre da dependência de terceiros, de auto-direcionamento positivo (no sentido de otimismo),  a idéia de uma educação espírita encontra eco, sentido de semelhança filosófica. Nela o Espírito rejeita o determinismo biológico e parte para as experiências do livre-arbítrio. Não aceita modelos comportamentais prontos e definidos, com experiências e valores estranhos aos seus ideais de crescimento pessoal.

Não estamos raciocinando historicamente de forma linear, pois teríamos que colocar Jesus como um educador do passado. Este, ao contrário, conhecia muito bem a mente e o dilema do espírito humano. Chamava isso de “O Reino de Deus” (malkuth), ou “estado de coisas”.  Estamos falando, sim,  de ruptura, de revolução, de novos paradigmas, fora desse conceito tradicional de temporalidade etapista dos historiadores antigos. De forma genérica, todos esses educadores, independente do tempo em que viveram, têm a ver uns com os outros e todos têm muito a ver com Kardec e Jesus. Mas, em termos específicos, quando falamos em projetos educacionais, diretrizes curriculares e didáticas, avaliação do desempenho de ensino-aprendizagem, definição de habilidades e competências, temos que ser mais claros e transparentes quando fizermos r elação com o Espiritismo. Não é a nossa vaidade ou pretensão intelectual que nos leva a fazer todos esses questionamentos. O que nos motiva a discutir essas idéias é a nossa indignação ao ver tanta gente ser iludida e mal orientada nesse setor tão vital para a efetivação dos nossos ideais. É a educação espírita que recebemos, produto da iniciativa familiar dos nossos avós e dos nossos pais, que desperta em nós essa preocupação; são os nossos conhecimentos sobre Espiritismo, que podem conter algumas distorções pessoais; não é uma pretensão de fama e reconhecimento acadêmico, mas a nossa simples formação, ainda que simples e distante dos grandes cenários acadêmicos, bem como a experiência de educador, professor de sala de aula, assim como gestor de escolar, que nos leva a essa postura crítica.

Apesar de estarmos envol vidos ideal e profissionalmente do universo educacional, somo da opinião de que os atuais modelos de Educação e o Ensino estão em franco processo de crise e falência. O que existe são aparência meramente institucionais, baseadas em tecnologia material e legislação complicada e ineficiente. Educadores de alto conceito já profetizaram o fim da sala de aula e de tudo o que está aí em termo de ensino-aprendizagem. Marilyn Férgson, em 1979, já havia apontado todas essas transformações paradigmáticas da educação. Parece que ninguém levou a sério as suas reflexões e todas as experiências que ela apontou como sinais de uma grande mudança , pois a força de cooptação é muito superior à idéia de inovação. Para mudar é preciso repensar e recomeçar do ponto inicial. Achamos que um projeto de educação espírita deve dar os primeiros passos numa estrutura familiar, modesta, pequena, responsável, sem alardes e entusiasmos do tipo fogo de palha. Cremos que dessa forma deverá surgir, de onde a gente nem imagina, uma nova casinha de Hydesville, alguma novidade, uma luz que não seja miragem. A conspiração (respiração conjunta) deve começar nos lares espíritas.  Nesse sentido, sentimos decepcionar alguns companheiros ainda afeitos ao sectarismo doutrinário e ao conforto institucional das associações escolares, mas a educação espírita que concebemos, e que precisa ser construída após muita reflexão e pesquisa, está cada vez mais distante dos estabelecimentos escolares e das abordagens racionalistas e cerebrais e muito mais próxima da educação simples, intransitiva e integral do Cristo, contida na Parábola do Semeador.
 

[1] Existem crianças que possuem mentalidade adulta e adultos que são infantis. Enquanto a pedagogia funciona no plano intelecto-racional e horizontal da existência carnal, a andragogia funciona no plano consciencial integral e vertical. Essa diferença marca o fim ambivalência cérebro-mente, na qual a coluna vertebral do Homem vem sendo verticalizada na medida que este toma consciência de si mesmo.

(O prof. Dalmo é Mestre em Comunicação, Bacharel e Licenciado de História. Licenciado em Pedagogia)

Índice

° HISTÓRIA & PESQUISA

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas")

Cronologia Espírita, Carlos Iglesia, Brasil

(Texto iniciado no Boletim 505)

Primeiro Capítulo

1795-1856 Prof. Rivail e sua Época

Lista de Eventos

1808 - 1825

América Latina 
 
Por influência da Revolução Francesa, da independência dos Estatos Unidos da América (4 de julho de 1776) e da situação européia (invasão da Espanha e Portugal por tropas de Napoleão), a maior parte dos países da América Latina se tornam independentes. Somente algumas poucas exceções, como Cuba e as Guianas, permanecem como colônias. 

FUENTES, 1992
VILLEGAS, 1988
WIKIPEDIA, 2006

1816 - 1817

Yverdon, Suiça

Diferenças de opinões religiosas entre Pestalozzi e instrutores do Instituto levam a conflitos internos e o afastamento de alguns deles. Na raiz dos conflitos estava a discordância com a tolerância religiosa defendida e aplicada por Pestalozzi. Para Pestalozzi a verdadeira religião não era outra coisa senão a prática da moralidade. A vivência da moral cristã se sobrepunha as discussões teológicas e era a sua vivência que teria a força de conduzir a juventude ao fiel cumprimento de seus deveres individuais e coletivos. Esta posição desagradava a protestantes e católicos que o consideravam irreligioso e anti-cristão.

INCONTRI, 2004
RODRIGUES, 1996
SOËTARD, 1994
WANTUIL e THIESEN, 1979

1818

Clendy, Suiça

Pestalozzi cria uma escola para crianças pobres do dois sexos em um lugarejo na saída de Yverdon. Alunos do instituto de Yverdon também atuaram como professores nesta escola.

WANTUIL e THIESEN, 1979

1819

Yverdon, Suiça

Rivail inicia sua experiência pedagógica como submestre no Instituto de Yverdon. Esta era uma prática seguida por Pestalozzi no Instituto, os alunos de reconhecida capacidade era escolhidos como professores primários e submestres.

Neste mesmo ano Pestalozzi transfere as crianças de Clendy para o Instituto. Para isso o instituto foi dividido em duas seções, uma para meninos e outra para meninas. Wantuil e Thiesen dizem que Pestalozzi, como que se prevenindo para o futuro,  determinou que em cada uma delas um certo número de alunos fossem especialmente preparados para a carreira do ensino [WANTUIL E THIESEN, 1979].

Algumas familias abastadas e a municipalidade de Yverdon não viram com bons olhos essa iniciativa de Pestalozzi de educar juntas crianças de classes sociais diferentes. Tambem o ensino de meninos e meninas na mesma instituição era uma idéia revolucionária para a época, onde geralmente a educação feminina era negligenciada e até considerada por muitos como prejudicial.

WANTUIL e THIESEN, 1979

Tchecoslováquia

A Homeopatia é proibida na Tchecoslováquia.

ROSENBAUM, 2000

Viena, Austria
2 de novembro de 1819

A Homeopatia, que havia sido introduzida na Austria pelo Dr. Marenzeller (1765-1854) é proibida por um decreto imperial.

ROSENBAUM, 2000

Julho de 1819
França  

Isidore Auguste Marie Xavier Comte (1798-1857), conhecido no Brasil como Augusto Comte, publica seu primeiro artigo. O texto na revista "Le Censeur" tinha o título "Séparation générale entre les opinions et les désire" (Separação geral entre as opiniões e os desejos) e apresentava suas idéias sobre a necessidade da política se tornar um ciência positiva. Ela, segundo Comte, devia ser baseada na experiência e na observação. Só os cientistas poderiam indicar os meios de ser realizarem as reformas que os cidadãoes desejam e os governantes as executariam.

Augusto Comte desenvolveria ao longo dos anos o "Positivismo", escola filosófica assim chamada porque só aceitava as realidades possiveis de serem conhecidas através da ciência positiva (a baseada na experiência e na observação), que teria influência no pensamento frânces e brasileiro do século XIX. No Brasil o positivismo foi a corrente de pensamento dominante entre os lideres dos partidos republicanos do final do Império e desta forma moldou as idéias políticas desde a Republica Velha até o período de Getulio Vargas.

COELHO, 2006
EMMANUEL, 1975

JÚNIOR, 2003

1819 - 1820

Yverdon, Suiça

Rivail, influenciado pelas idéias religiosas de Pestalozzi e testemunhando os conflitos resultantes das diferenças de crença no Instituto em Iverdon, pensa em uma reforma religiosa para unir os cristãos.

WANTUIL e THIESEN, 1979

1820

Leipzig, Alemanha

Um paciente de Hahnemann, o Principe de Von Sax, desencarna após melhoras iniciais com o tratamento homeopático. O paciente não havia deixado os tratamentos tradicionais, como as sangrias, nem o alcoolismo. Hahnemann ao perceber a situação - visitando o doente o encontrou em meio a uma sangria - se afastou. Os inimigos de Hahnemann exploraram ao máximo a situação criando um clima bastante hostil a ele na cidade.

AMARAL, 2005
ROSENBAUM, 2000
THOURET, 2006

Leipzig, Alemanha
Fevereiro de 1820

Os adversários de Hahnemann conseguem levar as disputas aos tribunais de Leipzig.


ROSENBAUM, 2000

Leipzig, Alemanha
Março de 1820

Hahnemann recebe de oficiais de justiça a proibição de dispensar os medicamentos para seus pacientes. Como os apotecários estavam contra ele, isso equivalia a proíbi-lo de medicar em Leipzig.

É Interessante notar que muitos dos inimigos de Hahnemann foram granjeados justamente pelo sucesso dos tratamentos homeopáticos. Os apotecários, por exemplo, temiam o impacto que o novo tratamento trazia para seu comércio.

ROSENBAUM, 2000
THOURET, 2006

1821

Yverdon, Suiça

O Instituto de Pestalozzi enfrenta dificuldades financeiras. Em parte as dificuldades estavam relacionados com a perda de alunos abastados por causa do preconceito contra a mistura de meninos e meninas, ricos e pobres, na mesma instituição de ensino. Litigios entre ex-colaboradores também complicaram a situação de Pestalozzi, que inclusive enfrentou um processo judicial iniciado em 1817 e que se arrastou até 1824 com ganho de causa para o nobre educador.

WANTUIL e THIESEN, 1979

Koethen, Alemanha

Hahnemann encontra abrigo junto ao duque de Anhalt-Koethen. O conde era maçon como Hahnemann e este ainda contava com a amizade de um antigo paciente na corte ducal. Posteriormente ele adquiriu uma residência na cidade de Koethen e se estabeleceu lá.

A Alemanha era na época um conjunto de pequenos reinos e principados, fracamente ligados por relações familiares e compromissos dinásticos, assim a autoridade dos juizes de Leipzig não se extendia a Koethen.

AMARAL, 2005
ROSENBAUM, 2000
THOURET, 2006
ZETTI, 1993

1822

Paris, França

Rivail completa seus estudos em Yverdon e se transfere para Paris. Sua residência é na "Rue de la Harpe".

AIZPÚRUA, 2000
WANTUIL e THIESEN, 1979

Maio de 1822
França

Comte publica um opúsculo, intitulado "Plan des travaux scientifiques nécessaries pour réorganizer la societé" (Plano dos trabalhos científicos necessários para reorganizar a sociedade). Comte apresenta suas idéias neste trabalho - e sem outra base além de sua própria opinião - formula sua "lei dos três estados do conhecimento". Segundo sua visão a humanidade evolui de um estado inicial teológico, passando por um metafísico para um estado positivo ou científico. Nesta teoria, que ele considera demonstrada por si mesma, o progresso leva a uma sociedade onde as especulações religiosas ou metafísicas não tem lugar, com um  governo seguindo açoes estabelecidas por leis cientificas. De acordo com estas idéias ele propõe a criação da Sociologia que teria o papel de um "Física Social".

As idéias de Comte são interessantes por demonstrar um problema conceitual que se tornou comum no século XIX. Tomar as ciências, ditas positivas, como o único modelo possível de conhecimento da realidade é uma escolha filosófica sem "base científica". As ciências positivas, como varias vezes foi discutido em artigos do GEAE, tem limites de atuação bem claros. Assim, apegando-se aos procedimentos estabelecidos nos laborarórios de física ou provados por equações matemáticas, a comunidade científica do século XIX e a sociedade que lhe seguiu as orientações, tornou-se cada vez mais cega quanto a realidade espiritual que manifestava-se insistentemente ao seu redor.

COELHO, 2006
EMMANUEL, 1975
FONSECA, 2004
JÚNIOR, 2003
XAVIER, FONSECA e IGLESIA, 2004

7 de setembro de 1822
São Paulo, Brasil

As margens do córrego do Ipiranga, em São Paulo, o príncipe regente D. Pedro proclama a independência do Brasil. A independência foi resultado de um longo processo histórico, acelerado pela vinda da fuga da família real portuguesa para o Brasil, e sua consolidação política se estenderia por todo o reinado de D. Pedro I e – de certa forma – pela regência e pelo segundo reinado.

O fato do Brasil, diferentemente dos países de lingua espanhola, ter se tornado independente através de um processo de transição - que incluiu a presença de D. João VI e sua corte no Brasil e a instauração de um regime monárquico com seu filho como Imperador - permitiu que o pais desenvolvesse características próprias dentro da América Latina. Foi fator importante também para que fosse mantida sua unidade territorial.

Através de todo o século XIX, o Império Brasileiro estaria mais aberto a influência das cortes européias e de sua civilização que de seus vizinhos continentais. Principalmente a influência francesa foi marcante, tornando a lingua francesa a segunda lingua da corte e dos intelectuais brasileiros.

BESOUCHET, 1993
CAMPOS, 1974
IGLÉSIAS, 1989
LYRA, 1977
MAURO, 1991
WIKIPEDIA, 2006

1823

Paris, França

Rivail se interessa pelo estudo do "Magnetismo Animal". Neste período na França o Magnetismo estava sendo discutido e estudado entre intelectuais e homens de ciência.

FIGUEIREDO, 2005
INIGUEZ, 1993
WANTUIL e THIESEN, 1979

1 de fevereiro de 1823
Paris, França  

Prospecto do "Cours Pratique et Théorique D'Arithmétique" por H. L. D. Rivail relacionado na "Bibliographie de la France".  Um prospecto é um folheto de propaganda destinado a dar idéia da obra que será publicada. O prospecto da obra do Prof. Rivail tinha 16 páginas.

WANTUIL e THIESEN, 1979

6 de dezembro de 1823
Paris, França
  
O primeiro livro do Prof. Rivail, "Cours Pratique et Théorique D'Arithmétique", aparece relacionado na publicação "Bibliographie de la France" e os dois tomos estavam à venda na Tipografia de Pillet-ainê ao preço de 6 francos.  A data estampada nos volumes é 1824. O frontispício da obra apresenta o prof. Rivail como "discípulo de Pestalozzi".

Nessa obra o Prof. Rivail relaciona em seis itens os princípios para o ensino à criança, principíos em perfeita harmonia com o pensamento de Pestalozzi:

"1º - Cultivar o espírito natural de observação das crianças, dirigindo-lhes a atenção para os objetos que as cercam.

2º - Cultiva a inteligência, observando um comportamento que habilite o aluno a descobrir por si mesmo as regras.

3º - Proceder sempre do conhecido para o desconhecido, do simples para o composto.

4º - Evitar toda atitude mecânica, levando o aluno a conhecer o fim e a razão de tudo o que faz.

5º - Conduzi-lo a apalpar com os dedos e com os olhos todas as verdades. Este princípio forma, de algum modo, a base material deste curso de aritmética.

6º - Só confiar à memória aquilo que já tenha sido aprendido pela inteligência."

WANTUIL e THIESEN, 1979

1823 - 1824

Yverdon, Suiça

Os últimos estudantes pensionários do Instituto saem entre fins de 1823 e início de 1824. Restam apenas algumas crianças pobres da cidade.

WANTUIL e THIESEN, 1979

1824

França

O opúsculo de Comte de maio de 1822 é republicado com o título "Systeme de Politique Positive" (Sistema de Política Positiva).

JÚNIOR. 2003

1825

Paris, França

Segundo WANTUIL e THIESEN (1979), o Barão Du Potet se torna o chefe da escola magnética na França. Experiente magnetizador, o Barão Du Potet, posteriormente se tornou espírita e teve como discípulo Pierre-Gaëtan Leymarie, continuador da obra de Kardec na Revue Spirite.

WANTUIL e THIESEN, 1979

Paris, França
  
O prof. Rivail começa a dirigir a "École de Premier Degré" (Escola de Primeiro Grau), estabelecimento fundado por ele em Paris.  

AIZPÚRUA, 2000
WANTUIL e THIESEN, 1979

Paris, França

Publicado o livro "Contos Primaveris" por Amélie-Gabrielle Boudet.

WANTUIL e THIESEN, 1979

Viena, Austria

A homeopatia é novamente proibida por decreto imperial. A proibição anterior não impediu que sua prática ganhasse terreno entre os médicos austriácos. Mesmo com esse decreto ela continuou a ser praticada e a situação de clandestinidade só se alterou quando o tratamento homeopático foi aplicado com sucesso no hospital de Gumpendorf durante uma epidemia de cólera.

ROSENBAUM, 2000

Estados
Unidos

A homeopatia é introduzida nos Estados Unidos pelo Dr. Hans Burch Gram.

ROSENBAUM, 2000

2 de março de 1825
Yverdon, Suiça

Pestalozzi se afasta do Instituto e se muda para sua propriedade (Neuhof) na Argóvia. Continua trabalhando em seus escritos e sonha em criar uma nova instituição para o ensino de crianças pobres.

RODRIGUES, 1996
WANTUIL e THIESEN, 1979

1826

Paris, França
 
 
Publicado o livro "Noções de Desenho" por Amélie-Gabrielle Boudet.

WANTUIL e THIESEN, 1979

Paris, França

O Prof. Rivail funda o Instituto Rivail com a colaboração da Professora Amélie-Gabrielle Boudet. O instituto, localizado
à rua de Sèvres nº 35, tinha carater técnico e foi modelado no Instituto de Yverdon. Segundo WANTUIL e THIESEN teve vida longa para aquela época (durou até 1834) adquirindo certo renome.

AIZPÚRUA, 2000
INIGUEZ, 1993
WANTUIL e THIESEN, 1979

Leipzig, Alemanha

Constantine Hering escreve sua tese favorável à homeopatia intitulada "Medicina Futura". O intuito original do Dr. Hering ao estudar a homeopatia era encontar elementos para atacá-la mas acabou convencendo-se de sua eficácia e se tornou um importante aliado de Hahnemann. Após concluir sua tese ele se instalou nos Estados Unidos e foi um dos principais responsáveis por fomentar o estudo da homeopatia e seu surpreendente desenvolvimento nesse país durante o século XIX.

ROSENBAUM, 2000

1827

18 de fevereiro de 1827
Brugg, Suiça

Desencarna Pestalozzi.


RODRIGUES, 1996
SOËTARD, 1994
WANTUIL e THIESEN, 1979

1828


Paris, França
 
Publicado o livro "O Essencial em Belas-Artes" por Amélie-Gabrielle Boudet.  

WANTUIL e THIESEN, 1979

Alemanha

Publicada a 1.a edição do livro "Teoria e Tratamento Homeopático das Doenças Crônicas" de Hahnemann.

AMARAL, 2005
ROSENBAUM, 2000
THOURET, 2006

21 de junho de 1828

Paris, França  

Livro "Plan proposé pour l'amélioration de l'éducation publique" (Plano Proposto para a Melhoria da Educação Publica) por H. L. D. Rivail relacionado na "Bibliographie de la France". É interessante notar que o frontispício do livro apresenta o Prof. Rivail como "discípulo de Pestalozzi, diretor de escola da Academia de Paris, membro de diversas sociedades científicas" [RIVAIL, 1998]. Também vemos na mesma página indicados a livraria Dendu, localizada no Palais Royal, e o endereço de Rivail na Rua de Vaugirard, 65.

Dora Incontri se refere aos textos pedagógicos do Prof. Rivail [RIVAIL, 1998] dizendo que "a enfâse na Educação Moral, por exemplo, que é o cerne da proposta espírita, aparece aqui com toda a força, seguindo Rivail as pegadas de Pestalozzi". Ela continua dizendo que "não temos nessa obra apenas um curiosidade histórica, para deleite dos amantes da pesquisa. À parte algumas poucas polêmicas ultrapassadas pelo progresso (como o caso do ensino de latim, contra o qual Rivail se põe), esses textos pedagógicos palpitam de atualidades.".

AIZPÚRUA, 2000
RIVAIL, 1998
WANTUIL e THIESEN, 1979

1829

Stuttgart, Alemanha
  
Publicação do livro "Die Seherin von Prevorst" (A Vidente de Prevorst), do médico e poeta Dr. Justinus Kerner (1786-1862). Neste livro, o Dr. Kerner relata fenômenos mediúnicos que ele presenciou e analisou, realizados por intermédio da senhora Friederike Hauffe (1801-1829). Esta médium via os espíritos quando se encontrava em estado sonambúlico e favorecia a produção de materializações, levitações, aportes, raps e outros efeitos físicos.

AIZPÚRUA, 2000
WANTUIL, 1957
 
1829 - 1833

França

Deleuze, discípulo de Mesmer, mantêm correspondência com o Dr. G. P. Billot que atesta o fato dos magnetizadores terem comprovado muito cedo as relações dos sonâmbulos com seres invisíveis. Em um trecho ele afirma: "O Magnetismo demonstra a espiritualidade da alma e sua imortalidade; ele prova a possibilidade da comunicação das inteligências separadas da matéria com as que lhe estão ligadas".

FIGUEIREDO, 2005

1830

Paris, França

Rivail traduz para o alemão os três primeiros livros da obra "Telemâco" de Fénelon (1651-1715). Telemâco é uma obra importante da literatura francesa, escrita em prosa poética, foi escrita por Fénelon com o propósito de instruir o Duque de Borgonha, neto de Luis XIV e herdeiro do trono. O livro narra as experiências de uma longa viagem e através delas instrui moralmente o leitor. Rivail, além de sua lingua materna, o frânces, conhecia e se expressava bem em alemão, inglês e holandês. Também entendia sem dificuldades o latim e o grego.

AIZPÚRUA, 2000
WANTUIL e THIESEN, 1979


Biografias

FÉNELON (François de Salignac de la Mothe)





Introdução

Fénelon nasceu (ou foi batizado) em 6 de agosto de 1651 no Chateau de Fénelon (Périgord - França) e desencarnou em Cambrai em 7 de janeiro de 1715. Sua família era da nobreza, ilustre nas armas e na diplomacia, mas empobrecida. Sendo um dos filhos menores, seguindo um costume da época, ele foi destinado para a carreira eclesiástica e diz-se que começou seus estudos no colégio dos Jesuitas em Cahors. Continuou os Estudos junto aos Jesuítas em Paris e manteve contatos com o seminário de Saint-Sulpice.

Na sua existência terrena foi um orador, escritor e prelado frânces de grande influência. É considerado um precursor do Iluminismo e na pedagogia propôs idéias que seriam desenvolvidas por Rosseau e Pestalozzi. Contemporâneo de Luis XIV (5 de setembro de 1658 - 1 de setembro de 1715), o "Rei Sol", viveu o apogeu do Antigo Regime frânces. Foi preceptor do filho mais novo do rei e herdeiro do trono, o Duque de Borgonha, que desencarnou em 1712 sem chegar a assumir o trono. Suas obras são reeditadas na França até nossos dias e continuam a ser estudadas nas escolas como veículos para compreender a antiguidade clássica, a moral e as regras da arte de escrever. Jacques Le Brun, apresentando o volume com as obras Completas de Fénelon, diz que há em seus textos uma elegância inimitável, uma discreta sensibilidade pela beleza e uma harmonia entre a herança cultural e o moderno.

Como espírito, fez parte do grupo que acompanhou Kardec na Codificação Espírita. Assinou juntamente com outros espíritos ilustres o "Prolegônemos" de "O Livro dos Espíritos" e mensagens suas foram publicadas nas obras básicas e na Revista Espírita.

Fénelon se torna conhecido

Fénelon em muitos aspectos foi um homem de seu tempo, nascido em uma época e país onde a religião tinha uma importância para a vida das pessoas que é dificil de ser compreendida em nossos dias, foi Católico sincero. Mas defendeu o Catolicismo com eloquência, nunca com fanatismo, os sermões que restaram e os escritos que deixou mostram uma argumentação bem montada, sempre na busca do esclarecimento do ouvinte e nunca atacando-o. Neste aspecto pode-se dizer que destou de seus contemporâneos, pois enquanto governos e os povos ainda matavam pelas diferenças religiosas, a tolerância com os que tinham idéias diferentes da sua e a afabilidade com todos com que lidava foram traços marcantes de sua personalidade.

No século XVIII, antes da Revolução Francesa (1789), a Igreja era o único lugar onde a multidão podia ouvir grandes oradores. Existiam os sermões de quaresma, as grandes festas e os elogios fúnebres. O historiador Jacques Wilhelm (WILHELM, 1988) observa que enquanto as almas simples procuravam sobretudo as verdades da religião e uma exortação ao bem, as pessoas cultas buscavam também a perfeição da linguagem e a riqueza das idéias.

Fénelon, já no começo de sua carreira eclesiástica, chamou a atenção pela beleza e perfeição de seus sermões e foi nomeado em 1678 para diretor do "Institute des Nouvelles Catholiques" (Instituto dos Católicos Novos). Este instituição buscava reeducar na religião Católica as jovens de familias protestantes que haviam se convertido ao Catolicismo. Suas experiências pedagógicas o levaram a escrever em 1681 o livro "Traité de l'éducation des filles" (Tratado sobre a Educação de Meninas). Essa experiência lhe trouxe alguns problemas, pois a moderação com que tratava os protestantes e a recusa em impor aos convertidos práticas devocionacias exageradas ou desnecessárias,  provocou inimizades e acusações de simpatia pelo Jansenismo.

Em 1685 ele escreveu uma obra teológica em refutação ao Jansenismo. Esta corrente religiosa defendia posições diferentes das adotadas pelo Catolicismo na relação do "Livre Arbitrio" e da "Graça Divina" com a questão da salvação humana. O livro se chamava le "Traité de l'existence de Dieu et de la réfutation du système de Malebranche sur la nature et sur la Grâce" (Tratado sobre a existência de Deus e de refutação ao sistema de Malebranche sobre a Natureza e a Graça).

Neste ano ele também viajou algumas vezes em missão de pregação. Luis XIV foi o responsável por estas viagens. Ele revogou o Édito de Nantes promulgado pelo rei Henrique IV em 13 de abril de 1598 que reconhecia os direitos religiosos e políticos dos protestantes na França e, entre outras medidas para convertê-los ao Catolicismo, enviou oradores brilhantes em missões de pregação pelas provincias onde eles tinham grande representatividade.

A reação imediata ao fim da tolerância limitada garantida pelo Édito de Nantes foi a migração em massa dos Huguenotes (como eram chamados os Protestantes franceses) para outros países da Europa e para a América. Cerca de 300.000 deixaram a França nessa época. Cultos e laboriosos, sua saída trouxe consequências graves para a economia francesa e, em conjunto com as continuas guerras travadas contra outras potências européias, agravou a miséria no campo e nas cidades.

O Quietismo e a Corte

Em 1684 chegou na França uma nova querela teológica a partir de uma doutrina pregada por Madame Guyon (Jeanne Marie Bouvier de La Mothe-Guyon, 13 de abril de 1638 - 9 de junho de 1717). Extremamente piedosa, ela tinha visões desde os 5 anos de idade e expôs suas idéias em uma obra de 1684 intitulada "Moyen court et très facile pour l'oraison" (Meio rápido e simples para orar). Ela era adepta do "Quietismo", movimento iniciado pelo teólogo espanhol Miguel de Molinos (nasceu em 1628 e morreu em Roma, na prisão, em dezembro de 1696). O Quietismo era assim chamado porque valorizava o estado de quietude interior e confiança em Deus em detrimento das práticas exteriores e da liturgia. É muito semelhante com as idéias de Juan de La Cruz (1542-1591) e de Teresa de Jesus (1515-1582). O Quietismo foi condenado como heresia em 1687 pelo Papa Inocêncio XI (1676-1689) na bula "Coelestis Pastor".

Fénelon é apresentado a Madame de Maintenon, casada secretamente com Luis XIV, em 1688 e se torna seu conselheiro espiritual. É através de Madame de Maintenon que ele toma conhecimento das idéias de Madame Guyon, vindo a conhecê-la no inverno de 1688-1689. As idéias de Madame Guyon causam profunda impressão a Fénelon e durante os anos seguintes ele mantem correspondência com ela.

Em 1689 Fénelon é indicado para preceptor do herdeiro do trono, que estava então com sete anos de idade, e inicia nova etapa em sua vida. É uma fase fecunda, em que escreve suas principais obras literarias e em que exerce sua maior influência política e religiosa. Principalmente ele procurou formar moralmente o herdeiro real, orientando-o para que se tornasse um bom governante.

Em 1693 ele foi admitido na Acadêmia Francesa. Para a instrução de seu aluno real ele escreve a partir de 1694 "les Dialogues des Morts" (Os Dialogos dos Mortos), "les Fables" (as Fábulas) e os contos que compõe "Les Aventures de Télémaque, fils d'Ulysse" (As aventuras deTelemáco, filho de Ulisses). Esse período brilhante da vida de Fénelon atinge seu apogeu em 4 de fevereiro de 1695 quando ele foi nomeado Arcebispo da diocese de Cambrai.

Os problemas políticos e o Banimento

A situação de Fénelon começa a se reverter quando ele se opõe a Bousset - uma das principais vozes do episcopado francês no reinado de Luis XIV - na questão do Quietismo e escreve um texto em defesa de Madame Guyon, "Explication des maximes des saints sur la vie intérieure" (Explicação das máximas dos santos sobre a vida interior - 1697) que acaba sendo condenado pelo Papa Inocêncio XII. A pregação de Fénelon também começa a gerar inqueitação na corte e nos meios religiosos, sua defesa das idéias quietistas gera uma efervescência espiritual que é mal vista pela hierarquia da Igreja.

O Catolicismo era a religião de estado na França do Antigo Regime e os dois poderes, o civil e o eclesiástico exerciam um controle rigoroso das consciências. A Igreja prestava serviço ao poder político legitimando-o e apoiando a ordem estabelecida de todas as formas e, por outro lado, a monarquia a defendia, mantendo-lhe os privilégios e reprimindo com todo rigor quem se afastasse dela. Assim religião e a política estavam de tal forma ligadas no reinado de Luis XIV que Madame Guyon acabou sendo considerada inimiga do estado e presa em 1698. Por acreditar que era possivel ligar o ser humano a Deus diretamente, sem intermediação da Igreja, permaneceu 5 anos encarcerada na Bastilha e depois foi banida para Blois.

Como dito acima, Fénelon ao escrever a obra Telêmaco criou um verdadeiro programa de educação moral para seu aluno. O objetivo da obra era formar-lhe o caráter para que, ao assumir o trono, fosse um bom governante, sem fanatismos e preocupado com o bem estar do seu povo. O problema é que assim que em 1698 começaram a circular na corte as primeiras cópias do texto, Luis XIV a viu como uma critíca direta a seu comportamento e a sua política.

Em janeiro de 1699 Fénelon foi afastado de seu cargo de preceptor do herdeiro ao trono. Em maio de 1699, quando Telemáco é publicado, Fénelon é  banido da Corte. Aceitando com humildade o revés em sua situação retirou-se para sua diocese. A partir de então viveu uma vida regular e austera, ritmado pelas visitas as paroquias de sua diocese, as suas predicações e homilias aos seminaristas. Ao redor de Fénelon ficaram a familia e os amigos. Deu conselhos políticos aos que o procuraram nas crises por que passou a França nos últimos anos de Luis XIV, mas o rei não lhe permitiu jamais voltar a Paris e recusou todos os pedidos que lhe foram feitos neste sentido.

Desencarnou em 1715 deixando muitas obras - em geral sobre assuntos políticos, de educação e de religião - e a fama de homem de bem que persiste até nossos dias.

Fénelon - Espírito

As mensagens de Fénelon, registradas nas obras básicas e na Revista Espírita, mostram que a formação moral do homem terrestre continua sendo o centro de suas atividades. É o educador e conselheiro, profundo conhecedor do ser humano, que com sua característica benevolência segue trabalhando  no plano espiritual. Transcrevemos abaixo a resposta de Fénelon à questão 917 do Livro dos Espíritos  (tradução de J. Herculano Pires, edição FEESP):

Qual é o meio de se destruir o egoísmo ?

De todas as imperfeições humanas, a mais difícil de desenraizar é o egoísmo, porque se liga à influência da matéria, da qual o homem, ainda muito próximo da sua origem, não pode libertar-se. Tudo concorre para entreter essa influência; suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a vida material, e sobretudo com a compreensão que o Espiritismo vos dá quanto ao vosso estado futuro real e não desfigurado pelas ficções alegóricas. O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os costumes e as crenças, transformará os hábitos, as usanças e as relações sociais. O egoísmo se funda na importância da personalidade; ora, o Espiritismo bem compreendido, repito-o, faz ver as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece de alguma forma perante a imensidade. Ao destruir essa importância, ou pelo menos ao fazer ver a personalidade naquilo que de fato ela é, ele combate necessariamente o egoísmo.

É o contato que o homem experimenta do egoísmo dos outros que o torna geralmente egoísta, porque sente a necessidade de se pôr na defensiva. Vendo que os outros pensam em si mesmos e não nele, é levado a ocupar-se de si mesmo mais que dos outros. Que o princípio da caridade e da fraternidade seja a base das instituições sociais, das relações legais de povo para povo e de homem para homem, e este pensará menos em si mesmo quando vir que os outros o fazem; sofrerá, assim, a influência moralizadora do exemplo e do contato. Em face do atual desdobramento do egoísmo é necessária uma verdadeira virtude para abdicar da própria personalidade em proveito dos outros, que em geral não o reconhecem. É a esses, sobretudo, que possuem essa virtude, que está aberto o reino dos céus; a eles sobretudo está reservada a felicidade dos eleitos, pois em verdade vos digo que no dia do juízo quem quer que não tenha pensado senão em si mesmo será posto de lado e sofrerá no abandono. (Ver item 785).

FÉNELON


ARNAULT e LANCELOT, 1992

FÉNELON, 1983
FILHO, 1976
KARDEC, 1995
WIKIPEDIA, 2006
WILHELM, 1988

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AMARAL, M. T. C. G. do. Principais fatos na vida de Hahnemann e do mundo.
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ARNAULT e LANCELOT. Gramática de Port-Royal. Tradução de Bruno Fregni Bassetto e Henrique Graciano Muracho. São Paulo: Martins Fontes, 1992. (Este livro traz uma boa introdução sobre o Jansenismo).

BESOUCHET, L. Pedro II e o século XIX. Rio de Janeiro: ed. Nova Fronteira, 1993


CAMPOS, H., Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Médium Francisco Cândido Xavier. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1974

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EMMANUEL. A Caminho da Luz. Médium Francisco Cândido Xavier. (sem indicação de edição) Rio de Janeiro: FEB, 1975.


FÉNELON. Oeuvres. Compilação e Introdução de Jacques Le Brun. França: Éditions Gallimard, 1983

FIGUEIREDO, P. H. de. Mesmer - A ciência negada e os textos escondidos. Bragança Paulista (SP): Lachâtre, 2005.

FILHO. J. A. Índice Bio-Bibliográfico. In: Vol. XVIII da coleção das Obras Completas de Allan Kardec. São Paulo: EDICEL, 1976.

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ZETTI, E. Deutschland in Geschichte und Gegenwart. 6. ed. München: Max Hueber Verlag, 1993.

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 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS

Casa Transitória Policarpo Guilherme, João Zamoner, Brasil

(Informações enviadas pelo João em resposta a uma pergunta que lhe fizemos sobre as atividades da "Casa Transitória Policarpo Guilherme")

O Sr. Policarpo Guilherme, ao ver pessoas desabrigadas nas calçadas, se sensibilizou, e c/ alguns amigos, compraram um terreno e construiram o Centro Espírita ‘Verdade e Luz”, e "albergue noturno” que foi fundado em 10 de setembro de 1934, com sede própria à av. 02 n° 745, - centro - e transferidos - centro espírita e “albergue noturno” com estrutura de Casa Transitória para a av. 05 n° 1415, Bairro Jardim Claret, onde atendemos as pessoas conforme explicaçao abaixo.

A nova diretoria resolveu mudar o nome de "albergue noturno”, para "casa transitória" para homenagear o seu fundador, passando portanto a  Departamento Assistencial “Policarpo Guilherme”, onde foram criados vários núcleos ficando assim constituídos:

- Núcleo “Abrigo Emergencial Casa Transitória Verdade e Luz”

- Núcleo “Serviço Social do Migrante”

- Núcleo “População de Rua”

- Núcleo “Família” – visita a famílias carentes

 

Foi criado também o Departamento Doutrinário “Policarpo Guilherme”, com os seguintes núcleos:

- Núcleo “Doutrinário”

- Núcleo “Divulgação e Intercâmbio Cultural”

- Núcleo “Social e Eventos”

 

Departamento Doutrinário “Policarpo Guilherme”

 

O Departamento Doutrinário “Policarpo Guilherme” tem por finalidade elaborar programas, projetos, palestras, cursos, seminários e eventos. O Departamento Doutrinário “Policarpo Guilherme” dispõe dos seguintes núcleos:

 

Núcleo Doutrinário:

  • organização e acompanhamento de reuniões doutrinárias, assistência espiritual, reuniões mediúnicas, promover e ministrar cursos sobre a doutrina espírita, evangelho, mediunidade, evangelização infantil e mocidade.
  • Estudos Das Obras de André Luiz/Joana de Ângelis/ Manoel F. de Miranda;
  • Curso de Educação Mediúnica;
  • Curso de Educação Evangélica;
  • Divulgação e Intercâmbio Cultural;
  • Livraria;
  • Jornal;

 

Núcleo Social e Eventos:

  •  promover eventos almoços, bazares, etc.


Núcleo de Divulgação e Intercâmbio Cultural:

  • manter intercâmbio com a federação Espírita, USE, visitas a outras entidades, programar palestras no centro, fazer publicações (jornal), organizar livraria, biblioteca, promover as artes e cultura;

 

Departamento Assistencial “Policarpo Guilherme”

 

O Departamento Assistencial “Policarpo Guilherme”, antiga Casa Transitória “Verdade e luz”, - possui vários núcleos de assistência e promoção social. Serve como suporte ao “Núcleo de Abrigo Emergencial Casa Transitória Verdade e Luz” e aos “Núcleos Assistenciais”

  • Assistência Alimentícia e Psicológica Ao Migrante;
  • Assistência de Abrigos a Crianças, Idosos, Migrantes, Família em Situação de Risco.

 Núcleo Família:

  • Atende famílias em vulnerabilidade, fornecendo orientações social, jurídica, psicológica e encaminhamento para outras instituições:
  • Oferece ainda:
    • Curso de Promotoras legais Populares as segundas-feiras, de 8:30 às 11:00h
    • Grupo de auto-ajuda a síndrome de pânico, às terças-feiras, de 19:30 às 21:00h

 

Núcleo População de Rua:

  • Atende famílias ou núcleo familiares, pessoas sós expostas na rua.
  • Operação inverno (em parceria com a SMAS)
  • Ronda noturna nos meses de junho/julho/agosto e setembro das 18:00 as 23:00h

 

Núcleo Abrigo Emergencial “Casa Transitória Verdade e Luz”:

  • abriga pessoas em situações de risco social. Dá apoio aos outros núcleos de atendimento. Além de abrigamento de emergências são fornecidos: alimentação, higienização, pernoites e roupas.

 

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° PAINEL

O IPEPE convida você, IPEPE, Brasil


Caro amigo,
  
O Instituto de Intercâmbio do Pensamento Espírita de Pernambuco (IPEPE) convida você para participar do seu próximo Ciclo de Estudos Integrados (CEI). O mesmo terá a seguinte programação:
Tema --> O Aborto e a Bioética.
Facilitadora --> Yolanda Polimeni.
Data -->  02 de abril de 2006 (domingo).
Horário --> 16:00 às 17:30h.
Local --> Tabernáculo Espírita Apóstolos de Cristo (Rua Miranda Cúrio, 101, Encruzilhada, Recife-PE).

O Ciclo de Estudos Integrados (CEI) tem como eixo principal as interligações do pensamento espírita com os assuntos e ações de interesse da sociedade. No mesmo possuímos momentos para exposições, debates e, a depender do assunto, análise de possibilidades de projetos e ações para intercâmbio e implementação na sociedade.

 

A entrada é franca. Aguardamos a sua presença.

 

Paz,

 

Assessoria de Internet do IPEPE

( www.ipepe.com.br / ipepe@ipepe.com.br )


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Evento Histórico no Espiritismo, Spiritist Society of Baltimore, EUA

Prezados Espíritas,
 
Neste mês de julho, Espiritismo e Espiritualismo finalmente se reencontram.
 
Junte-se a nós neste evento historico em 21 e 22 de julho. Divaldo Franco, Maria Gertrudes e Vanessa Anseloni estarão dando suas apresentações sobre o Espiritismo na meca do Espiritualismo Americano em Lily Dale. O evento é todo organizado pela Lily Dale Assembly.
 
Para inscrição e mais informações, refira-se a http://www.lilydaleassembly.com/
 
Abracos,
familia SSB

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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição/Cancelamento - inscricao-pt@geae.inf.br

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
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Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins