Como lidar com as diferenças de idéias no
meio espírita ?
Amigos,
Uma
constatação a que não deixa de chegar o observador
mais atento é que dentro do movimento espírita existe
uma variação de idéias a respeito de pontos
acessórios1 da doutrina. Nada
de se estranhar, pois o
número de espíritas e simpatizantes é muito grande
e a
unanimidade total de idéias dentro da comunidade espírita
é praticamente impossível.
A Doutrina Espírita, e nisto todos concordam,
prima pela defesa
da fé raciocinada, ou seja, por incentivar o estudo e o
raciocínio próprio em torno do conjunto de conhecimentos
que a compõe. Não há a adesão a uma forma
imposta de pensar, muito menos a sujeição a uma
autoridade doutrinária que diga o que é certo ou o que
é errado.
O que chamamos de Espiritismo é o
ensinamento transmitido
pelos Espíritos, ou derivado dos estudos sobre a
comunicação mediunica, organizado por Allan Kardec e
complementado gradualmente nos cento e poucos anos que se seguiram a
sua
desencarnação. A complementação foi
resultado de
novas comunicações e do aprofundamento dos estudos. Este
desenvolvimento seu deu principalmente em questões
acessórias, que não modificaram o núcleo da
Doutrina2:
- A existência de Deus,
inteligência
suprema, causa primária de todas as coisas;
- A existência de um
princípio
inteligente no homem, o Espírito, que sobrevive ao corpo e
conserva sua individualidade;
- O Espírito evolui
através de
múltiplas existências (reencarnações) em um
processo que o leva à perfeição;
- Todos os Espíritos
são criados
iguais e evoluem sujeitos à mesma lei de causa e efeito;
- A comunicação
entre os
Espíritos desencarnados e os Espíritos encarnados (os
seres humanos) é possível e natural;
- A moral Espírita
fundamentada na moral
Cristã (Fora da Caridade não há
salvação);
Entre as questões acessórias tratadas
após a
desencarnação de Kardec3
podemos citar:
- Aprofundamento das
informações sobre
o mundo espiritual onde permanecem os Espíritos no intervalo de
suas encarnações;
- Aprofundamento dos estudos
sobre a
mediunidade;
- Aprofundamento dos estudos sobre
os aspectos
morais/religiosos do Espiritismo;
- A afinidade entre o
movimento espírita e o esperantista;
- A afinidade entre o
movimento espírita e a homeopatia;
- A atuação social
espírita;
- A questão da identidade própria com
relação a outras filosofias e religiões
espiritualistas (por exemplo: as religiões afro-brasileiras);
A bibliografia
Espírita contemporânea é imensa, refletindo a
extensão do campo de assuntos tratados. Neste campo se encontram
temas tão distantes quanto o estudo da
evolução do princípio inteligente nos reinos
animal e vegetal até a discussão sobre as formas de
existência em outros planos e mundos, passando pelos testemunhos
sobre as condições do mundo espiritual e das leis que o
regem.
É justamente
nas áreas periféricas deste campo de conhecimentos que
surgem as discussões e são nas idéias muito novas
ou nas que
não encontraram apoio na maioria dos grupos espíritas,
que se concentram as divergências.
O exemplo mais
clássico é o da polêmica sobre o corpo
fluídico de Jesus, que sem entrarmos no seu mérito,
reflete justamente uma questão deste tipo. Ela
é acessória porque nada interfere no núcleo
da Doutrina e
é praticamente insolúvel porque as únicas provas
que a
encerrariam definitivamente seriam a descoberta do túmulo com os
restos mortais de Jesus (bastante improvável já que os
testemunhos documentais existentes - os Evangelhos - falam de seu
desaparecimento na ressureição e, mesmo que os
testemunhos não sejam precisos, já se passaram quase
2.000 anos do fato) ou o
testemunho do próprio Jesus através de
médiuns de credibilidade aceita por todas as partes.
Argumentações
baseadas em fatos e conhecimentos doutrinários, mais ou menos
sólidas, não têm como resolver a discussão
porque
há outros aspectos envolvidos além dos racionais. As
pessoas têm perfis diferentes, correspondem a tipos
psicológicos diferentes4. As
mesmas
situações
apresentadas à pessoas de tipos psicológicos diferentes
as
levam a conclusões e respostas diferentes.
Além da
questão do tipo psicológico há o histórico
pessoal. O país onde a pessoa vive, a classe social a que
pertence, a
organização em que trabalha e os grupos sociais a que se
liga nas suas horas livres, todos contribuem para formar a
visão de mundo do indivíduo. Visão de mundo que
servirá de filtro para o modo como recebe as
informações do mundo externo e as interpreta5.
Acrescente-se a estes pontos discutidos o fato de que
nosso
vocabulário é adaptado às necessidades das
sociedades
terrenas atuais, as palavras têm múltiplos sentidos e nem
sempre
são adequadas para expressar idéias que fogem ao modo de
vida material. Assim informações sobre o mundo espiritual
ou sobre realidades que transcendem a matéria geralmente
são trazidas pelos espíritos na forma de analogias ou de
aproximações. A interpretação das analogias
e das aproximações é fortemente dependente do
receptor da informação6.
Como a única
forma de não termos divergências de idéias no
movimento espírita seria termos todos os espíritas com o
mesmo tipo psicológico, e com o mesmo histórico pessoal,
não há outra alternativa viável senão
vivermos com as diferenças. Naturalmente existiram no passado
grupos religiosos que tentaram a uniformidade absoluta e a única
forma de obtê-la é pela imposição.
Historicamente isto gerou perseguições,
intolerância e guerras religiosas. Não são bons
exemplos a se seguir, pois ao impor a uniformidade precisaram
justamente deixar para trás - ou encobrir através de
sofismas - o que é mais importante no seu núcleo: o amor
ao próximo.
Vivermos com as
diferenças significa sabermos
trocar idéias e compartilhar espaços com pessoas que
defendem posições diferentes das nossas nos pontos
acessórios da Doutrina. Significa compreender que nós e
elas somos Espíritas. Significa principalmente sempre ter em
mente que:
- Os pontos acessórios
não
estão completamente resolvidos e podem mudar com novos
desenvolvimentos;
- Tanto nós como elas temos
limitações e preferências, o que afeta nosso modo
de
perceber a realidade;
- Talvez nem nós, nem elas,
estejamos de
posse da verdade definitiva, possivelmente ambos estejamos errados;
- O mesmo se dá em qualquer
outro campo de
atuação da vida humana. A uniformidade não
é a regra.
A solução
é a "tolerância". Tolerância
no sentido mais amplo de que aceitamos que o outro pense de forma
diferente porque ele tem tanto direito quanto nós de ter sua
interpretação da fé raciocinada que
compartilhamos. Interpretação tão válida
quanto a nossa. Se ele está certo e nós errados, ou
vice-versa, apenas o
tempo dirá.
Claro que a
tolerância também vale para as pessoas que divergem de
nós até mesmo nos pontos básicos da Doutrina, nos
que consensualmente são os que identificam uma pessoa como
Espírita, mas nesse caso se trata mais da tolerância com a
crença legitima de nossos irmãos de outras
religiões e com circunstâncias que fogem ao escopo
deste pequeno comentário. É natural neste caso esclarecer
a pessoa do que é o Espiritismo e mostrar-lhe, sempre dentro do
máximo respeito para suas crenças pessoais, que ela
defende idéias diferentes deste.
Kardec disse que a
fé verdadeira não teme o uso da
razão. Ele poderia ter acrescentado que a fé verdadeira
também não teme conviver com diferenças de
opinião. A fé verdadeira não teme a troca de
idéias e o debate, muito menos teme estudar as opiniões
alheias. É a fé vacilante que
busca a uniformidade,
para não se questionar a si própria.
Muita Paz,
Carlos Iglesia
Editor
GEAE
3 - Allan Kardec no texto "Rivalidades entre Sociedades" (O
Livro dos Médiuns) já tratava a possibilidade das
divergências provocadas por questões acessórias:
"(...)
Como dissemos no capítulo
sobre Contradições, essas divergências têm por
motivo, na maioria das vêzes, questões acessórias
ou até mesmo simples palavras. Seria pueril, portanto, cindirem
o grupo, formando outro à parte por não pensarem
exatamente da mesma forma. Haveria ainda coisa pior se os diversos
grupos ou sociedades de uma mesma cidade se olhassem
recìprocamente com inveja. Compreende-se a inveja entre pessoas
que disputam entre si e podem causar-se prejuízos materiais. Mas
quando não há especulação a inveja ou o
cíume nada mais são do que mesquinha rivalidade provocada
pelo amor próprio. Como não pode haver, de maneira
alguma, uma sociedade que possa reunir todos os adeptos, as que
realmente desejam propagar a verdade, que têm um objetivo
exclusivamente moral, devem ver com prazer o aparecimento de novos
grupos e, se houver concorrência entre eles deve ser apenas uma
emulação no campo do bem. Aquelas que pretendessem estar
na posse exclusiva da verdade deveriam prová-lo tomando por
divisa: Amor
e Caridade, porque essa
é a divisa de todo verdadeiro espírita. (...)"
"Se o Espiritismo deve, como foi anunciado,
realizar a transformação da humanidade, só
poderá fazê-lo pelo melhoramento das massas, o qual
só se dará gradualmente, pouco a pouco, pelo melhoramento
dos indivíduos. Que importa crer na existência dos
Espíritos, se essa crença não tornar melhor, mais
bondoso e mais indulgente para os seus semelhantes, mais humilde e mais
paciente na adversidade aquêle que a adotou ? (...)"
"Essa é a via pela qual nos temos
esforçado para levar o Espiritismo. A bandeira que arvoramos bem
alto é a do Espiritismo
cristão e humanitário, em torno da qual somos felizes de ver
desde já tantos homens se juntarem em todos os pontos da Terra,
porque compreendem que está nela a âncora de
salvação, a salvaguarda da ordem pública, o signo
de uma nova era para a humanidade. (...)". Capítulo XXIX
- Reuniões e Sociedades, O Livro dos Médiuns,
tradução de J. Herculano Pires, coleção das
obras completas de Allan Kardec da EDICEL.
4 - Uma leitura
interessante a respeito é o livro "Tipos
Psicológicos" de C. G. Jung. que estuda a questão dos
tipos psicológicos com grande profundidade.
5 - A
diferença cultural e suas
implicações na comunicação humana
são objeto de importantes estudos, como os do Prof. Geert
Hofsted (http://www.geert-hofstede.com/).
Em uma pesquisa que desenvolveu com pessoas de 50 filiais da IBM
em países diferentes, do mesmo nível dentro da
organização, ele identificou algumas
características marcantes (chamadas por ele de "dimensões
da cultura") que permitiam entender porque elas chegavam a
soluções diferentes para os mesmos problemas. Recomendo a
leitura do livro "Culture's Consequences : Comparing Values, Behaviors,
Institutions, and Organizations Across Nations" do Prof. Geert, ele
traz uma excelente visão do que como a "cultura" interfere
no modo como vemos e reagimos ao mundo.
6 - "Ninguém pode
ultrapassar de improviso os recursos da
própria mente, muito além do
círculo de trabalho em que estagia; contudo, assinalamos, todos
nós, os
reflexos uns dos outros, dentro da nossa relativa capacidade de
assimilação". Emmanuel, trecho do capítulo
"O Espelho da Vida" do livro "Pensamento e Vida", médium
Francisco Cândido Xavier, FEB.
Retorno
ao Índice
Auto-sucesso,
Rogério Coelho, Brasil
"O sucesso
sobre si
mesmo acentua a
harmonia e aumenta a alegria do ser..."
- Joanna de Ângelis
Palavra
originária do latim
"successu", sucesso
significa aquilo que sucede, acontecimento, sucedimento,
resultado,
conclusão,
êxito, resultado
feliz,
cartaz, popularidade, etc...
Inúmeras
criaturas perseguem-no na área das
finanças,
das artes, das
ciências, buscando,
com isso, o destaque, o
aplauso, a
fama... Vislumbram em tais conquistas a
única
forma de felicidade possível, quando, na
verdade, essa atitude traduz tão somente uma
exacerbação do "eu
propínquo", em
quiméricos logros de evidência no
proscênio social.
Mister
planear o sucesso
sim,
não o convencional, mas aquel`outro que
realmente
merece nosso empenho em
alcançá-lo: A Vida
correta, o
amor, o aprimoramento da
inteligência, a
sabedoria, a humildade, a virtude de coexistir em
paz. Podemos chamar esse tipo de sucesso
de
sucesso interno. Embora
invisível e
silencioso, envolve quem o alcança em
altos
níveis de paz, sensibilidade
afetiva,
docilidade no trato... Nessa
condição,
a criatura consegue domar as inclinações
más, os atavismos deprimentes, o
"homem-velho",
atingindo a plenitude, crescendo, enfim, sem atropelos nem
perturbações. São excelentes
exemplares de tal sucesso
criaturas como:
Madre Tereza de Calcutá,
Irmã
Dulce, Mohandas K. Gandhi, Francisco de Assis, e o outro
Francisco, o nosso Cândido Xavier, Divaldo P. Franco, etc...
Analisemos,
agora, o "sucesso" de algumas
criaturas cujos
nomes estão mundialmente projetados, detentoras do
"sucesso externo". Não raras,
enviscaram-se nas
tredas redes da
toxicomania,
do alcoolismo, da
sexolatria,
das excentricidades... Sofrem de solidão, vazio,
frustrações e tédio.
Em oportuna mensagem,
Joanna de Ângelis fala sobre: SUCESSO
E SUCESSO:
"No dicionário do
pensamento cristão,
sucesso é vitória sobre si mesmo e sobre as
paixões primitivas.
Os sucessos de Júlio
César,
Nero, Hitler e assemelhados Não os isentaram
respectivamente do punhal, da morte infamante, do suicídio
vergonhoso e das tristes sinas...
Todos aqueles que transitam na forma
física,
no Educandário Terrestre, de breve
duração,
deixam, um dia, o carro existencial, levando,
entretanto,
nos depósitos da Alma os tesouros logrados com os
seus
sucessos."
Há
que se avaliar a que tipo de "sucesso"
entregamos
nossas cogitações e energias.
"(...)
Quem visse o sucesso de Pilatos, de
Anás
e Caifás na política e na
religião, encarcerando Jesus,
traído
por um amigo e
crucificado entre
bandidos comuns, certamente os
lamentaria, ao
constatar que - aparentemente -
vencido,
foi o Mestre o
conquistador
do real sucesso, permanecendo,
até hoje,
como símbolo e modelo de vitória sobre Si mesmo,
chamando-nos para imitá-lO."
O
Céu e o
Inferno
- 140 Anos, Fernando Porto, Brasil
(Artigo publicado no
Dirigente Espírita Jan /Fev. 2005)
Se nos
perguntássemos: Qual o papel do Espiritismo na
regeneração da humanidade? Considerando o
materialismo um
dos fatores que estimulam o recrudescimento do egoísmo,
principal obstáculo à prática da
verdadeira
fraternidade ensinada por Jesus, o seu papel é de extrema
importância uma vez que comprova de forma patente a
sobrevivência do ser.
Por essa
razão, o Codificador sempre aconselhava aos
espíritas que
o Espiritismo deveria ser propagado entre os incrédulos,
respeitando os adeptos das doutrinas religiosas com suas
crenças, ainda que errôneas. No entanto,
não
podemos ignorar que com a publicação de O
Céu e o
Inferno, o Espiritismo desferiu um grande golpe nos dogmas fundamentais
das religiões tradicionais.
Kardec elaborou um
artigo 1
,simultâneo à publicação
de O Céu e o Inferno, intitulado O que ensina o Espiritismo
no
qual refutava as alegações de alguns
contraditores que
afirmavam ser muito lenta a marcha do Espiritismo e nada de novo haver
revelado à humanidade. Neste texto, o mestre
lionês
apresenta as principais conquistas da Doutrina, como a
comprovação peremptória da
imortalidade da alma e
o seu efeito sobre o moral do homem, no consolo de suas
aflições e incentivo à
prática do bem e
destaca dentre outros conteúdos valiosos do Espiritismo que
ele:
"Retifica todas as
idéias falsas que
se tivessem sobre o futuro da alma, sobre o céu, o inferno,
as
penas e as recompensas; destrói radicalmente, pela
irresistível lógica dos fatos, os dogmas das
penas
eternas e dos demônios; numa palavra, descobre-nos a vida
futura
e no-la mostra racional e conforme a justiça de Deus".
E
é neste ponto que destacamos o grande mérito de O
Céu e o Inferno ao discutir questões antes
relegadas
à superstição e ao misticismo
teológico no
próprio terreno da ciência. Neste livro,
apresentam-se os
fatos, o arcabouço teórico e a
comprovação
das teses defendidas por meio da investigação em
torno
dos depoimentos dos próprios Espíritos. Sob este
ângulo, precisamos ressaltar o pioneirismo do trabalho de
Kardec
ao abordar as testemunhas oculares que revelam sua
situação após a morte do corpo
material e, dessa
maneira, desvendar as leis que regem as diversas ocorrências
de
além-túmulo.
Apesar do processo de
desencarnação variar caso a caso, é
possível identificar a partir dos relatos dos
Espíritos
nesta obra algumas características comuns como a
perturbação pós-morte, a
visão
panorâmica ou revisão da existência
física, a
continuidade das afeições e o reencontro com os
familiares e amigos desencarnados. As conseqüências
das
ações praticadas e o grau de felicidade dos
Espíritos desencarnados são apresentados de
maneira
eloqüente e o efeito da prece naqueles que sofrem as
aflições do arrependimento pelos erros cometidos 2
.
Há mais de dez
anos o nosso companheiro Castilho ressaltava 3
a distância
entre
a importância da obra e o esforço por parte dos
formadores
de opinião em sua divulgação,
principalmente em
comparação aos demais livros que
compõem a
Codificação kardeciana. Todos os
espíritas
deveriam se debruçar sobre estas páginas de luz
que
descortinam a vida imortal e restabelecem a fé
inabalável
no futuro. Que neste ano, redobremos nossos esforços para
tornar
mais conhecido um dos pilares que sustentam o grande
edifício da
Doutrina Espírita.
1-Revista Espírita, agosto de 1865.
2-Vide o artigo Estudando "O Céu e o
Inferno" na Revista,
“Reformador”, de agosto de 1985.
3-CASTILHO, José A. A literatura
espírita, seu
estudo e
divulgação. 1. ed. Capivari: EME Editora, 1993.
Retorno
ao
Índice
Alteridade - Termômetro, Luiz Carlos D.
Formiga, Brasil
A diversidade
é uma realidade irremovível da Seara e seria utopia e
inexperiência tratá-la como “joio”.
Imprescindível propalar a idéia do ecumenismo afetivo
entre os seareiros, para que a cultura da alteridade seja disseminada e
praticada no respeito incondicional a todos os segmentos. A atitude de
alteridade será -- o termômetro -- do
progresso das idéias espíritas no movimento, será
o “trigo” vicejante e plenificado na ética da
fraternidade vivida. As instituições embebidas desse
espírito promoverão o diálogo franco e
transparente e construirão através das
relações as transformações. O desafio
está lançado.
______________________
Roustaing, o Termômetro e os Direitos
Fundamentais.
"o erro não se
torna verdade por se difundir e multiplicar facilmente.
Do
mesmo modo, a verdade não se torna erro pelo fato de
ninguém ver".
Gandhi
Sobre Roustaing não posso opinar. Não encontrei tempo
para ler e estudar suas obras. No entanto, isto não impede as
"contaminações" pelas amizades que tenho com pessoas dele
admiradoras, aqui no Rio de Janeiro. Tenho encontrado entre os adeptos
de Roustaing pessoas que dignificam o ser humano e com elas tenho
amizade. Isso já me rendeu boicote em casa espírita e em
estação de rádio. No entanto, acredito na pessoa
humana como investimento divino. Um dia vão mudar e me
compreender.
Não sou adepto de Roustaing. Nesse assunto sou ignorante
confesso, mas tenho, eventualmente, lido o que dizem adversários
e divulgadores. Existem outros ignorantes "confessos". São os
que leram, não entenderam e fizeram a opção pela
intolerância. Ignoram também as liberdades. Proibir uma
obra é revelar temor. Pessoas, na revolução de 64,
induziram-me a ler o Manifesto Comunista. Gostei. No entanto, gostei
mais do Manifesto do Sermão da Montanha. Na época
vivenciava ambiente conflitante, pois era espírita
acadêmico de biomedicina na Faculdade de Ciências
Médicas da UEG e também aluno-Aspirante a Oficial da
Reserva do Exército (CPOR).
"Pessoas" me fazem recordar palavras de um jurista-filósofo,
membro da Academia de Letras e reitor da USP: "o novo Código
Civil começa proclamando a idéia de pessoa e os direitos
da personalidade. Não define o que seja pessoa - o
indivíduo na sua dimensão ética, enquanto é
e enquanto deve ser". Miguel Reale leciona que "a pessoa é o
valor-fonte de todos os valores, sendo o principal fundamento do
ordenamento jurídico".
Sendo objetivo digo que "uma pessoa só tem liberdade religiosa
se puder optar num ou noutro ponto de vista, sem perder sua dignidade
como cidadão. A liberdade de crença e religião,
sendo preservadas, aprimoradas e estendidas a todos os
indivíduos, trará ainda maior evolução dos
direitos e garantias individuais, que conduzem à justiça
social e à paz entre os povos".
Pessoas participaram do Encontro de Cúpula Mundial de
Líderes Religiosos e Espirituais pela Paz Mundial e assinaram o
"compromisso com a paz global". Consideraram que as religiões
têm contribuído para a paz no mundo, mas também
têm sido usadas para criar divisão e alimentar
hostilidades. Estes participantes concordaram que em um mundo
interdependente, a paz requer concordância sobre valores
éticos fundamentais. Declararam diversos compromissos.
Destacamos a determinação de conduzir a Humanidade
através de palavras e obras a um renovado compromisso com os
valores éticos e espirituais, que incluem um profundo sentido de
respeito por todas as formas de vida e pela dignidade inerente a cada
pessoa e o seu direito de viver em um mundo livre da violência.
A revista Fraternidade (Lisboa) publica a reportagem. Nela soubemos que
assinaram o "Compromisso" os integrantes da delegação
brasileira, junto com Bawa Jain, Secretário-Geral do "The
Millennium World Peace Summit" .
Como existem hoje no mundo muitos conflitos, tendo como base o
pensamento religioso, acreditamos ser fundamental o respeito à
liberdade de religião e o exercício da tolerância
religiosa.
A religiosidade está presente no seio das sociedades humanas em
todos os tempos. É um direito fundamental incluído em
todas as Constituições. Situa-se no cerne das
discussões sobre direitos humanos. Advoga-se que foi a origem de
todos os demais direitos, sendo consagrado por tratados internacionais.
Sua importância é inquestionável. No passado foi
palco de graves conflitos, incluindo as atrocidades nas
inquisições. Ainda hoje está presente nos graves
conflitos existentes ao redor do mundo. A paz é favorecida
através da tolerância e é de interesse de todos.
Encontramos estudos sobre a proteção à liberdade
de religião ou crença no Direito Constitucional e
Internacional. Na Declaração Universal dos Direitos
Humanos e nos Pactos Internacionais sobre direitos humanos se proclamam
os princípios da não-discriminação e da
igualdade perante a Lei e o direito à Liberdade de pensamento e
de convicção.
Importante é a luta para que não se menospreze a
violação dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais, em especial a liberdade de religião OU
CRENÇA DE QUALQUER NATUREZA.
A expressão exterior da liberdade religiosa é uma forma
de manifestação do pensamento (penso, logo co-existo).
Nesta coexistência vamos encontrar liberdades: a de
crença; de culto e de organização. Da liberdade de
crença surge a de escolha (ou não) da religião, a
liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (direito)
de mudar de religião. Há limites, pois essa liberdade
não compreende a de embaraçar o livre exercício de
qualquer religião, de qualquer crença, uma vez que esta
liberdade vai até onde não prejudique a dos outros.
Esse direito pode ser estudado nos julgados do Tribunal Europeu dos
Direitos do Homem. O artigo número 9, da
Convenção Européia dos Direitos do Homem, trata da
Liberdade de pensamento, de consciência e de religião. Diz
que "qualquer pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de
consciência e de religião; este direito implica a
liberdade de mudar de religião ou de crença, assim como a
liberdade de manifestar a sua religião ou a sua crença,
individual ou coletivamente, em público e em privado, por meio
de culto, do ensino, de práticas e da celebração
de ritos".
O Decreto 678, de 06 de novembro de 1992, do Governo Brasileiro, trata
do assunto com base no Direito Constitucional Internacional, Pacto de
São José da Costa Rica (Convenção Americana
de Direitos Humanos), ratificado em 25 de setembro de 1992. O artigo 12
da Declaração enfatiza o artigo número 9 acima
referido, expressando o direito de mudar de crença e consagrando
os demais direitos.
As pessoas só acordam para a importância da liberdade
religiosa depois de serem alvos de alguma ameaça concreta.
Acordei quando seu Júlio, na União Espírita
Suburbana, Méier. RJ.RJ,, me contou o que religiosos fizeram com
uma casa espírita nos anos dourados (1960).
Vamos saltar aos anos 90.
Até 1992 funcionou na UFRJ o "Grupo Jésus
Gonçalves", no Centro de Ciências da Saúde. Com
Edesio (Fraternidade André Luiz) e Paulo Hobaica (Obreiros do
Bem) fizemos muitos estudos espíritas e combatemos o
leproestigma, que assustou funcionários diante de um caso de
hanseníase (rapidamente curado) entre nós. Este grupo foi
o embrião do NEU-RJ. Promovemos um encontro que reuniu 300
pessoas, no anfiteatro nobre ("quinhentão") para ouvir e debater
o tema "Regressão de Memória". Convidamos o jornalista
Luciano dos Anjos. Surgiu o "fogo amigo".
Ainda não sou adepto de Roustaing e não estou preocupado
em agradar a ninguém, mas registrar o interesse pelo direito
constitucional e pela liberdade de crença.
A liberdade de religião é muito importante para a
humanidade, sendo um dos pilares dos direitos humanos e da
Democracia. Sou espírita, democrata. Sei que a democracia,
como lecionava Norberta é cansativa (1990-2005), onera o tempo,
mas não me apresentaram coisa melhor. Creio que um dos seus
defeitos é não ter conseguido contornar o poder
neurótico.
A liberdade religiosa está no cerne da problemática dos
direitos humanos fundamentais. Não existe plena liberdade
cultural, nem plena liberdade política sem liberdade religiosa.
Alguns autores vão mesmo ao ponto de ver na luta pela liberdade
de religião a verdadeira origem dos direitos fundamentais.
Não se trata aí apenas da idéia de "Ética
da Tolerância" como a declinamos para os Núcleos
Espíritas Universitários, mas da concepção
da liberdade de religião e crença, como direito
inalienável do homem, tal como veio a ser proclamado nos
modernos documentos constitucionais. Toda a doutrina, leis,
declarações de direito internacional, julgados,
pareceres, notícias apontam para o respeito e a
proteção à liberdade de religião e
crença como requisitos para o exercício pleno da
democracia e cidadania e ainda como meios de combater a
discriminação e a intolerância religiosa e de
crença. Na aplicação, o exercício
dessa liberdade não pode prescindir do princípio da
igualdade, pois está calcada na idéia da dignidade da
pessoa humana e necessita do reconhecimento de sua importância
pelo poder político. Esta liberdade já despontava em
nossas Constituições desde 1824. Pode ser utilizada como
termômetro para avaliação do grau de democracia e
cultura de um povo.
Vacinar pessoas é um grande desafio. Intolerância
não é doença contagiosa, mas é contagiante.
Para enfermidades ligadas aos direitos fundamentais existem
remédios constitucionais. O primeiro arcabouço
sustentador do direito constitucional é o princípio da
legalidade. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude da lei.
No artigo de número 9 da Convenção Européia
podemos encontrar julgados enfatizando as convicções
humanas, de ordem religiosa, filosófica, moral, política,
social, econômica ou científica. Esses direitos podem ser
invocados individualmente ou por pessoa jurídica.
Há uma queixa (número 8282/78) que originou a
Decisão de 14 de julho de 1990, onde a Comissão
reconheceu que uma campanha de agitação contra uma igreja
ou grupo religioso pode acarretar responsabilidade do Estado se as
autoridades não tomam medidas apropriadas para lhe por fim. A
casa espírita, lá nos anos dourados, teve que fazer as
malas. A agressão sofrida não ganhou a mídia
espírita como "a psicografia diante dos tribunais". Agora em
2005 escrevi um texto que também não foi aceito num
periódico espírita - "Torres Gêmeas Afro". Nele
faço um relato sobre o problema vivido pelos Umbandistas e pelos
adeptos do Candomblé. Com eles também mantenho amizade,
caso contrario teria que renegar muitos amores familiares, que
não pensam como eu.
Na universidade fomos treinados para tudo examinar, incluindo a
hipótese do absurdo. Meu laboratório, no Departamento de
Patologia, funcionava como Centro de Referência do
Ministério da Saúde para as Corinebacterioses. Recebemos
do LACEN de Brasília uma amostra suspeita de Corynebacterium
diphtheriae, agente de infecção respiratória grave
no período infantil. Acontece que o bacteriologista
clínico a havia isolado de líquido espermático e
no nosso laboratório demonstrou grande capacidade de produzir
exotoxina. Publicamos o caso nas Memórias do Instituto Oswaldo
Cruz. Não fosse o cuidado do LACEN a amostra teria sido referida
como difteróide (aquele que parece, mas não é).
Posso até parecer, mas ainda não sou.
Em matéria religiosa, para que possamos desenvolver quaisquer
convicções é necessário que haja a
possibilidade de comunicação com outros e
conseqüentemente ter acesso a diferentes pontos de vista. Num
Estado de Direito, a liberdade religiosa só tem sentido em
condições de reciprocidade e o direito de igualdade
pressupõe o direito à diferença (somos iguais, mas
diferentes e, diferentes, mas, sobretudo, iguais)
Luiz Carlos D. Formiga
______________
Nota do Autor:
Retorno
ao
Índice
Curso de
Ciência e
Espiritismo, 16ª Aula, Alexandre Fontes da Fonseca
O Estudo e a Orientação no trabalho de pesquisa
espírita
1. ESTUDO E ORIENTAÇÃO
Um dos fatores
importantíssimos no progresso da Ciência é aquilo
que chamamos de colaboração onde dois ou mais cientistas
se juntam para estudar e resolver um problema. Esse processo não
envolve apenas cientistas já formados e experientes. Ele envolve
o processo de formação de novos pesquisadores onde os
mais experientes orientam os jovens estudantes no estudo e
prática científicas.
O Movimento Espírita desenvolve seus estudos de
várias formas. Muitos centros espíritas possuem cursos
introdutórios de Espiritismo e sobre a Mediunidade. Esses
cursos, em geral, objetivam esclarecer os iniciantes sobre os
principais conceitos da Doutrina Espírita e oferecem a
oportunidade da realização de atividades
mediúnicas sob orientação dos companheiros mais
experientes, e de acordo com a Doutrina Espírita. Nesses cursos,
os aspectos doutrinários (filosófico, científico e
religioso) são ensinados de modo que o iniciante tenha uma
visão mais ampla do Espiritismo. Muitas casas espíritas
oferecem diversos cursos adicionais de modo que o trabalhador
espírita que já conhece os conceitos básicos do
Espiritismo, permaneça em constante aprendizado.
Outro veículo de divulgação e
estudo é o livro espírita. A literatura espírita,
hoje, é muito extensa e os diversos gêneros de leitura
oferecem aprendizado em linguagem acessível a todas as pessoas.
Além disso, o Movimento Espírita conta
com muitos periódicos (jornais, boletins e revistas) que trazem
aos leitores muitas informações espíritas,
divulgam eventos, apresentam estudos específicos a luz do
Espiritismo, e muito mais. O detalhe que desejamos ressaltar na aula de
hoje é que a grande maioria do que é divulgado nesses
periódicos é assinado por um único autor.
Como vamos falar de colaboração,
gostaríamos de deixar claro que o conteúdo desta aula
deve ser entendido no sentido da realização da atividade
de pesquisa espírita, onde idéias e conhecimentos novos
são obtidos como frutos do trabalho de pesquisa. Portanto,
não estamos falando das matérias espíritas
tão importantes quanto necessárias no processo de
divulgação da Doutrina Espírita. Também
não estamos questionando a publicação de
opiniões pessoais sobre qualquer assunto espírita.
Estamos falando da divulgação dos trabalhos de pesquisa
de interesse espírita que precisam satisfazer muitos
critérios de seriedade para que seus resultados possam ser
usados com confiança em futuros estudos e pesquisas.
Ao falar em colaboração, não
estamos querendo dizer que uma pesquisa não pode ser realizada
por uma única pessoa. Esta aula objetiva orientar tantos os mais
experientes quanto os iniciantes em estudos espíritas, a
canalizar o potencial de ambos no desenvolvimento dos conhecimentos
espíritas.
Ninguém inicia o aprendizado científico
sem conhecer a disciplina básica com a qual pretende trabalhar.
Um pesquisador físico, por exemplo, precisa ter o conhecimento
básico da Física, enquanto um pesquisador médico
precisa ter o conhecimento básico da Medicina. Não
é de se esperar, portanto, que o pesquisador espírita
precisa ter um bom conhecimento do Espiritismo e isso não ocorre
do dia para a noite. Isso requer não somente a
participação em cursos onde o indivíduo pode
trocar idéias com outros companheiros, mas também a
leitura das obras básicas da codificação e de
outras obras espíritas para além de formar uma
visão ampla do Espiritismo, ter boa noção do que
já existe em matéria de estudos espíritas.
Uma vez que uma pessoa já possui, com
segurança, o conhecimento básico do Espiritismo e tem
vontade de trabalhar no desenvolvimento dos conhecimentos
espíritas, o momento é de escolha por algum
tópico. A leitura de vários livros espíritas tem
um papel fundamental neste momento pois para escolher é preciso
conhecer as opções. Existem muitos tópicos de
estudo e pesquisa de interesse espírita. Existem assuntos
multidisciplinares (aula 4, Boletim 486) em que tópicos de
interesse espírita são analisados sob a luz da Doutrina
Espírita e sob alguma outra ciência ou área do
conhecimento. Existem também assuntos puramente espíritas
(aula 3, Boletim 485) onde usa-se apenas o paradigma espírita no
trabalho de pesquisa.
Após a escolha de um assunto de seu interesse, o
jovem iniciante em trabalhos de pesquisa tem, de uma forma geral, dois
caminhos possíveis a seguir: 1) realizar todo o trabalho sozinho
ou 2) realizar o trabalho de pesquisa sob
orientação.
1) No primeiro caminho, o iniciante em atividades de
pesquisa deve buscar relacionar toda a bibliografia disponível
sobre o assunto. Por exemplo, se o assunto escolhido é
Perispírito, todos (ou o máximo possível) os
livros e artigos espíritas sobre o perispírito devem ser
reunidos para o inicio do estudo. O iniciante, então, deve
le-los de modo a ficar ciente do que já foi feito e estudado (em
Ciência jamais repete-se o trabalho já feito para
não prejudicar o progresso).
Várias idéias podem surgir com a leitura
e, por isso, o iniciante deve ir anotando todas elas de modo a
analisá-las posteriormente. Pode acontecer da leitura apresentar
algum conceito ou afirmativa estranha, diferente ou nova, sem a devida
explicação. O iniciante pode, então, desejar
demonstrá-la a luz do Espiritismo e de acordo com o
tópico científico associado ao mesmo. O importante da
leitura é não somente obter os conhecimentos
básicos sobre o assunto, mas também se certificar de que
a idéia que veio à mente não foi trabalhada em
nenhum outro livro ou artigo e, portanto, é algo inédito
que trará alguma contribuição no progresso do
conhecimento. Se a idéia já foi abordada por outro(a)
pesquisador(a), o iniciante pode, se desejar, dar prosseguimento
à idéia inicial imaginando algum aspecto do assunto que
ainda não foi analisado.
Uma vez escolhida a idéia (ou as idéias)
que deseja trabalhar, é importante escrever um projeto de
pesquisa ou algo similar (aulas 14 e 15, Boletins 496 e 497,
respectivamente). Isso é importante para organizar as atividades
que serão realizadas, bem como fornecer uma visão global
da idéia, das motivações ligadas a ela, que
benefícios o trabalho de pesquisa trará, etc. O projeto
de pesquisa também serve como referência das idéias
imaginadas, métodos empregados e objetivos propostos, para
futuras consultas.
Esse caminho possui algumas desvantagens. Em geral,
todo trabalho de pesquisa possui critérios gerais e
específicos que garantem que os resultados possam ser
considerados válidos. Se o iniciante na atividade de pesquisa
espírita não tiver experiência ou conhecimento
sobre o processo de trabalho de pesquisa, ele pode perder tempo
realizando análises sem o rigor necessário. Nossas aulas
sobre Ciência e Espiritismo podem ajudar um pouco nesse
esclarecimento, mas elas não possuem todas as
informações possíveis. Outra desvantagem é
a falta de experiência com relação a
divulgação dos resultados de pesquisa. Questões
como “qual a linguagem deve ser empregada?” e “em que
periódico (ou livro) divulgar os resultados da pesquisa?”
são fundamentais e, nesse caso, o ítem 2) a seguir
é de grande ajuda.
A vantagem principal desse caminho é o fato de
não ter que depender da disponibilidade de ninguém para
desenvolver o projeto de pesquisa. Muitas vezes, as pessoas que possuem
experiência são geralmente muito ocupadas. Em geral,
pesquisadores mais experientes são mais capazes de realizar
trabalhos de modo mais independente. Porém, muitos possuem
colaboração com outros pesquisadores não somente
porque duas ou mais cabeças sempre pensam melhor que uma, mas
também porque o conhecimento tem progredido tanto que se tornou
impossível a uma única pessoa ter base sólida em
muitas áreas do conhecimento ao mesmo tempo.
Através do e-mail: editor@geae.inf.br, qualquer
companheiro(a) pode pedir orientação sobre qualquer
assunto. Os Editores farão todo o esforço possível
para encontrar o esclarecimento das dúvidas.
2) No segundo caminho, através da leitura
prévia dos livros espíritas mencionada nos
parágrafos anteriores, o iniciante deve juntar as idéias
que o interessam. Porém, aqui, ele pode procurar entrar em
contato com algum autor ou estudioso do tema escolhido para pedir
sugestões e orientação.
Nesse caminho, o iniciante pode aproveitar a
experiência do estudioso para perguntar se as suas idéias
são interessantes, se ele conhece outras bibliografias que
já trataram do assunto, se existem outras idéias, etc.
Da mesma forma, um projeto de pesquisa deve ser
preparado. A ajuda do estudioso será importante pois além
da experiência no tópico de pesquisa, ele possui uma
visão mais ampla das relações entre o Espiritismo
e o assunto a ser pesquisado.
A principal vantagem é aproveitar a
experiência do estudioso para não perder tempo com
tópicos de menor interesse ou que já foram trabalhados
exaustivamente. O estudioso certamente ajudará o iniciante nos
critérios a serem seguidos para validar as suas pesquisas
além de orientar sobre as melhores formas de
divulgação do trabalho.
Uma grande vantagem que existe nesse caminho é a
orientação sobre a confiabilidade das referências
(livros ou artigos). Muitos autores escrevem suas opiniões e
pensamentos particulares sobre assuntos ainda pouco desenvolvidos e se
basear em opiniões é algo muito perigoso para a validade
dos resultados da pesquisa (ver aulas 6 e 7, Boletins 488 e 489,
respectivamente). É muito díficil para o iniciante em
atividades de pesquisa discernir a validade ou confiabilidade das
fontes de pesquisa e a ajuda de um estudioso mais experiente é
muito importante.
A principal desvantagem é a disponibilidade de
tempo do orientador para as discussões sobre as atividades do
projeto. Porém, essa desvantagem não é tão
importante tendo em mente que nós buscamos, antes de mais nada,
a qualidade do trabalho de pesquisa. Não importa se um estudo
demorar um tempo maior. O importante é que ele seja
concluído de modo completo e satisfatório.
Nesta aula, objetivamos ressaltar o valor do estudo e
da orientação na realização de trabalhos de
pesquisa e na ajuda aos iniciantes. O estudo é importante para
nos informar tudo o que foi desenvolvido até o momento sobre
determinados assuntos. A orientação é importante
pois permite a troca de experiência e o aproveitamento do tempo
tanto no trabalho de pesquisa qunto no aprimoramento dos pesquisadores.
Aqui vale lembrar a recomendação do Espírito de
Verdade no ítem 5 do capítulo VI de O Evangelho Segundo o
Espiritismo: “Espíritas!
Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instrui-vos, este o
segundo”. A colaboração e
orientação no trabalho de pesquisa espírita
satisfazem ao mesmo tempo as duas recomendações acima.
Continua
no próximo Boletim
Um solicitação para os
amigos psicólogos
Amigos,
Ao escrever o
editorial desta seção expressei a opinião de
que os "Tipos Psicológicos" tem um papel importante
na compreensão da dinâmica das discussões
dentro
de um grupo de estudos. Que Extroversão/Introversão,
Sensação/Intuição, Pensamento/Sentimento ou
Julgamento/Percepção tem relação
com as preferências que as pessoas demonstram ao se
posicionar por um Espiritismo mais "religioso" ou mais
"científico", com "obras
assistênciais" ou "enfoque mais educativo", por
argumentações racionais ou emocionais, etc...
Gostaria de convidar os amigos psicólogos a nos
trazerem suas opiniões e comentários a respeito. Talvez
até abusando um pouco de sua boa vontade, gostaria de pedir-lhes
que nos enviassem textos sobre a tipologia e seu relacionamento
com os
conhecimentos espíritas. Creio que, da mesma forma que se passa
comigo, muitos dos colegas que participam do GEAE já tiveram
contato com estes conceitos, mas gostariam de conhecer um pouco
mais.
Muita Paz,
Carlos Iglesia
SpiritistNews
- Boletim Eletrônico
da Sociedade Espírita de Baltimore, USA
Amigos,
A Sociedade
Espírita de Baltimore publica um excelente Boletim em lingua
inglesa, o SpiritistNews, que constitui uma importante
contribuição para a
divulgação da Doutrina
no mundo. A lingua inglesa é atualmente a mais utilizada nos
meios de comunicação internacional, no
comércio
entre as nações e na tecnologia. Uma parte
significativa da
população mundial a conhece ou tem
noções
básicas que permitem a compreensão de textos
escritos
nesta lingua.
O artigo "Building Blocks in Disseminating Spiritism" da
edição de setembro/outubro do SpiritistNews
apresenta
esta questão do idioma com mais detalhes. A
disponibilização de
informações sobre o
Espiritismo em outras linguas é um vasto campo de
trabalho
e um dos grandes desafios para o Movimento Espírita.
Não se trata naturalmente de proselitismo,
que nenhum
benefício traria ao Espiritismo ou a humanidade, mas sim de
colocar ao alcance de quem busca a solução do
mais importante problema do ser humano - "O Porquê da Vida" -
a resposta que a Doutrina lhe dá.
Compreendendo de onde viemos, qual a razão de estarmos aqui
e
para onde vamos, mesmo que esta pessoa não se torne
espírita, se tornará um ser mais
consciente e
contribuirá na transformação
espiritual da
humanidade.
A construção de um mundo melhor passa
necessariamente
pela etapa de contribuirmos para um mundo mais esclarecido.
Muita Paz,
Carlos Iglesia
Retorno
ao Índice
Filme
"Os Orfãos", Tony Nello, Brasil
Olá
meus amigos,
gostaria de falar com
vocês sobre o filme Os
Órfãos, este filme
além de ter duas horas
duração( longa
metragem), tem um ensinamento doutrinário muito
grande. No
filme mostramos os dois lados da vida, uma colônia
espiritual,
resgate no umbral, ação de obsessores sobre os
drogados,
e muito mais, uma linda história, com um final
surpreendente.
Estamos a
disposição para maiores esclarecimentos que se
façam necessário. acesse o site www.osorfaos.com.br
e saiba
mais sobre Os Órfãos.
Fico no aguardo de
seu retorno, muita paz a todos vocês.
Tony Nello
55 - (11) 37353452
Retorno
ao Índice
Programa
de TV
"Despertar de um Mundo Melhor", Geraldo
Guimarães, Brasil
O Clube de
Arte mantém um programa de TV,
“Despertar de Um Mundo Melhor”, há 7
anos no ar,
transmitido para todo o Brasil pela CNT – Central Nacional de
Televisão, aos domingos, às 15h; pela Rede 21,
para
São Paulo e outros Estados, aos domingos, das 14h
às
14h30min; e pela EMBRATEL, através das antenas
parabólicas, canal 10 ao 14, freqüência
de 3910 MHz,
aos sábados, das 11h às 11h30min.
Fraternalmente,
Geraldo Guimarães.
Editor do Clube de Arte.
Retorno
ao Índice
GRUPO DE
ESTUDOS
AVANÇADOS ESPÍRITAS
O
Boletim GEAE é distribuido
por e-mail
aos participantes do Grupo de Estudos Avançados
Espíritas
Informações
Gerais - www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português
- www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" - www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins