Boletim GEAE

Grupo de Estudos Avançados Espíritas

http://www.geae.inf.br

Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec

Ano 12 - Número 466 - 2003            25 de novembro de 2003


Editorial

 A Doutrina Espírita e as chamadas Ciências Ordinárias

Artigos

A Religião e a Modernidade, Jáder Sampaio, Brasil

“Meu Reino não é desse Mundo”. Que Reino?, Dalmo D. Santos, Brasil


História & Pesquisa

Quadro dos Principais Fatos Referentes a Allan Kardec e às Origens do Espiritismo - Parte III, Silvio Seno Chibeni, Brasil

Questões e Comentários

Sobre Ufologia e Discos Voadores, Mattos, Brasil
Resposta sobre "Doação de Orgãos", Luiz C. D. Formiga, Brasil

Painel

1º Recital de Poesia Espírita Rosa dos Ventos, Nelson Marques, Portugal

Lançamento do livro "O Aspecto Cientifico do Sobrenatural", Jáder Sampaio, Brasil
Inauguração de Livraria Espírita em Sta. Terezinha de Itaipu, Enrique Baldovino, Brasil



Editorial

   

A Doutrina Espírita e as chamadas Ciências Ordinárias


As fronteiras de contato entre a Doutrina Espírita e as chamadas ciências ordinárias são compreensivelmente amplas, a demostrar a existência de um enorme potencial para trabalhos futuros. Entendemos, porém, que o Espiritismo guarda uma firme independência em relação a interpretações desta ou daquelas teorias em voga, em parte porque os rumos que as ciências tomam estão constantemente a se alterar, seja diante de novos fatos experimentais ou da proposição de novas teorias. O Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, com admirável sabedoria – mesmo para os dias de hoje – soube muito bem separar a Doutrina Espírita do estado do conhecimento científico de sua época. Tivesse ele tomado o caminho inverso, de há muito o Espiritismo teria sucumbido.

O Espiritismo trata em sua essência do elemento espiritual. É seu objetivo fornecer a nós, Espíritos encarnados em diferentes graus de entendimento, uma visão suficientemente coesa da vida além túmulo para que possa sustentar os objetivos maiores da Doutrina que é a reforma – ainda que tardia – do espírito humano em suas manifestações morais. O Espiritismo parece ter sido feito para os que não se satisfazem com explicações sustentadas em autoridade ou tradição religiosa. Mas para os que entendem a essência do pensamento espírita, essa visão certamente é imperfeita, na medida que virá a ser completada ou suprimida em futuro que hoje ninguém poderia precisar com certeza absoluta, da mesma forma que as descrições da ciência são revistas quase que a cada minuto.

O debate que se pode estabelecer entre disciplinas com objetivos diferentes como é o caso do Espiritismo e da Física, por exemplo, deve acontecer sempre tendo-se em mente que apenas marginalmente seremos capazes de manipular os conceitos fundamentais em ambos os lados. Do nosso ponto de vista esse debate satisfaz mais ao intelecto, que se acostumou – porque foi treinado na área – a lidar com idéias e jeito de pensar das ciências ordinárias, onde tais conceitos tem alto grau de flexibilidade.

Preocupa-nos porém a utilidade desse debate para os que não tem esse treinamento. Nesse caso, como soarão em seus ouvidos a descrição dessas extrapolações ou novas interpretações? Parecem ecoar muito mais absolutas, por isso mesmo despertando vivo interesse que, as vezes, torna-se exagerado e contraproducente. Por isso que, nós no Conselho Editorial do GEAE, procuramos ter o cuidado de revisar com os autores a exposição dessas idéias não com o objetivo de censurar, mas muito mais seguindo os moldes das revistas científicas onde as idéias – antes de serem publicadas – passam por um processo de revisão (as vezes muito lento) que pode inclusive concluir pela impossibilidade de publicar o texto nos Boletins.

Essa revisão, necessariamente, leva em conta nossa linha editorial, como exposta no FAQ do grupo, que se preocupa principalmente com a necessidade de promovermos o estudo fraterno da Doutrina sem entrarmos em polêmicas improdutivas ou cairmos em disputas pessoais.

Gostaríamos assim de sugerir a todos os autores que se propõem a escrever sobre a relação Espiritismo X Ciência que atentem principalmente para os objetivos de seus trabalhos, assim como para o impacto que terão frente ao público que não está familiarizado com a terminologia técnica e com a flexibilidade das concepções científicas como discutimos acima. Pedimos que – tanto quanto possível -  tais textos sejam escritos em linguagem acessível, pedagógica, que tenham um foco e que sejam plenamente embasados na concepção maior de que as ciências ordinárias estudam o princípio material, enquanto que o Espiritismo trata do princípio espiritual. Que procurem chamar a atenção para a a alta dependência das idéias científicas de suas teorias e que guardem zelo pela Doutrina – como a única que temos haja vista não existirem provas de que ela hoje tenha que ser suplantada por uma outra.

Muita paz,
Ademir L. Xavier Jr

Retorno ao Índice

Artigos


A Religião e a Modernidade, Jader Sampaio, Brasil


No século que passou, muitos teóricos ergueram sua pena para escrever contra a religião, considerando-a um “instrumento de controle social” e muitas vezes “ópio do povo” por impedir as pessoas de desejarem uma melhora de condições de vida e preservarem valores que legitimavam dominação e sofrimento. Análise coerente, porém parcial, reduziu a religião a um grupo de interesses e reduziu a experiência religiosa, a uma forma de histeria coletiva. Esta posição é o resultado de pelo menos dois séculos de críticas que filósofos e cientistas dirigiram contra idéias religiosas equivocadas, sustentadas com base na autoridade da revelação.

Divulgada aos quatro ventos esta posição, muitas pessoas jogaram fora “a água suja com a criança” e passarem a viver em função da sobrevivência de cada dia, encarceradas no presente e nos desejos imediatistas cultivados pela mídia e pela indústria de consumo.  O quadro tem se agravado a ponto de o próprio homem ser considerado objeto de consumo de seu igual, fragilizando-se a estrutura de vínculos afetivos tão valorizada pelo pensamento cristão e religioso em geral. Nesta nova lógica, o casamento é reduzido ao conúbio sexual passageiro, enquanto há desejo, as relações profissionais são conformadas apenas pelo interesse puro, as decisões são efetuadas apenas com base em resultados, sem o devido fundamento ético que imporia barreiras a ações de conseqüências nefastas para a comunidade.

Há quem se tenha deixado habituar pelo ritual, pelo costume, deixando-se levar preguiçosamente aos eventos dos templos das mais diversas designações religiosas, ocupando espaço físico sem participar interiormente do fenômeno religioso. Apesar de presentes no culto, a religião continua à margem de seu mundo íntimo.

Fanáticos, alguns, colocam-se à parte das mudanças no planeta, das conquistas científico-tecnológicas e das mudanças do comportamento social para defenderem, barulhentos,  alguns valores tribais hebreus distantes da realidade social atual, ou técnicas orientais descontextualizadas e estereotipadas. Desacostumados ao diálogo e à reflexão, abordam os desavisados buscando convertê-los à sua forma de pensar com golpes verbais e apelos melodramáticos. Máquinas de falar e argumentar não estão prontos para transmitir às pessoas a sua volta uma experiência religiosa pela qual não passaram, embora possam sensibilizá-las com uma experiência emocional tão intensa quanto vazia.

A religião, entretanto, permanece além dos abusos dos religiosos. Força vigorosa no íntimo das pessoas, veículo da fé, torna-se um dos agentes estruturadores da personalidade. Ponte de união entre o homem e o além-do-homem é um sentido íntimo que insere a pessoa no universo à sua volta de forma a preservar sua integridade e harmonia interiores, permitindo uma reflexão ética sobre sua prática não apenas racional mas sensível à condição humana e às aspirações de um mundo mais justo.

Jung, psicólogo suíço, descreveu com detalhes em um paciente seu com a aversão à religião como elemento importante para o entendimento do sofrimento psíquico que houvera construído em sua vida. Outros casos clínicos podem ser lidos no livro “Psicologia e Religião”, publicado pela Editora Vozes.

A religião, portanto, não é vista sob a perspectiva do dogma injustificado ou da fé que não suporta o raciocínio e a evidência, mas sob a ótica da religiosidade, íntima ao homem, mas vivida de forma coletiva, social.

Defende-se aqui, então, este outro lado da religião, força viva, que estrutura, sustenta, alimenta esta que está presente em todos os credos embora só se perceba num reduzido número de praticantes. Esta que não se imiscui com o credo político mas que impulsiona o homem em direção ao outro homem, exigindo interiormente participação nas transformações sociais. Esta que faz o homem olhar para dentro de si e perceber-se vivo, vibrante, em transformação. Esta que faz cientistas sonharem com a Ciência, artistas com a arte. A que permite o religioso escolher sua religião e vivê-la intensamente, sem precisar tirar os pés do chão.


Publicado no Diário de Montes Claros de 12 e 13 de Janeiro de 1991 e no Eterna Mocidade de Janeiro de 1992.

Retorno ao Índice

“Meu Reino não é desse Mundo”. Que Reino?, Dalmo D. Santos, Brasil

Em que sentido se devem entender as palavras do Cristo “Meu Reino não é desse mundo?
O Cristo respondeu em sentido figurado. Queria dizer que não reina senão sobre os corações puros e desinteressados. Ele está em todos os lugares em que domine o amor do bem, mas os homens ávidos das coisas deste mundo e ligados aos bens da Terra, não estão com ele. 
O Livro dos Espíritos - Questão 1018
A realidade espiritual é muito clara, mas para nós, os eternos insatisfeitos,  sempre que esse assunto vem à tona surge a pergunta fatídica: afinal, o que é o Reino de Deus?

Na cultura judaica, no seu idioma e nos seus dialetos o “reino” está relacionado à palavra “Malkuth”, que significa literalmente “estado de coisas”. Mesmo assim, logo se vê que a expressão é dúbia e a sua conceituação ou definição é filosófica e  vai depender sempre do ponto de vista de quem a coloca em condição reflexiva. Curioso é que esses pontos de vista, embora infinitamente diversificados pela ótica humana se dividem em duas posições de observação das coisas: a visão interior e introspectiva, portanto espiritualista; e a visão exterior, retrospectiva, portanto materialista. Essa dicotomia só existe porque ainda não conseguimos chegar a um ponto de equilíbrio entre aquilo que é interior ou exterior, espiritual ou material, em nossa experiência existencial.  Ainda confundimos a Vida (que é única e eterna) com a existência (que são múltiplas e efêmeras), não entendemos plenamente o que seja a relatividade do tempo e tantas outras coisas que só aprendemos a teorizar, mas que ainda  não  faz parte da nossa experiência. Sabemos que esses obstáculos de compreensão são impostos pelas limitações dos nossos sentidos e da nossa atual inteligência, ainda muito precária e restrita ao plano intelectual. Sabemos também que esses bloqueios serão gradualmente removidos com o despertar da mediunidade, que nada mais é do que uma tecnologia, uma extensão ou exteriorização da mente através do cérebro físico. Essa tecnologia, talvez a mais antiga descoberta humana, vem se aperfeiçoando no desenrolar das nossas existências e, assim como a mecânica e a eletrônica,  vem adquirindo configurações de acordo com o uso, a capacidade e a necessidade do seu portador. Diríamos que a mediunidade é o equipamento da descoberta do Reino de Deus - a Natureza em si e a nossa relação com ela, o nosso grau de consciência -  que veio sendo sofisticado desde as mais rústicas aplicações da magia primitiva até a mais sutis atividades do ambiente cibernético. Mas tal descoberta continua dividida entre a percepção exterior e interior. Para uns, ela é o fenômeno físico, palpável, lógico, objetivo; para outros, ela é metafísica, imponderável, psicológica e subjetiva.  

O papel das doutrinas espiritualistas nessa questão seria influir positivamente no amadurecimento do ser humano. A idéia da imortalidade como um fato científico já foi colocado de forma brilhante, solucionada do ponto de vista lógico, mas no aspecto interior e psicológico continua sendo um enigma, um segredo que só vai ser equacionado quando “acordarmos” do sonho existencial para a Vida real. Não basta vermos e tocarmos Espíritos materializados se não tivermos a sensibilidade da leitura espiritual do fenômeno. Nesse aspecto os novos cientistas psíquicos foram o triunfo de Tomé: substitui-se a curiosidade pela a dúvida  e esta foi sendo superada pela fé tranqüila, harmônica, equilibrada. 

É preciso saber diferenciar a realeza comum e transitória da realeza espiritual. Na primeira encontramos o universo político de César, o domínio da matéria sobre o Espírito, cujos interesses materiais estão em primeiro lugar e tudo se volta para a solução de problemas dessa modalidade. Na segunda ela é apenas uma simbologia do poder do Espírito sobre a matéria. O extremo dessa consciência é a conversa de Jesus com Pilatos, no qual se mostra perfeitamente convicto do que está fazendo e ciente do que está acontecendo ao seu redor. Essa consciência atinge o ápice quando Jesus prefere a humilhação completa, inclusive da sua dignidade física, para exaltar o seu poder espiritual, isto é, mandar nos corações humanos; a coroa de espinhos, a tortura física e a pena de morte são detalhes que não o incomodam, senão fisicamente, pois são distorções da realidade espiritual, reflexos do poder político efêmero, que certamente serão corrigidos pelas leis da reencarnação e de causa e efeito. Para nós essa é uma experiência ainda absurda, cujo sofrimento físico do Mestre ofusca o sofrimento moral e  nos dá uma falsa idéia de masoquismo, ascetismo e anulação. Não entendemos que a salvação caminha por uma outra vertente. Tanto é deformada essa visão que sentimos uma atração sádica pelas cenas da crucificação e chegamos a ponto de querermos reencenar repetitivamente essa tragédia, para atuarmos viciosamente como falsos personagens. Isso é a perversão da religiosidade pelos sentidos físicos, o fundo do poço da religião. Daí surgiram os dogmas, que são os narcóticos do Espírito, talvez o ‘ópio das massas” a que se referiu Karl Marx. 

É preciso também comparar a perspectiva materialista  e a espiritualista. O Espiritualismo moderno rompe o absolutismo temporal da existência biológica e expõe a relatividade do tempo da vida espiritual.

Essa dicotomia  “mundo interior” e “mundo exterior”, na mente humana,  depende da nossa reestruturação mental e comportamental. O que vale é o conceito socrático do conhece-te a ti mesmo, mas não no sentido de discurso intelectual, da sabedoria vazia dos sofistas. Trata-se de uma auto-percepção trabalhosa, metódica, complexa quando racionalizada, porém simples quando aplicada na prática cotidiana. Como não temos a capacidade de nos percebermos senão por imagens falsas de nós mesmos (narcísicas), Jesus resolveu facilitar esse processo invocando a lei de sociedade e afinidade entre o seres. A percepção de si mesmo sempre começa pela percepção do outro. O Reino está em nós, mas só o enxergamos refletido no semelhante; só ele, como um espelho, tem a chave e esta só abre a fechadura que está no outro, e assim sucessivamente. É por isso que o outro conhece bem melhor do que nós os nossos defeitos e as nossas virtudes. É também por isso que o próximo, quase sempre, está bem distante, mesmo estando tão perto. Então, amar o próximo é mais conveniente do que se imagina... Quando tivermos a capacidade de amar de verdade, a obrigação e a conveniência serão transformadas no indescritível prazer da caridade. 

Para concluir esse estudo, lembramos que, historicamente, constata-se que a descoberta de si mesmo ou da consciência, como na existência humana, partiu do ponto de vista objetivo e exterior - da descoberta do próprio corpo (infância) -  passou da mesma forma para os fenômenos da Natureza (adolescência) e vem voltando gradualmente para o universo subjetivo e interior (maturidade).  Se fôssemos mensurar matematicamente essa trajetória poderíamos dizer que cada etapa da transformação pode ser comparada a um processo de verticalização da consciência, que supomos ser no Reino Hominal realizado em três etapas: do Primeiro ao Sexto Ser, de zero a noventa e de noventa graus; e de noventa a cento e oitenta graus, até atingirmos, no Sétimo Ser, a plenitude de trezentos e sessenta graus, que é a Consciência Universal.   

Dalmo Duque dos Santos é mestre em Comunicação, bacharel em História e  pedagogo. Publicou pela DPL os ensaios “A Inteligência Espiritual” e “ Você em Busca de Você Mesmo”. Está lançando pela mesma editora uma história do Espiritismo com o título “O Demolidor de Dogmas – Allan Kardec e a Reconstrução da Fé no Ocidente”.

Retorno ao Índice

História & Pesquisa


(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas" -  Comitê Editorial da LIHPE)

  Quadro dos Principais Fatos Referentes a Allan Kardec e às Origens do Espiritismo, Silvio Seno Chibeni, Brasil


Parte III - Final

7. A partida de Allan Kardec e alguns acontecimentos posteriores


1869 - (31 de março) - Desencarna subitamente Allan Kardec, enquanto atende a um caixeiro de livraria, no seu apartamento da Rue Ste.-Anne, muito provavelmente vitimado pela ruptura de um aneurisma de aorta (AK III 110, 116 e 119). No dia seguinte, deveria desocupar esse imóvel, indo para a casa da Villa Ségur; os escritórios da Revue iriam para a Rue de Lille, Librairie Spirite, que sediaria também a SPES.

O corpo foi sepultado ao meio-dia de 2 de abril, no cemitério de Montmartre. Estima-se que mais de mil pessoas acompanharam o cortejo, que seguiu pelas ruas de Grammont, Laffitte, Notre-Dame-de-Lorette, Fontaine e pelo Boulevard de Clichy. À beira da sepultura, Camille Flammarion, astrônomo e médium da SPES, pronunciou o seu importante discurso, que a FEB fez figurar na sua edição de Obras Póstumas. Na primeira reunião da SPES após esse fato, os membros presentes lançaram a idéia de se levantar um monumento ao mestre, que logo recebeu adesão de espíritas de muitas cidades. Foi assim que se fez construir o famoso dólmen do cemitério Père-Lachaise, para onde os restos mortais de Kardec foram transladados a 29 de março de 1870.

1870 - (31 de março) - Inaugura-se o monumento druida do Père-Lachaise. Esse famoso cemitério é considerado museu, tendo sido ali sepultados inúmeros dos grandes vultos franceses e mesmo de outros países. O de Kardec é o túmulo mais visitado e o mais florido de todos.{nota 11}

Quando de sua inauguração, o dólmen não registrava a célebre frase "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei", que foi insculpida ainda em 1870. Ao contrário do que muitas vezes se afirma, essa frase não se deve textualmente ao próprio Kardec, não obstante represente corretamente o pensamento espírita (AK III 118-152).

1871 - ( junho) - Pierre-Gaëtan Leymarie assume a gerência da Revue e da Librairie Spirite (AK III 157).

1875 - Vêm à público as primeiras edições brasileiras de livros de Kardec (excetuando-se o já citado opúsculo O Espiritismo na sua Expressão mais simples, publicado em São Paulo em 1862; ver nota no 10, acima): O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O Céu e o Inferno, traduzidos por Fortúnio, pseudônimo do Dr. Joaquim Carlos Travassos. No ano seguinte também apareceria, pelo mesmo tradutor, O Evangelho Segundo o Espiritismo. O Editor dessas obras foi B. L. Garnier, do Rio de Janeiro. (AK III 175-80).

1883 - (21 de janeiro) - Morre Madame Allan Kardec. Dois dias após seu corpo é sepultado junto ao do esposo, no Père-Lachaise, saindo o féretro de sua casa na Villa Ségur. Amélie-Gabrielle Boudet nascera em 1795, a 23 de novembro, e não a 21, como se insculpiu no túmulo. (AK III 158-60)

1883 - (21 de janeiro) - Fundação da revista Reformador, por Augusto Elias da Silva.

1884 - (2 de janeiro) - Fundação da Federação Espírita Brasileira, também por Augusto Elias da Silva.

1898 - A Revue muda-se da Rue du Sommerard, 12 para a Rue St.-Jacques, 42, onde permaneceu por algumas décadas; no local existe hoje a Librairie Leymarie, que pertenceu a Pierre-Gaëtan Leymarie. (AK III 226-27).

1923 - Jean Meyer funda a Maison des Spirites, na Rue Copernic, 8 (AK I 172; cf. porém AK III 203 *). Continha arquivos importantes que forma destruídos pelos nazistas. Sediou a Éditions Jean Meyer (B.P.S), que publicou muitas das obras clássicas do Espiritismo, bem como a Revue, de 1923 a 1971, quando morreu Hubert Forestier (AK III 227).

8. Relação dos endereços:

Fornecemos abaixo uma relação dos principais endereços ligados ao Espiritismo na França, destinada a facilitar visitas e a localização em mapas:
  1. Rue Sale, 76 (Lyon) - Local onde nasceu Rivail.
  2. Rue de la Harpe, 117 - Rivail estava nesse endereço em janeiro de 1823.
  3. Rue Vaugirard, 65 - Rivail esteve nesse endereço pelo menos de 1828 a 1831.
  4. Rue Christine, 5 - Imprimerie de Pilet-Ainé, que em 1824 publicou o primeiro livro de Rivail.
  5. Rue de Sèvres, 35 - Institution Rivail, de 1826 a 1834; Lycée Polymathique, até 1850.
  6. Rue Grange-Batelière, 18 - Casa da Sra. Plainemaison, onde Rivail fez as primeiras observações, em maio de 1855.
  7. Rue Rochechouart - Família Baudin, 1855. Aqui começaram as pesquisas sistemáticas de Rivail.
  8. Rue Lamartine - Novo endereço dos Baudin, a partir de 1856. Grande parte do trabalho inicial de Kardec desenvolve-se nas reuniões dessa família.
  9. Rue Tiquetonne, 14 - Casa do Sr. Roustan. Com a médium Srta. Japhet, Rivail desenvolveu importantes trabalhos, incluindo a revisão do Livro dos Espíritos.
  10. Rue des Martyrs, 8 (segundo andar, ao fundo do pátio) - Residência de Rivail pelo menos desde março de 1856, ficando até 14/7/1860. Em outubro de 1857,         começaram aí as reuniões de estudo que dariam origem à SPES. No local foi publicada 1a ed. de O Livro dos Espíritos (18/4/57) e lançada a Revue Spirite (1/1/58).
  11. Saint-Germain-en-Laye (23 km oeste de Paris) - Imprimerie de Beau, que imprimiu a 1a ed. de O Livro dos Espíritos e a Revue Spirite.
  12. Galerie d'Orléans, 13 (Palais Royal) - Dentu, editor da 1a ed. do Livro dos Espíritos, da Instrução Prática, da Imitação e do Evangelho.
  13. Galerie d'Orléans, 31 (Palais Royal) - Ledoyen, editor da 2a ed. do Livro dos Espíritos, da Instrução, do Livro dos Médiuns, do Espiritismo em sua Expressão  mais simples, da Viagem Espírita, da Imitação, do Evangelho e do Céu e o Inferno.
  14. Galerie de Valois, 35 (Palais Royal) - primeiro endereço da SPES, a partir de 1/4/58 (reuniões às terças-feiras)
  15. Galerie de Montpensier, 12 (Palais Royal; restaurante Douix) - segundo endereço da SPES, a partir de 1/4/59.
  16. Quai des Augustins, 35 - Didier et Cie, editor da 2a ed. do Livro dos Espíritos, do Livro dos Médiuns e do Céu e o Inferno.
  17. Rue Mazarine, 30 - Imprimerie de P.-A. Bourdier et Cie, que imprimiu L'Imitation de l'Évangile, em abril de 1864.
  18. Passage Sainte-Anne (Rue Sainte-Anne, 59) - SPES, a partir de 20/4/60; domicílio de Kardec e Revue Spirite, a partir de 15/7/60;
  19. Villa Ségur (Av. de Ségur, 39) - casa de propriedade de Kardec pelo menos desde 1860, para a qual se mudaria definitivamente em 1/4/1869. O casal por  vezes usava a casa para recepcionar visitas e para realizar trabalhos que exigiam recolhimento. Amélie-Gabrielle ficou nela até sua morte, em 1883. Era desejo de Kardec que a casa se transformasse, quando não mais estivessem encarnados ele e a esposa, em abrigo para espíritas desvalidos.
  20. Rue de Lille, 7 - Revue e SPES depois da morte de Kardec (31/3/69); aí já funcionava a Librairie Spirite.
  21. Rue du Sommerard, 12 - Sediou a Revue por breve período, de 1897 (quando foi liquidada a Librairie Spirite *) a 1898 (AK III 202, 227 e 262).
  22. Rue Saint-Jacques, 42 - Librairie Leymarie, que abrigou a Revue de 1898 até 1923 (AK III 227); existe ainda hoje como livraria espiritualista.
  23. Rue Copernic, 8 - Maison des Spirites, fundada em 1923 por Jean Meyer (AK I 172), funcionou até a década de 1970. *
  24. Rue Jean-Jacques Rousseau, 15 - Union Spirite Française, fundada em 1919 Jean Meyer e Gabriel Delanne; substituída em 1976 pela U.S.F.I.P.E.S.
  25. Rue du Docteur Fournier, 1, 37000 Tours - Union Spirite Française et Francophone, que atualmente publica La Revue Spirite.
  26. Rue de Flandre, 131, Résidence Île de France, bâtiment E1, 75019 Paris, tel.: (01)42090869- Centre d’Études Spirites Allan Kardec (em funcionamento).
  27. Cemitério de Montmartre (região norte de Paris) - Sepultamento de Kardec a 2/4/69.
  28. Cemitério do Père-Lachaise (região leste de Paris) - Sepultura definitiva de Kardec, a partir de 29/3/70; o dólmen é inaugurado dois dias depois.
Notas

4. Em 1866 sofreu séria crise de saúde, conseqüente à sobrecarga de trabalho e de preocupações, sendo assistido pelo Dr. Demeure, que o advertiu quanto aos limites das forças corporais. Por insistência desse Espírito, Kardec passou a contar, para a correspondência comum e a parte mais material das tarefas, com a ajuda de um secretário, o Sr. A. Desliens, médium e membro da SPES (*** AK III 111, 286, 301, 302 e 42). Com a desencarnação do mestre em março de 1869, Desliens ficou como secretário-gerente da Revue, até junho de 1871 (AK III 157, 136).

5. A Union Spirite Française foi fundada por Jean Meyer e Gabriel Delanne em 1919, não tendo relação direta com a antiga SPES, que encerrou suas atividades ainda no século passado, bem pouco tempo após a morte de Kardec. (AK II 16 e 17; III 156)

6. Notícia veiculada em Reformador, abril e maio de 1990, pp. 128 e 130, respectivamente; ver também La Revue Spirite, janeiro de 1997 (no 30), p. 7. Assinaturas podem ser feitas escrevendo-se para o endereço da USFF: 1, Rue du Docteur Fournier, 37000 Tours, France. Além de editar La Revue Spirite, a Union, promove o intercâmbio entre os grupos espíritas da França (pouco mais de uma dezena, a maioria de criação recente), e tem representado o movimento espírita francês no plano internacional. Segundo se depreende de artigo da autoria de Affonso Soares publicado em Reformador de novembro de 1986 (p. 341), a USFF teria sido fundada em fins de 1985, junto com uma publicação oficial, a Revue des Spirites. No entanto, no número de junho de 1989 do periódico febiano, o mesmo autor diz que a fundação da Union ocorreu em 1987; essa informação parece-nos incorreta. Neste artigo mais recente assevera-se ainda que a publicação trimestral se chama La Nouvelle Revue Spirite. Desse modo, antes de conseguir recuperar o título 'La Revue Spirite' o valoroso grupo espírita de Tours teria dado dois outros nomes à sua revista.

7. Pierre-Paul Didier foi um dos mais dedicados colaboradores de Kardec, membro fundador da SPES, tendo nela atuado como médium (AK III 377, 79, 323 e 82); desencarnou em 2/12/1865, mas como Espírito continuou diretamente envolvido nas atividades de Kardec (ibid. 85, 92, 289).

8. Não vimos a primeira edição; nas edições a que tivemos acesso, há divergência quanto ao texto que segue ao título. O que traduzimos consta da edição atual da Dervy. Nas notícias da segunda edição de O Livro dos Espíritos (ver fac-simile no Reformador de abril de 1989, p. 105) está do seguinte modo: "Introduction à la connaissance du monde invisible ou des Esprits, contenant les principes fondamentaux de la doctrine spirite et la réponse à quelques objections préjudicielles." O que se encontra em AK III 13 corresponde aproximadamente a esse texto.

9. Constatou-se, em época relativamente recente (ver Reformador, abril de 1989, pp. 104-107), que Kardec anexou à segunda edição algumas notas e erratas, destinadas a complementar e corrigir o texto. Pôde-se também verificar que na oitava edição elas ainda apareciam; não se sabe a partir de qual edição deixaram de figurar, nem por que Kardec não conseguiu inserir as correções e acréscimos refundindo o texto. Lamentavelmente, nem as edições francesas atuais nem as traduções para o vernáculo incorporam ou sequer mencionam as modificações, que o próprio Kardec considerava imprescindíveis. Parece-nos de suma importância que esse material venha a público de forma completa, e que seja incorporado nas novas edições.

10. Em AK III 18, 176 e 353-54 informa-se acerca de três traduções antigas: uma por Alexandre Canu, colaborador da SPES, "que se achava à venda com J.P. Aillaud, Monlon e C..., em Lisboa, Rio de Janeiro e em Paris (1862); outra publicada em São Paulo, sem indicação de tradutor, pela Typographia Litteraria (1866); e finalmente outra da FEB, traduzida e anotada por Guillon Ribeiro (não se menciona a data da primeira edição, dizendo-se apenas que ainda há nos arquivos exemplares de 1921 e 1933).

11. Destaca-se esse ponto no próprio mapa do cemitério. Na madrugada 2 de julho de 1989 o túmulo sofreu um atentado a bomba, que o danificou parcialmente, sendo posteriormente restaurado pela Prefeitura de Paris. (Reformador, julho de 1989, p. 194, e setembro de 1990, p. 284.)

Retorno ao Índice

Questões e Comentários 


Sobre Ufologia e Discos Voadores, Mattos, Brasil

Eu nunca analisei muito a fundo a chamada Ufologia (pesquisas sobre "Discos Voadores"), talvez por falta de oportunidade, bem como por um certo cepticismo a respeito.
 
Entretanto, há cerca de uns dois meses, tomei contacto, por um acaso, de um livro recém-lançado por Mário Rangel intitulado "Sequestros Alienigenas -- Investigando Ufologia com e sem Hipnose", onde o autor (um executivo aposentado de uma multinacional, que pesquisa ufologia há 20 anos, e que conheci pessoalmente) descreve fatos, no minimo, fantásticos: ETs (extra-terrestres) "chupam" (sic) pessoas para dentro de seus discos, examinam clinicamente tais "cobaias", por vezes lhes implantam chips (constatado por radiografias e cirurgias feitas por médicos da Terra), devolvendo-os depois para seus locais de origem. Essas pessoas geralmente ficam apenas com uma "vaga lembrança" do ocorrido ("amnesia pós-hipnótica"). Mário Rangel geralmente se fazia acompanhar de um médico em tais hipnoses.
 
Isso pode, a principio, parecer um conto fantástico, sem qualquer fundamento, "sem pé-nem-cabeça".
 
No entanto, procurando me informar melhor, verifiquei alguns fatos muito estranhos, como os seguintes:
 
1. Há mais de 120 hipnólogos (muitos médicos e psicólogos) que também obtiveram tais relatos de hipnotizados, sendo que 30 hipnólogos publicaram livros na mesma linha de Mário Rangel, em vários paises e idiomas.
 
2. Um deles, um professor titular de medicina-psiquiátrica da famosa Harvard Medical School, está entre os autores desses 30 livros, tendo relatado que muitos médicos de lá já tiveram conhecimento de tais fatos, mas que evitam comentar o assunto, com medo de "represálias academicas" (serem tachados de "loucos" etc.).
 
3. Por vezes, revistas e jornais publicam fotos de tais "discos", como Time, o antigo "O Cruzeiro", e alguns jornais do Brasil, recentemente. Tais fotos não são desmentidas.
 
4. Há cerca de 20 anos vem ocorrendo estranhos fenomenos denominados "circulos ingleses" ("crop circles", em ingles), onde supostos "discos" desenham em plantações (de trigo, milho etc.) complexas e perfeitas figuras geométricas de 200m x 200m em uns 20 minutos, durante a noite. Ninguém até hoje conseguiu "capturar" algum autor de tais desenhos, já publicados em jornais e não desmentidos. Alguns dizem que 80% foram feitos por humanos, mas... e os outros 20% ? Ver
http://www.bbc.co.uk/southampton/features/cropcircles/cropcircles_history.shtml
 
5. Um oficial do serviço secreto americano publicou um "Relatório Roswell", onde relata a queda de um "disco", em 1947, cujos restos foram recolhidos pelo exército americano em 30 caixas. Ele teve acesso a tais caixas e resolveu relatar em livro esses fatos "ultra-secretos", 50 anos depois, tendo esse autor morrido 2 anos após sua publicação.
 
6. Mais de 1.200 casos de avistamentos de "discos" foram relatados por pilotos profissionais, civis e militares, de 1916 a 2000 (www.nidsci.org/pdf/ufo_catalog.pdf). Vários avistamentos também foram testemunhados por passageiros desses aviões. Naturalmente, esses pilotos profissionais sabem distinguir os vários fenomenos atmosféricos.
  
Todos esses fatos estão disponíveis em livros e na Internet, podendo ser encontrados em inúmeros sites através do Google.
 
Há muita gente -- inclusive cientistas em universidades -- pesquisando esse assunto -- na maior parte com recursos próprios. A Ciência, no entanto, parece estar ainda na pré-história, com relação a tais estranhos fenômenos, que parecem ser reais, dada a enorme quantidade de relatos coincidentes no mundo todo e por muito tempo.
 
Pois bem, prezados amigos do GEAE:
 
Considerando nossa incapacidade cientifica de explicar tais fatos -- ou de, pelo menos, determinar sua veracidade ou não -- não haveria alguém, em nosso Mundo Invisivel, que pudesse nos orientar a esse respeito, como já ocorreu com Kardec no sec. XIX?
 
Pax Vobis
Mattos, S.Paulo, Brasil

Olá Mattos,

Realmente a questão da vida em outros planetas é muito importante e a pluralidade dos mundos habitados foi afirmada desde o início pelos espíritos.

Pelo que os Espíritos vem informando há quase dois séculos, podemos ter como certo que a lei de Causa e Efeito é universal, bem como a regra aurea de "amar ao próximo como a si mesmo" é a meta que todos devem atingir. Também é certo que os espíritos que encarnam nos diferentes mundos não são em "essência" diferentes, apenas o corpo material e o períspirito variam de acordo com as características de cada orbe. Mais que isso, como detalhes técnicos de possiveis viagens espaciais ou como encontrar seres de outro mundo por aqui, são missões da ciência que os Espíritos dificilmente usurparão. Não é o objetivo da comunicação espírita fazer revelações como esta, dispensando o homem do esforço próprio na elucidação dos mistérios da natureza.

Mas, agora dando uma opinião pessoal sobre o assunto, me parece que as informações que se encontram na literatura sobre possiveis contatos com extraterrestres são muito desencontradas e uma boa parte não faz sentido. Não digo que os fenômenos e testemunhos apontados pela Ufologia sejam falsos, há ocorrências demais para não haver algo por trás disso, apenas que ainda falta uma explicação coerente dos fatos.

São como os fenômenos das mesas girantes e das manifestações dos espíritos antes da Codificação Espírita - E nessa época não faltaram histórias e hipóteses bastante fantasiosas ...   

Muita Paz,
Carlos Iglesia

Retorno ao Índice

Resposta sobre "Doação de Orgãos", Luiz C. D. Formiga, Brasil


Caro doutor Luiz ,o que me faz procurá-lo é uma dúvida que tenho quanto a doação de orgão. Pode um recém-desencarnado com muito apego a matéria interferir em um processo de doação de orgão? Como se os laços que unem a máteria espiritual ao corpo físico estão desfeitos ou estão fragilizados? Existe alguma literatura com a qual eu possa amenizar minhas dúvidas a esse respeito?

Com sua questão sobre doação de órgãos fiz uma retrospectiva. Em 1970 na pós-graduação aprofundamos a Microbiologia e a Imunologia. O Curso obrigava a estudar os recentes artigos publicados em revistas técnico-científicas. Eu já possuía alguma experiência. Havia publicado resultados de um trabalho experimental (monografia), premiado na semana de debates científicos dos estudantes de medicina do Estado da Guanabara, na Revista brasileira de Microbiologia. Percebi que não poderia acompanhar toda a Microbiologia e a Imunologia, enquanto opção de pesquisa.

A partir daí, optamos pela Bacteriologia deixando os outros campos apenas para estudos teóricos e reflexões. Enquanto Professor Auxiliar na faculdade éramos obrigados a transitar também pela Micologia, Virologia e Imunologia. A opção posteriormente ofereceu alguns resultados. Fui convidado a escrever capítulo no livro de Microbiologia, coordenado pelo professor Trabulsi e um de nossos artigos, aquele publicado na Revista do Instituto Pasteur, está citado no "The Genus Corynebacterium-Medical", de Alexander Von Graevenitz e, um outro no  "Report on the Sixth International Meeting of the European Laboratory Working Group on Diphtheria, Brussels, Belgium vol.7 , issue 1, Jan. 2002, p 7-12", por A. Efstratiou. São pesquisadores reconhecidos aqui e no exterior. É possível que fariseus eruditos e/ou ritualistas (*) venham a se ocupar disso para que todos possam se lembrar, no futuro, da minha falsa humildade.

Na Doutrina Espírita fizemos, também, opção. Acreditando que, não apenas, o Brasil passava por uma "Crise Moral", resolvemos trabalhar, na divulgação, com a vertente "religião-ética-moral". Uma evidência é que em 1981-2 publicamos, no Reformador, dois artigos, sobre evangelização e suicídio infantil, que estão citados no "Deixe Claro Para Seu Filho", na revista Fraternidade (Lisboa.), 465: 82, março, 2002.
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/deixe-claro.html

Sobre transplantes de órgãos fomos instigados a fazer alguns raciocínios no Opúsculo, que recebeu o título "Antes de Votar Pergunte ao Candidato Sobre o Aborto". Nas páginas finais, vai notar a preocupação ética.
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/eleicao-antes-de-votar.html

Vejamos um pedacinho:

Poder-se-ia utilizar os órgãos de um anencéfalo em outra criança?  Pense na criança que nasceu com uma hipoplasia de ventrícolo esquerdo e poderia viver com um novo coração transplantado. Você também acha que tal doação precisa respeitar, em primeiro lugar, a experiência que está findando, caso contrário não poderemos garantir que o ato ocorreu dentro de um sentido ético? O primeiro transplante de órgãos, nestas condições, ocorreu em Los Angeles, em 1961. Os posteriores obtidos em 41 oportunidades ofereceram bons resultados “apenas” em 30% de transplantes renais e 33% de cardíacos. Mas, quando realizar a retirada dos órgãos? Há casos de transplantes (coração, como exemplo) em que o órgão precisa ser retirado do doador quando ainda em vitalidade. Nos fetos, quando se aguardou a perda de todas as funções do tronco cerebral, que é o critério adotado de morte cerebral pela medicina, realizando-se posteriormente as medidas para manter a viabilidade dos órgãos, nenhum transplante obteve bons resultados. Antes que as funções do tronco cerebral fossem perdidas poder-se-ia instituir o suporte vital de modo a permitir a retirada dos órgãos, quando a esperada morte acontecesse. Esta opção mostrou-se impraticável. Apenas um, em seis, evoluiu com morte cerebral no período considerado adequado no protocolo. A única alternativa que se mostrou viável foi instalação, ao nascimento, de suporte vital, com retirada dos órgãos ainda em presença de funções do tronco cerebral. Nesta situação a ética e a moral são mais controversas. As principais propedêuticas utilizadas para documentar a morte cerebral não são aplicáveis, pois não há pontos para fixação dos eletrodos do eletro e a carótida inexiste ou é muito hipoplásica.

Em termos de "O Livro dos Espíritos", 155-56, sabemos que, rompidos os laços que retinham o espírito, ele se desprende, mas não dispomos de exames para precisar o momento em que isto aconteceu. O que podemos dizer é que o cérebro está impossibilitado de satisfazer as eventuais expressões do espírito. Por outro lado, algumas vezes, na agonia a alma já pode ter deixado o corpo, havendo apenas vida orgânica. “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” ( I Coríntios, 15: 55).

 Que é a vida, que é a morte? A própria ciência não é capaz de defini-las com precisão. Cresce o interesse no que diz respeito ao conceito mais exato de morte cerebral, a partir da distinção que se faça do que sejam vida intelectiva (ou vida inteligente) e vida orgânica. É que esta última prossegue muitas vezes por algum tempo, graças à presença do princípio vital, que de pronto não se extingue tão logo cesse a primeira. Em outras palavras, tanto o corpo pode ainda funcionar, tendo a desencarnação já se efetivado, quanto pode ocorrer morte cerebral e o espírito não ter ainda efetivado sua liberação total da carne.

O médico espírita sabe que a ligação do espírito à matéria se dá desde o momento da concepção e é feita através do corpo espiritual fluídico. Sabe que o corpo, deficiente ou não, é sempre valioso instrumento para a evolução do espírito e que aquele que induz ou obriga ao aborto, ou o executa, é responsável espiritualmente. Sabe ainda que o estuprador apenas contribuiu para a formação de seu corpo físico, sendo a criança inocente da ação agressora, não devendo ser responsabilizada por ela, nem vir a sofrer danos em conseqüência dela, muito menos perder seu direito à vida, qualquer que seja o tempo que ela dure.

Sob o ponto de vista espiritual, o médico espírita sabe, também, que um espírito, que sofreu abortamento ou eutanásia, pode ficar imantado à gestante em clima de mágoa. A gestante pode apresentar lesões no corpo espiritual na região do centro reprodutor que foi usado incorretamente. O transplante só oferece bons resultados com a retirada dos órgãos ainda em presença de funções do tronco cerebral.

Considerando a ética e a moral, o que fazer? Aqui temos três alternativas:

                1) Alterar a definição de óbito,
                2) Criar uma categoria legal especial para anencéfalos ou
                3) Exclusão dos anencéfalos do conceito de pessoa (ser humano).

Qual lhe parece mais perto da ética, vamos chamar de ética espírita?

Sem esquecer a questão científica e deixando aos netos nossa prova de participação (social, profissional e espírita) retornamos às questões éticas com a clonagem, no artigo "Do Leproestígma ao Clone Estigmatizado", disponibilizado no "A Jornada" (endereço abaixo). Enquanto espírita, futuro profissional de saúde, não poderá deixar de ler "Médicos e Espíritas Verdadeiros", que também foi aceito em Portugal. Nesse, além de questionar comportamentos profissionais, vai perceber a importância da competência e da credibilidade (ética) no campo da mediunidade. Foi por isso que citamos o médico Bezerra de Menezes e o médium Chico Xavier. Recentemente pudemos voltar ao assunto da ética (espírita) examinando a conduta de médiuns em "Sexto Sentido-Bom Negócio".

Creio que já percebeu que estamos enfatizando nossa opção e retornando ao que colocamos no início desses comentários, para falar de prioridades. Mais adiante, examinaremos sua questão. Retornamos ao raciocínio lembrando que as perguntas "o que posso fazer" e "o que devo fazer" da ética são respondidas mais facilmente de forma trans-disciplinar. Fizemos, nesse sentido, algumas colocações durante Congresso aqui no Rio de Janeiro. Veja "Ética, Sociedade e Terceiro Milênio".
 http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/etica-sociedade.html.

A crise moral é teimosa e após 30 anos notícias de jornal reafirmam nossa "visão" atualizada, diante do "apocalipse". Estou sem disponibilidade para gastar a energia que sua questão me exige. O espírita afoito e/ou o desavisado, da Psiconeuroimunologia, vai dizer que a resposta é simples. Por esse motivo vou repassar essa correspondência para a nossa lista e certamente alguém vai lhe oferecer farto material. No entanto, acredite que também vou estudar a questão e que pretendo responder-lhe ainda nesta encarnação.

Sobre a Imunologia, Espiritismo, Doenças Infecciosas e Neoplasias, procuramos oferecer pequenos informes. Foram publicadas na Revista de Enfermagem da UERJ. Tornou-se capítulo, no livrinho "Dores, Valores, Tabus e Preconceitos", CELD Editora, onde recebeu o título "O Que Espero de Meus Médicos". O livro está esgotado, mas o texto está no "A Jornada". http://www.ajornada.hpg.ig.com.br/

Fraternalmente,

Formiga, LCD
(*) Ensino, Pesquisa e Ética na Microbiologia Médica.

Retorno ao Índice

Painel

1º Recital de Poesia Espírita Rosa dos Ventos, Nelson Fernandes, Portugal

VIVA A POESIA!

 Viva o 1º Recital de Poesia Espírita Rosa dos Ventos! A Poesia é algo de muito belo. A poesia de Deus, é a poesia da Vida, é a poesia do Amor e da Fraternidade. Para podermos atingir o cerne da extraordinária poesia de Jesus Cristo, aproximemo-nos agora um pouco mais dele, tanto quanto nos é possível e não é afinal difícil, dos seus ensinamentos e da sua eterna humanidade...

Eis o convite que faço aos Espíritas. Convite para a aventura apaixonante de ler a poesia do "Espírito da Verdade", como se penetrando num continente surpreendente e maravilhoso. Convite para a navegação na codificação espírita, na imortalidade da alma, na natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, nas leis morais, na vida presente, na vida futura e o porvir da Humanidade. Convite para que cada um de vós, leitores, encontre a sua resposta pessoal para aquelas interrogações:

- Quem sou eu? Que é Deus? - De onde vim? Para onde vou? O porquê da morte? E depois da morte?

O Núcleo Espírita Rosa dos Ventos, está a combater o obscurantismo, a ignorância e a descrença, através de uma forte campanha de difusão da literatura espírita. Quem vai à nossa casa espírita, encontra uma biblioteca com algumas dezenas de livros espíritas, promoções através do livro da semana ou do mês. Só não lê quem não quer, a cedência dos livros é gratuita. Infelizmente, poucos são os espíritas que lêem, vivemos num país, onde não existe uma verdadeira cultura do livro, da leitura edificante. O testemunho desta ignorância passa ingenuamente de pais para filhos, de geração para geração.

O livro é um dos melhores meios de difusão da cultura espírita. Graças à genialidade de Gutemberg, hoje, a instrução está simplificada, acessível a qualquer pessoa. O livro é o nosso melhor amigo. Ensina-nos e está sempre à nossa disposição. Ler não constitui simples distracção para as nossas horas vagas. Ler é dever de todo o indivíduo consciente, e portanto de todo o espírita que deseja enriquecer a sua passagem por esta vida. Ler é sinónimo de evoluir.

 O 1º Recital de Poesia Espírita foi pensado e elaborado por todos os colaboradores desta casa espírita, como forma de união e fraternidade cultural no movimento espírita português. A direcção do N.E.R.V., quis ao mesmo tempo homenagear muito singelamente Florbela Espanca uma ilustre poetisa portuguesa que viveu no século XX, bem como outros poetas já desencarnados, que passam para este lado da vida seus poemas através da psicografia, retratando lições vivas da vida continuada.

 Estava um dia de sol  que enchia de luz e alegria aquela verdadeira casa espírita. Os convidados pouco a pouco iam chegando, os colaboradores enchiam-se de coragem para prosseguirem as suas tarefas que era a declamação de poesia. Muito obrigado pela vossa presença! Assim, tinha início o 1º recital de poesia espírita Rosa dos Ventos, pela voz de José António Luz. Ao seu lado, na composição da mesa do evento, estavam duas mulheres maravilhosas, que irradiaram luz e felicidade através de seus poemas.

Sofia Lago, leu algumas poesias de sua autoria, do seu primeiro livro editado, "murmúrios do além". Foram poesias muito belas e profundas. Obrigado Sofia Lago, pelo encantamento das suas poesias, das poesias dos espíritos de Luz.

Maria Aurora uma mulher que eu tanto admiro, trouxe-nos mais uma vez as suas experiências de vida, a sua alegria nas palavras e uma viagem pela poesia portuguesa. Declamou poemas como: "As meninas", de Cecília Meireles; "A balada da neve" , de Augusto Gil; "Morena",de Guerra Junqueira; "O sono do João", de António Nobre; "O velho, o rapaz e o burro", de Curvo Semedo. Obrigado Maria Aurora, pela sua presença, pela magnitude e doçura de suas palavras. Para mim, é sempre um prazer estar ao seu lado a saborear o que tem de melhor para nos ensinar.

A casa não estava cheia mas os poucos presentes estavam ansiosos por uma tarde de cultura, a cultura espírita. E isso, veio a acontecer. O primeiro colaborador a apresentar-se para declamar as poesias, fui eu. Ah! Como eu adoro poesia! Não foi difícil para mim declamar as poesias de Florbela Espanca e dos vencedores do 1º concurso de Poesia Espírita Rosa dos Ventos, o que foi difícil foi declamar as minhas próprias poesias (" Sinto Falta" e "Menino"). Florbela Espanca, afirmou um dia, "não saber fazer mais nada a não ser versos; pensar em verso e sentir em verso". Pois eu não tenho essas capacidades poéticas de realizar o meu dia-a-dia em verso e em poesia. Ah! Mas como eu adoro poesia!

Logo a seguir, a jovem Cátia , colaboradora desta casa, declamou muito bem poesias psicografadas por Carlos Baccelli, do livro "Jardim de Estrelas". Como é salutar, ver jovens colaborando na casa espírita, dando mais vida à própria vida. Obrigado Cátia, foste maravilhosa!

 Depois irrompeu a emoção, na voz da nossa colaboradora de longa data, a nossa querida Teresa ao ler os poemas psicografados  por Carlos Baccelli do livro "irmãos do caminho". Obrigado Teresa, pela emotividade e fervor que emprega nas palavras.

A seguir, Susana doou-nos através de sua voz , das suas palavras, a mensagem de amor pelas psicografias de Chico Xavier do livro "Mãe". Obrigado Susana, pela serenidade e seriedade de sua postura nesta casa espírita. A festa da poesia continuava, e os convidados estavam radiantes, seus olhos procuravam incessantemente a glorificação de um querer mais que bem querer. A admiração era geral, talvez porque se fez poesia numa casa espírita.

E foi com muito amor que a nossa colaboradora Aurora Carvalhal preencheu os nossos corações com poesias magnificas psicografadas por Chico Xavier do livro "Mãos Marcadas". Obrigado Aurora, pelo azul celeste de quem a vê e pela sua enorme generosidade.

A mesma predisposição para o Amor a Deus e a mesma ânsia de sublimação da doutrina espírita, fez com que a nossa colaboradora e amiga Laura, declamasse poesias lindíssimas, psicografadas por Carlos Baccelli do livro "irmãos do caminho". Obrigado Laura, pela sua coragem e participação incondicional neste sonho, que é a poesia da vida.
 
Por fim o nosso amigo José António Luz, expressou a imortalidade da alma através  dos poemas do médium português, Fernando de Lacerda.

Na prece de encerramento, Maria Aurora voltou a declamar desta vez o edificante "Poema de Gratidão", psicografia de Divaldo Pereira Franco. Foi um momento de autodescobrimento, de oração de reflexão. Minha alma vivenciou amor e paz. Obrigado Isabel pelas bonitas palavras amigas e pela admiração mútua da poesia Florbeliana. Obrigado João, pelo seu trabalho de gravar este humilde evento para mais tarde recordar. Obrigado a todos, pelo testemunho vivo de como o amor existe, a fraternidade é um caminho acessível e a caridade é o dia-a-dia. Obrigado Senhor Jesus, nós te agradecemos sempre pelos momentos de estudo que temos tido a oportunidade de termos aqui neste ambiente fraterno. Te pedimos, Senhor, que nos abençoe os propósitos de crescimento como espíritos imperfeitos e imortais que somos. E que nos ajude a desenvolver os nossos pensamentos, direccionando-os para o bem e para a solidariedade. Que os bons espíritos nos auxiliem, hoje e sempre... E que em nome de Deus, de Jesus e da espiritualidade amiga que dirige estes nossos momentos de estudo e aprendizagem, possamos dar  por encerrado este  1º Recital de Poesia Espírita Rosa dos Ventos. Que assim seja!

Leça da Palmeira, 4 de Outubro de 2003

Nelson Marques

Retorno ao Índice

Lançamento do livro "O Aspecto Cientifico do Sobrenatural", Jáder Sampaio, Brasil

Prezados amigos,

Finalmente saiu a publicação o livro de Alfred Russel Wallace que traduzi com a ajuda do Rodrigo, intitulado "O Aspecto Científico do Sobrenatural" . Segue abaixo uma divulgação da distribuidora Candeia (www.candeianet.com.br), mas ele pode ser encomendado também à editora Lachâtre (www.lachatre.com.br) enquanto não chega nas livrarias espíritas. Peço a vocês que me ajudem a divulgá-lo.

Um abraço
Jáder Sampaio

Retorno ao Índice

Inauguração de Livraria Espírita em Sta. Terezinha de Itaipu, Enrique Baldovino, Brasil

Caros confrades:
 
No dia 6 de dezembro próximo (sábado), a Sociedade Espírita Allan Kardec (SEAK) estará inaugurando a Livraria Espírita Allan Kardec (LEAK), departamento do livro da SEAK, fora do Centro Espírita, numa rua central de Sta. Terezinha de Itaipu/PR (Padre Bernardo, 1863 - Centro de STI).

Por ocasião dos 18 anos de fundação da nossa Casa, nessa data estaremos comemorando primeriamente, na sede da SEAK às 20h 30m, com uma palestra intitulada: Maria de Magdala. Após a exposição nos dirigiremos até a LEAK (a 3 quadras da Sociedade), onde inauguraremos a nossa pequena Livraria.

Gostaríamos de contar com a vossa vibração e/ou presença, já que a LEAK será a única livraria espírita em Sta. Terezinha.

Agradecendo a atenção dos amigos, despeço-me também servidor,

Enrique Baldovino.
Deptº. de Difusão Doutrinária da SEAK  

Retorno ao Índice

GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição/Cancelamento
- inscricao-pt@geae.inf.br

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português - http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" - http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins