Boletim GEAE

Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec

Ano 11 - Número 453 - 2003            8  de abril de 2003

 

Editorial

Causas Atuais das Aflições, O Evangelho Segundo o Espiritismo


Artigos

Enquanto Vivem na Escuridão, Rubens Santini, Brasil

Comunicações de Allan Kardec – Revista Espírita – Ano 1869

Estudar nunca é demais, Geraldo Campetti, Brasil


História & Pesquisa

Documentar é Preservar a História, Marcus Monteiro, Brasil
A Presença da Mulher no Espiritismo, ICESP

As Irmãs Fox, Conan Doyle e o Espiritismo Brasileiro, Jáder Sampaio, Brasil


Questões e Comentários

Sobre Jesus e os Apóstolos, Leando Soares, Brasil

Painel

Notícias sobre o 12º Congresso Estadual da USE


 

Editorial

Causas Atuais das Aflições, O Evangelho Segundo o Espiritismo   

De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.

Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são conseqüência natural do caráter e do proceder dos que os suportam.

Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!

Quantos se arruinam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos!

Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma!

Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade!

Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero!

Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles.

Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem passo a passo à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição.

A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria.

Os males dessa natureza fornecem, indubitavelmente, um notável contingente ao cômputo das vicissitudes da vida. O homem as evitará quando trabalhar por se melhorar moralmente, tanto quanto intelectualmente.

A lei humana atinge certas faltas e as pune. Pode, então, o condenado reconhecer que sofre a conseqüência do que fez. Mas a lei não atinge, nem pode atingir todas as faltas; incide especialmente sobre as que trazem prejuízo â sociedade e não sobre as que só prejudicam os que as cometem, Deus, porém, quer que todas as suas criaturas progridam e, portanto, não deixa impune qualquer desvio do caminho reto, Não há falta alguma, por mais leve que seja, nenhuma infração da sua lei, que não acarrete forçosas e inevitáveis conseqüências, mais ou menos deploráveis. Daí se segue que, nas pequenas coisas, como nas grandes, o homem é sempre punido por aquilo em que pecou. os sofrimentos que decorrem do pecado são-lhe uma advertência de que procedeu mal. Dão-lhe experiência, fazem-lhe sentir a diferença existente entre o bem e o mal e a necessidade de se melhorar para, de futuro, evitar o que lhe originou uma fonte de amarguras; sem o que, motivo não haveria para que se emendasse. Confiante na impunidade, retardaria seu avanço e, conseqüentemente, a sua felicidade futura.

Entretanto, a experiência, algumas vezes, chega um pouco tarde: quando a vida já foi desperdiçada e turbada; quando as forças já estão gastas e sem remédio o mal, Põe-se então o homem a dizer: "Se no começo dos meus dias eu soubera o que sei hoje, quantos passos em falso teria evitado! Se houvesse de recomeçar, conduzir-me-ia de outra maneira. No entanto, já não há mais tempo!" Como o obreiro preguiçoso, que diz: "Perdi o meu dia", também ele diz: "Perdi a minha vida". Contudo, assim como para o obreiro o Sol se levanta no dia seguinte, permitindo-lhe neste reparar o tempo perdido, também para o homem, após a noite do túmulo, brilhará o Sol de uma nova vida, em que lhe será possível aproveitar a experiência do passado e suas boas resoluções para o futuro.


    Do cap. V - Bem-aventurados os aflitos - do "Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec, tradução de Guillon Ribeiro, FEB
    Os Editores
 
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Artigos

Enquanto vivem na escuridão, Rubens Santini, Brasil

Orientações Práticas para Atividades de Desobsessão
Série de artigos iniciada no Boletim 449

 
IX - Amor e Ódio: duas faces de uma só realidade
(15)”Suponhamos que a esposa nos traia, que o filho nos rejeite, que o dinheiro ou o poder nos sejam arrebatados. Passamos imediatamente a odiar os que nos privaram da posse daquilo que amamos ou valorizamos. Com isto, percebemos que amor e ódio são duas faces de uma só realidade, luz e sombra, que em determinado ponto absorveram-se uma na outra, criando uma opressiva atmosfera de penumbra, na qual perdemos a visão dos caminhos e o senso de direção. Para desfazer esse clima de crepúsculo, que agoniza e desorienta o Espírito, é preciso ajudá-lo a identificar bem seus sentimentos, a fim de separá-los.

Estejamos certos, para isso, de uma realidade indisputável, ainda que pouco percebida: o amor, como dizia Paulo aos Corintios, não acaba nunca.
Mesmo envolvido, soterrado no rancor e na vingança, ele subsiste, sobrevive, renasce, está ali. O ódio não o exclui; ao contrário, fixa-o ainda mais, porque em termos de relacionamentos homem/mulher, o ódio é, muitas vezes, o amor frustrado. Odiamos aquela criatura exatamente porque parece que ela não quer o nosso amor, porque nos recusa, nos traiu, nos desprezou, porque a amamos...
No momento, em que conseguirmos convencer o companheiro desencarnado, em crise, que ele odeia porque ainda ama, ele começa a recuperar-se, compreendendo que essa é uma verdade com a qual ele ainda não havia atinado. Por mais estranho que pareça, o rancor contra a amada, ou o amado, que traiu ou abandonou, é que mantém acesa a chamazinha da esperança.
Aquele que deixou de amar é porque não amou bastante e, com menor dificuldade, desliga-se do objeto de sua dor. Cedo compreende que não vale a pena perder seu tempo, e angustiar-se no doloroso processo de vingar-se, dado que – e isto também pode parecer contraditório – não podemos ignorar o fato de que a vingança impõe, também, ao vingador, penosas vibrações de sofrimento.”
X - Número de Manifestações Simultâneas
Geralmente, quando fazemos a doutrinação a uma Entidade incorporada num médium, outras com problemas semelhantes ficam ao seu redor, sendo também beneficiadas com as explanações do doutrinador. Nos relatos de diversos autores sobre este assunto, é aconselhado nos trabalhos de desobsessão a doutrinação simultânea de 2 Entidades. Pela nossa experiência nos nossos trabalhos práticos desenvolvidos, vimos que até 3 manifestações simultâneas é um número bastante aceitável. Não é a quantidade de manifestações que dirá o quanto estamos ajudando o Plano Maior, e sim a qualidade com que elas são ministradas. Às vezes, uma só manifestação mediúnica poderá beneficiar diversas Entidades, com sintomas parecidos, se estas ficam ao lado acompanhando o que está sendo exposto pelo doutrinador.
Vejam abaixo alguns textos extraídos de “Doutrinação” (Roque Jacinto), “Desobsessão” (André Luiz) e “A obsessão e seu tratamento espírita” (Celso Martins), que falam sobre este assunto.
”Comunicações Simultâneas”(16)

    “Numa assembléia de vinte pessoas, se quatro delas se puserem a falar ao mesmo tempo ninguém conseguirá acompanhar-lhes a ordem dos pensamentos. Naturalmente, dentro de pouco, a perturbação tomará de assalto os seus componentes e quem esteja na direção ficará tolhido de estabelecer-lhe disciplina. Na reunião mediúnica, muito especialmente, como organização de serviço e instrução, a disciplina deve ser preservada e estabelecida, não se permitindo que mais do que dois comunicantes se sirvam dos médiuns ao mesmo tempo e cada comunicante será atendido por um esclarecedor destacado pelo dirigente. Nenhuma justificativa se deve arrolar para validar as comunicações simultâneas em grande número. Nem mesmo evocando a necessidade de atender-se a um maior número de enfermos poderá justificar-nos. Será sempre um lamentável desvio de ordem que custará caro, em termos de aproveitamento e de evolução dos membros do agrupamento, (...). Aos médiuns cabe colaborar para esta ordem, contendo os comunicantes afoitos (...).”

“Manifestações Simultâneas”(17)

    “Os médiuns psicofônicos, muito embora por vezes se vejam pressionados por entidades em aflição, cujas dores ignoradas lhe percutem nas fibras mais íntimas, educar-se-ão, devidamente, para só oferecer passividade ou campo de manifestação aos desencarnados inquietos quando o clima da reunião lhes permita o concurso na equipe em atividade. Isso, porque, na reunião, é desaconselhável se verifique o esclarecimento simultâneo a mais de 2(duas) entidades carecentes de auxílio, para que a ordem seja naturalmente assegurada.(...)”
 
    (18)     (...) É desaconselhável se verifique o esclarecimento simultâneo de mais de duas Entidades carecentes de auxílio; se houver ao mesmo tempo duas manifestações, o dirigente, enquanto conversa com um dos desencarnados, designará um médium esclarecedor para dialogar com o outro comunicante; se porventura um terceiro médium de incorporação vier a ser pressionado por outra Entidade em aflição, ele não deverá oferecer passividade, para que não haja tumulto nem quebra da ordem dos trabalhos da sessão. (...)”

“Apontar o mal e comentá-lo é cultivá-lo. Não nos cabe deter-nos nas deficiências dos irmãos infelizes,
porque essa atitude nada mais faz do que acorrentá-lo ao cativeiro e o que eles precisam é de libertar-se.
Ninguém edifica, censurando”
"Doutrinação” – Roque Jacintho                                  


“Se se alerta um Espírito de que ele deve amar, quem primeiro ouve o convite somos nó mesmos.”

“Doutrinação” – Roque Jacintho                                           


Divaldo Franco e Raul Teixeira nos esclarecem a respeito do número de comunicações (19)
(1) Que pensar dos médiuns psicofônicos que recebem Espíritos durante a sessão, um atrás do outro? Será indício de grande mediunidade?

Raul Teixeira: A mediunidade amadurecida não é identificada pelo número de desencarnados que se comuniquem por um único médium, numa mesma sessão, mas será identificado pelo teor das comunicações, pela qualidade do fenômeno, que demonstrará a maior ou menor afirmação do médium com as responsabilidades da tarefa. Cada médium, quando é devidamente esclarecido e maduro para o desempenho dos seus compromissos, saberá que o número avultado de comunicações por sessão poderá indicar descontrole do instrumento encarnado e não a sua pujança mediúnica. Há médiuns que prosseguem dando passividade a Entidades durante a prece de encerramento, sem qualquer disciplina, quando não justificam que tais Entidades estavam programadas, como se os Emissários do Além, responsáveis por lides tão graves, tivessem menor bom senso do que nós, os encarnados. Um número de até duas comunicações, e, em caso de grande necessidade e carência de outros médiuns, até três, parece bastante coerente. Todos os médiuns, assim terão chance de atender aos Irmãos desencarnados, sem desnecessários desgastes.
(2) Quantas comunicações um mesmo médium pode receber durante a sessão mediúnica de atendimento a Espíritos sofredores?

Divaldo Franco: Um médium seguro, num trabalho bem organizado, deve receber de duas a três comunicações, quando muito, para que dê oportunidade a outros companheiros de tarefas, e para que não tenha um desgaste exagerado. Tenho tido o hábito de observar, em médiuns seguros, conhecidos nossos, que eles incorporam, em média, três Entidades sofredoras ou perturbadoras e o Mentor Espiritual; raramente ocorrem cinco manifestações pelo mesmo instrumento, principalmente num grupo.

(Continua no próximo Boletim)

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Comunicações de Allan Kardec – Revista Espírita – Ano 1869

Encontramos na Revista Espirita, Jornal de Estudos Psicológicos, órgão informativo da Sociedade Parisiense de Estudos Psíquicos, publicada sob a direção de Allan Kardec, às páginas 191 a 199, uma série de comunicações do codificador e a seguinte nota: “Os números da Revista Espírita, do segundo semestre de 1869, publicaram algumas comunicações de Allan Kardec.
Publicamos aqui a que traz o título de O Espiritismo e o Espiritualismo, a qual tem por data 14 de setembro de 1869 e teria sido psicografada em reunião mediúnica ocorrida na casa da senhora Anna Balckwell, estando também presente o senhor Peebles que era o redator do “Banner of Light”, um dos mais importantes jornais do Movimento Espiritualista de Boston, USA.
Anna Blackwell traduziu para o idioma inglês as seguintes obras da codificação: O Livro dos Espíritos, O Céu e o Inferno, O Livro dos Médiuns, e  A Genesis.
   
O Espiritismo e o Espiritualismo
Sou tão feliz como nem podeis pensar, meus bons amigos, por vos encontrar reunidos. Estou entre vós, numa atmosfera simpática e benevolente, que agrada ao mesmo tempo o meu espírito e o meu coração.
Há muito tempo que eu desejava ardentemente o estabelecimento de relações regulares entre a escola francesa e a escola americana. Para nos entendermos, Deus meu, bastaria simplesmente nos vermos e trocar opiniões. Sempre considerei o vosso salão, prezada senhorita, como uma ponte lançada entre a Europa e a América, entre a França e a Inglaterra, destinada a contribuir poderosamente para suprimir as divergências que nos separam, e estabelecer, numa palavra, uma corrente de idéias comuns, da qual surgiria para o futuro a fusão e a unidade.
Caro senhor Peebles, permiti-me felicitar-vos pelo vosso vivo desejo de entrar em relação conosco. Não devemos lembrar se somos espíritas ou espiritualistas. Seremos uns pelos outros, homens e espíritos que buscam conscientemente a verdade e que a receberão com reconhecimento, quer resulte dos estudos franceses ou dos estudos americanos.
Os Espíritos conservam no Espaço suas simpatias e seus hábitos terrenos. Os Espíritos dos americanos mortos são ainda americanos, como os desencarnados que viveram na França são ainda franceses do Espaço. Daí as diferenças dos ensinos em alguns centros. Cada grupo de Espíritos, por sua própria natureza, por seu espírito nacional, apropria suas instruções ao caráter, ao gênio especial daqueles a quem se dirigem. Mas, assim como na Terra, as barreiras que separam as nacionalidades tendem a desaparecer, no Espaço os caracteres distintivos desaparecem, as nuanças se confundem e, num tempo futuro, mais próximo do que supondes, não haverá mais franceses, inglêses ou americanos na Terra ou no Espaço, mas apenas Homens e Espíritos, todos filhos de Deus, e destinados, por tôdas as suas faculdades, ao progresso e à regeneração universais.

Senhores, eu saúdo nesta noite, nesta reunião, a aurora de uma próxima fusão das diversas escolas espíritas, e me felicito de contar o senhor Peebles entre os homens sem prevenções, cujo concurso e boa vontade assegurarão a vitalidade dos nossos ensinamentos no futuro e sua universal vulgarização.
Traduzí as minhas obras! Só se conhecem na América os argumentos contra a reencarnaçãol Quando as demonstrações em favor dêsse princípio ali se tornarem populares, o Espiritismo e o Espiritualismo não tardarão a se confundir e se tornarão, por sua fusão, na Filosofia natural adotada por todos.
Allan Kardec

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Estudar nunca é demais, Geraldo Campetti, Brasil

REFLEXÕES SOBRE A LITERATURA ESPÍRITA

A cada dia que passa, mais aumenta nossa admiração diante da expressiva quantidade de títulos espíritas expostos nas livrarias que comercializam livros especializados nessa área e nas diversas áreas do conhecimento humano. Já não são apenas as livrarias espíritas que divulgam obras doutrinárias; as livrarias, de um modo geral, têm feito isso também.

É impressionante que a cada semana que visitamos editoras e distribuidoras, bancas e livrarias, defrontamo-nos com lançamentos, sejam novos títulos ou reedições aprimoradas, sobretudo no aspecto da forma de apresentação. Os livros ganham “embalagens” renovadas que modernizam a aparência e agradam aos leitores. São mais de três mil títulos correntes de livros espíritas disponíveis no mercado editorial, comercializados em diversos pontos de venda nos grandes centros e no interior do País.
 
ROMANCES ESPÍRITAS

A maior parte desses títulos é composta por romances mediúnicos. O romance, quando bem escrito, apresenta características literárias que possibilitam transmitir um conteúdo moral, evangélico, educacional, instrutivo e/ou de entretenimento, por meio de um enredo que envolve o leitor, prendendo-o à trama dos personagens e das circunstâncias criadas pelo autor.

A literatura mediúnica foi enriquecida por obras-primas emanadas da sabedoria de Emmanuel e psicografadas por Francisco Cândido Xavier. Romances espíritas, como Há dois mil anos, 50 anos depois, Renúncia, Ave, Cristo!, Paulo e Estevão são referenciais de excelência doutrinária, cultural, histórica e estilística a autores espirituais ou encarnados, dedicados à preparação de originais que se transformarão em livros para acesso público. Os referidos romances, editados pela Federação Espírita Brasileira,  um dia ainda serão apresentados pela magia do cinema, para mais ampla difusão da mensagem que registram.

FACILIDADE E CONFORTO AO LEITOR

As editoras estão aprimorando o trabalho quanto aos cuidados na forma de apresentação de seus livros. Vemos capas bonitas, atraentes, que despertam o interesse do leitor, convidando-o a uma “leitura sensorial", isto é, a manusear o livro. A utilização dos recursos de editoração eletrônica proporciona aos arte-finalistas exporem seu talento na apresentação de trabalhos belíssimos. Um livro também é vendido ou comprado por sua capa. Ela é a embalagem do produto, cuja arte não se deve limitar à primeira capa. Há também a chamada “quarta-capa” que, em trabalhos bem concebidos e concretizados, é aproveitada para informar, sucintamente, sobre o conteúdo da obra. Esse cuidado é indispensável, pois agiliza ao leitor localizar dados básicos do livro que tem em mão, dispensando-o de folhear várias páginas.

O registro das informações em sentido ascendente (de baixo para cima) na lombada do livro é um erro comum, ainda cometido por várias editoras. O correto, conforme orientação técnica, é que o título e o nome do autor sejam anotados de cima para baixo, em sentido vertical descendente. Isso parece irrelevante, todavia, facilita a identificação da obra quando esta é colocada sobre algum objeto.

Três outros aspectos que consideramos relevantes quanto à forma de apresentação do livro são o tipo e tamanho de letra, além do espaçamento entrelinhas. Há textos cujo tamanho de letra é tão pequeno que quase exigem o uso de uma lupa para sua leitura e outros que apresentam fontes exageradas. Preferível é que a tipologia e tamanho da fonte permitam uma leitura fácil e confortável ao leitor. Essa facilidade e conforto são proporcionados também pelo espaçamento de uma linha para outra. Na maioria dos livros, ainda é utilizado o espaçamento simples entre as linhas, o que dificulta a leitura.

O formato do livro, a dimensão da mancha gráfica, o tamanho da letra e o espaçamento entrelinhas são características fundamentais para possibilitar que o texto seja lido fluentemente, com facilidade e conforto.  A leitura ideal é aquela realizada sem esforço, que flui naturalmente, pois além de um texto bem escrito, a boa apresentação torna-o agradável.

Não nos esqueçamos, ainda, de respeitar a faixa etária para a qual o livro é destinado, pois a forma de apresentação será diferenciada de acordo com o seu público, seja ele infantil, juvenil, adulto ou formado de pessoas que já estão na terceira idade ou próximas dela.

E AS REVISÕES?

Até parece que algumas editoras estão se esquecendo desse "detalhe”, ou não estão se preocupando com ele: a revisão ortográfica, semântica e gramatical dos textos. Os preparadores de uma edição sabem o quanto a revisão é trabalhosa. São aspectos variados que não podem ser executados apressadamente. Quanto mais se revisar um texto, mais aprimorado ele fica. O leitor merece esse respeito e agradece quando lê um texto fluente e correto.

O primeiro passo para todo e qualquer “candidato a autor” é aprender a escrever. Não há outro jeito. E nesta condição, incluem-se igualmente os médiuns.  Portanto, a pressa em se publicar um texto, seja mediúnico ou resultado do esforço intelectual de um encarnado, há que ser substituída pela preparação adequada dos autores, revisão detalhada e exaustiva do conteúdo, além de minucioso estudo quanto à apresentação do texto ao público. Tudo isso, antes da publicação.

CONTEÚDO DOS LIVROS

Toda obra doutrinária, incluindo-se nessa categoria o romance espírita, deve ser elaborada e editorada com zelo, carinho e atenção. Autores espirituais e encarnados, médiuns, editores e demais envolvidos na publicação de um livro são responsáveis, direta ou indiretamente, pelo conteúdo registrado em tais veículos de comunicação. Não se pode admitir que qualquer obra, dita espírita, contrarie em uma linha sequer os princípios básicos do Espiritismo. Se isso acontecer, o livro não será espírita. Os cuidados diante de idéias personalistas, sistemas exclusivistas, “novidades”, devem ser redobrados. Há diversos autores espirituais e encarnados querendo atualizar Allan Kardec, fundamentados na falsa premissa de que o Codificador está superado!

ESTUDAR ALLAN KARDEC


Quanto mais nos debruçamos no estudo das obras básicas e na leitura atenta da Revue Spirite, constatamos que o trabalho de Allan Kardec não se limitou à sua época. Na seleção e compilação cuidadosas das mensagens oriundas de diversas localidades, bem como nas anotações judiciosas do Codificador, sempre estiveram presentes o bom senso e a seriedade que resultaram na organização de uma Doutrina que veio ao mundo com a missão de promover a renovação social da humanidade.

Estudar não significa meramente ler. É analisar, entender, refletir, ponderar... É, principalmente, apreender o conteúdo lido para aplicação diária em oportunidades de ação no bem que a vida nos oferece.

O PRIMEIRO LIVRO

Pergunta freqüente dos iniciantes no estudo do Espiritismo e dúvida comum, também, aos que já conhecem a Doutrina: qual o primeiro livro espírita a ser lido? Esta questão pode ser respondida com outra pergunta: qual foi o primeiro livro espírita publicado?

Não resta a menor dúvida de que a obra basilar, principal do Espiritismo, é e continuará sendo O Livro dos Espíritos. Entretanto, raramente é o primeiro a ser lido. O neófito "adquire conhecimentos"  ou desperta seu interesse para o estudo espírita pela leitura, geralmente, de um romance.

Na leitura sucessiva de romances, seu conhecimento poderá limitar-se aos assuntos de tais livros ou ficar direcionado para os aspectos abordados nas obras que leu.
É importante que os romances espíritas destaquem os princípios básicos do Espiritismo, fazendo, inclusive, sempre que possível, referências diretas às obras principais da Doutrina. Assim, o leitor iniciante será incentivado à leitura das obras de Allan Kardec.

Ideal mesmo é que o estudo da Doutrina Espírita seja iniciado pelas obras básicas: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese, que  constituem o pentateuco kardequiano. Estes livros não podem ser esquecidos pelos principiantes no estudo doutrinário nem por aqueles que já apresentam níveis mais aprofundados de conhecimento do Espiritismo. Aliás, quando desejamos estudar minuciosamente uma questão sob a visão espírita, iniciamos com a consulta às obras de Kardec e encerramos, igualmente, fundamentados nas assertivas do Codificador, permeando a pesquisa com bibliografia complementar, constituída de obras subsidiárias que enriquecem o estudo.

Ou você faz diferente?

(O artigo enviado pelo Geraldo foi escrito originalmente para a revista Reformador - FEB - e publicado na edição de dezembro de 2002)

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História & Pesquisa

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas" -  Comitê Editorial da LIHPE)


Documentar é Preservar a História, Marcus Monteiro, Brasil

O Centro de Documentação Espírita do Ceará, abreviadamente CDEC, fundado em 10 de dezembro de 1997, tem por finalidades, segundo seus Estatutos aprovados em 5 de junho de 1999:
I – promover e estimular, de forma democrática, a cultura e a pesquisa espírita em todos os seus aspectos: histórico, filosófico, científico e religioso, através de palestras, conferências, simpósios, seminários, congressos, exposições, dentre outros;
II – manter um periódico, denominado GAZETA ESPÍRITA de natureza doutrinária, filosófica e informativa e,
III – manter intercâmbio com seus congêneres de outros Estados em âmbito nacional ou internacional.
De sua fundação

Sua fundação (criação) foi inspirada em idéia do confrade e amigo Eduardo Carvalho Monteiro, de São Paulo, idealizador e coordenador do Centro de Documentação Espírita da USE. A data de sua fundação, é uma homenagem ao dia do aniversário de nascimento do cearense Manoel Vianna de Carvalho.
   
Formação inicial

Formado originalmente por Luciano Klein Filho, Marcus V. Monteiro, Milton Borges dos Santos e Ary Bezerra Leite, o CDEC tem visado, fundamentalmente, ao resgate da memória do Movimento Espírita Cearense. Nesse sentido vem obtendo documentos (atas, livros, jornais, revistas, fitas cassetes e de vídeo, estatutos, cartazes, etc.) de valor histórico.

Acervo atual

Dentre os muitos documentos obtidos, consta do acervo do CDEC: Objetivos imediatos

    Dentre os objetivos imediatos do CDEC, destacamos:

Preservando a História

Desde há muito o Movimento Espírita no Ceará ressentia-se de um organismo dedicado à preservação de sua História... Em Fortaleza, antes mesmo da primeira publicação de “O Livro dos Espíritos” (Paris, 18 de abril de 1857) já eram realizadas reuniões em torno do fenômeno mediúnico, entre pessoas da alta sociedade. Quem garante é o historiador e pesquisador espírita Luciano Klein Filho. Segundo pesquisa do mesmo no jornal “O Cearense”, já em 1853 (quatro anos antes do surgimento da palavra Espiritismo no mundo) se noticiava a realização de reuniões em torno do fenômeno mediúnico aqui mesmo em Fortaleza.

O jornal “O Cearense” do dia 02 de agosto de 1853, publicou uma notícia bombástica. Aqui em Fortaleza, capital da então província do Ceará, um insólito fenômeno chamou a atenção da população. Na casa do Sr. J. S. de V.(o jornal não declinou o nome do negociante, colocando-o em abreviatura, tratava-se do Sr. José Smith de Vasconcelos – Barão de Vasconcelos), negociante local, foi realizada uma experiência a fim de se atestar a veracidade das “mesas girantes”, que assombravam a Europa e a América. Estavam presentes, além do comerciante e sua esposa, os senhores Manuel Caetano Spinola, Antônio Paes da Cunha Mamede, Antônio Eugênio da Fonseca e Antônio Joaquim Barros.  Conforme relato do periódico, a maioria desses experimentadores não acreditava na possibilidade de o fenômeno ocorrer, não obstante, posicionaram-se diante de uma mesa de quatro palmos:

“(...) Passaram-se sessenta minutos e já impacientes todos se queriam levantar; porém a pedido do Sr. J.S. de V. demoraram-se mais alguns minutos; quando a mesa oscilou ligeiramente da direita para a esquerda. Depois, houve um pequeno movimento de rotação para o mesmo lado, e nesta ocasião, os atores se puseram em pé; o movimento de lento que principiou, se tornou enérgico e afinal parou (...)”

Novos fenômenos se repetiram em várias localidades nesse mesmo ano e no seguinte, merecendo outras notas no referido jornal. Contudo, apesar do frisson causado, esses fatos não motivaram estudos mais sérios e ficaram no esquecimento.

Projeto – 1868

É o próprio Codificador quem nos dá a chave para a continuidade de nossos trabalhos, quando insere na Revista Espírita de dezembro de 1868, uma exposição de motivos sobre a “Constituição do Espiritismo”, mas sem os comentários que lhe ajuntara antes de morrer, e que foram publicados em “Obras Póstumas”. Entre as instituições acessórias e complementares da Comissão Central , preconizava Allan Kardec: “Um museu, onde serão reunidas as primeiras obras da arte espírita, os trabalhos mediúnicos mais notáveis, os retratos dos adeptos que tiverem muito mérito da causa pelo seu devotamento, os dos homens que o Espiritismo honra, embora estranhos à Doutrina, como benfeitores da Humanidade, grande gênios missionários do progresso, etc.
   
Como colaborar

Se você, leitor, dispõe de algo que diga respeito ao Movimento Espírita no Ceará (fotos, cartazes, folhetos, cartas, fitas, disquetes, CDs, livros, ou simplesmente informações) entre em contato com o Centro de Documentação Espírita do Ceará, através de GAZETA ESPÍRITA, ajudando-nos a preservar a História do Espiritismo no Ceará.

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A Presença da Mulher no Espiritismo, ICESP

CICLO 2003 DE CONFERÊNCIAS PÚBLICAS DO ICESP - INSTITUTO DE CULTURA ESPÍRITA DE SÃO PAULO
  
O ICESP lhe convida a participar de seu ciclo de conferências públicas que acontecerá todas as últimas quintas-feiras do mês, sempre às 20:30horas na sede do Museu Espírita de São Paulo à Rua Guaricanga, 357 na Lapa em São Paulo.
 
O Tema do encontro é A PRESENÇA DA MULHER NO ESPIRITISMO. Em homenagem à mulher buscamos refletir sobre a atuação de verdadeiros exemplos que foram: Amélie Boudet, Amália D. Soler, Anália Franco, Zilda Gama, Anita Brisa e outras. Serão conferencistas Profª Therezinha Oliveira, Nancy Puhlman, Neide Schneider, Heloisa Píres entre outras.
 
O ICESP tradicionalmente traz, junto com as conferências apresentação artística de nome de destaque no movimento Espírita.
 
Mais informações pelo telefone (011) 3834.6225 ou através do e-mail mbpiedade@terra.com.br

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As Irmãs Fox, Connan Doyle e o Espiritismo Brasileiro, Jáder Sampaio, Brasil


O episódio de Hydesville tornou-se famoso por desencadear uma investigação pública de conseqüências marcantes para a história do Espiritismo no mundo.

As Comissões de Rochester

Em 1848, uma multidão de norte-americanos acotovelou-se no Corinthians Hall, salão do município de Rochester, no estado de New York - Estados Unidos da América, para acompanhar uma comissão que iria descobrir os truques supostamente empregados por duas adolescentes que pareciam simular sons atribuídos a pessoas mortas. Desde que os ruídos haviam se tornado conhecidos por seus vizinhos e se houvera estabelecido algum tipo de comunicação com sua fonte, boa parte da pacata população dos arredores de Hydesville tomou-se de uma certa indignação que parecia recordar os episódios de caça às bruxas de Salém.

Três adolescentes de nomes Catherine (Kate), Margaret (Maggie) e Ann Leah eram o alvo dos interesses da população predominantemente protestante de sua cidade. Filhas do camponês e pastor metodista, John Fox as duas primeiras foram transferidas de sua fazenda para duas casas em Rochester, a do tio e a da irmã Ann Leah, que era casada e passou a assinar Ann Leah Fish. Desde então, os referidos fenômenos começaram a manifestar-se nas suas novas residências e em outras casas de Rochester e cidades vizinhas.

O erudito Canuto Abreu (1996), citando uma das mais conhecidas divulgadoras destes eventos, fez uma análise oportuna do caráter dos quakers, o que explica a     notoriedade do acontecido. 

Rochester foi fundada por um quaker (Nathaniel Rochester), linha protestante fundada por George Fox na Inglaterra que acreditava na revelação imediata e individual de Deus. Abreu afirma serem fundadores de estados livres americanos e defensores da liberdade de expressão, sendo tolerantes para com as diversas crenças e religiões. Como as manifestações não cessassem com a mudança das meninas para a cidade e a população ficasse cada dia mais indócil e propensa a atos de violência, a Sra. Fox procurou o Sr. Isaac Post, um quaker respeitado pela população e um dos diretores da “Sociedade dos Amigos” para que intercedesse em seu favor e esclarecesse o acontecido. Após a consulta aos “spirits”, Post decidiu por promover manifestações públicas no maior salão da cidade, acompanhadas por uma comissão de investigadores, assegurando ele próprio, o pastor metodista Jervis, o doutor Capron e as respectivas esposas a integridade das jovens. Este evento se deu a 14 de novembro de 1849. (SILVA, 1997)

A comissão que tinha por relator o redator-chefe do jornal Rochester Democrat (que segundo Doyle (1926), já havia preparado um artigo denominado “Exposição completa da mistificação das batidas”e que foi sustado após os trabalhos referidos) e concluiu que as batidas eram verdadeiras, que se produziam às vezes à distância das meninas (nas paredes e portas) que respondiam às vezes certo e às vezes errado às perguntas que lhes eram dirigidas e que “não puderam encontrar nenhum processo pelo qual elas pudessem ser produzidas”.

Recebido o relatório com sinais de desagrado pela audiência, decidiu-se pela nomeação de uma segunda comissão, com a presença do Dr. Langworthy para controlar a possibilidade da ventriloquia por parte das Fox. Concluiu-se que os sons foram ouvidos, não eram produzidos por máquina ou pela ventriloquia.

Nomeou-se ainda uma terceira comissão, que examinou as jovens Fox despidas, amarraram os vestidos ao corpo e as colocaram sobre vidros, de pé sobre almofadas, amarradas nas cadeiras e em outras situações que não impediram as manifestações. A comissão declarou que as perguntas feitas, algumas delas apenas pelo pensamento, haviam sido respondidas corretamente. (Doyle, 1926. p. 89) Este episódio quase causou o linchamento das médiuns.

A Crítica da Revista Veja

Detenho o leitor espírita nestes episódios, seguindo a lógica do criador de Sherlock Holmes, porque muito recentemente a mediunidade das irmãs Fox foi posta em questão por uma jornalista brasileira, que deu mostras de escrever de oitiva. Ao concluir um artigo escrito em um tom um tanto irônico sobre o Espiritismo, ela conclui com a frase de efeito:

“Anos depois de causar furor as irmãs Fox se desmentiram. Disseram que os espíritos eram invenção delas. No Brasil, ninguém ligou”. (Varella, 2000)

Curiosamente, o médico e escritor escocês, Sir Arthur Conan Doyle, dedicou um capítulo inteiro de seu livro História do Espiritismo no debate deste tema, livro este que foi traduzido ao português por um espírita de renome no movimento brasileiro a quem devemos também a tradução da Revista Espírita de Kardec, Júlio Abreu.

(Continua no próximo Boletim)

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Questões e Comentários 

Sobre Jesus e os Apóstolos, Leando Soares, Brasil
(Questão que nos foi enviada através da equipe do Portal do Espírito)

Boa tarde a todos,

Gostaria de saber em qual livro de Allan Kardec encontra-se o embasamento para a seguinte afirmação de Carlos Alberto Iglesia Bernardo: "Hoje, como espíritas, sabemos que Jesus foi um espírito extremamente adiantado, mas não o próprio Deus e que os Apóstolos, também espíritos adiantados, eram humanos. Médiuns inspirados, mas humanos. Também sabemos que os evangelhos são resultado do estilo de pregação de cada um - registram tradições e formas de apresentação destas tradições para públicos diferentes. Talvez até sejam recompilações de textos mais antigos, como querem alguns especialistas, mas trazem todos os sinais de uma autenticidade marcante".

Onde Allan Kardec fala a respeito de Jesus (como não sendo Deus mas sim um espírito) e dos apóstolos (como sendo médiuns)? Não sou adepto da doutrina espírita, mas esta informação iria auxiliar-me em minhas pesquisas.

    Grato pela atenção,
    Leandro Soares.

Este assunto é tratado basicamente n'A Gênese, mas também há menção n'O Livro dos Médiuns e mesmo n'O Livro dos Espíritos. Estamos encaminhando esta mensagem ao autor, talvez ele possa ajudá-lo.

    Portal do Espírito
    ajuda@espirito.com.br



Caro Leandro,

Como os amigos do Portal do Espírito lhe informaram, o assunto é tratado por Kardec com profundidade no livro "A Gênese". Nas outras obras de Kardec também existem referências  sobre o tema, principalmente no "O Livro dos Espíritos".

O Livro dos Espíritos se inicia pelo capítulo sobre Deus, onde se coloca a visão espírita sobre o Criador, e desde logo se verifica que a "Causa primária de todas as coisas" não é "alguém". No capítulo "Dos Espíritos" mostra-se a sequência de evolução do espírito, desde que é criado simples e ignorante até a perfeição e se explica que não há privilégios na criação, todos os espíritos seguem este caminho. Já as perguntas 625 a 628 tratam de Jesus e o apresentam como o "guia" e "modelo" que deve ser seguido pelo homem.

No "Evangelho Segundo o Espiritismo" a personalidade de Jesus é vista no conjunto da obra, seus ensinamentos morais são estudados, sempre como lições do "guia" e "modelo" da humanidade e não como atos de Deus.

É na Gênese que Kardec efetivamente analisa a questão da natureza de Jesus e em seus capítulos o apresenta como um espírito superior. Neste livro também são estudados os "milagres" e Kardec conclui que - em sua maior parte - foram fenômenos psiquicos, que tem como causa as faculdades e os atributos da alma.

Algumas outras obras espíritas que lhe ajudarão no estudo da questão:

    -  "A Caminho da Luz" de Emmanuel (há um capítulo dedicado ao Cristianismo primitivo e a formação dos evangelhos);
    - "Jesus e o Espiritismo" de Valdemiro Vieira;
    -  "O Novo Testamento"  de Djalma Argollo e a tradução do mesmo autor do evangelho de Mateus: "O Evangelho Segundo Mateus".
    - "Cristianismo e Espiritismo" de Léon Denis;

Com relação aos estudos  sobre os textos neo-testamentários e sua autenticidade histórica recomendo:
 
    - "Jesus, esse grande desconhecido", de Juan Arias, ed. Objetiva;
    - "Testemunha ocular de Jesus" de Carsten Peter Thiede e Matthew D'Ancona, ed. Imago;
    - "A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã", de Julio Trebolle Barrera, ed Vozes;
    - "O Jesus Histórico - Um Manual" de Gerd Theissen e Anette Merz;
    - "Jerusalém anno domini", de John Wilkinson, ed. Melhoramentos;

A autenticidade dos evangelhos é evidente nas narrativas dos milagres, que descrevem eventos  bastante "plausiveis",  explicáveis pela ciência espírita. Caso estes milagres tivessem sido "interpolações" ou "invenções" posteriores seriam narrativas absurdas, como as que podem ser encontradas nas lendas orientais, nas hagiografias medievais ou nos apócrifos. Ela também é evidente nos ensinamentos de Jesus, que nas melhores traduções - como por exemplo na "Bíblia de Jerusalem" - desafiam seus seguidores até hoje. A espontaniedade dos textos, onde transparece a comunicação dirigida ao povo - pescadores, camponeses, pequenos comerciantes - está longe dos complicados discursos teológicos que marcaram os séculos seguintes da Cristandade.

Em todo o Evangelho há uma coerência histórica, uma perfeita integração entre a mensagem e a época, e ao mesmo tempo uma universalidade tão marcante, que não tem rivais. Nem mesmo a famosa "Imitação de Cristo" de Tomas de Kempis é uma obra tão bela quanto os Evangelhos. A beleza das "Bem-aventuranças", a simplicidade do "Pai Nosso", a profundidade da resposta aos que trouxeram a mulher adultera: não haveria autor que os inventasse.

Eu não tenho duvidas de que nos Evangelhos estão registradas as tradições legitimas sobre o homem de Nazaré. Não nego que possam existir pequenos erros de tradução e mesmo uma ou outra interpolação dos copistas antigos, mas  não comprometem o conjunto. As traduções modernas - considero a "Bíblia de Jerusalém" (ed. Paulus) a melhor de todas -  baseadas nos estudos dos manuscritos mais antigos, sanaram muitos dos problemas que existiam nas versões anteriores.

    Muita Paz,
    Carlos Iglesia

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Painel

Notícias sobre o 12º Congresso Estadual da USE

Jornalista Responsável - Rubens Toledo (Mtb 13776). Colaboradores: A. J. Orlando (S. José dos Campos), Ademir Xavier (Campinas), Antönio Carlos Amorim (São Paulo). Rua Gabriel Pizza, 433 – Santana, São Paulo, SP. Tel.(11) 6950-6554, e-mail; use@use-sp.com.br ou ruboca@aol.com. Acesse www.use-sp.com.br.


NOTÍCIAS DO CONGRESSO
Edição número 1 – 7 de abril de 2003


USE realiza seu 12º Congresso Estadual

De 17 a 20 de abril, Campinas será o epicentro do Movimento Espírita no Estado de São Paulo. As maiores expressões doutrinárias do País estarão reunidas no Congresso promovido pela USE, o 12º desde sua criação, em 1947.

Com palestra do orador e médium baiano, Divaldo Pereira Franco, para mais de 3 mil adeptos no Ginásio de Esportes do Guarani F. Clube, em Campinas, será aberto, na noite de 17 de abril,  o 12º Congresso Estadual de Espiritismo, que prossegue até o dia 20 de abril com cerca de 60 sessões de atividades de estudos e debates, distribuídos em quatro grandes temas – Educação Espírita, Comunicação Social Espírita, Serviço Assistencial e Movimento de Unificação.

O 12º Congresso contará com expositores de São Paulo – Heloísa Pires, Avildo Fioravante, Aylton Paiva, Nancy Pulmann – e também de outros Estados, como Luís Signates, de Goiânia, Carlos Baccelli, de Uberaba, e Nestor J. Masotti, presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB), de Brasília, DF.
 
Segundo Attilio Campanini, presidente da USE paulista,  esta 12ª edição do Congresso Estadual é inovador, tanto na forma de sua organização (feita com apoio de seis USEs regionais, além da Intermunicipal de Campinas), quanto na sua proposta central. “Com certeza, este modelo será imitado pelos companheiros em congressos futuros”, afirmou Campanini, que encerra o seu mandato na USE em maio deste ano.


A Doutrina Espírita em slides

Américo Sucena e Ari Soares mostram no 12º Congresso Estadual de Espiritismo, em Campinas, a vantagem do audiovisual nas exposições doutrinárias

Uma imagem fala mais do que mil palavras. A demonstração prática desse famoso ditado será mostrada por  Américo Sucena e Ari Soares, confrades que militam no movimento espírita de São Paulo e Jundiaí, no 12º Congresso Estadual de Espiritismo, promovido pela União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE-SP),  de 17 a 20 de abril, em Campinas. Eles participam, juntos, do módulo de Comunicação Social Espírita, um dos quatro grandes módulos do Congresso, que debaterá também Educação Espírita, Serviço Assistencial Espírita e Movimento de Unificação.

Segundo Sucena, o Projeto, que já adaptou grandes obras espíritas na forma de slides (como Nosso Lar, Há 2.000 Anos e outras), é uma forma alternativa de palestra ou aula sobre temas espíritas. “Livros, temas doutrinários e evangélicos, histórias infantis, contadas com a ajuda de desenhos feitos por profissionais, permitem que os espectadores gravem e assimilem os conceitos transmitidos oralmente”, disse o expositor. 

Ari Soares, de Jundiaí, companheiro de Américo na apresentação do trabalho, fará a parte prática, exibindo aos congressistas trechos do trabalho realizado com a obra Nosso Lar, de André Luiz, psicografada por F. C. Xavier.


Congresso Estadual entra em contagem regressiva

Campinas acelera os preparativos finais para o 12º Congresso Estadual, o primeiro do novo século. Inscrições ainda continuam chegando das várias regiões do Interior
A menos de duas semanas do seu início, o Congresso Estadual de Espiritismo que a USE promove em Campinas, de 17 a 20 de abril, continua recebendo inscrições. Caravanas de Ribeirão Preto, Bauru, Taubaté, Santos, Franca e outras regiões estão preparando a bagagem e reservando as últimas vagas ainda existentes no Hotel Nacional Inn, onde serão desenvolvidas as atividades do congresso.

Enquanto isso, a Comissão Organizadora está providenciando alojamento para os participantes de última hora.  “Foi feito um acordo com o Colégio Doctus, próximo ao Centro de Convenções do Hotel Nacional Inn, para receber esses companheiros. Mas até agora só foi feita uma reserva”, afirmou Antonio Miranda, membro da Comissão Organizadora e responsável pela área financeira.

Enquanto isso, a cidade se prepara para receber os congressistas.  Mais de 100 voluntários, das várias casas espíritas de Campinas, foram mobilizados para trabalhar no evento – desde a abertura, no Ginásio do Guarani, com a conferência de Divaldo P. Franco, até o encerramento, no Centro de Convenções do Nacional Inn, que será fechado com almoço de confraternização.


NOTÍCIAS DO CONGRESSO
Edição número 1 – 8 de abril de 2003


Palestras de Divaldo e Baccelli terão entrada franca

Conferência do tribuno baiano, na abertura do Congresso Estadual, no Ginásio do Guarani (17), e a palestra do médium de Uberaba, MG, no Centro de Convenções do Nacional Inn, estão abertas aos congressistas e também ao grande público


O médium Divaldo Pereira Franco já definiu seu roteiro no Estado de São Paulo nesta semana de feriado prolongado. Na noite de 17 de abril, ele fará a palestra de abertura do 12º Congresso Estadual de Espiritismo, em Campinas. Ali, Divaldo fala para mais de 3 mil pessoas, não só aos participantes do Congresso mas também para o público em geral. Na manhã seguinte, Divaldo e sua equipe viajam para Birigui, cidade próxima a Araçatuba, a 500km da Capital, e, no sábado, 19 de abril, estará em Santos, para mais um compromisso doutrinário na cidade praiana.


Baccelli e os “Novos Horizontes”

Também como atividade do Congresso Estadual, o mineiro Carlos Baccelli, que cresceu ao lado de Chico e com ele educou sua mediunidade psicográfica, estará fazendo a segunda palestra do evento – na noite de 19 de abril, no Centro de Convenções do Hotel Nacional Inn, local do evento. Baccelli deverá abordar o tema central do encontro – Movimento Espírita – Novos Horizontes, e estará contribuindo mais uma vez para o sucesso do Congresso, já que colaborou também com a USE na sua campanha por recursos, ao doar os direitos autores de 10 mil exemplares do livro No Mundo da Mediunidade.

A palestra de Baccelli estará aberta não só aos congressistas mas também a todo o público campineiro.



Reconhecimento ao talento
 USE e Editora Madras Espíritas fazem a entrega de prêmios aos vencedores do Concurso Literário J. Herculano Pires durante o Congresso Estadual
Uma atração à parte no 12º Congresso Estadual de Espiritismo será a entrega de troféus e prêmios em dinheiro aos vencedores do Concurso Literário J. Herculano Pires, promovido pela Editora USE e Editora Madras Espírita. A cerimônia acontecerá na noite de 19 de abril, no anfiteatro do Hotel Nacional Inn, às 19 horas, antecedendo à palestra de Carlos Baccelli. Segundo Eduardo Carvalho Monteiro, um dos coordenadores do concurso, um dos objetivos do encontro, alcançado plenamente, foi o de revelar novos valores da Literatura espírita, nos diversos gêneros, e também valorizar os talentos existentes. Foram recebidos, ao todo, mais de 60 trabalhos.


Merhy Seba abre o módulo “Comunicação Social”
Publicitário, assessor de Comunicação da FEB e da USE Intermunicipal de Ribeirão Preto, falará sobre Espiritismo e a Mídia

A exemplo do congresso anterior, em Bauru, o publicitário Merhy Seba estará abrindo os estudos e debates deste 12º Congresso na área da comunicação. Professor universitário em Ribeirão Preto, onde reside, Merhy acumula também funções em Brasília, assessorando a FEB no Conselho Regional Sul. A larga experiência doutrinária de Merhy soma-se à competência profissional no campo profissional. 


“Neste evento iremos fazer uma ligeira abordagem sobre a estrutura da linguagem, no aspecto doutrinário espírita, bem como uma proposta de adequação dessa linguagem a especificidades de cada modalidade de comunicação – Relações Públicas, Assessoria de Imprensa e Jornalismo, Propaganda e Publicidade, Promoção Institucional e de Vendas, Marketing Direto, Telemarketing e Gerenciamento de Relacionamento com o Público, o chamado GRP, e a cada meio de comunicação, seja na televisão, no rádio, no cinema ou na na Internet, seja ainda em jornais, revistas, malas-diretas e outros meios”, adiantou Merhy.

Segundo o professor, a estrutura da linguagem, sob o ponto de vista doutrinário espírita, deve guardar relação íntima com o espírito da Doutrina. Ele recorda um trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo, em que o ensino dos postulados da Terceira Revelação deve ser feito com doçura e não usando da persuasão pela força.  Independente do formato ou modelo que venhamos a utilizar na comunicação com os públicos interno e ou externo, a nossa linguagem deve ser embasada em conceitos doutrinários autênticos, elaborada de maneira ética, clara, concisa, precisa e vigorosa e que priorize a interatividade entre as partes.”


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