O ano de 1867 tinha sido anunciado
como devendo ser particularmente proveitoso para o Espiritismo, e essa previsão
realizou-se plenamente. Ele viu aparecerem várias obras que, sem lhe
trazer o nome, popularizaram os seus princípios, e entre as quais
lembramos
Mirette, do sr. Sauvage;
Le Roman de l'Avenir, do sr. Bonnemère;
Dieu dans la nature, pelo sr. Camille Flammarion.
La Raison du Spiritisme
, pelo sr. juiz de instrução Bonnamy, é um acontecimento
nos anais da doutrina, porque a bandeira é alta e corajosamente arvorada
por um homem cujo nome, justamente estimado e considerado, é uma autoridade,
ao mesmo tempo que sua obra é um protesto contra epítetos com
que a crítica gratifica geralmente os adeptos da idéia. Todos
os Espíritas apreciaram esse livro como o merece, e lhe comprenderam
o alcance. É uma resposta peremptória a certos ataques. Assim,
pensamos que considerarão como um dever propagá-lo no interesse
da doutrina.
Se o ano só tivesse tido esses resultados,
era para nos felicitarmos. Mas os produziu mais efetivos. O número
das sociedades ou grupos oficialmente conhecidos não aumentou sensivelmente,
é verdade; antes até diminuiu, por força das intrigas,
com cujo auxílio procuraram miná-los, neles introduzindo elementos
de dissolução. Mas, em compensação, o número
de reuniões particulares, ou de família, cresceu numa grande
proporção.
Além disso é para todos notório e
da própria confissão dos nossos adversários, que as
idéias espíritas ganharam terreno consideravelmente, como o
constata o autor da obra a que nos referimos adiante. Elas se infiltram por
uma porção de brechas; tudo concorre para isso; as coisas que,
à primeira vista, a elas pareciam mais estranhas, são meios
com a ajuda dos quais essas idéias vêm a luz. É que o
Espiritismo toca em tão grande número de questões, que
é muito difícil abordar seja o que fôr sem ver aí
surgir um pensamento espírita, de tal sorte que, mesmo nos meios refratários,
essas idéias brotam sob uma ou outra forma, como essas plantas de
cores variadas, que crescem por entre as pedras. E como nesses meios geralmente
repelem o Espiritismo. por espíritos de prevenção, sem
saber o que ele diz, não é surpreendente que, quando pensamentos
espíritas aí aparecem, não os reconhecem, mas, então,
os aclamam, porque os acham bons, sem suspeitar que é Espiritismo.
A literatura comtemporânea, grande ou pequena, séria
ou leviana, semeia essas idéias em profusão; é por elas
esmaltada e não lhe falta senão o nome. Se se reunissem todos
os pensamentos espíritas que correm o mundo, constituir-se-ia o Espiritismo
completo. Ora, aí está um fato considerável e um dos
mais característicos do ano que se findou. Isto prova que cada um
tem em si alguns de seus elementos, no estado de intuição,
e que entre os seus antagonistas e ele não há, o mais das vezes,
senão uma questão de palavras. Os que o repelem com perfeito
conhecimento de causa são os que tem interesse em o combater.
Mas, então, como chegar a fazê-lo conhecer
para triunfar dessas prevenções ? Isto é obra do tempo.
É preciso que as circunstâncias para aí levem naturalmente,
e para isto pode-se contar com os Espíritos, que sabem fazê-las
nascer em tempo oportuno. Essas circunstâncias são particulares
ou gerais. As primeiras agem sobre os indivíduos e as outras sobre
as massas. As últimas, por sua repercussão, fazem o efeito
das minas que, a cada explosão, arrancam alguns fragmentos do rochedo.
Que cada Espírita trabalhe de seu lado sem desanimar
com a pouca importância do resultado obtido individualmente, e pense
que à força de acumular grãos de areia se forma uma
montanha.
Entre os fatos materiais que assinalaram este ano, as
curas do zuavo Jacob ocupam o primeiro lugar. Tiveram uma repercussão
que todo o mundo conhece. E, pôsto o Espiritismo aí só
tinha figurado incidentemente, a atenção geral não deixou
de ser vivamente atraída para un fenômeno dos mais sérios,
e que a ele se liga de maneira direta. Esses fatos, produzindo-se em condições
vulgares, sem aparelho místico, não por só um indivíduo,
mas por diversos, por isto mesmo perderam o caráter miraculoso, que
até então lhes haviam atribuído. Como tantos outros,
entraram no domínio dos fenômenos naturais. Entre os que os
rejeitavam como milagres, muitos se tornaram menos absolutos na negação
do fato e admitiram sua possibilidade como resultado de uma lei desconecida
da natureza. Era um primeiro passo numa via fecunda em consequências,
e mais de um céptico ficou abalado. Certamente nem todos ficaram convencidos,
mas a coisa deu muito que falar. Daí resultou num grande número
um impressão profunda, que fez refletir mais do que se pensa. São
sementes que, se não dão uma colheita abundante imediata, não
estão perdidas para o futuro.
O sr. Jacob mantem-se afastado de maneira absoluta. Ignoramos
os motivos de sua abstenção e se deve ou não retornar
o curso de suas sessões. Se há intermitência em sua faculdade,
como acontece muitas vezes em casos semelhantes, é uma prova de que
ela não se deve exclusivamente à sua pessoa, e que fora do
indivíduo há qualquer coisa, uma vontade independente.
Mas, perguntarão, porque essa suspensão,
desde que a produção desses fenômenos era uma vantagem
para a doutrina ? Tendo as coisas, atá aqui, sido conduzidas com uma
sabedoria que não é desmentida, há que supor que os
que dirigem o movimento julgaram o efeito suficiente pelo momento, e que
seria útil pôr um tempo de espera na efervescência. Mas
a idéia foi lançada e se pode estar certo de que não
ficará no estado de letra morta.
Em suma, como se vê, o ano foi bom para o Espiritismo.
Suas falanges recrutaram homens sérios, cuja opinião é
tida por alguma coisa num certo mundo. Nossa correspondência assinala
quase por toda a parte um movimento geral de opinião por essas idéias
e, coisa bizarra neste século positivo, as que ganham mais terreno
são as idéias filosóficas, muito mais que os fatos materiais
de manifestação, que muitas pessoas ainda se obstinam em rejeitar.
De sorte que, perante o maior número, o melhor meio de se fazer proselitismo
é começar pela filosofia, o que se compreende. Sendo as idéias
fundamentais latentes na maioria, basta despertá-las. Compreendem-nas
porque possuem em si os seus germes, ao passo que os fatos, para serem aceitos
e compreendidos, demandam estudos e observações que muitos
não querem se dar o trabalho de fazer.
Depois o charlatanismo, que se apoderou dos fatos para
os explorar em sua proveito, os desacreditou na opinião de certas
pessoas, dando margem à critica. Assim não se podia dar com
a filosofia, que não era tão fácil de contrafazer,
e que, aliás, não é matéria explorável.
Por sua natureza, o charlatanismo é turbulante
e intrigante, sem o que não seria charlatanismo. A crítica,
que geralmente pouco se preocupa em ir ao fundo do poço buscar a verdade,
viu o charlatanismo em parada, e se esforçou para a ele ligar a etiqueta
de
Espiritismo. Daí, contra esta palavra, uma prevenção
que se apaga à medida que o Espiritismo verdadeiro é melhor
conhecido, porque não há ninguem, que o tendo estudado seriamente,
o confunda com o Espiritismo grotesco de fantasia, que a despreocupação
ou a malevolência procuram àquele substituir. É uma reação
neste sentido que se manifestou nestes últimos tempos.
Os princípios que se acreditam com mais facilidade são os da
pluralidade dos mundos habitados e o da
pluralidade das existências ou
reencarnação
. O primeiro pode ser considerado como admitido sem contestação
pela ciência e pelo assentimento unânime, mesmo no campo materialista.
O segundo está no estado de intuição numa porção
de indivíduos, nos quais é uma crença inata; encontra
numerosas simpatias, como princípio racional de filosofia, mesmo fora
do Espiritismo. É uma idéia que sorri a muitos incrédulos,
porque aí encontram
imediatamente a solução das
dificuldades que os haviam levado à duvida. Assim, essa crença
tende a se vulgarizar de mais a mais. Mas para quem quer que reflita, esses
dois princípios tem consequências forçadas, que desembocam
em linha reta no Espiritismo. Pode-se, pois, considerar o progresso dessas
idéias como o primeiro passo para a doutrina, desde que dela são
partes integrantes.
A imprensa que, mau grado seu, sofre a influência
da difusão das idéias espíritas, porque estas penetram
até no seu seio, em geral se abstém, senão por simpatia,
ao menos por prudência; quase que já não é de
bom gôsto falar dos Davenport. Dir-se-ia mesmo que ela afeta evitar
abordar a questão do Espiritismo. Se, de vez em quando, ela atira
algumas flechas contra os seus aderentes, são como os últimos
fios de um ramalhete de artifício. Mas não há mais esse
fogo rolado de invetivas que se ouvia há dois anos. Posto que ela
tenha feito quase tanto ruído do sr. Jacob, quanto dos Davenport,
sua linguagem foi muito outra, e é de notar que, na sua polêmica,
o nome do Espiritismo só figurou muito acessoriamente.
No exame da situação, não só
há que considerar os grandes movimentos ostensivos, mas há,
sobretudo, que levar em conta o estado íntimo da opinião e
das causas que a podem influenciar. Assim como dissemos alhures, se se observar
atentamente o que se passa no mundo, reconhecer-se-á que uma porção
de fatos, em aparência estranhos ao Espiritismo, parecem vir de propósito
para lhe abrir as vias. É no conjunto das circunstâncias que
se devem procurar os verdadeiros sinais do progresso. Deste ponto de
vista, então, a situação é tão desarmada
e que, de agora em diante, as coisas vão marchar sem combate ? Guardemo-nos
de o crer e de dormir numa enganadora segurança. O futuro do Espiritismo,
sem contradita, está assegurado; e seria preciso ser cego para o duvidar;
mas os seus piores dias não passaram; ainda não recebeu o batismo
que consagra todas as grandes idéias. Os Espíritos são
unânimes para nos pressentir contra uma luta inevitável, mas
necessária, a fim de provar sua invulnerabilidade e a sua força;
dela sairá maior e mais forte; somente então conquistará
o seu lugar no mundo, porque os que tiverem querido derrubá-lo terão
preparado o seu triunfo. Que os Espíritas sinceros e devotados se
fortifiquem pela união e se confundam numa santa comunhão de
pensamentos. Lembremo-nos da parábola das dez virgens e velemos para
não sermos tomados desprevenidos.
Aproveitamos esta circunstância para exprimir toda
a nossa gratidão àqueles dos nossos irmãos espíritas
que, como nos anos anteriores, por ocasião da renovação
das assinaturas da
Revista, nos dão novos testemunhos de sua
afetuosa simpatia. Somos felizes com os penhores que nos fazem de seu devotamento
à causa sagrada que todos defendemos, e que é a da humanidade
e do progresso. Aos que nos dizem: coragem ! diremos que jamais recuaremos
diante de nenhuma das necessidades de nossa posição, por mais
duras que sejam. Que contem conosco, como nós contamos, no dia da
vitória, neles encontrar os soldados da véspera, e não
os soldados do amanhã.
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As Quatro Nobres Verdades, Carlos A. Iglesia Bernardo
(Série de artigos iniciada no
Boletim GEAE número 428)
VI - Anexos
Vocabulário
O Budismo tem uma história de 2.500 anos, sendo
que parte de seu vocabulário vem das filosofias muito mais antigas
da India, cujas origens se perdem na noite dos tempos. Desta maneira é
preciso ter em mente que qualquer tradução para o nosso idioma
é sempre aproximada, que não temos termos exatos para traduzir
palavras que acumulam signficados de milênios de estudos ininterruptos.
Na relação abaixo indicamos se os termos
são usados por apenas uma das duas doutrinas, ou se são comuns
as duas. No texto procuramos indicar as variações de sentido
quando existirem.
Animismo:
Espiritismo - Como o homem nada mais é do que um espírito encarnado,
ele tem as mesmas capacidades que um espírto liberto, apenas reduzidas
pelo efeito do corpo físico. Desta maneira existem fenômenos,
bastante similares aos mediúnicos, que tem sua origem no próprio
"sensitivo" - ele não atua propriamente como médium, pois não
está atuando como intermediário, mas nem por isso estes fenômenos
são menos válidos para o estudo do espírito e do mundo
espiritual.
Também pertencem a esta categoria, os fenômenos produzidos pelo
espírito encarnado sob o controle do seu inconsciente.
Bhiksu:
Budismo - Monge, pessoa que se retirou da vida cotidiana para se dedicar
a meditação e ao estudo. Não é um sacerdote,
apenas uma pessoa que dedica sua vida ao ideal Budista de libertação
do sofrimento pela estrita observância dos ensinamentos de Buda. As
práticas religiosas, ou rituais a que se dedica, longe de serem fins
em si mesmos, são métodos para exercicío da concentração.
A palavra, pelas suas origens, também tem o sentido de monge mendicante.
Bodhichitta:
Budismo - Em seus livros, como por exemplo no "A Arte de Lidar com a Raiva"
(editora Campus) o Dalai Lama define Bodhichita como a aspiração
altruísta de alcançar a iluminação total, em
benefício de todos os seres.
Bodhisattva:
Budismo - No Budismo Mahayana é o ser ideal, aquele que atingiu todas
as condições para pretender o Nirvana, mas que adia sua libertação
no objetivo de permanecer em contato com este mundo sofredor. Ele se coloca
a serviço dos seres por um período de tempo que nada pode determinar,
ou mesmo pode não ter fim, ajudando-os a encontrarem o próprio
caminho de libertação do sofrimento. O aspirante a Bodhisattva
busca atingir o despertar em benefício dos outros, e este conceito
é o ponto principal que caracteriza a escola Mahayana em contraposição
a escola Theravada.
Buda:
Budismo - Iluminado, que atingiu a libertação da ignorância.
Titulo respeitoso dado a Sidarta Gautama, embora não seja exclusivo
dele - todos os seres tem a capacidade de um dia tornarem-se iluminados (Budas).
A palavra que designa tal capacidade do ser é algumas vezes (mal-)
traduzida por "Budeidade".
Caminho do Meio:
Budismo
- É uma expressão também usada para designar o Budismo,
pois esta doutrina procura se afastar tanto dos extremos do ascetismo como
do apego excessivo as coisas materiais.
Causa e Efeito:
Budismo e Espiritismo - Os nossos atos e pensamentos são ações
que, dentro das leis naturais do Universo, trarão uma reação.
Dentro do ordenamento moral do Universo, os atos que trazem sofrimento aos
outros seres, tem como reação natural o sofrimento de quem
os praticou e do mesmo modo, os atos que resultam no bem trazem o bem como
retorno;
Os Budistas consideram a lei de causa de efeito como a lei básica
do Universo, enquanto que os Espíritas a consideram como uma das leis
através da qual Deus age sobre o Universo. Para os Espíritas
outra lei universal, de igual importância, é a lei que rege
o progresso do espírito.
Codificação Espírita
Espiritismo - O conjunto da obra de AllanKardec.
Se convencionou chamar este conjunto de "codificação" devido
ao fato destas obras, que reunem os trabalhos de pesquisa e análise
desenvolvidos por Allan Kardec no estudo das comunicações espíritas,
formarem a base da Doutrina Espírita.
Dalai Lama:
Budismo - "... Já disse, na introdução " - do livro que estamos citando -
" as palavras dalai-lama significam diferentes coisas para diferentes pessoas,
e que para mim eles se referem apenas ao cargo que ocupo. A rigor, dalai
é um vocábulo mongol que significa 'oceano', e lama é
um termo tibetano que corresponde à palavra hindu guru, significando
'superior'. Juntas, as palavras dalai e lama são as vezes traduzidas
como 'oceano de sabedoria'. Mas isso, acho eu, é fruto de um mal-entendido.
Originalmente, Dalai era uma tradução parcial de Sonam Gyatso,
nome do terceiro Dalai Lama: Gyatso significa 'oceano' em tibetano. Outro
e infortunado mal-entendido se deve ao fato de os chineses darem à
palavra lama o sentido de 'hou-fou', que tem a conotação de
'Buda-vivo'. Isso é um erro. O budismo tibetano não reconhece
tal coisa. Apenas admite que determindados seres, dos quais o Dalai-Lama
é um, podem escolher a forma de sua reencarnação. Essas
pessoas são chamadas tulkus (encarnações)." Dalai Lama, "Liberdade no Exílio - Uma autobiografia do Dalai Lama do Tibet", Ed. Siciliano.
Dharma:
Budismo - Geralmente, nos livros Budistas se refere a doutrina de Buda. "
Mas também pode ser usada com significado muito mais amplo - ordem
universal cósmica; lei eterna; moral; dever; virtude, retidão;
justiça. (Vocabulaire de l'Hindouisme de Herbert et Varenne). Os autores
registram Dharma com outros significados tais como Personificação
da Lei; Deus presidindo ao dharma, etc.
No Ramakrishna-Vedanta Wordbook; a brief Dicitionary of
Hinduism, editado por Usha, Brahmacharini, consta que literalmente significa
"aquele que mantém sua verdadeira natureza" e que a palavra denota
mérito, moralidade, justiça, verdade, dever religioso, ou o
caminho da vida que uma natureza do homem lhe impõe (which a man's
nature imposes upon him), etc.
Muitas vezes, a palavra é empregada no sentido
do caminho da vida próprio de um ser, como quando se diz que cada
indivíduo deve cumprir seu próprio dharma." (Élzio).
Espírita:
Espiritismo - Que tem relação com o Espiritismo, partidário
do Espiritismo, aquele que crê nas manifestações dos
Espíritos. Allan Kardec, cap. Vocabulário Espírita,
O Livro dos Médiuns.
Espiritismo:
Doutrina fundada sobre a crença na existência dos Espíritos
e das suas manifestações. Allan Kardec, cap. Vocabulário
Espírita, O Livro dos Médiuns.
Espírito:
Espiritismo - No sentido especial da Doutrina Espírita: os Espíritos
são os seres inteligentes da criação que povoam o Universo
além do mundo material e consttuem o mundo invisível. Não
são seres de uma criação especial, mas as próprias
almas dos que viveram na Terra ou em outras esferas tendo deixado seu envoltório
corporal. Allan Kardec, cap. Vocabulário Espírita,
O Livro dos Médiuns.
O mundo invisível está além do material não só
em sentido espacial, mas também qualitativo, interpenetrando-o.
Comentário de Herculano Pires ao verbete "Espírito" na sua
tradução do "O Livro dos Espíritos".
Karma:
Budismo - A palavra significa ação, mas, por extensão,
compreende também ao resultado da ação. Não há
diferença assim de causa e efeito. (Elzio)
As vezes é empregada significando "lei de Causa
e Efeito" (vide tópico correspondente) e outras como o resultado atual
das ações passadas.
Médium
Espiritismo - (Do latim: medium = meio; intermediario; medianeiro) Pessoa
que pode servir de intemediária entre os espíritos e os homens;
aquele que em um grau qualquer sente a influência dos Espíritos
de modo ostensivo. Todas as variedades de médiuns apresentam uma infinidade
de graus em sua intensidade. Dicionário de Filosofia Espírita,
L. Palhano Jr.
Mediunidade
Espiritismo - É uma faculdade inerente ao homem que permite a ele
a percepção, em um grau qualquer, da influência dos Espíritos.
Não constitui um privilégio exclusivo de uma ou outra pessoa,
pois, sendo uma possibilidade orgânica, é hereditária
e depende de um organismo mais ou menos sensitivo. Só se classificam
pessoas como médiuns, se a mediunidade se mostra bem caracterizada
e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade. Essa faculdade não
se revela, da mesma maneira, em todos. Geralmente os médiuns têm
uma aptidão especial para os fenômenos desta, ou daquela ordem,
donde resulta que formam tantans variedades quantas são as espécies
de manifestações. Dicionário de Filosofia Espírita,
L. Palhano Jr.
Nirvana:
Budismo -Literalmente a palavra tanto pode significar "ser extinguido"
(extinção), "cessar por sopro", quanto "resfriar por sopro".
O nirvana constitui a mais elevada e última meta de todas as aspirações
budistas, a extinção do "fogo" de, ou o resfriamento da "febre"
da avidez, ódio e delusão (os três principais males no
pensamento budista); e com estes também a libertação
última e absoluta de todo renascimento futuro, velhice e morte, de
todo sofrimento e miséria. Dhammapada, trad. Nissim Cohen, Ed.
Palas Athena.
Perispírito:
Espiritismo - (do grego, perí, ao redor) - Envoltório semimaterial
do Espírito. Entre os encarnados, serve de liame ou intemediário
entre o Espírito e a matéria. Entre os espíritos errantes,
constitui o corpo fluídico do Espírito. Allan Kardec, cap.
Vocabulário Espírita, O Livro dos Médiuns.
Reencarnação:
Budismo e Espiritismo - A continuação da existência do
ser em um novo corpo material como consequencia da lei de ação
e de reação. Há uma sutil diferença conceitual
entre o Espiritismo e o Budismo neste ponto. Para os Budistas, o ser em sua
essência é apenas um fluxo de consciência, ao qual
se agregam diversos elementos conforme o resultado da lei de causa e efeito.
Não há propriamente um ser individual se reencarnando, mas
seu fluxo de consciência (que resulta de uma existência para
outra - e mesmo no mundo espiritual entre as encarnações -
na propagação de uma consciência individual, responsável
por seus atos). Para o Espiritismo, há um espírito imortal que
se reencarna conforme suas necessidades de progresso espiritual. Ao espírito
puro - cuja essência nos escapa - se agregam o perispiríto que
é o instrumento através do qual ele atua no mundo material.
Samsara:
Budismo - Ciclo ou Roda de Renascimento. A fase da existência do ser
em que ele está preso ao ciclo de renascimentos, de uma vida após
a outra. O Espiritismo não tem uma palavra especifíca para
este conceito.
Sangha:
Budismo - O conjunto dos monges budistas. Não é uma classe
sacerdotal, tal qual a hierarquia da Igreja Católica ou os Brahmanes
Hindus. É simplesmente o conjunto das pessoas que se retirou da vida
comum para se dedicar a meditação e aos estudos da doutrina
Budista. Pode-se dizer que corresponde ao ideal Budista de vida, mas fora
isso, não há distinções fundamentais entre leigos
e sangha.
Shakyamuni:
Budismo - O sábio do clã dos Shakya, outro dos nomes dados
a Buda;
Sidarta Gautama:
Budismo - O nome próprio de "Buda". Também se encontram "Sidharta" e "Siddharta";
Sutra
:
Budismo - A palavra "Sutra" era usada na India, na época do surgimento
do Budismo, para indicar um conjunto de palavras ou frases importantes reunidas
em um conjunto único. Como muitos ensinamentos de Buda foram
reunidos na forma de Sutras, o significado da palavra acabou se extendendo
ao longo do tempo, vindo a ser usada para designar genericamente todos os
textos que trazem sermões de Buda. Algumas vezes também é
usada para outros textos Budista, inclusive modernos, que são recitados.
(
Próximos boletins - Bibliografia)
Retorno ao Índice
Não esqueça as fontes, Geraldo Campetti Sobrinho
(Artigo publicado originariamente em Reformador, nov. 1998, p.340-341 e atualizado pelo autor em outubro de 2002.)
Ao redigir um texto para livro ou periódico, é
importante que o autor se lembre de fazer as devidas anotações
das fontes consultadas e citadas em seu trabalho.
O registro das fontes de onde se extraíram informações
para fundamentação conceitual, argumentação de
idéias, oposição a teorias já expostas anteriormente
é tão importante quanto o desenvolvimento do próprio
assunto.
A organização do texto com as indicações
das referências bibliográficas consultadas, ou de cujas fontes
foram retiradas informações, oferece um caráter de cientificidade
ao documento, fundamental para seriedade do trabalho apresentado.
O autor que está interessado em tomar público
o seu texto deve considerar essas questões de normalização
técnica em alto grau de importância, mesmo porque o que se escreve
é para os outros lerem e não exclusivamente para satisfação
do escritor.
Apresentamos a você, prezado leitor, que gosta não
só de ler, mas também de escrever, algumas sugestões
de como trabalhar com os aspectos principais dessa área da documentação,
sem maiores dificuldades.
CITAÇÃO
A citação é a menção
no texto de uma informação extraída de outra fonte,
seja livro, folheto, periódico ou outra qualquer.
A citação pode ser realizada de duas formas:
direta (transcrição textual ipsis litteris) e indireta (utilização
de idéias de outro autor).
A fidedignidade no texto citado deve ser preservada, fazendo-se
apenas a correção de eventuais erros tipográficos,
As aspas duplas são utilizadas para destacar os
trechos citados, e as aspas simples quando ocorre a inserção
de uma citação em outra.
A composição dos trechos que superam a cinco
linhas deve ser feita com recuo em relação à margem
esquerda, e em tipo menor que o do restante do texto. Para os artigos de
periódicos, considerando-se a formatação utilizada,
os editores poderão optar em destacar o texto citado, adotando-se
um tipo menor de fonte ou apenas a inclusão das aspas.
As omissões feitas em um texto citado são
indicadas por reticências entre parênteses (...) e as interpolações,
por colchetes [ ].
Caso exista algum erro ou impropriedade, emprega-se em
seguida ao texto citado, entre colchetes, a palavra latina [sic], que significa
como impresso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A referência bibliográfica é um conjunto
de elementos que permitem a identificação, no todo ou em parte,
de documentos impressos ou registrados em diversos tipos de material.
Quando a citação de uma obra é realizada
pela primeira vez, a sua referência bibliográfica deve ser completa.
Ex: PEREIRA, Yvonne A. A voz do Consolador. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997.
As iniciais das palavras que compõem o título devem ser maiúsculas
apenas quanto a primeira letra da primeira palavra e dos nomes próprios.
A referência bibliográfica de uma obra mediúnica é feita assim:
XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz: história da civilização
à luz do Espiritismo. Ditada pelo Espírito Emmanuel. 20.ed.
Rio [de Janeiro]: FEB, 1994.
Cabe aqui uma explicação. Qualquer informação
incluída em uma referência bibliográfica não extraída
da folha de rosto, que se constitui no principal elemento de informações
para a referência, deve ser citada entre colchetes. Portanto, para
os livros editados pela FEB que não trazem o local de publicação
"Rio de Janeiro", mas apenas "Rio", é necessário que se anote
assim: Rio [de Janeiro]. Os lançamentos da editora e reedições
já estão trazendo a catalogação na fonte, incluindo
o local por completo. Em tais casos, dispensam-se os colchetes.
Sugerimos que a entrada da referência seja feita
pelo médium para efeito de simplificação e cite-se,
posteriormente, "pelo Espírito tal".
A expressão latina Opus citatum (obra citada),
na forma abreviada Op. cit., será incluída após o nome
do autor sempre que uma obra for citada mais de uma vez, desde que não
haja intercalações de outras publicações do mesmo
autor.
Para obras diferentes de um mesmo autor já referenciado
em nota imediatamente anterior, usa-se o termo latino Id. (mesmo autor),
de forma abreviada, segundo do título e demais elementos da referência.
Ex.: Id. Religião dos Espíritos. Pelo Espírito
Emmanuel. Rio [de Janeiro]: FEB. 1993, p. 29.
Quando se vai citar novamente a mesma obra do mesmo autor
e sendo esta citação imediatamente posterior, na mesma página
ou em página não distante, emprega-se a expressão latina
Id. Ibid. (mesmo autor e mesma obra), na forma abreviada.
Ex.: Na mesma página: Id. Ibid; em página diferente da citada: Id. Ibid., p. 195.
É importante ainda saber que a referência
bibliográfica pode aparecer em nota de rodapé ou de fim de
texto.
NOTAS
Notas são informações ou observações
acrescentadas ao texto, seja no rodapé da página, no final
do artigo/capítulo, ou em seção especial no final da
obra.
Elas têm como objetivo: indicar as fontes da citação
por meio das referências bibliográficas; completar as referências
indicadas no texto; apresentar esclarecimentos e comentários do autor
ou do editor. Geralmente, esta última vem seguida da abreviatura
N.E. no final da nota; remeter o leitor a outros documentos ou a outra parte
do próprio texto. São notas remissivas, indicadas com
a abreviatura Cf. (conferir), Cfr. (confrontar) e V. (ver., ver também);
traduzir texto de língua estrangeira ou indicar que a tradução
foi feita pelo próprio autor da obra. São as N.T. (notas de
tradução).
A indicação das notas pode ser realizada
por meio de numeração seqüencial, com os números
registrados em sobrescrito, fonte menor - os editores de texto em computador
já executam tais procedimentos automaticamente - precedendo ou não
o sinal de pontuação que fecha o texto.
Outros sinais como asteriscos, letras e números
romanos em minúsculos podem indicar as notas, preferencialmente as
de rodapé, sendo que os respectivos símbolos deverão
ser repetidos no rodapé da página.
A chamada para a nota em textos acadêmicos, geralmente
no tópico de um projeto de pesquisa denominado revisão de literatura,
é feita pela citação do nome principal do autor, o sobrenome,
seguida do ano de publicação da obra.
Quando a citação é ipsis litteris,
o nome e o ano serão registrados entre parênteses, após
o trecho citado. Ex: (Miranda, 1994).
Em caso de citação mais livre, normalmente
iniciada pelo autor citado, recomenda-se o registro do nome e, logo após,
o ano entre parênteses, antecedendo o trecho a ser citado. Ex.: Miranda
(1994) informa sobre o assunto que "(...)".
Para os textos da literatura espírita, sugerimos
que se faça a indicação numérica, pela simplicidade
que ela oferece.
ALGUMAS DICAS IMPORTANTES
p ou pp?
Não há necessidade de duplicação
do p na identificação do número de páginas ou
intervalo das páginas referenciadas.
Exemplos errados: 150pp; pp. 8-15.
Exemplos certos: 150p.; p.8-15.
O "azinho" da edição
Citar a edição de um livro é muito
fácil. Basta colocar o número da edição seguido
de ponto e da abreviatura ed. Exemplos: 2.ed.; 3.ed.; 4.ed.; 5.ed.; 10.ed...
O azinho é dispensável e incorreto.
Em tempo: não se deve citar a primeira edição
(1.ed.). Quando inexiste especificação do número da
edição, subentende-se que é a primeira.
Não abuse do In
O termo latino In é geralmente usado em duas situações:
1) quando se está referenciando um capítulo de um livro redigido
pelo próprio autor da obra e 2) por outro autor, no caso de obras
compiladas ou organizadas por um pesquisador que reúne trabalhos redigidos
por vários autores. Ao referenciarmos um capítulo na situação
1, devemos citar o autor do capítulo, que é o mesmo da obra
neste caso, e o título do capítulo seguido do termo In, sem
destaque, de dois pontos e de seis toques de traços subscritos que
indicam que o autor da obra é o mesmo já citado no início
da referência (In: ______.). Para a situação 2, citamos
o autor do capítulo, o título do capítulo, a expressão
In e o autor ou organizador/compilador da obra, que não será
o mesmo do capítulo. Aí sim, fazemos a referência da
obra como um todo, citando-se, ao final, a(s) página(s) específica(s)
do capítulo referenciado.
Complicou tudo, não é? Então, vamos simplificar com exemplos.
Situação 1:
KARDEC, Allan. Constituição do Espiritismo: exposição
de motivos. In: ______. Obras póstumas. 30.ed. Rio de Janeiro: FEB,
2001. p. 345-382.
Situação 2:
FRANZOLIM, Ivan René. Materialista ou espiritualista? In: SCHUBERT,
Suely Caldas (Org.). Visão espírita para o terceiro milênio.
Votuporanga, SP: Didier, 2001. p. 139-144.
Todavia, é bom saber que a citação
de capítulos de livros ainda não é comum na literatura
espírita.
O mais discreto
O destaque dos títulos e das expressões
ou termos latinos podem ser em itálico, negrito ou sublinhado. Recomendamos
o uso do itálico. Ele é mais discreto. Por favor, nada de usar
mais de um destaque ao mesmo tempo.
Amigo leitor, desculpe-me. Esqueci as notas deste artigo.
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