Princípios Espíritas
Parte do discurso proferido por Allan Kardec em 1868
Crer num Deus todo-poderoso, soberanamente justo e bom;
crer na alma e em sua imortalidade;
na preexistência da alma como única justificação do presente;
na pluralidade das existências como meio de expiação, de reparação e de adiantamento intelectual e moral;
na perfectibilidade dos mais imperfeitos seres;
na felicidade crescente com a perfeição;
na equitável remuneração do bem e do mal, conforme o princípio: a cada um segundo as suas obras;
na igualdade da justiça para todos, sem exceções, favores nem privilégios para nenhuma criatura;
na duração da expiação limitada pela da imperfeição;
no livre-arbítrio do homem, que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal;
crer na continuidade das relações entre o mundo visível e o mundo invisível;
na solidariedade que religa todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados;
considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida do Espírito, que é eterna;
aceitar corajosamente as provações, em vista do futuro mais desejável que o presente;
praticar a caridade em pensamentos, palavras e obras na mais larga acepção da palavra;
esforçar-se todos os dias para ser melhor que na véspera, extirpando alguma imperfeição de sua alma;
submeter todas as crenças ao controle do livre exame e da razão e nada aceitar pela fé cega;
respeitar todas as crenças sinceras, por mais irracionais que nos pareçam e não violentar a consciência de ninguém;
ver, enfim, nas descobertas da Ciência a revelação das leis da Natureza, que são as leis de Deus:
eis o Credo, a religião do Espiritismo, religião que pode congraçar-se com todos os cultos, isto é, com todas as maneiras de adorar Deus.
É o laço que deve unir todos os espíritas numa santa comunhão de pensamentos, esperando que ele ligue todos os homens sob a bandeira da fraternidade universal.
Com a fraternidade, filha da caridade, os homens viverão em paz e se pouparão dos males inumeráveis que nascem da discórdia, por sua vez filha do orgulho, do egoísmo, da ambição, do ciúme e de todas as imperfeições da Humanidade.
Fonte: Revista Espírita, Ano XI, V. 12, dezembro de 1868