Várias passagens da Bíblia sugerem a Reencarnação; outras nada falam sobre este tema, entretanto, só à luz da Reencarnação podemos entendê-las.
Um exemplo disto é a passagem do Livro de Malaquias em que o profeta diz que Deus amou a Jacó e odiou a Esaú (Malaquias, 1: 2 e 3).
Malaquias estava interpretando os versículos 22 e 23 do vigésimo quinto capítulo do livro de Gênesis que diz:
E Isaque orou insistentemente ao Senhor por sua mulher, porquanto era estéril; e o Senhor ouviu as suas orações, e Rebeca sua mulher concebeu.
E os filhos lutavam dentro dela; então disse: Se assim é, por que sou eu assim? E foi perguntar ao Senhor.
E o Senhor lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor.
Se Deus preferiu Jacó a Esaú para a continuar a descendência de Abraão e formar o povo de Israel, podemos concluir que era porque Jacó era um espírito mais amadurecido. Já que Deus não faz acepção de pessoas (Atos, 10: 34).
Se era mais amadurecido, é porque viveu anteriormente, e isto só pela Lei da Reencarnação é explicado.
O mesmo se deu com o profeta Jeremias relativo ao seu chamado. O Senhor disse: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta. (Jeremias, 1: 5)
Ora, se ele foi conhecido pelo Senhor “antes de ser formado no ventre de sua mãe”, isto prova biblicamente a pré-existência da alma e consequentemente a tese reencarnatória.
Entretanto, há passagens que a nosso ver provam sem contestação a palingenesia, principalmente por ter a participação concreta de Jesus. Entre elas destacamos duas. Na primeira o próprio Jesus confirmou ser João Batista, Elias reencarnado. Vejamos:
Os discípulos perguntaram-lhe: "Por que razão os escribas dizem que é preciso que Elias venha primeiro? Respondeu-lhes Jesus: "Certamente Elias terá de vir para restaurar tudo. |
Eu vos digo, porém, que Elias já veio, mas não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem irá sofrer da parte deles". |
Então os discípulos entenderam que se referia a João Batista. (Mateus, 17: 10 a 13) |
Para compreender o valor desta declaração de Jesus é importante ler alguns versículos antes para observar o contexto em que ela se deu.
O fato se aconteceu após a transfiguração de Jesus no Monte Tabor.
Não temos dúvida em afirmar que no Tabor aconteceu a maior reunião mediúnica da história. Por que afirmamos isto?
O versículo primeiro diz que Jesus subiu a um “alto monte”. Todas as vezes que Jesus subiu um “monte” algo de importante aconteceu. O verso ainda nos informa que ele levou consigo Pedro, João e seu irmão Tiago, que eram entre os discípulos os mais preparados para a mediunidade conforme depreendemos por outras passagens em que Jesus os escolheu.
Assim, temos:
Médiuns da manifestação: Pedro, Tiago e João.
Espíritos comunicantes: Elias e Moisés
Tudo isto sob a direção de Jesus.
Será que em algum tempo já aconteceu alguma reunião mediúnica tão elevada? Com vibrações tão superiores?
Pode-se perguntar, o que tem isto a ver com a declaração de Jesus de ser João Batista o mesmo espírito de Elias?
É que além da autoridade de Jesus que é insofismável devemos considerar o momento em que ele falou e a vibração deste momento.
Numa reunião mediúnica a autenticidade e a verdade de uma comunicação dependem da evolução do espírito. Um espírito evoluído tem uma vibração superior; deste modo, se a vibração era boa e os espíritos envolvidos são superiores, a revelação é sem dúvida verdade. É o que aconteceu no Tabor.
Vejamos a conclusão do evangelista:
Então os discípulos entenderam que se referia a João Batista. (Mateus, 17:13)
Ou seja, os três discípulos mais preparados que participaram do evento compreenderam a identidade dos dois personagens; Elias e João Batista eram os mesmos espíritos em corpos diferentes. Não se trata de ressurreição, mas de reencarnação.
Assim, cremos que, sem dogmatismo nem preconceito, Jesus confirma a tese da multiplicidade das existências ou palingenesia.
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Outra passagem bíblica que a nosso ver confirma a teoria da Reencarnação é a da “Cura do Cego de Nascença” (João, 9: 1 a 41)
A passagem é longa, mas para provar nossa tese só os três primeiros versículos bastam
E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. |
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E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? |
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Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus. (João, 9; 1 a 3)
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Esta passagem é usada por alguns de nossos irmãos ligados às igrejas católica e protestante para contestar a Reencarnação devido a Jesus ter respondido que nem ele pecou nem seus pais. Todavia esta não é a realidade. O que Jesus quis dizer é que neste “caso específico” não era ele nem os pais que pecaram.
É como a passagem do Jovem Rico (Mateus 19:16-30, Lucas 18:18-30). Nesta perícope Jesus diz ao jovem que para herdar a vida eterna ele teria que vender tudo que tinha e dar aos pobres. Perguntamos: toda pessoa que quiser herdar a vida eterna tem que vender tudo que tem e dar aos pobres? Claro que não. Esta era uma orientação específica para aquele jovem, que talvez fosse muito apegado aos bens terrenos.
Todavia, podem afirmar, Jesus também não confirmou a tese reencarnatória.
Esta confirmação nós vamos entender analisando as entrelinhas do acontecimento.
Vamos iniciar analisando a pergunta dos discípulos:
Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
Aqui não existe outra interpretação, os discípulos de Jesus só estavam pensando em palingenesia. Se ele nasceu cego, e não tem como pecar antes de nascer, isto só pode ter acontecido em outra existência. Deste modo podemos com certeza afirmar que a ideia palingenésica já era comum entre os judeus no tempo de Jesus.
O Espírito Erasto em uma comunicação em O Livro dos Médiuns nos diz que é melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea (O Livros dos médiuns, item 230)
O alerta do Espírito Erasto é porque uma verdade se for repelida hoje, amanhã, ou em qualquer momento, quando for a hora propícia, quando houver amadurecimento da humanidade, ela sempre vem à tona. Como disse Vitor Hugo, nada é mais poderoso que uma ideia cujo tempo chegou. Ou ainda Jesus: não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir à luz. (Lucas, 8: 17)
Entretanto uma mentira se for acolhida pode gerar grande transtorno, transtorno este que pode demorar séculos para ser corrigido.
Jesus veio para mudar a história, e esta mudança não diz respeito só ao calendário, mas de algo muito maior e mais profundo, a transformação moral da humanidade. Ele tinha plena consciência disto. Seus discípulos seriam aqueles que seriam responsáveis por implementar esta nova moral, por isso não podiam divulgar algo falso.
O Mestre deste modo, sabia muito mais do que o Espírito Erasto desta verdade: que é melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea. Ele não aceitou o mal nem falsidade nenhuma em momento algum, não existe uma passagem sequer no Evangelho em que Ele faz vista grossa ou é negligente em relação a algo falso. Ele chegou a repreender Pedro uma de principais lideranças chamando-o de Satanás, quando tentou se opor a uma verdade; chegou a chamar os líderes religiosos da época de raça de víboras, sepulcros caiados; disse que eles tinham por pai o Diabo. Ou seja, Jesus nunca foi tolerante com uma inverdade.
Sendo assim, se a Reencarnação não fosse uma Lei, Ele a teria rechaçado ali na hora. Além de dizer que: nem ele pecou nem seus pais, ele teria acrescentado para que não ficasse nenhum engano presente ou futuro: “e quanto a esta ideia de reencarnação, vocês esqueçam, pois não é possível, isto é coisa do demônio” (como dizem alguns religiosos de hoje). Todavia, não foi o que aconteceu.
Pode ainda ser dito que ele também não afirmou sobre a possibilidade das vidas sucessivas, entretanto a resposta sobre o porquê disto está no próprio Evangelho:
Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade. (João, 16: 12 e 13)
Destarte, podemos assegurar que a Reencarnação é uma Doutrina Bíblica, e mais, confirmada pelo próprio Jesus, o autor espiritual de todo o Evangelho.
Leia também: A Bíblia Condena a Reencarnação?