Embora resida em Matão há 20 anos e já conhecia o local – inaugurado em 2013 – em visitas rápidas e ocasionais, não havia parado ainda para uma visita formal, acompanhando cada detalhe de uma memoria viva da cidade e da história do Espiritismo no planeta.
No primeiro fim de semana de fevereiro/20, acompanhando visitantes a Matão, pude finalmente fazer uma visita oficial, direcionada por voluntária ali sempre presente.
Fui visitar com a esposa e sua mãe, acompanhando o pequeno grupo de Santo Antônio da Posse-SP (uma das integrantes fez palestras naquele fim de semana), o Memorial Cairbar Schutel, da Casa Editora O Clarim.
Inaugurado em 2013 (exatamente no dia da inauguração eu estava ausente da cidade), o moderno acervo em homenagem ao benfeitor Cairbar Schutel, cuja história pessoal integra-se completamente à história da cidade, merece ser visitado, conhecido, divulgado. Inclusive para grupos de outras cidades montarem caravana e virem conhecer o notável trabalho disponível com extensa e variada informação, com imagens, sons, utensílios, livros, entre outros detalhes que só mesmo uma visita oficial pode constatar ao vivo.
Muito organizado, primorosamente apresentado, é memória viva do grande seareiro espírita, cuja ação não se restringiu à atividade espírita, pois ali se encontram documentos e registros, fotos e fatos reunidos em reportagens de jornais da época, do ilustre cidadão (de amplas iniciativas sociais e humanitárias), amado e muito respeitado pela população, e do político que se tornou também o Primeiro Prefeito da cidade, estendendo suas ações de cidadania com grande competência e alcance em favor da população.
A historiadora Larissa Rizzatti Gomes – natural de Ribeirão Preto-SP e graduada em História pela UNICAMP, com vasta experiência em estágios e trabalhos de pesquisa histórica, higienização e preservação de documentos – foi a responsável pela coleção, montagem e distribuição visual do acervo de Cairbar, inclusive quanto ao designer perfeito para o acompanhamento cronológico dessa alma nobre que habitou em Matão, de onde se projetou internacionalmente. Schutel, por sua vez, tem história muito conhecida pela bravura d`alma, ousadia num tempo sem qualquer tecnologia e coragem no enfrentamento de preconceitos que sempre avassalam as nobres iniciativas. Nasceu em 1868 no Rio de Janeiro-RJ e no final do mesmo século instalou-se no então pequeno vilarejo como farmacêutico, construindo um legado que marcou a história. Sua desencarnação se deu em 1938, gerando grande comoção popular, aos 69 anos, e seu legado influenciou gerações de espíritas.
O Memorial, pois, merece ser visitado. Até porque, além do acervo material ali reunido, as vibrações do ambiente e as reflexões que promove no visitante – seja pelas frases nas paredes ou pelos esforços empreendidos numa época difícil e ali visíveis –, emocionam e conclamam ao esforço de continuidade, à perseverança diante dos obstáculos, à fé ali sugerida por um homem de bem. Sua ação não foi uma ação qualquer. Ali está o registro de uma alma ousada, consciente, bondosa, alegre e profundamente comprometida com a causa do bem, em vários aspectos. Deixou exemplos, mostrou caminhos, embora também tenha vivido e enfrentado inúmeras dificuldades em seu tempo.
Muitas caravanas já visitaram o Memorial. Mas a nossa sugestão é que as casas, grupos e cidades organizem também sua caravana para virem visitar o Memorial Cairbar Schutel. Lembrando que é necessário agendamento prévio, via contato com a editora O Clarim.
A visita motiva integração, o Memorial mostra exemplos, registra historicamente a ação de um homem notável, impressiona pela quantidade de feitos e encanta pela organização e esmero com que foi pensado, organizado.
Trata-se realmente de uma história viva, da cidade e do movimento espírita no planeta. Visitá-lo significa respirar a alma e o sentimento de um verdadeiro cristão.