Quem estuda e conhece os fundamentos da Doutrina Espírita sabe seu significado e importância em favor da Humanidade. Isso gera uma consciência enorme de responsabilidade, convidando-nos a posturas de retidão, humildade e principalmente comprometimento com a causa espírita. Não é preciso alongar-se nesse parágrafo, de vez que as orientações são claras, estão definidas e precisamos vive-las. Eis o desafio constante do cotidiano.
Corre-se, entretanto, o risco de perder-se essa noção, face às fragilidades pessoais que todos trazemos. É quando prestamos um desserviço ao Espiritismo, prejudicando a nobre causa, em situações ainda tão comuns entre nós:
- Quando nos colocamos no pedestal da condição de infalíveis, orientadores sábios ou solucionadores de todas as dificuldades, esquecidos de nossa própria fragilidade;
- Quando nos isolamos da convivência com outros grupos e nos fechamos na pretensa posição de quem tudo sabe, esquecidos do tanto que ainda precisamos aprender;
- Quando fugimos da humildade e permitimos que a vaidade nos conduza o comportamento, assumindo posições de pretensa superioridade que é incompatível com nossa própria realidade de mendigos espirituais;
- Quando criamos ou estimulamos seguidores para nós, condicionando-os às nossas ideias, sempre limitadas, como bem próprio da condição humana, e pior, impedimos que cresçam por si mesmos, criando enormes responsabilidades para o futuro;
- Quando somos pródigos como médiuns, para impressionar, em dar informações sobre o passado ou futuro das pessoas que nos procuram em busca de conforto, esquecidos igualmente de nossa cegueira e limitação no alcance das realidades espirituais;
- Quando igualmente fornecemos detalhes de supostas perseguições espirituais de pessoas enfermas ou perturbadas, que precisam antes de alguém que apenas as ouça, distorcendo o nobre papel de consolador que o Espiritismo para todas as criaturas;
- Quando tentamos adaptar o Espiritismo ao nosso acanhado e limitado ponto de vista, introduzindo práticas incompatíveis com a lógica e serenidade da prática espírita, desconhecendo a dinâmica da própria vida e suas leis;
- Quando nos fanatizamos, desejando converter pessoas ou impondo nossos equivocados conceitos, esquecidos da liberdade de todos que devemos respeitar;
- Quando deixamos de estudar e opinamos conforme nosso estado emocional, sem refletir naquilo que estamos dizendo, agredindo e machucando pessoas e pondo a perder iniciativas que levaram décadas para se solidificarem;
- Quando nos apegamos a cargos, quando desejamos ser simplesmente obedecidos ou quando achamos que somente nós sabemos e aí nos perdermos em subestimar esforços alheios, esquecidos da potencialidade que está em todos os seres;
- Quando caímos na crítica contumaz a tudo e a todos, como se fossemos donos da verdade, esquecidos do respeito que nos devemos mutuamente;
- Quando exploramos, procuramos tirar vantagens, enganamos, manipulamos, distorcemos para fazer valer nosso ponto de vista...
A lista não termina aí. Se ficarmos penando, acharemos mais, claro. É bem próprio de nossa condição ainda de aprendizes da ciência de viver. Com uma doutrina maravilhosa à nossa disposição, vençamos essa tendência movida pelo orgulho que ainda nos caracteriza. Atendamos antes aos apelos da fraternidade.
Dada à nossa condição de aprendizes, estamos todos sujeitos a falhas e equívocos. O próprio articulista aqui escreve antes para si mesmo, procurando em si mesmo vacinas de atenção para não cair nessas armadilhas tão comuns, tão diárias de todos nós, que, em síntese, prestam antes um desserviço ao Espiritismo, nobre e extraordinária Doutrina enviada ao planeta para que seus habitantes conheçamos a sabedoria das Leis Divinas, onde o amor é a essência, onde só encontraremos a felicidade e paz autênticas, quando nos respeitarmos...