É muito comum se usar a palavra "Karma" quando se refere aos "compromissos reencarnatórios". Mas isso, na realidade, só vem alimentar a confusão. Na realidade a visão Espírita dos compromissos reencarnatórios é bastante diferente da visão Bhramica do Karma.
O Espiritismo veio demonstrar a lei da causa e efeito, através dos diversos relatos estudados por Kardec e outros, feitos através de médiuns, comprovados nos arquivos históricos de jornais, registros, etc., onde eram investigados os nomes e casos relatados pelo desencarnado. Ressalto que os estudos foram baseados em acontecimentos registrados.
Os relatos continham o "erro" cometido e uma descrição do que fica claro como esse processo se realiza. Em linhas gerais, se o desenvolvimento moral do "faltoso" não é suficiente para reconhecer a falta, certamente ele deverá experimentar provas que o façam reconhecer aquele erro.
Isso quer dizer que ele deverá sofrer a pena de Talião? Não necessariamente, mas apenas algo que o faça reconhecer o erro. Para quem não lembra, a pena de Talião e aquela que diz "Olho por olho, dente por dente".
Para aqueles que já evoluíram o suficiente para reconhecer sinceramente um erro, esta etapa pode ser pulada. Novamente, isso não é uma regra, pois o reconhecimento da extensão de um erro muda com a evolução do Espírito. E reconhecido o erro, ele estará livre para continuar a vida? Não é bem assim. Mais difícil que reconhecer que se está errado é reparar o erro cometido.
Mas é muito difícil dizer como se dá esse processo. Como reconhecer e reparar os diversos erros que cometemos todos os dias? O mais importante, na minha opinião, é não ter vergonha de reconhecer um erro, nem medo de trabalhar para repará-lo.
Pode-se ressaltar ainda que várias crenças, que ainda hoje encontram crentes, estão erradas. Por exemplo, é muito comum encontrar pessoas que acreditam que o Espírito culpado pode retroceder evolutivamente. Isso é um erro; o progresso é ininterrupto, pode ser muito pequeno, imperceptível, mas retrocesso não ocorre.
Outra crença está ligada diretamente à definição de Karma. A lei do Karma diz que o erro cometido deve ser sofrido, igual e na mesma intensidade. O assassino deve ser assassinado; o ladrão, roubado; e assim por diante. Na realidade, foi demonstrado que a "pena" pode não ser igual ao "erro". A "pena" é apenas um estímulo para que se reconheça o "erro" cometido.
Disso tudo pode-se concluir que as leis de Deus não são estanques como as leis da física. São flexíveis, apontando sempre na direção do progresso, colaborando com a evolução da Criação.
Fonte: Boleltim GeaE, Ano, 01, Número 09, 08/12/1992