Logo depois da crucificação de Jesus os Apóstolos ficaram atônitos, sem saber o que fazer. Mas João começou a receber pessoas necessitadas, em busca de ajuda, em sua casa. Doentes, pobres, famintos. Todos eram bem-vindos. Mas um dia, surgiu a sua porta uma pessoa buscando ajuda que, segundo seu entender, não merecia.
E nesse momento ele pode ver quem realmente o inspirava em suas atitudes, pois foi Jesus quem "apareceu" para dizer-lhe que acolhesse aquela pessoa.
A casa de João foi a primeira Casa do Caminho. Casas de fiéis seguidores de Jesus, onde os necessitados podiam receber socorro a qualquer hora foram surgindo depois, seguindo esse exemplo.
Hoje em dia ainda se encontra no mundo uma grande quantidade de pessoas necessitadas, que precisam de ajuda. Mas onde encontrar a casa Crista, que acolha sem discriminação quem busca ajuda? Onde estão estas ilhas de socorro em meio ao burburinho do mundo, com pessoas atarefadas, buscando a realização material, a felicidade apoiada em coisas que perecem.
Com certeza as casas Espiritas estão entre elas. Mas que tipo de socorro a Casa Espírita pode prestar? O mundo está cada vez mais difícil, violento; as pessoas não se entendem, como receber um estranho?
Nesse ponto lembremos de João. Ele, como nos, ficou em dúvida diante daquele homem que tinha agredido tanto aos Cristãos. Mas Jesus foi a inspiração para que ele agisse como Cristão, e ajudasse aquele necessitado, sem olhar quem era. Meus amigos, quem realmente dirige as obras espíritas não são os que carregam no peito o título de presidente-de-sei-lá-o-que. Os verdadeiros dirigentes da obra estão anônimos, apenas inspirando os que se dispõe a trabalhar. E quanto mais doce o instrumento, mais produtiva pode ser a obra.
Nós não podemos nos orgulhar de nossas realizações. Mas, ao contrário, devemos agradecer a oportunidade de servir de instrumentos de progresso, de auxílio aos necessitados.
Não me lembro dos nomes, mas existe aquela passagem do novo testamento, onde alguém tinha pedido a Jesus que o visitasse em determinado dia. Mas no dia combinado essa pessoa recebeu a visita de várias pessoas pedindo ajuda. A grande lição foram as palavras de Jesus, quando perguntado porque tinha faltado ao encontro: Ele tinha visitado aquela pessoa várias vezes durante o dia, na pessoa de cada um daqueles que foram lá pedir ajuda, e o anfitrião tinha se recusado a recebe-Lo. Isso mostra, a todos aqueles que vivem pedindo uma oportunidade de servir, ou de ser inspirado, que e preciso ter o coração aberto para perceber a visita de Jesus, quando Ele aparece.
Em outras palavras, Jesus está presente em cada oportunidade que temos de servir, seja cuidando de um doente, ou esclarecendo, ou fornecendo alimento para quem não tem. E aqui vale ressaltar algo muito importante, que talvez tenha passado desapercebido de quem está lendo. As casas Espiritas são ALGUMAS das ilhas de socorro que existem, e não as únicas. E ser espírita não é passaporte para a sabedoria eterna, nem transforma ninguém em anjinho. É muito mais valioso o ateu que sinceramente ajuda aos necessitados do que o espírita (com letra minúscula) que conhece de cabo a rabo as obras Espiritas, mas não põe esse conhecimento a serviço do progresso.
Fonte: Boletim GeaE, Ano 01, Número 08, dezembro de 1992