====================================================================== _|_|_| _|_|_| _|_|_| _|_|_| GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS _| _| _| _| _| Fundado em 15 outubro de 1992 _| _| _|_| _|_|_| _|_| _| _| _| _| _| _| Boletim semanal _|_|_| _|_|_| _| _| _|_|_| de distribuição eletrônica ---------------------------------------------------------------------- Ano 07 - Número 321 - 1998 1 de dezembro de 1998 ====================================================================== |============================| ÍNDICE |=============================| TEXTO Uma mensagem de Natal - A Lenda das Três Arvores, Ciro Pompeu, Brasil Kardec e a questão do corpo fisico de Jesus COMENTARIOS O Esperanto é bom ?, Lucas Yassumura, Brasil PAINEL O Esperanto na Visão Espírita, Carlos Iglesia, Brasil |====================================================================| ______________________________________________________________________ TEXTO ----- Uma mensagem de Natal - A Lenda das Três Arvores, Ciro Pompeu, Brasil ______________________________________________________________________ A LENDA DAS TRÊS ARVORES Havia no alto de uma montanha três árvores que sonhavam o que seriam depois de grandes. A primeira, olhando as estrelas, disse: "Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros". A segunda, olhando o riacho, suspirou: "Eu quero ser um navio grande para transportar reis e rainhas. A terceira, olhou para o vale e disse: "Quero ficar aqui no alto da montanha e crescer tanto que as pessoas, ao olharem para mim, levantem os olhos e pensem em Deus". Muitos anos se passaram e certo dia três lenhadores cortaram as árvores que estavam ansiosas em ser transformadas naquilo que sonhavam. Mas os lenhadores não costumavam ouvir ou entender de sonhos...que pena! A primeira árvore acabou sendo transformada em um cocho de animais coberto de feno. A segunda virou um simples barco de pesca, carregando pessoas e peixes todos os dias. A terceira foi cortada em grossas vigas e colocada de lado num depósito. Então, desiludidas e tristes, as três perguntaram: Porque isto? Entretanto, numa bela noite, cheia de luz e estrelas, uma jovem mulher colocou seu bebê recém-nascido naquele cocho de animais. E de repente, a primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo. A segunda árvore estava transportando um homem que acabou por dormir no barco em que se transformara. E quando uma tempestade quase afundou o barco, o homem levantou-se e disse:" PAZ" E, num relance, a segunda árvore entendeu que estava transportando o rei do céu e da terra! Tempos mais tarde, numa sexta-feira, a terceira árvore espantou-se quando suas vigas foram unidas em forma de cruz e um homem foi pregado nela. Logo sentiu-se horrível e cruel. Mas, no domingo seguinte, o mundo vibrou de alegria. E a terceira árvore percebeu que nela havia sido pregado um homem para a salvação da humanidade e que as pessoas sempre se lembrariam de Deus e de seu Filho ao olharem para ela. As árvores haviam tido sonhos e desejos. Mas, sua realização foi mil Vezes maior do que haviam imaginado. Não importa o tamanho do nosso sonho! Acreditando nele a vida ficará mais bonita e muito melhor de ser vivida! Ciro Pompeu ______________________________________________________________________ TEXTO ----- Kardec e a questão do corpo fisico de Jesus ______________________________________________________________________ (Trechos do Capítulo XV - Os Milagres do Evangelho, A Gênese - FEB, tradução de Guillon Ribeiro, extraidos da versão eletrônica publicada em CD-ROM pela editora "A Palavra Digital", http://www.apalavradigital.com.br) Superioridade da Natureza do Cristo 1. - Os fatos que o Evangelho relata e que foram até hoje considerados milagrosos pertencem, na sua maioria, à ordem dos fenômenos psíquicos, isto é, dos que têm como causa primária as faculdades e os atributos da alma. Confrontando-os com os que ficaram descritos e explicados no capítulo precedente, reconhecer-se-á sem dificuldade que há entre eles identidade de causa e de efeito. A História registra outros análogos, em todos os tempos e no seio de todos os povos, pela razão de que, desde que há almas encarnadas e desencarnadas, os mesmos efeitos forçosamente se produziram. Pode-se, é certo, contestar, no que concerne a este ponto, a veracidade da História; mas, hoje, eles se produzem às nossas vistas e, por assim dizer, à vontade e por indivíduos que nada têm de excepcionais. O só fato da reprodução de um fenômeno, em condições idênticas, basta para provar que ele é possível e se acha submetido a uma lei, não sendo, portanto, miraculoso. O princípio dos fenômenos psíquicos repousa, como já vimos, nas propriedades do fluido perispiritual, que constituí o agente magnético; nas manifestações da vida espiritual durante a vida corpórea e depois da morte; e, finalmente, no estado constitutivo dos Espíritos e no papel que eles desempenham como força ativa da Natureza. Conhecidos estes elementos e comprovados os seus efeitos, tem-se, como conseqüência, de admitir a possibilidade de certos fatos que eram rejeitados enquanto se lhes atribuía uma origem sobrenatural. 2. - Sem nada prejulgar quanto à natureza do Cristo, natureza cujo exame não entra no quadro desta obra, considerando-o apenas um Espírito superior, não podemos deixar de reconhecê-lo um dos de ordem mais elevada e colocado, por suas virtudes, muitíssimo acima da humanidade terrestre. Pelos imensos resultados que produziu, a sua encarnação neste mundo forçosamente há de ter sido uma dessas missões que a Divindade somente a seus mensageiros diretos confia, para cumprimento de seus desígnios. Mesmo sem supor que ele fosse o próprio Deus, mas unicamente um enviado de Deus para transmitir sua palavra aos homens, seria mais do que um profeta, porquanto seria um Messias divino. Como homem, tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida corporal, de cujas fraquezas não era passível. A sua superioridade com relação aos homens não derivava das qualidades particulares do seu corpo, mas das do seu Espírito, que dominava de modo absoluto a matéria e da do seu perispírito, tirado da parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres (cap. XIV, nº 9). Sua alma, provavelmente, não se achava presa ao corpo, senão pelos laços estritamente indispensáveis. Constantemente desprendida, ela decerto lhe dava dupla vista, não só permanente, como de excepcional penetração e superior de muito à que de ordinário possuem os homens comuns. O mesmo havia de dar-se, nele, com relação a todos os fenômenos que dependem dos fluidos perispirituais ou psíquicos. A qualidade desses fluidos lhe conferia imensa forca magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer o bem. Agiria como médium nas curas que operava? Poder-se-á considerá-lo poderoso médium curador? Não, porquanto o médium é um intermediário, um instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados e o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros. Agia por si mesmo, em virtude do seu poder pessoal, como o podem fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas forças. Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos e encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderia vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus. (...) Desaparecimento do Corpo de Jesus 64. - O desaparecimento do corpo de Jesus após sua morte há sido objeto de inúmeros comentários. Atestam-no os quatro evangelistas, baseados nas narrativas das mulheres que foram ao sepulcro no terceiro dia depois da crucificação e lá não o encontraram. Viram alguns, nesse desaparecimento, um fato milagroso, atribuindo-o outros a uma subtração clandestina. Segundo outra opinião, Jesus não teria tido um corpo carnal, mas apenas um corpo fluídico; não teria sido, em toda a sua vida, mais do que uma aparição tangível; numa palavra: uma espécie de agênere. Seu nascimento, sua morte e todos os atos materiais de sua vida teriam sido apenas aparentes. Assim foi que, dizem, seu corpo, voltado ao estado fluídico, pode desaparecer do sepulcro e com esse mesmo corpo é que ele se teria mostrado depois de sua morte. É fora de dúvida que semelhante fato não se pode considerar radicalmente impossível, dentro do que hoje se sabe acerca das propriedades dos fluidos; mas, seria, pelo menos, inteiramente excepcional e em formal oposição ao caráter dos agêneres. (Cap. XIV, nº 36.) Trata-se, pois, de saber se tal hipótese é admissível, se os fatos a confirmam ou contradizem. 65. - A estada de Jesus na Terra apresenta dois períodos: o que precedeu e o que se seguiu à sua morte. No primeiro, desde o momento da concepção até o nascimento, tudo se passa, pelo que respeita à sua mãe, como nas condições ordinárias da vida (*) . Desde o seu nascimento até a sua morte, tudo, em seus atos, na sua linguagem e nas diversas circunstâncias da sua vida, revela os caracteres inequívocos da corporeidade. São acidentais os fenômenos de ordem psíquica que nele se produzem e nada têm de anômalos, pois que se explicam pelas propriedades do perispírito e se dão, em graus diferentes, noutros indivíduos. Depois de sua morte, ao contrário, tudo nele revela o ser fluídico. É tão marcada a diferença entre os dois estados, que não podem ser assimilados. O corpo carnal tem as propriedades inerentes à matéria propriamente dita, propriedades que diferem essencialmente das dos fluidos etéreos; naquela, a desorganização se opera pela ruptura da coesão molecular. Ao penetrar no corpo material, um instrumento cortante lhe divide os tecidos; se os órgãos essenciais à vida são atacados, cessa-lhes o funcionamento e sobrevém a morte, isto é, a do corpo. Não existindo nos corpos fluídicos essa coesão, a vida aí já não repousa no jogo de órgãos especiais e não se podem produzir desordens análogas àquelas. Um instrumento cortante ou outro qualquer penetra num corpo fluídico como se penetrasse numa massa de vapor, sem lhe ocasionar qualquer lesão. Tal a razão por que não podem morrer os corpos dessa espécie e por que os seres fluídicos, designados pelo nome de agêneres, não podem ser mortos. Após o suplício de Jesus, seu corpo se conservou inerte e sem vida; foi sepultado como o são de ordinário os corpos e todos o puderam ver e tocar. Após a sua ressurreição, quando quis deixar a Terra, não morreu de novo; seu corpo se elevou, desvaneceu e desapareceu, sem deixar qualquer vestígio, prova evidente de que aquele corpo era de natureza diversa da do que pereceu na cruz; donde forçoso é concluir que, se foi possível que Jesus morresse, é que carnal era o seu corpo. Por virtude das suas propriedades materiais, o corpo carnal é a sede das sensações e das dores físicas, que repercutem no centro sensitivo ou Espírito. Quem sofre não é o corpo, é o Espírito recebendo o contragolpe das lesões ou alterações dos tecidos orgânicos. Num corpo sem Espírito, absolutamente nula é a sensação. Pela mesma razão, o Espírito, sem corpo material, não pode experimentar os sofrimentos, visto que estes resultam da alteração da matéria, donde também forçoso é se conclua que, se Jesus sofreu materialmente, do que não se pode duvidar, é que ele tinha um corpo material de natureza semelhante ao de toda gente. 66. - Aos fatos materiais juntam-se fortíssimas considerações morais. Se as condições de Jesus, durante a sua vida, fossem as dos seres fluídicos, ele não teria experimentado nem a dor, nem as necessidades do corpo. Supor que assim haja sido é tirar-lhe o mérito da vida de privações e de sofrimentos que escolhera, como exemplo de resignação. Se tudo nele fosse aparente, todos os atos de sua vida, a reiterada predição de sua morte, a cena dolorosa do Jardim das Oliveiras, sua prece a Deus para que lhe afastasse dos lábios o cálice de amarguras, sua paixão, sua agonia, tudo, até ao último brado, no momento de entregar o Espírito, não teria passado de vão simulacro, para enganar com relação à sua natureza e fazer crer num sacrifício ilusório de sua vida, numa comédia indigna de um homem simplesmente honesto, indigna, portanto, e com mais forte razão de um ser tão superior. Numa palavra: ele teria abusado da boa-fé dos seus contemporâneos e da posteridade. Tais as conseqüências lógicas desse sistema, conseqüências inadmissíveis, porque o rebaixariam moralmente, em vez de o elevarem. (2) Jesus, pois, teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que é atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe assinalaram a existência. 67. - Não é nova essa idéia sobre a natureza do corpo de Jesus. No quarto século, Apolinário, de Laodicéia, chefe da seita dos apolinaristas, pretendia que Jesus não tomara um corpo como o nosso, mas um corpo impassível, que descera do céu ao seio da santa Virgem e que não nascera dela; que, assim, Jesus não nascera, não sofrera e não morrera, senão em aparência. Os apolinaristas foram anatematizados no concílio de Alexandria, em 360; no de Roma, em 374; e no de Constantinopla, em 381. Tinham a mesma crença os Docetas (do grego dokein, aparecer), seita numerosa dos Gnósticos, que subsistiu durante os três primeiros séculos. (*) Kardec acrescenta ao texto o comentário: "Não falamos do mistério da encarnação, com o qual não temos que nos ocupar aqui e que será examinado ulteriormente". Esse tema não chegou a ser tratado por Kardec, que desencarnou no ano seguinte ao da publicação da Gênese. ______________________________________________________________________ TEXTO ----- O Esperanto é bom ?, Lucas Yassumura, Brasil ______________________________________________________________________ Sou Delegado da Universala Esperanto Asocio para minha região. Tenho acompanhado com muito interesse os diversos comentários sobre o Esperanto, principalmente sobre o que dele se fala no Plano Espiritual. A minha pergunta, no entanto, é: tanta gente fala tão bem dele, mas por que então não é usado para a difusão do boletim do GEAE, assim como de suas páginas na Internet? Verifica-se, logo que se abre a página principal, como o idioma inglês é tratado. O que não está errado, já que é o verdadeiro idioma internacional da modernidade. Mas se ainda há algum traço de idealismo romântico com o qual se vestiu o Esperanto em décadas passadas e que fazia com que as pessoas sonhassem tê-lo como um verdadeiro idioma internacional, então os boletins espíritas, que levam a mensagem do Mestre a todos os rincões do planeta, deveriam ser propagados na Língua iniciada por Zamenhof. Sou esperantista há dezesseis anos, e nunca vi, efetivamente, uma ação concreta e significante a favor do Esperanto. A própria UNESCO, que diz tanto apoiá-lo, não coloca as mensagens de "Feliz Natal" e "Próspero Ano Novo" em seus cartões. Ao contrário, estes trazem escritos essas mesmas mensagens em vários idiomas, mas não o Esperanto. Não comentemos nada sobre a FEB, nem sobre a Sociedade F. V. Lorenz, porque são entidades específicas que, sim, têm contribuído muito para a força do Esperanto no Brasil (lamentavelmente, e isso é fato, contribuiu também para ligar o nome "Esperanto" ao nome "Espiritismo"). Se assim o fizermos, deveremos então comentar sobre a Oomoto japonesa e a Ba'ha'i iraniana, que tanta energia também dão ao Idioma Internacional, mas que não saem de seus âmbitos particulares-religiosos. Devemos nos fixar tão somente nas instituições verdadeiramente NEUTRAS, que nada fazem para apoiá-lo. Além disso, em minhas andanças pelo mundo, tenho visto até como os próprios europeus cedem à força do idioma inglês. Não tenho nenhuma intenção em me exibir, mas também sou poliglota (falo fluentemente em seis idiomas), professor de português e "lingüista amador" - uso esses idiomas em minha profissão diariamente. Convivo com europeus e "americanos" e o que acabei de relatar acima é outro fato, proveniente de fontes seguras. Ademais, quando existe a argumentação sobre a hegemonia em certa época do Latim, do Grego, do Espanhol e do Francês, há de se ver prontamente que nos seus respectivos tempos não existia a comunicação EM MASSA como existe hoje. A Internet chegou e provou que o inglês está aí. Essas comparações com os idiomas históricos já não se podem ser feitas, pois, repito, às épocas deles não existia a tecnologia que há hoje, permitindo-nos a comunicação direta e imediata de e para qualquer parte do mundo. Naquelas eras, sempre houve o romantismo dos homens em se comunicar mais e mais, coisa que nós, do século XX conseguimos. Naquelas eras, não havia o cinema dominantemente americano, nem as transmissões "ao toque" das músicas de cantores ingleses. Todos se comunicam em inglês, queiram ou não queiram (o que é mais freqüente). Existe, no mundo todo, uma força à qual não se pode opor resistência: "anglicizar" as pessoas. Basta ligar um rádio ou uma TV, e qual o idioma que vamos escutar com mais freqüência? E o teclado que usamos para digitar os textos, acaso aceitam eles os acentos especiais do Esperanto? A resposta é sonoro "não"! Perguntam-me com certa freqüência se a força do "anglicismo" não seria passageira. Eu respondo, assim como todos os lingüistas mundialmente famosos o fazem em uníssono, que essa força não é passageira. Infelizmente. Estamos em uma época em que todos vêem e escutam o inglês com uma freqüência assustadora diariamente, a ponto de nosso próprio belo idioma incorporar expressões ridículas dele. Não. O inglês é uma língua profissional, que quando apresentado em salas de aula, é feito com vídeos, fitas cassetes e uma parafernália de material que, queira ou não, é atraente ao aluno que vai em busca de algo que possa levá-lo a se comunicar em outro idioma. Asseguro que esses materiais não são feitos tendo-se em vista o lucro obtido, mas é minuciosamente pensado e elaborado em como fazer uma pessoa não conhecedora do idioma chegar a falá-lo em um período de alguns meses ou anos. O Esperanto não tem nada disso. Sofre, infelizmente, de uma falta de estudo pedagógico e de incentivo monetário para que se realize como língua verdadeiramente internacional. Mente, com total falta de decoro, quem diz que o Esperanto é fácil. Não é! Estão aí os quatro acusativos, os correlativos e o monte de sufixos e prefixos que o aluno deve decorar. Vi o boletim do GEAE em Esperanto e afirmo que muito gostei! Mas já aí deu para sentir como é difícil também a escrita em Esperanto pelo computador. A acentuação, condenada nos dias de hoje, tornam-no um pouco difícil de lê-lo. Como professor, posso afirmar com certeza de que o Esperanto é, dos idiomas existentes, o menos difícil de se aprender. Mas dizê-lo que é o mais fácil é ter falta de visão e comprar uma idéia sem antes experimentá-la. Mas, por favor, não pensem que estou defendendo a língua inglesa! O que pretendo argumentar é que já não é mais época para o Esperanto na forma como ele hoje se encontra, eu lamento muito. O Esperanto não será o idioma do futuro! Definitivamente não. Isso se deve ao fato de que ele não agrega características totalmente neutras em seu vocabulário nem em sua gramática, pois nasceu em um berço europeu, quando somente a Europa era sinônimo de "civilização". Zamenhof não tinha culpa nisso, pois pegou o que de melhor havia à sua volta. Ele não era lingüista nem conhecia muito, mas estava plenificado de um ideal nobre. Entrentanto, as línguas mudam com o passar do tempo (veja-se o próprio Português usado no Brasil). Na nossa época de veloz modernidade, ainda há muitas coisas "dogmáticas" ainda no Esperanto e seus acadêmicos não tendem a ser nenhum pouco flexíveis para torná-lo mais adaptado a ela. Logo, o Esperanto está ficando velho (e ranzinza) antes da hora. Um exemplo fatídico e que me cortou o coração foi quando um irmão paraguaio me abordou e me perguntou: "por que é que o nome do meu país (Paraguai) é, em Esperanto, "Paragvajo"? Será que nunca ninguém parou para se perguntar se nós, paraguaios, fomos consultados para se saber qual seria a pronúncia mais próxima para o nome do nosso próprio país? Não!" E a resposta que eu pude encontrar naquele momento era que o encontro consonantal "GV" foi colocado para facilitar a fonética apenas dos falantes das línguas germano-escandinavas. Além disso, os lingüistas de plantão sabem que os "hispano parlantes" não conseguem pronunciar o "V". Se alguém quiser argumentar a respeito, peço que antes estudem as fonéticas de todos os povos do planeta e suas culturas e orgulhos com relação às suas nações. E antes que venham querem invocar a democracia do Esperanto, eu afirmo: a verdadeira neutralidade será atingida quando todos, efetivamente todos os povos do mundo forem respeitados. E não será preciso nenhuma língua extraterrena para que isso se dê, basta boa vontade e conseguir-se-á provar como o Esperanto pode ser flexível a todos, TODOS os povos do planeta. A Doutrina Espírita se preza pelo respeito que ela tem para com todas as religiões do mundo (embora existam ataques vindo da parte de muitas delas), e faz de tudo para que seus adeptos mantenham uma neutralidade fraterna e quase ecumênica. Não é o que acontece com o Esperanto. Isso tudo não é uma crítica ofensiva ao Esperanto. É uma preocupação. Enquanto os tantos encontros esperantistas mais se parecem com um encontros de compadres e comadres que debatem temas inúteis que nunca são colocados em prática sem se chegar a lugar nenhum, enquanto os esperantistas do mundo todo pensam ser o dono da língua, milhares de esperantistas ocultos se perguntam em como fazer dele uma verdadeira língua internacional, já que ele nos mostra como podemos nos comunicar fraternal e neutramente no mundo todo, como podemos nos ajudar mutuamente, como podemos ser verdadeiros seres humanos. Essa é sua qualidade. E é essa qualidade que todo verdadeiro Cristão, que utiliza o Esperanto como ferramenta de trabalho em nome do Mestre, deverá ter no dia-a-dia. Nós, esperantistas de fim-de-século, somos apenas o início para uma verdadeira união das pessoas no futuro, tal como sonhava Gandhi. Por isso, longe de nós fique a pretensão de se ter o Esperanto como idioma do terceiro milênio, pois não o será! Por isso, meus irmãos espíritas que se dizem também esperantistas, se vocês realmente gostam do Esperanto, revejam suas intenções e AMEM-NO, usem-no como verdadeiro instrumento de propagação dos ideais do Mestre. Mas para isso, estudem-no como o fazem os profissionais de outras línguas. Não sejam esperantistas medíocres! Não sejam simplesmente "esperantistas-espíritas"! Sejam, antes de tudo, Cristãos, e usem o Esperanto como força de trabalho, profissionalmente inclusive. Não se embalem pelas idéias já feitas. Até Kardec era contra isso! Tudo deve ser racionalmente estudado e provado até o último detalhe! Foi assim que nasceu a Doutrina Espírita, assim há de ser também com os verdadeiros esperantistas, que não compram idéias formadas, mas lutam para que haja o "ecumenismo esperantista". O próprio Mestre nunca foi taxativo! Sempre respeitou o ser humano, por menor que fosse evoluidamente; sempre respeitou o livre arbítrio e por isso condicionou o Seu ensinamento às mentes da época. Ele mesmo foi flexível! Na história do Esperanto, nem mesmo Zamenhof foi contra mudanças. Dentro de seu espírito altamente democrático, o que ele fez foi colocar em votação se haveria de se ter ou não mudanças. E isso porque ele era consciente de sua falta de conhecimento lingüistíco nem profissional dos idiomas; ele era um sonhador romântico como todo ser humano bom do final do século passado - esse era o seu valor. Não sou contra o Esperanto. Só posso dizê-lo que o conheço muito bem, modéstia à parte, mas que sou totalmente oposicionista às faltas de considerações com relação à modernidade, à mudança pela qual passa o próprio mundo, e à flexibilidade que todo ser humano deve ter, à sua democracia. É óbvio que não podemos ver a modernidade pela modernidade, pois aí enfrentaríamos os problemas que também temos na atualidade: as drogas, as violências gratuitas etc. Falo da modernidade em comunicação, falo tão somente de nosso amado Esperanto. E como me escreveu o redator do Boletim GEAE, "por cxio estas sezono, kaj tempo difinita estas por cxiu afero sub la suno; estas tempo por naskigxi, kaj tempo por mortil; estas tempo por planti, kaj tempo por elsxiri la plantitajxojn... Esperanto ne estas escepto. Ni estas en la tempo por planti!" Kaj mi lin respondas: sed ecx la planton ni devas prizorgi, kaj trancxi lamalbonajn foliojn for, por ke gxi estu pli kaj pli bela kaj forta! La Majstro lumigu cxiujn Esperantojn de la mondo. Li donu al ili la forton por sekvi batalante kaj prosperante, kaj racie krei plej bonajn kondicxojn por la futuro de nia lingvo. Elkore kaj frate, Lucas Yassumura _____________________________________________________________________ PAINEL ------ O Esperanto na Visão Espírita, Carlos Iglesia, Brasil ______________________________________________________________________ Acaba de ser publicada pela Sociedade Editora Espírita F. V. Lorenz uma coletânea dos artigos de Ismael Gomes Braga, relacionados ao tema "O Esperanto na visão Espírita" e publicados originalmente na Revista Reformador (FEB). O autor, que para Espíritas e Esperantistas praticamente não precisa de apresentação, aderiu ao movimento Esperantista em 1910 e ao Espiritismo em 1912. Sua atuação na difusão dos dois ideais intensificou-se a partir de 1937, quando com apoio da FEB edita livros, dirige cursos, profere palestras e publica inumeros artigos na revista Reformador. O livro merece ser lido, mesmo por aqueles espíritas que ainda são indiferentes ao ideal da lingua internacional, não só por seu texto interessante e pela clara exposição das idéias, mas também pela convicção inabalável de seu autor, que transparece a cada linha. Aproveito para citar um trecho publicado no cápitulo "De uma epístola de Emmanuel" (de uma mensagem de Emmanuel para Ismael Gomes Braga): "(...) Não te entristeças, repito, e nem te atormentes em face da indiferença do mundo. Toda a impassibilidade é transitória. Além disso, a missão de Zammenhof é de ontem. Poucos lustros assinalam as suas esperanças do princípio. E Jesus ? Não podemos esquecer que o Evangelho espera a adesão do mundo há quase dois mil anos (...)" Assim, parabenizamos a Societo F.V. Lorenz pela oportuna publicação e esperamos que os colegas do grupo não deixem de ler essa obra, que vem de encontro a muitas das questões que temos debatido no Boletim sobre o tema "Espiritismo e Esperanto". Os dados da editora para contato são: Sociedade Editora Espírita F. V. Lorenz Caixa Postal 3133 - CEP 20001-970 Rio de Janeiro, RJ Brasil .--- .-- .--. .- / -, /- /__/ /- '--' `-- / / `-- GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS .----------------------'''''--''--'''''''--'''''''''--'''''''''------. | . Boletim semanal em português (distribuição eletrônica) | | . Boletim mensal em inglês (distribuição eletrônica) | | . Página WWW com informações espíritas em geral: Livros eletrô- | | nicos, Periódicos, Boletins do GEAE, Instituições, Eventos, | | Páginas espíritas na internet, etc. | | . Conselho Editorial: editor@geae.inf.br ; info@geae.inf.br | | - Ademir L. Xavier Jr. (Campinas - SP, Brasil) | | - Carlos A. Iglesia Bernardo (São Paulo - SP, Brasil) | | - José Cid (Rio de Janeiro - RJ, Brasil) | | - Raul Franzolin Neto (Pirassununga - SP, Brasil) | | - Sérgio A. A. Freitas (Lisboa, Portugal) | | | | . 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