====================================================================== _|_|_| _|_|_| _|_|_| _|_|_| GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS _| _| _| _| _| Fundado em 15 outubro de 1992 _| _| _|_| _|_|_| _|_| _| _| _| _| _| _| Boletim semanal _|_|_| _|_|_| _| _| _|_|_| de distribuição eletrônica ---------------------------------------------------------------------- Ano 07 - Número 320 - 1998 24 de novembro de 1998 ====================================================================== |============================| ÍNDICE |=============================| TEXTO Espiritismo e Proselitismo, Robson Gonçalves, Brasil COMENTÁRIOS Chico Xavier, Sissi Antunes, Brasil Católico, José Pedro, Brasil Roustaing, Alexandre Costa, Brasil |====================================================================| ______________________________________________________________________ TEXTO ----- Espiritismo e Proselitismo, Robson Gonçalves, Brasil ______________________________________________________________________ Ao longo de toda a história humana, o proselitismo sempre foi um importante fator de difusão das idéias religiosas. Obviamente, não estamos tratando o termo "proselitismo" em sentido pejorativo; muito ao contrário, entendemos proselitismo simplesmente como qualquer ação com o intuito de conquistar adeptos para uma determinada crença. Nesse sentido, as grandes pregações, as viagens apostólicas, as manifestações públicas de fé e mesmo os martírios foram poderosos instrumentos de divulgação doutrinária, contribuindo com o amadurecimento moral da humanidade e com a conquista de adeptos pelas doutrinas renovadoras. Na atualidade, diversos credos religiosos, dentre os quais o próprio Espiritismo, ganham espaço nos meios de comunicação de massa: programas de rádio, de televisão, periódicos, páginas na internet (como esta), todos são novos veículos de nossas atividades de divulgação. Dos manuscritos da antigüidade às mensagens eletrônicas de hoje, porém, o objetivo é um só: facilitar a circulação de preceitos e a divulgação de nossas crenças, fazendo nossa mensagem chegar a mais e mais adeptos em potencial. Em uma única expressão, são todas manifestações de legítimo proselitismo. Afinal, qual de nós, acreditando ter descoberto um corpo doutrinário elevado e, ao menos em princípio, capaz de contribuir com a nossa paz de espírito, não vai querer partilhá-lo com aqueles que ama? Nesse sentido, toda atividade de divulgação das crenças religiosas é um ato de amor, e o próprio Espiritismo não cessa de afirmar que, muito mais do que pelo martírio da cruz, Jesus manifestou seu amor pela humanidade terrena descendo até a esfera material e suportando a opressão da convivência com espíritos muitíssimos menos evoluídos em um verdadeiro ato de renúncia, ato esse que culminou com seu sacrifício no Calvário. Seu intuito não foi outro senão o de dar divulgação às verdades eternas Ele próprio, vivendo-as. Mas é no próprio Evangelho, cujo conteúdo é iluminado pela Revelação Espírita, que devemos buscar um marco capaz de separar o proselitismo legítimo da propaganda vazia e da opressão religiosa. Acredito, inclusive, que esta distinção pode contribuir diretamente para orientar nossa convivência com outros credos religiosos os quais, por sua vez, também estão envolvidos em diversas atividades proselitistas. Na atualidade, é relativo consenso entre os estudiosos do comportamento humano que vivemos em um ambiente de excesso de informação. Até há cerca de 200 anos atrás, a vida do cidadão comum era terrivelmente mais simples. O progresso material que obtivemos nesse período, além de restrito a uma parcela relativamente pequena da população do planeta, impôs um elevado custo em termos de uma tremenda complexificação da vida cotidiana. Andar pelas ruas das grandes cidades hoje é ser bombardeado por um fluxo contínuo de informações: sinais de trânsito, qualidade do ar, horário, propagandas colocadas por toda parte, jornais afixados nas bancas, cartazes colados nos muros. Necessariamente, esse volume imenso de informação acaba por encontrar limites na própria capacidade humana de assimilá-lo e processá-lo. Não é por outro motivo que o proselitismo moderno tem se deslocado das praças públicas para os meios de comunicação de massa. E a própria existência de um informativo como o do GEEA, capaz de colocar em contato pessoas ao redor do mundo com grande rapidez e eficiência, é prova de que o proselitismo religioso pode aproveitar-se desses meios de comunicação de forma eficaz. No entanto, é preciso estar atento para as perdas impostas, não pelos meios de comunicação de massa em si, mas por aquele excesso de informação a que nos referimos. Quando se estabelece um meio e comunicação de massa, desde o "outdoor" até a internet, inicia-se uma verdadeira corrida entre aqueles que desejam fazer sua mensagem chegar até o público. Se alguém deixa de utilizar-se desse meio, certamente ficará em desvantagem em relação ao demais. Ao nível das empresas, por exemplo, se uma inicia uma estratégia mais eficaz de propaganda, as demais terão que seguí-la ou mesmo superá-la através da adoção dessa estratégia ou de outra ainda mais eficaz. Porém, as atividades de divulgação religiosa, assim como todas as outras atividades ligadas à comunicação, acabam se tornando vítimas de suas próprias tentativas de incrementar sua capacidade de se fazerem ouvir. Quando as estratégias de comunicação de massa se avolumam, o excesso de informação acaba fazendo com que as pessoas comecem a se tornar cada vez menos sensíveis ao conteúdo das mensagens. A partir daí, ainda em uma tentativa de promover algum tipo de diferenciação, aqueles que desejam manter estratégias bem sucedidas de comunicação de massa acabam por privilegiar a forma com o intuito de chamar a atenção das pessoas, muitas vezes tentando simplesmente chocá-las. Os casos de campanhas publicitárias polêmicas ilustra esse fato. A discussão que se cria em torno da forma de comunicação acaba despertando um interesse quase irracional pelo conteúdo dos produtos, objeto das estratégias de "marketing". Em um extremo oposto, como poderíamos esquecer de recente campanha publicitária que se utilizou de crianças vestidas de animais para vender produtos alimentícios? Claramente, a pedra angular daquela campanha não foi o conteúdo dos produtos. De todo forma, tal fato demonstra que as pessoas tornaram-se menos sensíveis aos conteúdos das mensagens recebidas através dos meios de comunicação de massa. Apenas para sintetizar tal processo em uma palavra, a crescente perda de importância do conteúdo em favor da forma resulta na "massificação" da informação. Dito isso, como relacionar tais fatos ao proselitismo religioso? Acredito que o ponto a reter aqui é que as atividades de divulgação do Espiritismo, ainda que possam e mesmo devam utilizar-se dos meios mais avançados de comunicação, jamais devem se deixar apanhar pela crescente desvalorização do conteúdo em favor da forma. Dois exemplos (um singelo e outro de grande significado Doutrinário) poderão ilustrar este ponto. Certa vez, um colega de serviço perguntou a um nosso companheiro espírita: "Qual a sua religião?" Ao saber que ele era espírita, o tal colega afirmou: "Eu sabia...! Você parece mesmo espírita." Ouvindo esse diálogo, não pude deixar de perguntar ao primeiro afinal o que o fazia ter tal "desconfiança". O colega de serviço respondeu: "Vocês espíritas têm algumas coisas em comum. São pessoas mais calmas e mais otimistas. Ao mesmo tempo, vocês são muito discretos. Evitam grandes discussões religiosas com pessoas de outras crenças. Coisas assim". Ficou patente para mim, desde então, que a melhor propaganda de nossa Doutrina era a vivência de nossas crenças, a exemplo do que fez o próprio Jesus. A calma e o otimismo são verdadeiras virtudes espíritas, as quais devem estar presentes na vida de quem acredita que o acaso não existe, e que a verdadeira vida se vive com o espírito. Naquele momento, também não pude deixar de lembrar da passagem evangélica que narra o encontro de Jesus com seus discípulos no caminho de Emaús, após o Calvário. Jesus se apresenta a seus discípulos com seu espírito materializado. Seu aspecto externo, porém, não é reconhecido pelos discípulos enquanto estão na estrada. Ao longo do caminho, eles discutem textos sagrados e, ao chegarem a Emaús, os discípulos o convidam para cear. Só então, com Jesus materializado sentado à mesa, Ele se faz reconhecer através da forma como parte o pão. Subitamente, seu espírito se desmaterializa. Os discípulos, ainda atônitos, se perguntam como não o reconheceram antes mas também dizem que, ao longo do caminho, enquanto mantinham aquela conversação elevada, seus corações ardiam com o vigor das palavras do Mestre. Fica a lição. Muito mais do que a mera forma exterior, é o teor de nossos atos e palavras que nos distinguem. Acredito que o principal motivo de esta narrativa tão singela ter sobrevivido nos textos sagrados do cristianismo é a ênfase que se dá através dela à importância da vivência doutrinária, da exemplificação viva da fé, e do aspecto enganador que o formalismo pode ter para nós, espíritos ainda tão distantes da perfeição. Nesta era de excesso de informações e de conteúdos cada vez mais colocados em segundo plano, os legítimos proselitistas espíritas, dentre os quais eu próprio me incluo, devem estar atentos. Devemos nos furtar a atividades de difusão de nossas crenças que, por qualquer motivo, sacrifiquem o conteúdo doutrinário em favor de uma enganosa maior "eficiência" em termos de divulgação e "conquista de novos adeptos". Felizes de nós, espíritas, enquanto pudermos ser reconhecidos por nossas virtudes, desde a fraternidade (máxima cristã), até o otimismo, a calma e a discrição (típicas de nossa Doutrina). Da mesma forma, diante do proselitismo de outros credos, devemos sustentar uma atitude de respeito. Em primeiro lugar porque, assim como nós próprios, os legítimos proselitistas de outros credos estão envolvidos em uma atitude que visa compartilhar com o próximo uma crença que julgam poder contribuir com seu aprimoramento moral. Além disso, é um preceito elementar na atividade de comunicação que toda mensagem transmitida precisa ser assimilável por quem recebe. Não basta que um canal de tv gere o sinal da mais sofisticada programação se as pessoas só possuírem aparelhos de rádio. Assim, ainda que outros credos possam estar menos adiantados que nossa Doutrina em diversos aspectos morais e filosóficos, é possível que estejam prestando sua contribuição com o aprimoramento daqueles que se encontram ainda mais atrasados no caminho de sua própria evolução espiritual. Assim, se outros credos estiverem se utilizando dos meios de comunicação de massa e transmitindo mensagens religiosas de conteúdo moral e filosófico escasso mas com grande impacto por conta da forma, isto jamais deverá ser pretexto para que nós, espíritas, adotemos as mesmas práticas. É possível que o "sucesso" de tal atividade proselitista, em termos da conquista de novos adeptos, deva-se menos ao uso "eficaz" dos meios de comunicação de massa e muito mais à incapacidade da maioria de nossos irmãos de assimilar preceitos filosoficamente mais densos. Aqui, porém, cabe lembrar outro preceito retirado do Evangelho: quem não é contra nós, é a nosso favor. Fica, em resumo, minha tese singela de que os espíritas como nós, que buscam fazer bom uso dos novos meios de comunicação de massa, devem evitar a massificação doutrinária. A via mais fácil da "conquista" de um grande número de adeptos, se não estiver respaldada no nível de evolução espiritual de todos, cedo irá se mostrar um caminho enganoso, como toda "porta larga". ______________________________________________________________________ COMENTARIO ---------- Chico Xavier, Sissi Antunes, Brasil ______________________________________________________________________ No dia 29 de novembro de l997, irmãos do Grupo Espírita da Prece foram visitar Uberaba, e as instalações do Grupo Espírita da Prece daquela cidade, onde funciona o culto do evangelho do lar do nosso querido Chico Xavier, e qual foi nossa grata surpresa de após quatro anos de ausência dos trabalhos de atendimento ao público, Chico foi àquela Casa. Tivemos, então, a grande oportunidade oferecida por Deus de ouví-lo, quando proferiu uma palestra de quarenta minutos, comentando o evangelho e falando-nos sobre a caridade. Tentamos copiar na íntegra, enquanto ele nos falava, e transcrevemos aqui, acanhadamente é lógico, o texto que, para nós, foi um grande presente do Alto. Disse ele: "...Nós sentimos que a caridade em si é a presença continuada da maravilhosa vida do nosso Tutor Espiritual na Terra: Jesus. Muitos filósofos e escritores contemporâneos que passaram antes do Cristo, deixaram a palavra Caridade passar despercebida, como também os grandes pensadores gregos e romanos, e somente depois da presença, e a palavra redentora do Cristo, em nosso favor no mundo, que a caridade conseguiu terreno. Os pensamentos e obras dos teólogos das Igrejas Cristãs, sobretudo sem que antes dele nenhum dos pensadores da Grécia ou da Roma, local onde existia a verdadeira agência da cultura, e da filosofia viessem ao encontro da caridade, como entendia Jesus, era a própria presença Dele nos ensinamentos e nas palavras. O ponto fundamental dessa afirmativa é muito claro na palavra que Ele configurou. A história naturalmente é verdadeira, na qual bem conhecemos na parábola do bom samaritano. Disse-nos Jesus: Com a beleza que imprime em suas palavras, um homem foi assaltado em determinado setor da estrada, ferido, e extremamente humilhado, sofria as conseqüências do assalto, quando passou por ali um responsável religioso e um doutor, e ambos se afastaram e coloram-se à distância, mas um bom samaritano viu o ferido caído na terra; descendo de seu cavalo, compadeceu-se da vítima que não conhecia, e não lhe pertencia a responsabilidade, mas o espírito da verdadeira caridade. Colocou o ferido em seu cavalo e dirigiu-se a uma hospedaria e conduziu aquele homem anônimo ao proprietário da instituição, pedindo socorro, para que atendesse as primeiras necessidades do ferido. Chamou o chefe da casa e recomendou-lhe a cautela bondade que tratasse de todas as necessidades, quanto à recuperação daquele homem. Prometeu que voltaria e pagaria todas as despesas que por acaso houvesse. Começou aí o ensinamento de Jesus, com a presença da caridade. Socorro, disponibilidade de auxílio e a parábola alcançou os teólogos. Encontrando um irmãos naquele necessitado, dispensou amparo, e valendo da hospedaria completou o ato de caridade. A caridade não conhece problemas pessoais, não considera diferença de classes, começaram então os cristãos a se lembrar daquele homem caído na estrada, compreenderam que ao encontro de um necessitado carente de atenção e amor, aí começa a caridade, a benevolência e o amparo ao próximo. Na caridade que se tornou padrão de conduta que Allan Kardec, quando legou as comunidades humanas, os livros. Quanto mais nos distanciamos de Jesus, mais próximo Ele está de nós, pelos ensinamentos que absorvemos. A caridade que amparou a 300 heróis, do Cristianismo de fazer alguma coisa que possa dar significado a nossa Terra, aqueles que acreditavam nos ensinamentos do Cristo, se reuniram em casa de difícil acesso, em catacumbas, porque o ensinamento do Cristo, estava preso, Jesus começou a estabelecer a caridade e o perdão preciso, criou em torno dele as atividades que levou ao sacrifício e no operar, amparar, que significam atitudes diárias em nossa vida, porque quando não fazemos isso, às vezes por uma simples migalha, nos envergonhamos de nós mesmos e devemos não nos aproximar dos ensinos daqueles que praticam os grilhões sobre os outros, e provocam os processos de escravidão, e isso tudo existe. Mas Jesus está presente em nós, e não conseguiremos fugir porque Ele nos marcou com o próprio sacrifício. Nesta Casa, na vida doméstica e social, a caridade é a Presença de Cristo em nosso meio. O Espírito da Verdade, escreveu no capítulo XV do Evangelho Segundo o Espiritismo, "fora da caridade não há salvação", esta que começou com Jesus está a nosso dispor. Muitas vezes, aqueles que se retiram da vida comum para se entregar em Jesus, encontrarão nas muralhas dos conventos, seus locais de recolhimento, onde, na verdade encontrarão os rótulos de solidão. Nós estamos libertos de qualquer processo de coação para sermos continuadores de sua missão divina. A caridade é desde uma doação de uma grande fortuna, até a doação de um prato de sopa, a caridade é Jesus. Bem aventurados vós que sofreis, vinde a mim que vos aliviarei. Espalhemos nossas migalhas para darmos o quase nada que temos àqueles que nada têm. Inspirai para os espíritos da Terra que querem fazer e não podem. Ele não nos prometeu a vida fácil, prometeu o alivio, para aquele que auxilia, não prometeu a facilidade nem a felicidade imediata, mas a esperança o prato de carinho, a xícara de misericórdia, para que você possa atender o chamado do alívio, com a palavra, com a frase, o bilhete, uma flor, que pode modificar muitas vidas, distribuindo as cotas de alívio. Não podemos fechar uma casa desapontando e decepcionando, causando desânimo naqueles que precisam ser amparados. Não podemos fazer o máximo, às vezes nem o mínimo, mas um pouco de consolo poderemos oferecer". Chico Xavier Desculpe-nos por algum ponto que tenha ficado em dúvida, pois se houve deficiência, esta sem dúvida é nossa, ao copiar. Mas foi para todos uma grande felicidade, poder estar naquela data no Grupo Espirita da Prece em Uberaba, Casa que para nós, como para todos os Espíritas, de grande representatividade. Chico está extremamente enfermo, com seus 88 anos de idade, e 71 anos de mediunidade, ainda nos dando o vivo exemplo de que muito mais podemos fazer por esta que é a doutrina consoladora, e a todos nossos irmãos que se encontram em busca de um alívio para suas dores. Chico, o "homem coração", e dizemos mais, dentre os bons adjetivos, é aquele que soube reunir evangelho e vida, não somente interpretando, mas vivificando. Grupo Espírita da Prece - Lavras - MG Sissi Antunes ______________________________________________________________________ COMENTARIO ---------- Católico, José Pedro, Brasil ______________________________________________________________________ REF. : Católico - Rogério Santos, Boletim n. 318. É muito comum, para quem não conhece a Doutrina , confundir Mediunidade com Espiritismo. Esta confusão teve origem durante o Estado Novo, quando Getúlio Vargas, pressionado pelos setores mais radicais da Igreja, proibiu o funcionamento de Centros Espíritas. A meta da igreja era atingir os praticantes da Umbanda, Candomblé e outras seitas, que vinham proliferando principalmente nos arredores do Rio de Janeiro, então Capital da República. Os Kardecistas com representatividade nos meios políticos, militares, empresariais e outros, fizeram ver ao Presidente que tal proibição era um contra-senso. O Presidente então publicou outro decreto dizendo que os Centros Espiritas poderiam funcionar. Os praticantes de outras seitas então passaram a denominar seus grupos de Centros Espiritas. Isto abrigou dentro de uma mesma nomenclatura , práticas diversas confundindo o Espiritismo ( Doutrina dos Espíritos - codificada por Kardec) com todo tipo de exploração das manifestações mediúnicas. O Espiritismo não inventou a Mediunidade, nem detém sua exclusividade. A Mediunidade é uma propriedade neutra que nada tem a ver com a religião do Médium , seu grau de cultura, seu adiantamento espiritual. Não é necessário ser um Francisco de Assis para ser Médium, nem ser um Einstein. A mediunidade está presente em todas as religiões. A Bíblia nos narra o episódio de Moisés que transformou os cajados em serpentes. Os magos da corte do Faraó também fizeram o mesmo. Todos eram Médiuns de efeitos físicos. O episódio narrado em sua pergunta decorreu em 1947. Fazemos uma idéia dos tipos de Médiuns e Curandeiros que participaram do evento. Junto com os Espíritas se agregou toda sorte de praticantes de manifestações mediúnicas. Todos erroneamente denominados Espíritas. No livro dos Médiuns , Kardec nos chama a atenção para a identificação dos mistificadores e charlatães. A mediunidade praticada fora dos padrões cristãos (Mediunidade com Jesus - característica do Espiritismo) leva a comportamentos que seriam dignos de serem catalogados no Código Penal. No site www.novavoz.org.br, está disponível um artigo que tem como título "As agulhadas do Padre" ,onde nosso confrade Carlos Brito Imbassahi comenta a atuação do Padre Quevedo em um programa de televisão de alta audiência. Pois bem. Neste programa o Padre Quevedo fez afirmativas que agridem as modernos conceitos da física sobre matéria e energia. São afirmativas dignas do maior charlatanismo. Espiritismo é muito mais que manifestações Mediúnicas. É uma doutrina que ensina o Homem a viver e a programar as suas futuras existências. A mediunidade é uma componente do Espiritismo. Mas é somente isto. Além disso, as comunicações Mediúnicas são tratadas como fenômenos científicos, sem nenhuma dose de misticismo. A doutrina dos Espíritos não se apoiam só nas manifestações mediúnicas. Existem os pilares da Filosofia e da Religião que a sustentam e lhe dão corpo. As pessoas que criticam o Espiritismo sem conhecê-lo são partidários do "Não li e não gostei". Não devemos nos furtar a debater Filosofia, Ciência e Religião com quem quer que seja. Deixar de debater , seria colocar a candeia debaixo do alqueire. Os Sensatos compreenderão a Mensagem. Os Insensatos, bem, deixemo-los entregues à sua insensatez. Que sejamos sempre abençoados com a paz de Jesus. José Pedro. ______________________________________________________________________ COMENTARIO ---------- Roustaing, Alexandre Costa, Brasil ______________________________________________________________________ Caros amigos editores e caro confrade Jorge Campos, Tendo sido citado nominalmente no Boletim n. 317, venho então para algumas observações importantes sobre este assunto. Vamos nos ater aos comentários para que fomos alertados nominalmente. São eles: o pretenso "catolicismo"contido na obra; um "encalhe" da mesma que não ocorreu de fato; e adeptos X não-adeptos da obra (tendo sido inclusive solicitado esclarecimento quanto à posição de alguns espíritos mentores que "seriam" pretensamente contra a obra de J.-B. Roustaing). Afirmar que a aceitação da obra de Roustaing foi devido ao fato de haver personalidades muito ligadas ao catolicismo soa um tanto quanto estranho por dois motivos: 1) A obra vai contra o catolicismo (a ponto de ter sido duramente criticada por frei Boaventura Kloppenburg em seu livro "O Espiritismo no Brasil", onde há uma série de erros e interpretações grosseiras sobre o espiritismo) em todos os seus pontos (lembrar que a concepção do Cristo como homem e Deus é eminentemente católica, e Roustaing mostra-nos um Cristo, nem Deus, nem homem) e com críticas como as que selecionamos: "Voltemos a Jesus: Vós outros, Católicos, Protestantes, chamados Ortodoxos, e Judeus, que não admitis a anterioridade da alma, a reencarnação, duvidais porventura da missão superior de Jesus?"(n º 184, vol.2, p. 425 e 426). "Daí vem que a fé desertou, amedrontada, da Igreja e foi procurar abrigo entre os simples e os fracos".(n º 186, vol.2, p. 440); "Pretensão humana, fruto do orgulho e da ambição, pretensão cega e falsa, que nenhum homem que pense pode tolerar. Para admitir-se a infalibilidade da Igreja, fora preciso admitir-se como infalíveis os homens que a têm composto."(n º187, vol.2, p. 440). 2) Bezerra de Menezes(um dos mais ardorosos defensores da obra de Roustaing) disse: "O maior inimigo do Espiritismo, doutrina moral que desenvolve e esclarece os pontos obscuros da que foi pregada por Jesus Cristo, é o catolicismo." (Reformador, jan. 1887). Será que Bezerra de Menezes iria defender uma obra "católica"? Ora, se criticar essas posturas da Igreja é ter "cheiro" de catolicismo, então... O "famoso" encalhe da obra é baseado apenas no fato de que em 1882 ainda havia exemplares de "Os Quatro Evangelhos" à disposição do público. Sobre isso, ressaltemos 3 pontos: 1) Medir a excelência de um trabalho pela aceitação inicial do público é algo muito complicado. Nesse caso, qual seria o mérito de Van Gogh que só vendeu 1 único quadro quando encarnado? E que valor teria a grandiosidade de "La Traviata", cuja estréia em 1853 foi um fracasso calamitoso? Como interpretar a infinita diferença de vendagem entre as obras espiritualistas e as pornográficas, cujas edições se multiplicam muito mais aceleradamente? 2) Quantos exemplares foram impressos da obra de Roustaing e quantos de "O Livro dos Espíritos"? Ninguém o sabe. Se da primeira tivemos, eventualmente, 100 mil e, do segundo, apenas 10 mil, é claro que aquela demoraria mais tempo para se esgotar. Além disso, há sempre festejados autores clássicos, como Flammarion, Denis, Delanne e tantos outros, impressos mesmo modestamente, pela FEB, os quais são pouquíssimo lidos e suas edições ficam nas prateleiras por mais de 20 anos! Seriam suas obras fracassadas? Seriam obras encalhadas? Sabemos que não... 3) Usar a França do passado como modelo de movimento espírita a ser seguido é algo estranho, pois sabemos que justamente lá é que o aspecto religioso do espiritismo foi recusado. E o que aconteceu? Desaparecimento daquela terra do espiritismo, que só veio a conhecer um novo renascimento a duras penas, quase às portas do ano dois mil. Maioria nunca foi critério de verdade doutrinária ( Jesus x Barrabás; maioria católica no Brasil; maioria do mundo, orientalista, a afirmar que Buda, Crisna, Lao-Tsé, Confúcio e outros são superiores a Jesus, o que é negado pela resposta à questão 625 de "O Livro dos Espíritos"). Porém já que se citam alguns nomes que seriam contra a obra de Roustaing, aqui vão alguns outros que são favoráveis a obra: Adelaide Câmara (Aura Celeste); Amália Domingo Soler; Amaral Ornellas; Antônio de Lima;Antônio Luiz Sayão; Augusto Elias da Silva; Bezerra de Menezes; Bittencourt Sampaio; Canuto Abreu; Carlos Imbassahy; Chico Xavier; Dias da Cruz; Divaldo Pereira Franco; Emmanuel; Eurípedes Barsanulfo; Frederico Fígner; Humberto de Campos; Jacques Aboab; Joaquim Carlos Travasso; Lauro S. Thiago; Leopoldo Cirne; Leopoldo Machado; Pierre-Gaëtan Leymarie; Luiz Olímpio Guillon Ribeiro; Petitinga; Pietro Ubaldi; Romualdo de Seixas; Vianna de Carvalho; Victor Hugo; Vinícius (Pedro de Camargo); Yvonne A Pereira, Zilda Gama dentre outros é claro; tenho todas as referências textuais de endosso a essa obra por parte destes , contidas na excelente obra "Os Adeptos de Roustaing" do confrade Luciano dos Anjos. Mas como ficaria longa a transcrição para esse artigo, aqui estão o endosso apenas de Emmanuel e Bezerra de Menezes desencarnado por Chico Xavier (já que é sobejamente conhecida a sua posição quando encarnado e há várias mensagens por médiuns como Yvonne A. Pereira, Maria Cecília Paiva, José Salomão Mizrahy, J. Celani de apoio aos Quatro Evangelhos"): 1) Bezerra: Assinatura mecânica, através do médium Francisco Cândido Xavier, em 1952, no Estatuto do Grupo Espírita Regeneração, do Rio de Janeiro, no qual estava e está até hoje previsto o estudo obrigatório de "Os Quatro Evangelhos", de J.-B. Roustaing; 2) Emmanuel: "O Consolador", perg. 243, 277, 283 e 287: "Todas as entidades espirituais encarnadas no orbe terrestre são Espíritos que se resgatam ou aprendem nas experiências humanas, após as quedas do passado, com exceção de Jesus-Cristo, fundamento de toda a verdade neste mundo, cuja evolução se verificou em linha reta para Deus, e em cujas mãos angélicas repousa o governo espiritual do planeta, desde os seus primórdios." "O Eleito, porém, é aquele que se elevou para Deus em linha reta, sem as quedas que nos são comuns, sendo justo afirmar que o orbe terrestre só viu um eleito, que é Jesus-Cristo." "Antes de tudo, precisamos compreender que Jesus não foi um filósofo e nem poderá ser classificado entre os valores propriamente humanos, tendo-se em conta os valores divinos de sua hierarquia espiritual, na direção das coletividades terrícolas." "A dor material é um fenômeno como o dos fogos de artifício, em face dos legítimos valores espirituais." "Homens do mundo, que morreram por uma idéia, muitas vezes não chegaram a experimentar a dor física, sentindo apenas a amargura da incompreensão do seu ideal." "Imaginai, pois, o Cristo, que se sacrificou pela Humanidade inteira, e chegareis a contemplá-Lo na imensidão da sua dor espiritual, augusta e indelével para a nossa apreciação restrita e singela." "De modo algum poderíamos fazer um estudo psicológico de Jesus, estabelecendo dados comparativos entre o Senhor e o homem." "Examinados esses fatores, a dor material teria significação especial para que a obra cristã ficasse consagrada? A dor espiritual, grande demais para ser compreendida, não constitui o ponto essencial da sua perfeita renúncia pelos homens?" Possamos, enfim, todos nós ser abençoados pelo Cristo amado, seja ele concebido em personalidade fluídica ou carnal. Isto, como tudo o mais de ordem simplesmente histórica a respeito dele, é de menor significado quando se trata de amor e fraternidade. Abraços fraternos e à disposição para maiores esclarecimentos, Abraços, Alexandre .--- .-- .--. .- / -, /- /__/ /- '--' `-- / / `-- GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS .----------------------'''''--''--'''''''--'''''''''--'''''''''------. | . Boletim semanal em português (distribuição eletrônica) | | . Boletim mensal em inglês (distribuição eletrônica) | | . Página WWW com informações espíritas em geral: Livros eletrô- | | nicos, Periódicos, Boletins do GEAE, Instituições, Eventos, | | Páginas espíritas na internet, etc. | | . Conselho Editorial: editor@geae.inf.br ; info@geae.inf.br | | - Ademir L. Xavier Jr. (Campinas - SP, Brasil) | | - Carlos A. Iglesia Bernardo (São Paulo - SP, Brasil) | | - José Cid (Rio de Janeiro - RJ, Brasil) | | - Raul Franzolin Neto (Pirassununga - SP, Brasil) | | - Sérgio A. A. Freitas (Lisboa, Portugal) | | | | . 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