====================================================================== _|_|_| _|_|_| _|_|_| _|_|_| GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS _| _| _| _| _| Fundado em 15 outubro de 1992 _| _| _|_| _|_|_| _|_| _| _| _| _| _| _| Boletim semanal _|_|_| _|_|_| _| _| _|_|_| de distribuição eletrônica ---------------------------------------------------------------------- Ano 06 - Número 312 - 1998 29 de setembro de 1998 ====================================================================== |============================| ÍNDICE |=============================| TEXTOS O Sono e os Sonhos, Claudio Lourenço de Almeida, Brasil O Bem enquanto princípio educativo, Luciano Bomfim, Alemanha COMENTÁRIOS Sonhos, Denise Barker Religião, Leonardo Braga, Raul Franzolin e Carlos Iglesia, Brasil Estudos Espíritas, Eduardo Durande, Brasil Considerações sobre o Perispírito, Marco Milani, Brasil PAINEL Ciclo de Estudos Espíritas-NEU/UERJ - Maracanã, Jaqueline Martins |====================================================================| ______________________________________________________________________ TEXTO ----- O Sono e os Sonhos, Claudio Lourenço de Almeida, Brasil ______________________________________________________________________ O LIVRO DOS ESPÍRITOS Capítulo VIII DA EMANCIPAPAÇÃO DA ALMA O sono e os sonhos Visitas espíritas entre pessoas vivas Transmissão oculta do pensamento ( Perguntas 400 à 421 ) O corpo descansa... acontece o sono, o cochilo, ou mesmo não tendo nada para fazer fisicamente e estando só, o encarnado entra no seu costumeiro fluxo de pensamentos e sua alma, exclusiva e divinamente vinculada ao seu corpo, se vai. Neste momento a alma não necessita da presença física de seu corpo. A alma vai se relacionar. Vai aprender, vai fazer, vai ensinar, vai visitar, vai ajudar, vai a outros mundos permitidos, vai rememorar anteriores encarnações...mas tudo isso com o consentimento de Deus. Toda essa restrita mas salutar liberdade propicia à alma a oportunidade ideal de burilar-se no relacionamento, burilar-se na vida, consigo mesmo e com seus irmãos espíritos. O sono chegou, momento do espírito encarnado, da alma, libertar-se do corpo até que se faça necessário seu retorno por mecanismos particulares da natureza do homem ou mesmo por situações adversas. Situações estas decorrentes talvez de forte emoção ou mesmo situações críticas em que se faça necessário o seu retorno ao corpo, passando este corpo a estar acordado ou mesmo ainda entorpecido pelo sono. O sonho é a lembrança do que o espírito vivenciou durante o sono. Por vezes encontramos irmãos que o relatam como um sonho completamente descabido. Em outras vezes, e não raro, transmitindo profunda sensação de amor e fraternidade, de perdão, de reconciliação, de simpatia, de amizade. Também acontece o caso de se acordar, tomado por sentimentos angustiantes, sofridos, um pesadelo. É muito importante e aconselhável, que antes de adormecer possamos sentir algo de elevado em nossos pensamentos, algo que nos faça crer que o Pai Celestial, misericordioso e justo, representado por seus mensageiros de luz que desde o nosso nascimento, conhecendo nossa história, estão sempre conosco e que eles são capazes de nos conduzir a nossa inescapável evolução moral e intelectual. Orar antes de repousar nosso corpo cansado é uma prática que produz maravilhas à nossa saúde física e mental. Cuidado. Quando um problema à resolver nos deixa muito preocupado, existe ainda uma forte tendência de buscarmos, em qualquer ocorrência, situação ou fato, uma associação com o problema. É necessário equilíbrio e bom censo, é necessário vigiar. Pois senão, o nosso pensamento ao transpassar o prisma da verdadeira vida, erroneamente imprime apenas vibrações carregadas de maus pensamentos, como o duelo, a mentira, a malícia, ou apenas o medo... o medo da incerteza, o medo do amanhã. Creiamos pois que o equilíbrio é um dos ingredientes para a nossa harmonia interior e exterior. Equilibremos nossos pensamentos filtrando as idéias que passam, rejeitando as idéias fundamentadas em orgulho, egoísmo, ciúmes, vaidade. Adote as idéias fundamentadas na fraternidade, piedade, perdão, reconciliação e caridade, transforme-as em pensamentos e esses pensamentos em atitudes em ações. Leia algo edificante. Acreditem, esse procedimento já salvou e continua salvando muitas vidas. O que pensar ? O que concluir de um sonho que tivemos ? Simples! Se lembrarmos do contexto e pudermos extrair uma conclusão baseada em atitudes coerentes com nosso estudo do Evangelho Segundo o Espiritismo, foi um aprendizado com bons mestres. Caso seja um sonho sem nexo, cheio de incoerências físicas, aberrações, ilógico e irreal, provavelmente este desaparecerá de nossa mente. Aconteceu o esquecimento de trechos e passagens da vivencia de nossa alma talvez até mesmo em mundos regidos por outras leis físicas que apenas à nossa alma importa seu significado. Caso o sonho nos revele sensações de vaidade, orgulho, ganância, medo... Reflita sobre seus pensamentos e ações, ore pedindo que te seja dado entendimento a algo que ainda não percebeu. Repense seus passos com apenas amor no coração, encontre-os e de início à reparação dos erros cometidos pois sempre ainda haverá mais uma chance. Descubra, você mesmo, que você quer, pode e vai se aprimorar. O sono nos propicia o recreio para nossa alma cerceada pelo corpo, a universidade para nosso espírito em busca do estudo orientado, o hospital para nossa alma desregrada, a casa de caridade para o nosso espírito carente. Assim pois é o sono, uma dádiva de Deus a seus filhos encarnados. Quando a alma está liberta, ela está liberada para se relacionar e pode se encontrar com outras almas, outros encarnados, bem como também com espíritos desencarnados. Sua alma vai conviver na sociedade dos espíritos. Vai buscar e ser encontrada por aqueles que lhe são simpáticos aos pensamentos. O estado espiritual da alma, do encarnado, ditará o tipo de companhia a que ele estará acessível. Veja bem! Sempre, sempre, sempre, os bons espíritos emitem boas vibrações mas apenas as capta aquele que vibrar junto com elas. Entre os encarnados, os encontros e as visitas de almas se dão por simpatia ou por necessidade. Por vezes a simpatia e a necessidade pode ser interpretada como afinidade e consequencia no caso de baixarmos a vigilância para os irmãozinhos pobres de espírito onde certamente teremos como consequencia suas companhias por afinidade de maus pensamentos. A linguagem dos espíritos é o pensamento. De nossas almas emanam pensamentos. Nossas almas se comunicam conforme o grau de simpatia que trocam entre si, e que pode se dar até mesmo entre duas almas em estado de vigília. Digo, duas pessoas espiritualmente simpáticas entre si, dialogam, se comunicam sem o saberem a ponto de se fazer conhecer até mesmo informações resguardadas no mundo carnal. Nossas almas, espíritos encarnados, na grande maioria das vezes impuros, pensam diferente com a alma emancipada, pensam à melhor. Enfim, nosso destino é o de conhecermos uns aos outros, aprendermos uns com os outros e trabalharmos juntos em prol de nós todos, despertos ou adormecidos. A vida é Relacionamento, é mais que um, é fraternidade. ______________________________________________________________________ TEXTO ------ O Bem enquanto princípio educativo, Luciano Bomfim, Alemanha ______________________________________________________________________ Nos ensinamentos de São Francisco de Assis, encontramos uma assertiva que decisivamente marcou seu pensamento: „é dando que se recebe". Tal idéia está presente em toda mentalidade judaico-crista. O cristão deve fazer o bem porque desta forma ele terá o bem de retorno em sua vida, mesmo que em um futuro desconhecido. Ajudar o próximo, praticar a solidariedade, a indulgência, a tolerância, perdoar as ofensas e agressões que sofremos, seriam assim, moedas com a qual comprariamos o nosso bem estar futuro: A forma de nos livrarmos do inferno e adquirirmos o cartão de entrada no céu. Mas qual é o fundamento deste princípio? A prática do bem funcionaria como uma espécie de bônus positivo para quitar débitos contraidos com a prática do mal ou para nos livrar do tormento de uma experiencia cármica ou não, ou então, em ser agraciado com a gratidão devida por cumprirmos com o nosso dever de cristão. O ser humano seria assim uma espécie de ser pragmático em busca de sua própria felicidade, de uma paz pessoal, com uma vida, cujo deleite está em evitar o sofrimento. O risco de refletir suas experiências, de ousar pôr-se enquanto sujeito de suas decisões, de permitir-se um ser que pode errar, que o erro é consequência do seu estado de imaturidade espiritual, psíquica, emocional, intelectual e mental; estado este inerente ao ser eternamente em processo educativo, um ser em constante evolução. Admitir a inexorabilidade do bem para a evolução não significa defender a tese do bem enquanto algo auto-explicado e o ser humano enquanto objeto de sua inexorabilidade. Que conteúdo ganha o ser humano em fazer o bem para não sofrer, ou para ganhar a felicidade no futuro, melhor dizendo, num futuro desconhecido? Que aprende o espirito que pratica o bem sob esta perspectiva? Que tipo de enfrentamento tem ele consigo mesmo, digo, com suas aflições, seus complexos, traumas, desajustes diversos; enfim com suas imperfeições? Fazer o bem não pode ser um ato de violencia para consigo próprio, não pode ter como pressuposto-imperativo a não reflexão do ser-em-tensão imerso na materialidade histórica de suas reencarnações, não pode prescindir do pensar a situação presente que desafia o ser inteligente a decidir na sua postura diante da vida, diante dos demais seres, diante de sua própria espécie; pois o bem tem como pressuposto a consciencia. O ser encarnado ou não, é como já dissemos um ser inteligente, e sendo assim, o bem para ser bem, para ter eficácia no espírito praticante, imprescinde de um conteúdo pedagógico cujo fundamento está justamente no porque de fazer o bem. E a prova da existencia deste conteúdo no agir de uma suposta atitude benéfica, está na possibilidade objetiva, axiologicamente construida em-si pelo ser inteligente, de uma determinação educativa do bem sobre si. A atitude exteriormente de acordo com as leis da vida não tem por si próprio o poder de desencadear um aprendizado que impulsione o espírito na sua evolução. O bem é produção do ser humano; não é uma manifestação no espírito que prescinda de sua condição de ser consciente, de ser que sabe, que pode saber, de ser que reflete. Em resumo, que aprendemos concretamente com o bem que fazemos? Que nosso sofrimento será amaciado por ele; que nossa felicidade(futura!) será um presente da divindade a nós, prescindindo assim da determinação educativa do agir benéfico sobre nós? Educar-se com o bem significa muito mais do que ter uma práxis benevolente com os seres à nossa volta; significa mais do que fazer o bem por querer fazê-lo; significa em última instancia apreender os ensinamentos constituintes do nosso agir benevolente; significa aprender as lições que nele estão presente. Entender que o bem não pode ser uma rua de mão única, na qual só a outra parte é beneficiada. „Eu" preciso „me" beneficiar com a „minha" atitude, aprender com ela, „me" fortalecer axiologicamente com ela. Passar seguranca às pessoas é um bem, mas se com isto „eu" também procuro educar-„me", construindo seguranca em „mim" mesmo;. Falar de tolerancia e indulgencia com aqueles que estão se movendo pelo ódio e sentimento de vinganca é um bem ,se „eu" trabalho na edificação da paz em „mim". Socorrer os espiritos em sofrimento nas mediúnicas é um bem, se eu „me" coloco no aprendizado do equilibrio em „minha" cotidianidade. Orientar o individuo em desajuste psiquico-espiritual é um bem, se „eu" também me coloco no aprendizado dos fundamentos de uma mente que procura reconhecer seus limites de investigação e os pressupostos para a constante vigilia dos princípios cristãos em nós. Fazer o bem é também em última instancia, se convencer axiologicamente dele; é refletir sobre o quanto nos tornamos internamente melhores pelo „bem" que fazemos; é apreender e aprender a nos tornarmos internamente melhores com aquilo que fazemos, e sob esta perspectiva nos auto-avaliarmos em nossa prática espírita, crista; é replanejar o nosso porvir a fim de nos mantermos rumo à felicidade que tanto desejamos, e que de fato só existirá, se já existir, pois a felicidade não é uma inexorabilidade evolutiva, ela é produto de uma práxis, de um sujeito que quer ser feliz e trabalha para isto. Ser feliz é pensar em como o bem pode nos fazer feliz e aprender com a verificação da praxis correspondente a ele. ______________________________________________________________________ COMENTÁRIO ---------- Sonhos, Denise Barker ______________________________________________________________________ Primeiramente boa noite. Aqui quem escreve e Denise Barker, sou cadastrada no grupo e tenho uma questão a fazer. Estou lendo o livro dos Mediuns, ja li o livro dos espiritos. Gostei muito. Minha questão e : Porque sonhamos as vezes com pessoas que estão vivas. Eu recentemente estou sonhando com pessoas vivas e nos meus sonhos existem um dialogo em nos. Ja li que sonhos com pessoas que ja estão falecidas existe um porque. Mas, qual seria o proposito de sonhar com as pessoas vivas ?? Sem mais, agradeço ______________________________________________________________________ COMENTÁRIO ---------- Religião, Leonardo Braga, Raul Franzolin e Carlos Iglesia Brasil ______________________________________________________________________ Amigos do GEAE, Estou escrevendo esse e-mail para vocês, pois tenho encontrado certa dificuldade em entender a melhor maneira de pensar, ou digamos, a mais "coerente", em relação a determinado assunto que citarei a seguir. Não sei bem como expor esta minha duvida, mas tentarei coloca-la neste e-mail, de modo a proporcionar o melhor entendimento por parte de vocês. Minha duvida decorre de como seria a melhor maneira de se encarar outras religiões que não seja a sua própria. Devo ressaltar que não tenho uma religião especifica, tenho uma forte criação católica que com o passar dos anos tornou-se completamente espirita. Meus pais são espiritas, assim como eu, contudo não seguimos nenhuma linha de doutrina em especial. Nos identificamos muito com a linha de pensamento do Kardecismo, embora não tenhamos conhecimento suficiente para assumir qualquer posicionamento fixo a esse respeito. Procuro assimilar ideias, doutrinas, pensamentos das mais variadas posições possiveis, sem contudo me prender a nenhuma delas especificamente, isto é, não sigo rigorosamente nenhuma religião, mas sim grupos de ideias que recolho conversando com pessoas, lendo livros, publicações, internet e etc. O problema em questão vem quando tenho que me referir a determinada religião ou movimento dito religioso. Por exemplo: Quando me refiro a igreja católica, não consigo olha-la com bons olhos mesmo tendo recebido fortes ensinamentos de doutrinas católicas. Tudo, a meu ver, depende de um grande contexto. Não podemos analisar nada sem observarmos o contexto em que se encontra. A este tipo de pensamento, eu identifico como foi feita (executada) a influencia pela igreja católica durante todos esses anos de sua existencia. Não consigo aceitar o modo como altos cargos(veja bem, não me refiro aos seus seguidores) da igreja doutrinaram e se aproveitaram da fe alheia para conseguirem os seus propositos. Apesar das boas ações conseguidas, sabemos que o intuito nunca foi de pregar, levar o conhecimento a ninguem, e sim ampliar ainda mais suas ramificações de poder. Vejo a igreja Universal do mesmo modo, apesar das pessoas viverem me dizendo que bem ou mal ela retira as pessoas das ruas, dos vicios e outras coisas mais. Ta bem, pode ate ser, mas o objetivo nunca foi esse. O objetivo sempre foi outro, se aproveitam da crenca de pessoas menos esclarecidas para conseguir seus objetos de cobica, tal como dinheiro, poder,... Cade o esclarecimento? Cade a vontade de passar o conhecimento para as pessoas para que estas andem com seus próprios pes, e tenham suas próprias opiniões sobre a nossa realidade? onde fica o senso de certo e errado, onde os fins não justificam os meios??? O meu modo de pensar é radical ou não? Tanto meu pai como meu amigo acham que sim, que sou radical, que eu devo tentar encarar como as pessoas conseguem entender as doutrinas. Qual e a realidade delas e qual e a minha!!! Venho conversando a respeito deste assunto a muito tempo e ainda não consegui formar a minha opinião "definitiva". Quero, um dia, quem sabe, pensar como meu pai ou meu amigo, mas ainda não tenho esta capacidade. Por isso, espero que vocês do GEAE possam me esclarecer essas duvidas, talvez me mostrando o pensamento de Allan Kardec mais uma vez. Por favor, não ignorem este meu pedido, estou muito ansioso pela resposta de vocês. Obrigado pela atenção!!! Fiquem com Deus e muita luz!!!! --------------------------------------------- Caro amigo Leonardo, O seu comentário a respeito de religião é muito interessante e me dá a oportunidade de continuar a refletir sobre esse tema, pois já escrevi alguns artigos no GEAE. Um sinal evidente de maior evolução espiritual do homem é o seu inquietamento a respeito da Vida. As religiões como instituições, são organizações prestadoras de serviços com base na fé gerada pelos princípios do nascimento e morte do seres vivos. A real condição que algo nasce e morre é extremamente forte para impor ao homem constantes reflexões que lhe obriga necessariamente a mudanças comportamentais e sociais necessárias para que haja harmonia a existência da vida no planeta. Portanto, a existência de uma religião depende da fé de seus adeptos. A fé cega, irracional, passiva e oprimida causa a formação de instituições impróprias que apesar de implementar os laços da caridade, promovem muitas vezes, desajustes espirituais com sérias conseqüências para a evolução espiritual do homem, pois estimulam o fanatismo nefasto e oprimem a liberdade de pensamento, ou seja, a própria razão e a potencialidade do uso do livre-arbitrio. Além disso, estimula a ganância pelo poder e práticas perniciosas a evolução do espírito. Por outro lado, a fé racional, ativa com total liberdade de pensamento promove o desenvolvimento de instituições fortes, importantes para a evolução espiritual do homem e do planeta gerando ambiente propício à vida. São organizações desvinculadas do interesse imediato e materialista e buscam o crescimento coletivo. Devem atuar com total liberdade de pensamento com respeito a todos e a tudo. O uso constante da reflexão na busca da melhor conduta possível para se viver , ou seja, a instrução, deve ser definitivamente estimulado. Enfim, o grau de evolução das pessoas, certamente está associado ao tipo de fé e ao crescimento e regressão das inúmeras religiões, seitas, filosofias, etc. existentes nas diversas partes do nosso planeta. Nessa minha visão, Leonardo, não vejo como poderia esclarecer-lhe sobre a sua conduta ser ou não radical, pois não tenho subsídios para tanto e nem devo opinar sobre isso. Creio que você e todas as pessoas que se encontram nessa situação, devem procurar buscar o melhor caminho a seguir, mantendo a mente aberta e analisando cuidadosamente as várias opções existentes e não aceitarem nada sem passar pelo crivo da própria razão. A humildade é muito importante. Para mim a Doutrina Espírita realmente me consola , alivia o meu espírito no caminho da felicidade eterna, dando total liberdade de ação sobre meus atos com conscientização sobre os fracassos e méritos que eles possam produzir na minha evolução espiritual. Alem do que me dá sempre a oportunidade de fortalecer a minha fé com o avanço da evolução da Terra, tanto na parte moral como na científica. A minha fé inabalável na presença Divina; na existência da continuidade da vida após a morte; nas inter-relações existentes entre os infinitos planos de vida; na evolução espiritual, etc., já me permite identificar o verdadeiro caminho a ser seguido. Cabe agora aprender e praticar as infinitas características existentes para a melhor evolução possível, aumentando a felicidade e eliminando os sofrimentos. Raul Franzolin Neto rfranzol@geae.inf.br --------------------------------------- "Todos os homens são irmãos e filhos do mesmo Deus, que chama para Ele todos os que seguem as suas leis, qualquer que seja a forma pela qual se exprimam." O Livro dos Espíritos, questão 654 (Cap. II - Lei de Adoração), trad. de Herculano Pires, FEESP. Caro Leonardo, Em tempos mais difíceis que o nosso, quando a religião de uma pessoa definia não só em que ela acreditava mais quais seriam seus amigos e inimigos, um pensador árabe - mais especificamente de Al-Andalus, a Espanha muçulmana da Idade Média - escreveu: "Meu coração é capaz de compreender qualquer forma: Monastério para o monje, templo de ídolos, prado de gazelas, o Kaaba votivo, as tabuás da Torá, o Corão. O Amor é meu credo; para onde quer que sigam seus camelos, ele segue sendo meu Criador e minha Fé."* Ibn Arabi via o Amor como sendo a essência de Deus e dentro desta perspectiva, não importava a forma de adora-lo, seguia sendo sempre o mesmo Deus. Outros pensadores da mesma civilização - onde árabes, cristãos e judeus tiveram papel importante - viam as religiões como caminhos diferentes levando ao mesmo destino, como raios de uma circunferência levando ao seu centro. Cada viajante procura o caminho que mais lhe convém, cada um procura Deus do seu modo e o que importa é a sinceridade e a aplicação de coração do que sua religião ensina. Pois todas em essência ensinam o mesmo, o Amor a Deus e ao Semelhante, pois não se pode amar a Deus sem amar-lhe a criação e ao mesmo tempo quem ama a criação, ama ao Criador. Formas e rituais, hierarquias ou estruturas sociais, todas se transformam ao longo do tempo, mesmo os ensinamentos de cada religião são compreendidos diferentemente por seus seguidores em épocas distintas. O Espírito se aperfeiçoa e com ele suas crenças e manifestações. Ocupemo-nos com nossa "visão" da verdade, procurando vivencia-la o melhor que nos for possível, e deixemos os outros em paz com a sua. Estudemos, dialoguemos, saibamos aprender o que de melhor cada uma dessas visões diferentes de Deus nos traz, mas não nos esqueçamos que ainda somos limitados demais para julgar o modo de crer dos nossos irmãos. Atenciosamente, Carlos Iglesia * Tratado de La Unidad, Ibn Arabi, versão em espanhol de Roberto Pla, Editorial Sirio S.A. ______________________________________________________________________ COMENTÁRIO ---------- Estudos Espíritas, Eduardo Durande, Brasil ______________________________________________________________________ Caros amigos espíritas Venho recebendo o boletim à alguns meses e tenho me surpreendido com a profundidade dos assuntos tratados e ao mesmo tempo me pergunto o porquê desses mesmos assuntos não serem tratados com a mesma propriedade na maioria dos centros que conheço. Seria interessante levar esses temas ao público que só se interessa em receber passes ou pegar sua água fluidificada. Aproveitando a oportunidade vai aí uma questão sobre a qual gostaria que os amigos tecessem alguns comentários : - As diferentes religiões têm visões distintas sobre a vida após a morte. A pergunta é a seguinte : Poderia um fiel de uma determinada igreja, com a imensa força de sua fé conseguir materializar após o seu desencarne uma fantasia, uma visão que satisfizesse os dogmas da sua religião. Poderia ele destorcer a realidade criando um céu e um inferno. Um suposto Lúcifer, anjos. Poderia ele ficar inerte durante décadas acreditando estar totalmente morto e esperando a ressurreição? Obrigado por sua atenção. ______________________________________________________________________ COMENTÁRIO ---------- Considerações sobre o Perispírito, Marco Milani, Brasil ______________________________________________________________________ Visto tratar-se de assunto relevante, escrevo sobre a perpetuidade do perispírito, pois acredito que o comentário elaborado por Bernardo Drubich (Boletim GEAE 310) pode distorcer o seu entendimento. Encontra-se de maneira bastante clara e objetiva em "O Livro dos Médiuns" - item 55 - a colocação de que o Espírito, em qualquer de seus graus, sempre estará revestido de um invólucro ou perispírito, cuja natureza se eteriza à medida que ele se purifica. Assim, mesmo que o Espírito atinja a perfeição de que é suscetível e não necessite mais reencarnar, sempre possuirá o perispírito. Afirmar que o corpo espiritual caminha para a extinção colide conceitualmente com Kardec. Ora, se o perispírito é composto do elemento material (fluido universal), o Espírito Puro estará eternamente em contato com a matéria (sutil, mas é matéria). Como também foi citada no comentário anterior a "Teoria Corpuscular do Espírito", de H. Guimarães Andrade, aproveito para sugerir aos estudiosos deste tema a leitura da obra "A Pedra e o Joio" de J. Herculano Pires, que esclarecerá pontos fundamentais abordados nesta teoria. Muita Paz! Marco Milani ______________________________________________________________________ PAINEL ------ Ciclo de Estudos Espíritas-NEU-UERJ - Maracanã, Jaqueline Martins ______________________________________________________________________ PREZADO EDITOR Cabe-nos informar que o programa do NEU colocado no Boletim 309 possui um erro pois a programação é pertinente a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) situada no Maracanã e não no Fundão. Acreditamos que o erro se deveu ao fato dos dois núcleos espiritas universitários estarem com a mesma programação, embora em dias diferentes. Atenciosamente Jacqueline Martins, Secretaria do NEU-FUNDAO .--- .-- .--. .-- / -, /- /__/ /- `--' `-- / / `-- GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS .----------------------'''''--''--'''''''--'''''''''--'''''''''------. | . Boletim semanal em português (distribuição eletrônica) | | . Boletim mensal em inglês (distribuição eletrônica) | | . 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