# B o l e t i m ############################################# .--- .-- .--. .-- GRUPO DE ESTUDOS AVANCADOS ESPIRITAS / __ /_ /__/ /_ _____________________________________________ / / / / / / `---' `--/ / `-- 07 (199) 96 30 Julho 96 ################################################################### *************************************************************** ATENCAO ATENCAO ATENCAO ATENCAO ATENCAO ATENCAO ATENCAO ATENCAO Os enderecos do geaein vao mudar, utilize agora: e-mail: dgeae@kholosso.di.fct.unl.pt URL : http://zen.di.fct.unl.pt/~saf/geae.html Dentre em breve os enderecos antigos nao serao mais validos. ATENCAO ATENCAO ATENCAO ATENCAO ATENCAO ATENCAO ATENCAO ATENCAO *************************************************************** ************************INDICE************************ JESUS, O HOMEM (Parte I) COMENTARIOS DA ORG. PROJ. ENTREVISTA ELETRONICA: RAUL TEIXEIRA E' O PROXIMO ENTREVISTADO ****************************************************** Caros amigos do GEAE Encaminhamos aos membros do Conselho do Boletim do GEAE para necessario exame e a titulo de colaboracao, parte de um estudo sobre Jesus. Nosso objetivo e=92 conhecer melhor Jesus para compreendermos mais profundamente seus ensinamentos. Sabemos que algumas polemicas poderao ser levantadas, mas pretendemos enfrenta-las com equilibrio e sob a luz da Doutrina Espirita. Posteriormente vamos comentar sobre a origem do Cristianismo e da Biblia desde a Vetus Latina ate=92 a versao Sixto Clmentina. Nao consideramos o movimento cristao primitivo como constituindo um bloco monolitico de crencas e ritos e administrado por uma incontestavel instituicao. Entendemos o Cristianismo de hoje como originario de uma fusao de diversas crencas tendo o Judaismo e o Mitraismo como pano de fundo, fragmentado, contraditorio, tendo uma parte sob o jugo de um poder centralizador. Vemos um enorme abismo entre Jesus de Nazare e Jesus Cristo: preferimos Jesus de Nazare, este sim o anjo sideral. Mas isto nao deve ser motivo de espanto, pois continuaremos (ate=92 que os espiritas possam compreender a diferenca entre um e outro) nos referindo como Cristo ao Jesus de Nazare, Governador Espiritual do Planeta Terra. Herminio Miranda afirma que "Foi consideravel o atrito entre as diversas correntes que disputavam a hegemonia do movimento cristao, como ainda hoje se pode observar dos veementes textos sobreviventes, de autoria de herisiologos de entao, na defesa do que entendiam como principios inegociaveis da unica e verdadeira fe=92. O resultado de tais contendas ideologicas e=92 que parece redobrar quando o debate combina as duas situacoes(...)". Nao podemos fugir do debate: a contenda intelectual ativa e equlibrada entre estudiosos serios e=92 imprescindivel para evitarmos que irreparaveis equivocos sejam publicados em nome da Doutrina Espirita. Nao podemos nos situar como donos da verdade: nao queremos hegemonia. Albino Antonio Castro de Novaes --------------------------------------------------------------- JESUS, O HOMEM (parte I) Por Albino A. C. Novaes Consideracoes Gerais - Historiadores (Nao Espiritas) Os pseudo-epigrafos do Velho Testamento, os Manuscritos do Mar Morto, os Codices Nag-Hammadi, um manuscrito arabe que contem uma versao do testemunho do historiador judeu Josefo sobre Jesus, as escavacoes arqueologicas na Palestina, especialmente em Cafarnaum e Jerusalem, levam-nos a especular sobre um Jesus historico que supera o Jesus Mitico em sabedoria, espiritualidade e divindade. "(...) agora ja=92 nao podemos conhecer qualquer coisa sobre a vida e a personalidade de Jesus, uma vez que as primitivas fontes cristas nao demonstram interesse por qualquer das duas coisas, sendo alem disso, fragmentarias e muitas vezes lendarias; e nao existem outras fontes sobre Jesus" Assim se expressou RUDOLF BULTMANN, consagrado professor da Universidade de Marburg. Mas, em nossos dias, a opiniao que predomina e=92 que podemos conhecer muito bem o que Jesus queria fazer, podemos saber muito sobre o que ele disse. R.BUTMAN, na primeira pagina da sua THEOLOGY OF NEW TESTAMENTO, fez uma afirmacao ao mesmo tempo audaz e sucinta: "A mensagem de Jesus e=92 antes um pressuposto para a Teologia do Novo Testamento do que uma parte dessa Teologia (...). Assim, o pensamento teologico- a Teologia do Novo Testamento- tem inicio com o QUERIGMA da igreja primitiva, e nao antes". Esclarecemos que o termo QUERIGMA e=92 o mesmo que mensagem, proclamacao, pregacao. Mais tarde este termo passou a designar a pregacao da Cristandade Primitiva a respeito de Jesus. Num esboco da Teologia do Novo Testamento, ainda nao encontramos elementos que permitam omitir de seu contexto a Mensagem de Jesus. Nao podemos reduzir a vida e o pensamento de Jesus, a um contexto estritamente historico. Os sonhos, as ideias, os simbolos e os termos de seus primeiros seguidores foram certamente herdados por Jesus de um modo direto. Vemos tais sonhos, ideias, simbolos e termos profundamente entranhados no mundo e no pensamento do Judaismo Antigo. Vejamos a seguir a abordagem de BULTMANN logo ao inicio da Teologia do Novo Testamento: "E=92 de importancia primordial para a tradicao do Evangelho a integracao do ministerio terreno de Jesus e do querigma, para que o primeiro se torne a base que sustenta o segundo. Essa "rememoracao" de Jesus permanece sendo, especialmente nos grandes Evangelhos, a intencao primaria (...). Se desejarmos representar a Teologia do Novo Testamento de acordo com sua estrutura intrinseca, temos entao de comecar com a questao do Jesus terreno". Os documentos do Novo Testamento, bem como suas Teologias e suas tendencias nao podem ser representadas sem considerarmos a vida singular de Jesus, um simbolo de autoridade, mais do que isto, um paradigma para escritores do Novo Testamento. O Novo Testamento e toda a Teologia Crista se desenvolveu da crise e da consequente tensao gerada no confronto entre tradicao e adicao, entre historia relembrada e fe=92 articulada. Nao temos medo em afirmar, ser a Teologia tradicional, firmada em bases dogmaticas e numa fe=92 articulada para atender a interesses de grupos sectarios. Duzentos anos de pesquisa nao foram suficientes para se produzir um Jesus historico. Ao nosso ver uma biografia de Jesus e=92 e sera=92 sempre impossivel. As informacoes que nos tem chegado a respeito de Jesus sao escassas, algumas sao truncadas e os proprios evangelistas nao se interessaram muito em Jesus como uma pessoa do passado ou como um homem do mundo. Entre os Espiritas h=E1 os que nao se interessam pela pesquisa do Jesus homem, do Jesus inserido no contexto do mundo, ou ainda, do Jesus historico. Afirmam que seus ensinamentos devem ser o unico alvo. Concordamos que a mensagem de Jesus deva ser tratada prioritariamente, mas se conhecermos uma pouco mais sobre o Mestre Nazareno, certamente seus ensinamentos serao melhor compreendidos. Retornemos aos Historiadores. Certos aspectos especificos da vida de Jesus eram essenciais para a vida e o pensamento quotidiano de seus primeiros apostolos: conhecer Jesus era o primeiro passo para conhecer sua filosofia, seu posicionamento diante dos fatos sociais, politicos e religiosos da epoca. A vida levada por Jesus somada a antigas tradicoes formativas fez com que seus seguidores aprendessem a pensar, ensinar e ate=92 suportar sofrimentos, ate=92 mesmo o martirio. No primeiro seculo reinava entre cristaos e judeus a crenca de que o presente estava impregnado de futuras expectativas. As tradicoes sobre Jesus nos Evangelhos resultam de pregacoes, ensinamentos e polemicas conflitantes com os judeus. Como foram escritos os Evangelhos? Marcos, em algum instante por volta de 70 de nossa era, compos o primeiro Evangelho, recorrendo a um complexo de tradicoes que refletia nao apenas o que vinha ocorrendo desde a crucificacao de Jesus no ano 30 d.C., mas tambem as acoes lembradas e as palavras de Jesus anteriores ao ano 30. Mateus e Lucas dependeram de Marcos, nao do moderno e ecletico texto grego de Marcos. Joao possivelmente, tambem conheceu Marcos e dele herdou a criacao literaria ou seja o genero "evangelho". Todos os evangelistas herdaram tradicoes, algumas das quais so=92 pertenciam a um deles. Cada evangelista escreveu a partir de uma perspectiva sociologica e teologica distinta. Mas podemos formular algumas outras perguntas para completar a primeira: Que fontes estavam a disposicao de Marcos e dos outros evangelista? Ate=92 onde eram autenticas? Como se pode confiavelmente distinguir entre o verdadeiro e o falso? O que e=92 digno de confianca e o que e=92 fabricado? Como foram significativamente moldadas as tradicoes dos evangelistas pelo processo de transmissao? Sera=92 que alguem durante a vida de Jesus deixou por escrito alguma coisa sobre o que ele ensinara? Infelizmente estas e outras pergunta similares continuam sem respostas conclusivas. Mas isto nao deve desanimar os historiadores. Nao devemos desavisadamente ignorar a mais simples das questoes: como poderemos explicar o aparecimento de um evangelho? O que o precedeu? Como foi possivel para Marcos fazer o que fez, se tudo o que o precedeu foram querigmas ou proclamacoes desprovidas de qualquer interesse ou conteudo historicos? O fato e=92 que, desde as primeiras decadas do movimento associado a Jesus, houve algum interesse historico no homem Jesus de Nazare: isto o prova a mera existencia dos Evangelhos- que incluem a celebracao da vida e dos ensinamentos de Jesus anterior a Pascoa. Os Evangelhos contam a historia dos feitos e dos ensinamentos de um homem. Nao apenas Lucas (1:1-4) e Joao (21:25), mas tambem Marcos e Mateus indicam que o interesse no Jesus que precedeu a Pascoa lhe eram anterior. Marcos da=92 enfase a afirmacao, herdada de Jesus, de que esta=92 agora comecando o ato final no drama dinamico em que Deus se move para uma humanidade imoral. Mateus luta para provar que todas as profecias concebiveis foram cumpridas por Jesus: Lucas tende a fazer a historia universal trifurcar em tres periodos: o templo de Israel, o meio do tempo ou o tempo de Jesus, e o tempo da igreja. Ele tambem abranda a tendencia de Marcos para dar enfase ao presente como o fim do tempo e da historia e sua afirmacao escatologica injusta de que Jesus regressara=92 triunfantemente a qualquer momento. Considerando a tradicao do Evangelho e sua transmissao, observamos que: 1- Os Evangelhos procedem de uma geracao ulterior a de Jesus; mas, embora os evangelistas nao fossem testemunhas oculares, eles foram informados por testemunhas oculares. A tradicao oral nem sempre desmerece a fe=92. 2- Os Evangelhos e outros documentos do Novo Testamento refletem as necessidades da igreja (...) e a dedicacao a tradicao historica nao implica ou exige perfeicao em transmitir. 3- Os Evangelhos contem elementos legendarios ou miticos, tais como Jesus caminhando sobre as aguas; mas seguramente os Evangelhos sao categoricamente diferentes das lendas e mitos bem conhecidos (...). Embora se deva admitir a presenca de lendas e mitos nao historicos e nao verificaveis nos Evangelhos, a historia fundamental sobre Jesus decorre de tradicoes autenticas muita antigas. 4- Mateus claramente amplia e muitas vezes transforma em alegoria Marcos e Q, uma fonte perdida somente conhecida porque Mateus e Lucas herdaram porcoes dela (...). 5- Na busca de material autentico referente a Jesus temos de reconhecer (...) que palavras que nao sao autenticas de Jesus podem corretamente conservar a real intencao de Jesus (...). 6- Mateus e Lucas trabalhando a partir de Marcos e Q alteraram os ditos de Jesus e, enquanto Marcos deve ter exercido a mesma liberdade exegetica, e=92 obvio, comparando Marcos com Q e os ditos de Jesus encontrados apenas em Mateus com os que figuram apenas em Lucas, que muitos dos ditos de Jesus remontam muito antes de 70. E=92 simplesmente inveridico que os ditos de Jesus foram criados pelos primeiros cristaos ou inventados pelos evangelistas. (Creio que o mesmo pensamento se aplica aos ditos de Jesus reunidos por evangelistas nao canonicos e que muitos foram distorcidos, acrescentados ou modificados). 7- A Epistola aos Romanos 1:3-4 e outras tradicoes podem tender a indicar que os seguidores de Jesus so=92 comecaram a afirmar que ele era "o Cristo" depois que Jesus (voltou entre os mortos). Nao se sugere dessa percepcao que a cristologia s=F3 se iniciou depois da Pascoa ou que a cruz e o aparecimento de Jesus apos a crucificacao foram os unicos aspectos importantes da vida de Jesus. 8- Os Evangelhos sao confessionarios pos-Pascoa. Esclarecemos que aqueles que buscam ver as tradicoes autenticas de Jesus no Novo Testamento nao estao empenhados numa operacao de salvacao. A pesquisa sobre Jesus esta=92 desvinculada (totalmente) da procura de um fundamento razoavel para a fe=92 e da necessidade de retratar o heroi divino a ser imitado. 9- Ha=92 um retrato comum de Jesus em Mateus, Marcos e Lucas. Este retrato expoe Jesus como pessoa distintamente reconhecivel na Palestina do primeiro seculo. COMENTARIOS DOS ESPIRITAS J. Herculano Pires (I) (Hoje constatamos) "um abismo entre o Cristo e o Cristianismo, tao grande quanto o abismo existente entre Jesus de Nazare e Jesus Cristo nascido (...) na cidade do Rei Davi em Belem da Judeia, segundo o mito hebraico do Messias. Por isso a Civilizacao Crista, nascida em sangue e em sangue alimentada, nao possui o Espirito de Jesus, mas o corpo mitologico do Cristo, morto e exangue. Por isso o Padre Alta estabeleceu em Paris, a diferenca entre o Cristianismo do Cristo e o dos seus vigarios. Nao podemos condenar o processo historico que brotou, rude e impulsivo, das condicoes humanas de civilizacoes agrarias e pastoris, mas nao e=92 justo que conservemos em nosso tempo de abertura para novas dimensoes da realidade humana a da realidade cosmica. =B7 Mahatma Gandi exclamou, ao ler os Evangelhos: "Como pode uma arvore como esta dar os frutos que conhecemos?" =B7 Kalil Gibran Kalil, viu Jesus de Nazare encontrar-se com o Jesus dos Cristaos numa colina do Libano, onde conversaram, e Jesus de Nazare retira-se murmurando: "Nao podemos nos entender!". =B7 Melanchton assustou-se com a depuracao da Reforma e perguntou a Lutero "Se tiras tudo dos Cristaos, o que lhes pretende dar?". Lutero respondeu: "Cristo!". As atuais Teologias da Morte de Deus, nascidas da Loucura de Nietsche, provou a razao de Lutero. A Nova Teologia do Padre Teilhard de Chardian oferece-nos os rumos da renovacao. E o Papa Joao XXIII, um camponez que voltou ao campo, tentou limpar a Seara. E=92 o tempo de compreendermos que Jesus de Nazare nao voltou das nuvens de Betania, mas em Espirito e Verdade, para conduzir-nos a toda Verdade Prometida". (II) "Na Galileia dos gentios, sob o dominio romano de Israel, as esperancas judaicas do Messias cumpriram de maneira estranha e decepcionante. Nasceu o menino Jesus em Nazare, na extrema pobreza da casa de um carpinteiro, proximo a Decapolis impura, as dez cidades gregas que maculavam a pureza sagrada da terra que Jave=92 cedera ao seu povo. Era penoso para os judeus aceitarem esse designio do Senhor, que mais uma vez lhe impunha terrivel humilhacao. Jose=92 o carpinteiro casara-se com uma jovem de familia pobre e obscura, com pretensas ligacoes com a linhagem de Davi. Jesus devia nascer em Belem de Juda=92, a Cidade do Rei cantor, poeta e aventureiro. E devia chamar-se Emmanuel segundo as profecias. Jave=92 certamente castigava os judeus pela infidelidade do seu povo, que deixara a aguia romana pensar no Monte Siao. Toda a heroica tradicao de Israel se afogava na traicao a alinhanca divina da raca pura, do povo eleito, com o poder impuro de Cesar. A decepcao dos judeus aumentava ante a desairosa situacao social de Jose=92, velho e alquebrado artesao, casado com uma jovem que ja=92 lhe dera varios filhos. Jesus nao gozava sequer das prerrogativas de primogenito (alem de forjarem a condicao de primogenito tambem forjaram a virgindade de Maria, do contrario as profecias nao teriam se cumprido). Herodes, o Grande, que se contentava no ajuste com os romanos, a dominar apenas a Galileia e alem disso construira o seu palacio sobre a temivel impureza das terras de um cemiterio, tremeu ante esse novo desafio aos brios da raca e condenou os que aceitavam esse nascimento impurio como sendo o do Messias de Israel. Era necessario, para sua propria seguranca, desfazer esse engano. O menino intruso devia ser sacrificado, e para isso bastava recorrer as alegorias biblicas e espalhar a lenda da matanca dos inocentes. Nos tempos mitologicos em que se encontravam era comum tomar-se a Nuvem por Juno. Mas o menino que nascera de maneira incomum, filho de familia pobre (e por isso suspeita), cresceu revelando inteligencia excepcional que provocava a admiracao do povo. Submetido a sabatina ritual dos rabinos do Templo de Jerusalem, para receber a bencao da virilidade, assombrara os doutores da Lei com seu conhecimento precoce. Mas esse brilho fugaz era insuficiente para lhe garantir a fama messianica. Logo mais ele se mostrava integrado na familia humilde a condicao inferior e aprendendo com o velho pai a profissao a que se dedicaria. Nao obstante para a prevencao de dificuldades futuras, as raposas herodianas incumbiram-se de propalar a lenda da violacao da honra conjugal de Maria pelo legionario Pantera. Com esse golpe decisivo, o perigo messianico ficava definitivamente anulado. Nao seria possivel que o povo aceitasse a qualificacao messianica para um bastardo. (...) Jesus crescia e se preparava na obscuridade, para o cumprimento de sua missao. Quando se sentiu integrado na cultura hebraica, senhor das escrituras e das tradicoes da raca, iniciou as suas atividades publicas. Sua propria familia entao se revoltou contra o perigoso atrevimento daquele jovem delirante. Sua mae e seus irmaos, como relatam os Evangelhos, tentaram faze-lo voltar para casa e a oficina rustica do pai. Foi entao que seu primo, Joao, o Batista, que ja=92 antecipara seu trabalho messianico, preparou-lhe as veredas da sua semeadura revolucionaria. Na propria Galileia Jesus encontrou os seus primeiros discipulos. Homens humildes, mas cheios de fe=92, de esperanca, dispuseram-se a segui-lo. (...) Suas atitudes clasras e energicas, seus principios racionais, desprovidos das supersticoes rituais da tradicao, assustavam e muitas vezes atendiam aquelas almas sedentas de luz e de prodigios messianicos. Sua popularidade cresceu rapidamente no seio de um povo que sofria como jugo romano, a infiltracao constante e irreprimivel dos costume pagaos nas classes dominantes, sob a complascencia covarde de um rabinato embriagado pelos interesses imediatistas. Renasceram entao antigas lendas a seu respeito. Os que o aceitavam, levados pelas aspiracoes messianicas, propalavam estorias absurdas sobre a sua infancia e adolescencia obscuras, com entusiasmo fanatico da ignorancia e do clima mitologico da epoca. Os que a ele se opunham, atrelados ao carro dos interesses romanos e dos seus aliados judeus, ressucitavam as lendas do seu nascimento vergonhoso e das suas relacoes secretas com Satanas e com ordens ocultistas e magicas, como a dos Essenios, geralmente temidas pelas atrocidades que praticavam em seus redutos indevassaveis. A figura humana de Jesus de Nazare, o jovem reformador do judaismo, que pregava o amor e a fraternidade entre os homens, ia rapidamente se transfigurando num mito contraditorio, ora de semblante celeste e atitudes amigas, ora de rosto irado e chicote em punho. Os discipulos procuravam enquadra-lo nas profecias biblicas certos de sua condicao messianica. A mentalidade mistica, profundamente diversa de mentalidade racional que ele encarnava, naquela fase de transicao historica e cultural, aceitava mais facilmente a profecia como realidade dos proprios fatos reais. O sentido de suas palavras e ate=92 mesmo as expressoes alegoricas, de que as vezes se servia, para se fazer mais compreensivel, eram entendidas de maneiras diversas, segundo a capacidade de compreensao de certos individuos ou grupos. Esse e=92 um processo de deformacao bastante comum nos tempos de ignorancia e que hoje se repete nos meios e regioes ainda nao atingidos pelo progresso. Os fenomenos de fanatismo religioso e misticismo popular, ainda em nossos dias, revelam a mecanica emocional dessas estranhas, e nao raro, barbaras metamorfosoes de interpretacao popular de ensinos racionais e de fatos comuns transformados em acontecimentos misteriosos. (...) na elaboracao tardia dos textos evangelicos, em tempos e lugares diferentes, com os dados fornecidos peloas LOGIAS (anotacoes de apostolos e discipulos) ou mesmo de informacoes orais, deturpadas pelo tempo, transfiguradas pelos sentimentos de veneracao que crescera atraves dos anos, os elementos miticos se infiltraram no relato, amoldando a realidade distante as condicoes mitologicas da epoca. REFERENCIAS: 1- CRISTIANISMO: a mensagem esquecida Herminio Miranda - Casa Editora O CLARIM. Primeira edicao - Novembro 1988 2- REVISAO DO CRISTIANISMO J. Herculano Pires Paideia - Segunda edicao - 1983 3- JESUS DENTRO DO JUDAISMO James H. Charlesworth IMAGO EDITORA LTDA - 1992 4- QUEM MATOU JESUS? John Dominic Crossan Imago- 1995 5- OS EVANGELHOS GNOSTICOS Elaine Pagels Editora Cultrix 6- O EVANGELHO DE TOME=92 Herminio Miranda Arte e Cultura-1991 7- HISTORIA DA FORMACAO DO NOVO TESTAMENTO Pinheiro Martins Edicoes - CELD - 1993 8- O JULGAMENTO DE JESUS, O NAZARENO Haim Cohn Imago Editora 9- CRISTANISMO E ESPIRITISMO Leon Denis FEB Continua no boletim 203 ######################################### C O M E N T A R I O S ######################################### DA ORG. PROJ. ENTREVISTA ELETRONICA:=20 RAUL TEIXEIRA E' O PROXIMO ENTREVISTADO Neste final de setembro encerra-se o periodo de coleta de=20 perguntas destinadas a Jacob de Melo e o proximo entrevistado do projeto entrevista eletronica e' RAUL TEIXEIRA. Raul Teixeira e' medium (com livros publicados)=20 e um notavel orador espirita. Para conhecer o seu trabalho,=20 consulte a sua biografia dentro da pagina WWW do GEAE. As perguntas estarao sendo recolhidas durante os meses de=20 Outubro e Novembro. Lembramos a todos que enviarem perguntas, dois itens=20 importantes: 1 - Enviem perguntas que sejem voltadas para o trabalho=20 realizado pelo entrevistado, de modo a nao so' esclarecer uma=20 duvida pessoal, mas tambem a beneficiar todos aqueles que lerem=20 o resultado da entrevista.=20 2 - Havera' uma selecao de perguntas por parte da organizacao,=20 visando selecionar as perguntas que realmente tem interesse=20 geral. Perguntas de teor pessoal nao serao enviadas ao=20 entrevistado. As perguntas podem ser enviadas atraves do seguinte e-mail: ent@kholosso.di.fct.unl.pt coloque no subject: Entrevista Eletronica: RAUL TEIXEIRA Na primeira linha da mensagem o e-mail para resposta, e logo a=20 seguir as perguntas. Se preferir pode enviar perguntas atraves da pagina WWW do GEAE. A Organizacao do=20 Projeto Entrevista Eletronica .--- .-- .--. .-- / -, /- /__/ /- `--' `--/ / `-- GRUPO DE ESTUDOS AVANCADOS ESPIRITAS G-------------------'''''--''--'''''''--'''''''''--'''''''''-------G E Envie seus dados para dgeae@kholosso.di.fct.unl.pt E A Nome: Endereco: Fone: A E E-mail: Profissao: E G ---------------------------------------------------------------- G E Envie seus comentarios diretamente para o GEAE. E A Editado por: Sergio Freitas, Raul Franzolin, Jose Cid e A E Carlos Iglesia Bernardo - E-mail : dgeae@kholosso.di.fct.unl.pt E G Pagina Espirita na WWW - http://zen.di.fct.unl.pt/~saf/geae.html G E Edicoes anteriores do Boletim, Instituicoes Espiritas em E A diversos paises, Livros e Revistas Espiritas e muito mais! A EgeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeaegeE