################################################################# GRUPO DE ESTUDOS AVANCADOS ESPIRITAS - GEAE 09(104)/94 04/10/94 ################################################################# VARIOS MODOS DE COMUNICACAO As comunicacoes inteligentes entre os Espiritos e os homens podem dar-se por sinais, pela escrita e pela palavra. Os sinais consistem no movimento significatico de certos objetos e, mais frequentemente, nos ruidos ou golpes vibrados. Quando esses fenomenos tem sentido, nao permitem duvidas quanto a intervencao de uma inteligencia oculta, por isso que, se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. Sob a influencia de certas pessoas, designadas pelo nome de mediuns e, algumas vezes espontaneamente, um objeto qualquer pode executar movimentos convencionados, vibrar um determinado numero de pancadas e assim dar respostas pelo sim e pelo nao. As pancadas podem ser ouvidas sem nenhum movimento aparente e sem causa ostensiva, quer na superficie, quer nos proprios tecidos dos corpos inertes, numa parede, numa pedra, num movel ou em qualquer outro objeto. De todos esses objetos por serem os mais comodos, dada a sua mobilidade e pela facilidade com que nos colocamos em sua volta, sao as mesas os mais frequentemente utilizados; dai a designacao geral do fenomeno pelas expressoes triviais de mesas falantes e de danca das mesas, expressoes que convem banir, primeiro pelo que tem de ridiculo, depois porque podem induzir um erro, levando a crer que, nesse particular, as mesas tenham qualquer influencia especial. Daremos a este modo de comunicacao o nome de sematologia espirita, expressao que da uma perfeita ideia e compreende todas variedades de comunicacoes por sinais, movimento de corpos ou pancadas. Um de nossos correspondentes propunha-nos se designasse especialmente este ultimo meio, do das pancadas, pelo vocabulo tiptologia. O segundo modo de comunicacao e a escrita. Designa-lo-emos pelo nome de psicografia, igulamente empregado por um correspondente. Para se comunicarem pela escrita, os espiritos empregam como intermediarios certas pessoas dotadas da faculdade de escrever sob a influencia da forca oculta que as dirige e que obedecem a um poder evidentemente estranho ao seu controle, pois nao podem parar nem prosseguir a vontade e, na maioria dos casos, nao tem consciencia do que escrevem. A mao e agitada por um movimento involuntario, quase febril; tomam o lapis malgrado seu e assim o largam; nem a vontade, nem o desejo podem fazer prosseguir, caso nao o devam fazer. Eis a psicografia direta. Tambem a escrita e obtida pela so imposicao das maos sobre um objeto colocado de modo conveniente e munido de um lapis ou qualquer outro instrumento para escrever. Os objetos mais geralmente empregados sao as pranchetas ou as cestas covenientemente preparadas. A forca oculta que age sobre a pessoa transmite-se ao objeto, o qual se torna, destarte, uma especie de apendice da mao e lhe imprime um movimento necessario para tracar os caracteres. Eis a psicografia indireta. As comunicacoes transmitidas pela psicografia sao mais ou menos extensas, conforme o grau da faculdade mediadora. Uns apenas obtem palavras; noutros a faculdade se desenvolve pelo exercicio e escrevem frases completas e, por vezes, dissertacoes desenvolvidas sobre assuntos propostos ou abordados espontanemente pelos Espiritos, sem que se lhes tenha feito qualquer pergunta. As vezes a escrita e clara e legivel outras, so e decifravel por quem a escreveu; este entao a le por uma espicie de intuicao ou dupla vista. Pela mao da mesma pessoa a escrita as vezes muda, em geral de maneira completa, com a inteligencia oculta que se manifesta; e o mesmo tipo de letra se reproduz sempre que se manifesta a mesma entidade. Isto, entretanto, nada tem de absoluto. Os Espiritos transmitem por vezes certas comunicacoes escritas sem intervencao direta. Neste caso os caracteres sao tracados espontaneamente por um poder extra-humano, visivel ou nao. Como e util que cada coisa tenha o seu nome, a fim de nos podermos entender, chamaremos a tal modo de comunicacao escrita, espiritografia, para distinguir da psicografia, ou escrita obtida por um medium. A diferenca desses dois vocabulos e facil de apreender. Na psicografia a alma do medium representa, necessariamente, um certo papel, pelo menos como intermediario, ao passo que na espiritografia e o Espirito que por si age diretamente. O terceiro modo de comunicacao e a palavra. Certas pessoas sofrem nos orgaos vocais a influencia de um poder oculto, semelhante ao que se faz sentir na mao dos que escrevem. Transmitem pela palavra tudo aquilo que os outros fazem pela escrita. Como as escritas, as comunicacoes verbais se dao por vezes sem a mediacao corporea. Palavras e frases podem soar aos nossos ouvidos e em nosso cerebro sem causa fisica aparente. Os Espiritos tambem nos podem aparecer em sonho ou no estado de vigilia e dirigi-nos a palavra, para nos darem avisos e instrucoes. Para seguir o mesmo sistema de nomenclatura adotado para as comunicacoes escritas, deveriamos chamar a palavra transmitida pelo medium de psicologia e a que provem diretamente do Espirito, espiritologia. Mas o vocabulo psiscologia ja tem uma acepcao conhecida e nao a podemos transformar. Chamaremos, pois, todas as comunicacoes verbais de espiritologia: as primeiras serao a espiritologia mediata e as ultimas a espiritologia direta. Dos varios meios de comunicacao e a sematologia o mais incompleto. E muito lento e so dificilmente se presta a desenvolvimentos de certa extensao. Os espiritos superiores nao o empregam de boa vontade, ja pela lentidao, ja porque as respostas sim ou nao sao incompletas e sujeitas a erros. Para o ensino preferem as mais rapidas: a escrita e a palavra. A escirta e a palavra sao, com efeito, meios mais completos para a transmissao do pensamento dos Espiritos, seja pela precisao das resposta, seja pela extensao so desenvolvimento que comportam. Tem a escrita a vantagem de deixar tracos materiais e de ser um dos meios mais adequados de combate a duvida. Alias, nao temos a liberdade de escolha: os Espiritos comunicam-se pelos meios que julgam adequado: e este depende das aptidoes. Transcrito pelo Jose Cid da Revista Espirita de 1858, traduzida por Julio Abreu Filho e publicada pela EDICEL. OS MEDIUNS JULGADOS Os antagonistas da doutrina espirita agarram-se solicitos a um artigo publicado pelo Scientific American de 11 de julho ultimo, sob o titulo "Les Mediuns juges". Varios jornais franceses o reproduziram como um argumento irretorquivel. Nos mesmos o reproduzimos, acompanhando-o de algumas observacoes que lhe mostram o valor. "Ha algum tempo, por intermedio do Boston Courier, havia sido feita uma oferta de 500 dolares a quem quer que, em presenca e conforme a vontade de um certo numero de professores da Universidade de Cambridge, reproduzisse alguns desses fenomenos misteriosos que os Espiritas dizem frequentemente serem produzidos por intermedio de agentes chamados mediuns. "O desafio foi aceito pelo Dr. Gardner e por varias pessoas que se gabavem de estar em comunicacao com os Espiritos. Os concorrentes reuniram-se no edificio Albion, em Boston, na ultima semana de junho, prontos para a prova de seu poder sobrenatural. Entre eles notavem-se as senhoritas Fox, que se haviam tornados celebres nesse genero. A comissao examinadora das pretensoes dos aspirantes ao premio era composta dos Professores Pierce, Agassiz, Gould e Horsford, de Cambridge, todos eles sabios de nomeada. Os ensaios espiritas duraram varios dias; jamais os mediuns tiveram tao bela oportunidade de evidenciar seu talento ou sua inspiracao; mas como os sacerdotes de Baal nos dias de Elias, em vao invocaram suas divindades, como se prova na seguinte passagem do relatorio da comissao: "A comissao declara que o Dr. Gardner, nao tendo conseguido apresentar um agente ou ``medium" que, da sala vizinha revelasse a palavra pedida aos Espiritos; que lesse a palavra inglesa escrita numa folha de papel, que fora dobrada e posta dentro de um livro; que respondesse a uma pergunta que so as inteligencias superiores podem saber; que fizesse soar o piano sem tocar, ou mover-se uma pequena mesa de um so pe sem o auxilio das maos; como se mostrou incapaz de dar a comissao o testemunho de um fenomeno que, mesmo com a mais elastica interpretacao e a maior boa vontade, pudesse ser considerado equivalente das provas pedidas; de um fenomeno para cuja producao fosse exigida a intervencao de um Espirito, supondo ou pelo menos, implicando tal intervencao; de um fenomeno ate aqui desconhecido pela Ciencia ou cuja causa nao fosse palpavel e imediatamente assinalada pela comissao, nao tem o direito de exigir do Courier de Boston o pagamento da soma oferecida de 500 dolares. A experiencia feita nos Estados Unidos em relacao aos mediuns lembra outra, feita na Franca ha cerca de dez anos, pro ou contra os sonambulos lucidos, isto e, magnetizados. a Academia das Ciencias recebeu a incumbencia de conferir um premio de 2.500 francos ao sensitivo megnetico que lesse com os olhos vendados. De boa vontade todos os sonambulos fizeram tais exercicios nos saloes ou nos palcos; liam em livros fechados, decifravam uma carta, sentando-se sobre ela ou pondo-a sobre o peito, fechada e bem dobrada; mas perante a Academia nao leram absolutamente nada e o premio nao foi conquistado por ninguem. Esta tentativa prova, mais uma vez, a absoluta ignorancia por parte dos nossos antagonistas, dos principios sobre os quais repousam os fenomenos das manifestacoes espiritos. Eles tem a ideia fixa de que tais fenomenos devem obedecer a vontade e ser produzidos com uma precisao mecanica. Esquecem completamente, ou antes, nao sabem que a causa de tais fenomenos e inteiramente moral e que as inteligencias que sao os agentes imediatos nao obedecem ao capricho de quem quer que seja - mediuns ou outras pessoas. Os Espiritos agem quando e perante quem lhes agrada; por vezes, quando menos se espera sua menifestacao e que esta ocorre com mais energia, e quando a solicitamos ela nao se verifica. Os Espiritos tem condicoes de ser para nos desconhecidas; o que esta fora da materia nao pode submeter-se ao cadinho da materia. Julga-los do nosso ponto de vista e enganar-se. Se acharem util manifestar-se por sinais particulares, fa-lo-ao; mas nunca a nossa vontade, nem para satisfazer a va curiosidade. alem disso, deve-se levar em conta uma causa muito conhecida, que afasta os Espiritos: sua antipatia por certas pessoas, principalmente pelas que querem submeter a prova sua perspicacia, fazendo perguntas sobre coisas conhecidas. Pensam que quando uma coisa existe, eles o devem saber; ora e precisamente porque uma coisa nos e conhecida ou que nos temos meios de veriricar que eles nao se dao ao trabalho de responder; tal suspeita os irrita e nada se obtem de satisfatorio; ela afasta sempre os Espiritos serios, que de boa vontade nao falam senao aos que se lhes dirigem com confianca e sem segunda intencao. Nao temos um exemplo diariamente entre nos? Homens superiores e que tem consciencia de seu valor nao gostam de responder a todas as perguntas ingenuas que visam submente-las a um exame de primeiras letras. Que diriam se lhes objetassemos: ``Mas se o senhor nao responde e porque nao sabe?" Voltar-nos-iam as costas: - e o que fazem os Espiritos. Se assim e , perguntar-se-a, qual o meio de os convencer? No proprio interesse da doutrina, nao devem os Espiritos desejar fazer proselitos? Responderemos que e muito orgulho julgar-se alguem indispensavel ao exito de uma causa. Ora, os Espiritos nao gostam dos orgulhosos. Convencem a quem querem; quanto aos que acreditam em sua importancia pessoal eles lhe provam o pouco caso que lhes fazem, nao lhes dando ouvidos. Alias e esta a sua respota as perguntas sobre o assunto: P - Pode-se pedir aos Espiritos provas materiais de sua existencia e de seu poder? R - Sem duvida podem provocar-se certas manifestacoes; mas nem todos estao aptos a isto e, muitas vezes, aquilo que se pede nao se alcanca; eles nao se dobram aos caprichos dos homens". P - Mas, quando alguem pede provas para se convencer, nao haveria conveniencia em ser atendido, pois que seria um adepto a mais? R - Os Espiritos nao fazem o que querem, mas o que lhes e permitido. Falando e respondendo as vossas perguntas, atestam a sua presenca: isto deve bastar a gente seria, que busca a verdade na palavra". Os escribas e fariseus disseram a Jesus: ``Mestre, gostariamos de ver-te fazer algum prodigio''. Jesus resondeu: ``Esta geracao ma e adultera pede um prodigio; mas nao lhe sera dado outro senao o prodigio do profeta Jonas"(Sao Mateus). Acrescentaremos ainda que e conhecer muito pouco a natureza e a causa das manifestacoes, pensar em excita-las por um premio qualquer. Os Espiritos desprezam a cupidez, tanto quanto o orgulho e o egoismo. Esta condicao unica pode ser para eles um motivo de nao se manifestarem. E preciso saber que se pode obter cem vezes mais de um medium desinteressado que daquele movido pelo engodo do lucro, e que um milhao nao o levaria a fazer o que nao deve. Se algo ha para admirar e o fato de encontrarem mediuns capazes de se submeter a uma prova que tinha por objetivo uma soma em dinheiro. Transcrito pelo Jose Cid da Revista Espirita de 1858, traduzida p Julio Abreu Filho e publicada pela EDICEL. POLEMICA ESPIRITA Perguntam-nos com frequencia por que nao respondemos, em nossa revista, aos ataques de certas folhas contra o Espiritismo em geral, contra seus partidarios e por vezes mesmo contra nos. Cremos que em certos casos e o silencio a melhor resposta. Ha um genero de polemica do qual tomamos por norma nos abstrairmos: a que pode degenerar em personalismo. Isto nao so nos repugna, como nos tomaria um tempo que nao podemos empregar inutilmente, alem de ser muito pouco interessante para os nossos leitores, que assinam a revista para sua instrucao e nao para ler diatribes mais ou menos espirituosas. Ora, uma vez neste caminho, dificil seria dele sair. Por isto preferimos nele nao entrar, com o que - assim nos parece - o Espiritismo so tera a ganhar em dignidade. Ate aqui so temos que aplaudir a nossa propria moderacao, da qual nao nos arredaremos; jamais daremos satisfacao aos amantes de escandalos. Entretanto, ha polemica e polemica. Ha uma ante a qual jamais recuaremos - e a disussao seria dos principios que professamos. Contudo, aqui tambem deve ser feita uma distincao. Se se trata apenas de ataques gerais, dirigidos contra a doutrina, sem um fim determinado, alem do de criticar, e se partem de pessoas que rejeitam sistematicamente tudo quanto nao compreendem, nao merecem a nossa atencao: o terreno diariamente ganho pelo espiritismo e resposta peremptoria e lhes deve provar que os sarcasmos nao tem produzido grande resultado; ainda ha a notar que o fogo rolante das pilherias de que eram vitimas os partidarios da doutrina vai se extinguindo pouco a pouco. E o caso de perguntar se ha motivos para rir de tantas pessoas eminentes, pelo fato de adotarem as ideias novas. Hoje alguns esbocam um sorriso apenas por habito, enquanto outros, absolutamente, nao riem mais e esperam. Notemos ainda que entre os criticos ha muita gente que fala sem conhecimento de causa, sem se ter dado ao trabalho de a aprefundar. Para lhes responder fora necessario, incessantemente, recomecar as mais elementares explicacoes e repetir aquilo que ja escrevemos, o que nos parece inutil. Ja o mesmo nao se da com os que estudaram e nem tudo compreenderam, com os que realmente querem esclarecer-se, que levantam objecoes de boa fe e com conhecimento de causa. Neste terreno aceitamos a controversia, sem nos gabarmos de resolver todas as dificuldades, o que seria demasiada pretensao. A Ciencia espirita esta em seu inicio e ainda nao nos revelou todos os seus segredos, por maiores que sejam as maravilhas ja desveladas. Qual a Ciencia que nao mais possui fatos misteriosos e inexplicados? Confessaremos, pois, sem nenhum acanhamento, a nossa insuficiencia sobre os pontos que ainda nao podemos explicar. Assim, longe de repelir as objecoes e as perguntas, nos as solicitamos, desde que nao sejam ociosas e nao nos facam inutilmente perder tempo com futilidades, pois que e esse um meio de nos esclarecermos. E isto o que chamamos polemica util, pois o sera sempre que ocorrer entre gente seria, que se respeita bastante para nao perder as conveniencias. Podemos pensar de modo diverso sem diminuirmos a estima reciproca. Afinal de contas, que buscamos todos nessa palpitante e fecunda questao do Espiritismo? A nos esclarecermos. Antes de mais nada buscarmos a luz, venha de onde vier. E se externarmos a nossa maneira de ver, nao se trata de uma opiniao pessoal, que tentamos impor aos outros: entregamo-la a disussao e estamos dispostos a renuncia-la, desde que nos demonstrem que nos achamos no erro. Esta polemica nos a sustentamos diariamente, em nossa Revista, atraves das respostas ou das refrutacoes coletivas, que publicamos a proposito deste ou daquele artigo; e aqueles que nos honram com suas cartas encontrarao sempre a resposta ao que nos perguntam, toda vez que nao nos e possivel responder em carta particular, o que nem sempre e materialmente possivel. Suas perguntas e objecoes constituem outros tantos assuntos de estudo, de que nos apreveitamos pessoalmente; e nos sentimos felizes por estender esse proveito aos leitores, a medida que se apresentam fatos em conexao com as mesmas. Tambem sentimos prazer em dar explicacoes verbais as pessoas que nos honram com a sua visita e nas conferencias marcadas por um cunho de entendimento, nas quais nos esclarecemos reciprocamente. Transcrito pelo Jose Cid da Revista Espirita de 1858, traduzida por Julio Abreu Filho e publicada pela EDICEL. __________________________________________________________________ ADESOES AO GEAE: Envie seus dados, tais como: Nome: Endereco: fone: E.mail: Profissao: COMENTARIOS: Envie seus comentarios diretamente para o GEAE. 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