################################################################# GRUPO DE ESTUDOS AVANCADOS ESPIRITAS - GEAE 05(84)/94 17/05/94 ################################################################# "A LEI SE FEZ NOSSO PEDAGOGO PARA NOS CONDUZIR ATE CRISTO". Uma frase de Paulo aos galatas define a evolucao religiosa do homem - Das religioes primitivas a "lei" dos judeus e ao Cristianismo. O estudo das religioes so pode ser realizado de maneira fecunda a luz dos principios espiritas. Se encararmos o fenomeno religioso do ponto de vista de qualquer das religioes hoje dominantes no mundo, seremos forcados a uma atitude parcial, que nao nos deixara chegar a uma conclusao objetiva. Se o encararmos do ponto de vista de qualquer das escolas filosoficas em voga, ou das antigas, ou se o tratarmos a luz da sociologia e da etnologia, ou mesmo da antropologia cultural, chegaremos a conclusoes destituidas de sentido espiritual. A religiao sera vista apenas no seu aspecto formal, objetivo. As escolas ocultistas, esotericas, penetram mais fundo no assunto. Nao obstante, apresentam concepcoes nem sempre admissiveis a luz da razao. Os estudos de religioes comparadas sao praticamente formais, e as filosofias espiritualistas, mesmo a de Bergson, que lanca maior quantidade de luz sobre o assunto, param no momento exato em que mais deviam avancar. O Espiritismo, combinando a razao e a intuicao, a observacao objetiva e subjetiva, os metodos de pesquisa e observacao da ciencia e os metodos proprios de indagacao espirita, abrange na sua concepcao todo o panorama do fenomeno religioso. Precisamente em virtude dessa capacidade de amplitude da visao espirita, muitos estudiosos da doutrina se recusam a admiti-la como uma manifestacao crista. Habituados a encarar o Cristianismo como uma simples forma de religiao, pensam que o qualificativo de cristao estabelece limites a interpretacao espirita do fenomeno religioso. Nao obstante, os que tem aprofundado o assunto sao unanimes, a partir de Kardec e Dennis, em reconhecer que a condicao crista e indispensavel ao Espiritismo, para que ele realmente seja a doutrina ampla que e. O Cristianismo, analisado "em espirito e verdade", noa e' uma forma estreita de crenca, mas uma forma ampla de compreensao. Na sua apreciacao do fenomeno religioso, o espiritismo comeca, desde Kardec, por admitir que o desenvolvimento religioso do homem atingiu, com o Cristianismo, um dos seus moemntos decisivos. Cristo nao foi apenas um marco entre dois mundos, mas tambem e sobretudo a expressao mais alta da evolucao espiritual do homem e o orientador do seu desenvolvimento futuro. Pouco importa que, no processo historico, o Cristianismo tenha sido submetido a injucoes temporais, e aparentemente perdido a sua forca transformadora. A propria historia nos mostra que ele nunca pode ser completamente submetido, e que, no momento previsto pelo proprio Cristo, conseguiu romper todas as amarras da tradicao e mostrar-se novamente na sua verdadeira natureza. A semelhanca do proprio Cristo, o Cristianismo ressuscitou, depois de haver descido ao sepulcro e as regioes infernais. O Espiritismo nos mostra a evolucao religiosa do homem como um lento processo, que vem do animismo e fetichismo primitivos ate as formas complexas de religioes da antiguidade, com sua multiplicidade de deuses e e formulas, suas hierarquias sacerdotais e seus sistemas aparatosos de cultos. Depois, num estagio mais adiantado, aparece a religiao monoteista dos judeus, embora ainda apegada a formulas pagas, inclusive no tocanta aos rituais sangrentos do sacrificio. Por fim, surge o Cristianismo, com seu espirito de liberdade, o que o apostolo Paulo exalta em suas epistolas. O Cristianismo e' a espiritualizacao da religiao. Liberta-a do culto formalista, da exterioridade, da organizacao social. Liberta-a da "lei", como ensina Paulo, advertindo aos galatas (23:24) que a unica funcao da lei foi a de pedagogo, para conduzir-nos a liberdade em Cristo. Como vemos, o Cristianismo surge no curso da evolucao religiosa, como um momento de enancipacao espiritual do homem. depois, submerge tambem no oceano de formulas sacramentais e sistemas dogmaticos a que a mente humana se habituara atraves das tempos. Mas, no meio de todas as exterioridades, conserva a sua forca interior, ate o momento anunciado pelo Cristo, segundo o Evangelho de Joao, em que teria de ser restabelecido. O Espiritismo aparece, entao, como a verdadeira Renascensa Crista, na expressao feliz de Emmanuel. Sua missao e complementar a obra do Cristo, libertando a religiao dos compromissos exteriores e instaurando na Terra aquele reinado do espirito de que Jesus falou a mulher samaritana. Jose Herculano Pires, no livro O Homem Novo, Edicoes Correio Fraterno, transcrito pelo Jose Cid, OS QUE TEM UMA FE RELIGIOSA NAO PRECISAM DO ESPIRITISMO Curiosa declaracao de Kardec - Finalidade da doutrina e combater a descrenca e nao a crenca - Citacoes erroneas de "O Livro dos Mediuns". Os que combatem o Espiritismo, em nome desta ou daquela religiao, costumam dizer que estao apenas procurando preservar os seus fieis da armadilha espirita. E porque assim dizem, esforcam-se para demonstrar que o Espiritismo e uma doutrina embusteira, feita para enganar os outros. A mesma coisa diziam do Cristianismo, nos tempos apostolicos e pos-apostolicos, os sacerdotes e magos das religioes politeistas, apegados aos seus formalismos sacrementais e aos seus templos repletos de imagens. Veja-se, por exemplo, a passagem de "Atos dos Apostolos" em que Paulo se ve a bracos com os fanaticos da deusa Diana, de Efeso. Encontramos viva descricao desse episodio em Atos, cap. 19. Um ourives de Efeso, chamado Demetrio, reune outros ourives e lhes adverte que a pregacao anti-idolatra de Paulo constitui perigo para a sua profissao. Acusa Paulo de desencaminhar as almas. Os versiculos 27 a 29 dizem textualmente o seguinte: "-Nao somente ha perigo de que esta nossa profissao caia em descredito, como tamvem que o templo da grande deusa Diana seja desconsiderado, e que venha mesmo a ser privada da sua grandeza aquela a quem toda a Asia e o mundo adoram". Ouvindo isto, se encheram de ria, e clamavam: "- Grande e a Diana des efesios! A cidade encheu-se de confusao, e todos correram ao teatro, arrebatando os macedonios, Gaio e Aristarco, companheiros de Paulo em viagem". Como vemos, em nome da deusa Diana, o ourives Demetrio conseguiu acusar de embusteiros os cristaos apostolicos, que pregavem tao somente a verdade evangelica, para libertarem as almas do dominio das religioes idolatras. Hoje, a mesma tecnica continua a ser usada contra o Espiritismo. Nao obstante, o Espiritismo nao procura iludir ninguem, nem pretende que os adeptos desta ou daquele religiao se tornem espiritas. Allan kardec deixou bem claro, em seu livro "O que e Espiritismo", que a finalidade da doutrina e combater o materialismo, a descrenca, e nao as diversas formas de espiritualismo existentes no mundo. La estao as suas palavras incisivas: "Os que tem uma fe religiosa, e estao satisfeitos com ela, nao precisam do Espiritismo". Logo mais, insistindo no assunto, Kardec diz que a doutrina nao veio para forcar conviccoes, mas tao somente para oferecer uma base racional de crenca espiritual aos que nao podem te-la, por nao aceitarem as formas existentes. Os adversarios do Espiritismo apegaram-se, ultimamente, a um trecho de "O Livro dos Mediuns", para mostrarem que a doutrina e embusteira. Nao esclarecem, porem, que esse trecho trata da acao dos Espiritos junto a pessoas necessitadas, que procuram sessoes espiritas. Chegam a atribuir a Kardec o que, na verdade, e apenas uma resposta dada pelos espiritos a ele. Kardec admirou-se de que os Espiritos elevados concerdassem, as vezes, com ideias erradas de pessoas que os consultavam. Os Espiritos entao lhe explicaram que "apropriavam sua linguagem as pessoas", pois do contrario nao conseguiriam esclarece-las. E acrescentaram que se um chines ou um maometano procurassem uma sessao espirita para se esclarecerem, ele, os Espiritos Superiores, incubidos por Deus de orientar as pessoas sequiosas de verdade espiritual, nao falariam a essas pessoas da mesma maneira que a um frances. Como se ve, questao de bom senso. Os proprios missionarios catolicos e protestantes, ao pregarem o Evangelho nos paises nao- cristaos, usam esse processo. Entre nos, sabemos que os jesuitas chegaram a usar a linguagem, as dancas, os cantos e as proprias lendas dos indigenas, para ensinar-lhes principios cristaos. O problema esta muito bem explicado no "Livro dos Mediuns", capitulo 7 da terceira parte do livro. Quem se der ao trabalho de consultar esse capitulo, vera que nao existe ali nenhuma especie de embuste. E nem podia existir, pois o livro em questao e feito para o povo, traduzido e vendido livremente por toda parte. Milhooes de exemplares ja foram publicados no Brasil. Bom tolos seriam os espiritas, se quisessem divulgar assim, amplamente, qualquer me'todo excuso de iludir os outros. Alem disso, os espiritas conscientes, realmente conhecedores da sua doutrina, nao se interessam por impo-la a ninguem. Se a pregam, se a ensinam, e simplesmente para cumprir o dever fraterno de transmitir a verdade. O que acontece e que a verdade espiritual vem interessando cada vez mais aos homens, desde o aparecimento do Espiritismo. A evolucao humana vai fazendo com que as criaturas superem as formas ingenuas de crenca da antiguidade, e procurem anciosamente principios mais positivos e mais claros. O Espiritismo e diariamente solicitado por pessoas que, embora possuindo esta ouaquela religiao, nao se mostram satisfeitas. A culpa nao e dele, nem dos espiritas, mas da evolucao. Os homens de hoje ja nao podem crer ingenuamente. Precisam de principios racionais, querem ter aquela fe, de que falava Kardec, que pode enfrentar a razao face a face. Isso tambem aconteceu com um brilhante doutor da lei, entre os fariseus, que se chamava Saulo. A principio, zeloso da sua fe, ele investiu ferozmente contra o Evangelho. Mas a pouco e pouco sua mente foi se esclarecendo, porque ele era sobretudo sincero, e entao aconteceu aquele glorioso episodio da estrada de Damasco. O proprio Cristo, servindo-se da mediunidade de Saulo, ensinou-lhe o que ele ainda nao pudera compreender. Desde entao, Saulo renunciou ao formalismo judaico, para aceitar o principio da adoracao a Deus em espirito e verdade, acima de todas as convencoes humanas da seita farisaica. Admiramos Saulo, justamente pela sua coragem de abandonar as prerrogativas do sacerdocio judaico, as vantagens sociais e politicas, a excelente posicao que a igreja judaica lhe assegurava, para tornar-se um reprobo, mas abracado a verdade. Compreendemos que Paulo nao existiria, se antes dele nao houvesse o doutor da lei que se chamava Saulo. Esse doutor estava errado, mas era sincero. Sua sinceridade o levou a compreensao da verdade. Assim, adotamos o nome de Saulo em nosso pseudonimo, como um tributo de homenagem a sinceridade daquele doutor da lei. Por outro lado, nao nos consideramos na posse do conhecimento evangelico e da grandeza espiritual de Paulo. Preferimos seguir a nossa estrada de Damasco, em vez de nos vangloriarmos de uma iluminacao que so o encontro com o Cristo pode proporcionar. Jose Herculano Pires, no livro O Homem Novo, Edicoes Correio Fraterno, transcrito pelo Jose Cid. ######################################### C O M E N T A R I O S ######################################### ATAQUES Alo, Ze'. 'Brigada, colega, pela inclusao e, principalmente, pela tua resposta. As vezes um toque e preciso. Ficamos tao imersos nessa nossa sobrevivencia que o entendimento fica embrutecido. Um abraco fraterno Minha oracao: Pai, olha por nos, teus irmaos. Dai-nos alento para prosseguir nesta jornada, superando solidaria e fraternalmente os obstaculos a que nos propusemos , para que possamos cada vez mais vibrar em sintonia unissona nos aproximando em tua imensa luz e bondade. Inte a Gil ------------------------------- Oi Gil. Eu achei que ja tinha incluido voce na lista, vou conferir mais tarde. Voce recebeu o ultimo boletim (numero 82)? Sobre os ataques que voce pergunta. Ser atacado e' uma questao muito complexa. O que cada um de nos considera ataque e' extremamente pessoal. Eu garanto que eu me sinto muito mais ofendido por certos eventos do que pessoas com evolucao espiritual maior que a minha. Quando mais se evoului, aumentando em consequencia o conhecimento sobre causa e efeito, se consegue entender melhor os diversos acontecimentos da vida, talvez ate evitando que determinadas situacoes desagradaveis venham a acontecer. A necessidade de perdoar vem do fato de nao entendermos o que aconteceu. O perdao deve ser um esquecimento, uma chance ao tempo para encontrar a resposta. Eu nao lembro de uma situacao que eu tenha me envolvido e resolvido "esquecer" que nao tenha sido explicada mais tarde, muitas vezes de forma inesperada. Quando se perdoa nao se perde a defesa, como voce fala, mas se reforca a protecao. O ensinamento que Cristo quis tranmitir, cedendo a outra face, e' que nao importa o "ataque" que estejamos sofrendo, eu sou mais forte, o suficiente para nao ser atingido pela ofensa. Essa atitude, de perdao, de relevar os erros alheios, e' dificilima, e nos precisamos praticar mais, para dessa forma deixarmos de precisar dela ... Um grande abraco, Jose Cid. __________________________________________________________________ ADESOES AO GEAE: Envie seus dados, tais como: Nome: Endereco: fone: E.mail: Profissao: COMENTARIOS: Envie seus comentarios diretamente para o GEAE. EDICOES ANTERIORES: Solicitacoes de edicoes anteriores do GEAE podem ser feitas para Jose Cid. ############################################## GRUPO DE ESTUDOS AVANCADOS ESPIRITAS - GEAE E. mail: Jose Cid: jac14@po.cwru.edu ##############################################