Ano 15 Número 528 2007



30 de Julho de 2007
 

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, 
face a face,
em todas as épocas da humanidade"

Allan Kardec



 ° EDITORIAL

A Doutrina do Túmulo Vazio


       


 ° ARTIGOS

Desastres e Resgates Coletivos

 


 ° HISTÓRIA & PESQUISA

Cronologia Espírita


          Referências Bibliográficas
   

 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS

Estudando o Livro dos Espíritos
   

 ° PAINEL

O Espiritismo nos Estados Unidos
WEB Rádio Espírita Campinas (WREC)

Reencontre sua Força Espiritual



 ° EDITORIAL

A Doutrina do Túmulo Vazio

Amigos,

A Doutrina Espírita traz como base fundamental a existência do espírito e a possibilidade de comunicação entre o mundo espiritual e o mundo material. Através dessa comunicação, colocamos-nos em contato com os entes queridos que já partiram deste mundo e constatamos que continuam vivos, com atividades correspondentes a sua situação espiritual e que todos os laços de amor permanecem estabelecidos. A morte é apenas uma transição de estado, em que deixamos o invólucro carnal e prosseguimos a existir em um estado diferente do ser.

Nós, espíritas, dizemos que a morte não existe e que no túmulo apenas jaz uma "vestimenta" que foi usada pelo espírito como instrumento de aprendizado e evolução. Preferimos usar a palavra desencarnação, em vez de morte, justamente para descartar a idéia da aniquilação do ser.

O Espiritismo, como o Cristianismo primitivo, é uma doutrina do túmulo vazio. No túmulo não está o indivíduo eterno que sobrevive a morte e segue seu caminho evolutivo.  Para os espíritas o cemitério, apesar de respeitável, não tem o mesmo significado que para outras religiões. Honramos a memória de nossos entes queridos, elevando nossos pensamentos de afeto a eles, sabendo-os amparados pela misericórdia divina e pelos bons espíritos. Não os procuramos nos túmulos, muito menos nos desesperamos diante deles, como se lá estivessem enterradas todas as
esperanças de reencontro.

Por causa disso, por saber que a morte não existe e que nos túmulos guardamos apenas as vestes carnais de nossos entes queridos, também vemos a passagem para o outro mundo de forma diferente. Encaramos as mortes naturais ou acidentais como parte do programa de trabalho e estudo que trazemos ao reencarnar neste mundo.

Como conseqüência encaramos também de forma diferente as grandes tragédias que afligem a humanidade e que levam a desencarnações coletivas. O artigo de Kátia Penteado publicado nesta edição trata justamente disso. Analisa a forma pela qual a Doutrina Espírita vê os desastres e resgates coletivos. Muito relacionado à essa questão está o trecho do "Livro dos Espíritos" abordado no estudo do Christiano Torchi desta edição. A melhor definição para matéria, na conceituação espírita, é de que ela é o instrumento que o Espírito se serve e sobre o qual exerce sua ação.

Não há como não sofrer com a perda de entes queridos, mas é muito diferente e menor o sofrimento quando se compreende que essa perda é apenas temporária e o afastamento não é absoluto.

Que a Paz de Deus esteja com todos,
 Os Editores

Índice

 ° ARTIGOS

Desastres e Resgates Coletivos

Sinal dos Tempos ou de Futuro Promissor?

Kátia Penteado

Quando olhamos para o mundo à nossa volta, parece-nos que se multiplicam as catástrofes, os desastres, os cataclismos.  Em um momento como esse, em que todas as atenções estão voltadas para o acidente com o Airbus da TAM, que saiu de Porto Alegre-RS (vôo JJ 3054 ) e se chocou contra o prédio da própria empresa aérea, em frente ao aeroporto de Congonhas, quando tentava aterrissar, provocando a morte de mais de 160 pessoas, entre passageiros, tripulantes e funcionários da companhia aérea que trabalhavam no prédio atingido, a atenção fica mais desperta e os questionamentos são vários e envolvem até a Justiça (ou para alguns, a injustiça) Divina.
 
O Espiritismo, enquanto doutrina libertadora, progressista e evolutiva, por isso mesmo considerada consoladora, objetiva auxiliar-nos a entender o porquê dos acontecimentos de nosso dia-a-dia, inclusive dos mais trágicos.  Assim, via entendimento da Lei Natural e da Justiça Divina, obtêm-se a conseqüente aplicação desses princípios no cotidiano, favorecendo sua vivência, promovendo a coerência entre o crer e o agir.
 
Frente à situações como essa, vivenciada no dia 17 de julho de 2007, alguns questionamentos são usuais, como, por exemplo:  Por que acontece esse tipo de coisa?  Qual a finalidade desses acidentes que causam a morte conjunta de várias pessoas?  Como a Justiça Divina pode ser percebida nessas situações?  Por que algumas pessoas escapam?
 
Naturalmente, as respostas exigem reflexão aprofundada, com base em princípios fundamentais do Espiritismo como a multiplicidade das encarnações e a anterioridade do Espírito.  Esses pontos somam-se ao fato de que nós, enquanto Espíritos em processo evolutivo, temos um passado de descumprimento da Lei Divina, que precisa ter seu rumo corrigido não apenas para equacionar nossos problemas de consciência, mas também para nos harmonizar com nossos semelhantes, afetados pelas nossas ações de desvirtuamento da Lei.
 
Ao entendermos o que a Doutrina Espírita tem a dizer sobre o assunto, começamos a perceber a profundidade da reflexão, que deve ser adotada por cada um de nós em nosso dia-a-dia, e o papel a ser assumido de observadores da Sociedade, em substituição à postura usual de críticos e questionadores. 
 
Começamos, assim, a conhecer o caminho para aplicação dinâmica e prática em nosso dia-a-dia da Doutrina que abraçamos, pela análise do mundo e sua transformação, percebendo a profundidade de conceitos como fatalidade, resgate coletivo, regeneração do planeta, além de favorecer o entendimento de ensinamentos de Jesus relacionados àquilo que alguns chamam de sinais dos tempos.
 
Fatalidade como causa?

Fatalidade, destino, azar são palavras sempre lembradas em situações como essa.  Mas que conceitos estão por trás dessas palavras?  Em “O Livro dos Espíritos”, as questões de 851 a 867 tratam de fatalidade, e, entre outras informações, destaca-se o fato de que “a fatalidade só existe no tocante à escolha feita pelo Espírito, ao se encarnar, de sofrer esta ou aquela prova; ao escolhê-la ele traça para si mesmo uma espécie de destino, que é a própria conseqüência da posição em que se encontra”. (LE 851) 
 
Mais à frente (LE 853), está dito que “fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte.  Chegado esse momento, de uma forma ou de outra, a ele não podeis furtar-vos”.  A questão seguinte (LE 853a) melhor explica esse ponto, frisando que, quando é chegado o momento de retorno para o Plano Espiritual, nada “te  livrará” e freqüentemente o Espírito também sabe o gênero de morte por que partirá daqui, “pois isso lhe foi revelado quando fez a escolha desta ou daquela existência”.  Não esquecer jamais que “somente os acontecimentos importantes e capazes de influir na tua evolução moral são previstos por Deus, porque são úteis à tua purificação e à tua instrução” (LE 859a).
 
Como vemos, a fatalidade só existe como algo temporário frente à nossa condição de imortais com a finalidade de realinhamento de rumo.  No entanto, essa situação não é engessada.  Graças à Lei de Ação e Reação e ao Livre-Arbítrio, o homem pode evitar acontecimentos que deveriam realizar-se, como também permitir outros que não estavam previstos (LE 860). 
 
Fatalidade, destino, azar são palavras que não combinam com a Doutrina Espírita, da mesma forma que a sorte daqueles que escapam desse tipo de situação – e em acidentes como esse do dia 17 de julho de 2007, sempre há os relatos daqueles que desejavam pegar o avião e não conseguiram; daqueles que estavam à porta do prédio atingido pela aeronave e não sofreram nada além do susto; e tantos outros.
 
Então, para a Doutrina Espírita, como se explicam casos como esse?  A resposta está no resgate coletivo, conceito que envolve a correção de rumo de um grupo de Espíritos que em alguma outra encarnação cometeu atos semelhantes – e muitas vezes em conjunto – de descumprimento da Lei Divina e que, portanto, para individualmente terem a consciência tranqüilizada, precisam sanar o débito.  Toda a problemática, nesse caso, está no trabalho dos mentores na reunião desses Espíritos de modo que, juntos, possam se reajustar frente à Lei Divina.
 
Impulsionar o progresso: a meta

O resgate de nossas ações contrárias à Lei Divina, ao Bem e ao Amor pode ocorrer de várias formas, inclusive coletivamente.  O objetivo, segundo LE 737, é “fazê-lo avançar mais depressa” e as calamidades “são freqüentemente necessárias para fazerem com que as coisas cheguem mais prontamente a uma ordem melhor, realizando-se em alguns anos o que necessitaria de muitos séculos”.  Além disso, “são provas que proporcionam ao homem a ocasião de exercitar a inteligência, de mostrar sua paciência e sua resignação ante a vontade de Deus, ao mesmo tempo em que lhe permitem desenvolver os sentimentos de abnegação, de desinteresse próprio e de amor ao próximo”.  (LE 740)
 
E assim, entendemos o sentimento de solidariedade que essas calamidades despertam, auxiliando todos a desenvolver o amor.  O importante para os mais diretamente envolvidos, para que tenham o progresso devido, como está dito em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo 14, item 9, é “não falir pela murmuração”, pois “as grandes provas são quase sempre um indício de um fim de sofrimento e de aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus”.
 
Nessa frase selecionada no ESE está uma informação de cabal importância: indício de aperfeiçoamento do espírito.  E qual seria o objetivo prático de tudo isso e como esses fatos atuam em nosso progresso, com que finalidade?
 
A resposta está na Lei do Progresso, que determina ao homem o progresso incessante, sem retrocesso, no campo intelectual e moral; cada um há seu tempo, seguindo seu ritmo próprio, sendo que “se um povo não avança bastante rápido, Deus lhe provoca, de tempo em tempos, um abalo físico ou moral que o transforma” (LE 783). 
 
Como vemos, o progresso se faz, sempre e quando estamos atravancando-o, Deus, em sua infinita bondade e justiça, lança mão de instrumentos que nos impulsionem à frente.  O objetivo é nos levar a cumprir a escala evolutiva, saindo de nossa condição de Espíritos imperfeitos moralmente para a de espíritos regenerados, até atingirmos a condição de Espíritos puros.
 
Essa transposição de imperfeito moralmente para regenerado marca a atual fase de transição que vivenciamos, plena de flagelos destruidores, de calamidades, de acidentes com grande número de mortos. 
 
Nos evangelhos segundo Mateus, Marcos e João, há várias referências aos sinais precursores de uma transformação no estado moral do Planeta, caracterizada pelo anúncio de calamidades diversas que atingirão a humanidade e dizimarão grande número de pessoas, para que, na seqüência, ocorra o reinado do bem, sejam instituídas a paz e a fraternidade universal, confirmando a predição de que, após os dias de aflição, virão os dias de alegria. 
 
O que é anunciado nessas passagens evangélicas não é o fim do mundo de forma absoluta e real, mas o fim deste mundo que conhecemos, em que o mal aparentemente se sobrepõem ao bem, e, como afirma Allan Kardec em “A Gênese”, capítulo 17, item 58, “o fim do velho mundo, do mundo governado pela incredulidade, pela cupidez e por todas as más paixões a que o Cristo alude”.
 
Para que esse novo mundo se instale (GE capítulo 18), é fundamental que a população seja preparada para habitá-lo.  Para tanto, teremos, todos nós, de equacionar alguns problemas de nosso passado, construindo nosso progresso moral.  Não há transformação sem crise, catástrofes e cataclismos são crises que  agitam a humanidade, despertando-a para a solidariedade, a fraternidade, o bem. 
 
Temos, então, de ver a humanidade como “um ser coletivo no qual se operam as mesmas revoluções morais que em cada ser individual” (GE, capítulo 18 item 12).
 
Nesse contexto, a fraternidade será a pedra angular da nova ordem social, com o progresso moral, secundado pelo progresso da inteligência assegurando a felicidade dos homens sobre a Terra.
 
Para que possamos habitar esse novo mundo, não temos de nos renovar integralmente.  Segundo Kardec (GE capítulo 18 item 33), “basta uma modificação nas disposições morais” e, para isso, temos de equacionar débitos do passado e de nos conscientizarmos de nossa condição de espíritos imortais perfectíveis, em fase de  desenvolvimento de nossas potencialidades. 
 
Como forma de acelerar esse processo de modificação da disposição moral, a presente fase é marcada pela multiplicidade das causas de destruição, até como forma de estimular em nós o desenvolvimento de nossas potencialidades no bem, pois “o mal de hoje há de ser o bem de amanhã.  Somente a educação do Espírito poderá libertá-lo do mal, dando-lhe condições de alçar os mais altos vôos no plano infinito da vida.  O importante em tudo isso é mantermos a serenidade, olharmos para frente, divisarmos o futuro, pois, “a marcha do Espírito é sempre crescente e ascendente.  É preciso descobrir quanto bem se é capaz de fazer agora para que o próprio crescimento não se detenha”. (Portásio)
 
Em todo ser humano, como ressalta o Espírito Clelie Duplantier, em “Obras Póstumas”, “há três caracteres: o do indivíduo ou do ente em si mesmo, o do membro da família e o do cidadão.  Sob cada uma dessas três fases, pode ele ser criminoso ou virtuoso; isso é, pode ser virtuoso como pai de família e criminoso como cidadão, e vice-versa”.
 
Além disso, pode-se admitir, como regra geral, que todos os que se ligam numa existência por empenhos comuns, já viveram juntos, trabalhando para o mesmo fim e se encontrarão no futuro, até expiarem o passado, ou cumprirem a missão que aceitaram.
 
O papel de cada um

Essas calamidades – se olharmos para elas sob o ponto de vista espiritual, fundamentando nossa reflexão nos princípios da Doutrina Espírita – têm, portanto, objetivos saneadores que, conforme Joanna de Ângelis, removem as pesadas cargas psíquicas existentes na atmosfera e significam a realização da justiça integral, pois a Justiça Divina, para nosso reequilíbrio, recorre a métodos purificadores e liberativos, de que não nos podemos furtar. 
 
Assim, tocados pelas dores gerais, ajudemo-nos e oremos, formando a corrente da fraternidade e estaremos construindo a coletividade harmônica, sempre lembrando a advertência de Hammed: “a função da dor é ampliar horizontes para realmente vislumbrarmos os concretos caminhos amorosos do equilíbrio.  Como o golpe ao objeto pode ser modificado, repensa e muda também tuas ações, diminuindo intensidades e freqüências e recriando novos roteiros em sua existência”.  Desse modo, estaremos utilizando nossos problemas como ferramenta evolutiva, não nos perdendo em murmurações,  mas utilizando nosso livre-arbítrio como patrimônio.
 
O progresso de todos os seres da criação é o objetivo de tudo que acontece.  Tenhamos a consciência desperta e procuremos entender o mundo à nossa volta, cientes de que a solidariedade é o verdadeiro laço social, não só para o presente, mas, como está em “Obras Póstumas”, “estende-se ao passado e ao futuro, pois que os mesmos indivíduos se encontram e se encontrarão para juntos seguirem as vias do progresso, prestando mútuo concurso.  Eis o que faz compreender o Espiritismo pela eqüitativa lei da reencarnação e da continuidade das relações entre os mesmos seres”.
 
E mais: graças ao Espiritismo, compreende-se hoje a justiça das provações desde que as consideremos uma amortização de débitos do passado.  As faltas coletivas devem ser expiadas coletivamente pelos que juntos as praticaram e os mentores estão sempre trabalhando, ajudando a todos nós, reunindo-nos em grupos de forma a favorecer a correção de rumo, amparando-nos e nos fortalecendo para darmos conta daquilo a que nos propomos, além de nos equilibrarem para podermos auxiliar o outro com nossos pensamentos positivos, nossos melhores sentimentos e vibrações.
 
 
Fontes de consulta
 
ÂNGELIS, Joanna de.  Após a tempestade, texto Calamidades, psicografia de Divaldo Pereira Franco. Alvorada
 
HAMMED.  Renovando Atitudes, texto Crenças e carmas, psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto. Boa Nova
 
KARDEC, Allan.  Obras Póstumas, Primeira Parte, Questões e Problemas - Expiações coletivas. Lake
 
KARDEC, Allan. A Gênese, capítulos 17 e 18. Lake
 
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo do Espiritismo, capítulo 14, item 9. Lake
 
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos – questões 100 a 113; 737 a  741; 776 a  802; 851 a 867. Lake
 
PORTÁSIO, Manuel.  Fora da Educação não há salvação, capítulos:  Educação pela dor; Educação para o bem e Educação e renovação. DPL

Índice

 ° HISTÓRIA & PESQUISA

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas")

Cronologia Espírita

(Compilação de datas significativas  para o Movimento Espírita iniciada no Boletim 505)


Lista de Eventos

1866

Salvador, Brasil
  
Publicado o opúsculo "O Espiritismo - Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita" com extratos de "O Livro dos Espíritos" traduzidos por Luiz Olímpio Teles de Menezes.  

DAMAZIO, 1994
MACHADO, 1996
NICOLAI, 1996
WANTUIL, 1990
WANTUIL e THIESEN, 1979

São Paulo, Brasil

A Tipografia Literaria publica o opúsculo "O Espiritismo Reduzido à sua Expressão Mais Simples" de Allan Kardec. Não há indicação do tradutor.

MACHADO, 1996
NICOLAI, 1996

Rio de Janeiro, Brasil  

Antônio da Silva Neto (1836-1905), baiano radicado no Rio de Janeiro, publica seu trabalho "Estudos sobre a Emancipação dos Escravos no Brasil". O autor defende nesse trabalho a proposta, que seria efetivada em 1871 com a Lei do Ventre Livre, de libertar os recém-nascidos. Fazendeiro, que por iniciativa própria alforriou seus escravos, defendia a libertação sem pagamento de indenização aos proprietários.

O dr. António foi um dos pioneiros do Espiritismo no Brasil e abolicionista convicto. Autor desde 1866 de vários trabalhos anti-escravagistas, fez em 1886, memorável palestra no Salão da FEB, na rua da Velha Guarda, encerrada com a citação de trechos do "O Livro dos Espíritos" contra a escravidão.  

WANTUIL, 1990
DAMAZIO, 1994

24 de maio de 1866
Lago Tuiuti, Paraguai

Nos pântanos circundantes ao Lago Tuiuti, no Paraguai, travou-se uma batalha decisiva para a guerra do Paraguai. Essa guerra sangrenta, que durou de dezembro de 1864 a março de 1870, foi travada pelo Paraguai contra a Argentina, o Brasil e o Uruguai.  Ela iniciou-se quando o Paraguai, tomando como pretexto divergências em torno da situação política no Uruguai, invadiu o Brasil e a Argentina. Esses países foram pegos de surpresa e não estavam preparados para enfrentar o exército bem preparado do ditador paraguaio, Francisco Solano Lopez. Foi somente a partir da batalha de Tuiuti que a situação se inverteu definitivamente em favor dos países aliados.

BESOUCHE, 1993
IGLÉSIAS, 1989
WIKIPEDIA, 2007 [2]

Junho de 1866
Paris, França

Allan Kardec comenta na "Revista Espírita" o livro "Os Quatro Evangelhos" recém-publicado por J. B. Roustaing. Ele mostra que o livro não contém princípios contrários à Doutrina Espírita, mas avança de forma prematura em alguns temas bem complexos. Outra falha apontada por Kardec é que, as teses apresentadas, fundamentam-se em uma base única, na idéia de um corpo fluídico para Jesus. Kardec não refuta a priori essa possibilidade, mas mostra que ela era uma opinião particular dos espíritos que a emitiram.

Efetivamente a obra tocava em pontos bastante delicados para a época. A natureza do Cristo e os milagres eram temas que haviam ganho grande espaço nos púlpitos e na imprensa por causa da obra de Renan sobre a vida de Jesus (vide Boletim 525) e a abordagem do tema deveria ter sido feita de uma forma mais ponderada e bem preparada. Principalmente a tese do corpo fluídico, que parece ter sido aceita por Roustaing sem um estudo crítico mais aprofundado. Uma obra posterior de Kardec ("A Gênese") mostrou que os fenômenos mediúnicos associados à pregação de Jesus, considerados milagres pelo desconhecimento das leis que os regiam, podem ser explicados sem o recurso do "corpo fluídico" e que não há motivos para considerar que o corpo de Jesus tivesse uma natureza diferente da de outros homens.

O impacto histórico da obra de Roustaing foi que ela acabou se tornando um pretexto para divergências posteriores dentro do movimento espírita brasileiro. A obra é extensa e poucos a conhecem efetivamente. Ela por si só não é ruim e Kardec não desaconselha sua leitura. O que entrou em jogo foram as percepções diferentes das pessoas sobre a forma como o Espiritismo deveria ser visto, mais religioso ou mais científico, e o fato da obra sustentar uma idéia - a de uma natureza especial para Jesus - que foi associada a um sentimento religioso mais acentuado.

KARDEC, 1973
ROUSTAING, 1994
  
Agosto de 1866
Europa Central

Em uma rápida guerra de algumas poucas semanas, o reino da Prússia vence o Império Austríaco e consolida sua hegemonia entre os Estados alemães. Essa guerra foi um passo importante na política do chanceler Bismarck para criar uma Alemanha unificada em torno da Prússia e também ajudou no processo de unificação da Itália. Com a guerra, a Áustria perdeu Veneza para o Reino da Itália, aliado dos Prussianos.

WIKIPEDIA, 2007

30 de agosto de 1866
Massachusetts, EUA

Foi realizado o primeiro grande encontro ao ar livre ("camp meeting") promovido pelos espiritualistas norte-americanos. O encontro reuniu cerca de 10 mil pessoas e iniciou uma prática que se tornaria comum nos anos seguintes. Antes da Guerra Civil os encontros eram em forma de convenções e o sucesso do novo tipo de evento surpreendeu a todos. Um relato desse encontro, publicado no jornal "Banner of Light", pode ser encontrado no site www.spirithistory.com.

EPHEMERA, 2007


Referências Bibliográficas

BESOUCHE, Lídia. Pedro II e o Século XIX. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1993

DAMAZIO, Sylvia F. Da Elite ao Povo - Advento e Expansão do Espiritismo no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1994

EPHEMERA. 1866 First Spiritualist Camp Meeting. In Ephemera - 19th Century American Spiritualism's Fading Record. Disponível em http://www.spirithistory.com/66camp.html.  Último acesso em 29 de julho de 2006.

IGLÉSIAS, Francisco. História Geral e do Brasil. São Paulo: Ed. Ática, 1989.

KARDEC, Allan. Obras Completas de Allan Kardec. Trad. Julio Abreu Filho. São Paulo: EDICEL, 1973*.
Brisbane
MACHADO, Ubiratan. Os Intelectuais e o Espiritismo. Rio de Janeiro: Lachâtre, 1996.

NICOLAI, Humberto. História do Espiritismo no Brasil. 1.a edição. São Paulo: PHENIX, 1996.

ROUSTAING, J. B.  Os Quatro Evangelhos. Obra em três volumes, traduzida por Guillon Ribeiro. 8.a edição. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1994.

WANTUIL, Zêus. Grandes Espíritas do Brasil. Rio de Janeiro: FEB, 1990.

WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. Allan Kardec. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1979
WIKIPEDIA. Austro-Prussian War. In: Wikipédia - A Enciclopédia Livre. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Austro-Prussian_War. Ùltimo acesso em 29 de julho de 2007.

______. Guerra do Paraguai. In: Wikipédia - A Enciclopédia Livre. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_da_Tr%C3%ADplice_Alian%C3%A7a.  Último acesso em 29 de julho de 2007. [2]


Índice

 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS

Estudando o "Livro dos Espíritos"

Christiano Torchi

Espírito e matéria

(Os textos transcritos[1] do "Livro dos Espíritos" estão em itálico, com as questões em negrito e as notas de Kardec entre aspas)

Queridos amigos:
 
A seguir, o mestre de Lyon, no capítulo “Elementos Gerais do Universo”, abre o título “Espírito e matéria”, dois elementos independentes/interdependentes que interagem constantemente, duas faces de uma mesma moeda. Ao estudarmos, oportunamente, a constituição do ser (corpo, perispírito e espírito), notaremos como esses elementos estão imbricados e como é necessária e urgente uma visão holística (integral) das coisas pela ciência.
 
21 - A matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, ou foi criada por ele em dado momento?
 
Só Deus o sabe. Há uma coisa, todavia, que a razão vos deve indicar: é que Deus, modelo de amor e caridade, nunca esteve inativo. Por mais distante que logreis figurar o início de sua ação, podereis concebê-lo ocioso, um momento que seja?
 
Na questão 22, Kardec questiona sobre a definição da matéria. Na resposta, os instrutores do Mundo Maior não se detêm na concepção acadêmica tradicional. Ensinam que a matéria apresenta estados tão sutis que escapam à observação dos mais potentes aparelhos humanos, sem deixar, entretanto, de ser matéria, campo em que os corpos se interpenetram, o que era inadmissível.

Investigando cada vez mais o micro, por meio dos estudos da Física Quântica, o homem se aproxima cada vez mais da fronteira do Espírito, desconhecendo, ainda, onde termina uma (matéria) e começa o outro (Espírito). Mas os Espíritos não se detêm aí: vão além, dando uma nova definição de matéria até então inconcebível para os cientistas da época. Atentemos para as respostas e a anotação do Codificador, ao final.

22 - Define-se geralmente a matéria como sendo – o que tem extensão, o que é capaz de nos impressionar os sentidos, o que é impenetrável. São exatas estas definições?

Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém, não o seria.

Que definição podeis dar de matéria?

A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.
 
“Deste ponto de vista, pode dizer-se que a matéria é o agente, o intermediário com o auxílio do qual e sobre o qual atua o Espírito.” (Allan Kardec).
   
Na próxima questão estudaremos a definição de espírito (com “e” minúsculo), designação dada ao elemento inteligente universal (fase que antecede o reino “hominal”), que é distinto de Espírito (com “E” maiúsculo), da questão 76, que trata do ser extracorpóreo (princípio inteligente elaborado ou individualizado, ou ainda homem/mulher desencarnado).  Nessa obra monumental, os Benfeitores do Espaço não esgotam o assunto. Cuidam de lançar as bases - o que já é muita coisa - dos princípios da filosofia espírita.

Temos, no entanto, na vasta bibliografia espírita, as obras suplementares que nos auxiliam a entender a complexa e incrível teia da vida. Para os interessados em aprofundar esse assunto, indicamos, entre tantos outros, o livro de autoria de Durval Ciamponi, Ed. Feesp, sob o título “A evolução do princípio inteligente”, Ed. Feesp.

23 - Que é o espírito?

 O princípio inteligente do Universo.
 
Qual a natureza íntima do espírito?

Não é fácil analisar o espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.
  
Cuidemos para não dar interpretação literal às palavras, sempre tão pobres para vestir idéias tão avançadas e profundas como a que os Espíritos Superiores nos introduzem lenta e gradualmente.  “A letra mata, o espírito, ao contrário, vivifica” (II, Coríntios, 3:6).
 
Na questão n. 24, Kardec continua interpelando os Espíritos evoluídos sobre a definição de espírito, sob outros prismas. A resposta dos professores do espaço não se faz esperar, sempre de forma concisa e objetiva, o que não dispensa a releitura atenta e a reflexão.
 
24 - Espírito é sinônimo de inteligência?

A inteligência é um atributo essencial do espírito. Uma e outro, porém, se confundem num princípio comum, de sorte que, para vós, são a mesma coisa. 
 
25 - O espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som o é do ar?

São distintos uma do outro; mas, a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria.

A expressão “intelectualizar a matéria” tem sido questionada por alguns estudiosos, visto que a sua interpretação literal induz à crença de que a união desses dois elementos produziria “inteligência” na matéria, inteligência essa que é um “atributo essencial do espírito”, como foi visto na questão anterior, consistente, segundo os dicionários, na capacidade de entender, de compreender, de aprender e até de discernir.

De acordo com as pesquisas realizadas pela equipe da Federação Espírita Brasileira (FEB), cujos resultados são apresentados à p. 220 do Tomo I (Programa Fundamental) do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE), 1ª ed., 2005 (Módulo VII – Pluralidade dos Mundos Habitados; Roteiro 2 – Elementos gerais do universo: matéria e espírito), “intelectualizar a matéria” relaciona-se “à capacidade ou à habilidade de o princípio inteligente conhecer ou compreender a matéria, e, quando em contacto com esta, imprime-lhe ajustes e organizações, tantas quantas forem necessárias”.

Isso talvez explique a razão pela qual (conclusão deste comentarista), no decurso dos milênios, com a evolução intelecto-moral do homem/mulher (Espírito encarnado), os seres pensantes venham reencarnando em corpos cada vez menos grosseiros, mais aperfeiçoados em seu funcionamento e esteticamente mais primorosos, de acordo com as necessidades e o progresso de cada indivíduo.
 
25a -Essa união é igualmente necessária para a manifestação do espírito? (Entendemos aqui por espírito o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades que por esse nome se designam).

É necessária a vós outros, porque não tendes organização apta a perceber o espírito sem a matéria. A isto não são apropriados os vossos sentidos.
 
Como vimos na questão anterior, os Espíritos Superiores deixam implícito que existe uma certa dificuldade em concebermos a atuação isolada, na Natureza, dos princípios material e inteligente, visto que ainda não podemos perceber o espírito sem o concurso da matéria, em virtude de nossa condição evolutiva, razão pela qual é incessante a correlação entre esses elementos, os quais reagem constantemente um sobre o outro.

Na próxima questão, os instrutores nos preparam para o estudo mais à frente de tema de capital importância, que é a interação entre o espírito e a matéria, por meio dos fluidos.

26 -Poder-se-á conceber o espírito sem a matéria e a matéria sem o Espírito?
 
Pode-se, é fora de dúvida, pelo pensamento.

Em resposta à questão 27 de “O Livro dos Espíritos” (LE), seremos introduzidos num tema revelado pelos Espíritos Superiores que requer atenção especial. Da sua boa compreensão dependerá o entendimento de outros temas a serem tratados, mais à frente, tais como a mediunidade.

Trata-se do fluido universal, também conhecido como fluido cósmico universal, que chamaremos pela inicial FCU, de onde se originam os chamados “fluidos espirituais”. Para aprofundar melhor o assunto, é imprescindível a leitura de outra obra básica codificada por Kardec – “A Gênese” (GE), fonte em que nos baseamos para formular os conceitos a seguir expendidos.

RECORDANDO:

Para entender melhor o ensino dos Espíritos, convém recordar que, no sentido comum, os fluidos são conhecidos como as substâncias gasosas ou líquidas, a exemplo da água, do ar, do gás, que são estados diferenciados ou fases não-sólidas da matéria. Popularmente, os estados mais conhecidos da matéria são: a) sólido; b) pastoso; c) líquido; d) gasoso; e) radiante.

Os Espíritos, utilizando-se de metáfora, designam a matéria mais densa como sendo “energia congelada” ou “luz coagulada”, o que nos lembra aquela formulazinha concebida por Einstein: E = M.C2 (a energia contida em um corpo é igual à sua massa multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz).
A matéria, segundo os estudiosos encarnados da terra, tem as seguintes características: massa (quantidade de matéria de um corpo); extensão (volume ou porção do espaço ocupada pela matéria); impenetrabilidade (2 porções de matéria não podem ocupar simultaneamente o mesmo lugar); inércia (para um corpo em repouso se movimentar e para um corpo em movimento repousar é necessário uma força externa); divisibilidade (pode ser fragmentada); ponderabilidade (pode ser medida e pesada); e descontinuidade (espaços intermoleculares).
 
O QUE É O FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL?

Ensinam os Espíritos Superiores que o FCU é a matéria elementar primitiva, da qual derivam todos os demais tipos de fluidos, seja em que estado for, constituindo, por isso, a origem de todos os corpos orgânicos e não-orgânicos.

“A Natureza jamais se encontra em oposição a si mesma. Uma só é a divisa do brasão do Universo: unidade-variedade.” (“A Gênese”, cap. VI, item 11).

“Tudo no Universo se liga, tudo se encadeia; tudo se acha submetido à grande e harmoniosa lei de unidade, desde a mais compacta materialidade, até a mais pura espiritualidade” (cap. XIV, item 12). “Tudo está em tudo” (LE, q. 33).

Enfim, o FCU é a matéria-prima que serve de geração dos mundos e dos seres, imprimindo harmonia e estabilidade no Universo.

Não nos esqueçamos, entretanto, que o FCU é uma criação de Deus e não emanação Dele.
 
PROPRIEDADES PRINCIPAIS DO FCU:
 
As propriedades principais conhecidas do FCU são a imponderabilidade, a penetrabilidade e a maleabilidade.
   
O FCU é encontrado em todo o Cosmos. Não existe barreira para essa força, pois tal fluido interpenetra todos os corpos, sólidos ou não, preenchendo inclusive o espaço conhecido como vácuo, fora da atmosfera do nosso Planeta.
   
PARA QUE SERVE O FCU?
 
O FCU, além de constituir o veículo do pensamento dos Espíritos, atua como intermediário entre o espírito e a matéria, por demais grosseira para que o Espírito possa exercer ação sobre ela.
 
Em função disso, o FCU proporciona constante comunicação entre os Espíritos, sendo o perispírito (elemento fluídico semimaterial, igualmente penetrável, que reveste os Espíritos e serve de molde ao corpo físico, constituindo-se em subproduto do FCU). Trataremos do perispírito mais especificamente na questão n. 93 de “O Livro dos Espíritos”.
 
Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não os manipulando como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que a mão é para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem aqueles fluidos tal ou qual direção, aglomerando, combinando ou dispersando, e organizando com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinada; mudam-lhes as propriedades como um químico muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os, segundo certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual.
 
Graças à essa versatilidade, os bons pensamentos sublimam os fluidos espirituais, assim como os maus pensamentos corrompem-nos.
   
O QUE É FLUIDO VITAL E PARA QUE SERVE?

O fluido vital, também chamado de fluido magnético ou fluido elétrico animalizado, é um derivado do FCU (mãe de todos os fluidos). Ele é o princípio que comunica a vida orgânica aos vegetais, aos animais e ao homem, possibilitando-lhes o exercício de todas as funções vitais. É a força motriz dos corpos orgânicos.  

Esse princípio será tratado mais detalhadamente no Capítulo IV (questão 60 e seguintes).


27 - Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito?

Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material se tem que juntar o FLUIDO UNIVERSAL, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela.

Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo (fluido universal) com o elemento material, ele distingue-se desse por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o espírito não o fosse. Está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com essa e sob a ação do espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.

Esse fluido será o que designamos pelo nome de eletricidade?

Dissemos que ele é suscetível de inúmeras combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente.
 
Na questão subseqüente, Kardec, fazendo jus ao seu espírito científico e de pedagogo e considerando que o espírito é alguma coisa, indaga dos Professores Siderais sobre a viabilidade de se dar ao princípio inteligente um nome que o distinga mais claramente do princípio material para evitar confusões.

A resposta da Espiritualidade Maior, além de deixar bem claras as enormes dificuldades que a pobreza da linguagem humana impõe aos homens, para exprimir as coisas do mundo espiritual, indica que é exclusivamente nossa a responsabilidade pela escolha dos nomes das coisas ou pela verbalização dos preceitos doutrinários que nos são revelados.

Confira:
 
28 - Pois que o espírito é, em si, alguma coisa, não seria mais exato e menos sujeito a confusão dar aos dois elementos gerais as designações de – matéria inerte e matéria inteligente?

As palavras pouco nos importam. Compete-vos a vós formular a vossa linguagem de maneira a vos entenderdes. As vossas controvérsias provêm, quase sempre, de não vos entenderdes acerca dos termos que empregais, por ser incompleta a vossa linguagem para exprimir o que não vos fere os sentidos.
 
"Um fato domina todas as hipóteses: vemos matéria destituída de inteligência e vemos um princípio inteligente que independe da matéria. A origem e a conexão destas duas coisas nos são desconhecidas. Se promanam ou não de uma só fonte; se há pontos de contacto entre ambas; se a inteligência tem existência própria, ou se é uma propriedade, um efeito; se é mesmo, conforme a opinião de alguns, uma emanação da Divindade, ignoramos. Elas se nos mostram como sendo distintas; daí o considerarmo-las formando os dois princípios constitutivos do Universo. Vemos acima de tudo isso uma inteligência que domina todas as outras, que as governa, que se distingue delas por atributos essenciais.  A essa inteligência suprema é que chamamos Deus." (Allan Kardec)

________________________

Notas do GEAE
 
[1] - Os trechos do "Livro dos Espíritos" foram transcritos da edição da Federação Espírita Brasileira. Está edição está disponível para download no endereço http://www.febnet.org.br/file/135.pdf

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° PAINEL

O Espiritismo nos Estados Unidos

Amigos,

O blog "Espiritismo Comentado" de Jáder Sampaio publicou uma interessante entrevista com Antônio Leite, um dos editores do GEAE, sobre a situação atual do Espiritismo nos Estados Unidos. O Antônio vive em Nova Iorque e participa do movimento espírita norte-americano.

O endereço do blog é http://www.espiritismocomentado.blogspot.com/

Muita Paz,
Carlos Iglesia

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Web Rádio Espírita Campinas (WREC)

Desde maio de 2007 está em operação um novo canal de propagação das idéias espíritas: a Web Rádio Espírita Campinas. Disponibilizada exclusivamente pela Internet, daí o nome “Web Rádio”, a WREC pode ser acessada na página da Associação de Divulgadores do Espiritismo de Campinas: www.adecampinas.org.br. Ainda em fase de implantação, a WREC opera ao vivo em horários pré-determinados, nos quais os ouvintes podem participar através da própria Internet. As transmissões podem ser consultadas na grade de programação disponível no site. Contudo, todos os programas veiculados pela rádio permanecem por um tempo determinado na página da ADE, onde podem ser acessados a qualquer momento pelos ouvintes.
 
Programas
 
Atualmente a WREC conta com dois programas semanais, o “Opinião Espírita” e o “Observatório Espírita”. No formato “mesa-redonda”, o programa "Opinião Espírita" tem como objetivo a discussão de idéias que dizem respeito ao Espiritismo. Aliando linguagem simples e forte embasamento teórico e prático, o programa tem como público-alvo os ouvintes, sejam eles espíritas ou não, interessados em conhecerem e debaterem as idéias espíritas. “A Ciência está com a palavra final?”, “Comunicação Social Espírita: o que é e para que serve?”, “150 anos de Espiritismo. O que vem pela frente?”, “O Jovem no Centro Espírita”, são alguns dos temas já abordados no programa, que vai ao ar, ao vivo, todo sábado a partir das 10 h 30. 

O programa "Observatório Espírita" tem como meta a análise de matérias e notícias publicadas nos principais periódicos espíritas, permitindo aos ouvintes de conhecerem melhor o perfil de cada publicação. Além de oferecer alguns referenciais de leitura aos ouvintes, o "Observatório Espírita" tem como objetivo estimular a leitura crítica da vasta imprensa espírita, cujo conteúdo nem sempre é capaz de passar pelos crivos da Ciência do próprio Espiritismo. “Correio Fraterno”, “Revista Internacional do Espiritismo”, “Reformador”, “Universo Espírita” são alguns dos jornais e revistas analisados semanalmente pela equipe do "Observatório Espírita", que vai ao ar todas as sextas-feiras, a partir das 20 h 30.
 
Novos programas
 
Novos programas encontram-se em fase de elaboração, de modo que pouco a pouco a grade irá se tornar mais diversificada. Se você, de qualquer parte do Brasil ou do exterior, tem alguma idéia sobre um programa de rádio, ou tem interesse em desenvolver um trabalho nesse sentido, entre em contato conosco através do e-mail carlos@adecampinas.org.br. Se sua idéia estiver dentro da proposta da Web Rádio, você também poderá fazer parte da grade de programação.

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