Ano 14 Número 521 2006



30 de Agosto de 2006


"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, 
face a face,
em todas as épocas da humanidade"

Allan Kardec



 ° EDITORIAL

Questão Intrigante





 ° ARTIGOS

Introdução à pesquisa para o jovem espírita, Nubor Orlando Facure, Brasil


Elegia de Amor ao Hospital Padre Bento, Amilcar Del Chiaro Filho, Brasil






 ° HISTÓRIA & PESQUISA

Cronologia Espírita










 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS

A origem do pseudônimo "Allan Kardec"?, Thiago Pinto, Brasil





 ° PAINEL

Peça de teatro espírita em Ingles no Google Video Free Download, Elsa Rossi, Inglaterra


Chico - Diálogos e Recordações, Vladimir Alexei Rodrigues Roch, Brasil

Jornada Espírita da Associação Médico Espírita de São Paulo, RW Turismo, Brasil





 ° EDITORIAL

Questão Intrigante


Amigos,

Fazendo a pesquisa para a Cronologia Espírita me deparei com uma questão realmente intriguante. O Espiritualismo Moderno nasceu nos Estados Unidos da América e se desenvolveu rapidamente. Em 1860, ano tratado nesta edição do Boletim, os espiritualistas e os simpatizantes por suas idéias atingiam 5 milhões em uma população de 30 milhões. Se mobilizaram no apoio a reformas sociais importantes, como a igualdade de direitos para as mulheres e a abolição da escravidão, e ajudaram a formar a mentalidade da futura potência. No entanto, na virada do século XIX para o XX o movimento já havia perdido seu impeto. O espiritualismo passou a ser associado a idéias extravagantes e a credulidade, quando não a vigarice. Um curto período de recuperação na época da primeira guerra mundial não evitou que o Espiritualismo ficasse apenas como um tenue pano de fundo na cultura americana, ocasionalmente com reflexos no cinema e na literatura, mas sem a influência das décadas de 1850 e 1860.

O que provocou esta situação? A mediunidade ainda existe por lá, prova disto são os relatos de sensitivos que colaboram com a polícia em casos celebres e um ou outro médium excepcional que ganha destaque na mídia. Apenas a campanha sistemática de seus adversários também não explica a situação, pois na Europa o Espiritismo também teve seus adversários e foi razoavelmente bem até a fase turbulenta do entre guerras (1919 ~ 1939). O Brasil no mesmo período de virada de século, em uma sociedade profundamente católica, viu o desenvolvimento do Movimento Espírita em seus centros culturais e sua expansão para os mais remotos rincões.

Pelo que pude entender das fontes pesquisadas, a maior causa foi a impressionante desorganização do movimento espiritualista americano. Não se agruparam em torno de um conjunto coerente de idéias, como veio a acontecer com o Espiritismo solidamente embasado na Codificação Kardequiana. Aceitaram também que a mediunidade se transformasse em uma profissão e fizeram das apresentações dos fenômenos mediúnicos verdadeiros shows.

Assim, ficaram vulneráveis aos aproveitadores e exploradores da credulidade humana. Idéias extravagantes e acusações de fraudes, como o caso protagonizado por Eliza White (vide a biografia de Robert D. Owen nesta edição) que alegou ter se passado por Katie King em sessões de materializações com os médiuns Jennie e Nelson Holmes, desacreditaram o movimento e deram munição aos que o combatiam de forma tenaz. Interesses contrariados, pelas posições sociais avançadas dos espiritualistas ou por suas idéias religiosas liberais, exploraram fartamente os erros cometidos.

Muita Paz,
Carlos Iglesia
editor@geae.inf.br

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 ° ARTIGOS

Introdução à pesquisa para o jovem espírita, Nubor Orlando Facure, Brasil


Existem diversas programações para atrair e despertar nos jovens seu interesse para freqüentarem a casa espírita. A mim parece, no entanto, que o sucesso dessa programação não esta trazendo os resultados que a Doutrina merece. É muito fácil encontramos na sociedade, em geral, os diversos “programas” para onde está indo o interesse dos nossos jovens. A trajetória do adolescente de hoje está se tornando uma jornada de oportunidades extremamente variada e perigosa. Há tanta coisa escrita sobre o tema que não precisamos nos alongar sobre ele.

Discorrendo sobre nosso propósito inicial, queremos destacar a oportunidade de utilizamos a energia que a juventude fornece para propormos um projeto de estudo científico da Doutrina Espírita centrado na pesquisa empírica.

Em primeiro lugar, sugerimos a criação do Departamento de pesquisa dentro do centro espírita interessado. O papel do Departamento será discutir as linhas de pesquisa e induzir a formação de grupos de estudos. Cada grupo será orientado por um adulto com experiência no tema a ser pesquisado. Está aqui a questão primordial que promoverá o sucesso na aglutinação dos jovens em torno do projeto. Tudo depende da criatividade na escolha do tema a ser estudado e da metodologia a ser empregada. A maioria das casas espíritas já conta com profissionais com competência para essas sugestões. Temos gente nas áreas médicas, psicológica, sociológica e educacional que podem introduzir seus projetos.

Ninguém melhor que o próprio Allan Kardec para nos servir de exemplo quando nos revela um apuradíssimo espírito de pesquisa ao questionar e experimentar toda revelação que lhe foi transmitida pela espiritualidade. Como a Ciência humana está em constante progresso e são justamente os jovens que tomam o primeiro contato com esses avanços nos seus cursos acadêmicos, não há porque eles não se empenharem no estudo do paradigma científico que a Doutrina fornece.

Uma vez criado os “grupos de estudos”, cada um deverá elaborar seu protocolo de investigação. Aqui, permanece válido, como em qualquer pesquisa, os critérios éticos e a aprovação do projeto pelos dirigentes da casa. Para que não haja improvisação e amadorismo nos projetos, deve-se promover discussão e troca de experiência com profissionais acadêmicos que queiram colaborar com sugestões.

Alguns temas são relativamente fáceis de se pesquisar. Allan Kardec, bem antes de Sigismund Freud, nos chamou a atenção para a importância do estudo dos sonhos, ocasião em que nossa alma entra em contato com nossos entes queridos e deles recebem orientação e sugestões que freqüentemente renovam nossos procedimentos. Com um protocolo baseado em entrevistas o jovem pesquisador poderá constatar a freqüência com que este fenômeno é percebido em nossas vidas.

Outro tema estudado por Allan Kardec se refere às alucinações. Com o avanço da neuropsiquiatria de hoje, podemos rever os mecanismos que Kardec propôs para a produção de alucinações – ele sugeriu que algumas alucinações procedem da visão que o perispírito registra no cérebro físico – seriam alucinações de causas orgânicas, como as que conhecemos hoje. Podemos comparar o que nos revelam os médiuns audientes e videntes, com o conteúdo das alucinações que “ouvem” e “vêem” os esquizofrênicos, os dementes e os alcoolistas.

Com o título de “noção de uma presença”, a literatura neuropsiquiátrica tem tornado cada vez mais freqüente o relato da percepção por determinados doentes, da “presença de entidades” juntos de si, que os protege ou acompanham no decorrer de seus padecimentos. Qual seria a freqüência desse fenômeno entre nossos médiuns e mesmo entre nossos freqüentadores na casa espírita?

O espírita sabe da importância da família e o significado do envolvimento espiritual que reúne todos os seus membros. Qual, na verdade tem sido o comportamento da família no meio espírita? Quantos dentro do mesmo lar estão comprometidos com a Doutrina? O culto do evangelho no lar tem sido praticado com que freqüência em nosso ambiente familiar? São questões sociológicas de suma importância.

A mediunidade se expressa dentro de uma constelação de fenômenos muito variada. Allan Kardec nos apresentou uma classificação tanto do fenômeno mediúnico, como dos diversos tipos de médiuns. De que modo está representado entre nós esses dois aspectos – o tipo de fenômeno e a classificação dos nossos médiuns?

Allan Kardec deixou claro, também, que a mediunidade é um fenômeno, de certo modo, orgânico e que se processa através do cérebro do médium. Seria interessante considerarmos a mediunidade num grupo de gêmeos univitelinos cujo cérebro se pressupõe serem iguais ou muito semelhantes.

Com essas sugestões não pretendemos produzir Ciência dentro do centro espírita. É apenas um processo pedagógico que pode atrair o jovem espírita para dentro das nossas casas e conduzir uma forma de estudo mais atraente.

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Elegia de Amor ao Hospital Padre Bento, Amilcar Del Chiaro Filho, Brasil

75 anos passaram na esteira do tempo marcando corações com o ferrete em brasa do sofrimento e com as suaves e harmoniosas modulações de uma sonata de amor escrita por Deus na pauta do arco-íris, a unir corações na amizade, que os juntou sem pedir licença, solidarizando-os nas angústias das saudades do lar e no medo do futuro que poderia trazer a devastação de seus corpos.

Contudo, onde existem dores cruciantes Deus coloca anjos ou messias para que possam consolar, fazer os curativos e mitigar dores.

As religiões representam os anjos com grandes asas, mas desde a minha meninice me acostumei a vê-los com as asas recolhidas e ocultas por baixo das vestes.  Esses anjos respondiam pelos nomes de “médicos”, “professores”, “funcionários”, “amigos” e até colegas. Sim! Pois havia aqueles que sofrendo dores físicas e morais iguais ou até mais fortes que as minhas, me consolavam, ouviam minhas queixas e me davam forças para continuar vivendo minha vida, já sem muita significação.


Havia adultos que se depravavam nos vícios para esquecer. As crianças estudavam, praticavam esportes, brincavam de mil e uma coisas diferentes, porém, quando o manto da noite cobria tudo e era hora de se recolher ao leito, muitos choravam a separação molhando a fronha do travesseiro com generosas lágrimas vertidas pela saudade de suas casas, de suas famílias.


Um dia descobri que sabia contar histórias e comecei a contá-las à noite no dormitório coletivo, até que o último companheiro dormisse, e, parece-me que contribui para diminuir as lágrimas, exceto as minhas que às vezes afloravam aos olhos antes do sono me vencer.


Quantos amigos passaram pela minha vida e deixaram marcas de luz no meu coração. Quanta saudade. A maioria desapareceu nas brumas do passado. Outros ainda povoam o meu íntimo. Alguns já partiram para o grande além e residem nas mansões da eternidade.


Entre todos os anjos que aportaram em minha vida destaca-se LAURO DE SOUZA LIMA. Ele foi o médico, o amigo, o benfeitor. Ele foi uma melopéia de amor entre os soluços e gemidos. Ele foi a linfa fresca que dessedenta, foi a “água viva” do Evangelho. Ele ignorou  as próprias dores para balsamisar as pungentes dores de seus pacientes.


Interrompo o texto que estou escrevendo para orar e os nomes vem surgindo em minha mente trazidos pelas asas da saudade. Nomes de pessoas que jamais esquecerei: Lauro de Souza Lima, Antônio Levi, Mário Brasolin, Francisco Mazeu, Luiz, Florindo, Carlinhos, Laurinha, Mariazinha, Leonil, (que se tornou minha esposa), Romeu Bianchini, cuja amizade profunda que nos uniu teve continuidade em seus filhos e netos...


Hoje o Sanatório Padre Bento não existe mais. Deu lugar ao Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos. Que digo? Existe sim. Existe na mente daqueles que ali viveram e tiveram com ele intensa relação de raiva e de amor. Hoje olhamos os antigos pavilhões em cuja argamassa encontramos sangue dos dedos insensíveis dos pacientes que ajudaram a construí-los e nos seus tijolos lemos a sua história.


Tudo passou. As últimas lembranças já estão dobrando a esquina do tempo. Eu também passarei. Creio que não deixarei marcas a não ser a saudade que despertarei no coração de alguns.


Meu querido Hospital Padre Bento, espero confiante que quando você completar 100 anos não existam mais hansenianos no Brasil e no mundo. Que essa seja uma página definitivamente virada e não uma história sem fim.


                                                                           05 de junho de 2006

* O Sanatório Padre Bento foi destinado à confinação de hansenianos durante 36 anos e depois passou a ser um hospital de clínicas para atendimento somente de hansenianos. Hoje é um Complexo Hospitalar  que atende a população de Guarulhos.


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° HISTÓRIA & PESQUISA

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas")

Cronologia Espírita

(Compilação de datas siginificativas para o Movimento Espírita iniciada no Boletim 505)

Segundo Capítulo

1857 - 1869 A Época da Codificação Espírita


Lista de Eventos

1860

Rio de Janeiro, Brasil
 

O prof. Casimir Lieutaud, poeta e contista, diretor-fundador de um Colégio onde se lecionava a língua francesa, publica a primeira obra de caráter espírita impressa no Brasil, "Les Temps sont arrivés" (Os tempos são chegados). O Brasil estava no período do segundo reinado - governado pelo imperador D. Pedro II - e do auge da influência francesa. O francês era uma lingua falada pelas pessoas cultas da corte e das provincias.

BESOUCHET, 1993
DAMAZIO, 1994
MACHADO, 1996
WANTUIL, 1990

Estados Unidos

Publicado o livro "Footfalls on the boundary of another world" pelo espiritualista Robert Dale Owen. Este foi um dos livros mais influentes do período inicial do Espiritualismo Moderno nos Estados Unidos. Owen era editor e educador, em sua carreira publica foi lider trabalhista, senador e diplomata. Bastante versatil escreveu desde livros sobre discussões teológicas até tratados de arquitetura.


O Espiritualismo está nesse período difundido de costa a costa nos Estados Unidos. Estatísticas da época mostram que 1.600.000 dos seus 30 milhões de habitantes eram espiritualistas. Somando-se o número de simpatizantes a abrangência do movimento espiritualista chegava aos 5 milhões de pessoas. Mesmo os que eram contrários reconheciam a extensão do movimento e o atacavam dizendo que era uma "epidemia". O movimento espiritualista era bastante difundido na classe média americana e apoiava reformas sociais importantes como o abolicionismo (campanha pelo fim da escravidão) e os direitos das mulheres (as mulheres ainda não tinham direito a voto ou aos mesmos papéis sociais que os homens).

Registros da época mostram números impressionantes: 30 periódicos espiritualistas circulando no pais (nacionais e estrangeiros) e somando  200.000 leitores, 600 livros e panfletos, 1500 locais de encontros e palestras, mais de 400 palestrantes, mais de 300 médiuns e inumeras instituições de assistência social e movimentos a favor de causas humantárias.

Um dado interessante é que foi dentro do movimento espiritualista que as mulheres americanas falaram em público para audiências masculinas pela primeira vez. Foram nas palestras espiritualistas que muitas das lideres femininistas e sufragistas (movimento pelo direito de voto das mulheres) inciaram sua atuação.

Os problemas estruturais que levariam o movimento espiritualista americando a decadência já estavam presentes. O primeiro, e talvez principal deles, foi a extrema desorganização do movimento. Ele nunca conseguiu se organizar em torno de um conjunto único e coerente de idéias. Muitas idéias absurdas foram apresentadas por alguns espiritualistas e exploradas por seus opositores.

Outro problema foi a mediunidade paga que possibilitou um filão lucrativo para falsos médiuns. Mesmo alguns médiiuns verdadeiros, mas sem a necessária base moral, chegaram a suprir as limitações de suas faculdades com fraudes. O médium profissional - que recebia pelas sessões ou por suas palestras - estava de acordo com a mentalidade americana da época. A maior parte dos americanos pertencia a denominações protestantes e era comum os pastores serem contratados e pagos pelas comunidades a que atendiam.

CLARK, 2006
DAVIS, 2000
DOYLE, 2003
PODMORE, 2006
SPIRITWRITINGS, 2006

Londres, Inglaterra

Lançado o periódico "The Spiritual Magazine" que seria até 1875 o principal veículo de comunicação do Espiritualismo inglês.  Diferentemente do que ocorreu na América, o Espiritualismo se desenvolveu de forma gradual na Inglaterra e evitou seus excessos. O "Spiritual Magazine" manteve uma linha conservadora afastando-se das questões políticas e dos movimentos de reforma social.

O desenvolvimento inical do Espiritualismo inglês foi mais lento também que o do Espiritismo na França. Kardec chegou a comentar na Revista Espírita de junho de 1860 sobre a oposição que as novas idéias enfrentaram na Inglaterra.


Assim, olhando retrospectivamente para 1860, podem se observar algumas linhas de desenvolvimento distintas no movimento iniciado a partir dos fenômenos mediunicos de Hydesville: O Espiritualismo americano, com grande número de adeptos mas bastante dividido e em estreita ligação com os movimentos de reforma social; O Espiritualismo inglês, ainda em fase inicial e de feição mais conservadora que o americano; O Espiritismo, que aglutinava o movimento no continente europeu, principalmente nos países latinos, em torno das idéias apresentadas no "Livro dos Espíritos". Entre estas idéias estavam a reencarnação como um fato comprovado e o exercício da mediunidade sem a busca de recompensas materiais.

ALVARADO, BIONDI e KRAMER, 2006
DOYLE, 2003
KARDEC, 1976
PODMORE, 2006


Amesterdã, Holanda

A partir de 1860 o Espiritualismo se torna popular na Holanda.

ALVARADO, BIONDI e KRAMER, 2006

Janeiro de 1860

Paris, França

O artigo "O Espiritismo em 1860" de Allan Kardec abre o terceiro ano da Revista Espírita agradecendo as cartas recebidas dos leitores e informando que as "idéias espíritas progridem. Com efeito, desde algum tempo, ganharam imenso terreno". No artigo ele menciona os ataques feitos a Doutrina mas mostra que foram incapazes de prejudicá-la.

KARDEC, 1976

16 de março de 1860
Paris, França

Publicada  a segunda edição do "O Livro dos Espíritos". Esta edição se tornou a versão definitiva da obra. Kardec explicou na Revista Espírita de março de 1869 que aproveitou a reimpressão para fazer uma extensa revisão no livro, incorporando questões que não haviam entrado na primeira edição e redistribuindo a matéria de forma mais metódica.

ABREU, 1957
KARDEC, 1976
WANTUIL e THIESEN, 1979
WIKIPEDIA, 2006

Junho de 1860

Paris, França

A Revista Espírita informa sobre o lançamento em Londres do periódico espiritualista inglês "The Spiritual Magazine" e do periódico italiano "Lamore del Vero" que tem como um de seus temas o Espiritismo.

Nas notas bibliográficas Kardec anuncia que "A HISTÓRIA DE JOANA D'ARC, ditada por ela mesma à senhorita Ermance Dufaux, e da qual anunciamos a reimpressão, vem de aparecer em Ledoyen. Demos conta dessa obra notável no número da Revista Espírita de janeiro de 1858. Desde essa época, a nossa opinião não variou sobre a sua importância, não só do ponto de vista histórico, mas como um dos fatos mais curiosos de manifestação espirita. Essa reimpressão era vivamente reclamada, e não duvidamos que obtenha um sucesso tanto maior, porque os partidários da ciência nova são hoje muito mais numerosos do que eram quando da primeira publicação."

KARDEC, 1976

Setembro de 1860
França

Primeira viagem de divulgação Espírita. Empreendida por Allan Kardec com destino a Lião e algumas cidades no trajeto.

KARDEC, 1976
WANTUIL e THIESEN, 1979

Setembro de 1860
Nápoles, Itália

Garibaldi entra na cidade de Nápoles comandando um vitorioso exército popular e põe fim ao "Reino das Duas Sicilias". A campanha surgiu como consequência do descontentamento dos italianos com os acordos firmados ao final da guerra com a Austria (1859). Seu resultado foi a unificação de quase toda a Itália - com exceção de Roma (governada pelo Papa) e de Veneza (governada pelo Império Austro-Hungaro) - em torno do Vitor Emmanuel II do Reino do Piemonte-Sardenha.

WIKIPEDIA, 2006 [2]

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Biografias



Robert Dale Owen

Por Carlos Alberto Iglesia Bernardo


Robert Dale Owen nasceu em 7 de novembro de 1801 em Glasgow na Escócia e desencarnou em 24 de junho de 1877.  Dale Owen era filho do socialista galês Robert Owen (1771-1858), um reformador social de grande renome, que se devotou à educação da juventude, à melhoria das condições de vida dos pobres e é considerado o pai do movimento de cooperativas. 

Dale Owen emigrou para os Estados Unidos em 1825 e ajudou seu pai a criar uma comunidade - New Harmony - em  Indiana organizada  segundo seus ideiais  socialistas. O empreendimento não teve sucesso e, após um breve período na Europa, Dale Owen se estabeleceu em Nova Iorque onde dirigiu o jornal "Free Enquirer" (1828-1832).

Em 1833 ele retornou para Indiana e a partir de 1835 começou sua atuação política pelo partido Democrata. A relação apresentada pelo Diretório Biográfico do Congresso Americano dá uma idéia da carreira política de Dale Owen:
  • Indiana House of representatives 1835-1838 (o equivalente a deputado estadual);
  • Deputado pelo partido Democrata no Congresso Americano (March 4, 1843-March 3, 1847)
  • Indiana Constitutional Convention (equivalente a uma assembleia constituinte estatual) em 1850
  • Indiana House of representatives em 1851
  • Embaixador dos Estados Unidos em Nápoles (na época capital do Reino das Duas Sicilias) de 1853 a 1858
Após 1858, Owen devotou sua vida ao espiritualismo e aos problemas sociais. Uma das biografias citadas pela página do Congresso Americano traz no título "O incorrigivel idealista" (The Incorrigible Idealist: Robert Dale Owen in America). Owen escreveu diversos livros, dos mais variados assuntos, entre eles:

Owen foi um espiritualista convicto e de grande integridade. No inicio de janeiro de 1875 ele escreveu um artigo para o jornal Atlantic Monthly sobre as sessões de materialização do espírito Katie King
(famoso pelos estudos realizados entre 1871 e 1874 pelo cientista inglês Willian Crookes com o auxílio da médium Florence Cook) com os médiuns americanos Jennie e Nelson Holmes. Quase que imediatamente ele publicou uma nota em que informava que lhe haviam sido apresentadas evidências que o levaram a perder a confiança nos dois médiuns.

O que ocorreu é que se apresentou uma mulher, Eliza White, de rosto parecido com o de Katie King, dizendo ter sido contratada pelos médiuns para se passar pelo espírito em fotos e sessões. Investigações conduzidas pelo Coronel Olcott, um espiritualista de renome, mostraram que a história apresentada por Elize continha muitos elementos falsos e que existiam indicios de que ela tentou chantagear os médiuns.

Segundo o Arthur Connan Doyle, a mediunidade dos irmãos Holmes foi comprovada em outras circunstâncias, mas mesmo assim ficaram duvidas quanto as fraudes com as fotos. A situação tinha mais um envolvido, o Dr. Child, que fez grande propaganda das materializações realizadas pelos irmãos Holmes e que teria sido quem contratou Eliza White para fotos que seriam vendidas ao público. Era dificil
obter uma boa foto de Katie King materializada considerando-se a pouca iluminação que era necessária para a realização das sessões. A participação dos médiuns teria sido em não contestarem a veracidade das fotos. Ao final este caso teve uma repercussão muito negativa para o movimento espiritualista.

BIOGRAPHICAL DIRECTORY, 2006
DOYLE, 2003
RODRIGUES, 1975
WIKIPEDIA, 2006 [3]
WIKIPEDIA, 2006 [4]
WIKIPEDIA, 2006 [5]

Índice

Referências Bibliográficas

ABREU, C. O Primeiro Livro dos Espíritos de Allan Kardec - 1857. São Paulo: Companhia Editora Ismael, 1957.

ALVARADO, C. S.; BIONDI, M.; KRAMER, W.  Historical Notes on Psychic Phenomena in Specialised Journals. In: University of Virginia Health System.  Disponível em
http://www.healthsystem.virginia.edu/internet/personalitystudies/publicationslinks/Alvarado-Biondi-Kramer-Journals-EJP-2006-paper.pdf

BESOUCHE, L. Pedro II e o Século XIX. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1993

BIOGRAPHICAL DIRECTORY. Robert Dale Owen. In
Biographical Directory of the United States Congress. Disponível em  http://bioguide.congress.gov/scripts/biodisplay.pl?index=O000152. Acesso em 30 de outubro de 2006.


CLARK, U. Fourth Annual Spiritual Register, with a Calendar and Speakers’ Almanac, for 1860. In: Ephemera. Disponível em http://www.spirithistory.com/60regist.html
. Acesso em 20 de outubro de 2006.

DAMAZIO, Da Elite ao Povo - Advento e Expansão do Espiritismo no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994

DAVIS, J. C. Laura de Force Gordon as a Spiritualist. Stanford: Stanford Law School, 2000 (disponível em http://www.stanford.edu/group/WLHP/papers/gordon.davis.pdf)

DOYLE, A. C. The History of Spiritualism - Vol I. Australia: Projeto Guttemberg, 2003. Disponível em: http://gutenberg.net.au/ebooks03/0301051.txt

KARDEC, A. Revista Espírita - 1860. (Coleção das Obras Completas de Allan Kardec - Volume IV). São Paulo: EDICEL, 1976.

MACHADO, U. Os Intelectuais e o Espiritismo. 2.a ed. Niterói: Publicações Lachâtre, 1996

PODMORE, F. General Survey of the Spiritualist Movement (1902). In: SurvivalAfterDeath.org. Disponível em http://www.survivalafterdeath.org/articles/podmore/survey.htm. Acesso em 05 de outubro de 2006.

RODRIGUES, W. L. V. Katie King. Matão (SP): Casa Editora O CLARIM, 1975.

SPIRITWRITINGS, Biographies - Robert Dale Owen. In spiritiwritings.com. Disponível em http://www.spiritwritings.com/robertdaleowen.html. Acesso em 19 de outubro de 2006.

WANTUIL, Z.  Grandes Espíritas do Brasil. 3.a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1990

WANTUIL, Z.; THIESEN, F. Allan Kardec. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1979

WIKIPEDIA. O Livro dos Espíritos. In: Wikipédia - A Enciclopédia Livre. Disponivel em: http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_dos_Esp%C3%ADritos. Acesso em 23 de outubro de 2006.

______. Risorgimento. In: Wikipédia - A Enciclopédia Livre. Disponivel em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Risorgimento. Acesso em 23 de outubro de 2006. [2]

______. Katie-King. In: Wikipédia - A Enciclopédia Livre. Disponivel em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Katie_King. Acesso em 30 de outubro de 2006. [3]

______. Robert Dale Owen. In: Wikipédia - The Free Encyclopedia. Disponivel em: http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Dale_Owen. Acesso em 30 de outubro de 2006. [4]

______. Robert Owen. In: Wikipédia - The Free Encyclopedia. Disponivel em: http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Owen. Acesso em 30 de outubro de 2006. [5]

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 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS


A origem do pseudônimo "Allan Kardec"?, Thiago Pinto, Brasil

Olá,

Tenho uma dúvida à respeito do nome Allan Kardec: qual a origem deste nome, porque Hippolyte Leon Denizard Rivail o adotou?
 
Att.,
Thiago Moreira Pinto

_____________________________

Thiago,

Creio que a principal fonte para responder a sua pergunta é a biografia escrita por Henri Sausse ("Biographie d´Allan Kardec"). Esta biografia é o desenvolvimento de uma primeira edição de 1896, ampliada pelo autor em 1909 e prefaciada por Léon Denis em 1927. Sausse explica que na ocasião da publicação da primeira edição do "Livro dos Espíritos" o prof. Rivail adotou este pseudônimo para evitar confusões com seus trabalhos anteriores, o que poderia até mesmo prejudicar o sucesso do novo empreendimento.

Possivelmente uma das preocupações do prof. Rivail foi a de que o nome conhecido colocasse em segundo plano o fato da doutrina exposta no livro ser de autoria "dos Espíritos". Assim o embaraço do prof. Rivail ao decidir como assinar o livro parece bastante coerente com a postura que ele sempre teve em relação aos créditos pela Doutrina Espírita. Ele sempre enfatizou que a origem do Espiritismo não estava nas idéias de uma pessoa ou grupo de pessoas, mas foi o resultado do estudo das mensagens transmitidas pelos espíritos através de diversos médiuns em várias localidades diferentes.

Sausse também registra que o pseudônimo "Allan Kardec" surgiu a partir das comunicações do espírito Zéfiro (vide Cronologia Espírita - 1855). Zéfiro informou ao prof. Rivail que eles tinham se conhecido em uma vida anterior na Gália (nome da região ocupada atualmente pela França na antiguidade). Nesta época o prof. Rivail era um Druida e se chamava "Allan Kardec".

A edição em francês da biografia escrita por Henri Sausse e prefaciada por Léon Denis se encontra no site "L´Encyclopedie Spirite" no endereço: http://www.spiritisme.net/livres.php?ID=51

Um livro muito interessante, que aprofunda a discussão sobre o tema que você propôs, é "Allan Kardec - O Druida Reencarnado" de Eduardo Carvalho Monteiro. O livro é da editora EME.

Muita Paz,
Carlos Iglesia

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° PAINEL

Peça de teatro espírita em Ingles no Google Video Free Download, Elsa Rossi, Inglaterra
 
Peça de Teatro "Há Dois Mil Anos" encenada pelos atores voluntários do Departamento de Artes da BUSS - British Union of Spiritist Societies. Dirigida por Lucas Johnson, a peça é baseada no livro do mesmo nome, Há Dois Mil Anos, psicografado por Francisco Candido Xavier e publicado pela Federação Espírita Brasileira.
 
Em Londres, foram 3 apresentações em Inglês e 1 apresentação em Português.
 
A peca esta na internet, para free download, no site da Google Video, no seguinte endereço.
 
http://video.google.co.uk/videoplay?docid=-8315181498251342253&q=Two+Thousand+Years+Ago+Emmanuel
 
ADQUIRAM SEUS INGRESSOS PARA A PEÇA  "PLUFT, THE LITTLE GHOST", de Maria Clara Machado. pedidos pelo e-mail bussevents@aol.com  ou por telefone 07950786202   A peça está genial, seus filhos, amigos brasileiros e ingleses vão adorar. Numa forma cômica, introduz a espiritualidade para crianças.
 
Abraços em todos
Elsa Rossi
 
Dept. of Art - BUSS - British Union of Spiritist Socities - UK.
BUSS events - www.spiritismuk.org

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Chico - Diálogos e Recordações, Vladimir Alexei Rodrigues Roch, Brasil

Caríssimos,
Jesus conosco!
 
Peço o consentimento dos amigos para divulgar o relançamento do livro Chico, Diálogos e Recordações do nosso querido amigo Carlos Alberto Braga Costa, editado pela União Espírita Mineira. Aos amigos de BH que puderem divulgar, agradecemos desde já.
 
Em 4 meses a primeira edição do livro se esgotou e nova edição está na praça.
 
Para aqueles que ainda não leram, o livro é fruto de 4 anos de pesquisas (história oral e documental) com o Confrade Arnaldo Rocha que conviveu com o Chico Xavier na década de 50 do século passado. Tem muita coisa legal! É uma obra de leitura agradável, consoladora, com fatos interessantes e revelações que o Arnaldo faz sobre as experiências vividas ao lado do Chico Xavier e outras "Almas Queridas"! Vale a pena ler!
 
abraços fraternais a todos!
 
Vladimir
Belo Horizonte - MG

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Jornada Espírita da Associação Médico Espírita de São Paulo, RW Turismo, Brasil



www.amesaopaulo.org.br ou jornada@amesaopaulo.org.br

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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
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