Ano 14 Número 518 2006



15 de Julho de 2006


"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, 
face a face,
em todas as épocas da humanidade"

Allan Kardec



 ° EDITORIAL

A preciosa vida humana





 ° ARTIGOS

O Aborto, A Lei e a Consciência, Walterney Angelo Reus, Brasil

A Natureza humana, Nubor Orlando Facure, Brasil





 ° HISTÓRIA & PESQUISA

Cronologia Espírita










 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS

Devido à ..., Mário César, Portugal





 ° PAINEL

Revista Espírita, Jáder Sampaio, Brasil


Agenda da AME Internacional na Europa, Out./2006, Elsa Rossi, Reino Unido



Congresso Medico-Espirita Americano, Francisco Cavalcanti, Estados Unidos






 ° EDITORIAL

A Preciosa Vida Humana

A realidade da vida espiritual descortinada pela Doutrina Espírita tem implicações bastante interessantes para nossa existência cotidiana. Uma das principais é a nova luz que traz para a importância de estarmos vivendo experiências como seres encarnados em um mundo material. É pela porta da reencarnação que temos a oportunidade de retificar velhos erros, aprender novas lições de vida e alcançar valores morais que nos permitirão galgar novos degraus no caminho do progresso espiritual.

A vida humana é preciosa para o Espírita. Dai a posição firmemente defendida por aqueles que lhe aceitam os postulados em prol da preservação e respeito a vida. Nós espíritas somos contrários ao aborto e a eutánasia. Rejeitamos firmemente a pena de morte e buscamos trabalhar pela construção da paz, de modo que as guerras e a violência sejam um dia erradicadas da Terra.

Só teremos uma verdadeira civilização na Terra quando a vida for respeitada e protegida em todos os aspectos. Até lá seremos no máximo povos cultos, que já dominaram as tecnologias básicas para manipular as forças naturais, mas que não aprenderam a usá-las com sabedoria.

O Walterney e o Nubor em seus artigos abordam justamente tópicos relacionados a estas questões. O Walterney argumenta juridicamente contra o aborto e o Nubor trata da natureza humana à luz da ciência espírita.

Também trazemos nesta edição os eventos de 1857 e a biografia de Gabriel Delanne. 1857 é o divisor de águas na história do Espiritismo, foi o ano em que "O Livro dos Espíritos" foi publicado pela primeira vez e nele nasceu um de seus grandes pesquisadores, Gabriel Delanne. A conexão de Delanne com o tema principal desta edição é que - entre outras obras magistrais - foi o autor de "A Reencarnação" e a "A Evolução Anímica", obras imprecindíveis para quem quiser entender melhor a visão espírita da vida.

Boa Leitura e Muita Paz,
Carlos Iglesia
editor@geae.inf.br

Índice


 ° ARTIGOS

O Aborto, A Lei e a Consciência, Walterney Angelo Reus, Brasil

O aborto pareceria tema palpitante, houvesse algum fundamento na sua defesa. Mas não há. O que temos é a emotividade desequilibrada de quem defende a “liberdade ilimitada” sobre o próprio corpo. Inúmeras são as razões para sermos advogados do feto.

Na terminologia jurídica, nascituro vem a ser O SER HUMANO JÁ CONCEBIDO, CUJO NASCIMENTO SE ESPERA COMO FATO FUTURO CERTO. Portanto, para o mundo jurídico o embrião é tratado como um ser humano, tanto que o Código Civil, por diversas vezes, incluiu-o em suas estipulações legais:
Portanto, do ponto de vista jurídico não há discussão sobre a inclusão do nascituro como sujeito do direito em igualdade de condições com qualquer outro ser humano em estágios diferentes de desenvolvimento. Parece-me, também, que o mundo jurídico tomou tal precaução mais por fundamento científico que por "machismo".

-  COM A FECUNDAÇÃO A CARGA GENÉTICA JÁ SE DIFERENCIA EM RELAÇÃO AOS PAIS:


“O desenvolvimento do nascituro, em qualquer dos estágios - zigoto, mórula, blástula, pré-embrião, embrião e feto - representa apenas um continuum do mesmo ser que não se modificará depois do nascimento, mas apenas cumprirá as etapas posteriores de desenvolvimento, passando de criança a adolescente, e de adolescente a adulto” (Silmara J.A. Chinelato - Professora de Direito Civil e Direito Autoral da USP).

- “O OVO ENCERRA UM SER HUMANO COMPLETO, MAS ISSO NÃO É REPASSADO AO PÚBLICO” (Dr. Nathanson) 

Um filme, feito pelo Dr. Nathanson (conhecido ex-defensor do aborto), mostra a luta desesperada do feto para livrar-se da cureta, mostrando inclusive que, nesse momento, o batimento cardíaco do feto passa de 140 para 200, enquanto é perseguido até a morte. Foi esse vídeo que mudou a opinião do Dr. Nathanson.

Outro argumento dos aborteiros que não convence: Preservar a saúde da mulher que pratica o aborto. Houvesse tal preocupação, fariam simpósios e passeatas para debelar a Eclampsia, uma espécie de convulsão que promove alterações na pressão sangüínea, e de tamanha virulência que, segundo estatísticas de 1997, matou 73% das mulheres grávidas acometidas deste mal, enquanto que o aborto, clandestino ou não, foi responsável por 9,8% da mortalidade materna. A questão não é de saúde pública, é pura e simplesmente negócio e vaidade.

Portanto, nem a ciência nem o mundo jurídico ratificam as ações dos aborteiros que, de regra, posam de pessoas racionais e assépticas religiosamente, quando são eles os menos racionais nesta história. 

- O DIREITO DA MULHER FAZER USO DO PRÓPRIO CORPO:

Em que pese ser eticamente questionável, de fato pode a mulher dispor de seu corpo. Só tem um problema; o ser humano que nela habita, nunca, nem no primeiro átimo da concepção é apêndice do corpo da mãe.

O que temos é um mesmo ser em diversos estágios diferentes. Portanto, quando a mãe, ou outra pessoa qualquer, mata o filho, esteja ele em que estágio estiver - zigoto, mórula, blástula, pré-embrião, embrião, feto, recém-nascido, infante, adolescente, jovem ou adulto, estará SEMPRE matando o mesmo ser. A única diferença é o grau de resistência que a mãe ou o aborteiro enfrentará, posto que, um homem, no vigor da juventude, certamente será mais difícil de ser exterminado do que um embrião, emparedado no calor do útero materno, cujos imensos olhos não poderão ser vistos, nem os espasmos faciais apreciados.

Logo, confirmado que o nascituro é um ser independente, seu direito à vida é condicionante. Todos os outros direitos estão condicionados a este. A mulher pode até ter livre escolha como, aliás, todo ser humano deve ter. Mas com respeito ao próximo. Afinal, livre escolha para namorar, transar, casar, separar, usar batom, etc.., não significa livre escolha para matar. Já pensaram, que bagunça: Você me atrapalha; vou matá-lo. PÁ!

Walterney Angelo Reus


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A Natureza humana, Nubor Orlando Facure, Brasil

A Natureza humana – O Espírito como agente de transformação



Somos um amontoado de 300 trilhões de células formando tecidos e órgãos. Uma olhada nos hepatócitos do fígado, nas ilhotas do pâncreas, nos folículos do ovário, nos músculos do coração nos mostrará uma arquitetura variada de células que nos compõem. Entretanto, é no cérebro que identificaremos nos seus neurônios, uma variedade muito maior de “design” que a natureza arquitetou. Temos cerca de 250 tipos diferentes de células no nosso organismo e mais de 200 são desenhos de neurônios.

Ao lado de macacos, gorilas e orangotangos, fazemos parte da classe dos primatas contando apenas com 450 genes diferentes do Chimpanzé. Mesmo considerando que nossa capacidade intelectual é espantosamente superior à deles, o nosso comportamento foi construído de maneira incrivelmente parecida e os programas para processar o cérebro são compatíveis para os dois. A diferença é maior na quantidade e na qualidade, mas não nos fundamentos.

Na trajetória evolutiva entre o “homem-macaco” e nós, foram produzidas modificações relevantes, testemunhadas por inúmeros fragmentos fósseis: contando com um novo “design” da coluna vertebral passamos a andar eretos; alargando e empinando a bacia aprendemos a girar para traz apoiados nos pés; os ombros foram modelados permitindo projetarmos uma pedra para cima; usando o polegar e opondo-lhe, facilmente, o indicador aprendemos a construir uma pinça; a laringe se posicionou para emitirmos a fala articulada; as enzimas digestivas se multiplicaram para absorvermos outras variedades de alimentos. A transformação mais importante, porém, ocorreu no “cérebro executivo” – nosso lobo frontal aumentou de tamanho quatro vezes expandindo recursos para planejarmos nosso futuro.


O comportamento animal

Não escapava aos antigos pensadores que os animais tinham reflexos, sensibilidade, movimento e emoções. Mesmo assim, Aristóteles negava aos animais a existência da Alma e René Descartes os via como destituídos de qualquer raciocínio. Eles agiriam pela disposição dos seus órgãos.

Esse pensamento veio a mudar completamente quando Darwin nos alinhou na “árvore da vida”. Na “Origem das espécies” compomos uma mesma descendência com todos os seres vivos percebendo-se, assim, que tudo o que nós somos tem início e fim no que já fomos.


Nas últimas décadas, o estudo do comportamento animal no seu próprio ambiente, revelou traços característicos daquilo que presunçosamente imaginávamos ser privilégio do comportamento humano. Altruísmo, organização social, prazer ou desprazer, capacidade para mentir, disfarçar ou brincar são vistos em animais tão diferentes como pássaros, guaxinim ou macacos. Comportamentos complexos, também, são compartilhados por variadas espécies: monogamia, infidelidade, formação de tribos, recrutamento de apoio social e assassinatos premeditados. Mas, é justamente o inverso que merece mais destaque nesse artigo – o que os animais revelam como instinto de sobrevivência, agressividade, ataques de fúria, fobias, caprichos da personalidade, o abraço, as expressões de nojo, as disputas de território – são, também, traços comuns a qualquer ser humano, registrando em nós, uma indiscutível identidade animal.


O papel dos genes

A “filosofia” dos ditos populares tem feito pré-julgamentos curiosos para interpretar a natureza humana, considerando sua submissão, tanto aos fatores hereditários, como ao poder de transformação do ambiente. Nós todos já escutamos dizer que “filho de peixe, peixinho é”; “pau que nasce torto morre torto”; “é de pequeno que se torce o pepino”. O senso comum pode aceitar essas afirmações como verdadeiras, embora, experimentos no campo da genética e da psicologia comportamental, têm revelado contradições interessantes.

O estudo dos genes e como eles se misturam para transmitirem heranças tiveram início com os famosos experimentos de Gregor Mendel. Seu trabalho, combinando ervilhas, permaneceu desconhecido por 20 anos quando foram redescobertos por Hugo de Vries. Estudioso da hereditariedade, ele, também, confirmou a existência dos fatores recessivos e dominantes nas combinações genéticas e propôs a existência de uma unidade de transmissão genética que denominou de “pangene”.

Mais tarde, Thomas Hunt Morgan, aprofundou-se nos detalhes da transmissão dos genes estudando talentosamente a “mosca das frutas” (Drosófila). Na sua famosa “sala das moscas” ele conseguiu fazer as combinações adequadas para produzir as variações genéticas que procurava. A partir daí, a Ciência humana, passou a dispor de recurso tecnológico para manipular os genes mutantes, capacitando-se para criar novas variantes para velhas espécies.

A maior descoberta se deve a Crick e Watson que em 1953 descreveram a dupla hélice do DNA na intimidade dos núcleos das células. O gene passou a ser identificado como um fragmento de letras dessa gigantesca cadeia de aminoácidos. E, finalmente, com a cooperação internacional, o material genético do ser humano (33000 genes) foi totalmente decodificado no projeto Genoma de 2003.

A curiosidade de muitos tem, precipitadamente, transformado o gene na grande panacéia científica dos últimos anos. A cartografia do DNA permitiu-nos a identificação da paternidade que se imaginava protegida pelo anonimato. Doenças genéticas passaram a receber números de código específico. A masculinidade foi relacionada com o SRY, o gene que programa o testículo. A par de promessas de cura e rejuvenescimento com as “células tronco” a mídia frequentemente noticia, com alarde, a descoberta de genes para a felicidade, para a depressão ou para a superioridade da inteligência feminina (conforme a fonte de informação).


Os especialistas são enfáticos em dizerem que o gene não deve ser visto como a causa disso ou daquilo. Ele é o mecanismo que nos “predispõe” a mais ou menos inteligência, aptidão esportiva, comportamento viril, baixa estatura ou obesidade, quando os aplicamos no ambiente adequado. Os genes criam condições para nos afirmarmos sobre um ambiente propício. Escolher entre música ou matemática tem predisposições genéticas. Casar ou divorciar também. E nós todos sabemos como essas decisões influem em nossas vidas e muda o ambiente onde viveremos. O papel do gene pode ser compreendido, resumidamente, em dois processos: o gene é capaz de duplicar-se no interior das células e, comanda uma “receita” de proteínas realizada pelo RNA. Nos defeitos dessas duplicações, ocorridas “ao acaso”, é que surgem as variações genéticas, chamadas mutantes, que condicionam o aparecimento de ajustes morfológicos ou funcionais no organismo dos descendentes. É um primeiro passo para se chegar ao aprimoramento de uma nova espécie.


Instinto e aprendizado

Um determinado comportamento que não é imitado ou aprendido pode, a princípio, ser tido como instintivo. Sendo assim, é herdado, e deve ter uma representação genética para a sua transcrição. Nem sempre a cada comportamento corresponderá um gene para sua expressão, mais provavelmente teremos uma coleção maior ou menor de genes orquestrando esse desempenho. É o que ocorre para a aranha que tece cuidadosamente ou para a “viúva negra” que devora o macho durante a cópula.

Na programação de qualquer comportamento animal, a densidade tanto do determinismo genético como da participação do ambiente, é complexa e às vezes contradiz as interpretações apressadas. Seymour Benzer realizou um experimento virtuoso com Drosófilas. Elas eram submetidas a um choque elétrico nos pés seguido de um jato de ar com substância malcheirosa. Ele percebeu que, com o tempo, as moscas “aprenderam” a “respirar fundo” tão logo percebiam o choque. Assim, as moscas, associavam choque com odores e se protegiam do cheiro ruim. Era um condicionamento de moscas reproduzindo o que Pavlov fez com os cães.

Seymour Benzer percebeu, porém, que nem todas as moscas aprendiam esse comportamento. Nas que tinham sucesso ele demonstrou a presença de 17 genes especificamente ligados ao desempenho condicionado: “choque nos pés - encher os pulmões – evita cheiro ruim”. Entre os 17 genes estão aqueles que Benzer denominou com bom humor: “burro”; “amnésico” e “lesado”.


Pavlov atribuiu ao córtex cerebral o “reflexo psíquico” que descobriu existir no condicionamento. Ele se surpreenderia com o trabalho de Benzer revelando uma programação genética por traz do aprendizado que condiciona os animais – tanto moscas, como cães e, com certeza, também os humanos.


É uma afirmação forte, mas, o que Benzer parece nos dizer é que nossa “capacidade de aprender” é herdada sem esforço. O que temos de fazer é contar com as oportunidades que o ambiente oferece e não deixá-las escapar entre os dedos.


Comportamentos complexos como fobias, agressividade, fervor místico, marcas da personalidade e composição familiar, são comprovadamente herdados. Estudos em animas revelaram que mudanças no perfil de neuro-transmissores cerebrais – geneticamente determinados – conduzem a comportamentos contraditórios no acasalamento e dedicação à prole. Modelos de laboratório interessantes foram estudados por Tom Insel manipulando camundongos. Os arganazes-do-campo são monogâmicos e os pais cuidam dos filhotes por muitas semanas. Os arganazes-montanheses, por outro lado, são polígamos, os casais se separam rapidamente e a mãe cuida pouco tempo de suas crias. Estudos genéticos e bioquímicos mostraram que os arganazes-do-campo contavam com genes que produzem receptores para ocitocina e vasopressina. O primeiro está presente em áreas límbicas do cérebro ligado à “memória social” e a vasopressina à recompensa. Por outro lado, não contando com esses receptores cerebrais, o arganaz-montanhês não se lembra com quem se acasalou dez minutos antes e não estabelece vínculo com as crias.


Uma das descobertas mais surpreendente nas expressões do comportamento animal foi feita por Konrad Lorenz. O testemunho que ele trouxe ao experimento e a sua singeleza são singulares. Entrando em contato com gansos que acabavam de nascer, ele percebeu que a sua presença despertava nos filhotes uma aderência filial que ele denominou “imprinting”. Konrad se tornava a “mãe” de gansos recém-nascidos em sua presença.

O “imprinting” chama a atenção para a importância dos “eventos iniciais” nos processos de aprendizado. E, principalmente, do “timing” para uma determinada aquisição de conhecimento. Estudos posteriores mostraram que as oclusões prolongadas de um dos olhos de gatos recém-nascidos os privariam de visão para o resto da vida. Ficou evidente que todos nós temos uma “janela” aberta para o aprendizado com especificidade para o conteúdo e aprisionada pelo tempo. Isso é muito evidente para o desenvolvimento da fala e o aprendizado de uma língua estrangeira. É conveniente que aos cinco anos tenhamos domínio adequado da linguagem.

O gene e a cultura

A dinâmica da integração de genes e ambientes não pode ser vista de maneira dogmática ou excludente. A cultura pode à primeira vista parecer sobressair-se ao papel da herança na determinação da atividade mental. Um intelectual moderno pode nos parecer dispor de desempenho superior ao de indivíduos da sociedade marginal ou povos “primitivos” da América ou da Polinésia. Na virada do Século XIX Francis Boas conviveu com povos nativos do Canadá identificando seus hábitos e aptidões, constatando a mesma fisiologia e a mesma psicologia do homem europeu da época. A natureza dos processos mentais permanece como herança, independente da erudição e da cultura. São os genes quem nos possibilitam acumular conhecimento e é a cultura que estimula o gene a aprimorar o cérebro.

Aprender significa adquirir novos comportamentos. Um programa de rotinas, repetindo as mesmas tarefas, reforçam as sinapses que sedimentam o aprendizado, mas aprender mais implica em se surpreender com fatos novos.

A discrepância que os fatos novos provocam, estimula genes, que transcrevem proteínas, que criam novas sinapses, arquitetando mudanças e sedimentando o aprendizado. Mais ou menos cultura se traduz em redes neurais cada vez mais complexas. É aqui que está a nossa diferença com o cérebro do chimpanzé. Temos trilhões de sinapses a mais.

A pressão do ambiente

Aqui também a crônica popular registra uma interpretação anedotária. Quando um filho se sai excepcionalmente bem em seus desafios costumamos ouvir que “puxou o pai”. Quando é o filho do vizinho que as notícias do bairro dão destaque ao sucesso, os méritos são atribuídos aos “colégios dispendiosos” que ele freqüentou. No primeiro caso a inteligência é herdada do pai, no segundo a educação fez a diferença.

A agressividade, a criminalidade e o mau desempenho escolar costumam ser atribuídos ao ambiente familiar, ao tipo de criação, à desigualdade social. No entanto, experimentos e avaliações cuidadosas de gêmeos e filhos adotivos não confirmam, inteiramente, essa interpretação.


Gêmeos separados logo após o nascimento e criados, sem contato, em ambientes distantes, revelaram depois, aptidões e preferências incrivelmente semelhantes: o estilo de vida, a escolha da profissão, a ocorrência de divórcios, o número de filhos, a decoração da casa, a opção de lazer e pequenos trejeitos que um e outro manifestam involuntariamente.


A adoção de filhos, procedentes de lares dissolutos, mesmo quando criados em famílias íntegras, tem mostrado de maneira significativa a dependência genética do comportamento anti-social.


Idéias inatas

Alguns comportamentos humanos revelam uma aparente complexidade como, por exemplo, a expressão de nojo frente a um alimento mal-cheiroso. São, no entanto, instintivos e relacionados diretamente com a sobrevivência que é nosso mecanismo de autodefesa mais eficiente. Historicamente, alguns filósofos insistiam em negar qualquer conhecimento inato ou instintivo no ser humano. Nascendo como uma folha em branco, todo comportamento precisava passar primeiro pelos sentidos para depois se sedimentarem na mente.

Por outro lado, Platão afirmava que todo conhecimento tinha uma existência prévia no “mundo da idéias” e René Descartes apontava a crença na existência de Deus, as noções matemáticas, a idéia de perfeição como “idéias inatas” partilhadas por todos os homens.

Empiricamente, qualquer um de nós que passou pela experiência de acompanhar o cotidiano do crescimento dos filhos, tem múltiplas oportunidades de se surpreender com o desempenho deles na fala, na construção de frases, na criação de situações inesperadas, na escolha dos brinquedos, na interpretação de fatos novos e principalmente nas perguntas que fazem, revelando um comportamento que “nasce pronto” ou uma escolha que “ninguém ensinou”. Como sugere Steven Pinker, a criança herda o “instinto da fala”. A mente estaria constituída por módulos multifuncionais que nos permitiria dispor dos mecanismos para processar e absorver as informações, como por exemplo, o vocabulário da linguagem materna. Na mesma linha de proposição, Noam Chomsky sugere que toda criança nasce com uma estrutura cerebral pronta para a aquisição das regras gramaticais, comuns e adequadas a toda as línguas.


Creio podermos adiantar que as “idéias inatas” estão ligadas a módulos mentais que são sensíveis ao aprendizado de determinado conteúdo – linguagem, fervor espiritual, altruísmo – e especializados em exigências do ambiente – sobrevivência, fobia, acasalamento, reprodução entre outros.


Na “dimensão espiritual”

A Doutrina Espírita acrescenta a “dimensão espiritual” na construção da natureza humana ressaltando a sua complexidade.

O corpo físico é vestimenta transitória que dá ao Espírito instrumento para se manifestar no mundo em que vivemos.

Reencarnando em vidas sucessivas, temos oportunidade de renovar experiências, redimir faltas, reavaliar acertos e erros, e projetarmos compromissos futuros.


Nada ocorre por acaso. Deus é criador e seus prepostos orientam nossos destinos.


Estamos todos inseridos no projeto de progresso incessante que nos elevará ao nível de Espíritos Superiores.


O “princípio inteligente” com o qual inauguramos a vida percorreu as diversas escalas evolutivas se empenhando na aquisição de reflexos, de instintos, de automatismo e de racionalidade até atingir a condição humana que desfrutamos hoje.


A evolução da mente sugestionou e dirigiu as necessidades da evolução do corpo.


A Espiritualidade Superior introduziu as mudanças necessárias para o sucesso do projeto humano realizando intervenções nos dois planos da vida.

Nossos talentos ou aptidões para o bem ou para o mal são frutos do nosso próprio mérito. A perseverança aprimora o artista, o estudo constrói o gênio, a serenidade modela o santo, persistir no vício estaciona, prejudicar o próximo escraviza à falta cometida, fugir da lição adia a corrigenda.

Tanto a aparência que cada um de nós revela como o ambiente que a vida nos localiza são situações momentâneas, adequadas às nossas necessidades. Um lavrador que se exaure na terra pode estar vivendo a lição da simplicidade e da paciência. Um político em evidência pode estar experimentando o compromisso do poder. Um líder religioso pode estar aprendendo a perseverança na fé. A família que nos acompanha, com dedicação ou com dificuldades e exigências, representa créditos ou proteção, contas a pagar ou correções a aceitar em nós mesmos.


Somos expressões parciais e acanhadas das múltiplas vivências que já experimentamos em outras existências. Talentos e deficiências estão frequentemente, imersos na lei de esquecimento transitório que nos protege.


Na reencarnação, a misericórdia divina nos favorece a benção do recomeço ignorando um passado de culpas.


Para a Doutrina Espírita, não cabe qualquer idéia de superioridade de raça, de gênero, de profissão ou de prestígio social. O que nos credencia é o bem que fizermos ao próximo e a transformação para melhor que acrescentarmos a nós mesmos.


Cada criança acumula a somatória das personalidades que desenvolveu no transcurso de milênios e a inocência dos primeiros anos é oportunidade de redirecionar comportamentos, transformar sentimentos e adquirir novos valores.


Pais e irmãos, profissão e casamento, fortunas e privilégios são empréstimos transitórios que exigirão prestação de contas. “A vida nos dará o que buscarmos e nos cobrará o que recebermos”.


“A genética sinaliza mas não realiza o que for do nosso compromisso”. Na verdade, “somos herdeiros de nós mesmos”. É o nosso passado que nos representa no palco da vida. Nem genes nem sobrenomes serão passaportes para livrar-nos de sentimentos de culpa, de tempo perdido ou de perdão que recusamos dar. Nossas dificuldades refletem nossas necessidades e com o esforço de hoje é que garantimos a recompensa de amanhã.


A Ciência oficial ainda não se deu conta da “dimensão espiritual” e o quanto ela interage em nossas vidas. Aqueles que enterramos nas últimas despedidas do túmulo permanecem vivos e compartilham conosco uma intimidade que não suspeitamos. Nossa fisiologia sensorial não tem sensibilidade para registrar suas presenças, mas nossa atividade mental irradia no mesmo espectro de sintonia. Compartilhamos com eles o mesmo universo de ondas mentais. Vivemos permanentemente como emissores e receptores projetando e recebendo todos os pensamentos que vibram com os mesmos objetivos que os nossos. Parentes e amigos, inimigos e adversários, companheiros no bem e comparsas no crime se associam aos nossos propósitos. Suas vozes ressoam em nossos pensamentos, suas sugestões induzem nossas escolhas, sua proteção nos ajuda a superar as dificuldades e sua perturbação nos retém no desespero. Comungamos com os “mortos” mais frequentemente que com os “vivos”. “Vivemos com uma nuvem de testemunhas”, no dizer de Paulo (Hebreus 12:12) e somos responsáveis por essa “parceria consentida” que nos sustenta para o bem ou para a ignorância.


Índice

° HISTÓRIA & PESQUISA

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas")

Cronologia Espírita

(Compilação de datas siginificativas para o Movimento Espirita iniciada no Boletim 505)

Segundo Capítulo

1857 - 1869 A Época da Codificação Espírita

Com o lançamento da primeira edição do "O Livro dos Espíritos" (1857) o prof. Rivail passa a usar o pseudônimo de Allan Kardec. A sugestão do nome veio de uma comunicação do espírito Zéfiro, nas sessões realizadas na casa do Sr. Baudin, onde este informou que o prof. Rivail vivera anteriormente na Gália (como era designada na antiguidade a região ocupada atualmente pela França) e fora um druida.

Os acontecimentos de Hydesville correspondem a um marco importante na História, mas é com o surgimento do "O Livro dos Espíritos" e com as demais obras de Allan Kardec que as consequências científicas, morais e filosóficas dos novos fenômenos são consolidadas em um corpo doutrinário lógico e preciso. No período de 1857 a 1869 Allan Kardec se dedica integralmente a esse trabalho, que ficou conhecido como a "Codificação Espírita".  


Lista de Eventos

1857

India

O Império Britânico assume o controle direto da administração da India extinguindo a "Companhia das Indias Orientais" Britânica e o que restava do Império Mogol. O nome "Mogol" vem da designação persa para "Mongol", povo que conquistou parte do território da India em 1520 e estabeleceu um império que durou até 1700, quando foi dominado pelos britânicos e mantido apenas na aparência.


TREVELYAN, 1987
WIKIPEDIA, 2006

Tibet


A russa Helena P. Blavatsky visita o Tibet atraida pelos boatos sobre os fatos miraculosos atribuidos aos monges budistas. As visitas continuaram por um período de sete anos. Esses boatos foram propagados pelos primeiros viajantes europeus que chegaram ao Tibet, como o missionário frânces Evarist Huc (1846). 

CALDWELL, 2003
KELDER, 2005

Estados Unidos

O Espiritualismo Moderno continua a se desenvolver nos Estados Unidos. Livros e periódicos são publicados, médiuns fazem apresentações publicas e sessões são realizadas mesmo nas altas rodas sociais.  No site http://www.spirithistory.com há uma grande relação de publicações espiritualistas do século XIX, entre elas um texto curioso de 1896, escrito por Julia Schlensiger, sobre a história do Espiritualismo na Califórnia. O texto registra que já no ano de 1857 o Espiritualismo era abertamente defendido na Califórnia por pessoas influentes.

DOYLE, 2003
SCHLENSIGER, 1896

17 de janeiro de 1857
Paris, França

O espírito Zéfiro, em sessão na casa do Sr. Baudin, dá orientações a Kardec sobre as lutas que terá de enfrentar e avisa que na presente encarnação ele veria apenas a aurora do sucesso de sua obra. Segundo a comunicação, seria necessaria uma nova reencarnação para completar o trabalho. Essa reencarnação se daria em uma época onde Kardec teria "então a satisfação de ver em plena frutificação a semente que tiveres espalhado na Terra."

KARDEC, 1976

23 de março de 1857
Paris, França

Nascimento de Gabriel Delanne (François Marie Gabriel Delanne).

BODIER e REGNAULT, 1988

18 de abril de 1857
Paris, França  

Publicada a primeira edição do livro "O Livro dos Espíritos" de H. L. D. Rivail sob o pseudônimo de Allan Kardec. O livro foi o resultado do estudo científico dos fenômenos mediúnicos; da compilação, análise e condensação de mensagens recebidas através de mais de uma dezena de médiuns e de uma plêiade de Espíritos supervisionados pelo Espírito "A Verdade". Se iniciava a Codificação Espírita, obra a qual Allan Kardec se dedicaria até sua desencarnação em 1869.

ABREU, 1957
WANTUIL e THIESEN, 1979

6 de maio de 1857
Paris, França

Allan Kardec registra um curioso episódio ocorrido na casa do Sr. Roustan onde uma senhora presente a reunião, Sra. de Cardone, lhe lê as mãos e prediz que via nele o sinal da tiara religiosa, denotando autoridade moral e religiosa.  Na ocasião Kardec não deu muita importância ao ocorrido e só posteriormente, através da mesma senhora que reencontrou 8 anos depois, percebeu a associação da previsão com o papel que desempenhou na Codificação Espírita. Kardec observou que considerava a possibilidade da vidência associada a leitura das mãos, sendo esta última apenas uma forma de concentrar a atenção.

KARDEC, 1976

15 de novembro de 1857
Paris, França

Allan Kardec recebe, na casa do Sr. Dufaux, orientações sobre a Revista Espírita que estava planejando lançar em breve.

KARDEC, 1976

Índice


Biografias


(Fonte da Imagem: Cercle Spirite Allan Kardec de Paris)

Delanne: pesquisador de espiritismo

Jáder dos Reis Sampaio

 

Introdução

O presente trabalho se originou de um interesse muito próximo à teimosia, de melhor conhecer a obra e o pensamento dos contemporâneos e sucessores de Kardec. Após uma procura com poucos frutos nos livros de Gabriel Delanne publicados em português (também mantidos à venda por causa de uma dedicação, também quase próxima da teimosia por parte da FEB), constatamos que infelizmente vêm desacompanhados de um prefácio ou uma introdução aos moldes da que encontramos em "A Nova Revelação" de Arthur Conan Doyle e que beneficiam o leitor, que mais que apenas ler, deseja conhecer melhor quem escreveu e o contexto onde produziu a obra. Este tipo de apresentação é, na nossa quase desconhecida opinião, fundamental às obras clássicas do Espiritismo.

Após muito procurar em livrarias espíritas e não espíritas, em lojas especializadas de livros usados, fomos encontrar na célebre livraria da FEB, situada na avenida Passos o livro de Regnault e Bodier que nos serviu de espinha dorsal deste trabalho. O livreiro que nos atendeu, preocupado talvez com o volume de vendas dos livros, comentou com seu cliente exigente, que desejava uma edição em melhor estado: "Este livro quase não vende..."

Não somos capazes de avaliar se sua informação é precisa, já que se tratava de uma segunda edição, impressa, pelas datas, em menos de dois anos, mas talvez ela venha a espelhar o papel ocupado por Gabriel Delanne no esforço de divulgação da grande maioria dos expositores dos dias de hoje.

Conhecer o trabalho e a luta dos estudiosos das primeiras horas é, mais do que ontem, necessidade urgente dos espíritas que militam no movimento brasileiro, é questão de identidade, tão importante nos encargos do presente.

Com este espírito é que trazemos o presente trabalho, um trabalho que não tem a pretensão de profundidade, principalmente se colocado de lado com o livro de Regnault e Bodier, nossa fonte principal, mas, sim, de instigar a curiosidade do leitor, visando à divulgação.

Os pais e a infância

Muitas das biografias que temos lido apresentam, quando muito, os nomes e profissão dos pais da pessoa em questão, revelando alguma importância que a família pode ter tido para, em seguida, não mais voltar a tratar deles em seu trabalho.

No caso de Gabriel Delanne, este procedimento seria imperdoável, já que seus pais tem uma relevância central na sua história pessoal e espírita.

Alexandre Delanne, pai de Gabriel, era um representante comercial que possuía uma loja de artigos de higiene na França. Seu interesse pelo Espiritismo foi despertado em uma de suas viagens à cidade de Caen, no "Cafe de Grand Balcon", quando ouviu uma conversa entre dois homens e zombou do que assumia posições espíritas. Este, ao invés de se zangar, deu-lhe uma explicação geral do trabalho de Kardec e recomendou-lhe a leitura de livros publicados pelo codificador. Intrigado, Delanne pai comentou o acontecido com sua esposa, Marie Alexandrine Didelot, que o incentivou a adquirir os livros.

Em pouco tempo estavam lidos "O Livro dos Espíritos" e "O Livro dos Médiuns", marcado um encontro com o Sr. Allan Kardec e a Sra. Delanne psicografara sua primeira mensagem, no grupo do codificador, onde se liam três palavras: "Crede, Orai e Aguardai".

Fundou-se um grupo na casa dos Delanne, que o dirigiam com austeridade e jamais aceitaram nenhum tipo de remuneração, apesar de sua condição humilde. Muitos foram os fenômenos e encontros que se deram entre os habitantes de dois planos da realidade.

Um episódio que Delanne pai trouxe ao público posteriormente foi a comunicação do Cardeal Lambrusquini, obtida através da Sra. Potet, redigida em idioma Piemontês, desconhecido dos membros do grupo e reconhecido por dois visitantes. No dia seguinte a Sra. Delanne serviria de intermediária entre os visitantes e seu ilustre conhecido. O cardeal respondeu a perguntas formuladas mentalmente pelos compatriotas, registradas em um pedaço de papel para que se pudesse apurar o conteúdo das comunicações.

Neste ambiente viveu François-Marie Gabriel Delanne (1857-1926) a sua segunda infância e adolescência. Ele conviveu intimamente com faculdades mediúnicas diversificadas de sua própria mãe e dos médiuns que freqüentavam sua casa. Uma mostra da sua ligação com o Espiritismo desde a infância foi um episódio onde substituiu o pai em sua reunião, com apenas oito anos, explicando o que fosse necessário às pessoas que participaram dela. (WANTUIL, 1980. p. 315)

Sua ligação com os membros de sua família foi intensa. Dedicou posteriormente seu "A Evolução Anímica" à sua tia Anette Delanne "como prova de reconhecimento da ternura que povoou a minha infância". Sua ligação com Allan Kardec também foi significativa. Wantuil (1980, p. 316) afirma que em uma oportunidade Kardec dispensou a ele mimos que um avô dispensa a seu neto. Gabriel Delanne dedicou-lhe o livro "O Fenômeno Espírita" com as seguintes palavras: "À alma imortal de meu venerando mestre Allan Kardec eu dedico este livro, obra de um de seus mais obscuros mas de seus mais sinceros admiradores."

Delanne não se casou durante sua vida, embora houvesse mantido os laços com sua família. Em 1905 ele adotou a menina Suzanne Rabotin, com sete meses, que lhe fez companhia até a morte.

A história profissional

Delanne iniciou seus estudos no Colégio de Cluny, passando a seguir para o Colégio de Gray e sendo admitido, em 1876 na Escola Central de Artes e Manufaturas, que abandonou no ano seguinte. Regnault afirma que o abandono dos estudos se deveu à situação financeira da família de Gabriel.

Foi admitido como engenheiro na Companhia de Ar Comprimido e Eletricidade Popp, onde trabalhou até 1892. Possivelmente se deve a este emprego o fato de alguns autores se referirem a Gabriel Delanne como engenheiro. Posteriormente Delanne trabalharia alguns anos como representante comercial, até 1896. Após esta data ele dedicou-se integralmente ao Espiritismo.

Delanne possuía problemas de saúde que foram agravados com o tempo. Na infância ele ficaria cego de um olho em decorrência de um abcesso. Nos anos 90 sua ataxia já se fazia notada no andar e o agravamento da doença de base o faria, a partir de 1906, andar com duas muletas.

Homem Público do Movimento Espírita

Nas comemorações de 1880 da desencarnação de Kardec, Delanne fez um discurso no túmulo em Père Lachaise, onde expôs, entre outras idéias, a posição de que Allan Kardec não viera trazer nenhum culto, que ele adotara a moral cristã e que havia ainda um campo inexplorado para estudos, que são as relações entre o mundo dos espíritos e o nosso.

Dois anos depois seria criada, com sua participação a União Espírita Francesa. Em um episódio curioso, Delanne recebe da Sra. Elisabeth D"Esperance, médium cujas faculdades lhe dão notoriedade até os dias de hoje, cerca de 5000 francos para editar um jornal espírita. Surge o periódico bimestral "Le Spiritisme" onde Delanne assume o papel de redator geral, o primeiro volume foi publicado no mês de Março. Lantier afirma que Delanne era um redator criterioso e rejeitava artigos dos amigos que não apresentassem os rigores exigidos pela ciência.

Regnault citou um fragmento de um discurso que expressa bem as diretrizes que Delanne tomou para a sua prática: demonstrar que o Espiritismo não é incompatível com a Ciência e divulgá-lo amplamente, para que não ficasse reduzido a uma elite de cientistas e intelectuais. Mesmo o cáustico Dumas (1980) reconhece os seus esforços em desenvolver as bases científicas do Espiritismo.

Em 1883 Delanne se vê envolvido com um debate público com Guérin, onde o tema central é a encarnação de Jesus Cristo. A posição de Delanne é a de que Jesus não possuía nenhuma natureza especial, embora tivesse notáveis inteligência e evolução.

Dois anos depois ele publicaria o primeiro de uma série de livros que comentaremos posteriormente.

Em 1885 foi eleito vice-presidente da União Espírita Francesa, e nos cinco anos que se seguiram proferiu inúmeras conferências.

A década de 90 foi marcada pelo regresso de muitos dos seus entes queridos para a pátria espiritual. Em 92 desencarnou-lhe o irmão, Ernesto; dois anos depois foi a mãe e em 1901 seria a vez de Alexandre Delanne, o pai e companheiro de trabalhos no meio espírita.

Uma nova revista seria fundada com o suporte financeiro de Jean Meyer, a Revista Científica e Moral do Espiritismo (1896).

Em 1898 foram feitas comemorações do cinqüentenário do Espiritismo, que, portanto, era considerado a partir dos fenômenos de Hydesville, com duas conferências públicas e gratuitas: Léon Denis e Gabriel Delanne.

No ano seguinte temos a transformação de mais um órgão central do Espiritismo Francês: a fundação da Sociedade Francesa de Estudo dos Fenômenos Psíquicos. Nota-se a falta do termo Espírita nesta nova sociedade. A despeito deste comentário, Regnault e Bodier afirmam que seu trabalho nesta sociedade foi amplamente marcado pela obra de Kardec e formou inúmeros espíritas e experimentadores. Delanne aceitou o cargo de vice-presidente.

Ele passou a fazer conferências públicas gratuitas nas noites de terça-feira na sede da Sociedade sobre os fenômenos do Espiritismo. A esta época ele já aceitava convites para fazer palestras gratuitas em Paris e no interior da França.

A participação de Gabriel Delanne nos congressos internacionais foi ativa. Participou da comissão de organização do Congresso Espírita e Espiritualista de 1900 onde fez a conferência de abertura. Em 1905 compareceu ao Congresso de Liège onde fez uma conferência sobre a exteriorização do pensamento.

Delanne foi a Alger auxiliar o prof. Richet (prêmio nobel de medicina) em suas pesquisas com a médium Marthe Béraud na casa do general Noël. O episódio passou à história com o nome de "o fantasma de Bien Boa". Nele Richet testemunharia fenômenos de materialização de espíritos de corpo inteiro, após preparar o ambiente com os cuidados que a Metapsíquica sugeria, evitando-se fraudes. O leitor interessado poderá ler o episódio, com um certo ar literário, no livro de Lantier (1971).

Delanne participou de pesquisas com o médium Miller, que posteriormente Denis desmascarou, no ano de 1906.

A Revista Científica e Moral do Espiritismo foi interrompida em 1914, em função da guerra, voltando a ser editada em 1917.

Em 1919, com a participação de Jean Meyer, foi fundada a Federação Nacional dos Espíritas da França, que incorporou a Sociedade. Delanne tornou-se presidente deste  órgão. Meyer fundou também, neste mesmo ano, o Instituto Metapsíquico Internacional, que teve como presidente Gustave Geley, indicado por Delanne.

Sua desencarnação se deu em 1926, um ano depois da desencarnação da prima que lhe auxiliava com a doença que praticamente lhe impedia de andar. Bodier e Regnault narram o episódio acontecido no dia do seu falecimento, quando Delanne aceitou receber um anarquista que discutiu Espiritismo durante duas horas e meia, saindo claramente abalado com as colocações de Delanne por volta das 18:00 h. Próximo das 20:00 h Delanne teve um ataque, e avisou aos presentes que iria desencarnar. Andre Bourgeois o socorre e diz-lhe que se recuperaria, ao que ele redarguiu: "- Sim, no Além". Às 7:00 h da manhã do dia seguinte desencarnou Delanne.

Delanne - Escritor

Até o presente momento evitou-se tratar dos livros escritos por Delanne, apresentando-se apenas as revistas com que colaborou ou editou.

Seu primeiro livro foi publicado em 1885 com o título "O Espiritismo perante a Ciência." Dividido em cinco partes, trata inicialmente das diversas teorias relacionadas à existência da alma, da história e teoria do magnetismo, sonambulismo e hipnotismo, dos experimentos que provam a imortalidade da alma, do perispírito, provas de sua existência, sua composição e seu papel na desencarnação, concluindo com uma parte que trata da mediunidade. Lantier (1971, p. 77) faz um comentário a respeito deste livro que nos faz crer que ele não o tenha lido.

"O autor, dando prova de sua grande erudição, combate nele o materialismo com argumentos que se apoiam mais nas realidades do eletromagnetismo do que nos postulados do kardecismo."

Ao se referir ao eletromagnetismo, Lantier deve estar querendo falar do magnetismo animal de Mesmer e seus sucessores, dos quais Delanne trata na segunda parte. Como atribuir a teoria do perispírito a alguém que não seja Kardec? Como atribuir o tratamento dos tipos de mediunidade ao eletromagnetismo? Falando francamente, Jacques Lantier parece não ter lido o livro que comenta, ou desconhecer a obra de Allan Kardec.

A edição brasileira deste livro foi traduzida por Carlos Imbassahy e revista por Lauro S. Thiago para a segunda edição de 1993. A edição que serviu de base a este artigo, de 1993, indica que foram impressos até então dez mil livros, mas é necessário comentar que ele ficou décadas sem ser publicado.

A segunda publicação de Delanne foi "O Fenômeno Espírita", que veio a público em 1896. Espécie de curso introdutório ao Espiritismo, este livro apresenta a comunicação com os mortos desde a antigüidade, dedicando um capítulo para os tempos modernos, onde apresenta com propriedade o desenvolvimento do "new spiritualism" anglo-americano desde as irmãs Fox, o trabalho de Kardec e seus contemporâneos e as pesquisas alemãs de Justinus Kerner aos seus contemporâneos. Segue-se a apresentação de fenômenos de efeitos físicos e uma discussão das teses alternativas à mediunidade, com a apresentação de fatos diversos que comprovam as quatro faculdades básicas da mediunidade. A segunda parte termina com um capítulo sobre o "Espiritismo Transcendental", termo que se refere aos fenômenos de materialização, desmaterialização, transporte e outras faculdades de efeitos físicos. A terceira parte do livro é destinada aos grupos espíritas, apresentando sugestões para o seu funcionamento. A quarta e última parte se destina a discutir a tese materialista e a apresentar argumentos em favor da reencarnação.

Esta é uma obra que merece ser indicada aos iniciantes em Espiritismo que já possuam hábito de leitura, de leitura quase obrigatória aos que se dediquem à prática da doutrina dos espíritos. Sua tradução foi realizada por Ewerton Quadros, e a edição consultada indicava a publicação de 29.000 livros pela FEB em 1992.

A próxima contribuição do discípulo de Kardec à literatura espírita, foi publicada em 1897 e está traduzido em português com o título "A Evolução Anímica". Esta obra é uma análise comparativa dos postulados espíritas frente à Psicologia Fisiológica da época. Desdobram-se temas como a vida (entendida organicamente), a memória, as personalidades múltiplas, a loucura, a hereditariedade e o universo, onde se discute a evolução cósmica e a evolução terrestre.

Traduzido para o português por Manuel Quintão, em 1992 a FEB já havia impresso 34.000 volumes.

Seu quarto livro, cuja primeira edição veio a público em 1898 ainda não está traduzido para o português e seu título poderia ser traduzido como "Pesquisas Sobre a Mediunidade". Sobre este livro silenciam Regnault e Bodier, e o suspeito Lantier indica, lacônico, a sua publicação. Hermínio Miranda, entretanto, conseguiu a edição francesa de 1902, que cita em seu "Diversidade dos Carismas".

Neste mesmo ano, Delanne prefaciou o livro "Katie King: histoire de ses aparitions", cujo autor não é indicado por Lantier.

Em 1899 Delanne publicou "A Alma é Imortal", quinto livro consecutivo em cinco anos de trabalhos. Nele se trata da imortalidade da alma, do perispírito, do desdobramento    do ser humano, do corpo fluídico após a morte, as experiências de De Rochas sobre a exteriorização da sensibilidade, as fotografias de espíritos desencarnados, as criações fluídicas da vontade, e as teorias científicas do tempo, espaço, conservação da energia e ponderabilidade.

Traduzido para o português por Guillon Ribeiro, a obra consultada já estava em sua quarta edição, em 1978.

Após um jejum de dez anos Delanne traz a público a obra que todos os seus biógrafos consideram sua obra prima. Em língua portuguesa ela poderia ser traduzida "As Aparições Materializadas dos Vivos e dos Mortos". Seu primeiro volume foi publicado em 1909 e seu segundo volume em 1911. Regnault e Bodier (1990, p. 61) afirmam que no primeiro volume "Gabriel Delanne não deixa sem resposta, nenhuma das objeções que são feitas à existência da alma dos vivos. Para prová-lo, fornece uma documentação extraordinária, baseada em múltiplas experiências científicas." Eles continuam tratando do segundo tomo, o que se transcreve abaixo:

"No segundo tomo mostra a analogia que existe entre o que se passa durante a vida dos seres e o que existe quando, não tendo mais o corpo físico, podem, todavia, manifestar sua sobrevivência através de comunicações "post mortem".

Daqui a alguns séculos, quando os historiadores desejarem tornar conhecido o que havia na época da barbárie, quando existiam materialistas, os humanos dessa época ficarão muito espantados ao constatarem que os metapsiquistas nada tinham inventado."

Oitenta e cinco anos se passaram sem que os espíritas brasileiros possam ter o prazer de ler em sua língua a presente obra. Uma vez que alguns privilegiados ainda a possuem, o que se pode fazer é esperar que um dos estudiosos dedicados que o movimento espírita brasileiro possui se prontifique a traduzi-la, com a certeza de que não será um "best seller", mas que certamente contribuirá com uma melhor compreensão da alma humana e da história do Espiritismo.

Em 1922 Delanne prefaciou "A Granja do Silêncio" de Paul Bodier, publicado em português pela FEB e de excelente aceitação pelo público francês, quando lançado.

O "canto do cisne" do pesquisador dos espíritos foi ditado em 1924 e parece ter tido publicação póstuma em 1927. Regnault e Bodier se referem a ele como "Documentos para Servir ao Estudo da Reencarnação", e está publicado em português com o título "A Reencarnação". Tese polêmica junto aos espiritualistas ingleses, Delanne trata da reencarnação em outras culturas e se esmera em documentar evidências da reencarnação com o auxílio da tese da memória integral. A casuística é extensa e o que os pesquisadores contemporâneos denominariam como métodos de memória espontânea e provocada têm seus lugar neste livro, com apresentação de procedimentos e resultados.

Traduzido por Carlos Imbassahy, a edição consultada data de 1992 e já está em sua oitava edição, tendo sido impressos cerca de quarenta mil livros.

Últimas Palavras

Por que acreditamos nos espíritos? Possivelmente alguns adeptos do Espiritismo dos dias de hoje responderiam esta pergunta se referindo a algum médium cujas faculdades lhes trouxe alguma evidência na vida além da matéria. Outros se lembrarão de obras que lêem como se fosse uma ficção mas que são respeitadas devido à autoridade de um expositor vibrante que lhes confere o caráter de verdade.

Hermínio Miranda, ao contrário, relatou que no início dos seus estudos sobre o Espiritismo e a mediunidade, o seu introdutor no Espiritismo lhe recomendou a leitura de Kardec, Denis e Delanne.

Certamente, o espírita que tiver estudado a obra deste gigante do pensamento espiritista terá uma convicção diferente, quanto aos espíritos e a mediunidade. Convicção embasada em fatos e em reflexão. Convicção filosófico-científica. Gema tão preciosa quanto rara nos dias em que os "novidadeiros" se enfileram em busca das notícias, tão diferentes quanto improváveis, do suposto "mundo dos espíritos", mesclado do "mundo da imaginação dos pseudo-médiuns".

Observemos detidamente os tradutores da obra de Delanne. Aqueles que conhecem a história do movimento espírita brasileiro reconhecem o porte dos que se dispuseram a traduzi-lo. Quintão, Imbassahy, Guillon Ribeiro, Ewerton Quadros... Ninguém mais, ninguém menos.

O número de edições, que é bem tímido se comparado às centenas de milhares de "Nosso Lar" ou às cifras bem superiores a um milhão de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", que apontam o potencial do mercado editorial espírita em nosso país. Sem dúvida que este quadro será diferente, quando os estudiosos e expositores espíritas atentarem para a relevância da obra de Gabriel Delanne e seguirem seu conselho, divulgando-a.

Agradecemos de coração, para finalizar, os esforços do Centro Espírita Léon Denis, que vem realizando esforços editoriais na contramão do mercado, mas na direção de um Espiritismo melhor conhecido e divulgado. Certamente não teríamos acesso ao trabalho cuidadoso de Regnault e Bodier se não fosse a pena paciente do professor José Jorge e o trabalho em equipe deste núcleo de estudantes e trabalhadores da causa espírita.

Fontes bibliográficas

    BODIER e REGNAULT, 1990

    DUMAS, 1980


    LANTIER, 1971.


    MIRANDA, 1991.

    WANTUIL e THIESEN, 1980.


Índice

Referências Bibliográficas

ABREU, C. O Primeiro Livro dos Espíritos de Allan Kardec - 1857. São Paulo: Companhia Editora Ismael, 1957.

BODIER, P.; REGNAULT, H. Gabriel Delanne - Vida e Obra. Tradução José Jorge. Rio de Janeiro: Centro Espírita Léon Denis, 1988

_______.
Gabriel Delanne: vida e obra. Rio de Janeiro: CELD, 1990

CALDWELL, D. O Mundo Esotérico de Madame Blavatsky. Tradução Vera Lucia Leitão Magyar. São Paulo: Madras Editora, 2003

DOYLE, A. C. The History of Spiritualism - Vol I. Australia: Projeto Guttemberg, 2003. Disponível em: http://gutenberg.net.au/ebooks03/0301051.txt

DUMAS, A. História do Espiritismo. in: História do ocultismo Porto: Nova Crítica, 1980

KARDEC, A. Obras Póstumas (Coleção das Obras Completas de Allan Kardec - Volume XIX). São Paulo: EDICEL, 1976.

KELDER, P. A Fonte da Juventude - Livro 2. Tradução Luiz. A. Oliveira de Araújo. Rio de Janeiro: Editora Best Seller, 2005

LANTIER, J. O Espiritismo. Lisboa: Edições 70, 1971. p. 74-83.

MIRANDA, H. Diversidade dos carismas. Niterói: Arte e Cultura, 1991.

SCHLENSIGER, J. A Review of the Progress of Spiritualism. Workers in the Vineyard. São Francisco: 1896 (Trecho do texto disponível em:  http://www.spirithistory.com/96calhis.html. Acesso em 12 de setembro de 2006).

TRVELYAN, G. M. A Shortned History of England. New York: Penguin Books, 1987

WANTUIL, Z.; THIESEN, F. Allan Kardec. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1979

______.
Allan Kardec (vol. III). Rio de Janeiro: FEB, 1980. p. 120-122, 314-316, 373-379

WIKIPEDIA. British Empire. In: WIKIPEDIA, The Free Encyclopedia. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/British_Empire. Acesso em 12 de setembro de 2006.

Indice


 ° QUESTÕES & COMENTÁRIOS


Devido à ..., Mário César, Portugal

(Correção do editorial do Boletim 517*)

A frase "Devido à uma fase de grande demanda... etc." não está correcta. O correcto será "Devido * a * uma fase de grande demanda....". Aquele "a" a seguir a "demanda" náo leva o acento grave (nem qualquer outro acento, aliás), não é acentuado. Levaria se a frase fosse, por exemplo, "Devido à chuva excessiva, houve prejuízos nas colheitas...". "Devido a" é o mesmo que "em virtude de", "por causa de" "em consequência de", "em razão de".
 
Ver o vocábulo "devido" na página 1026 do "Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa". Directamente antes de um substantivo (vide o exemplo que lá consta "Não continuaram devido à falta de visibilidade..." aquele "a" é acentuado, mas antes do /numeral /um ou uma, nunca é.

* Corrigimos a versão disponível no site do GEAE.

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° PAINEL

Revista Espírita, Jáder Sampaio, Brasil

Amigos,

A Sociedade Espírita Francesa e Francófona tem publicado no endereço http://www.spiritisme.net/revuespirite.php a Revista Espírita* em formato pdf para download. Além do período em que Kardec foi o editor da Revue, já estão disponíveis exemplares até 1886.

Outra contribuição importante do site é uma cronologia espírita http://www.spiritisme.net/chrono.php que mostra os principais acontecimentos noticiados pela revista espírita e os principais eventos relacionados às instituições espíritas francesas no século XX. Nesta cronologia é possível acompanhar as transformações da USF (União Espírita Francesa), o trabalho de Jean Meyer, as principais decisões do Instituto Metapsíquico Internacional e o período em que André Dumas foi presidente e secretário dos órgãos espíritas, modificando nomes (inclusive da Revista Espírita) até a atual gestão de Roger Perez. Ao longo das décadas noticia-se uma cirurgia espiritual a que Leopoldo Machado se submeteu e uma mensagem conhecida de Francisco Cândido Xavier, avisando sobre a segunda guerra mundial. Há comunicações dos principais congressos espíritas e os obituários das personalidades espíritas e espiritualistas que marcaram o século XX, além da publicação de livros e conferências importantes.

Fraternalmente,

Jáder Sampaio


* OBS: É a versão original em francês.

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Agenda da AME Internacional na Europa, Out./2006, Elsa Rossi, Reino Unido

REINO UNIDO
10 Outubro  - Londres
Dr. Decio Iandoli  - 6pm to 7.15pm.   -  Palestra –Reincarnation as a Biological Law
Dr. Marlene Nobre  -  7.30pm to 9pm.  -  Palestra  -  Beyond this Life
Organização - BUSS  -   Info: bussevents@aol.com   tel   01323 895979   -   www.spiritismuk.org
 
11 Outubro  - Londres
Dra. Marlene Nobre - 6.30 – 7.45 pm  - Tema: Spirit Attachment: A Challenge to Psychiatry and to the Health Profession. 
Dr. Roberto Lúcio V.de Souza  -  8.00pm - 9.15pm  - Tema: The Multiple Faces of Depression
 
12 Outubro - Londres
Dr. Roberto Lúcio V.de Souza - 6.30pm - 7.45pm - Tema: Patient Care (treatment) at a Spiritist Psychiatric Hospital
Dr. Marlene Nobre - 8.00pm - 9.15pm
Tema: Proof of Life After Death: Research on Mediumship and Near Death Experiences.
Organização - APES  - Info - 0207 244 9648 / 07784840671 - spiritist.association@virgin.net
 
PORTUGAL
14 e 15 de Outubro  -  Lisboa
I Jornadas Portuguesas de Medicina e Espiritualidade.
Palestrantes -  Marlene Nobre, Dr. Francisco José Ribeiro da Silva,
Dra. Eliane Oliveira, Dra. Anabela Cardoso, Dr. Gilson Luís Roberto, Dr. Júlio Peres, Dr. Roberto Lúcio Vieira de Souza, Dr. Décio Iândoli Jr.  -   Local - Auditório da Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa
Organização - Grupo Espírita Batuíra e a AME – Internacional  -  Info - www.jornadasportuguesas.org
 
ALEMANHA
18 de outubro Mannheim
Dra. Marlene Nobre - às 19 horas  -  Palestra: Medicina e Espiritualidade: Um Novo Paradigma para o Século XXI
Dr. Gilson Luís Roberto  -  Palestra: Homeopatia e Espiritualidade
Local: Belchenstr. Diakonie Krankenhaus - Seminarräume
Info: Euda Kummer Tel: 0049 6218321509   e-mail: euda.kummer@t-online.de
 
19 de outubro Munique
Dra. Marlene Nobre - às 19 horas  -  Palestra: Medicina e Espiritualidade: Um Novo Paradigma para o Século XXI
Dr. Gilson Luís Roberto  -  Palestra: Pensamento e Saúde na Visão Espírita
Local: Agnes-Bernauer-Str. 97 - INTERIM
Info: Cleide Ferreira Tel: 0049 8105272869   e-mail: cleide.ferreira@web.de
 
SUIÇA
Genebra  - 21 e  22 de outubro - 9h30 às 17h30
Palestrantes Drs. - Marlene Nobre, Gilson Luis Roberto,  Roberto Lúcio Vieira de Souza, Eliane Oliveira, Nelly Berchtold, François Trümpler, palestrante convidado
Local - Maison des Associations socio-politiques   -  Organização - Association Perspectives 21  - 
Info: perspectives.21@hotmail.com  - Tél. : 076 408 2666  www.ame-ch.org

França 

23,24 - Paris
 
Outros Eventos da AME Internacional em Outubro

7 / 8 October 2006 US  -  1st United States Spiritist Medical Congress
www.ussmcongress.org/index.en.htm

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Congresso Medico-Espirita Americano, Francisco Cavalcanti, Estados Unidos

Prezados Senhores,

No intuito de colaborar na divulgacao da Doutrina Espirita, solicitaria, se possivel for, que divulguem a respeito do Congresso Medico-Espirita Americano, que sera realizado em Washington, DC, USA, nos dias 07 e 08 de outubro de 2006. Este evento estara sendo realizado pelo Conselho Espita Americano em parceria com a Associacao Medico-Espirita Internacional e tem inscricoes limitadas.

Entrem nos links http://www.usspiritistcouncil.com ou http://www.amebrasil.org.br e aproveitem para fazerem suas inscricoes, que serao limitadas.

Um forte abraco a todos que fazem parte direta ou indireta deste Informador,

Francisco Cavalcanti

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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição/Cancelamento - inscricao-pt@geae.inf.br

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português - http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" - http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins