Boletim GEAE

Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec

Ano 13 - Número 499 - 2005            27 de setembro de 2005


Editorial

Dai a César o que é de Cesar
 

Artigos

As Três Revelações de Deus aos Homens, Vera Meira Bestene, Brasil
Curso de Ciência e Espiritismo, 17ª Aula, Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil

História & Pesquisa


Questões e Comentários

Inteligência e Instinto, Taís, Brasil

Painel

3º Forum de Espiritismo e Ufologia em outubro de 2005
IV Feira do Livro Espírita - Rio das Ostras - Rio de Janeiro


Editorial

Dai a César o que é de César

Todos os espíritos notadamente Superiores que viveram em nosso planeta e nos ensinaram através do exemplo vivo de suas próprias ações, foram muito claros em relação à questão da conhecida máxima evangélica objeto do título deste editorial.

As épocas em que aqui viveram esses espíritos também foram extremamente tumultuadas e cheias de conflitos de interesses, não sendo isto um privilégio único da nossa época.

Tomemos como exemplo o caso de Jesus Cristo e a mensagem propriamente dita (Mateus, 22, 15-22 e Marcos 12, 13-17), direcionada aos fariseus que o incidiavam. De uma forma clara, objetiva e sem radicalismos, ele os respondeu, nos mostrando, por meio da máxima em estudo, como devemos se posicionar em relação à nossa responsabilidade como espíritos em marcha evolutiva e cidadões vivendo em um contexto social, sem termos a necessidade de misturar as coisas, colocando tudo no seu devido lugar.

É fato facilmente constatável que as religiões em geral sempre estiveram imiscuidas no processo político das sociedades, no intuito de garantir parcela do poder mundano, sendo que muitas vezes detiveram este poder por completo. A história nos mostra com clareza, que estes foram os momentos mais sombrios por que passou a humanidade, sob o ponto de vista moral. Entretanto, essa idéia equivocada leva muitos a imaginarem que é imperativo trazer para dentro das religiões uma parcela de atividade político-partidária, como forma de acelerar o progresso moral das coletividades. Imaginamos ser esta uma interpretação equivocada e em absoluta falta de sintonia com a máxima enfatizada pelo mestre de Nazaré.

A plêiade de Espíritos Superiores, sob a égide do Espírito de Verdade, através da Doutrina dos Espíritos nos faz entender ainda melhor a máxima em questão. O caráter universalista dos seus ensinamentos apela para a razão e o bom senso e é dirigido a qualquer ser humano, podendo transformar-se na mais eficiente ferramenta a ser usada em benefício do seu progresso moral, sem exigir de nós que façamos parte desta ou daquela religião, e muito menos que estejamos engajados neste ou naquele partido ou movimento político.

O entendimento do GEAE, em seu propósito simples e humilde de congregar esforços no estudo da Doutrina dos Espíritos, é o de que na seara do Espiritismo é irrelevante a postura político-partidário que alguém venha eventualmente a abraçar. Não trazemos a discussão política para os estudos do grupo e expressamos isto de forma bem clara no nosso FAQ. Reconhecemos que a opção pelo engajamento político-partidário é um direito indiscutível e inalienável de qualquer pessoa, entretanto, entendemos que o Movimento Espírita não é a arena ideal para o exercício deste direito. Todavia, respeitamos o direito de outros pensarem de forma diferente.

Muita Paz,
Antonio Leite
Editor GEAE

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Artigos

 As Três Revelações de Deus aos Homens, Vera Meira Bestene, Brasil


Tivemos três Revelações enviadas por Deus, para todas as criaturas:
 
A Primeira Revelação em missão de justiça, foi transmitida através de Moisés.
 
A Segunda Revelação, verdadeira revelação de amor, foi trazida por Jesus que ensinou e vivenciou o amor, exemplificando para nós.
 
A Terceira Revelação é a Doutrina Espírita, esclarecedora, interpretativa, veio nos dar mais um pedacinho de nossa evolução, trazendo o conhecimento sobre  a existência, a comunicabilidade a  eternidade do Espírito e a diversidade dos mundos habitados.
 
Moisés, nome de origem egípcia quer dizer " Salvo das águas" . Toda a vida de Moisés - seus atos, seus feitos, suas leis - é descrita nos quatro livros do Pentateuco Bíblico: Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, cuja autoria lhe é atribuída. Segundo a tradição, ele morreu aos 120 anos. Ainda pôde avistar ao longe, do alto do Monte Nebo, o objetivo do seu sonho, o alvo da sua promessa: a Terra Prometida. A sua missão estava cumprida. Assim foi a vida do grande líder do povo hebreu, do gênio militar e político, do legislador e de um dos maiores médiuns de todos os tempos.
 
Conforme está em Exodo 19:7-8, veio Moisés, chamou os anciães do povo, e expôs diante deles todas estas palavras que o Senhor lhe havia ordenado”:
   
- Não fazer nem adorar imagens e ídolos.
II - Não falar o nome de Deus em vão.
III - Não trabalhar no sábado.
IV - Honrar pai e mãe.
- Não matar.
VI - Não cometer adultério.
VII - Não roubar.
VIII - Não prestar falso testemunho contra o próximo.
IX -  Não desejar a mulher do próximo.
-  Não desejar qualquer coisa que pertença ao próximo.
 
Estes são, portanto os 10 mandamentos da Lei de Deus, que formam a primeira revelação.
 
Seguidamente a Moisés, na seqüência das revelações de Deus aos homens, tivemos a graça da existência entre nós do ser iluminado: Jesus que é a segunda das revelações de Deus aos homens. Jesus não deixou nada escrito. Tudo o que se conhece de sua obra foi escrito pelos evangelistas Lucas, João, Pedro e Marcos. O Evangelho de Lucas foi escrito com base em profundas pesquisas. Lucas não conviveu com Jesus, mas o admirava e escreveu tudo sobre sua vida e obra tendo conversado com todos os que viveram com ele e participaram, de alguma forma, de sua vida.
 
Até o advento de Cristo os Mandamentos de Deus, trazidos por Moisés, eram apropriados ao entendimento dos povos. Eles não entendiam nada sobre adoração de Deus sem sacrifícios e holocaustos como acontecia naquela época. Jesus então, há seu tempo, veio, não para impedir que a Lei de Deus fosse pregada ou cumprida, mas sim, para empregá-la. Foi assim que pregou a mais pura moral: a moral evangélica, cristã, que tem como lema maior a aproximação dos homens para torná-los fraternos, amando-se uns aos outros, transformando o mundo fazendo-o morada de espíritos superiores aos que ainda hoje a habitam.
 
E assim foi a vinda de Cristo. Um verdadeiro presente aos homens.
 
Jesus viveu no seu tempo, construiu valores universais únicos que modificaram toda a vida cultural, social,política e econômica dos povos que lhe sucederam, sendo, inclusive, conceitos essenciais para o Espiritismo.
   
Quando pensamos em Jesus, pensamos na forma que o Espiritismo vê seus ensinamentos, seu padrão de comportamento, o significado de sua existência.
Ele, como todo ser humano, nasceu de um homem e uma mulher. São seus pais José e Maria. De origem humilde, não tinha pretensão de poder político. Sua capacidade mediúnica era impressionante e foi interpretado por muitos como milagre. Seu vasto conhecimento e sua mediunidade fizeram-no capaz de acontecimentos maravilhosos e fantásticos. O Espiritismo não precisa fantasiar as coisas para nos fazer entender Jesus, pois não é importante como ele nasceu ou morreu, mas sim, como viveu.
     
Jesus não pode ser confundido com Deus. Não é encarnação de Deus. Era filho de Deus, como todas as criaturas. Quando olhamos Jesus distanciado de Deus, como criatura de Deus, podemos melhor entender e apreciar as suas grandes virtudes demonstradas que foram por seus conhecimentos, capacidade mediúnica e compreensão do amor como lei fundamental do Universo, o que nenhum homem, até então, havia alcançado.
   
Jesus, para a Doutrina Espírita, tem um espírito que tem uma história ao longo da qual foi construído seu conhecimento, diferenciando-se do nível médio das criaturas.
   
Jesus é o caminho, a verdade e a vida, em sua diversidade e sua multiplicidade.
   
Jesus é padrão de comportamento aberto para auxiliar as pessoas na construção de seu próprio futuro.
     
Jesus é exemplo claro de comportamento moral.
     
A terceira das revelações de Deus aos homens veio através do Espiritismo, que é “de origem divina, da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho dos homens” conforme podemos bem compreender ao ler o capítulo I item 13 de A Gênese, um dos livros do Pentateuco espírita.
   
O espiritismo é a ciência que, com provas irrecusáveis, vem revelar aos homens a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal. Assim podemos entender que o Espiritismo não tem nada de sobrenatural, mas ao contrário, como uma das forças da natureza, agindo incessantemente como origem de uma infinidade de fenômenos até ali incompreendidos o que fazia com que todos os levassem para o campo do fantástico e maravilhoso. As coisas ditas por Jesus, muito ainda foram ininteligíveis e muitas vezes iterpretadas de forma errada e até fantasiosa.
 
A lei do antigo testamento está personificada em Moisés, e a do Novo Testamento em Cristo.
 
O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não está personificada em ninguém, porque é produto do ensino dado não por um homem, mas pelos Espíritos.
 
Pode-se observar nos ensinamentos de Deus aos homens que Cristo tendo vindo como a segunda revelação, preocupou-se em explicar que ao veio modificar nada e sim fazer cumprir. Disse ele: "Não vim destruir a lei mas dar-lhe cumprimento" .Da mesma forma diz o Espiritismo: "não venho destruir a lei Cristã, mas cumpri-la".
 
O Espiritismo nada ensina que seja contrário aos ensinamentos de Cristo. Sua meta é desenvolver, completar e explicar em termos claros, simples e compreensíveis para todos, tudo quanto foi dito sob forma alegórica; em cumprir nos termos preditos, aquilo que o Cristo anunciou e preparar o cumprimento das coisas futuras.
 
Assim foi que para cumprir os anúncios de Cristo, reencarnou na Terra, Hippolyte Léon Denizard Rivail ou Allan Kardec, como mais tarde ficou conhecido, após ter codificado a Doutrina Espírita.
 
A ele coube a tarefa de organizar e ordenar as perguntas e distribuir didaticamente as matérias encerradas nos textos e redigir os comentários às respostas dos Espíritos.
 
Como meio de elaboração o espiritismo procede exatamente como as ciências positivas. Aplica o método experimental. “Quando fatos novos se apresentam que não podem ser explicados pelas leis conhecidas, ele observa, compara, analisa e remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; Assim, depois dedus-lhe as conseqüências e busca as aplicações práticas”. O espiritismo não estabeleceu nenhuma teoria pré concebda, conforme nos esclarece a Gênese de Allan Kardec, livro editado em 1868. É, portanto a Doutrina Espírita “há resultado do ensino coletivo e concordante dos Espíritos. A Ciência é chamada a constituir a Gênese de acordo com as leis da Natureza. Deus prova a sua grandeza e seu poder pela imutabilidade das suas leis e não pela ab-rogação delas. Para Deus, o passado e o futuro são o presente.
 
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Curso de Ciência e Espiritismo, 17.a Aula, Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil


O Laboratório da Pesquisa Espírita

1. LABORATÓRIO DE PESQUISA ESPÍRITA

Nas últimas aulas falamos sobre as vantagens de se preparar um projeto de pesquisa espírita e do papel do orientador no trabalho de pesquisa. Enfatizamos a necessidade do estudo básico do Espiritismo e que o hábito regular na leitura de livros e artigos espíritas é condição necessária para quem deseja contribuir seus esforços na atividade de pesquisa espírita com seriedade. Nesta aula, vamos comentar sobre a questão do local onde realizar um trabalho de pesquisa espírita.

O ser humano sempre quis descobrir e revelar os segredos da Natureza. A Filosofia, nos primeiros tempos da cultura ocidental, significava a “busca pela verdade” [1]. Para isso, aprendemos a observar a Natureza de modo especial obtendo e registrando informações. Com o desenvolvimento da Ciência, a forma pela qual o conhecimento é obtido passou a envolver dois ingredientes fundamentais: teoria e prática. Na primeira aula deste curso (Boletim 483), ao introduzirmos o conceito de ciência, comentamos que em todo trabalho de observação dos fatos é impossível fazê-lo “sem ter uma hipótese ou idéia pré-concebida” [2]. Isso mostra o grau de ligação entre o conhecimento teórico e o fenômeno que se pretende estudar.

Hoje em dia, o volume de conhecimento é bastante elevado. Basta dizer que é impossível alguém se tornar especialista em várias áreas do conhecimento ao mesmo tempo. Mesmo dentro de uma mesma área, existem tantos tópicos de estudo que é muito difícil uma pessoa conhecer bem a todos eles. Isso é algo tão real que mesmo dentro de um mesmo tópico de uma mesma área de pesquisa existem pessoas que se tornam especialistas em uma das seguintes frentes de trabalho fundamentais: 1) teoria e 2) prática. Vamos rever alguns conceitos mais gerais sobre essas duas frentes:

Em teoria, os cientistas desenvolvem o formalismo e trabalham com os modelos que representam a realidade. No casos das ciências exatas, eles usam as regras e leis matemáticas para obter novos resultados e assim pesquisar as consequências dos conceitos e definições já conhecidas. Busca-se, por exemplo, a previsão de diversos fenômenos novos que serão objeto de interesse de outros cientistas que trabalham com a prática. Aqui, os cientistas buscam aprimorar os modelos criados por outros cientistas para que eles expliquem cada vez melhor o conjunto de fenômenos de cada disciplina científica. Na aula 1 (Boletim 483) comentamos a respeito das hipóteses auxiliares que tinham a função de “complementar e fazer o contacto ou a conexão entre os dados experimentais ou fatos observados e o núcleo teórico principal” [2]. Boa parte do trabalho teórico se situa nessa parte das hipóteses auxiliares. Os cientistas se informam sobre os novos trabalhos experimentais e buscam maneiras de ligá-los aos conceitos básicos da teoria que compõe a disciplina científica em questão. Ou, imaginam novas aplicações e sugerem aos experimentalistas novas idéias práticas. 

Em prática, os cientistas trabalham com os fenômenos. Os fenômenos significam a mensagem da Natureza. Ao longo do tempo, os cientistas perceberam que os fenômenos naturais ocorrem de acordo com determinadas regras ou seguem determinados mecanismos. Para testar essas regras e mecanismos, os cientistas tentam reproduzir os fenômenos naturais em locais onde eles podem controlá-los e isolá-los da influência de outros fatores. Eles fazem isso para verificar as propriedades e características do fenômeno que está sendo estudado. Isso permite que o conhecimento a respeito do fenômeno se consolide e possa ser usado para desenvolver novas aplicações. A Ciência confere ao experimento uma importância bem grande. Em geral, é a prática que deve dar a última palavra sobre a validade de determinada teoria. Apesar da Ciência possuir regras de “proteção” às teorias básicas, a parte experimental é a única capaz de gerar a crise nas teorias proporcionando o surgimento de novos paradigmas [2]. Kardec reconhecia o valor da prática, o que pode ser verificado no ítem VII da Introdução do Livro dos Espíritos [3]: “Desde que a Ciência sai da observação material dos fatos, em se tratando de os apreciar e explicar, o campo está aberto às conjeturas. Cada um arquiteta o seu sistemazinho, disposto a sustentá-lo com fervor, para fazê-lo prevalecer. (...) Os fatos, eis o verdadeiro critério dos nossos juízos, o argumento sem réplica. Na ausência dos fatos, a dúvida se justifica no homem ponderado.” (grifos nossos).

O Prof. Aécio P. Chagas em sua obra Introdução à Ciência Espírita [4] diz que a palavra laboratório significa simplesmente “local de trabalho”. Entretanto, vamos usar a palavra laboratório no sentido em que é mais empregada: o local onde um fenômeno é isolado do resto do mundo para ser analisado e estudado de forma independente e por meio de diversos aparelhos. Enfim, o laboratório é o lugar da realização da pesquisa prática. Vamos diferenciar esse conceito da idéia comum de “local de trabalho” com fins didáticos sobre a diferença entre o trabalho teórico e prático

O local de trabalho de um cientista ou pesquisador teórico consiste do seu gabinete ou escritório e de uma boa Biblioteca. Hoje em dia, com o avanço e o conforto proporcionado pela internet, a Biblioteca tem se tornado algo virtual e acessível do próprio escritório de trabalho. Não podemos deixar de lembrar da lanchonete onde o momento do cafézinho tem se tornado comum pelo enorme ensejo de troca de idéias entre os cientistas. Brincadeiras a parte, o local de trabalho de um pesquisador em teoria é algo tão simples que, em alguns casos, pode ser transferido para a casa do pesquisador.

O local de trabalho de um cientista ou pesquisador prático ou experimental consiste não somente do seu gabinete ou escritório, da Biblioteca e da lanchonete, mas também de um recinto comumente conhecido como laboratório. O laboratório consiste num local onde diversos aparelhos são utilizados para realizar-se testes controlados e organizados sobre determinado fenômeno natural. Em alguns casos, o laboratório pode ser algo não restrito a quatro paredes e tão extenso quanto uma reserva ecológica [4]. Um observatório astronômico não é bem um local onde se pode isolar os fenômenos que a Astronomia estuda, nem se pode isolá-los do resto do mundo, mas é considerado o laboratório onde o astrônomo observa e estuda o comportamento das estrelas. Para vermos a abrangência do assunto, podemos dizer que o conjunto de escolas estaduais de uma determinada cidade pode ser considerado um laboratório de pesquisas na área de Educação, enquanto que um bairro pode ser um laboratório de pesquisas na área de ciências humanas e sociais. O mais interessante em todos esses exemplos é que a idéia de laboratório está ligada à idéia de prática ou de observação da realidade, ou ainda, de observação dos fatos

O local do trabalho de pesquisa espírita depende, logicamente, do gênero de pesquisa que está sendo feito. Se o trabalho de pesquisa for teórico, o pesquisador vai precisar de um lugar tranquilo para ler e estudar a literatura e um escritório para fazer anotações e escrever as idéias que surgirem. Um exemplo de trabalho de pesquisa teórico é a obra de Ney S. Pinheiro, Prontuário das obras de Allan Kardec [5]. 

Se o trabalho de pesquisa for prático o local de trabalho depende do tópico de pesquisa. Por exemplo, o trabalho de pesquisa realizado pelo Dr. Hernani G. Andrade, divulgado na obra Reencarnação no Brasil [6], exigiu a visita do pesquisador a diversas localizações para entrevistas e verificações das informações colhidas. Na obra Diálogo Com as Sombras, Teoria e Prática da Doutrinação [7], o local de trabalho de pesquisa foi a casa espírita e a sala de reunião mediúnica onde a reunião de desobsessão ocorria (deixamos para o leitor a leitura dos livros acima para se inteirar dos detalhes).

O Prof. Aécio P. Chagas afirma que “o laboratório da ciência espírita é o centro espírita” [4]. Segundo ele o centro espírita é o local onde as pessoas que conhecem a “teoria” (a Doutrina Espírita) realizam a “prática” que consiste nos fenômenos que ocorrem sob controle e orientação doutrinária. O centro espírita, além de possuir as pessoas que conhecem a “teoria”, conta com o apoio dos bons espíritos. Se um projeto de pesquisa tiver objetivos nobres, certamente os bons espíritos farão o que for possível do “lado” deles para que o projeto tenha sucesso. A referência [7] é um exemplo bem sucedido desse tipo de trabalho de pesquisa.

Seria a Universidade um local apropriado para a realização de trabalhos de pesquisa espírita? O Prof. Aécio acredita que dentro de uma ideologia positivista que caracteriza as universidades ainda não é possível a realização de um trabalho de pesquisa espírita [4]. Nós acreditamos que na medida que os espíritas ocuparem naturalmente mais espaços no meio acadêmico, é possível reduzir o preconceito iniciando a introduzir assuntos de interesse espírita dentro das universidades. Na verdade isso já vem ocorrendo como mencionamos na aula 13 (ver Boletim 495) onde algumas teses de mestrado e doutorado envolvendo temática espírita foram concluídas com o mesmo êxito das teses envolvendo assunto não-espírita. Isso nos traz um sentimento de esperança no futuro.

Independente do Espiritismo ocupar um maior espaço dentro da Universidade, é preciso que o Movimento Espírita se organize para oferecer cada vez mais melhores condições de realização e divulgação dos trabalhos de pesquisa espírita. Individualmente, todos os que desejam contribuir para o progresso do conhecimento espírita devem se conscientizar da importância do estudo constante tanto da base do conhecimento espírita (a Doutrina Espírita) quanto das obras complementares. Não devem se esquecer do esforço pela reforma íntima que caracteriza o verdadeiro espírita. Além disso, é preciso estar constantemente lendo os periódicos espíritas para estar ciente dos trabalhos de pesquisa atuais que vém sendo realizado por outros pesquisadores, bem como ter conhecimento de quem está trabalhando em determinados assuntos.

Aos poucos as casas espíritas compreenderão que além de tudo de bom que já fazem pela divulgação do Espiritismo e pelas pessoas em geral, elas poderão contribuir com um tijolinho no processo de desenvolvimento dos conhecimentos espíritas. Tudo o que temos de bom, hoje, na Humanidade, decorreu de uma série de estudos e pesquisas pequenos, muitas vezes, realizadas em diversos lugares e que juntos permitiram os bens do progresso. Acreditamos que podemos aproveitar o melhor desse esquema para progredirmos em nossos objetivos maiores de progresso moral da Humanidade.

Referências

[1] S. S. Chibeni, O Espiritismo em seu tríplice aspecto Parte I 2003, Reformador Agosto, pp. 39-41.
[2] A. F. da Fonseca, Curso de Ciência & Espiritismo, aula 1: Introdução e conceito de ciência, Boletim GEAE 483, (2005).
[3] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, Editora FEB, 76a Edição (1995).
[4] A. P. Chagas, Introdução à Ciência Espírita, Publicações Lachâtre (2004).
[5] N. S. Pinheiro, Prontuário das obras de Allan Kardec, Editora Edicel, 2a. Edição (1998).
[6] H. G. Andrade, Reencarnação no Brasil, Casa Editora O Clarim, 2ª Edição (1998).
[7] H. C. Miranda, Diálogo Com as Sombras, Teoria e Prática da Doutrinação, Editora FEB, 8a Edição, (1994).


Continua no próximo Boletim

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História & Pesquisa

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas")

Semana de Kardec, Jader Sampaio, Brasil


Prezados Colegas de LIHPE,
   
Segue em anexo a programação da Semana de Kardec, a ser realizada na Associação Espírita Célia Xavier, em Belo Horizonte (MG). Teremos a presença do Paulo Henrique, editor da revista Universo Espírita (SP), que virá divulgar seu livro "Mesmer: a ciência negada e os textos escondidos". Peço a gentileza de ajudarem a divulgar ao máximo.
   
Fraternalmente, 
Jáder Sampaio
   

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Questões e Comentários 

Inteligência e Instinto, Taís, Brasil

Gostaria de saber se há possibilidade de enviar-me material a respeito de como o espiritismo encara a questão do sexo. Se possivel enviar também uma bibliografia a respeito, pois o material pesquisado na internet foi muito básico.

Também gostaria de saber sobre a inteligência. É a mesma que terazemos de outras vidas e/ou planetas? Ainda teremos oportunidade de usar toda a nossa inteligência para o bem em um mundo evoluído. Qual a diferença de instinto e inteligência uma vez que biólogos defendem que os animais têm instinto, mas vemos que possuem inteligencia?

Sei que são muitas perguntas, mas se puderes enviar-me onde posso respondê-las já estarei muito feliz.

Obrigada mesmo,
Taís



Prezada Taís,

Primeiramente gostaria de parabenizá-la pelo interesse no estudo dessas questões, cujo aprendizado é necessário e vital para atingirmos o progresso espiritual. O estudo é mesmo o melhor caminho, e, acima de tudo, uma responsabilidade de todos nós.

Com relação a sua primeira pergunta, a questão do sexo, a obra Sexo e Destino, psicografada por Francisco Cândido Xavier e ditada pelo espírito de André Luiz, responde as indagações que todos nós temos sobre o relacionamento sexual humano, com as implicações na vida futura do Espírito Imortal. Esta é uma leitura indispensável e essencial ao entendimento da responsabilidade que todos temos em relação à atitude que devemos assumir perante essa importante faculdade do espírito humano.

Com absoluta certeza, somos hoje o resultado do que fomos em outras vidas. A oportunidade de usar toda a nossa inteligência da forma que acharmos mais conveniente e segundo o nosso livre arbítrio, é uma condição que está presente em nossas vidas, a todo momento e em qualquer lugar que estejamos. É baseado no uso dessa nossa inteligência que vamos avançar ou ficar marcando passos em nosso escala evolutiva. Temos que sempre levar em consideração a questão do livre arbítrio, pois nem mesmo Deus, o Criador, interfere no uso dele, naquilo que depender da nossa quota de ação e serviço no trabalho pelo nosso próprio aprimoramente.

Já que o seu pedido é no sentido de indicarmos literatura para o estudo das questões por você levantadas, tomo a liberdade de indicar duas outras obras, as quais muito a ajudarão no tocante ao entendimento das indagações levantadas na segunda parte da sua mensagem.

A primeira delas é uma obra de conteúdo bastante abrangente, cuja leitura nos faz entender melhor essa questão da inteligência, já que esta palavra tem uso muito diversificado e muitas vezes até confuso. Trata-se da obra A Memória e o Tempo, de autoria do escritor espírita Hermínio C. Miranda, que considero um dos maiores escritores espíritas da atualidade.

A segunda obra que indico, cujas abordagens são bem claras no tocante a essa questão da diferença entre instinto e inteligência e os animais, é um clássico da literatura espírita, de autoria de um dos maiores escritores espíritas de todos os tempos. Trata-se da obra A Reencarnação, de Gabriel Dellane. A leitura dos capítulos III [A Alma Animal - Esposição da Unidade das Leis da Vida em toda a Escala Orgânica], IV [A Inteligência Animal] e V [As Faculdades Supranormais nos Animais e seu Princípio Individual], trarão esclarecimentos seguros sobre as questões levantadas por você. É digno ainda de menção, outra obra deste mesmo autor [A Evolução Anímica], a qual também traz muita luz ao entendimento dessas questões.

Espero que as indicações acima a motive ainda mais ao estudo das questões relacionadas com a nossa própria realidade de Espíritos Imortais, que todos somos, mas ainda com uma vasta gama de aprendizado pela frente, o qual virá gradativamente, a medida que nos esforcemos por buscar o conhecimento que é um dos ditames da nossa própria consciência na direção do progresso espiritual rumo a perfeição, meta que todos nós almejamos.

 Muita Paz,
Antonio Leite

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Painel

 

3º Forum de Espiritismo e Ufologia em outubro de 2005

No próximo dia 02 de outubro, a partir das 15h00, acontecerá o III Fórum de Espiritismo e Ufologia da Zona Norte, na Unidade Doutrinária de Santana do Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz, em São Paulo. De acordo com os organizadores, foram convidados diversos palestrantes, dentre eles, Rodolfo Heltai, fundador do Grupo Andrômeda e consultor da Revista UFO, que na oportunidade discutirá sobre os UFOs e os Militares.

Alfredo Nahas, economista e autor dos livros A Evolução da Alma e Jesus, o Mestre Visto com Outros Olhos, desenvolverá o tema Jesus e o Contexto Cósmico da Humanidade. Já Luiz Ricardo Geddo, apresentador do programa Fenômeno UFO, da Rede Boa Nova de Rádio, falará sobre a Doutrina Espírita e Ufologia. O mediador do encontro será Jether Jacomini Filho, da Rede Boa Nova.

Os interessados em garantir seu ingresso no fórum deverão ligar para o telefone: (11) 6456-7109 e 6458-3214. As vagas são limitadas. Toda a renda do evento será revertida para a reforma e compra de equipamentos da Rede Boa Nova, ligada à Fundação Espírita André Luiz. A Unidade Doutrinária de Santana está localizada na Rua Duarte de Azevedo 691, próxima à estação de metrô Santana, em São Paulo.

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IV Feira do Livro Espírita - Rio das Ostras - Rio de Janeiro





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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição/Cancelamento - inscricao-pt@geae.inf.br

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Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
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