Boletim GEAE

Grupo de Estudos Avançados Espíritas

http://www.geae.inf.br

Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec

Ano 13 - Número 497 - 2005            16 de agosto de 2005


Editorial

O Porquê da não Interferência Divina, Ed Crespo, USA

Artigos

Curso de Ciência e Espiritismo, 15ª Aula, Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil
Reencarnação, Severino Celestino da Silva, Brasil
     

História & Pesquisa

Centenário do Jornal "O Clarim"


Questões e Comentários

Sobre a Programação da Mente, Valéria Perei, Brasil

Painel

Palestras de Raul Teixeira em UK, Elsa Rossi, Inglaterra
2@ Semana Espírita da CEEA, J. Roberto, Brasil


Editorial


O Porquê da não Interferência Divina, Ed Crespo, USA

   
Habitualmente vemos nas televisões e também lemos diariamente acerca das misérias humanas e catástrofes acontecendo através do mundo, e a questão que frequentemente nos ocorre é a seguinte: Por que não há interferência de Deus ou de seus Mensageiros? O Criador é supostamente Todo Amor, bem como os seus Mensageiros, então por que essas coisas acontecem, as quais poderiam ser evitadas se houvesse intervenção espiritual? Que explicações nos dão as religiões tradicionais para tão angustiante questão e como a Doutrina Espírita responderia a esta indagação?

Na maioria dos casos, as outras religiões calam-se quanto ao aspecto do porquê Deus e seus Auxiliares não interferem nas vicissitudes humanas. Cabe lembrar aqui que essas religiões não advogam a crença na reencarnação. Como elas não acreditam na lei de causa e efeito, ou karma como entende os Espíritas, torna-se mesmo difícil para elas a resposta ao nosso questionamento.

Mas o Espiritismo pode responder a esta questão. A Doutrina Espírita, no livro Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu Capítulo V, nos ensina que "as vicissitudes da vida são de duas espécias, ou, se assim se preferir, têm duas fontes bem diferentes que importa distinguir: umas têm sua causa na vida presente, enquanto outras vêm de vidas passadas."

Mas alguém poderá indagar: Por que, enfim, a existência das misérias humanas? À esta indagação, o Espiritismo ensina "que os sofrimentos cujas causas se originam em existência anterior à presente, bem como aqueles que têm origem na presente existência, são frequentemente as consequências dos erros por nós cometidos." Portanto, através "da ação de uma rigorosa distribuição da justiça [baseada na lei de causa e efeito], nós sofremos as consequências do sofrimento que impusemos aos outros." As aflições e os sofrimentos da vida e suas consequências nefastas não poderão ser racionalmente explicados por outras crenças, somente o Espiritismo, através da crença na doutrina da reencarnação, nos pode dar uma explicação racional dessas aflições. Que justificativa racional teriam outras religiões para algo que parece ser uma contradição da Bondade e da Justiça da Divina Providência?

Nós já vivemos antes, razão pela qual devemos pelas transgressões, erros e decisões equivocadas do passado, os quais, cedo ou tarde, pagaremos até o último centavo. Nós também sabemos que estamos vivendo num planeta inferior e que a vida aqui não é um piquenique. Existem violências, guerras, epidemias, catástrofes naturais, etc., e todos os sofrimentos que daí decorrem. Nós devemos tentar nos lembrar que existe uma razão para tudo, nada acontece pelo acaso, "todo efeito tem uma causa" e se concluirmos que Deus é imparcial, então a causa tem que ser justa. Este sentimento para com o Criador e Suas Leis tem que ser cultivado e brotado do fundo do nosso coração, ele não pode ser um sentimento superficial, ele tem que emanar de dentro de nós, se trabalharmos para isto. Esta é nossa tarefa na busca pelo progresso espiritual neste Planeta! Leia, estude e medite, que um sentimento de total confiança e fé no Criador e em Suas Leis crescerão dentro de você e passarão a ser parte integrante da sua alma.

Muita Paz,
Ed Crespo
Editor GEAE

Nota do Editor: Edgar Crespo é médium e trabalha pela disseminação do Espiritismo nos Estados Unidos da América por mais de quarenta anos. Em 1982, juntamente com a sua filha Yvonne Limoges [ambos membros do Conselho Editorial do GEAE] fundou a Spiritist Society of Florida, da qual é diretor. Traduziu, do espanhol para o inglês, a popular obra da médium Amália Domingo Soler, Memórias do Padre Germano, bem como Um Guia Prático para os Espíritas, esta de autoria de Miguel Vives. Este editorial foi publicado em forma de artigo na newsletter da SSF do mês de Janeiro de 2005, sob o título Why no Divine Interference?. Tradução de Antonio Leite.

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Artigos

 

Curso de Ciência e Espiritismo, 15ª Aula, Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil

Exemplo de Projeto de Pesquisa Espírita

1. PROJETO DE PESQUISA ESPÍRITA

Na aula anterior apresentamos as características básicas de um projeto de pesquisa. Aqui, apresentaremos um exemplo de projeto de pesquisa com temática espírita criado por nós apenas para fins didáticos. Portanto, este projeto não pode ser considerado como completo já que não estudamos o assunto de modo profundo o bastante. Certamente, o leitor interessado pode utilizar o material aqui apresentado para preparar o seu projeto de pesquisa nessa ou em qualquer outra área.


Título: A influência dos espíritos na saúde do ser humano

Resumo: A influência do mundo espiritual sobre o mundo material é muito mais intensa do que se imagina, conforme a resposta à questão 459 do Livro dos Espíritos. Particularmente, o conhecimento da influência dos espíritos sobre a saúde do ser humano é um tópico de grande importância para a Ciência e de especial relevância para o nosso aprimoramento moral. As obras básicas da codificação e muitas obras psicografadas por vários médiuns abordam esse tema apresentando diversos exemplos e descrições do processo. Este projeto de pesquisa consiste no estudo sistemático das diversas formas e mecanismos pelos quais os espíritos atuam sobre o ser humano. O objetivo deste trabalho é catalogar as diversas formas de influência presentes na literatura espírita, encontrar os pontos em comum a elas, e definir propriedades gerais que caracterizem o fenômeno de modo científico.

A Equipe:

1.Pesquisadores Principais

·Alexandre Fontes da Fonseca, Editor GEAE.

·Fulano de Tal, Colaborador Grupo Espírita Tal.

2.Pesquisadores

·Renato Costa, Editor GEAE.

·Ademir Xavier Jr., Editor GEAE.

·Beltrano, Colaborador Centro Espírita Tal.

3.Colaboradores externos

·Ciclano da Silva, Grupo Espírita Tal, Salvador, BA.

Objetivos:

Neste projeto de pesquisa pretendemos estudar a influência dos espíritos na saúde humana. Para isso, estudaremos a literatura espírita catalogando os diversos casos de influência dos espíritos. Dividimos o trabalho em duas partes principais: i) Estudo das obras de Kardec (obras básicas, obras auxiliares escritas por Kardec e Revista Espírita); ii) Estudo das obras psicografadas pelos médiuns Francisco Cândido Xavier, Raul Teixeira e Divaldo Pereira Franco. Após o término dessa fase, compararemos as informações contidas nas obras básicas da codificação com aquelas trazidas pela psicografia dos médiuns citados acima. Destacaremos os pontos em comum e os conceitos essencialmente novos e diferentes. Listaremos a seguir os diversos subprojetos relacionados ao projeto principal.

1.Estudo das obras de Kardec

Neste subprojeto, estudaremos todas as obras escritas por Kardec, dando ênfase nas obras básicas da codificação e no conteúdo da Revista Espírita. Estudaremos os diversos exemplos da influência dos Espíritos sobre a saúde humana, buscando a explicação apresentada por Kardec ou pelos Espíritos para cada caso. Este trabalho não consiste, em princípio, no estudo do aspecto moral da influência dos Espíritos sobre o ser humano, porém, consideraremos as consequências psicológicas dessas influências. Enumeraremos as propriedades gerais dessa influência de acordo com as obras básicas do Espiritismo.

2.Estudo da série André Luiz

Neste subprojeto, estudaremos as obras que consistem da série de livros psicografados pelo médium Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito de André Luiz. Estudaremos os diversos casos da influência positiva ou negativa dos Espíritos sobre os encarnados descritos por André Luiz. Analisaremos a explicação fornecida pelo autor espiritual buscando destacar os elementos básicos do fenômeno. Enumeraremos as propriedades comuns na descrição de André Luiz e compararemos as explicações obtidas nesse subprojeto com aquelas obtidas no estudo das obras básicas.

3.Estudo das obras de Emmanuel

Neste subprojeto, estudaremos as obras psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito de Emmanuel. Estudaremos os diversos casos da influência dos Espíritos sobre os encarnados e a explicação dada pelo autor espiritual. Enumeraremos as propriedades comuns na descrição de Emmanuel e compararemos suas explicações com aquelas presentes nas obras básicas.

4.Estudo das obras de Joana De Angelis

Neste subprojeto, estudaremos as obras psicografadas pelo médium Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito de Joana De Angelis. Estudaremos os diversos casos da influência dos Espíritos sobre a saúde humana e a explicação dada pela autora espiritual. Enumeraremos as propriedades comuns na descrição de Joana De Angelis e comparando-as com àquelas obtidas do estudo das obras básicas.

5.Estudo das obras psicografadas por Raul Teixeira

Neste subprojeto, estudaremos as obras psicografadas por Raul Teixeira estudando os casos de influência dos Espíritos sobre a saúde humana. Enumeraremos as propriedades comuns e compararemos com àquelas obtidas com as obras básicas.

6.Comparação entre as características da influência dos Espíritos pelos diversos autores espirituais

Neste subprojeto, compararemos as diversas explicações para o fenômeno da influência dos Espíritos sobre a saúde dos encarnados, dadas pelos diversos autores espirituais, com as explicações presentes nas obras básicas da codificação e na Revista Espírita. Analisaremos a origem de cada informação, identificando o que pode ser uma opinião individual de um Espírito e o que pode ser considerado como “consenso” entre os diversos autores espirituais estudados. As propriedades e características da influência dos Espíritos sobre a saúde humana serão descritas e enumeradas de forma suscinta de modo a permitir futuros estudos sobre o assunto. 

Cronograma:

Pretendemos realizar esse projeto no período de 3 anos. Apresentaremos um cronograma resumido das atividades a serem realizadas:

2º semestre de 2005 e 1º semestre de 2006: Leitura e análise das obras básicas e da Revista Espírita. Estudo dos casos de influência dos Espíritos sobre a saúde humana e enumeração das propriedades gerais desse fenômeno. Inicio do estudo das obras de André Luiz.

2º semestre de 2006: Finalização do estudo das obras de André Luiz com a enumeração das propriedades gerais do fenômeno de influência dos Espíritos sobre a saúde humana.

1º semestre 2007: Estudo das obras de Joana De Angelis.

2º semestre de 2007: Estudo das obras psicografadas por Raul Teixeira.

1º semestre e de 2008: Comparação entre os estudos feitos para cada autor com o conteúdo das obras de Kardec.

2º semestre e 2008: Comparação entre as informações obtidas pelos diversos autores espirituais. Conclusão final do projeto de pesquisa.

Descrição dos trabalhos anteriores:

Nós utilizaremos os resultados do trabalho de pesquisa de outros autores presentes na literatura espírita para direcionar o nosso trabalho de pesquisa. Citaremos alguns destes trabalhos a seguir:

- Prontuário da Obra de Allan Kardec - Ney da Silva Pinheiro - 2ª Edição, Editora Edicel (1998).

- Vade Mecum Espírita - Luiz P. Guimarães - 7ª Edição, Edições FAE (2002).

- Perispírito - Zalmino Zimmermann - Editora Allan Kardec (2000).

- O Passe, seu estudo, suas técnicas, sua prática - Jacob Melo - 2ª Edição, FEB (1992).

Descrição da infra-estrutura:

Esse trabalho requer apenas o acesso à literatura espírita o que se consegue em uma boa biblioteca espírita. A maioria das obras a serem estudadas são de fácil aquisição por parte dos pesquisadores que participarão deste projeto. Os pesquisadores possuem recursos pessoais para escrever e armazenar os resultados da pesquisa.

Orçamento:Os pesquisadores utilizarão recursos financeiros próprios para aquisição das obras necessárias para o estudo. As obras que não puderem ser adquiridas, serão obtidas em bibliotecas espíritas.

Projeto de Pesquisa:

Aqui, os detalhes da execução do projeto devem ser descritas. Como este projeto serve apenas como exemplo, não preparamos esses detalhes. Vamos apenas dizer o que poderia ser descrito nesse espaço.

A sequência de livros a serem lidos em cada subprojeto deve ser apresentada seguida de uma justificativa. Um ou mais exemplos de casos de influência dos Espíritos sobre a saúde humana podem ser expostos para se ter uma idéia do que será registrado e posteriormente analisado.



Isso finaliza o nosso exemplo de projeto de pesquisa espírita. Nosso objetivo com as aulas 14 e 15 foi o de apresentar uma forma de preparar e organizar um estudo qualquer de acordo com um padrão comumente seguido nos meios acadêmicos. Acreditamos que isso pode ser útil para o pesquisador e estudioso espírita em suas idéias e projetos de estudo e pesquisa espírita.


Não há a necessidade de seguir rigorosamente os ítens que apresentamos aqui. Cada projeto de pesquisa possuirá seus objetivos e definirá os recursos necessários de modo que outros detalhes não descritos aqui podem surgir.


Gostaríamos de enfatizar que o projeto de pesquisa depende de modo especial da criatividade dos autores e que por essa razão não se pode definir um modelo em sentido absoluto.
 
  
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Reencarnação, Severino Celestino da Silva, Brasil

A  Reencarnação não é uma questão para ser negada ou afirmada, mas, sobretudo, para ser estudada e pesquisada com neutralidade científica e raciocínio lógico.

A Reencarnação é misericórdia divina para os que falham na estrada evolutiva espiritual. Negá-la não faz com que ela deixe de existir. E ela existe para a felicidade dos que necessitam de uma segunda chance para se reconciliar com os seus adversários que se encontram no caminho. (Mt. 5:25)

A Reencarnação não é uma invenção ou criação do espiritismo, mas está presente nas religiões, sobretudo, nas orientais  há muitos milênios. É do conhecimento de todos que a Reencarnação faz parte das crenças Hinduísta, Budista o mesmo ocorrendo entre os “povos primitivos”. 600 anos A.C. as Upanishadas ensinam a idéia da “transmigração da alma”. Nelas se encontra o ensinamento assegurado de que uma vida boa ou má determina um bom ou mau retorno a esta vida terrena, porquanto é inexorável a lei do Karma.

Para o Budismo a Reencarnação pode assumir a forma de um retorno a qualquer uma dentre as cinco formas, dependendo do Karma, a saber: no inferno, em um animal, em um fantasma, em um homem ou em um deus, embora nenhuma delas seja permanente.

No ocidente, os gregos, foram os maiores defensores e divulgadores do princípio da Reencarnação. Homero em sua famosa Odisséia cita as idéias reencarnacionistas.

O culto de Dionísio defendia o orfismo e afirmava que cerimônias,  ritos purificadores e regras de conduta moral propiciavam a libertação da alma das sucessivas transmigrações ou metempsicose. A metempsicose vem do termo grego meta- “novamente” e de outra palavra grega empsicoein – “animar”. A idéia é que a alma migra de um corpo físico para outro, animando esse novo corpo, isto é, começando uma nova vida terrena.

Píndaro (528-438 A.C.), Pitágoras (550 A.C.), Platão (450 A.C.), todos afirmaram a transmigração das almas como crença fundamental. Platão afirmava em seus maiores diálogos, como República, Fedo, Faedro, Timeu e Leis, a existência da reencarnação.

Na religião Drusa, que é próxima do judaísmo, a Reencarnação é crença fundamental.

O professor de hebraico e judeu, Avraham Avdan, afirma no prefácio da nossa obra “Analisando as Traduções Bíblicas- Editora Idéia-4a edição” que “quando morre um druso, seus parentes deixam passar alguns anos na espera de sua Reencarnação, depois começam a procurar um (a) jovem que, à base das “memórias de sua vida anterior” possa ser a Reencarnação do parente desaparecido. Isto se torna verdadeira obsessão para os drusos que, quando identificam em alguém a Reencarnação do falecido, passam a considerá-lo seu parente, membro de sua família, o que é muito importante para a sobrevivência dos drusos, um grupo secularmente perseguido pelos muçulmanos (turcos ou árabes) no Oriente Médio”.

A Reencarnação era ensinada nas escolas orientais dos fariseus por isso Jesus estranhou que Nicodemos não entendesse no seu diálogo o que ele falava. (João 3: 11 e 12). Os essênios também a ensinava como princípio fundamental em suas escolas.

A Reencarnação é crença judaica e faz parte ativa das correntes ortodoxas e cabalistas. E todos eles afirmam sua aceitação da Reencarnação com base no TANACH (Bíblia judaica-Velho Testamento). Os judeus afirmam que a TORÁ possui 613 mtsvôt (mandamentos) que necessitam ser cumpridos por todo judeu para que depois do cumprimento destes mandamentos, eles possam chegar a Deus. Sendo impossível o cumprimento destes mandamentos numa só existência, o judeu retorna através do que chamam “Guilgul Neshamot”, que representa “as rodas das almas”, “Reencarnação” até atingir a perfeição e retornar a Deus.

Em nosso livro Analisando as Traduções Bíblicas, apresentamos o que foi feito com a mensagem divina através dos séculos. Ao se traduzir a Bíblia para o grego e depois para o latim, e depois ainda para as línguas ocidentais, originando  a Bíblia que nós ocidentais conhecemos, conceitos semíticos incompreensíveis para gregos e romanos ou até opostos às concepções helênicas, foram adaptados a conceitos heleno-latinos, nem sempre exatos, para que as sociedades neo-cristãs pudessem entendê-las, embora com o sacrifício do sentido original.

Enfim, todos nós somos vítimas destas “traições” e não traduções. Os que não conhecem as línguas originais, hebraico e aramaico, ficam na dependência do que fizeram tradutores inescrupulosos.

Algumas dessas vítimas discutem os conceitos gregos da mensagem de Jesus sem ao menos refletir que Jesus nunca falou grego nem latim. Jesus era judeu e como tal falava o hebraico mishnaico e o aramaico vigente em sua época.

Portanto, o diálogo entre Jesus e Nicodemos (João 3) foi realizado em hebraico. Como querer discutí-lo e explicá-lo em grego? Principalmente quando conhecemos as questões controvertidas criadas pelas traduções?

Vamos fazer alguns questionamentos sobre a afirmação de alguns irmãos de outras crenças sobre ser um erro crasso afirmar que os fariseus criam na Reencarnação.

Infelizmente, esses caros irmãos estão equivocados. Os fariseus eram os ortodoxos daquela época e possuíam escolas que ensinava a Reencarnação. Estas informações estão  na “Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia” 4a. edição, volume 5, página 583. Esta Enciclopédia Bíblica é produzida pelo grande professor e Ph.D.em línguas clássicas na University of Utah (USA) e pelo pastor João Marques Bentes da igreja Batista. É ainda na página 689 do volume 2 da referida coleção que encontramos a seguinte citação: “As diferenças quanto às crenças doutrinárias, entre os fariseus e os saduceus, conforme é frisada pelo historiador Flávio Josefo, eram as seguintes (ver Guerra dos Judeus II.8.14): Os fariseus criam na imortalidade da alma, que haveria de reencarnar-se. Isso poderia envolver uma série de reencarnações (doutrina essa muito comum naquela época, que evidentemente também era defendida pelos essênios; ver nota em Luc. 1:80 e Mat. 3:1 no NTI), mas também incluía a idéia de que a alma haveria de animar o corpo ressurrecto”.

Portanto não podemos ignorar a crença na Reencarnação, nem chamá-la de infundada.           

Comecemos pela criação do homem no livro do Gênesis:

O livro do Gênesis apresenta o princípio de múltiplas existências na criação do homem.

Texto Hebraico Transliterado

vaiitzer Iavéh Elohim et-haadam ‘afar min-haadamá vaipáh beapaiv nishmat chaim vaihi haadam lenefésh chaiá.

 Tradução Literal

vaiitzer =e formou; Iavéh Elohim =Deus; et-haadam= o homem; ‘afar = pó;  min-hadamá= da terra; vaipách= e soprou; beapaiv =em suas narinas; nishmat= genitivo construto, o sopro de; chaim=  vidas; vaihi= e tornou-se;  haadam= o homem; lenéfesh chaiá= alma vivente.

 (Gen. 2:7). “E formou Iahvéh Deus o homem do pó da terra, soprou em suas narinas um sopro de vidas e o homem se tornou uma alma ou ser vivente”.

Diante do exposto, temos que concluir que a nossa criação pior Deus foi realizada para termos múltiplas existências. Muitas vidas.            

Os ditos irmãos justificam a crença na ressurreição pelos fariseus, citando que no livro de Flávio Josefo Antiguidades Judaicas Livro XVIII, cap I  existe a citação:

"Eles [os fariseus] também acreditavam que as almas tinham uma força  imortal dentro delas e que sob a terra elas serão premiadas ou punidas, segundo elas tivessem vivido virtuosamente ou em vício esta vida; e estas  últimas são mantidas numa prisão eterna, ao passo que as primeiras terão o  poder de ressuscitar e viver novamente (...)", livro XVIII, cap I

Perguntamos: O que é ressuscitar e viver novamente, senão reencarnar? Esta citação está de acordo com o profeta Ezequiel de quem apresentaremos a seguir o seu texto no hebraico com tradução, transliteração e interpretação para que se possa tirar dúvidas.

Texto Hebraico Ex. 37:5 e 6. Transliterado

Kô amar Adonai Iahvéh la’atsamôt  haelé hinê ani mevi bachém ruách vichiitém. Venatati ‘aleichém guidim veha’aleti ‘aleichém bassar vekaramti ‘aleichém ‘ôr venatati bachém rúach vichiitém vida’tém ki-ani iahvéh.
 
Tradução Literal

=assim, desta forma, desta maneira; amar=disse, completo do qal,  amar=dizer; Adonai= meu senhor; Iahvéh= Deus; la’atsamôt= para os ossos; haelé=  e estes; hinê= eis;  ani= (que) eu; mevi=trago, 1a pessoa do presente (hovêh) da forma qal do verbo hevi=trazer; bachém= sobre eles; rúach= o espírito;  vichiitém= e vivereis. Venatati= e dei, completo da forma qal do verbo natan=dar;  ‘alechém= sobre eles; guidim= tendões ou nervos; veha’aleti= e subirei;   ‘aleichém= sobre eles;  bassar= carne; vekaramti= e cobrirei, incompleto grau qal do verbo kissáh= cobrir; ‘aleichém= sobre eles;  ‘ôr= pele;  venatati = e dei, completo grau qal do verbo natan =dar; bachém= neles;  ruách= o espírito;  vichiitém= e  reviverão;  vida’tém= e eles saberão;  ki-ani = que eu sou; Iahvéh= Deus.

Observe, nos dois versículos traduzidos, que Deus fala na colocação do seu espírito para que haja vida, (vichiitém) e revivereis. Salientamos, no texto, a parte sublinhada pelo fato do verbo natan= dar, se encontrar no passado, mostrando que o espírito de Deus já foi colocado sobre nós na criação do homem,  simbolizando toda a humanidade. Na verdade, o sentido real do texto é o seguinte: “dei do meu espírito sobre vós”, o espírito já se encontra sobre o povo (desde o início, veja Gn. 2: 7). Agora Deus vai dar-lhes apenas um novo corpo fazendo-os reviver em corpo, pois o espírito já existia, por isso o verbo no passado e a vida física com verbo no futuro.

 Nos versículos subseqüentes, até o 10, o assunto gira em torno da volta à vida dos referidos ossos. Dos versículos 11 a 14,  temos a explicação para a metáfora da volta à vida pelos ossos e o fechamento de todo o sentido da visão de Ezequiel, com seu real significado. Vejamos o texto com sua transliteração e tradução: “ Então ele me disse: Filho do homem, estes ossos representam toda a casa de Israel, que está a dizer: os nossos  ossos estão secos, a nossa esperança está desfeita. Para nós está tudo acabado. Pois bem, profetiza e dize-lhe: Assim diz o Senhor Iahvéh: Eis que vou abrir os vossos túmulos  e vos farei subir dos vossos túmulos, ó meu povo, e vos reconduzirei para a terra de Israel. Então sabereis que eu sou Iahvéh, quando eu abrir os vossos túmulos e vos fizer subir de dentro deles, ó meu povo. Porei o meu espírito dentro de vós e haveis de reviver: eu vos reporei em vossa terra e sabereis que eu, Iahvéh, falei e hei de fazer, oráculo de Iahvéh”.

Texto Hebraico Ez. 37:11-14 Transliterado

Vaiômer elai ben-adam  ha’átsomôt haeléh kol-beit israel  hemáh hinê omrim iavshu  atsmoteinu veavdáh tikvatenu nigzarnu lanu. Lachén hinavê veamartá aleichém kô-amar adonai Iahvéh hinê ani potechá  et-kivroteichém veha’aleiti etchém mikivroteichém ‘ami  veheveti etchém el-admat Israel. Vida’tém ki-ani Iahvéh befitchi et -kivroteichém uveha’aloti etchém mikivroteichém ‘ami. Venatati ruchi vachém vichiitém vehinachti  etchém ‘al-admatchém  vida’tém ki aniIahvéh dibarti ve’assiti num-iahvéh.

Tradução Literal

Vaiômer= e disse;  elai= a mim, para mim;   ben-adam= filho do homem;   ha’atsamôt = os ossos; haelé= estes; kol-beit Israel= toda a casa de Israel;  hemáh=elas; hinê=eis; omrim= dizemos;  iavshu= estão secos;  átsmoteinu = nossos ossos; veavdáh= e está perdida;  tikvatenu= nossa esperança;  nigzarnu= cortada, acabada, desfeita; lanu= para nós. Lachén=por isso; hinavê= profetiza; veamartá= e diz;  aleichém= sobre eles, para eles; kô-amar= assim diz;  Adonai= O Senhor; Iahvéh= Deus;  hinê= eis;  ani= eu; potechá= abro;   et-kivroteichém= os vossos túmulos;   veha’aleiti= e vos farei subir;  etchém= a vós;  mikivroteichém= de vossos túmulos; ‘ami= meu povo;   veheveti= e reconduzirei; etchém= a vós;  el-admat= para a terra de;  israel= Israêl. Viida’tém= e saberão; ki-ani= que eu sou; Iahvéh= Iahvéh;  befitchi= em abrir;  et -kivroteichém= os vossos túmulos; uveha’aloti=e vos elevar; vos fizer subir;  etchém=a vós; mikivroteichém= de vossos túmulos; ‘ami= meu povo. Venatati= e dei, 1a pessoa do completo grau qal do verbo natan=dar;  ruchi= o meu espírito;  bachém=sobre vós; vichiitém= e revivereis;  vehinachti= e reporei;   etchém=a vós; ‘al-admatchém= sobre a vossa terra;   viida’tém= e eles saberão;  ki ani= que eu sou; Iahvéh= Iahvéh;  dibarti= falei;  ve’assiti= e fiz,  num-Iahvéh=oráculo de Iahvéh .

Observe que, a partir do versículo 11, Iahvéh fecha o sentido de renascimento, mostrando que os ossos simbolizam o povo de Israel e que ele fará reencarnar a todos, retirando-os dos seus túmulos e fazendo-os voltar reencarnados à sua terra. Ele não fala que os retiraria na ressurreição do último dia, mas que os retiraria do túmulo, fazendo-os renascer e fazendo-os voltar à terra de Israel e não aos Céus. Aqui não existe dúvida sobre a Reencarnação e esclarecimento sobre a inexistência de um último dia para a ressurreição. Leia Paulo aos hebreus 9:27 : após a morte vem o juízo ou Julgamento, ninguém fica esperando a ressurreição do último dia.

Vemos claramente aqui um sentido reencarnatório, embora muitos, que não acreditam neste princípio, relutem achando que se trata  de ressurreição. Mas como vimos, não é neste sentido que Deus está falando a Ezequiel, pois  a ressurreição do último dia, segundo a crença, ocorre nos Céus e em presença de Deus. No entanto, aqui, Deus fala: “Reporei a vós sobre vossa TERRA”, portanto, voltar à terra não é ressuscitar e sim REENCARNAR.

Vejamos algumas passagens no Novo Testamento:

No Novo Testamento, encontra-se bem marcante a crença na Reencarnação e de uma forma  bem mais explícita nos Evangelhos.

Iniciamos com a citação do profeta Malaquias  ( Ml. 3:23 ou 4,5 em algumas Bíblias) que se refere  ao envio do profeta Elias antes que venha o grande e terrível dia de Iahvéh.

Texto Hebraico-Ml.3:23 Transliterado

 hinê anochi solêcha lachém et Eliá hanavi  lifnei bô iom IAVÉH hagadol  vehanorá.
 
Tradução Literal

hinê= eis;  anochi= eu;  solêcha= envio;  lachém= para vocês; et=o;   Eliá= Elias;  hanavi= o profeta;  lifnei= antes;  = vinda;  iom= dia;  IAVÉH= Deus;  hagadol= o grande;   vehanorá= e terrível.

 Texto Traduzido

 Eis que vos enviarei  Elias, o profeta, antes que venha o dia de Iahvéh grande e terrível.

Prometido está por Deus o retorno do profeta Elias, pois que já vivera no tempo do Rei Acab (I Reis capítulos 17: 18 e 19 ). A promessa fala que ele voltaria antes do Grande e Terrível Dia de Iahvéh. Esta volta só poderia ocorrer através da Reencarnação.

 Malaquias fala do profeta Elias que voltaria para preparar o caminho e identificar Jesus.

O profeta Isaías é quem inicia a realização do Dia de Iahvéh. Ele anuncia esta chegada, afirmando que alguém pregaria ou clamaria no deserto, preparando o caminho do Senhor.

Isaías 40:3 : “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, tornai retas suas veredas”. Aqui unem-se os profetas Isaías e Malaquias, (3:23) o primeiro referindo-se a João Batista pregando no deserto da Judéia e o outro referindo-se a João Batista, (Elias reencarnado), apresentando o Cristo como o cordeiro de Deus.

É o próprio Jesus, nos Evangelhos de Mateus 11:13; 17: 10-13 e Marcos 9:11-13, quem confirma estas profecias dizendo que Elias voltara, e as referências à  preparação do  Dia do Filho do Homem são encontradas em Lucas 17:22-36; João 8: 56;  1 Coríntios 1:8; 3:13; 2 Coríntios 1:14;  Filipenses 1: 6 e 10; 2:16;  1 Tessalonicenses 5:2 e 4 ; 2 Pedro 3: 12 e 13; Apocalipse 16:14.

Encontramos no Evangelho de João 1:21 que João Batista, através de uma negação literal, diz não ser  a pessoa do Elias, e nem poderia sê-lo pois agora é a pessoa de João Batista com o mesmo espírito que, no passado, habitou o corpo de Elias. Quem confirma isto é o Cristo. Sabemos ainda que a misericórdia divina apaga as nossas lembranças do passado para não prejudicar a nossa evolução. Se soubéssemos quem fomos no passado, o que fizemos de mal aos nossos semelhantes, ficaria difícil a nossa convivência com eles. É claro que isto não se aplicava ao evoluído espírito de João Batista, no entanto, mesmo assim, ele também estava submetido à lei do esquecimento do passado, pois que, na matéria, nos é tirado o direito de lembrar de vidas anteriores, em nosso próprio benefício.

O Cristo fala em Mateus 11: 12-14, diretamente, afirmando que João Batista é a Reencarnação de Elias: “Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e os violentos se apoderam dele. Porque todos os profetas bem como a Toráh profetizaram até João. E se quiserdes dar crédito, é ele o Elias que devia vir”.

Portanto, sobre  a Reencarnação, como vimos neste capítulo, não há nenhuma dúvida.

No Evangelho, segundo Mateus, cap. 16: 13-17, encontramos um diálogo entre o Cristo e os apóstolos onde Ele os interroga: “Que dizem os homens quanto ao filho do homem? Quem dizem que eu sou?  Eles lhe responderam: alguns dizem que sois João Batista, outros Elias, outros Jeremias ou alguns dos profetas. Então lhes perguntou: E vós, quem dizeis que eu sou? Simão Pedro, respondendo disse: Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo. Jesus  respondeu-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão, Bar-Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus”.

Ora, pela resposta dos apóstolos, notamos que tanto eles como o povo judeu, naquela época, acreditavam plenamente na Reencarnação e que grandes vultos, como os profetas, podiam voltar. Por isso, achavam que Jesus podia ser qualquer um dos grandes profetas do passado que havia voltado, ou seja, “reencarnado” e não ressuscitado. E note que, na seqüência do diálogo, o Cristo não condena aquela crença judaica na Reencarnação. Ele não afirmou a nenhum dos discípulos que os profetas não podiam voltar. Nada mais claro de que todos viviam um período de total aceitação do princípio da REENCARNAÇÃO.

O termo Bar-Jonas, em aramaico, representa um genitivo construto, que significa filho de João. Muitos tradutores se confundem na tradução desta  palavra que, em hebraico, Iohanan (João) é a mesma palavra aramaica, Ionáh (João). E assim, encontramos traduções usando o Iohanan hebraico, João, em citações e  o aramaico Ionáh, traduzido como Jonas em outras. Veja Mateus 16: 13-17; João 1:42 e 21: 15-17. Pode-se  notar que não existe uniformidade nas diversas Bíblias analisadas.

No entanto, a palavra correta seria Simão, filho de João, (Ionáh), em aramaico ou em hebraico, (Iohanan), e em grego (Ioannes), todos com o significado de “filho de João” e não “filho de Jonas”, como muitos tradutores o fazem.

Em Mateus 17:10-13 : “Os discípulos perguntaram-lhe: Por que razão os escribas dizem que é preciso que Elias venha primeiro? Respondeu-lhes Jesus: Certamente Elias terá de vir para restaurar tudo. Eu vos digo, porém, que Elias já veio, mas não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem irá sofrer da parte deles. Então os discípulos entenderam que Ele  se referia a João Batista”.

Ora, se Elias já veio e era o João Batista, está aí uma outra prova contundente da Reencarnação de Elias, agora como João Batista.

João 1:21 :Os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para interrogarem João,  “Ao que lhe perguntaram: Pois que? És tu Elias? Respondeu ele: Não sou. És tu o profeta? E respondeu: Não”.

Este questionamento confirma a crença geral entre os judeus de que os profetas e outras grandes figuras do Antigo Testamento poderiam voltar reencarnados em outro corpo. Muitos se prendem à resposta de João: Não sou profeta. No entanto, o mais importante não é a resposta de João, mas sim a crença geral que existia entre os sacerdotes e os levitas que o foram interrogar, crença esta que aceitava o retorno de   figuras importantes do passado.  Do contrário, não teriam lhe perguntado: És tu o Elias? És tu o profeta?

Observe ainda que, no versículo 23 do capítulo 1, João responde que Ele é a voz que clama no deserto, predita por Isaías 40:3. E por que não poderia ser o Elias predito por Malaquias?

És tu o profeta? Aqui os sacerdotes e levitas referem-se ao Deuteronômio 18:  15-18, onde Moisés descreve que Iahvéh enviará o profeta: “Iahvéh teu Deus suscitará um profeta como eu no meio de ti, dentre os teus irmãos, e vós o ouvireis. É o que tinha pedido a Iahvéh teu Deus no Horeb, no dia da assembléia: “Não vou continuar ouvindo a voz de Iahvéh meu Deus, nem vendo este grande fogo, para não morrer”, e Iahvéh me disse: “Eles falaram bem. Vou suscitar para eles um profeta como tu, do meio dos seus irmãos. Colocarei as minhas palavras em sua boca e ele lhes comunicará tudo  o que eu lhes ordenar”.

Veja este mesmo questionamento levantado pelos discípulos com relação ao Cristo  em Mt. 16: 13-17 (já comentado anteriormente). Veja ainda João 1:25; 6:14 e 7,40. Atos 3:22 e 7:37.

Jesus fala claramente aos discípulos que João Batista é o Elias que voltou em espírito, porém reencarnado no corpo de João Batista. Quando Jesus fala, eu me calo e quem quiser ser contra ELE, seja, eu porém fico com Jesus e mais ninguém.

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História & Pesquisa

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas")

Centenário do Jornal "O Clarim"

   
Amigos,

Este mês de agosto tem especial significado para a imprensa espírita, representa o aniversário de um dos mais antigos jornais espíritas em circulação. Obra do grande pioneiro Cairbar Schutel, "O Clarim" vem sendo publicado mensalmente desde 15 de agosto de 1905.  Transcrevemos abaixo o Editorial da edição comemorativa como nossa homenagem a tão bela obra.

Nossos votos de que "O Clarim" festeje muitos outros centenários além deste !

Muita Paz,
Carlos Iglesia

Meu Centenário

(Editorial da edição de agosto de 2005 do Jornal "O Clarim")
   
Transcorre meu centenário, fundado que fui no dia 15 de agosto de 1905 pelo dinamismo doutrinário de Cairbar Schutel e seu grande amor à causa da Doutrina Espírita.

No curso desses cem anos busquei, tanto pelo estilo claro de meu fundador, como de seus coadjuvantes, divulgar o Espiritismo nos seus três aspectos: filosófico, científico e religioso.

Motivar o leitor a estudar Kardec para vivenciar os ensinos de Jesus foi sempre minha meta, procurando lembrar, em todas as oportunidades, que o Pentateuco espírita elaborado pelo Codificador representa o cumprimento da promessa do Cristo referente à vinda do Consolador, do Espírito de Verdade.

Empreguei todos os meus recursos para, a par de incentivar cada vez mais em cada um o estudo aprofundado da Doutrina que constitui a Terceira Revelação, noticiar fatos do movimento espírita, bem como defendê-la do ataque de seus detratores.

Desdobrei-me no sentido de auxiliar o leitor a alimentar a fé raciocinada, desenvolvendo-a progressivamente, compreendendo donde veio, para onde vai, por que está na Terra e a razão das vicissitudes terrenas.

Empenhei-me em transmitir ao leitor a importância de manter o otimismo e a esperança num futuro melhor, em todas as circunstâncias.

Inúmeras vezes coloquei em minhas páginas a exortação do Espírito de Verdade: Espíritas: amai-vos, este o primeiro mandamento; instruí-vos, este o segundo.

Apliquei-me no sentido de lembrar o Fora da Caridade não há Salvação, recordando que os que carregam seus fardos e assistem seus irmãos atendem à recomendação do Mestre Divino.

Tratei de reiterar aos que leram minhas páginas que são os artíficies da sua própria evolução e felicidade, no curso da eternidade.

Lembro-me que, até que a primeira máquina impressora fosse adquirida por Cairbar, em 1907, fui impresso em Taubaté, por Francisco Veloso, que imprimia o jornal "Alvião".

Recordo-me do boletim, que precedeu-me, na verdade meu germe, através do qual meu fundador respondia aos ataques do qual eram alvo o Espiritismo e ele próprio.

Vem-me à lembrança que minha tiragem era de dez mil exemplares à época do meu fundador e que, em edições especiais, cheguei a ter quarenta e sete mil exemplares, especialmente por ocasião do dia de finados.

Alguns meses antes de eu completar vinte anos, em fevereiro de 1925, ganhei uma irmã, também criada por Cairbar: A Revista Internacional de Espiritismo, que me acompanha até hoje.

Ganhei, também, muitos irmãos que me auxiliaram a propagar as idéias de meu fundador: os livros que editou de 1911 a 1937 e que versaram sobre polêmicas, posicionamento frente a inquérito relacionado com a psiquiatria materialista, mediunidade, evolucionismo anímico, parábolas de Jesus, espírito do Cristianismo, a vida no mundo espiritual, a vida e os atos dos apóstolos, conferências radiofônicas, interpretação sintética do apocalipse, entre outros.

Espero ter, até aqui, cumprido com meu dever de informar e ajudar a formar pessoas de bem, em prol de um mundo melhor.

Nutro a esperança de continuar contando com a ajuda de todos quantos colaboram com meus atuais editores, tanto encarnados, que enviam artigos e assinam o jornal, como desencarnados que me envolvem vibratoriamente para que eu continue me desenvolvendo num clima propício entre eles Cairbar Schutel, que hoje me ajuda do lado de lá.

Muito obrigado a todos vocês que estão tendo a oportunidade de ler-me ! Espero que continuem me prestigiando com sua leitura !

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Questões e Comentários 


Sobre a Programação da Mente, Valéria Perei, Brasil

Estive a refletir sobre um determinado assunto e gostaria de saber qual a posição da doutrina espírita com relação a reprogramação da mente. Vivenciamos a todo instante, pessoas comentendo crimes desde os mais torpes até os mais hediondos, seja contra a vida, seja contra a moral. Parece que existem pessoas programadas para matar, roubar...., sentem uma verdadeira atração pelo mundo do crime. Não seria possivel haver uma reprogramação da mente dessas pessoas para que estas não pudessem cometer os delitos aos quais se propõem? Não somente utilizar a reprogramação da mente contra ações criminosas, como também para auxiliar aquelas que sofrem neuroses, psicoses....

Grata por sua atenção,
Valeria 


Prezada Valeria,

Não vou responder sua questão de modo absoluto pois ela é bastante complexa, envolvendo questões de ordem psicológica que estou longe de dominar. Porém, eu vou fazer colocações que podem nos ajudar a meditar melhor sobre o assunto.

Segundo a Doutrina Espírita, não existe fatalidade nos atos de uma pessoa. Isso significa que ninguém está "programado" para fazer isso ou aquilo.

Aquilo que identificamos como sendo o mal (crimes, roubos, etc.) pode ser encarado como uma doença ou desequilíbrio da alma, pois ele é, simplesmente, a ausência do bem.

Uma boa analogia seria a escola. Existem bons alunos, e alunos (que geralmente são chamamos de "maus") que não conseguem demonstrar o aprendizado desejado pelos professores. Será que para um aluno aprender seria correto "reprogramar" sua mente? Aliás, é possível "introduzir" aprendizado na mente dos estudantes por intermédio de metodos externos? Será que realmente eles aprenderiam desse jeito? Memorizar ou simplesmente repetir o conteúdo ou comportamento ensinado é sinal de aprendizado? Eu não sou educador, mas o bom senso nos diz que o aprendizado é algo muito além disso.

Do que entendo das leis morais, um dos objetivos maiores da vida é que aprendamos a Lei de Amor. Como "crianças espirituais" que ainda somos, muitas vezes confundimos o Amor com os objetos materiais e realizamos atos que não condizem com o verdadeiro significado do Amor.

A dúvida então é: como o Criador ajuda as criaturas a perceberem os equivocos?

Entra em jogo outra lei moral comumente conhecida como lei de causa e efeito ou de ação e reação. Essa lei diz que os frutos que colheremos no nosso caminho dependem das sementes que espalhamos ao longo dele. Essa lei representa o recurso educador que o Criador permite acontecer conosco para despertar sentimentos novos e favorecer o aprendizado.

Por isso, minha amiga, Deus permite o ato equivocado, na certeza que a reação a ele ensinará que o ato foi errado e que devemos agir de modo diferente.

Sua questão leva à seguinte: Por que Deus, entao, já não nos criou com a mente "programada" para fazer o bem sem erros? Estamos longe de ter consciência dos desígnios divinos, mas podemos ter certeza que Deus em sua Sabedoria em grau infinito, achou melhor que nós tivessemos o mérito e responsabilidade totais pelos nosso progresso.

Então, se algo externo "reprogramar" a mente do aprendiz, qual será o seu mérito pela descoberta do bem? Quem teria o direito de tirar ao aprendiz desequilibrado o prazer de perceber o erro e de se esforçar por corrigí-lo?

Em casos especiais como o de doenças mentais em que o individuo tenha um comportamento muito agressivo, em nome de preservá-lo e de preservar as pessoas a sua volta, talvez a "reprogramação da mente" possa ser um recurso psicológico apropriado para evitar um mal maior (suicidio ou crime). Mas cedo ou tarde, o irmão ou irmã em desequilibrio terá que se encontrar consigo mesmo para repensar seus valores e buscar o progresso com suas próprias pernas.

Que Deus nos ilumine sempre.

Muita paz,
Alexandre Fontes da Fonseca

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Painel

 

Palestras de Raul Teixeira em UK, Elsa Rossi, Inglaterra

Queridos Amigos,

A BUSS têm o prazer de convidá-los a assistir ao Dr. Raul Teixeira em dois eventos especiais:

° Palestra entitulada "LEIS DE CAUSA E EFEITO" - Tradução simultânea para o Inglês
Sábado, 22 de Outubro das 18.30 às 21.30.
Quaker's Meeting House - Small Hall, 173 Euston Road - W1 - London
Contribuição aceita - £ 2

° Seminário sobre "MEDIUNIDADE" - em Português
Domingo, 23 de Outubro das 14.30 às 18.30.
Asburnham Community Association, Top Floor, 69 Tetcott Road, Chelsea - SW10 - London

Para maiores informações contate:

Elsa Almeida - 020 7835 0596 - secbuss@yahoo.co.uk, mensagem no 07887 482041 ou
Joca Dalledone - busspresident@yahoo.co.uk

Abraços fraternais a todos,
Elsa Rossi

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2@ Semana Espírita da CEEAK, J. Roberto, Brasil

2ª SEMANA ESPIRITA DA CEEAK

CASA DE ESTUDOS ESPIRITUAIS ALLAN KARDEC

Rua Franco Alfano, 23 – Jd Vazame – São Paulo – SP

Cep 05710-030 – Fone: 3742-8022

O ESPIRITISMO E OS PROBLEMAS HUMANOS
Dias 03, 06 e 08 de Outubro de 2005


Dia 03 (Segunda-Feira)
19:30 – Abertura da Semana Espírita
19:45 – Parte Artística: Coral Notas de Luz
20:00 – Palestra – DEFICIENCIAS: REENCARNAÇÔES DIFICEIS - Nancy Puhlmann Di Girolamo

Dia 06 (Quinta-Feira)
19:30 – Parte Artística: Voz e Violão – Suely Geiser
20;00 – Palestra: DROGAS: PRAZER OU DESESPERO? - Luiz Fernando Lopes

Dia 08 (Sábado)
12:00 – APRESENTAÇÃO DA PEÇA ROMEU E JULINHA
Grupo Teatral: AMORATE do Centro Espírita Seara do Mestre

19:00 – Parte Artística: Voz e Violão: Suely Geiser
19:30 - Palestra: OS PROBLEMAS HUMANOS Á LUZ DO ESPIRITISMO - Éder Fávaro

20:15 – Considerações Finais do Presidente da Casa
20:30 – Encerramento/Prece Final

Maiores informações com João nos fones: 5816-8239 / 9304-9009


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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição/Cancelamento - inscricao-pt@geae.inf.br

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português - http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" - http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins