Boletim GEAE

Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec

Ano 13 - Número 496 - 2005            23 de julho de 2005


Editorial

A Responsabilidade de cada um

Artigos

Curso de Ciência e Espiritismo, 14ª Aula, Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil
 

História & Pesquisa

Divaldo Pereira Franco no jornal "O Povo" de Fortaleza, João Marcos Weguelin, Brasil

Questões e Comentários

Egoísmo, vício ou defeito ? Ou um exemplo dos multiplos significados das palavras ?

Painel
Campaña Mundial de Implantación del Estudio Sistematizado de la Doctrina Espírita
Núcleo Espírita Universitário de Angra dos Reis


Editorial


A Responsabilidade de cada um

Amigos,

Permitam-me voltar mais uma vez ao tema dos eventos que estão sendo noticiados diariamente pela mídia. Muito possivelmente não há como um indivíduo deixar de acompanhar - tal o desenvolvimento dos sistemas de comunicação atuais - os conflitos que se estendem nas mais diversas escalas, desde as tragédias pessoais, passando pelos problemas do panorama político nacional até os grandes choques entre nações. É um verdadeiro desenrolar de más notícias que mais parecem saídas daqueles sermões apocalípiticos do passado, quando se ameaçavam as ovelhas desgarradas com toda sorte de punições divinas.

Mesmo considerando-se que todas as épocas da humanidade foram sujeitas a tragédias, maus administradores ou povos belicosos e dando-se o devido desconto ao fato das más notícias receberem destaque maior que as boas notícias, ainda assim parece que passamos por momentos diferenciados na experiência humana. Os eventos encontram-se concentrados em um período pequeno de tempo e com impacto em escala mundial.

Não há como negar, o mundo está em transformação, as certezas de ontem se esvaem rapidamente e os alicerçes das novas edificações do porvir começam a ser cavados. Por um lado o egoísmo chegou ao auge, com a valorização absoluta do imediatismo material em detrimento a posse dos valores espirituais, e por outro há um sentimento generalizado de que são necessárias mudanças urgentes nas estruturas que formam nossas sociedades. Sentimento generalizado de que os caminhos atuais são insustentáveis e que se algo não for modificado a humanidade estagnará na situação de conflito permanente, onde pessoas e mesmo sociedades inteiras buscam sempre levar vantagem sobre as demais.

Mudanças urgentes que coloquem o foco das sociedades humanas no progresso do bem estar integral do homem, no equilíbrio entre a necessidade de subsistência e a necessidade de conquistar níveis mais avançados de compreensão. Compreensão do nosso papel como seres inteligentes da criação, auxiliares de Deus na sua obra e, portanto, responsáveis pela nosso bem e do nosso próximo. Compreensão que, deixando de lado o egoísmo, promova uma fraternidade verdadeira.

Somente pela educação do ser, pelo desenvolvimento dessa compreensão em cada indivíduo, será possível transformar o sentimento generalizado da necessidade de mudança em uma mudança real. Educação verdadeira que coloque em sua dimensão correta a necessidade de se viver adequadamente neste mundo, usando de forma honesta todas as capacidades físicas e intelectuais para atingir-se o bem estar possível, frente a realidade de que somos seres espirituais em estadia temporária por aqui. Seres espirituais em processo de evolução, solidários uns com os outros, sujeitos as mesmas leis de causa e efeito e destinados a perfeição.

E neste ponto entra a responsabilidade de cada um de nós, que já tivemos a oportunidade de nos aproximar do conhecimento espírita, que é o de sermos agentes desta educação. Agentes não somente no sentido de participarmos de instituições espíritas - atividade sem dúvida importante - mas também de buscarmos vivenciar na prática cotidiana aquilo que professamos. Educação pela demonstração viva de uma vida comprometida com valores sólidos, pela exemplificação de que existe um caminho a ser seguido, de que o desequilíbrio moral evidenciado pela mídia não é a única alternativa existencial.

Não me entendam mal, não estou postulando espetáculos de grandeza espiritual, dos quais penso que a maioria de nós - de mim pelo menos tenho certeza - está muito longe. Estou me referindo a coisas mais simples, como, por exemplo, nos portarmos no nosso trabalho cotidiano com a mesma integridade com que nos portamos na Casa Espírita. De ter como nossos colegas do dia-a-dia as mesmas atitudes de solidariedade construtiva como a que temos no trabalho assistencial. De lidar como nossos fornecedores e clientes com a mesma honestidade de propósitos com a que lidamos com os companheiros que nos buscam para eventos doutrinários conjuntos. De darmos a nossa família a mesma atenção e paciência que damos aos que nos buscam a orientação doutrinária. De sermos honestos inclusive com nossos filhos dando-lhes não somente uma cultura primorosa mas formando-lhes o caráter na demonstração de que fazemos exatamente aquilo que ensinamos aos outros.

De nunca negarmos, a quem quer que seja, a manifestação de nossa confiança na providência divina, expressa através de atitudes corretas, mesmo que - diante dos negócios do mundo - elas nos desfavoreçam em relação a companheiros ainda iludidos pelos ganhos materiais.

São os velhos "não servir a dois senhores" e "brilhe a sua luz", que Jesus ensinou a cerca de 2.000 anos, e que continuam carecendo de aplicação mais firme de nós. Não podemos servir a Deus e ao mundo ao mesmo tempo. Podemos sim servir a Deus no mundo, através do nosso agir correto no mundo, e é essa a nossa responsabilidade, conosco mesmo e com o próximo.

Muita Paz,
Carlos Iglesia

Editor GEAE

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Artigos


Curso de Ciência e Espiritismo, 14ª Aula, Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil

O que é um Projeto de Pesquisa ?

Alexandre Fontes da Fonseca

Nesta aula, abordaremos um assunto que muito pode auxiliar os estudiosos da Doutrina Espírita na organização e sistematização de um trabalho de pesquisa direcionado ao desenvolvimento dos conhecimentos espíritas. Vamos descrever e analisar as características básicas de um projeto de pesquisa.

Pela expressão “projeto de pesquisa” entende-se, basicamente, duas coisas. Uma delas é, em linguagem simplificada, o projeto em si, ou seja, tudo o que será realizado para atingir o objetivo do trabalho de pesquisa. O outro significado dessa expressão é o “texto” preparado para o esclarecimento do projeto de pesquisa, com a explicação dos detalhes necessários para sua realização. Esse “texto” é útil não somente aos autores do projeto que o terão como roteiro organizado das atividades a serem seguidas mas, também, a patrocinadores e outros interessados que precisam avaliar os méritos do projeto.

Um bom projeto de pesquisa deve responder a determinadas perguntas como: por quê ?, para quê?, como?, com o quê?, quem?, quanto?, etc. Para isso, ele é subdividido em determinadas partes que explicaremos a seguir. Os projetos de pesquisa não são todos idênticos e os ítens a seguir podem variar na sua disposição ao longo do “texto” do projeto. Apresentaremos, a seguir, os principais ítens e conceitos presentes nos projetos de pesquisa.

  1. Título e Resumo: O título é o “cartão de visitas” do projeto. Ele deve ser conciso porém claro o bastante para sugerir ao leitor do que se trata o projeto. O resumo deve conter uma breve exposição do assunto a ser estudado, as ferramentas (teóricas ou experimentais) que se pretende utilizar e os resultados que se pretende obter. Pode-se destacar a importância da contribuição desse projeto de pesquisa para a área do conhecimento. O objetivo do resumo é fornecer uma idéia bem geral sobre o projeto antes que o leitor o leia.

  1. A Equipe: Aqui responder-se-á à seguinte pergunta “Quem?”. A resposta para essa pergunta envolve não apenas os autores do projeto mas, também, os possíveis auxiliares e estudantes que participarão direta ou indiretamente do mesmo.

Os pesquisadores que tiveram a iniciativa do projeto de pesquisa (os autores do mesmo) são denominados pesquisadores principais e são os responsáveis pelo mesmo. Além de participarem na realização do trabalho de pesquisa, eles são responsáveis por administrar diversas providências relacionadas ao projeto como, por exemplo, a aplicação dos recursos, prestação de contas, orientação dos outros membros participantes, etc. Eles devem, também, orientar e supervisionar a atividade de pesquisa dos demais membros.

Não existe uma regra sobre o número de membros da equipe que participará de um projeto de pesquisa. Uma pessoa sozinha pode preparar e levar adiante até mais de um projeto de pesquisa. Porém, a grande diversidade de assuntos dentro, mesmo, de um único tópico de pesquisa, tem levado os pesquisadores a se unirem para a realização de projetos de pesquisa maiores ou de maior complexidade. Existe casos em que grupos enormes se unem com um único objetivo como, por exemplo, o que ocorre com o chamado Projeto Genoma que uniu vários grupos de biólogos, químicos, matemáticos e cientistas da computação. Uma exigência natural do processo é que os pesquisadores principais tenham experiência em pesquisa e em participação de projetos de pesquisa.

Além dos pesquisadores principais responsáveis pelo projeto de pesquisa, a equipe é formada por: i) outros pesquisadores que em função de compromissos particulares, não podem assumir o compromisso de serem pesquisadores principais mas que colaboram com o projeto de acordo com sua disponibilidade; ii) pesquisadores em diversos graus de formação como recém-doutores e alunos de doutorado e mestrado; iii) colaboradores externos que podem auxiliar com sua experiência particular na área de pesquisa do projeto. Além de discutirem dúvidas e darem valiosas sugestões, eles podem participar do projeto como qualquer membro dos ítens i) e ii). O nosso destaque aqui vale no sentido de sugerir ao Movimento Espírita o aproveitamento desse tipo de idéia para o reforço dos projetos de pesquisa. Quantas dúvidas poderiam ser desfeitas e quanta informação poderia chegar até nós em tempo hábil se pudéssemos consultar, de acordo com as possibilidades, alguns pesquisadores reconhecidos na área de pesquisa dos mesmos! O GEAE tem se esforçado para auxiliar o Movimento Espírita nesse papel de colaboração externa. Para isso basta escrever sua solicitação para o endereço editor@geae.inf.br
  1. Objetivos: Esta parte do projeto de pesquisa consiste na apresentação dos objetivos principais do projeto.

Nos “objetivos”, os autores deverão explicitar quais os benefícios do presente projeto de pesquisa. Além do benefício geral do progresso do conhecimento dentro da sua área de pesquisa, o projeto consiste de diversos resultados parciais que, individualmente, consistem de benefícios diferentes e específicos. O projeto de pesquisa deve explicitar esses benefícios particulares através do que chamaremos de subprojetos individuais, ligados ao tema principal do projeto de pesquisa. Cada subprojeto terá um objetivo de estudo ou pesquisa e consistirá na aplicação de determinado método ou ferramenta. No ítem “objetivos” não se deve apresentar os detalhes sobre métodos e ferramentas, mas apenas informá-los como sendo partes do objetivo maior do projeto.

Isso é bastante útil pois mostra que dentro dos esforços em torno de um único projeto, os resultados esperados são múltiplos o que, do ponto de vista de financiamento e aproveitamento de recursos, é algo que se costuma levar bastante em consideração. Isso não significa que as pesquisas sobre assuntos muito específicos sejam menosprezados. Sugere-se que o pesquisador agrupe diversas idéias aparentemene esparsas em um único projeto maior que as englobe e dê força. Isso não só fortalece cada idéia, como ajuda no amadurecimento do pesquisador com relação aos seus projetos de pesquisa já que isso lhe dá uma visão mais ampla de todo o conjunto favorecendo uma avaliação mais justa de cada resultado (em comparação com os outros) e na criação de novas idéias.

  1. Cronograma: Este ítem é algo simples porém muito importante na organização de um projeto de pesquisa. O cronograma não deve representar um roteiro rigoroso e mecânico das atividades que ocorrerão. Todo trabalho de pesquisa possue componentes imprevisíveis como dificuldades inesperadas e novas idéias que decorrem dos novos resultados. A definição de subprojetos permite certa flexibilidade na execução do projeto de pesquisa dentro dos prazos estabelecidos e de acordo com as dificuldades inerentes a um trabalho de pesquisa.

Um projeto de pesquisa, como tantas coisas na vida, possui inicio, meio e fim. Isso significa que ele possui um tempo durante o qual ele será alimentado tanto pela atividade humana quanto com recursos de ordem financeira. Não existe uma regra absoluta para o tempo que deve durar um projeto de pesquisa, porém observamos que os órgãos de fomento à pesquisa sugerem períodos de tempo entre 2 e 4 anos, podendo haver uma prorrogação de acordo com as dificuldades e resultados obtidos. Porém, dependendo do caso, projetos mais longos podem ocorrer como, por exemplo, existe um projeto de pesquisa chamado “Projeto 2010”, iniciado em 2000, onde os genes da planta da mostarda serão estudados um a um de modo a obter-se um mapa completo dos mesmos [1].

A divisão do cronograma depende das particularidades de cada projeto e das etapas mais importantes previstas no mesmo. Por exemplo, é importante definir as datas para a compra de equipamentos ou de material permanente. Caso um pesquisador externo seja convidado para uma visita de tempo curto para trabalhar com a equipe, a época dessa visita e a duração da mesma deverá constar do cronograma. A formação de alunos, como de doutoramento, pode estar prevista dentro do cronograma de atividades referentes ao projeto de pesquisa. Enfim, somente os passos mais importantes para o projeto de pesquisa ou referentes ao mesmo devem ser colocados no cronograma. Isso é importante pois eventuais dificuldades no projeto podem ser explicadas em termos de problemas ocorridos no cumprimento do cronograma.

  1. Descrição dos trabalhos anteriores: Toda idéia nova possui um contexto em que é percebida ou obtida. Este ítem é destinado para a contextualização das idéias pretendidas com o projeto de pesquisa. Esse ítem também mostra o conhecimento de base dos pesquisadores principais para explorar o tipo de problemas que se pretende resolver com o novo projeto de pesquisa.

Esse ítem deve conter uma descrição suscinta dos trabalhos de pesquisa já realizados pelos pesquisadores principais individualmente ou em colaboração com outrem, sobre o assunto do atual projeto de pesquisa. Além de permitir a análise do conhecimento de base dos proponentes do projeto de pesquisa, isso permite a avaliação do assunto com relação ao interesse científico. Trabalhos de pesquisa anteriores já publicados na literatura científica sobre o tema, refletem o interesse pelo assunto o que é um indício de sucessos futuros do projeto.

No caso de tema inédito, os pesquisadores principais devem explicar as possíveis aplicações do mesmo nas áreas do conhecimento tradicionais ou no desenvolvimento de bens e valores para a sociedade.
  1. Descrição da infra-estrutura: Esse ítem é algo fundamental. Em que condições os pesquisadores principais e sua equipe trabalharão na realização do projeto de pesquisa? Que recursos humanos existem à disposição? Que recursos técnicos e equipamentos existem? Contam os estudantes e pesquisadores com uma biblioteca bem aparelhada? Os estudantes possuem espaço físico para trabalharem? Existem redes de computadores de alto desempenho e com acesso à internet? Essas questões são típicas e a decisão quanto ao mérito de um projeto de pesquisa pode depender da resposta a elas.

  1. Orçamento: Este ítem é importante para projetos que necessitam de materiais de consumo ou permanentes. Os autores devem consultar os fornecedores com relação a preços e orçamentos.

  1. Projeto de Pesquisa: Este ítem corresponde ao projeto de pesquisa propriamente dito. Todos os detalhes sobre o mesmo devem ser apresentados e explicados aqui. De modo análogo a um trabalho de monografia (porém em menor tamanho), este ítem deve conter introdução, descrição de cada subprojeto e seus detalhes, os materiais e métodos a serem utilizados, e as referências. Não existe uma regra absoluta com relação aos subítens dentro do projeto de pesquisa, mas os autores devem buscar a explicação clara do que se pretende fazer. Não há um subítem do tipo conclusão pois não há o que concluir. Porém, pode-se adiantar algo do que se expera como resultados.


Assim, concluímos a apresentação das características principais de um projeto de pesquisa. O conteúdo de cada um deles será fruto da criatividade humana. Dois projetos sobre um mesmo assunto poderão ser bem diferentes sem que um seja pior do que outro.

Alguns cuidados na preparação do projeto de pesquisa são de extrema necessidade.

O projeto de pesquisa deve ter consistência, relacionando os objetivos de cada subprojeto ao objetivo principal do mesmo.

O orçamento do projeto deve ser preparado cuidadosamente para não ficar acima ou abaixo do que se espera para a realização do projeto de pesquisa. Certamente que essa recomendação vale em dobro para qualquer trabalho de pesquisa espírita não somente por causa da escassês de recursos, mas porque como espíritos ainda endividados, faz parte do nosso aprendizado moral o uso correto (não abuso), consciente e adequado dos recursos que porventura dispusermos.

Um projeto de pesquisa não se escreve da noite para o dia. É necessário estudar a bibliografia e a literatura específicas da área do conhecimento a qual se liga o projeto de pesquisa, bem como os trabalhos recentes que outros pesquisadores tem feito nessa área. Um projeto de pesquisa deve possuir uma importante virtude: a simplicidade. Não há necessidade de incrementar o projeto com atividades aparentemente grandiosas para justificá-lo. As seguintes palavras de Willian Crookes, contidas na introdução do livro Fatos Espíritas editado pela FEB, demonstram a simplicidade que caracteriza a atividade científica:

O espiritualista, diz Crookes, fala de corpos pesando 50 ou 100 libras, que se elevam ao ar sem a intervenção de força conhecida; mas o químico está habituado a fazer o uso de uma balança sensível a um peso tão pequeno que seriam necessários 10000 deles para perfazer um grão. Ele tem base para pedir a esse poder, que se diz guiado por uma inteligência que suspende ao teto um corpo pesado, que faça mover, sob condições determinadas, a sua balança tão delicadamente equilibrada.
 
O espiritualista fala de pancadas que se produzem nas diferentes partes de um quarto, (...). O experimentador científico tem o direito de pedir que essas pancadas se produzam sobre a membrana esticada de seu fonautógrafo.
 
O espiritualista fala de quartos e de casas sacudidas por um poder sobre-humano, (...). O homem de ciência pede simplesmente que um pêndulo colocado sob uma campânula de vidro e repousando em sólida alvenaria seja posto em vibração.
 
(...)
 
O espiritualista fala das manifestações de uma força equivalente a milhares de libras e que se produz sem causa conhecida. O homem de ciência, (...), pede que as ditas manifestações se produzam no seu laboratório, onde ele as poderá pesar, medir, e submeter seus próprios ensaios.

Eis o que consideramos o exemplo de modo simples de pensar quando desejamos preparar um projeto de pesquisa espírita. Não há necessidade de preocuparmos com “quantidade” mas apenas com a “qualidade” dos resultados que almejamos encontrar com nossas pesquisas.

Na próxima aula apresentaremos um modelo de projeto de pesquisa espírita com o objetivo de ilustrar a presente aula.

Referências

[1] T. Schlick, Molecular Modeling and Simulation, Springer-Verlag, New York (2002).

[2] W. Crookes, traduzido por O. D’argonnel, Fatos Espíritas, Editora FEB, 7a Edição (1983).


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História & Pesquisa

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas")

Divaldo Pereira Franco no jornal "O Povo" de Fortaleza, João Marcos Weguelin, Brasil

Prezados irmãos e irmãs do ideal espírita:

O link abaixo é para a entrevista de Divaldo Pereira Franco ao jornal O POVO, de Fortaleza, sobre a inauguração de sua nova coluna semanal naquele periódico, um dos jornais de maior prestígio da terra de Bezerra de Menezes.
http://www.noolhar.com/opovo/fortaleza/501588.html 

João Marcos Weguelin



http://www.noolhar.com/opovo/fortaleza/501588.html

Os ensinamentos do espírita

Um tratado sobre a faculdade mediúnica, do espírito Manoel Philomeno de Miranda, marca a estréia de Divaldo Franco nas páginas do O POVO. Todos os domingos, no caderno Populares, uma coluna trará textos de espíritos psicografados pelo médium baiano, considerado um dos nomes mais conceituados do espiritismo no mundo

Paulo Rogério
da Redação

 

Divaldo Franco, 78 anos, espera que seus textos psicografados proporcionem conforto, orientação e felicidade ao leitor (Divulgação)
 
Dar de graça o que de graça se recebe. O ensinamento cristão inspira o médium Divaldo Franco, 78 anos, autor de um expressivo número de obras espíritas - são cerca de 200. O acervo é grande, mas ele revela: ''Nunca escrevi de motu próprio (vontade própria)'. Toda a produção são mensagens psicografadas, muitas inéditas, que O POVO passará a publicar a partir deste domingo. Convidado pelo jornal, ele disse estar honrado com a oportunidade e que a aceitava como ''estímulo ao prosseguimento da tarefa que abraço nos arraiais da Doutrina Espírita''.

O POVO
é o único jornal para o qual ele escreve atualmente. Em entrevista por e-mail, na semana passada, Divaldo Franco disse esperar que leitor encontre ''conforto moral, orientação espiritual e diretrizes seguras para uma vida feliz'' nos textos psicografados por ele. Sobre a inevitável comparação com Chico Xavier, o médium baiano diz que, no Espiritismo, ninguém sucede ninguém, uma vez que cada um desempenha sua própria tarefa de acordo com as possibilidades que estejam ao seu alcance. Disse, porém, que ''Chico Xavier permanece como sendo o apóstolo da mediunidade, inigualável, como homem, médium e servidor cristão''.


Divaldo Franco falou ainda sobre as obras sociais que desenvolve no Brasil no Exterior com o dinheiro que arrecada com direitos autorias, conferências e seminários. São recursos que educam mais de três mil crianças e jovens. Também manifestou preocupação com a onda de terrorismo. ''A criatura humana, que alcançou as estrelas e penetrou nas micropartículas, já deveria estar vivendo uma ética moral compatível com os avanços da inteligência''.


O POVO -
O Espiritismo ainda sofre algum tipo de preconceito no Brasil, um País formado por maioria católica?

Divaldo Franco -Realmente já não vivemos o período dos debates e da insensatez religiosa que caracterizou o passado. Não mais existem, pelo menos ostensivamente, as perseguições católicas contra os espíritas. Essas, hoje, estão presentes em condutas esdrúxulas de alguns segmentos dos neopentecostais (evangélicos) e Testemunhas de Jeová, que imitando os diálogos desobsessivos realizados nas Casas Espíritas, sem conhecimento da Doutrina, colocam-se em postura agressiva, o que é lamentável para eles.

OP - Como está o Espiritismo no resto do mundo?
Divaldo -
Eu venho proferindo conferências em 58 países dos cinco continentes, nos últimos 40 anos, e nunca sofri qualquer restrição religiosa ou experimentei dificuldade dessa natureza. O Espiritismo cresce e conforta milhões de vidas, em razão dos seus conteúdos científicos, filosóficos e ético-morais de conseqüências religiosas.

OP - A literatura espírita cresceu nos últimos 20 anos. A que o senhor atribui esse crescimento?
Divaldo -Em face da lógica e das experimentações em laboratório, o Espiritismo demonstra pelos fatos tudo quanto afirma em teoria, gerando contentamento naqueles que o buscam a certeza da imortalidade da alma e da justiça divina. Desse modo, é natural que, se vivendo a época da pesquisa através da Ciência e da Tecnologia, uma Doutrina eminentemente vigorosa atraia interessados que não encontraram os mesmos fundamentos em outras denominações religiosas.

OP -
Quantos livros o senhor tem publicado?

Divaldo -Até o momento já foram publicados 185 livros psicografados, 90 dos quais encontram-se traduzidos a 15 idiomas. Os mais conhecidos são Vida Feliz e a Série psicológica, ditados pelo espírito Joanna de Ângelis. Igualmente têm sido muito divulgadas outras obras ditadas pelos espíritos Manoel Philomeno de Miranda e Victor Hugo.

OP -
Quem é o espírito Joanna de Ângelis, autora da maioria de suas mensagens?

Divaldo - O pseudônimo Joanna de Ângelis oculta a identidade de Sóror Juana Inés de la Cruz, que viveu no México, nos séculos XVI e XVII, havendo-se reencarnado no Brasil com o nome de madre Joana Angélica de Jesus, que desencarnou no ano de 1822, na condição de heroína baiana, quando das lutas da independência do Estado.

OP -
Para onde vai a renda obtida com a venda destas obras?

Divaldo -O resultado dos ''direitos autorais'' de toda a produção por meu intermédio em estado de transe ou em plena lucidez (conferências, seminários, estudos) são doados em cartório à Mansão do Caminho, obra social do Centro Espírita Caminho da Redenção, que educa 3.019 crianças e jovens, bem como a mais 10 outras instituições no Brasil e no Exterior. O médium espírita trabalha com sentimento cristão, tudo realizando gratuitamente, conforme a recomendação de Jesus: Dar de graça o que de graça se recebe.

OP - Como é o seu dia-a-dia na Mansão do Caminho?
Divaldo -Como devo administrar a instituição com o um grupo de excelentes companheiros, desperto às 6h30min e dou início às atividades. Visito os diversos setores, atendo os trabalhadores de nossa Casa, respondo a correspondência. Após o almoço, faço um repouso de meia hora e volto ao atendimento dos deveres da entidade, que também é departamento do Centro Espírita Caminho da Redenção, que mantém um largo programa doutrinário. Participo de seis reuniões: quatro doutrinárias e duas mediúnicas, atendendo as pessoas que me procuram após as reuniões de terças-feiras e sábados até a madrugada. Normalmente psicografo nas reuniões mediúnicas e na Mansão do Caminho até as 2 horas. Tudo muito simples, mas bem ordenado.

OP - Durante as sessões da Mansão, as pessoas lhe pedem mensagem de parentes desencarnados?
Divaldo -Anteriormente dedicava a noite de quinta-feira para cartas do Além. Posteriormente, transformamos a atividade em estudos e comentários com perguntas do público e respostas de minha parte ou daquele que profere a palestra...

OP - Há um dia específico para isto?
Divaldo -As comunicações ocorrem espontaneamente, quando os espíritos assim o desejam. Já não temos um dia dedicado a esse mister.

OP - Há pessoas que o consideram sucessor de Chico Xavier. O que o senhor acha disso?
Divaldo -Chico Xavier permanece como sendo o apóstolo da mediunidade, inigualável, como homem, médium e servidor cristão. Essa informação é totalmente destituída de legitimidade, porquanto, em Espiritismo ninguém sucede a outrem, cada qual desempenhando a tarefa para a qual reencarnou, mediante as possibilidades que lhe estejam ao alcance.

OP - O senhor passa grande parte do tempo viajando para palestras e conferências. O que mais lhe tem chamado a atenção no contato com o público?
Divaldo -O sofrimento humano encontra-se presente em todos os quadrantes do planeta, levando as criaturas ao desespero e ao inconformismo. Em toda parte defronto a dor procurando consolo e orientação, os transtornos psicológicos dominando os sentimentos e a razão, a loucura da droga, do tabaco, do álcool e do sexo em desvario, esmagando as massas. O Espiritismo dispõe de um maravilhoso arsenal de conteúdos libertadores para esses problemas, que temos colocado à disposição dos nossos ouvintes com excelentes resultados.

OP - O que os espíritos têm-lhe falado sobre problemas como terrorismo e mais perto dos brasileiros, com relação à corrupção?
Divaldo -Os espíritos nobres lamentam a onda de horror que varre a Terra em todos os lados. A criatura humana, que alcançou as estrelas e penetrou nas micropartículas, já deveria estar vivendo uma ética moral compatível com os avanços da inteligência. Infelizmente, porém, ainda predomina o primitivismo na grande mole humana. Encontramo-nos em um período de transição moral do planeta Terra, quando este deixará de ser mundo de provas e de expiações, para tornar-se mundo de regeneração. É natural, portanto que, desgraçadamente, alguns indivíduos optem pela violência em favor das suas causas e religiões, bem como explorem os demais através do abuso que leva à corrupção. Ninguém porém fugirá da consciência que a todos nos alcança após o período de anestesia realizado pela volúpia do poder e do prazer.

OP - Problemas financeiros, desemprego, falta de moradia, de saúde e violência criam desesperança nas pessoas. O que o Espiritismo diz para quem enfrenta problemas como estes?
Divaldo -O Espiritismo é Doutrina dinâmica, que convida à luta embora pregando a resignação, que não significa o cruzar de braços ante a injustiça e a crueldade. Assim, conclama ao esforço de cada um em particular e a todos em geral, para que a ordem atual perversa e insana seja modificada mediante a ação da honra, do bem e do dever. Se cada qual realizar o melhor ao seu alcance, o mundo de logo mais será diferente. Não basta apontar as misérias, mas é necessário saná-las com o nosso sacrifício e inteireza moral.

OP - A coluna no O POVO é a primeira que o senhor escreve?
Divaldo -Há alguns anos, quando dispunha de mais tempo, cooperei com um órgão do Rio de Janeiro, o Jornal de Esportes. Em face dos muitos compromissos, tive, lamentavelmente, que suspender a contribuição. No momento, estou comprometendo-me apenas com O POVO, o que muito me dignifica.

OP - O que o leitor cearense poderá encontrar nas mensagens?
Divaldo -O caro leitor cearense irá encontrar nas páginas que recebo do Além, ditadas pelos espíritos generosos, e que agora estarão sendo divulgadas por esse órgão venerando, conforto moral, orientação espiritual e diretrizes seguras para uma vida feliz. Pelo menos, assim o desejo.

Leia coluna na página 32 do caderno Populares

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Questões e Comentários 


Egoísmo, vício ou defeito? Ou um exemplo dos multiplos significados das palavras?


Recebemos um e-mail da Sueli dos Anjos, do grupo espírita Missionários da Luz, com uma dúvida bastante interessante. Ela se refere a resposta que os Espíritos deram a Kardec quando este questionou qual é o pior vício (questão 913). Os Espíritos afirmaram que o egoísmo é o pior dos vícios, pois ele está na base de todos os outros:

913. Entre os vícios, qual o que podemos considerar radical?
-- Já o dissemos muitas vezes: o egoísmo. Dele deriva todo o mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe egoísmo. Por mais que luteis contra eles não chegareis a extirpá-los enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto não lhes houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade. Quem nesta vida quiser se aproximar da perfeição moral deve extirpar do seu coração todo sentimento de egoísmo, porque é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele neutraliza todas as outras qualidades. (O Livro dos Espíritos, Tradução de J. HERCULANO PIRES - Edições FEESP)

Parece estranho classificar o egoísmo como um vício. Por isso consultei a versão francesa disponível na Internet para verificar um possivel erro de tradução. Foi fácil de ver que a palavra "vícios" traduz diretamente a palavra escolhida por Kardec para montar a frase: vices.

913. Parmi les vices, quel est celui qu'on peut regarder comme radical ?
« Nous l'avons dit bien des fois, c'est l'égoïsme : de là dérive tout le mal. Etudiez tous les vices, et vous verrez qu'au fond de tous il y a de l'égoïsme ; vous aurez beau les combattre, vous ne parviendrez pas à les extirper tant que vous n'aurez pas attaqué le mal dans sa racine, tant que vous n'aurez pas détruit la cause. Que tous vos efforts tendent donc vers ce but, car là est la véritable plaie de la société. Quiconque veut approcher, dès cette vie, de la perfection morale, doit extirper de son coeur tout sentiment d'égoïsme, car l'égoïsme est incompatible avec la justice, l'amour et la charité : il neutralise toutes les autres qualités. » (Le Livre des Esprites, UNION SPIRITE FRANÇAISE ET FRANCOPHONE)

Verifiquei os significados de "vices" e "vícios" nos dicionários (Le Robert - frânces e Michaelis - português) e a tradução está perfeita! A solução para a dúvida da Sueli é que, tanto em frânces como em português, a palavra vício tem mais de um significado. Entre eles "disposição habitual para o mal" e "defeito físico ou moral". O sentido que usamos na linguagem coloquial - e que gerou a dúvida - é o de "costume condenável ou censurável".

Assim, entendendo-se vícios por "defeitos morais", vemos que o raciocínio apresentado pelos Espíritos na resposta é extremamente coerente com a pergunta de Kardec:

913 Entre os defeitos morais, qual o que podemos considerar pior (mais radical)?
Já o dissemos muitas vezes, é o egoismo. Dele deriva todo o mal, estude os defeitos morais e verá que no fundo de todos eles há o egoismo. (...)
 
Eis um bom exemplo dos problemas de interpretação que podem ser causados pela multiplicidade de sentidos das palavras.

A título de curiosidade, a versão em inglês do grupo "Allan Kardec Educational Society" de Philadelphia (USA) opta por uma tradução menos literal, mas bastante fiel ao sentido do texto:

913. What is the fundamental cause of the faults found in human nature?
"If you study all your faults, you will find that their common foundation is selfishness. Ridding yourself of them requires that you attack the selfishness at its root. Concentrate on this end. Selfishness is a kind of social grangene, and ethical transformation depends on purging every selfish feeling from the human heart. Selfishness is incompatible with justice, love and charity, and neutralizes every good quality." (The Spirits´ Book, ALLAN KARDEC EDUCATIONAL SOCIETY).

Muita Paz,
Carlos Iglesia

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Painel


Campaña Mundial de Implantación del Estudio Sistematizado de la Doctrina Espírita



Por la primera vez Centros Espíritas en todo el mundo participan en simultaneo de la Campaña Mundial de Implantación del Estudio Sistematizado de la Doctrina Espírita en Español.
 
http://www.spiritist.org/esde


La Revista Espírita
revista@spiritist.org

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Núcleo Espírita Universitário de Angra dos Reis

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