A
Responsabilidade de
Cada Um na Disseminação da Boa Nova
Ao reler a nossa
própria
trajetória pessoal pela vida
afora, constatamos muitos equívocos e paradoxos em nosso
comportamento no que
diz respeito a nossa atitude perante às questões
relacionadas com a nossa
própria existência, a existência da alma ou
espírito e a sobrevivência deste à
morte física, a possibilidade de um permanente intercâmbio
entre o mundo físico
e o espiritual, a reencarnação, enfim, essa
problemática que tanto diz respeito
e afeta a nossa vida.
Em
um
primeiro momento, quando o véu da ignorância paira
sobeiranamente sobre as
nossas mentes e empana quase que por completo a nossa
inteligência e razão,
mantemo-nos como que
anestesiados e
insensíveis ao conhecimento dessa realidade. Este ainda
não é o mais crítico
dos momentos no tocante a nossa intransferível responsabilidade
perante a vida
e o progresso moral, pois somos nesta fase beneficiados pela atenuante
da falta
de conhecimento.
No
prosseguimento da nossa jornada rumo ao conhecimento das coisas e do
entendimento da própria vida, inisistimos nos enganos e
paradoxos. No ponto em
que já desenvolvemos relativamente o conhecimento intelectual,
somos como
que acometidos pela enfermidade do orgulho e da vaidade. Aí
então, passamos a
traçar conjecturas e imaginamo-nos as pessoas mais capazes e
habilitadas a
emitir um parecer rational sobre os dilemas da vida e suas
consequências
práticas. Assumimos a postura do mais lúcido dos
filósofos e julgamo-nos os
únicos pesquisadores capazes de desvendar os segredos que levam
à Verdade. Assim,
do púlpito da nossa pedante arrogância desafiamos e
debochamos daqueles que
ousam enveredar pelos caminhos do autoconhecimento, especialmente os
que levam
à descoberta da nossa realidade intrínsica de seres
imortais.
Tudo,
dizemos, não passa de misticismo, ocultismo,
superstição, enfim, coisas
indignas de serem ao menos cogitadas e objeto de estudos e
considerações mais
sérias. Como diria
jocosamente o
lúcido escritor espírita, Hermínio C. Miranda,
que ao darmos azo a tão
despropositado absurdo que representam essas possibilidades
temerárias,
correríamos o risco de se nos deparar com o seguinte dilema: " -
então,
meu Deus!, somos todos espíritos sobreviventes, reencarnantes,
comunicantes e
até imortais! Um horror!"
Continuamos
a nossa jornada de aprendizado pelos corredores da melhor e mais
apropriada de
todas as escolas - a própria vida. Nessa longa caminhada, por
razões e
'coincidências' que na maioria das vezes não procuramos
analisar mais
sabiamente, quiçá uma delas a dor, vamos nos encontrar
mais adiante, em posição
um pouco mais de vanguarda, e aí já até admitimos
sondar essas questões
existenciais com mais abrandamento. Iremos nos surpreender até,
quando nos vermos
mais à frente, integrados às fileiras de uma das mais
variadas correntes do
pensamento, seita ou religião. Como somos espíritos
imortais em longa jornada
de aprendizado, muito embora não tenhamos admitido tão
estapafúrdia idéia por
longos séculos e talavez milênios, a razão nos diz
que a probabilidade mais
acertada é a de que antes de chegarmos aonde nos encontramos
nesta fase da
vida, fizemos pouso em muitas paradas.
Como
sabemos, a natureza não dá saltos. Apesar do conhecimento
intelectual que até
aqui adquirimos ao longo dessas pretéritas experiências
vividas na carne e fora
dela, bem como o abrandamento da nossa postura em relação
aos questionamentos
existenciais mais urgentes, e mais ainda, apesar do exercício
salutar do
relacionamento humano mais direto nas fileiras dos credos por onde
fizemos
paradas, fato é que ainda perpetuam-se os equívocos e os
desacertos mais
triviais. O orgulho, a vaidade e a falta de humildade empanam a nossa
razão e ainda
nos prendem aos atavismos do passado e nos impedem de enxergar a
humanidade
como uma grande família universal, da qual somos todos membros e
como tal
devemos nos tratar, não importando a que segmento social,
filosófico ou
religioso fizermos parte.
Assim,
tem sido a nossa jornada, repleta de equívocos, erros e
também acertos, convenhamos,
mas enfim, de aprendizado. Hoje nos encontramos vivendo em um mundo em
que os
valores humanísticos são apregoados às
escâncaras, muito embora praticados à
míngua. Mas se não os incorporamos na prática em
nossas vidas diária, não é por
causa de ignorância ou falta de conhecimento, é
opção mesmo. Afinal de contas
já se vão mais de dois mil anos em que repetidamente
temos recebido a visita de
inúmeros mensageiros do Amor e da Verdade, os quais
insistentemente têm nos
falado dessas coisas, inicialmente por metáforas e
parábolas, e posteriormente,
em linguagem clara e incontroversa. Na altura dos acontecimentos, pois,
encontramo-nos em uma situação em que não mais
seremos beneficiados pela
atenuante da dúvida ou falta de conhecimento. Não, este
tempo já passou. A
razão nos adverte e naturalmente nos impulsiona na
direção de um raciocínio
mais lógico e compatível com o nosso grau de progresso
moral e intelectual.
Quer aceitemos ou não, nossa consciência nos mostra que o
princípio da
responsabilidade individual é o apelo maior e constante a
proclamar a máxima do
"A quem mais se dá, mas será cobrado".
Depois
de
muitas idas e vindas aqui nos encontramos em pleno século 21,
ainda um pouco atônitos
por testemunhar de perto tantos equívocos, desacertos e
sofrimentos, apesar de
vivermos em um mundo globalizado onde o progresso tecnológico
alcançou
patamares jamais visto, e muitos até bem recente
inimagináveis.
Nós
outros que fomos ao longo dessa jornada contemplados com a
dádiva dos conhecimentos
esclarecedores da doutrina consoladora dos espíritos, podemos
nos considerar
privilegiados. Seria este mesmo o entendimento que devemos ter frente a
esta realidade?
Não
resta
a menor dúvida que os ensinamentos sábios e seguros da
Doutrina Espírita podem
ser comparados a um poderoso e eficiente jato de luz a iluminar a nossa
caminhada rumo ao progresso espiritual. Entretanto, devemos compreender
que
temos que ir além do simples conhecimento e nos render ao seu
apelo maior, quer
seja, aquele que nos fala do verdadeiro senso de responsabilidade
individual e
comprometimento com os valores objeto da proposta espírita.
Somente assim,
poderemos nos sentir verdadeiros privilegiados por ter tido a
abençoada
oportunidade de, nesta existência, ter travado contacto com esses
tão benéficos
ensinamentos.
Finalmente,
voltamos a nossa atenção para o ponto essencial
circunscrito no título desta
despretenciosa mensagem editorial.
É
muito
natural que queiramos dividir com os nossos irmãos um pouco
daquilo que nos tem
feito tanto bem. Afinal de contas, nos imaginamos preparados para
iniciar tal
empreitada, uma vez que entramos para as fileiras do Espiritismo
já há muito
tempo, diremos nós. E neste ponto, mais uma vez recorro à
sutileza do humilde
escritor espírita Hermínio Miranda que alhures afirmou
mais ou menos o
seguinte: "é fato que já entramos no Espiritismo, mas o
que precisamos é
ter a certeza de que o Espiritismo entrou em nós."
E aqui,
encerramos com uma mensagem para todos aqueles que se põem a
serviço da nobre tarefa
de disseminar a Doutrina dos Espíritos, especialmente quando
este reconhecido
ato de caridade é dirigido para irmãos de outras
culturas. Primeiramente, jamais
percamos de vista que o exemplo é o maior entre todos os meios
de que dispomos
para o exercício desse mister. Quanto ao mais, a Doutrina dos
Espíritos está
assentada em base sólida e segura - A Codificação
-, a qual não foi objeto de interpolações
e interpretações duvidosas. Assim, tenhamos a humildade
de estudá-la com
dedicação e perseverança, para que possamos nos
habilitar a disseminar os seus
ensinamentos com simplicidade e clareza, que são
características da sua própria
mensagem, nos abstendo de restringi-la ou atrofiá-la com a
aplicão de rótulos de qualquer natureza,
pois a sua mensagem é universal e apela para o
coração e a mente de qualquer
ser humano, esteja ele na posição que estiver.
Curso
de Ciência e
Espiritismo, 13ª Aula,
Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil
O Espiritismo e a Universidade
Alexandre
Fontes da Fonseca
O
Espiritismo é a única doutrina espiritualista que
não
foi desenvolvida unicamente a partir dos esforços intelectuais
de uma única pessoa ou único grupo de pessoas. Ele
representa o ensinamento dos Espíritos, seres humanos
despojados do corpo físico, que além de descortinarem
um mundo espiritual além dos limites da matéria, eles
próprios apresentaram as leis que o regem. O Espiritismo
não
representa o mérito de um único Espírito pois
por mais inteligente e evoluído que fosse, jamais forneceria
as experiências que o conjunto de Espíritos, com maior
ou menor grau evolutivo, poderia dar. Essa é uma
característica muito especial pois se porventura todos os
livros espíritas fossem destruídos, os Espíritos
poderiam se comunicar novamente transmitindo suas mensagens aos
homens.
Mesmo
sabendo que a autoria do Espiritismo pertence aos Espíritos,
sabemos que eles não poderiam tê-la materializado
sozinhos. Eles precisaram da uma mente sensata para o trabalho de
codificação do Espiritismo. Coube ao nosso irmão
Allan Kardec, de reconhecida altura moral e intelectual, o trabalho
de receber as informações dos Espíritos,
analisá-las e deduzir as leis que regem o mundo espiritual,
construindo a Doutrina Espírita que é o nosso porto
seguro no estudo das verdades espirituais. A formação
de Kardec como educador levou-o a escrever a Doutrina Espírita
de modo bastante didático, facilitando o estudo de cada pessoa
interessada independente do grau de instrução.
Curiosamente,
os Espíritos superiores não desejaram aproveitar o
prestígio que o sobrenome Rivail detinha como educador
e cientista, junto às academias de Ciência da sua
época.
Eles sugeriram que Rivail se utilizasse de um nome usado por ele em
outra encarnação, para então assinar as obras da
codificação: Allan Kardec. Esse fato é muito
importante pois revela que os Espíritos superiores não
tiveram a intenção do Espiritismo nascer como uma
disciplina científica, no interior das cátedras, com o
brilho e o respeito análogos aos das teorias modernas da
época. Quiseram os Espíritos que o Espiritismo nascesse
como uma humilde porém verdadeira doutrina destinada a todas
as pessoas sem distinção, que não estivesse
circunscrita a um meio social em especial e que não fosse
privilégio de alguns poucos iniciados no campo da
Ciência e da Filosofia. Os Espíritos desejaram (e
desejam ainda) que as pessoas busquem conhecer o Espiritismo não
pelo prestígio pessoal de Rivail, mas pelo simples e sincero
interesse pelo assunto.
Estamos
dizendo isso pois o Movimento Espírita já a mais de 10
anos [1] vém discutindo as possíveis
relações
entre o Espiritismo e a instituição conhecida como
Universidade. Alguns companheiros defendem a inserção
do Espiritismo na Universidade como disciplina científica e
tópico de pesquisa chegando ao ponto de acreditarem ser esse o
único caminho para o progresso do Espiritismo [2], enquanto
que outros, sem discordarem de modo absoluto, levantam
questionamentos e analisam algumas consequências dessa
idéia
[1].
Nesta
aula, analisaremos a necessidade do Espiritismo se inserir nos meios
acadêmicos como condição de sobrevivência
e, em seguida, comentaremos a respeito de algumas
características
ideais que uma Universidade Espírita deve satisfazer, ao nosso
ver, para cumprir de modo eficiente o papel que a sociedade espera de
uma instituição desse porte. Os comentários a
seguir foram tirados de alguns trabalhos de nossa autoria sobre o
assunto, publicados na literatura espírita [3-7].
A
sobrevivência do Espiritismo e do Movimento Espírita
não
depende da Universidade abrigá-lo como teoria acadêmica
ou tópico de pesquisa. A sobrevivência do Espiritismo
depende exclusivamente do Movimento Espírita, de como ele
trabalha a divulgação e a prática dos conceitos
e ensinamentos doutrinários (vide o Editorial deste Boletim).
Aliás, assim se expressou Leon Denis na introdução
do livro No Invisível: “O
Espiritismo será o que o fizerem dele os homens”.
Individualmente, a sobrevivência do Espiritismo depende de
nosso esforço no estudo e na prática da Doutrina
Espírita em pleno acordo com os ensinamentos cristãos.
Podemos acrescentar ainda que a sobrevivência do Espiritismo
depende da recomendação do Espírito de Verdade
presente no ítem 5 do Cap. VI de O Evangelho Segundo o
Espiritismo: “Espíritas!
amai-vos, este o primeiro mandamento; instruí-vos, este o
segundo”. Se soubermos nos amar uns aos
outros
(respeitando nossas diferenças e limitações) e
nos mantermos sempre estudando (Jesus: “conhecereis a verdade e
ela
vos libertará” JO
8,32), toda atividade que iniciarmos em nome do Espiritismo
progridirá tendo o apoio dos bons Espíritos.
Se
a inserção do Espiritismo na Universidade não
é
condição necessária para sua sobrevivência,
isso não significa que não pode haver benefícios
decorrentes dessa inserção. Entretanto, qualquer
projeto de inserção do Espiritismo na Universidade
não
poderá prescindir das recomendações do
Espírito
de Verdade de modo que o projeto esteja completo sem o risco de
desvirtuar-se em seus objetivos mais nobres. Assim, antes de
querermos ver tópicos espíritas divulgados nas paredes
e corredores dos institutos e faculdades, devemos nos preocupar com
nossa postura cristã perante nós mesmos e os colegas de
trabalho. Sendo o meio acadêmico um local em que o orgulho
encontra terra fértil para se desenvolver, como nós
espíritas que estudamos ou trabalhamos em uma Universidade
estamos nos portando com relação aos outros? Como nos
sentimos quando nossos colegas obtém sucesso, destaque e
prêmiações enquanto nosso trabalho caminha sem
muita valorização? Como agimos perante os servidores de
funções mais simples dentro da instituição
que nos emprega? É certo que nos sentimos honrados ao sabermos
da existência de mais uma tese espírita bem sucedida.
Porém, tão importante ou mais, é ter a certeza
de que o recém formado mestre ou doutor se esforçou por
pautar seus atos pelos ensinamentos cristãos iluminados pelo
Espiritismo. É certo que sentimos muita satisfação
ao ter notícias sobre a publicação de artigos
espíritas em revistas científicas, mas não
devemos nos esquecer da alegria de nos sentirmos em esforço
por nossa reforma íntima, muito mais necessária ao
nosso aprimoramento do que o artigo científico. Não
achamos que é errado buscar alargar os limites de
divulgação
do Espiritismo para além dos livros e periódicos
espíritas. Mas a inserção do Espiritismo na
Universidade, assim como qualquer projeto espírita perante a
sociedade, deve ser completa e não ocorrer apenas sob o
aspecto intelectual.
Aqui
vale um importante comentário. O jovem espírita,
estudante universitário, que deseja iniciar os estudos de
pós-graduação, não deve, ao nosso ver, se
sentir pressionado a realizar um projeto de pesquisa espírita.
Sabemos do sucesso de alguns companheiros espíritas com teses
ligadas ao Espiritismo, como a tese de Doutoramento na área de
Educação da Dra. Dora Incontri [8]; na área de
Psiquiatria do Dr. Alexander de Almeida [9] e de mestrado na
área
de Literatura de Alexandre Caroli Rocha [10] (ver Ref. [11] para
conhecer uma lista de teses espíritas já realizadas).
No entanto, isso não justifica nenhuma ansiedade ou
precipitação em tentar realizar projetos de mestrado ou
doutorado sem o apoio de um bom orientador, sem a
preparação
de um bom projeto em que as motivações, o cronograma de
atividades e os objetivos previstos sejam bem analisados e descritos.
Se um estudante espírita encontrar essas condições
para a realização de seu curso de
pós-graduação
e tiver vontade de fazê-lo, certamente que ele terá o
apoio não somente do Movimento Espírita mas também
dos bons Espíritos. Mas se alguma dessas condições
não puder ser satisfeita, é preferível adiar o
ideal e realizar um bom mestrado ou doutorado em um assunto
acadêmico
usual, do que arriscar-se num projeto mal preparado e perder a chance
de se formar de modo satisfatório. Ninguém deve achar
que é falta de coragem moral realizar projetos de mestrado ou
doutorado em outros assuntos que não envolvem o Espiritismo. O
fato de uma tese ser espírita não torna os seus
autores pessoas especiais e melhores que os outros assim como o fato
de um projeto não ser espírita não torna
o seu autor menos especial do que ninguém. Muitas vezes, uma
boa tese em assunto não-espírita pode levar o seu
autor(a) a conquistar oportunidades profissionais em
posições
de grande destaque acadêmico onde, como espírita, ele ou
ela poderá fazer muito pela divulgação do
Espiritismo.
Se
a inserção do Espiritismo na Universidade é
assunto que merece ainda muita discussão, a idéia de
uma Universidade com adjetivo espírita é algo
ainda mais delicado. Por exemplo, o que diríamos de um
Hospital Espírita que oferecesse apenas água
fluidificada e passes no tratamento aos necessitados, doentes e
acidentados? Diríamos não se tratar de um Hospital e
que no máximo seria uma Casa Espírita. Para que uma
instituição seja um Hospital, é necessário
que ela tenha tudo o que a sociedade prevê em suas leis para a
existência e funcionamento de um Hospital, como médicos,
enfermeiros, prédios adequados, equipamentos variados, etc. Da
mesma forma, o que diríamos de uma Universidade Espírita
que não satisfazesse tudo o que a sociedade espera de uma
Universidade? A sociedade já conta com algumas
instituições
de ensino superior espíritas. Nossos comentários
não
se baseiam nas características dessas instituições
e, portanto, não se referem a nenhuma delas. A nossa
contribuição, aqui, se resume na discussão de
algumas características que, ao nosso ver, são ideais
para uma Universidade Espírita cumprir tudo o que a sociedade
e o Espiritismo esperam dela.
Primeiramente,
por ser espírita, deverá a Universidade Espírita,
como um todo (instituição e servidores), pautar seu
regulamento e comportamento pelos princípios da Doutrina
Espírita. Sem exigir que ninguém se torne espírita
(a lei garante a liberdade de crença religiosa), todas as
atividades realizadas na Universidade Espírita e em nome dela
deverão estar de acordo com os ensinamentos doutrinários
e cristãos. Sendo uma instituição social com
adjetivo espírita, a Universidade Espírita
deverá ser um verdadeiro exemplo da máxima “Dai a
César o que é de César e a Deus o que é
Deus”, seguindo fielmente as leis civis sem faltar com as leis
morais.
As
pessoas olham a Universidade como um local de progresso, de
geração
de riquezas, de oportunidade e estudo. Alguns a vêem como porta
de entrada para uma carreira promissora e outros como o local onde a
cura de determinadas doenças surgirá. O que as pessoas
desconhecem é que para ter esse status a Universidade
precisa realizar e manter uma série de atividades muito
específicas executadas por pessoas com uma determinada
formação e competência.
Uma
Universidade se caracteriza pela união de diversas faculdades
e institutos responsáveis, cada um, por uma área do
conhecimento. Uma Universidade tem dois objetivos básicos:
ensino e pesquisa. Como ensino, ela oferece cursos
básicos
de nível superior que preparam os indivíduos para a
exerção de cargos e funções junto à
sociedade. Oferece, ainda, como extensão, cursos
específicos
voltados para o interesse de determinados setores da sociedade como a
comunidade e indústrias. Como pesquisa, a Universidade
realiza trabalhos de teor básico e aplicado, sob
o rigor científico de cada área específica. O
produto de toda pesquisa, mesmo a pesquisa básica, contribui
para o desenvolvimento da sociedade e do país através
de novos conhecimentos que ajudam no desenvolvimento de novas
tecnologias, no aprimoramento da saúde e no desenvolvimento
social. A sociedade esperará que os profissionais que atuem na
Universidade Espírita tenham formação e
experiência científica e acadêmica
necessárias
para a execução das atividades universitárias de
ensino e pesquisa. Qualquer instituição que tenha como
objetivo se tornar uma Universidade Espírita deve buscar a
excelência tanto no ensino quanto na pesquisa.
Não
podemos nos furtar da análise de questionamentos sérios
no tocante à ideia de um projeto de uma Universidade
Espírita.
Por exemplo, deve-se exigir que os funcionários, docentes e
pesquisadores de uma Universidade Espírita sejam
espíritas?
Como o nosso país garante por lei a liberdade de
opção
religiosa, acreditamos que essa exigência não cabe. No
entanto, a Universidade Espírita pode ter um regulamento
próprio que busque orientar estudantes e funcionários
para o bom comportamento dentro da Universidade de acordo com os
princípios doutrinários.
Que
tipo de pesquisas a Universidade Espírita pode realizar? Em
princípio, qualquer assunto é passível de ser
estudado na Universidade Espírita, desde que não tenha
objetivos menos dignos. Deve ela só realizar pesquisas de
interesse espírita? Para ter respaldo científico a
Universidade Espírita deve se dedicar, também, a
pesquisas usuais. Na medida que a Universidade Espírita
produzir pesquisa de boa qualidade sobre assuntos acadêmicos
normais (não-espíritas), ela fortalece os seus
docentes/pesquisadores para as atividades de ensino e pesquisa; se
habilita a receber, através de seus pesquisadores,
financiamento de instiuições públicas e privadas
de fomento à pesquisa; e desenvolve uma imagem muito positiva
junto à sociedade mostrando que ser espírita
é
ser e trabalhar de modo tão sério e responsável
quanto qualquer outro setor da sociedade. Isso favoreceria,
indiretamente, a realização de trabalhos de pesquisa de
interesse espírita já que a Universidade Espírita
poderia, então, destinar uma maior parte de sua renda para o
financiamento dessas pesquisas que, infelizmente, não são
reconhecidas como assuntos de interesse pelos cientistas em geral.
Os
cursos profissionais de graduação e
pós-graduação,
cujos diplomas são reconhecidos pelos órgãos
governamentais competentes, que formam os indivíduos para o
mercado de trabalho, possuem custo relativamente elevado e que
infelizmente não podem ser gratuitos. A Universidade
Espírita
primará pela honestidade jamais cobrando valores
incompatíveis
com os custos, definindo claramente a destinação ou o
emprego dos lucros que obtiver. Deve a Universidade, então,
possuir cursos sobre Espiritismo? Deve-se cobrar por esses cursos? Em
nossa opinião, desde que sejam cursos livres, gratuitos e
não-obrigatórios, não vemos nenhum problema.
Livres no sentido de que qualquer pessoa pode ter acesso aos
mesmos; gratuitos para que todos possam ter acesso ao
conhecimento espírita; e não-obrigatórios
no sentido de que não se deve obrigar ninguém, nem
alunos e funcionários, a aceitar o Espiritismo, em respeito ao
direito pessoal de opção pela crença religiosa.
Além disso, o Espiritismo não deve, ao nosso ver, se
tornar um estudo passível de recebimento de diploma, notas,
etc., pois isso criaria um sistema de hierarquias prejudicial ao
Movimento Espírita. Por exemplo, um doutor em
Espiritismo seria alguém que sabe mais do que outros
espíritas? Um diploma em curso de Espiritismo permitiria que o
indivíduo tivesse uma melhor colocação no
mercado de trabalho? Essas questões são muito
importantes e precisam ser debatidas no Movimento Espírita
pois a Doutrina Espírita, desde sua origem, não surgiu
para ficar circunscrita a determinado meio ou grupo social e deve ser
divulgada de modo gratuito, no caso de palestras e cursos, e de modo
mais barato possível no caso de livros e revistas.
Para
finalizar, apresentaremos um questionamento que parecerá
contraditório, mas que precisa ser analisado por todos os
interessados. Será realmente necessária a
existência
de uma Universidade Espírita? Se ela deve oferecer cursos
usuais (não-espíritas); se ela deve realizar pesquisa
usual (não-espírita); se ela não pode exigir que
todos os seus funcionários e alunos sejam espíritas; se
ela, por fim, oferecerá serviços tão bons quanto
os de qualquer outra universidade; será que é
necessário criar uma em especial que tenha o adjetivo
espírita? Não pretendemos responder a essa
questão pois o assunto não encerra aqui. Como
mencionado anteriormente, já existem algumas
instituições
de ensino superior espíritas e desejamos que elas progridam
cada vez mais, cumprindo de modo eficiente o seu papel na sociedade.
Nossa intenção é trazer à tona
questões
necessárias para que as pessoas interessadas no assunto
meditem na melhor forma de empregar seus esforços nesse ideal
que, no fundo, está contido em um ideal maior que todos temos
que é o de divulgar a Doutrina Espírita para toda a
Humanidade. Todos os comentários, críticas e
sugestões
são e serão sempre muito bem vindos.
Referências
[1]
A. P. Chagas, O Espiritismo na Academia?
(1994), Revista Internacional de Espiritismo, Fevereiro
p. 20; Março p. 41.
[2]
D. Incontri, O Espiritismo na Universidade (2003) Boletim do GEAE
467.
[3]
A. F. da Fonseca, O Espiritismo na Universidade:
condições
necessárias mas não suficientes (2004), Jornal
Alavanca 490, p. 3.
A.
Kardec, Revista Espírita 8, p.257, (1861).
[4]
A. F. da Fonseca,
Universidade Espírita: Função e Componentes
(2004), Jornal Alavanca 492, p. 3.
[5]
A. F. da Fonseca, Universidade Espírita: Docentes
Espíritas
(2004), Jornal Alavanca 493, p. 3.
[6]
A. F. da Fonseca, Pesquisa Espírita e Espiritualista (2005),
Jornal Alavanca 494, p. 3.
[7]
Uma cópia dos artigos [3-6] pode ser
encontrada em: www.ieja.org
.
[8]
www.uniespirito.com.br/teses/pedagogia_espirita.pdf
[9]
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-12042005-160501/
[10]
www.universoespirita.org.br/contato/teseacrocha.pdf
[11]
http://www.feparana.com.br/banco_teses/banco_teses.htm
Retorno
ao Índice
Auto-Aperfeiçoamento,
Felinto Elízio Duarte Campelo, Brasil
“Aquele
que, todas as noites, lembrasse todas as suas ações
do dia e se perguntasse o que fez de bem ou de mal, pedindo a Deus e ao
seu anjo guardião que o esclarecessem, adquiriria uma grande
força para se aperfeiçoar, porque, acreditai-me, Deus o
assistirá”.
LIVRO DOS ESPÍRITOS -
QUESTÃO 919-A
No Evangelho
de Marcos, cap. 14, v. 38, encontramos a afirmação clara
e objetiva de Jesus: “Vigiai e orai para que não entreis
em
tentação”.
De fato,
não padece dúvida que vigilância e
oração são ferramentas
imprescindíveis a quem decide trabalhar o próprio
aperfeiçoamento espiritual.
O hábito de vigiar os
pensamentos para controlar as
ações, de orar para, ao influxo do Senhor, reunir
forças tornará o homem habilitado ao laborioso processo
de reforma íntima.
Vigilante e
fortalecido pela oração, em sintonia com o seu Guia
Espiritual, animado por pensamentos sadios, o postulante à
perfeição estará em condição de
reverter suas reações negativas ante o infortúnio
e a dor, de domar seus impulsos agressivos no convívio familiar,
no exercício profissional, na relação com o
próximo, no trato com companheiros de fé e com
irmãos que adotam outras convicções religiosas.
Exercendo a
auto-análise do seu procedimento a cada dia, vigiando e orando,
desenvolverá as virtudes que aureolam a alma cristã,
quais sejam: a fé sem preconceitos, o amor abrangente, o
perdão amplo e incondicional, a caridade sem
presunção, a esperança de
confraternização universal sem restrições.
É certo
que, no curto espaço de tempo de uma vida terrena, não
é possível conquistar todo o progresso a que o
Espírito foi destinado em sua criação, mas Deus,
infinitamente sábio e misericordioso, conceder-lhe-á
tantas reencarnações, neste e em outros orbes, quantas
forem necessárias ao seu aprimoramento.
Ciência e
Religião, Geraldo José de Paiva,
Brasil
Nota do
Editor: O texto abaixo encontra-se publicado na ComCiência
- Revista Eletrônica de Jornalismo Científico e nos
foi remetido pelo amigo Pedro Vieira, com a seguinte nota:
O digno professor fez uma
análise precisa e muito interessante.
Lembro-me bem de São
Luís que, em O Livro dos Médiuns, resumiu de forma
brilhante o papel do Espiritismo perante a Ciência, também
sendo um diagnóstico preciso e um aviso sobre essa pretensa
separação. Vejamos:
"Tem-se-vos dito uma coisa muito
verdadeira, que desejamos relembrar-vos: que o Espiritismo é
simplesmente uma
moral e que não
deverá sair, nem muito, nem pouco,
dos limites da filosofia, se não quiser cair no domínio
da curiosidade.
Deixai de lado as
questões de ciência: a missão dos
Espíritos não é resolvê-las,
poupando-vos ao trabalho das pesquisas; mas, procurai tornar-vos
melhores, porquanto
é assim que realmente progredireis." (O Livro dos Médiuns,
Capítulo XXXI, item XVII)
Delimitando-se corretamente as
coisas, a harmonia será natural.
Ao acompanhar o noticiário
relativo à eleição do papa, deparei-me com
várias matérias que reuniam ciência e
religião, quase sempre em oposição. Como em geral
são matérias escritas por jornalistas sem
especialização em um ou outro dos assuntos e, menos raro
do que desejável, em nenhum deles, a informação
que acaba sendo passada é repleta de confusão.
Felizmente, a quantidade de notícias acaba não surtindo
nenhum efeito apreciável no âmbito da
cognição. No âmbito da afetividade, porém,
as matérias consolidam a disposição negativa de
muitos leitores em relação à religião.
Não é possível
falar de ciência e
religião em abstrato. Há muitas ciências e muitas
religiões que mantêm relações diversas entre
si. E essas relações variam com o tempo, imbricadas que
estão na cultura e nas subculturas de épocas e lugares.
Atualmente, por exemplo, há ramos do budismo que não
têm dificuldade em pautar-se pela ciência e, pela voz do
Dalai-Lama, afirmam que abandonarão o conceito de
reencarnação se a ciência provar sua
inexistência. O espiritismo kardecista, semelhantemente, se
interessa por confirmar reciprocamente religião e ciência.
O islamismo chega a afirmar que as descobertas da ciência se
encontram no Alcorão. No âmbito do cristianismo,
particularmente nos Estados Unidos, assistem-se a múltiplos
esforços de convergência entre religião e
ciência, mais da parte de teólogos que de cientistas.
Feita a ressalva de que não
existe ciência nem
religião em abstrato, e restringindo-nos à ciência
contemporânea, de matriz ocidental, e ao cristianismo, penso que
há dois ou três níveis de discussão.
Ciência e religião podem ser consideradas do ponto de
vista da epistemologia, enquanto modos de acesso ao conhecimento.
Acredito que será importante determinar o respectivo objeto de
conhecimento, o fundamento da aceitação ou
rejeição desse objeto, as condições
cognitivas e afetivas de acesso ao objeto, a coerência das
construções relativas ao objeto. Julgo que a
diferença básica entre ciência e religião
reside no respectivo objeto: uma realidade não empírica
de caráter intersubjetivo ou uma realidade empírica de
caráter objetivo. Esse primeiro nível de discussão
poderia desdobrar-se em dois, de natureza realmente distinta: o da
relação entre ciência e religião e o da
relação entre ciência e teologia. Teologia
não é religião, e religião não
é teologia, embora tenham a ver uma com a outra. No extremo,
seria possível um teólogo sem religião, na
conhecida atitude filosófica do als ob. De fato, a teologia
não é teologal, no sentido de alcançar o
próprio Deus. A comparação entre ciência e
religião me parece mais natural nesse segundo nível de
discussão, a saber entre duas ciências, a ciência
empírica e a ciência de Deus. Como ambas são
ciências, compartilham das mesmas suposições e
exigências epistemológicas e constroem-se historicamente.
Essa construção histórica, aliás, é
que permite encontros e desencontros que, no longo prazo, podem se
revelar relevantes ou superficiais. A título de curiosidade,
registro a existência de um periódico editado desde 1988
em Kampen, Holanda, intitulado Journal
of Empirical Theology. Aceito o segundo nível de
discussão, haveria um terceiro, que é o da pessoa
concreta envolvida na pesquisa científica e na
adesão/não adesão religiosa. Esse é um
nível de talvez maior complexidade, porque abrange a pessoa
inteira e não só a atividade mental da
conceituação, da proposição, do
raciocínio. No restante do artigo pretendo elaborar alguns
aspectos de cada um desses níveis de discussão.
Penso que relacionar religião
cristã e ciência
ocidental como acessos específicos às realidades
empírica e não empírica ou meta-empírica
é, rigorosamente falando, um beco sem saída, no qual
não se devia entrar. Como não há comunidade de
objeto, encontra-se a aporia bem estabelecida desde Kant. Note-se,
aliás, que o melhor entendimento das provas escolásticas
da existência de Deus, compendiadas nas cinco vias de Santo
Tomás de Aquino, é o de que são provas de
conveniência, e não de demonstração, o que
nos levará ao terceiro nível da discussão. Na
melhor das hipóteses, que ainda não seria uma
hipótese boa, a discussão se desenrolaria, não
entre ciência e religião, mas entre ciência e
filosofia. Uma ilustração desse esforço
encontra-se na fervorosa contenda acerca do purpose, ou finalidade do mundo
Penso que a única maneira de se manter em nível
epistemológico comparável seria retornar ao postulado de
uma estrutura a priori de
apreensão do divino ou do numinoso, proposta por Otto, com
raízes em Schleiermacher e tão influente em Mircea
Eliade. Infelizmente, esse postulado se revelou inoperante, pois que
resultava de todo um envolvimento anterior de Otto com o cristianismo.
Talvez o sagrado, de Eliade, fosse um objeto mais apropriado à
comparação epistemológica, mas para seu
reconhecimento bastam as estruturas de apreensão de uso comum. A
analogia que me ocorre, nesse nível de discussão,
é com a arte. Digo analogia, pois a comparação
falha no essencial. Frente à arte e à religião,
Freud em determinado momento estacou no escrutínio da
psicanálise: essa não tinha recurso para entender o
processo criativo do artista e a grandiosidade da religião.
Talvez, assim como somos estruturados para apreender os
estímulos por via dos estereótipos, isto é, por
limitações cognitivas inerentes a nossa
posição na escala evolutiva, estejamos também
destinados a nos acercar da arte, da religião e da ciência
por vias paralelas.
O segundo nível de
discussão põe em pé de
igualdade a ciência e a teologia. Reconhecemos nesse nível
muitas semelhanças: preferência por modelos,
prevalência de métodos, substituição de
interesses, filiações intelectuais, disputa por recursos
financeiros e, para não fugir do jargão, mudança
de paradigmas ao longo do tempo. Creio que, nesse nível,
ciência e teologia estão próximas. Se há
interesse em aprofundar objetos específicos de que se ocupam uma
e outra, por exemplo o início da vida humana, essencial para se
julgar a liceidade das pesquisas com células-tronco, a teologia
fará bem em inteirar-se do estado da arte das ciências da
vida e essas do estado da arte da teologia. É óbvio que
tal intercâmbio só terá sentido numa cultura ou
sociedade em que ciência e religião são
parâmetros do pensamento e da ação. É esse o
caso brasileiro. Em minha experiência de ensino de psicologia da
religião para alunos de graduação e de
pós-graduação de diversas procedências
acadêmicas, tenho observado que um entrave sério para
qualquer diálogo é a desinformação relativa
ao interlocutor. Assim, para retornar ao exemplo da pesquisa com
células-tronco, primeiro há de se remover conceitos e
preconceitos. Os teólogos não podem imaginar que os
cientistas sejam incompetentes para estudar os fenômenos da vida,
ou que sejam movidos pela ambição do poder, ou que sejam
levianos e imprudentes na pesquisa, ou que sejam uma massa compacta
entrincheirada atrás de evidências. Os cientistas tampouco
podem imaginar que os teólogos sejam unânimes ou tenham o
mesmo grau de certeza, ou que qualquer posição
teológica alcance o estatuto de dogma (uma palavra
freqüentemente mal entendida), ou que os teólogos
não conheçam a história de seus próprios
conceitos e teorias, ou que não saibam distinguir entre dogma e
moral ou não procurem informar-se do avanço da
ciência. Ao contrário, no nível da discussão
científica é prudente supor entre os interlocutores
sutileza e sofisticação de conhecimento, além de
boa intenção e de amor à verdade e às
pessoas.
O terceiro nível de
discussão, a saber, o das pessoas
concretas, foi, em parte, objeto de longa pesquisa que empreendi com
pesquisadores da Universidade de São Paulo. Digo em parte,
porque não pesquisei religiosos e teólogos em suas
relações com a ciência. A descrição
da pesquisa e de seus resultados encontram-se em A religião dos cientistas: uma
leitura psicológica (São Paulo: Loyola, 2000).
Nesse estudo interessei-me menos pela dimensão
epistemológica da ciência e da religião e muito
mais pelas vicissitudes pessoais e psicossociais dos cientistas na
adesão ou na rejeição da religião.
Entrevistei longamente vinte e seis pesquisadores com carreira
consolidada nas áreas de física, zoologia e
história, homens e mulheres, quase todos brasileiros, alguns de
renome internacional. A entrevista tinha como eixo a resposta do
entrevistado às interpelações da ciência e
da religião nas esferas do pensamento e da vida. Para
contextualizar essa resposta, solicitei referências ao ambiente
familiar e aos anos de formação acadêmica, à
educação religiosa, a alguma experiência marcante,
que aproximou ou afastou da religião e da ciência,
à posição de professores e colegas frente à
religião, ao impacto dos estudos na formação
religiosa anterior, ao eventual desenvolvimento da uma visão de
vida alternativa à visão religiosa, ao interesse pelo
esoterismo, à necessidade subjetiva de algum tipo de
salvação, à educação religiosa dos
filhos, às reações do ambiente acadêmico ao
fato religioso. Como referência teórica cognitiva vali-me
do modelo lewiniano do espaço de vida, que mostra a
organização psíquica das diversas regiões
da mente, e como instrumento de análise dos conflitos
inconscientes utilizei a psicanálise, na aplicação
que dela faz A.Vergote, de Leuven, à questão do
ateísmo. Os resultados mais salientes da pesquisa são os
que evidenciaram que nenhum dos entrevistados justificou sua
adesão a uma visão religiosa ou sua
rejeição dela com argumentos científicos. Ao
contrário, foram as influências da família, de
colegas, de grupos de amigos ou de profissão e da cultura
circundante que os encaminharam, mesmo no atravessamento de crises
pessoais, seja à aceitação de uma
relação religiosa seja a sua recusa.
Não estou em
condição de excluir casos em que as
convicções científicas levem à
rejeição da relação religiosa, pois
encontrei essa justificativa fora do contexto da pesquisa. Entre os
entrevistados, porém, tal não ocorreu. As razões
de aceitação ou recusa da adesão religiosa
não implicam nem a manutenção nem o abandono da
religiosidade: a pesquisa encontrou tanto a manutenção
refletida das referências religiosas anteriores, como a
adesão a novas formas religiosas, inclusive de ordem impessoal e
cósmica, como o abandono de qualquer filiação
religiosa e sua substituição por um sistema de
referência muitas vezes designado como secularizado. A
conexão ou desconexão religiosa, com efeito, embora
contenha elementos da ordem do conhecimento, é um empenho da
pessoa toda. Por vezes, como Freud notou, as matrizes afetivas se
opõem ao próprio conhecimento, tanto no sentido de aderir
ao que o conhecimento questiona, como no sentido de rejeitar o que o
conhecimento propõe. Aliás, no registro do inconsciente,
foram exatamente os conflitos, resolvidos ou não, ligados
à autonomia e à relação com as figuras
parentais que orientaram a manutenção, a
transformação ou o abandono da relação
religiosa primeira. Além das matrizes afetivas, o
estabelecimento social da realidade, único critério em
tema tão pouco empírico como o da relação
religiosa, faz depender dos grupos de referência o comportamento
concreto da aceitação ou da rejeição
religiosa. O que, portanto, concretamente encaminha a decisão
favorável ou desfavorável à religiosidade ou ao
agnosticismo/ateísmo são as prolongadas e
múltiplas vivências do cientista com as diversas
subculturas e com a cultura geral, que lhe fornecem o sentido de suas
opções. O que parece, em abstrato, uma discussão
epistemológica de primeiro e segundo nível é,
muitas vezes, o precipitado das elaborações concretas
desse terceiro nível de entendimento do que seja ciência e
religião. É aqui que eu situaria muitos dos
esforços, a que acima aludi, de fazer convergir (ou divergir)
ciência e religião. Aqui, também, colocaria a
posição avançada por Otto. Em outras palavras,
é o contexto pessoal, grupal e cultural que fornece aos
interessados, de forma pouco reflexa, os pressupostos com os quais
trabalham na formulação e no encaminhamento de muitos
problemas, inclusive o das relações entre ciência e
religião. Porém se dermos crédito a Lacan (Le triomphe de la religion e Discours aux
catholiques, Paris: Seuil, 2005), a cultura portadora da
religião parte com grande vantagem, pois não há
como a religião para conferir sentido, e esse sentido se faz
mais imperativo na medida em que os cientistas, com o avanço da
pesquisa, penetram a opacidade do real e necessitam
transformá-lo em simbólico, isto é, em algo
humano.
Geraldo
José de Paiva é professor do Instituto de Psicologia
Universidade de São Paulo.
Retorno
ao
Índice
Espíritos
na
Guerra, Valéria Pereira, Brasil
Ola!!
Diga-me, dia desses assisti a um
filme de guerra e me ocorreu uma dúvida: como se sente um
espírito ao desencarnar no meio de uma guerra, ouvindo todos
aqueles tiros, rajadas, companheiros despedaçados, gritos,
voz do comando dos seus superiores? A guerra traumatiza os
espíritos, da mesma forma como ocorre com os sobreviventes? E o
seu perispírito, como fica neste caso?
Pergunto, pois já ouvi
relatos de filhos cujos pais eram sobreviventes de guerras, que ao
retornarem para suas casas ja não eram mais as mesmas pessoas.
Eles tornaram-se perturbados, agressivos, as vezes até mesmo
violentos, tamanha era a rotina de violência com a qual se
deparavam diariamente nos campos de batalha.
Obrigada,
Valéria
Prezada Valéria,
Os Espíritos que
desencarnam em uma guerra são de natureza tão
variável quanto os que vivem em um país que se encontra
em paz. Assim sendo, haverá várias
situações a analisar. Faremos uma análise simples,
dividindo as situações em apenas três. No entanto,
devemos saber que as variedades possíveis são
inúmeras e que há uma grande estratificação
entre as duas situações extremas.
O Espírito de bom grau de
evolução, que está na guerra contra a sua vontade
pois não ama a violência e não se compraz com a
morte dos irmãos a quem os outros chamam de inimigos, desencarna
com certa perturbação pois a violência choca os
sentidos. No entanto, como usa seus sentidos materiais com o cuidado de
não obliterar os espirituais, logra estar parcialmente alheio
à violência, vibrando amor pela humanidade e orando pela
paz, ao mesmo tempo em que se comporta com nobreza, auxiliando aos
necessitados e sofredores que lhe é possível auxiliar,
sem se preocupar sobre de que lado estão. Assim, quando
desencarna, o faz auxiliado por equipes espirituais de socorro e logo
se afasta do ambiente hostil.
Os Espíritos neutros, que
gostam da violência, mas, mais que isso, anseiam o descanso,
desencarnam envolvidos pelas emoções da luta. Apesar de
não estarem encharcados de ódio pelos inimigos, se
encontram, de certa forma, com todas as suas emoções
focadas na batalha, pois dependem exclusivamente de seus sentidos
materiais e é por eles que percebem o mundo. Podem, assim, levar
um tempo um pouco maior para se restabelecerem e saírem da
batalha para uma nova realidade.
Por fim, o Espírito que se
compraz na guerra, que odeia figadalmente os inimigos, que sente prazer
em vê-los sofrer e quer eliminá-los de todo modo, este
desencarna e continua na batalha, geralmente não se dando conta
de que desencarnou por dias, meses ou até séculos. Contam
os Espíritos que há batalhas clássicas da
história que duram até hoje, tamanho o ódio e a
perturbação de alguns Espíritos que nelas estavam
envolvidos.
O perispírito reflete a
situação emocional do Espírito. Assim, quanto mais
preso a matéria está o Espírito, mais seu
perispírito refeltirá o que ocorre com o corpo. Um
Espírito ignortante, ao ter o braço decepado em uma
batalha, sentirá que perdeu o braço e, ao desencarnar,
verá seu perispírito sem o braço e achará
normal pois "sabe" que o perdeu. O Espírito evoluído, por
outro lado, pode morrer em uma explosão, ter seu corpo
físico pulverizado em milhões de pedaços, mas,
como se sabe imortal e indestrutível, continua se sentindo
íntegro e nada se passa com o seu perispírito.
Mais uma vez, falei de
situações extremas. Entre uma e outra, existem
inúmeras gradações.
Com respeito ao veterano de
guerra, muita coisa, também, pode ocorrer. Ele pode, sem
dúvida, viver acompanhado de Espíritos desencarnados
cujas mortes provocou na guerra. Pode, além disso, estar ele
mesmo com a mente cheia de lembranças que lhe causam sofrimento,
como a morte de amigos, o desespero de mulheres, crianças e
velhos a quem quiz ajudar e não conseguiu ou, pior, a quem fez
morrer, por força de um ato impensado, vindo a lhe pesar, de
imediato, o remorso. São muitos os problemas mentais e
emocionais, para não falar dos físicos, que acometem os
veternaos de guerra.
Ouçamos sempre a nossa
querida Joanna de Ângelis e promovamos a paz interior, a
única verdadeira. Como ela diz, a paz dos homens é
imposta pelas armas e pela força. Por isso é
transitória e enganosa, parecendo-se com um pântano,
tranquilo na superfície mas asmático e mortífero
no interior. A paz verdadeira, segundo a mentora, emerge do
coração feliz, que ama, age e confia.
Muita paz
Renato Costa
Retorno ao
Índice
Consulta sobre
Mediunidade, Luis, Brasil
Caro Editor.
Tenho recebido vários
motivos para adentrar-me nesse mundo de corpo e alma. Venho de
família mediúnica e já tive indícios de
mediunidade, presencial com entidades, não identificadas talvez
pelo fato de não ter sido instruído na doutrina, e
algumas vezes cognitivas, com previsões de fatos corriqueiros do
dia a dia que, se seguidos, teriam evitado dores de cabeça a
algumas pessoas.
Completo 32 anos agora em julho,
pai de família e casado à 8 anos, tenho uma vida agitada,
não só no emprego, onde trabalho com tecnologia, trabalho
este que consome muito do meu tempo e de minha capacidade mental,
além de uma faculdade de engenharia noturna, que consome aquele
resto de tempo que não tenho. Esta tem sido minha vida já
a três anos e creio que ainda por mais três anos se repitam.
A questão: Sinto que
esteja sendo chamado para realizar aquilo que tem que ser realizado,
porém não me sinto preparado para tal. Sinto que a
pressão tem aumentado com o passar do tempo, porém com as
pendências que tenho do dia a dia. A questão é, o
quanto o chamado pode influenciar na hora de iniciar os trabalhos.
Apesar da pressão, pode ser somente um lembrete de que tenho que
fazer o que deve ser feito? Como ajudar ao próximo, se temos
problemas internos na família que ainda não puderam ser
resolvidos? Como saber exatamente qual é a hora?
Desde já obrigado
Luis
Amigo
Luis,
Não tenha
dúvida, o estudo e a busca
do conhecimento é mesmo a melhor saída. Através do
estudo consciencioso e
persistente você irá aos poucos entendendo melhor a
mediunidade, que sem dúvida
lhe foi outorgada como ferramenta para
auxiliá-lo no serviço fraterno ao
próximo e no seu aprendizado rumo ao seu processo espiritual.
A Doutrina
Espírita é sem dúvida o
porto seguro em que você encontrará o auxílio de
que necessita para ter um
melhor entendimento desta faculdade que nada mais é do que um
fenômeno natural,
como muitos outros. Obviamente que a fonte mais segura, a base
essencial, é
mesmo as obras da Codificação, em especial O Livro dos Mediuns.
Entretanto, temos hoje uma vasta e rica literatura
no assunto, e tomo aqui a liberdade de
mencionar dois autores de minha preferência: José
Herculano Pires e Hermínio
C. Miranda.
Do primeiro autor
recomendo a
leitura da obra Mediunidade -
Conceituação
da Mediunidade e Análise Dos
Seus Problemas Atuais.
O Hermínio
Miranda aborda a questão
da mediunidade em seu caráter prático, com muita
propriedade. Não tenho dúvida
que muitos dos seus questionamentos serão respondidos
apropriadamente através
da leitura do Diversidade dos
Carismas -
Teoria e Prática da Mediunidade (Volume
I e II). Esta é uma obra que deveria ser lida e relida e ainda
transformar-se
no livro de cabeceira de qualquer pessoa interessada em entender melhor
os
mecanismos dessa tão abrangente faculdade de que todos somos
possuidores, uns em graus mais ostensivos que outros. Escritor
moderno, erudito e com uma vasta experiência no trato com a
questão dos
fenômenos psíquicos e outros temas relacionados com a alma
e as áreas do
conhecimento científico ligadas a esta, tais como a psicologia,
a
parapsicologia, a psicanalise, e a psiquiatria, ele consegue, em uma
linguagem simples
e acessível ao leitor comum, nos dar uma visão bem ampla
e clara da realidade
do espirito e sua trajetória rumo ao progresso espiritual. O que
mais gosto no
Hermínio é que ao lermos as suas obras percebemos
claramente a sua vasta erudição, o que
somente é possível de se conceber pela
aceitação da teoria das vidas sucessivas,
mas a humildade é a tônica maior em suas
colocações, especialmente quando opina
sobre questões cujo índice de controvérsia
é aparente. Sou mesmo um grande
apreciador dos seus livros, os quais já passam de trinta.
Caso o amigo pretenda
familiarizar-se mais com os trabalhos deste autor, eu ainda sugeriria a
leitura
do seu último livro, As Duas
Faces da
Vida, que é uma coletânea de artigos, entrevistas e
conferências, as quais
foram publicadas ao longo dos útimos trinta anos em diferentes
veículos de
comunicação. Mencionaria aqui um dos artigos - A Mediunidade da Princesa Católica
- cuja leitura
imagino que lhe
seria muito apropriada, uma vez que vejo muita semelhança com a
abordagem que
voce começa a ter com o problema de sua própria
experiência mediúnica. Registro
aqui dois pequenos trechos do referido artigo que se encontra às
paginas
169-190 do referido livro:
"Estamos lidando com
fenômenos
naturais, tão naturais como a chuva, o sol, as
estações do ano, o crescimento
das plantas, o movimento dos astros. E como fenômenos
naturais, regidos por leis naturais, esses
aspectos da vida deveriam ser ensinados nos lares, nas escolas, nas
instituições culturais e religiosas. Deveriam constar de
livros, estudos,
papéis, conferências e aulas, para que não houvesse
tamanho despreparo das
pessoas no tratamento do que ocorre nessa área tão
importante quanto
desconhecida do psiquismo humano. E desconhecida porque ignorada, e
ignorada
deliberadamente. É uma lástima. (…)
Um dia se
descobrirá que a
mediunidade, tanto quanto a
reencarnação, intercâmbio espiritual e
sobrevivência do ser não são
invenções
nem propriedades da doutrina espírita, mas fatos, realidades,
aspectos
relevantes da lei natural. A partir desse momento, poderá ser
montado um modelo
inteligente para atender às multidões que vivem, na
dimensão espiritual, o
desespero de suas angustiantes aflições, tanto quanto aos
encarnados que
ignorem os próprios recursos de que foram
dotados para servir, aprender e evoluir." (Grifos nossos).
Assim meu amigo, siga
em frente no
seu propósito de estudar e conhecer melhor os mecanismos dessa
faculdade que é ferramenta
salutar no trabalho do bem.
Muita
Paz,
Antonio
Leite - Editor GEAE
Centro
de Cultura,
Documentação e Pesquisa do Espiritismo, Eduardo Monteiro,
Brasil
Apresentação
Reunimo-nos para a
criação de uma Fundação
ou outra forma de Sociedade de caráter civil privado que possa
gerenciar, conservar, ampliar e colocar à
disposição permanente do público espírita e
não espírita o patrimônio em livros, documentos,
fitas de áudio e vídeo, DVDs, CDs, Jornais, Revistas,
Microfilmes, objetos, quadros, etc, pertencentes ao acervo cultural
espírita.
O projeto de
um Centro Cultural Espírita pretende constituir-se como um
aglutinador de acervos documentais (arquivos e coleções
de valor histórico), informações,
referências, estudos e pesquisas sobre o Espiritismo.
Tem a
finalidade de produzir coleções e arquivos, e
também abrigar as coleções e arquivos produzidos,
acumulados ou publicados por pessoas, organizações
espíritas e demais entidades. Recebidos por custódia,
doação, aquisição ou parcerias.
Os documentos
serão preservados em espaço especialmente projetado para
conservá-los. Além de consultas feitas por estudiosos e
pesquisadores, o acervo poderá servir como fonte de
informação e referência para a
publicação de livros, pelo Centro de Pesquisas e por
editores comerciais. Poderá ser utilizado em teses de
pós-graduação universitária, e servir de
base para eventos, exposições, filmes, vídeos e
programas de rádio, televisão e periódicos.
Incentivar,
promover e elaborar projetos culturais espíritas, e desenvolver
pesquisas históricas, tendo inicialmente seu próprio
acervo como fonte privilegiada de consulta.
Descritivo
Áreas do Centro de Cultura:
A - Biblioteca
B - Centro de
documentação histórica
C - Museu da
imagem e do som
D - Centro de
mídia
E - Centro de
cultura, pesquisa e projetos
A - Biblioteca
Biblioteca especializada
espírita: Biblioteca especializada de
livros e periódicos separada por áreas temáticas:
obras doutrinárias fundamentais e complementares;
catálogo de obras espíritas; obras sobre
educação, arte, literatura, história,
ciências, filosofia e religião comparada.
Biblioteca de
obras raras: Seleção de livros e periódicos do
acervo espírita, obedecendo aos critérios de antiguidade,
valor histórico e inexistência de novas impressões.
Deste acervo poderá surgir uma Biblioteca Digital de Obras
Raras, tornando disponível para pesquisadores e público
em geral o conteúdo integral de seus títulos.
Biblioteca de
monografias: Arquivo de teses e dissertações, pesquisas,
e originais de livros publicados e não publicados.
B - Centro de
documentação histórica
Um ambiente especialmente projetado para
preservação de
documentos.
Arquivo de
documentos históricos: Pretende abranger: originais,
cópias reprográficas, fac-símiles, digitalizados.
Textos literários, históricos e jornalísticos.
Correspondências, monografias, publicações
periódicas (revistas, jornais, boletins informativos),
comunicados e panfletos, cartazes, postais, recortes, fotografias,
documentos históricos, filmes, slides, fitas de áudio.
C - Museu da imagem e do som
Composto
de filmes, vídeos, fotografias, depoimentos orais,
músicas, partituras e cartazes. Com uma proposta baseada na
disponibilização, por reprodução, de seu
acervo.
Arquivos
áudio-visual: Abrange músicas, registros
históricos, entrevistas, depoimentos, palestras, encontros,
programas de televisão, reportagens, depoimentos, entrevistas.
Iconografia:
As coleções iconográficas compreendem imagens
sobre papel, constituindo um acervo documental informativo essencial ao
conhecimento histórico, sociológico, artístico.
São: fotografias, cartazes, selos, slides.
Estúdio
de gravação: Gravação digital de
vídeo, som e fotografia. Com o intuito de resgatar a
história contemporânea espírita, promover um
programa de história oral, recolhendo depoimentos de
personalidades que atuaram no cenário da doutrina
espírita.
D - Centro de mídia
Setor de catalogação,
digitalização e
restauração: Esta ação visa promover o
arranjo, descrição e catalogação do acervo
arquivístico e bibliográfico sob a guarda do Centro
Cultural do Espiritismo.
Um
laboratório equipado nas áreas de
conservação, restauro, encadernação,
microfilmagem e fotografia, visando a estabilização ou o
retardamento do processo de envelhecimento do acervo, prolongando seu
tempo de vida e a qualidade de acesso às
informações.
Registro do
acervo do Centro Cultural do Espiritismo através da
microfilmagem, digitalização e fotografia.
Pretende-se
criar um banco de dados em CD-ROM para protegê-los de acidentes,
arquivando cópias distintas.
Internet: Uma
base de dados catalogada com o objetivo de propiciar um acesso mais
rápido e eficiente às informações
existentes no acervo documental do Centro Cultural do Espiritismo.
E - Centro de cultura, pesquisa e
projetos
Exposições e
edição de obras:
Edição de obras de interesse histórico e
doutrinário. Catálogos de imagens e documentos
históricos. Revistas e boletins históricos e culturais da
doutrina espírita. Exposições temáticas.
Banco de
projetos culturais espíritas: Orientação e
elaboração de projetos culturais espíritas como:
edição de obras; pesquisas; exposições;
eventos; convênios; etc.
Aquisições e recebimento de doações de
obras e documentos.
Convênios e parcerias para administração de acervos.
Ambientes
culturais: Equipamento multidisciplinar, abrigando espetáculos
de teatro, dança, música, cinema e
exposições de artes visuais. Pretende compreender:
auditório, teatro, sala de projeção, salas de
reunião, museu.
Histórico da
Elaboração do Planejamento Estratégico
O
Primeiro Encontro de Planejamento do Centro de Cultura,
Documentação e Pesquisa do Espiritismo foi realizado em
decorrência de deliberação dos participantes da
reunião de fundação da entidade, realizada em
24.07.2004, na sede da Fundação Herculano Pires, cidade
de São Paulo.
Foram
convidadas a participar do referido encontro todas as pessoas que
direta e indiretamente estiveram envolvidas com as idéias e
iniciativas que culminaram com a fundação do Centro de
Cultura.
O objetivo do
Encontro foi o de construir um conjunto de referências
relacionadas com as finalidades e “modus operandi” do
Centro de
Cultura, visando a planejar as ações que venham a
efetivamente orientar e materializar os ideais concebidos e indicados
no Projeto existente.
Para a
realização do referido encontro foi utilizada metodologia
baseada nos princípios de Planejamento Estratégico,
evitando-se o rigor técnico de todas as etapas típicas
que a referida e conhecida metodologia exige. Assim foi feito em
virtude da ausência de dados e pesquisas preliminares sobre
essa natureza de atividade no meio espírita e portanto,
requerendo com mais flexibilidade, discussões que pudessem gerar
uma compreensão mais ampla das atividades nascentes.
O referido
Encontro foi realizado nas instalações do Núcleo
Espírita O Semeador de Santo André e coordenado por
Mário Bardella Jr., um de seus dirigentes, em virtude de sua
experiência profissional na área e em virtude de outras
iniciativas de planejamento na formação de
entidades / atividades espíritas.
A partir da
consolidação dos dados debatidos nesse trabalho,
estabelecemos nossa missão e os valores que se seguem.
Missão
·
Nossa
missão é preservar, apoiar e divulgar a cultura
espírita para facilitar a compreensão do Espiritismo e de
sua história.
Valores
·
Nossa conduta deve expressar os seguintes
valores e princípios fundamentais:
·
Empenho e determinação em nossos esforços para
formar um acervo da produção cultural do Espiritismo ou a
ele relacionada.
·
Transparência e respeito à ética espírita em
nossa conduta pessoal, nas relações interpessoais e nas
interinstitucionais.
·
Asseguramento de condições financeiras para a
manutenção da entidade por meio de patrocínios,
parcerias, doações, contribuições, e bens
ou serviços condizentes à nossa
missão.
·
Estabelecimento de parcerias com entidades afins.
Participantes
Estiveram presentes no Primeiro Encontro de Planejamento as
seguintes pessoas:
·
Amauri Ramos - Revista Universo
Espírita
·
Carlos Alberto Iglesia Bernardo-
GEAE
·
Camila de Andrade-
USE/SP/Jabaquara; Fundação André Luiz; FEAS
·
Cristian Fernandes- Sociedade
Estudos Espíritas “3 de Outubro”; ADELER e FEAS
·
Diógenes Lima de Camargo-
Aliança Espírita Evangélica
·
Eduardo Carvalho Monteiro
- USE-SP e Liga dos Historiadores Espíritas
· Lilia Passos Abbruzzini Quirino-
Bibliotecária Aposentada
·
Mario Bardella Jr.
(Marinho)- N.E. O Semeador - Santo André
·
Noeli Aparecida Benassi Teubl-
Fraternidade Universal Branca
·
Paulo Henrique de Figueiredo-
USE/SP/Lapa; T.E. Emmanuel Swedenborg; C.E. Irmão Itajubá
·
Paulo Sérgio M. Peixoto-
Grupo Espírita Paz e Renovação - GEPAR; 38ª.
Conselho Espírita de Unificação de Niterói
- 38ª. CEUNIT
·
Ricardo Almeida
·
Roberto Drágva Filho-
Centro Espírita Jesus Gonçalves
·
Rubens Silva Quirino-
Fraternidade Universal Branca
·
Saulo de Tarso Ferreira Netto-
Centro de Estudos e Pesquisas Espíritas Allan Kardec -
CEPEAK (RJ)
·
Thiago Borges de Aguiar-
Educador - Templo espírita Emmanuel Swendenborg
·
Umberto Teubl - Fraternidade
Universal Branca
·
Valdir Manenti - N.E. O
Semeador - Santo André
Integraram-se posteriormente:
>
Alexandre Rocha, da Editora
Lachâtre
>
Alvaro Antonio de Paula, da USE
distrital Lapa e SEE 3 de outubro
>
Antonio Carlos Molina, da
editora Paidéia
>
Dora Incontri, da
Associação Brasileira da Pedagogia Espírita
(ABPE), Ed Comenius
>
Eder Fávaro, da ADE-SP,
ABRADE, RBN, TV Vivência Espírita, C.E. Obreiros
>
Geraldo Ribeiro da Silva, do GE
Batuira
> Gilvana da Silva Jacomini, Rede Boa
Nova de Rádio e tV
> Herculano Ferraz Pires, da
Fundação Virgínia e Herculano Pires e editora
Paidéia
> Isabel Valle
>
Ivanir do Carmo Caurim
> Izabel Ribeiro Vitusso, jornalista e
editora do jornal “Correio Fraterno”
>
Jether Jacomini Filho, da Rede
Boa Nova de Rádio e TV
> João Roberto Nascimento
>
José Renato dos Santos
>
Julia Nezu Oliveira, da USE-SP,
ADE-SP, ABRADE, RBN, ABPE e FEAS.
>
Madison Rocha Britto
>
Marcelo Stanczyk - Centro
Espírita Ismael; C E Servos de Jesus
>
Maria Lúcia Teixeira de
Araújo
> Neyde Schneider, da USE-SP e SEE 3
de Outubro
> Oceano Vieira de Melo - Grupo
Espírita Batuira - pesquisador
>
Sônia Zaghetto, Assessora
de Imprensa da FEB
>
Sylvio Pellicano, do Instituto
de Laborterapia, da FEESP
>
Tatiana Camargo Guerra
>
Marla Canton Cola Francisco
>
Matheus Augusto dos Anjos da Silva
- Grupo Espírita Gina e LALEC
>
Oswaldo Cresto - Grupo Noel
>
Carlos Adalberto Antonellini -
Grupo Espírita Gina
>
Ombretta Gori Sacco -
Grupo Espírita Gina e LALEC
>
Paula Nilza Arantes Cardoso Macedo -
Templo Espírita Emmanuel Swedenborg
>
Emília Aparecida dos Santos
Coutinho - Liga dos Historiadores Espíritas e Rede Hispana
>
Nilton Bustamante -
>
Walmir Ronald Guimarães Silva
>
Walter Rodrigues Rubeno
>
Wilson Rodrigues de Melo
>
Márcia Valente - Feesp e
USE Jabaquara
>
Wanda Guerreiro - USE Jabaquara
Aos
amigos do CCDPE que estão chegando, informamos a linha mestra
dos objetivos do Centro de Cultura, Documentação e
Pesquisa do Espiritismo para conhecimento e divulgação
a outros interessados a participar do Projeto.
Como
é de conhecimento geral já temos uma sede e um
patrimônio cultural em livros, documentos, hemeroteca,
pinacoteca, etc.. com os quais o Centro Cultural iniciará suas
atividades assim que tiver condições físicas de
ocupação de sua sede e estiver regularizada
juridicamente. Porisso pedimos apoio de todos nessa hora decisiva da
constituição da Entidade.
Eduardo
Carvalho Monteiro
Retorno
ao Índice
GRUPO DE ESTUDOS
AVANÇADOS ESPÍRITAS
O
Boletim GEAE é distribuido
por e-mail
aos participantes do Grupo de Estudos Avançados
Espíritas
Informações
Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português -
http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" -
http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins