Boletim GEAE

Grupo de Estudos Avançados Espíritas

http://www.geae.inf.br

Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec

Ano 13 - Número 494 - 2005            30 de junho de 2005


Editorial

Boa Nova
 

Artigos

Curso de Ciência e Espiritismo, 12ª Aula, Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil
  

História & Pesquisa

Teses Acadêmicas com temática Espírita, Milton Piedade, Brasil
Tese sobre o perfil e a psicopatologia de Médiuns Espíritas
 

Questões e Comentários

Tema para Debate: Lei do Trabalho, Gustavo, Brasil
 
Painel
Congresso Médico-Espírita divulga carta contra Aborto e Eutanásia
Obras Espíritas raras disponíveis na Internet, Cosme Massi, Brasil
 


Editorial


Boa Nova

Amigos,

Dentro do encaminhamento normal das atividades do GEAE coube-me o turno de escrever o editorial desta edição. A tarefa não foi das mais simples pois no turbilhão cada vez maior de más notícias veiculadas diariamente pela imprensa - não por culpa dela naturalmente, mas pela época peculiar em que vivemos - não me parecia haver um tema que pudesse ser abordado de forma proveitosa para nossos estudos. Não que a política nacional ou os grandes problemas sociais não sejam importantes para nós espíritas, muito pelo contrário, vivemos neste mundo material como os demais e faz parte do caminho evolutivo desempenharmos nossos papéis na sociedade dentro de nossas melhores possibilidades. Apenas fica difícil abordar de forma imparcial e distanciada estes grandes problemas sem resvalar para nossas opiniões pessoais. Não escaparíamos das emoções do momento e em vez de trazermos a luz da Doutrina Espírita para esclarecer as questões que estão tendo grande repercussão, acabaríamos trazendo a confusão de paixões partidárias para dentro da Doutrina Espírita e confundindo nossos leitores.

A sabedoria profunda do "daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" está justamente nisso, em separar estes domínios evitando que os problemas imediatistas da organização político-administrativa do mundo material prejudiquem irremediavelmente o trabalho mais duradouro de transformação do homem, transformação que - erradicando as causas reais dos grandes males da humanidade - inevitavelmente se refletirá em uma atuação mais esclarecida em todos os domínios da vida, inclusiva na própria política.

Mas estava pensando nestas questões, dirigindo para meu serviço cotidiano e ouvindo a emissora espírita "Boa Nova", quando os comentários do Jether* e da Ana* me tiraram do círculo vicioso em que tinha caído. Quase todas as idéias que esboçava para o editorial resvalavam inevitavelmente para um quadro sombrio, sem uma mensagem clara,  até que ouvi os locutores comentarem sobre o papel da cultura atual como uma das causas de um problema grave de segurança pública que estava em discussão no momento e o papel que o Espiritismo - o Cristianismo redivivo - poderia desempenhar na transformação desta situação.

Ora, o que eles me trouxeram imediatamente a mente foi o significado profundo do "evangelho" que tão bem citaram. "Evangelho" em realidade tem por significado "Boa Nova" e designa a mensagem de otimismo e renovação que Jesus de Nazaré trouxe ao mundo. Boa nova que anuncia ao homem que retidão, paz de consciência, amor ao próximo e vida pacífica não são valores mensuráveis pelos padrões do mundo material, mas sim tesouros da alma, que entesourados constantemente levam a paz de consciência e ao reino de Deus. Reino que não vem de aparências exteriores mas da profunda alegria resultante de saber-se integrado a obra divina e instrumento de sua ação no bem de todos.

Boa nova cujos impactos são independentes de circunstâncias econômicas, políticas ou sociais. Independentes de nível cultural e até mesmo de filiação religiosa.

Não foi por acaso que Jesus, em um dos momentos mais belos de sua atividade educativa, chamou de bem-aventurados os pobres em espírito, puros de coração, pacificadores, misericordiosos, com sede de justiça e perseguidos por serem fiéis aos seus ensinamentos, nem mesmo foi uma promessa de uma vaga recompensa futura como muitos erroneamente interpretaram através dos séculos. Eles eram - e são até hoje - bem-aventurados porque atingiram a libertação da ignorância profunda que faz os homens correrem atrás dos tesouros que "as traças roem e os ladrões roubam" e na plenitude de sua liberdade desfrutam de uma ação correta e enobrecedora no mundo. Bem-aventurados porque podem desfrutar da alegria perfeita - tão bem exemplificada em Francisco de Assis e em Chico Xavier - que nenhum poder ou riqueza do mundo podem fornecer.

A "Boa Nova", que mostrou caminhos novos, continua a ecoar na voz de seus discípulos e seguidores, nos mais diversos idiomas e nas mais diversas formas de apresentação, uma delas sendo a rádio que estava ouvindo. Mas ainda é uma "Boa Nova" e luz a qual todos nós podemos recorrer para encontrar a saída para os tempos tormentosos em que vivemos. Tempos tormentosos porém transitórios, cujas glórias e tristezas passarão tão irremediavelmente quanto as imponentes construções dos Césares de antanho. Tempos que poderemos aproveitar adequadamente para nosso progresso espiritual ou desperdiçar. Só depende de nós, do uso adequado de nosso livre-arbítrio.

Que os "mortos enterrem seus mortos", pois temos coisas melhores a fazer !

Muita Paz,
Carlos Iglesia

* Jether Jacomini Filho e Ana Gaspar, do programa "Nova Consciência" da Radio Boa Nova, transmitido às segundas-feiras de manhã.

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Artigos

Curso de Ciência e Espiritismo, 12ª Aula, Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil

1. FÍSICA E ESPIRITISMO VI: CONSIDERAÇÕES FINAIS


Ao longo das últimas aulas, buscamos esclarecer o leitor sobre possíveis relações entre alguns conceitos da Física e do Espiritismo. Verificamos que alguns conceitos exprimidos pelos espíritos podem ser explicados e entendidos graças ao desenvolvimento da Física Moderna, mas também analisamos algumas características dos fenômenos espíritas concluindo que eles não podem ser explicados pela teoria quântica.

Nesta aula, pretendemos comentar sobre um outro exemplo de fenômeno da Física que está sendo confundido com um fenômeno espírita, o teletransporte, e vamos tecer comentários sobre a obra Mecanismos da Mediunidade [1] de André Luiz, através da psicografia de Francisco C. Xavier e Waldo Vieira. Vamos, também, analisar, brevemente, a idéia de universos paralelos e o que isso representaria em termos espíritas.

Comentaremos, também, a respeito de alguns trabalhos de nossa autoria em que aplicamos alguns conceitos da Física na análise de algumas afirmativas dos Espíritos superiores com relação a fenômenos da natureza e sobre o Fluido Universal. Esses trabalhos não constituem prova ou demonstração de alguns conceitos espíritas com base na Física, mas sim são exemplos de análises em que alguns conceitos da Física são utilizados para melhor compreender a possibilidade de determinados fenômenos espíritas. Isso é algo bem análogo ao que Kardec fez quando usou conhecimentos da ciência para, por exemplo, explicar a formação do nosso planeta.

Sobre o teletransporte, a figura mais comum que nos vem à mente é o filme Jornada nas Estrelas, em que os tripulantes da nave eram “teletransportados” ou “teleportados” instantaneamente da nave para a superfície do planeta e vice-versa. Recentemente, diversas revistas de divulgação científica tem estampado em suas capas o assunto “teletransporte” o que tem sugerido a alguns leitores espiritualistas a ilação de que é exatamente esse fenômeno o que ocorre em determinados fenômenos espíritas.

Esse tema tem sido estudado a mais de 10 anos [2] mas continua sendo pesquisado [3] por causa do enorme potencial em aplicações naquilo que chamamos computação quântica. O fenômeno, nada mais é, do que a reconstrução de um determinado sistema quântico a uma distância afastada do mesmo. Nenhum objeto é trasnsportado! Os cientistas aproveitam a ligação do tipo não-local entre duas partes de um sistema quântico inicial para transformar um outro sistema quântico, em local distante do primeiro, em um sistema idêntico ao inicial. Essa descrição é bem diferente do fenômeno espírita de transporte de algum objeto onde o próprio objeto é deslocado de um lugar para outro.

O físico Stephen Hawking é um dos fundadores da disciplina conhecida como Cosmologia Quântica. Isso parece contraditório, pois a Mecânica Quântica foi criada para estudar o comportamento do mundo microscópico e a Cosmologia para estudar o comportamento do mundo em escala astronômica. A idéia de Hawking é considerar todo o universo como se fosse uma partícula quântica. Assim, ao universo se associa uma função de onda. Esta seria formada por uma “soma” de infinitos universos paralelos. Como a função de onda representa probabilidades, presume-se que o quadrado de seu módulo seja bem próximo de 1 nas proximidades de nosso universo, isto é, para os “termos” da infinita soma cujo universo seja mais parecido com o nosso. Atualmente, os cientistas ainda não provaram essa hipótese [4]. Alguns companheiros imaginaram que os universos paralelos poderiam representar o plano espiritual. Porém, os universos paralelos propostos por Hawking são materiais no sentido de que em alguns deles existem cópias de nós mesmos com alguma diferença pequena ou grande. Por exemplo, existiria um universo paralelo em que eu estou escrevendo sobre história da música ou, ainda, um outro universo em que eu sou cego e analfabeto. Que relação existiria entre os diversos “eu”s de cada universo? Ao nosso ver, nenhuma relação existe e se o meu espírito está neste universo, o espírito que animaria o corpo de um Alexandre cego e analfabeto de outro universo, certamente, seria outro pois o mesmo espírito não pode animar mais de um corpo. Outra questão é o seguinte: em cada instante, o universo que conhecemos é o resultado de um colapso da função de onda do universo. Sempre poderemos questionar o aspecto probabilístico do universo em cada instante. Uma outra característica da teoria de Hawking é a ligação microscópica entre os diversos universos paralelos. Essa ligação ocorreria através do chamado buraco de minhoca. Segundo Kaku [4], como o tamanho do buraco de minhoca é muito pequeno, nenhum de nós corre o risco de ser levado a um universo paralelo ao nosso e nenhum ser de outro universo nos visitaria. Segundo os Espíritos (questão 459 do Livro dos Espíritos [5]), eles influenciam nossos pensamento muito mais que imaginamos ao ponto de quase nos dirigir. Isso significa que o contato do mundo espiritual com o nosso é muito mais próximo do que a teoria de Hawking prediz para os universos paralelos. Daí, nossa conclusão é que o modelo dos universos paralelos ainda não serve para explicar o mundo espiritual.

No livro Mecanismos da Mediunidade [1], André Luiz se baseia nos avanços da Física Moderna para expor uma explicação para os mecanismos do fenômeno mediúnico. O leitor leigo em Física perceberá que André Luiz se utiliza de conceitos diversos de diversas teorias como a teoria quântica e clássica para partículas e campos. Ele se utiliza, também, de conceitos desenvolvidos nas áreas de Engenharia Elétrica para propor idéias como a de corrente mental, circuitos mediúnicos, gerador do cérebro, etc. André Luiz faz uma interessante recapitulação das teorias desenvolvidas no começo do século XX para a estrutura da matéria, mencionando algumas características quânticas das partículas, e propõe que a matéria mental seja constituida, também de partículas que “ (...) embora em aspectos fundamentalmente diversos, obedece a princípios idênticos àqueles que regem as associações atômicas, na esfera física, (...)” (Cap. IV da Ref. [1]).

A proposta de André Luiz está de acordo com o que expomos no final da aula 9 (Boletim 491) onde comentamos que nada impede que a estrutura dos fluidos espirituais não seja algo análogo ao que foi descoberto para a matéria densa. Porém, segundo a nossa leitura desta obra, André Luiz apenas usou a analogia entre a estrutura da matéria comum com a matéria mental para explicar os fenômenos mediúnicos em termos de correntes e fluxos mentais em total analogia com circuitos de correntes elétricas cujo comportamento é explicado de modo clássico em termos de diferença de potencial e força eletromotriz. Existe um capítulo inteiro chamado “Analogias de circuitos” (Cap. VII) em que André Luiz escreve cada fenômeno mental e seu correspondente material. Ainda no Cap. IV, sob o subtítulo “Indução Mental” André Luiz recorre à idéia de “campo” de Einstein para analisar as influências entre os Espíritos. As teorias que envolvem a idéia de campo desenvolvidas por Einstein não são quânticas. Em minha análise particular, André Luiz usou apenas a parte bem compreendida da teoria quântica e não citou em nenhum lugar a idéia de não-localidade para explicar alguma característica do fenômeno mediúnico. Mesmo quando ele explica as propriedades magnéticas da matéria em termos da propriedade quântica conhecida como “spin” associada a cada partícula, André Luiz se expressa da seguinte maneira ao fazer a analogia com o fenômeno mediúnico: “Perceberemos nas mentes ajustadas aos imperativos da experiência humana, mesmo naquelas de sensibilidade mediúnica normal, criaturas em os <<spins>> ou efeitos magnéticos da atividade espiritual se evidenciam necessariamente harmonizados, (...)” (Cap. VIII, grifos nossos). Vê-se, claramente, que essa analogia entre “spin” e “efeitos magnéticos da atividade espiritual” não é a mesma coisa que o conceito empregado na Física onde cada partícula individual possui um magnetismo intrínseco chamado “spin”. André Luiz, aqui, percebeu que em nada contribuiria associar o “spin” de cada partícula mental à idéia de “spin” da Física pois ele tinha como objetivo comparar as características macroscópicas dos objetos classificados como ferromagnéticos com a mediunidade ostensiva de algumas pessoas.


O leitor deve estar se perguntando, a Física, então não pode provar a existência do Espírito ou dos conceitos espíritas? e será que é impossível, então, usar conceitos da Física para desenvolver ou entender melhor alguns conceitos espíritas?


A resposta à primeira pergunta é afirmativa, isto é, a Física pode vir a provar a existência e sobrevivência da alma já que, afinal, ela é alguma coisa que atua sobre o Universo. A Humanidade, ao meu ver, se beneficiaria muito com tal feito. Porém, existem dificuldades muito maiores do que nós espíritas podemos imaginar. A primeira delas é o preconceito pessoal de cada cientista, como pessoa. A ciência, por mais que tenha desenvolvido métodos de estudo e pesquisa, é uma atividade humana e como tal está sujeita às virtudes e defeitos que o ser humano possui. No entanto, o preconceito não é o único obstáculo às pesquisas espiritualistas. Carecemos de um projeto de pesquisa muito sólido que fosse bem embasado não somente nos conhecimentos espíritas mas também nos conhecimentos científicos naquilo que de mais atual existe. Infelizmente, as analogias de André Luiz não são suficientes para que o assunto possa ser reconhecido como demonstração científica. É preciso lembrar que as idéias espíritas não são as únicas que pretendem usar conceitos da teoria quântica para dar suporte a elas. Se o Espiritismo usar a teoria quântica para explicar seus conceitos e outras doutrinas também a usarem para defender seus princípios, quais deles estarão corretos e quais estarão errados? Se um desses princípios espiritualistas for diferente do que a Doutrina Espírita diz, mas que se baseia em algum “conceito quântico”, qual estará com a razão? Não é seguro saber que a ciência se, por um lado, rejeita analogias simples e diretas entre conceitos espíritas e científicos, por outro, evita de aceitar conceitos espiritualistas em desacordo com o Espiritismo? Por essa razão, consideramos que o preconceito dos cientistas é um obstáculo menor do que imaginamos. O desafio é estudar a fundo tanto o Espiritismo quanto a Física (ou outra ciência) e encontrar a “brecha” inquestionável pela qual conceitos espíritas poderiam ser introduzidos na pesquisa científica. Já mencionamos em aula anterior (aula 4, Boletim 486) que consideramos a área médica como promissora nesse aspecto pois lida diretamente com o ser humano e pode encontrar “brechas” que as teorias puramente materiais não encontram. Apesar das estranhas interpretações das teorias modernas em Física, é muito mais difícil encontrar uma brecha na Física do que pode parecer.


A segunda questão acima é algo mais realizável por nós. Tanto é verdade que temos alguns trabalhos de nossa autoria em que utilizamos alguns conceitos de diversas teorias da Física para explicar e entender melhor alguns fenômenos espíritas. Em um desses trabalhos, analisamos [6] a questão da influência dos espíritos sobre os fenômenos da natureza (questões de 536 a 540 do Livro dos Espíritos [5]), do ponto de vista de um fenômeno físico como uma tempestade. Nossa motivação para esse estudo decorreu dos comentários de Kardec no ítem 46 do capítulo XV de A Gênese [7], sobre a passagem evangélica intitulada “Tempestade Acalmada”, em que propõe que Jesus estava calmo diante da tempestade que se aproximava por saber, de antemão que ela iria amainar e que não havia perigo algum. Analisamos o fenômeno do ponto de vista físico e usamos os conceitos da Teoria do Caos para mostrar que não é necessário uma enorme quantidade de fluidos animalizados para realizar uma influência sobre um fenômeno de tão larga escala como uma tempestade.


Em outros dois trabalhos, analisamos uma afirmativa dos Espíritos superiores sobre o Fluido Universal, presente na resposta que deram à questão número 27 do Livro dos Espíritos [5]. Em um deles [8] comparamos a afirmativa dos Espíritos nessa questão com um resultado ainda não compreendido pelos cientistas a respeito dos efeitos do vácuo quântico no Universo. Propomos (não provamos nada) que o Fluido Universal seja o elemento que anularia os efeitos do vácuo quântico caso essa previsão seja verdadeira. Porém, apenas os cientistas especialistas em Cosmologia poderão avaliar a possibilidade dessa hipótese. Em outro artigo [9], analisamos as propriedades das chamadas matéria escura e energia escura, presentes em larga escala no Universo, e mostramos que nenhuma delas poderia ser o Fluido Universal já que elas possuem propriedades diferentes daquelas que os Espíritos ensinaram sobre o Fluido Universal.


Por fim, vale a pena aqui comentar o trabalho do filósofo Ken Wilber que reuniu na obra Quantum Questions [10], a opinião de alguns dos maiores físicos sobre questões espiritualistas. Os físicos cujo pensamento religioso foi estudado por Wilber foram Heisenberg, Schrödinger, Einstein, de Broglie, Jeans, Planck, Pauli e Eddintong. Wilber afirma que todos eles possuiam um sentimento religioso bem claro mas que, ao mesmo tempo, todos eles eram contrários à utilização de conceitos e teorias da Física para explicar-se os fenômenos místicos. O principal argumento desses grandes cientistas é “se a Física de hoje dá base ao misticismo, o que acontecerá se a Física do amanhã substituir a física de hoje?” [11]. De modo a vermos que isso é, de fato, muito sério, vamos reproduzir os comentários de André Luiz em seu prefácio do livro Mecanismos da Mediunidade [1]:

Aliás, quanto aos apontamentos científicos humanos, é preciso reconhecer-lhes o caráter passageiro, no que se refere à definição e nomenclatura, atentos à circunstância de que a experimentação constante induz os cientistas de um século a considerar, muitas vezes, como superado o trabalho dos cientistas que os precederam.


Assim, as notas dessa natureza, neste volume, tomadas naturalmente ao acervo de informações e deduções dos estudiosos da atualidade terrestre, valem aqui por vestimenta necessária mas transitória, da explicação espírita da mediunidade (...)
” (Grifos nossos).


André Luiz tinha plena consciência de que a Física se renova constantemente e não se arriscou a propor uma teoria absoluta para os mecanismos da mediunidade, dizendo que as analogias presentes no livro servem de “vestimenta necessária, mas transitória” para a explicação dos fenômenos mediúnicos.

Em nossa opinião, a recomendação dos grandes físicos reflete o cuidado que devemos ter em propor explicações para os conceitos espíritas em termos de conceitos de outras teorias científicas. Porém, se desejarmos pesquisar a realidade espiritual por intermédio de paradigmas científicos outros, como a Física, não podemos nos furtar ao estudo profundo das ferramentas teóricas da ciência que pretendemos usar e devemos nos informar sobre a forma pela qual a ciência, como um todo, se desenvolve, seus critérios, seus meios de divulgação e reconhecimento. Essas aulas sobre Ciência e Espiritismo, se destinam a introduzir o leitor a essas questões.


Referências

[1] A. Luiz, psicografia de F. C. Xavier e Valdo Vieira, Mecanismos da Mediunidade, Editora FEB, 11ª Edição (1990).
[2] C. H. Bennett, G. Brassard, C. Crépeau, R. Jozsa, A. Peres, W. K. Wootters, Teleporting an unknown quantum state via dual classic and Einstein-Podolsky-Rosen channels. Physical Review Letters 70, 1895-1899 (1993).
[3] B. Julsgaard, A. Kozhekin, E. S. Polzik, Experimental long-lived entanglement of two macroscopic objects, Nature 413, 400 (2001).

[4] M. Kaku, Hiperespaço, Editora Rocco (2000).
[5] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, Editora FEB, 76a Edição (1995).
[6] A. F. da Fonseca, Caos, complexidade e a influência dos espíritos sobre os fenômenos da natureza, FidelidadESPÍRITA 12, pp. 20-26 (2003). Uma cópia do mesmo pode ser obtida na seguinte homepage:  http://www.ieja.org – procure por link de artigos, pelo nome do autor e pelo título.
[7] A. Kardec, A Gênese, Editora FEB, 36ª Edição (1995).
[8] A. F. da Fonseca, O fluido universal e as teorias cosmológicas, FidelidadESPÍRITA 14, pp. 16-24 (2003).
[9] A. F. da Fonseca, Matéria e Energia Escura: não são o Fluido Universal, FidelidadESPÍRITA 15, pp. 18-22 (2003). Uma cópia dos artigos das referências [7] e [8] podem ser obtidas na seguinte homepage: http://www.ieja.org – procure por link de artigos, pelo nome do autor e pelo título.
[10] K. Wilber, Quantum Questions, mystical writings of the world’s greatest physicists, Editora Shambhala, 2nd Edition, London (2001).
[11] Frase original em ingles: “If today’s physics supports mysticism, what happens when tomorrow’s physics replaces it?”

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História & Pesquisa

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas")

Teses Acadêmicas com temática Espírita, Milton Piedade, Brasil

O Museu Espírita de São Paulo tem um Banco de Teses Acadêmicas com Temática Espírita que merece ser conhecido. O acervo é muito interessante e o restante pode ser conseguido através de indicações que a própria revista do ICESP fez, atgravés de artigo do Washington Fernandes. Aliás, o Museu precisa colaboradores pois está em fase de expansão deste Bando de Teses.

Por "coincidência" o tema do Ciclo de Conferências deste ano é justamente a temática espírita nas Teses Acadêmicas (O Espiritismo invadindo as Universidades).

Já tivemos a Magali Oliveira Fernandes e dia 19 deste mês o Alexander Moreira Almeida. Teremos ainda a Cleide Martins Canhada, depois a Ceres de Carvalho Medina, a Juliana Mesquita Hidalgo Ferreira e a Astrid Sayeg. As conferências acontecem sempre às últimas quintas-feiras de cada mês.

Está sendo um Ciclo memorável este ano. Nunca havia visto nada igual. Quem sabe todo o registro deste Ciclo de Conferências possa um dia ser editado e publicado?

Fraternalmente,
Milton B. Piedade

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Tese sobre o perfil e a psicopatologia de Médiuns Espíritas


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Questões e Comentários 


Tema para Debate: Lei do Trabalho, Gustavo, Brasil

Olá

Andei pensando e gostaria de debater este assunto com alguém. Leia e diga o que acha, levando em consideração as leis e não exemplos específicos.

Sempre pensei que quando não sabemos se algo é "certo ou errado" ou "bom ou mau" (sabemos que não existe o mal, e o certo ou errado é relativo), ou para nos guiarmos as nossas atitudes, basta seguirmos o exemplo do que acontece na Natureza. Seguindo este pensamento, eu lembrei que na natureza tudo o que acontece é com o menor esforço possível, com o menor gasto de energia possível. Daí lembrei sobre o valor que damos ao nosso próprio esforço, daquela história que só aprendemos quando nos esforçamos, do trabalho árduo, das horas extras, da nossa cobrança excessiva com as nossas atitudes, nosso estudo, etc.

 Daí tive um "click" e vi que esses dois pensamentos geram um paradoxo, uma contradição, ao menos em parte. Não sei até onde o esforço é válido, e onde estaria o equilíbrio entre o trabalho (o Trabalho é uma das Leis de Deus) e o menor dispêndio de energia possível (encontrando isso na Natureza, também é uma Lei de Deus, desde os animais que só caçam qdo estão com fome até as moléculas de um elemento que só reagem à outras de outro elemento que estiverem mais  próximas e que tiverem mais "afinidade").

Será que todo o valor que damos àquelas pessoas "esforçadas" está de acordo com a Lei de Deus? A Natureza não gratifica quando existe muito esforço e pouco rendimento, mas o ser humano valoriza muito essas pessoas. Posso estar pensando muita bobagem, e posso estar partindo de conceitos equivocados, por isso quero debater sem me achar na condição da verdade.

 Um Grande abraço, e muita paz em seu caminho
 Gustavo



Prezado Gustavo,

Muito interessante o seu questionamento! Ele é muito oportuno pois permite que a gente possa analisar melhor a questão sobre analogias com a Natureza.

Eu vou escrever aquilo que penso sobre suas dúvidas sem a pretenção de dar a última palavra.

Primeiramente eu gostaria de dizer que concordo plenamente com a sua afirmativa de que a Natureza é um guia inspirador para que aprendamos muitas coisas.
Porém, ao citar apenas o exemplo da tendência dos sistemas físicos em buscar o estado de menor energia, voce tocou apenas em um lado da questão. Mesmo levando-se em conta a 2a. Lei da Termodinâmica que diz que a Entropia sempre aumenta (o que aumenta ainda mais a sensação de paradoxo que voce comentou) existem muitos detalhes não levados em conta na anàlise que voce fez.

Se nós analisarmos bem, o que existe de mais interessante na Natureza, a Vida, não decorre dos sistemas fisicos buscarem o estado de energia mínima. Muito menos, eles decorrem da 2a. Lei da Termodinâmica. Na verdade, os sistemas vivos parecem ir contra a essa lei, mas veremos que isso não ocorre de fato.

Alguns companheiros acreditam que é o espírito quem "ordena", de modo absoluto, os corpos dos seres orgânicos mas a Ciência tem outras teorias para isso.
Na verdade, o espírito é uma das forças presentes na natureza, mas nao é a única e precisamos estudar bem as leis materiais para um dia encontrarmos onde e como o princípio inteligente atua na matéria.

Voltando ao assunto em questão, o ponto que quero comentar é que os sistemas vivos (e outros não vivos, mas organizados) são ditos "sistemas abertos". Um sitema aberto é tal que energia e materia podem ser trocadas entre ele e o meio que o circunda. Apesar da lei de conservação de energia valer para sistemas abertos, a 2a. Lei da Termodinâmica só se aplica a sistemas isolados e em equilíbrio termodinâmico. Apesar da enorme utilidade da Termodinâmica no desenvolvimento de máquinas e outros aparelhos, a grande maioria (para não dizer todos) os processos que ocorrem na Natureza são o que a gente chama de
"processos irreversíveis". Nestes processos, uma boa parte da energia é dissipada em calor e entropia é produzida. Entropia, além da questão ligada à ordem, significa energia que nao é disponível para ser utilizada para realizar trabalho.

Estou dizendo isso para introduzir a idéia de auto-organização em sistemas longe do equilíbrio termodinâmico. Sistemas abertos, isto é, que estão constantemente trocando energia e matéria com o meio que o circunda, podem se auto-organizar, mas às custas do meio, isto é, às custas da desorganização de outros corpos. Por exemplo, o sol fornece muita energia para o nosso planeta o que favorece o desenvolvimento e a manutenção da vida. Por que o sol é tão importante? Justamente porque é ele que fornece a energia para que os sistemas abertos na superfície da Terra possam interagir e se auto-organizar.

Portanto, vemos aqui a idéia do "esforçoo" associada ao custo para produzir auto-organização. O paradoxo se resolveria da seguinte maneira:

Tudo o que temos de mais belo e útil na Natureza decorreu de um custo elevado, em termos de energia, para alguma fonte. Da mesma forma, se desejamos construir um futuro belo e útil para nós, isso terá um custo que é o esforço no estudo e na reforma íntima.

Fenômenos simples como o rolar de uma pedra de uma montanha, ocorre por causa da tendência dos sistemas em buscar o estado de menor energia. Porém, esse fenomeno é muito simples não tendo muita serventia e não figura entre os mais interessantes da Natureza. Quando nos deixamos levar pelos impulsos instintivos, podemos nos comparar a uma pedra que rola e que nada produz senão destruir o que toca. Entende a comparação? Hoje, já conquistamos muitos valores na escala evolutiva ao ponto de podermos "administrar" um corpo físico complexo como o nosso. Mas se deixamos o "corpo" seguir sua tendência de
menor esforço, nosso espírito perde o ensejo de progresso.

Podemos ainda fazer uma outra comparação. Pensando em termos do Universo inteiro, a entropia está sempre aumentando o que significa que as fontes de energia útil estão se esvaindo. Eu faço a seguinte leitura sobre isso: a Vida e a inteligência se desenvolvem no Universo às custas do próprio Universo. A matéria não é o essencial mas é importante pois através dela o princípio inteligente tem a oportunidade de evoluir. Mesmo sabendo que a matéria se desfaz ao longo dos milênios, o espírito que esteve ligado a ela, através de seu esforço em buscar melhorá-la e melhorar-se, se aprimora em conhecimento e amor e, segundo o Espiritismo, é da Lei que o espírito não retrograda, isto é, o esforço é coroado com o progresso e não se perde como os corpos materiais se desfazem.

Caro Gustavo, devemos, então, buscar o estudo para que saibamos ler na Natureza a sabedoria que nos guiará adiante.

Muita paz e esforco no bem!
Alexandre Fonseca



Bom dia, Alexandre!

Adorei seu texto, e concordo com tudo o que escreveu em relação ao esforço, ao trabalho e à comparação com as leis da natureza já definidas pela ciência atual. Sou engenheiro, e não fico por fora dos conceitos que apresentaste aqui.

Quando comecei a pensar neste assunto, alguns conceitos que tinha em mente ruiram, ou ao menos ficaram mais flexíveis. Por exemplo: nós, seres humanos, geralmente damos muito valor para os esforços individuais de cada pessoa, e na maioria das vezes chegamos a dar mais valor ao esforço do que aos resultados. Um dos vários exemplos disso é que no ambiente profissional, entre 2 pessoas que dão o mesmo resultado, sendo que uma faz várias horas extras e outra trabalha somente o necessário, provavelmente a que realiza horas extras que será promovida, enquanto perante a Natureza ambas teriam a mesma recompensa, pois ambas deram o mesmo resultado. Entende onde quero chegar?

Isso é tão presente em nossas vidas que em nossa cobrança pela nossa própria evolução, conhecimento, promoção pessoal e profissional, fazemos muito produzindo pouco, e como estamos nos esforçando muito nos achamos no caminho correto, e em decorrência disso somatizamos doenças, criamos preconceitos, ficamos "estressados" e amargos, deixamos nossa família de lado (mesmo para aquelas mães donas de casa, que vivem trabalhando em casa e esquecem dos momentos de amor com os familiares), e muitos outras consequencias.

Não escrevi isso contestando a lei do trabalho, mas sim para rever os conceitos e o objetivo da Criação. Nós seres humanos costumamos interpretar a lei como um objetivo (devemos trabalhar sempre), mas a Lei é um meio para se atingir o objetivo (devemos trabalhar ou não, para que atinjamos a perfeição e o Amor incondicional por toda a Criação). O Trabalho é uma ferramenta abençoada para a nossa evolução, mas não deve ser encarado como o objetivo da vida. Como toda ferramenta, quando é muito utilizada deteriora-se, se transformando em escravidão, retirando-nos a nossa liberdade e nosso livre arbítrio.

Abrindo parenteses (esse é um assunto looongo) sobre o livre arbítrio, eu não acho que temos completo livre arbítrio, que todas nossas atitudes sejam realmente escolhidas. Pouquíssimas vezes realmente escolhemos nossas atitudes e pensamentos, pois nosso conhecimento é MUITO limitado e nossos sentimentos mesquinhos turvam quase completamente nossa visão, fazenndo-nos agir quase sempre pelo instinto e não pela razão, e as poucas vezes que agimos pela razão somos limitados pelos preconceitos. Sempre que isso acontece, temos nosso livre arbítrio limitado pela nossa própria inferioridade, concluindo ser o livre arbítrio um conceito relativo, e não absoluto como vários espíritas pensam.

Voltando ao assunto trabalho, acredito que colhemos ainda muitos frutos de vários séculos de escravidão, que deixaram um legado onde o trabalho deve ser mandatório para as classes menos abastadas e algo supérfluo para as posições de mando. Temos que mudar isso, trabalhando por que precisamos e principalmente por que gostamos de trabalhar, isso em todas as classes sociais, mas sempre tendo em vista o resultado, refletindo PORQUE fazer isto ou aquilo, adequando nossos valores aos valores da Natureza.

Não escrevo isso pensando estar com a Verdade, e sim com o intuito de refletir e debater sobre um assunto que acredito interessar a todos. Nossos conceitos e preconceitos mudam, mas a Verdade permanece imutável, e nossa visão dela se altera como as cores de um caleidoscópio.

Muita paz, e um Grande abraço
Gustavo



Caro Gustavo,

Entendi melhor seu questionamento. Eu concordo com o que voce disse. De fato, a gente tem que buscar fazer o melhor independente de como a sociedade enxerga o nosso esforço. Uma coisa eu tenho em mente que, para mim, é ponto fundamental: aos olhos de Deus (ou perante nossa consciência) nenhum esforço real é perdido e sempre fica registrado em nós. Segundo o Espiritismo, os graus evolutivos não dependem de quanto tempo levamos para atingí-los, mas sim de termos superado os obstáculos e aprendido as lições.

Assim, muitos espíritos conquistam degrais maiores em menos tempo que outros. É importante a gente lembrar aos leitores do Boletim que todos nós somos especiais para o Criador e que os diferentes níveis evolutivos não significam que alguém é melhor do que outrem. Assim, todos podem atingir os níveis maiores na medida do esforço. Assim, o que voce exemplificou com relação ao funcionário que produz o mesmo que outro funcionário que teve que levar mais horas trabalhando, do ponto de vista espiritual, se ambos chegaram no mesmo ponto, os dois terão a mesma posiçãao relativa na escala evolutiva.

Eu concordo com o seu comentário sobre o livre-arbitrio. O livre-arbitrio depende da evolução da criatura e é isso que eu entendo das seguintes palavras de Jesus "Conhecereis a verdade e ela vos libertará'"(Jo 8:32).

Ok Gustavo. Agradecemos pela sua valiosa contribuição. Estaremos sempre a disposição.

Um abraço fraterno,
Alexandre Fonseca

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Painel


Congresso Médico-Espírita divulga carta contra Aborto e Eutanásia

O V Congresso Nacional da Associação Médico-Espírita do Brasil foi realizado em São Paulo, em três dias de discussões (26 a 28 de maio) sobre medicina, ciência e espiritualidade no cuidado com o paciente. Participaram 850 profissionais de saúde de todo país, 45 palestrantes em 41 palestras, que mostraram as mais recentes pesquisas e as terapêuticas, discutiram a ética diante dos avanços da medicina e novos paradigmas do médico espírita.

O médico americano Harold Koenig, pesquisador e maior autoridade em medicina e espiritualidade, mostrou seus estudos que confirmam: o paciente que faz e recebe preces consegue maior êxito no tratamento de saúde e no processo de cura. Reiterou, também, que o médico que segue uma religião, consegue abordar aspectos religiosos com mais facilidade e tem uma visão mais holística do paciente.

O evento terminou com a divulgação da “Carta S.Paulo de Princípios de uma Bioética Espírita”, documento da entidade que se posiciona contra o uso de embriões congelados para experiência cientifica, contra o aborto (inclusive de anencéfalos), contra a pílula do dia seguinte e contra a eutanásia e a distanásia.

Carta de Princípios de uma Bioética Espírita - Carta S.Paulo

Em relação ao aborto:

1. nosso paradigma é o personalista espírita (contempla a dignidade ontológica, a partir do zigoto, onde inicia a vida)
2. a vida é um bem indispensável, uma doação. O Ser Supremo, que a doa, está presente no micro e no macroscópico. Verdades evidenciadas nas pesquisas científicas, tanto pela origem da vida, quanto da embriogênese e psiquismo fetal, tendo em vista que os cientistas não definiram o que é vida e não conseguiram cria-la em laboratório.
3. somos contrários a qualquer método que interrompa a vida no processo “continuum zigoto-velho”, inclusive ao uso da pílula do dia seguinte e do “DIU”.

Em relação à eutanásia, distanásia e ortotanásia:

1. somos contrários a qualquer meio intencional que antecipe a morte do ser humano,
2. somos contrários a distanásia, entendendo-a como prolongamento da vida, por uma obstinação terapêutica ou diagnóstica, através de meios artificiais ou não, de forma precária e inútil, que não traz benefícios imediato ao paciente, levando-o a uma morte agoniada e com muito sofrimento orgânico, psíquico e espiritual.
3. somos a favor da ortotanásia, entendendo-a como a morte no tempo certo, com apoio psicológico, religioso e familiar, sem dor, sendo respeitada sua autonomia (crenças, medos, desejos e esperanças), tendo como lema “viver dignamente e morrer sem dor”, pois, a morte do paciente terminal não representa falha do tratamento médico e sim uma fase enriquecedora de experiências no processo evolutivo do espírito.

Em relação às células-tronco:

1. considerando que as pesquisas com células-tronco embrionárias são incipientes, com alto risco de originarem tumores, eticamente discutíveis, passíveis de provocar rejeição e realizadas com esquecimento da possibilidade da existência de vida espiritual, somos contrários à sua utilização.
2. considerando que as pesquisas mais recentes têm mostrado maior potencialidade das células-tronco adultas e com menor risco de rejeição ou de provocar tumores e já com bons resultados nas leucemias, cardiopatias, AVC, etc, somos favoráveis à sua utilização.

Em relação aos fetos anencefálicos:

1. considerando que o chamado anencéfalo tem preservadas diferentes partes do encéfalo, tais como: tronco encefálico, região talâmica e até mesmo porções do córtex cerebral, responsáveis pelo controle automático de funções viscerais como os batimentos cardíacos e capacidade de respirar por si próprio, ao nascer;
2. considerando que para alguns cientistas, o tronco encefálico e porções adjacentes de regiões mais profundas do cérebro representam substrato de ligação com a mente e a consciência (postura que sinaliza a presença do espírito);

          Decidimos que somos contrários ao aborto do anencéfalo, pois não podemos reduzi-lo a uma “coisa descartável”, reconhecendo seu direito à própria vida.

Associação Médico-Espírita do Brasil. V Congresso Nacional Médico-Espírita.
São Paulo, 28 de maio de 2005.

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Obras Espíritas raras disponíveis na Internet, Cosme Massi, Brasil 

A Federação Espírita do Paraná (FEP) disponibiliza obras espíritas do século XIX em Biblioteca Virtual, e, nessa iniciativa pioneira, garante, para as gerações futuras o acesso a obras de vital importância para o conhecimento da Ciência Espírita.

O projeto era um sonho antigo, acalentado pelo professor Cosme Massi, cientista apaixonado pela Doutrina Espírita, que foi tornado realidade, em parte, pela FEP. Em parte, porque ainda faltam muitos títulos que a Federativa não possui em sua Biblioteca real, e que são peças muitos importantes para compor esse acervo virtual.

O Jornal Mundo Espírita buscou Cosme, Consultor/Assessor deste projeto, para uma breve entrevista, já que seu sonho, alimentado durante anos, veio a lume.

Jornal Mundo Espírita - Cosme, poderia nos dar seu parecer sobre essa iniciativa da FEP, disponibilizando essas obras espíritas, raras, na Internet?
Cosme - Muito louvável a iniciativa da Federação Espírita do Paraná ao criar um ambiente adequado para o acesso rápido às obras espíritas consideradas raras. O projeto da FEP permitirá o acesso a cópias fiéis de importantes obras "raras" da literatura espírita mundial. Muito, portanto, contribuirá para o estudo aprofundado das principais obras espíritas dos séculos passados.

JME - Já que a idéia inicial desse projeto foi sua, poderia comentar um pouco sobre o que poderá representar para a Humanidade o acesso a essas obras, nos dias de hoje ou no futuro?
Cosme - A importância do projeto pode ser aquilatada se pensarmos no que significará para os estudiosos o acesso a obras espíritas pouco conhecidas. Toda ciência é construção coletiva. Cada cientista se apóia nas contribuições de seus antecessores. É muito difícil, quiçá impossível, fazer avançar a ciência espírita sem o estudo aprofundado das contribuições dos grandes pensadores do século XIX. Muito ainda temos que aprender com eles.
As vezes, nos deparamos no movimento espírita com trabalhos sobre ciência espírita que pecam exatamente por não levarem em consideração as contribuições dos nossos antecessores, que aprenderam a duras penas a superar os erros que ainda cometemos. Estudar os textos que deram origem à ciência espírita é o caminho mais rápido, e talvez o único, de avançarmos na ciência espírita.

JME - Gostaríamos de saber se as Instituições espíritas e os espíritas podem colaborar com esse projeto e de que maneira poderiam fazê-lo.
Cosme - Muito podem colaborar as instituições espíritas ou mesmo os espíritas em particular, principalmente aqueles que possuem obras espíritas consideradas "raras". Vamos, de início, considerar "raras" as obras originais produzidas no século XIX e que não foram traduzidas para outros idiomas (ou, se foram traduzidas, tiveram pouca tiragem ou distribuição). O propósito principal do projeto é disponibilizar cópias fiéis das obras originais produzidas no século XIX. Claro que esta definição não é absoluta. As instituições ou pessoas interessadas em contribuir com cópias de obras "raras" poderão entrar em contato com a Federação Espírita do Paraná.

JME - Algo mais que você deseja acrescentar?
Cosme - Gostaria de, mais uma vez, parabenizar a Federação Espírita do Paraná pela iniciativa. Preservar o acervo espírita mundial, tornando-o acessível a todos, é mais do que um dever, é uma demonstração de amor à causa espírita. Vamos participar!

JME – Agradecemos pela sua atenção e salientamos que essas obras são digitalizada como imagem, o que permite a fidelidade ao texto, impossibilitando erros na leitura de caracteres, tão comuns na digitalizações como documento.

Mais informações, sugestões e contribuições, pelo telefone (41) 3223-6174 ou pelo contato do site da Biblioteca www.bibliotecaespirita.com

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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição/Cancelamento - inscricao-pt@geae.inf.br

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português - http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" - http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins