Boletim GEAE
Grupo de Estudos
Avançados Espíritas
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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição
Eletrônica
"Fé inabalável
é somente aquela que pode encarar a razão, face a face,
em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec
Ano 13 -
Número 487 - 2005
25 de Janeiro
de 2005
Evolução
e as Mudanças na Terra (Parte I)
Encerrou-se mais um
ano do nosso calendário, 2004.
A evolução
inserida na Lei do Progresso promove mudanças na Terra. As
alterações ocorrem constantemente e, neste terceiro
milênio, podemos perceber que caminha a passos mais largos.
Barreiras
ideológicas vêm sendo rompidas em todas as áreas e
a cada uma que se desgasta, o Homem torna-se mais livre e amplia seu
espaço em liberdade de pensamento.
É a nova era de
melhoria nas condições de convivência social! Em
fase transitória, os Homens encontram-se em meio a grandes
conflitos pessoais. Mas gradativamente eles vão promovendo as
alterações imprescindíveis e significantes para a
consolidação do processo evolutivo da Terra.
Mudanças exigem
maiores inovações. Num processo de
inovação, a reação contrária gera
conflito. Inovar significa ampliar as possibilidades conforme o grau de
exigência das mudanças. A inovação surge com
algo diferente que agrada e se torna mais receptivo. A
evolução sempre gera processos inovadores, pois a cada
nível evolutivo, o homem vive em busca de soluções
mais desafiadoras para satisfazer o seu desejo pessoal de vida.
Quando há
recriminação por qualquer ato incomum, há
também por outro lado reações de apoio. No
balanço geral, vence o progresso. Mas tudo caminha a seu modo.
Em algumas áreas, muito se modifica rapidamente, em outras, as
mudanças são mais vagarosas. Por exemplo, podemos
observar uma criança que deseja e resolve fazer determinadas
atividades diferentemente daquelas que eram comuns há tão
pouco tempo, como o uso de computador com acesso à internet, de
celular para falar com os amigos, discussão sobre temas diversos
com adultos, hábitos rebeldes, etc. Não demora muito, o
adulto resmunga: - no meu tempo não era assim não! Comigo
as coisas eram bem diferentes. Não se podia fazer nada e tudo
era muito melhor. Mas o que acaba acontecendo? Suponhamos que um pai
deseja que seu filho seja como ele o foi na infância - a chamada
educação rígida e limitada -, como hora marcada
para comer, sair, etc. O filho vai à escola, entra em contato
com a sociedade em geral, mantém um relacionamento normal e
volta para casa e diz: - Mas pai, todos os meus amigos fazem isso!
Só eu que não posso? Por quê? Nessas
condições, quem acaba cedendo? Pode até demorar,
porém iremos perceber que não é mais
possível fazer as mesmas coisas com o passar do tempo e cada vez
mais em menor espaço de tempo. O bom senso deve prevalecer
sempre. Procurar o melhor caminho em busca das soluções
para os conflitos existentes é fundamental.
Outra
observação: um jornalista promove severas críticas
a tudo na ânsia de ver as coisas funcionarem melhor e
rapidamente. A reação será o conflito em alguns e
também a concordância em outros. Onde está a
razão? Isso não é importante e sim o fato de
levantar o assunto ao debate em busca de soluções mais
justas possíveis. Outros vivem do passado e escrevem indignados
com as alterações rápidas do presente. E
nós continuamos seguindo em frente. O tempo não
pára nunca. O importante é a seriedade, o respeito
e a responsabilidade. Aquilo que é fruto de vaidade, orgulho e
ganância será esquecido, pois se a evolução
é um processo harmonioso, visando manter o equilíbrio do
universo, vence o bem comum.
Mudanças promovem
desafios fantásticos, encantadores, liberando o potencial da
inteligência humana para níveis bem mais elevados.
Mas tudo passa muito
rápido e se ficarmos parados o mundo passará ao nosso
redor. O tempo promove alto impacto na matéria com
alterações visíveis e sensíveis.
Então se diz: - Mas já estou com essa idade? Parece que
foi ontem que isso aconteceu. Não sinto ter essa idade. O tempo
promove o desgaste físico e felizmente também promove a
evolução espiritual, ou o aperfeiçoamento do
Espírito. E aí percebemos que cada qual encontra-se nessa
jornada com seu livre arbítrio, caminhando numa velocidade
conforme o seu desejo. Assim, o tempo de existência do espírito encarnado não
define seu grau de evolução. Uma criança de 10
anos de idade pode ser muito mais evoluída que um adulto de 80
anos com toda a sua experiência adquirida ao longo de sua
vivência na Terra. A evolução espiritual é
fruto de aperfeiçoamentos anteriores a esta
reencarnação que certamente será complementada por
suas ações realizadas agora. O tempo não existe
para o Espírito!
Individualmente, a
evolução é muito complexa, entretanto, é
possível observar a evolução geral de uma
comunidade e do planeta Terra como um todo.
Poderemos refletir sobre a
evolução do espírito e sua relação
com o meio com uma simples analogia, embora imperfeita dada a sua
complexidade. É como se estivéssemos andando numa
grande esteira mecânica juntamente com várias pessoas uma
ao lado da outra em que esta representasse a evolução
contínua e constante. Num dado momento a esteira faz seu giro
devagar e todos acompanham a caminhada. Numa outra esteira, todos
estão caminhando numa velocidade maior. Em qualquer
situação, se pararmos de andar, cairemos da esteira. Se
for o nosso desejo (livre arbítrio) de fazer uma caminhada numa
determinada esteira, teremos que acompanhar a velocidade dela,
determinada pelos demais participantes nessa caminhada. É
possível, portanto, aumentar a velocidade da caminhada,
substituindo os indivíduos mais lentos por aqueles que
apresentem maior capacidade de caminhar. Observa-se que é
lógico que uma só substituição não
afetará a velocidade da esteira. A Terra é a nossa grande
esteira e todos os seus habitantes estão movendo-a conforme os
desígnios da Grande Providência Divina.
Ao longo de toda a
história da humanidade, a esteira da evolução
caminhou num ritmo lento e aqueles que reencarnaram com a missão
de promover o adiantamento moral e intelectual em seu tempo, foram os
mais perseguidos e os maiores sofredores desse mesmo processo.
Neste terceiro
milênio, Deus designou um nível mais elevado da
evolução na Terra. A evolução espiritual do
nosso planeta está sendo acelerada e, portanto, caberá a
ela receber espíritos com evolução mais elevada,
ou seja, aqueles que estão caminhando em uma velocidade um pouco
maior. Os mais inferiores deverão se adaptar em outro planeta ou
local de habitação semelhante à
evolução mais atrasada da Terra.
Por que isso agora? A
Providência sabe o que deve ser feito. A harmonia do universo
depende da intervenção dos espíritos de luz
imbuídos na Lei de Deus.
Refletindo com a visão na harmonia universal poderemos
deslumbrar a necessidade de mudanças significativas no modo de
viver com reflexos na estrutura física da Terra, com o
desenvolvimento moral e científico, a fim de mantê-la como
um ponto de equilíbrio na grande vida universal e
preservá-la dentro dos propósitos divino.
Neste final de 2004, a
humanidade recebeu com tristeza e dor a catástrofe provocada por
ondas gigantes no Oceano Índico, os tsunamis, que atingiram
grande região do sudeste da Ásia, promovendo o desencarne
em massa de milhares de pessoas e outras tantas desabrigadas
vulneráveis à fome, doenças e todo o tipo de
sofrimento. Somente espíritos mais evoluídos e em
número muito significativo poderão evitar a
destruição do planeta em algum tempo, talvez não
tão distante...
Raul Franzolin Neto
Editor GEAE
Retorno ao Índice
Curso de Ciência e
Espiritismo, 5.a Aula,
Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil
Contribuições
da Matemática. Periódicos espíritas.
1. CONTRIBUIÇÕES
DA MATEMÁTICA
Na
aula anterior, iniciamos a falar sobre alguns tópicos de
pesquisa multidisciplinar entre a Ciência e o Espiritismo.
Hoje, comentaremos sobre uma interessante pesquisa na área de
Matemática.
MATEMÁTICA:
Recentemente, dois artigos de nossa autoria foram publicados na
revista FidelidadESPÍRITA [1,2] onde comentamos
os resultados
interessantes de alguns trabalhos na área de Matemática
Aplicada. Trata-se de uma divulgação dos resultados de
pesquisas com a chamada Teoria de Jogos. Essa teoria foi desenvolvida
para, entre outras coisas, estudar o comportamento de grupos sociais
com aplicações na área de Economia. Veremos uma
relação entre os resultados das pesquisas acima e
alguns conceitos morais.
Um
tipo de “jogo” é conhecido como o jogo dos bens
públicos. Nesse jogo, os participantes recebem uma
determinada quantia inicial para investirem em uma atividade
rentável
comum. Segundo as regras, a soma de todo o valor investido é
dobrada e depois repartida igualmente entre todos os
participantes. O máximo lucro que o grupo, como um todo, pode
obter ocorre se todos investirem tudo o que tem. O mínimo
lucro ocorre quando ninguém investe nada. A decisão de
investir algum valor é considerada como sendo uma atitude
cooperativa dentro do jogo e a de não investir como
não-cooperativa. Existe, neste jogo, uma tentação:
não investir nada e receber os lucros do investimento dos
outros jogadores. Apesar da soma total dos lucros do grupo ser menor
nesse caso, o jogador que não investe mas recebe parte do
lucro, às custas dos outros, termina a rodada do jogo com mais
dinheiro do que se ele tivesse investido algum valor (faça as
contas para ver!).
No
entanto, uma atitude não-cooperativa motiva os outros
jogadores a não-cooperarem e o grupo, após
algumas rodadas, tende para o lucro mínimo. Os cientistas
decidiram fazer uma análise computacional de estratégias
diferentes para verificar qual delas leva a um maior lucro do grupo.
A simulação numérica consiste em considerar um
grupo elevado de indivíduos que, a cada rodada, decidem se
cooperam ou não-cooperam de acordo com a
estratégia adotada pela maioria dos vizinhos mais
próximos.
Alguns exemplos de estratégias são só-cooperar,
só-não-cooperar, cooperar se os outros
cooperarem, etc. O resultado obtido mostra que a atitude de
somente cooperar favorece o progresso do grupo enquanto que
não-cooperar leva ao prejuízo total. Esse
resultado é bastante lógico mas não corresponde
à realidade já que as pessoas são diferentes e
adotam estratégias diferentes. Os cientistas, então,
testaram a estratégia de cooperar se os outros cooperarem.
Ela só funciona se ninguém não-cooperar.
Basta que um indivíduo não-coopere para que
todos passem a não-cooperar. Essa situação
parece um pouco mais real por considerar a reação
perante as estratégias dos outros, mas ainda não
corresponde à realidade. Curiosamente, os cientistas testaram
a seguinte estratégia: cooperar algumas vezes mesmo que o
outro não-cooperar. O resultado obtido foi que o grupo
evolui para uma situação em que os lucros são
maximizados beneficiando a todos. Isso ocorre pois as pessoas desejam
obter lucros e até aceitam algum equívoco por parte de
um vizinho e só decidem parar de colaborar quando percebem que
o grupo realmente não está ajudando. Mas o detalhe que
é de interesse para nós é o fato de que se
reagirmos cooperando mesmo diante de algumas não-cooperações,
o grupo progride. Esse resultado verificado matematicamente ilustra o
que o Evangelho ensina: retribuir o mal com o bem. Mesmo que isso
pareça prejuízo para nós, num primeiro momento,
a atitude de perdoar, esquecer e, se possível, ajudar aquele
que nos “persegue e calunia” certamente resultará em
progresso espiritual para nós e para ele.
Existe
um outro tipo de jogo chamado jogo do ultimato, onde dois
indivíduos são chamados para dividir uma quantia de
R$100,00, por exemplo. Pelas regras do jogo um dos jogadores faz a
proposta de divisão da quantia e o outro decide se aceita-a ou
não. Se o outro jogador aceitar a proposta de
divisão,
ambos ficam com o dinheiro conforme proposto; se ele recusar a
proposta, ambos saem com nada. Analisando esse jogo do ponto de vista
puramente racional, o jogador que faz a proposta de divisão
deve fazer a oferta de menor valor possível enquanto que o
outro jogador deve aceitá-la pois receber qualquer valor,
mesmo que baixo, é melhor do que não receber nada.
No
entanto, pesquisas realizadas com pessoas no mundo inteiro (ver
artigo da referência [3]) mostraram que a
maioria daquelas que
fazem a proposta, oferece valores próximos de 50% da quantia
inicial, e a maioria das pessoas na posição dos que
aceitam ou não uma proposta, rejeita ofertas menores que 30%.
Esse resultado é considerado pelos cientistas, sem teor
pejorativo, como irracional. Uma das explicações
para isso considerada pelos cientistas é que as pessoas,
durante a vida, interagem mais de uma vez umas com as outras fazendo
com que aqueles que rejeitam ofertas menos justas adquiram uma
reputação que favorece o recebimento de ofertas mais
justas no futuro.
O que é digno de nota, é que esse resultado demonstra
cientificamente que a Humanidade já progrediu no ponto de
vista moral. A vida em sociedade levou a Humanidade a buscar formas
mais justas de interação entre os seus membros. Isso
demonstra a afirmativa dos espíritos nas questões 766 e
767 do Livro dos Espíritos, de que os homens foram feitos para
a vida em sociedade e que todos devem concorrer para o progresso.
Nas próximas aulas comentaremos sobre as
contribuições
e dificuldades no relacionamento entre a Física e o
Espiritismo.
2. PERIÓDICOS
ESPÍRITAS
O
movimento espírita dispõe de muitos periódicos
espíritas. Jornais e revistas, impressos em papel ou
hospedados em bonitas e modernas “homepages”, divulgam o
conhecimento espírita em todo o nosso país e no mundo.
Nesta
aula, vamos discutir como os periódicos espíritas podem
contribuir para o desenvolvimento de estudos espíritas de
caráter científico, identificando alguns problemas e
fazendo
algumas sugestões. Vejamos, primeiro, a importância da
criação da Revista Espírita pelas
próprias palavras de Kardec (ref. [4],
pág. 2):
“Seria
desnecessário contestar a utilidade de um órgão
especial, que ponha o público a par do progresso desta nova
Ciência e a premuna contra os exageros da credulidade, tanto
quanto do cepticismo. É uma tal lacuna que nos propomos
preencher com a publicação desta Revista, com o fito de
oferecer um meio de comunicação a todos quantos se
interessam por estas questões e de ligar, por um laço
comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu
verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade
evangélica para com todos.” (Grifos
nossos). Mais adiante, na mesma referência anterior, Kardec
diz: “O
exame raciocinado dos fatos e das consequências deles
decorrentes é, pois, um complemento, sem o qual nossa
publicação seria de medíocre utilidade e apenas
ofereceria um interesse secundário a quem reflete e quer
dar-se conta do que vê.” (grifos
nossos).
Vemos
que Kardec apresenta e define os objetivos da Revista Espírita
de uma forma que podemos considerar como científica
não
só porque nasceu dedicada ao aprimoramento e progresso desta
nova Ciência, mas porque os periódicos
científicos
possuem as características acima destacadas. Podemos dizer
que, de uma certa forma, toda a comunidade científica
está
ligada através das publicações em
periódicos
especializados. Hoje em dia, todas as ciências (e mesmo
áreas
ainda não científicas) dispõem de
periódicos
específicos através dos quais os trabalhos de pesquisa
são divulgados. Nenhuma ciência ou área do
conhecimento humano progrediu sem o concurso desse tipo de
publicação
e o movimento espírita, desde à época de Kardec,
não prescindiu dessa importante ferramenta de
divulgação
e desenvolvimento.
Hoje, os
periódicos espíritas têm contribuído com
muita eficiência para que sejam criados e mantidos os
laços
entre os espíritas. De vários anos pra cá, o
interesse do movimento espírita no aspecto científico
do Espiritismo cresceu bastante em decorrência do
desenvolvimento natural das ciências ordinárias.
Cresceu, também, a preocupação de vários
companheiros espíritas em buscar concordâncias entre os
conceitos espíritas e aqueles oriundos das novas teorias como,
por exemplo, os da Física.
Entretanto,
o processo editorial atual de publicação de artigos e
livros espíritas não permite que os editores e
responsáveis pelas publicações possam avaliar,
com segurança, a parte técnica do conteúdo das
mesmas, se limitando a verificar o aspecto doutrinário. O
exame raciocinado dos novos fatos e teorias (como Kardec
recomendou no trecho acima) não está ocorrendo pois
é
impossível, nos dias de hoje, que um editor tenha
formação
em diversos campos do conhecimento.
Assim,
sugerimos que os periódicos espíritas que publiquem
artigos e matérias de teor científico, adotem o chamado
processo de análise por pares, explicado na aula
anterior. Isso permitiria que o exame raciocinado de todo
material científico pudesse ser realizado prevenindo o
Movimento Espírita contra possíveis excessos de
credulidade e de cepticismo (parafraseando Kardec) com
relação
aos conteúdos de ordem técnicos e científicos. O
Boletim do GEAE, de forma informal (e inédita no Movimento
Espírita), já vem realizando esse tipo de processo,
seja através da análise que os membros do Conselho
Editorial podem realizar, de acordo com a especialidade de cada um,
seja através de pedidos de análise junto a companheiros
espíritas com formação e experiência em
determinada área específica do conhecimento.
Estamos
vivendo um momento na História onde os conhecimentos
estão
muito desenvolvidos e crescem de forma muito rápida e
especializada. Somente os profissionais de uma determinada área
podem realizar um exame raciocinado, como mencionado e
recomendado por Kardec, de uma proposta ou idéia nova que
relacione o Espiritismo a tal área.
É
preciso lembrar que o trabalho de divulgação do
Espiritismo e do desenvolvimento de idéais e conceitos novos
está constantemente sendo avaliado pela sociedade e os olhos
da crítica são altamente especializados. É
preciso que o Movimento Espírita tenha mais certeza sobre tudo
aquilo que diz e publica. O próprio progresso no conhecimento
requer que cada pesquisador e estudioso espírita busque as
informações necessárias para assegurar a
validade dos resultados de suas pesquisas. O Movimento Espírita
não pode prescindir do exame raciocinado a que Kardec
se referia e o método de análise por pares
é
um importante auxiliar para que editores e editoras espíritas
realizem esse exame raciocinado e ofereçam aos leitores mais
certeza sobre o conteúdo divulgado.
Na próxima aula falaremos sobre o valor de um artigo
científico em comparação com livros do tipo
“texto” e de divulgação científica.
Referências
[1]
A. F. da Fonseca, Aliança entre Ciência e Religião:
Uma contribuição da Matemática 2003,
FidelidadESPÍRITA 13, pp. 26-29.
[2]
A. F. da Fonseca, Jogo do ultimato e o progresso da Humanidade 2004,
FidelidadESPÍRITA, submetido para
publicação.
[3] K. M.
Page, M. A. Nowak e K. Sigmund, Proceedings of the Royal Society of
London B Vol. 267, p. 2177 (2000).
[4]
A. Kardec, Introdução 1858, Revista Espírita,
Jornal de Estudos Psicológicos 1, pp. 1-6.
Retorno ao Índice
Um Novo Ano, Ary B.
Marques, Brasil
Chegamos ao fim de 2004. Um ano
difícil, mas com saldo positivo.
Um ano marcado por acontecimentos muito tristes em todo o mundo, com
muita violência, guerras, desemprego, corrupção e
fome.
Todos os acontecimentos negativos do
ano, sob o
ponto de vista espiritual, foram positivos no sentido de que permitem
ao homem, no seu processo evolutivo, crescer, aprender, resgatar
débitos do pretérito e avançar um pouco mais. As
quedas trazem em seu bojo um sem número de lições
valiosas, de experiências, de conhecimentos e de progresso
espiritual.
Ao fazer uma análise do ano
que passou e de
como devemos encarar o novo ano, lembrei-me de uma história
contada por Wallace Leal Rodrigues em seu excelente livro “E para o
resto da vida” denominada “A Tábua”.
Conta a história de um garoto
que vivia
fazendo traquinagens, causando problemas a todos da casa com um
comportamento cheio de pequenas maldades e de atos menos dignos. Seu
pai, um dia, chamou-o para conversar. O garoto, tremendo de medo por
saber que tinha culpa no cartório, esperava que o pai lhe
repreendesse violentamente.
Ao contrário do que o menino
esperava, seu
pai falou-lhe com calma e com muito carinho. Disse-lhe que observava
sua conduta errada, e que iria lhe propor uma fórmula que
esperava lhe ajudar em sua vida. Mostrou-lhe uma tábua muito
bonita, envernizada, e lhe propôs que cada vez que ele fizesse
algo errado, ele, o pai, iria pregar na tábua em questão
um prego.
A partir daí, seu pai vivia
com o martelo na
mão, colocando um prego atrás do outro na tábua. O
garoto, cada vez que via seu pai martelando a tábua, sentia uma
dor no coração. Ele sentia pela tábua, tão
bonita, que ia ficando toda marcada e sentia mais ainda por saber que
suas atitudes é que estavam causando aquilo.
Não agüentando mais
aquela
situação, veio falar com seu pai. Este, então,
resolveu lhe propor o seguinte. Cada vez que ele fizesse uma boa
ação seu pai arrancaria um prego da tábua.
Com alegria, o garoto viu sumir, um a
um, os pregos
daquela tábua. Um dia percebeu que já não havia um
só prego na tábua. Mas as marcas dos pregos estavam
lá. A tábua perdera a beleza do passado, e agora era uma
tábua feia e marcada.
Foi conversar com seu pai. Relatou o
que sentia. Seu
pai então lhe disse que o que acontecia com a tábua
é o mesmo que acontece conosco. Todo o mal que praticamos, mesmo
depois de reparado, deixa marcas profundas em nosso perispírito,
para todo o sempre.
A história de Wallace Leal
Rodrigues termina
aqui. Vamos acrescentar mais um capítulo nessa história.
Deus, em sua misericórdia
divina, nos
dá tantas oportunidades quantas forem necessárias para a
nossa evolução. Pela reencarnação, permite
que voltemos ao cenário de nossas vidas anteriores e comecemos
tudo de novo, outra vez, partindo do zero. Recebemos corpos novos, uma
vida nova, oportunidades de corrigirmos nossos erros e nossas faltas,
de limparmos nossa tábua completamente.
Em nossa vida atual, podemos fazer o
mesmo. Cada ano
que se encerra nos dá a oportunidade de analisar o que fizemos
de bom e de mau. Podemos aprender com os erros que cometemos. E
recomeçar.
Cada ano novo representa o
reinício. Podemos
zerar todos os nossos receios, os nossos medos, os nossos
desapontamentos, os nossos deslizes.
Um novo ano surge. Cheio de
esperanças. Cheio
de oportunidades de mudança. Podemos mudar para melhor, em todos
os sentidos.
Iniciemos por agradecer a Deus.
Agradecer pelas
oportunidades que tivemos no ano que passou. Agradecer pelas nossas
falhas, que permitiram um aprendizado e nos ajudarão a fazer
tudo diferente agora.
E agradecer pelo Senhor da Vida nos
dar a
oportunidade do recomeço. Que possamos fazer de 2005 um ano
muito melhor. Que apliquemos em nossa vida, em nossa
relação com nossos irmãos, toda a
experiência obtida no ano que passou.
Vamos acreditar. Acreditar que somos
filhos diletos
do Creador. E como filhos desse Pai amantíssimo, por certo temos
em nós uma centelha divina. Tudo podemos, basta que queiramos.
2005 será bom, claro, desde
que o
façamos bom. E para isso lembremo-nos da lição de
Pedro quando diz que o amor cobre a multidão de pecados. Essa
frase, muitas vezes atribuídas a Jesus pelos oradores, mostra
que podemos apagar todas as marcas negativas de atos menos dignos que
cometemos no passado, pelo amor com que pautarmos nossa vida. O amor
nos fará mais fraternos, mais suaves, mais amigos, mais
caridosos.
Apliquemos o amor em nossas vidas em
2005. Ele
será a mola propulsora de nossa vida, de nosso progresso, do
progresso de nosso planeta e de uma vida menos sofrida por parte de
nossos irmãos menos favorecidos.
Amando e servindo, conseguiremos
chegar ao final de
um novo ano podendo gritar alto e bom som a toda a gente: “Feliz Ano
Novo”.
Retorno ao Índice
Preparativos para o IV Encontro dos
Historiadores e Pesquisadores Espíritas
Aos amigos da Liga,
Marcamos para o dia 29 de janeiro próximo, às 15hs. a
primeira reunião para a organização do IV Encontro
dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas que será
realizado na cidade de Santos, São Paulo, em data a ser definida
nessa reunião.
A reunião é aberta a
quem quiser participar, e
encarecemos o convite ao pessoal da cidade de São Paulo e
cidades vizinhas para que venham se confraternizar e nos ajudar na
organização.
O organizador do Evento será
nosso companheiro Marcílio e
sua esposa Elaine.
Quem puder me confirmar
presença em PVT, agradeço.
Quem não puder vir, mas
desejar dar sugestões de temas,
horários. dias, palestrantes,alimentação, e tudo
que envolva a organização do evento pode se
manifestar que levaremos à reunião.
A cada ano o Encontro tem se
tornado mais proveitoso e Santos
sempre foi uma cidade muito hospitaleira para com os espíritas.
Colaborem. Participem.
Local: Rua Conselheiro Carrão,191 - Bela Vista
Dia: 20 de janeiro de 2005 -
Sábado
Horário: 15 horas
Eduardo Carvalho Monteiro
Retorno
ao Índice
Questões
Intrincadas sobre o Espiritismo X
(Continuação
do Artigo iniciado no Boletim 478)
17) No Evangelho Segundo
o Espiritismo, Kardec cita Jo 14,1-3, em que Jesus fala aos seus
discípulos: “Não se perturbe o vosso
coração. Crede em Deus, crede também em mim.
Há muitas moradas na casa de meu Pai”. Na seqüência,
Kardec comenta: “A casa do Pai é o Universo. As diferentes
moradas são os mundos que circulam no espaço infinito
(...)”(Cap 3, p.71, §2). Aqui, apesar da
interpretação ser lógica, ela parece não
ser fiel ao contexto. Pois, pelo início da conversa: “Não
se perturbe o vosso coração!”, vemos que Jesus
está se propondo a usar palavras de consolo e encorajamento.
Portanto, quando diz: “Há muitas moradas na casa de meu Pai”,
ele quer dizer simplesmente que “há espaço para todos
estarem ao lado de Deus”. É difícil imaginar que Jesus
iria discursar sobre a diversidade dos planetas no universo, numa
conversa que visava consolar (e não prestar esclarecimentos
filosóficos). Aliás, saber que há diversos
planetas não traz consolo algum, uma vez que a maioria deles
são mundos primitivos ou mundos de prova e
expiação, nos quais reina o sofrimento e cujos habitantes
são distantes (simbolicamente) de Deus.
Enquanto países gastam fortunas incalculáveis para tentar
estabelecer contato com habitantes do outro mundo, ainda existem
pessoas que acham que apenas no mísero planeta terra há
vida. Segundo dizem os especialistas, há 100 bilhões de
galáxias, cada uma com 100 bilhões de planetas numa
imensidão que está fora do alcance da compreensão
humana. Admitir que Deus tenha criado tudo isso sem vida é fazer
pouco da divindade e achar que possa existir no Cosmo algo
inútil. Aí o apego à Bíblia é
flagrante por parte de muitos que não aceitam a possibilidade
de vida em outros mundos.
Em sua pergunta
vemos,
ademais, que o amigo se engana novamente. Kardec
ou os Espíritos não disseram que a maioria dos mundos
é de provas e expiação. Eles disseram que,
além desses tipos de mundos, existem os de
regeneração e os mundos evoluídos. Disseram,
também, que alcançaremos esses mundos se nos
esforçarmos por praticar os ensinamentos de Jesus. Quer
idéia mais consoladora e encorajadora do que ter a certeza de
que os nossos comezinhos problemas cotidianos são menos que nada
comparável à grandeza de oportunidades que nos aguarda
futuramente? Quer idéia mais educativa do que a que diz que
não somos o centro do Universo e por isso devemos nos
esforçar por combater o nosso orgulho e egoísmo?
Há sim, muitas moradas na casa do Pai e a moeda de acesso a elas
depende dos "tesouros espirituais" que amealharmos com a prática
do bem ao próximo.
18)
Em Jo 9,1-3, lê-se: “Ao passar, Jesus viu um homem cego de
nascença. Os seus discípulos lhe fizeram a pergunta
seguinte: ‘Rabi, quem pecou para que ele nascesse cego, ele ou seus
pais?’ Jesus respondeu: ‘Nem ele nem seus pais. Mas é para que
as obras de Deus se manifestem nele’”. Este trecho não é
comentado na obra de Kardec. Por quê? Segundo a doutrina
espírita a origem dos males da vida presente estão em
pecados pretéritos. Como, então, explicar este trecho?
Nem sempre que nos
parece uma expiação o é. O cego
de nascença pode ter necessitado passar por aquela prova para
aprender alguma coisa que necessitava aprender. Se ele estava em prova,
então sua cegueira não era devida a pecado nem dele nem
de seus pais. Suponhamos que uma pessoa seja boa, não
faça mal a ninguém intencionalmente mas esteja habituada
a tudo fazer sozinha sem ouvir os conselhos alheios nem lhes aceitar o
auxílio, incorrendo, por isso, em equívocos que lhe
atrapalham a marcha. Uma pessoa assim pode vir em uma vida cega ou com
outra deficiência física para aprender a receber
auxílio, para aprender que somos todos responsáveis uns
pelos outros e devemos caminhar de mãos dadas rumo ao Pai e
não cada um por si. A cegueira ou uma deficiência
física que obrigue o indivíduo a aceitar a solidariedade
alheia pode muito bem ser uma prova por que necessita passar e
não uma expiação.
Podemos ainda
ressaltar
que existe reencarnação por
missão. Nesse caso não há nenhuma prova nem
expiação por que o Espírito tenha por que passar,
pois já saiu do ciclo das reencarnações, vivendo
na condição de puro Espírito. Apenas por amor vem
na condição de encarnado para cumprir uma determinada
missão. Podemos, muito bem incluir esse cego nessa qualidade,
pois a sua missão foi, além de vir para ser curado para
realçar a missão de Jesus, a de afrontar os fariseus de
forma a forçá-los a refletir, conforme poderá ser
visto em Jo 9, 1-34.
Há ainda que
considerar o efeito colateral benéfico da
deficiência física. Quando nós, saudáveis,
vemos uma pessoa deficiente lutar para realizar trabalhos comuns ou
mesmo difíceis, sentimos uma ponta de vergonha por nossas comuns
reclamações (tá frio, tá calor, tá
doendo, etc.). Quer papel mais nobre do que esse de nos dar o exemplo
de que as deficiências não impedem a gente de fazer o bem
e trabalhar dignamente? Quando um Espírito evoluído
reencarna em missão, muitas vezes ele aceita vir com
deficiências físicas junto a uma família
saudável precisamente para trazer aos membros dessa
família o estímulo de que necessitam para vencer as
dificuldades com coragem e alegria ao invés de imprecarem contra
destino cruel que os possa estar atormentando.
19)
“Larga é a porta e
espaçoso o caminho que leva
à perdição, e muitos, os que entram por ele;
quão estreita é a porta e apertado o caminho que leva
à vida, e poucos são os que o encontram”. (Mt 7,13-14).
É complicado entender afirmações tão
contundentes de Jesus se compararmos seus ensinamentos com a Lei da
Evolução, da doutrina espírita. Afinal, se, pela
Lei, todos vão evoluir, hoje o espírito pode optar pela
porta larga, mas um dia ele vai passar pela estreita. Assim, não
só muitos, como todos acabam encontrando o caminho que leva
à vida.Será que Jesus era tão contundente apenas
para assustar
as pessoas e lavá-las a temer os castigos de Deus? Mas afinal
Jesus não veio trazer a idéia do Deus-amor? Jesus falava
dessa forma porque o povo da época precisava ouvir dessa forma?
Porém, hoje o espiritismo revela que não existem penas
eternas, bem numa época em que as pessoas são muito
materialistas e desligadas da religião. Nosso povo atual
não precisaria de conselhos tão ou mais graves e
contundentes, em função disso?
Caro amigo, as pessoas conhecem as penas eternas há muito tempo.
O que estas conseguiram fazer de fato? Somente afastaram as pessoas da
religião pois são idéias que repugnam a
razão. O Espiritismo coloca os pingos nos i's e mostra que
somos, sim, responsáveis por nossa evolução.
Sofreremos pelos erros cometidos ou para despertar em nós
sentimentos mais depurados. O Espiritismo, pelo crescente número
de
adeptos que tem feito, demonstra que satisfaz a razão sem
afrouxar o rigor que a Lei de Causa e Efeito apresenta.
Jesus, ao dizer que "Larga é a porta
e espaçoso o caminho
que leva à perdição, e muitos, os que entram por
ele; quão estreita é a porta e apertado o caminho que
leva à vida, e poucos são os que o encontram"
apenas reflete que a situação moral da humanidade
não se alterou muito em 2000 anos. Jesus não está
dizendo que as pessoas vão para o inferno eterno, mas sim que
colherão os frutos amargos das amarguras que semearam em suas
vidas. Jesus diz que ainda é difícil para nossa
humanidade abrir mão do egoísmo e do orgulho em prol do
que realmente faz a felicidade maior. Não é
difícil entender essa afirmativa de Jesus, que você achou
contundente, em termos da Lei de Evolução do Espiritismo.
A criatura que hoje escolhe passar pela porta larga colherá
frutos de sofrimento que a conduzirão para a porta estreita. Com
o Espiritismo, o sofrimento não é castigo mas sim
processo educativo a despertar no íntimo de nós as fibras
de amor adormecidas ou afogadas pelos vícios das
sensações. O sofrimento levará os Espíritos
a optarem pela porta estreita que é a porta da luta contra as
nossas fraquezas morais.
Essa interpretação e entendimento do Evangelho não
estão mais de acordo com a razão e com a idéia do
Deus-Amor?
*
Nosso povo atual é tão materialista justamente porque os
ensinamentos das crenças cristãs tradicionais não
fazem sentido para ele. Naquela época a justiça humana
só existia em favor dos poderosos e era muito frágil ou
inexistente para o povo. Ver Deus como um juiz severo podia ser
educativo. Hoje, com a justiça implantada como
instituição em todo o mundo, não há
espaço para um Deus menos justo e menos tolerante que os juizes
humanos.
Já pensou se os sistemas legal e penal fossem tais que houvesse
muito menos chance de ficarmos soltos do que sermos presos? Imagine se
o Brasil tivesse 100 milhões de habitantes, dos quais 98
milhões estivessem na cadeia e 2 milhões ficassem soltos
para sustentá-los com seus impostos. Se tal sandice é
impensável, por mais falha que seja nossa justiça, como
podemos crer que a justiça divina nos dê uma porta
estreita para poucos serem salvos e uma larga para a maioria se perder?
Que Deus é esse?
*
Você estranha que o Espiritismo
ensine que “todos encontrem o
caminho que leva à vida”. Mas é exatamente isso que
ocorre segundo a nossa Doutrina e conforme a razão e o bom-senso
nos indicam. Voltamos a chamar sua atenção para as
instituições humanas, com sua imperfeição,
para termos uma pálida idéia das leis divinas.
Perguntamos a você, caro irmão: você ignora que as
escolas permitem que o aluno repita o ano caso de seu aproveitamento
seja inferior a certo mínimo aceitável? Ignora que, mesmo
se reprovado na repetência, a escola não o impede de
matricular-se em outra para repetir uma terceira vez? Ignora que
qualquer criança, mesmo que tenha para isso que mudar
freqüentemente de escola, pode repetir a mesma série tantas
vezes quanto necessário até lograr passar para a
seguinte? Ignora que até adultos, idosos inclusive, podem voltar
aos bancos da escola para aprender a ler?
Ora, se as instituições humanas, tão imperfeitas
que são, toleram os erros e as deficiências dos alunos e
dão a eles incontáveis oportunidades de repetir a mesma
série até serem aprovados, como podemos aceitar o absurdo
dos que dizem que Deus dá somente uma chance a cada ser humano
para acertar e ir para o céu ou errar e ir para o inferno?
Não, Deus
também nos dá intermináveis
chances e nos descortina a eternidade para que aprendamos a
lição!
Analisemos algumas passagens bíblicas:
Sl 22, 28. Todos
os confins da terra se lembrarão, e
voltarão para Javé...
1 Tm 2, 3-4: Isso é bom e agradável diante de Deus nosso
Salvador. Ele quer
que todos os homens sejam salvos e cheguem ao
conhecimento da verdade.
Conclusão
O mais importante de toda esta discussão é o fato de que
o Espiritismo não afirma que "só os espíritas
podem ser salvos". Inclusive, existe uma preocupação no
movimento espírita de que espíritas estão
desencarnando em situação um pouco desequilibrada. Isto
ocorre, caro amigo, porque não adianta conhecer ao pé da
letra cada mensagem, cada ensinamento. É preciso
vivenciá-los. Um ateu que pratique a Lei de Amor mais do que um
espírita ou um católico ou outro religioso, vai colher
frutos muito mais felizes do que esse espírita ou
católico ou quem quer que seja que somente tenha estudado e
deixado de praticar o que estudou.
Se você se dedicar exclusivamente à caridade, em primeiro
lugar e, em segundo, ao estudo sincero e honesto, dedicando sua energia
a praticar o bem e a propagar com paciência e humildade os
ensinamentos de Jesus, estamos certos de que logrará melhor
resultado do que qualquer irmão que se diga espírita mas
que somente estude os ensinamentos do Mestre contidos na Doutrina, sem
contudo praticá-los no dia a dia.
Caso o irmão esteja satisfeito com nossas respostas, deseje
continuar a estudar nossa Doutrina e tenha ou venha a ter alguma
dúvida adicional, escreva-nos, pois teremos grande
satisfação em ajudá-lo.
Caso, no entanto, nossas respostas às questões acima
não tenham sido satisfatórias ao seu entendimento por
deficiência certamente nossa, sugerimos que você visite o
site do
Grupo de
Apologética Espírita
(
http://apologetico.cjb.net/),
onde poderá ler
inúmeros questionamentos semelhantes ao seu e as respostas que
obtiveram. Nossos irmãos espíritas daquele Grupo
também respondem a todas a mensagens que a eles são
dirigidas e, desse modo, você nunca ficará sem reposta.
*
Assim como recomendou Kardec, o Espiritismo não tem
intenção de converter, cativar ou arregimentar pessoas
para o seu lado. O Espiritismo, como explicado de forma geral em nossas
respostas, não afirma que “fora do Espiritismo não
há salvação”. Ele diz com clareza, isso sim, que
“fora da caridade não há salvação”.
Não importa, desse modo, se nosso irmão segue essa ou
aquela religião ou doutrina, nem se tem esse ou aquele
entendimento diverso do nosso. O mais importante são “as obras”
no bem que o irmão pratica, segundo as quais, como nos ensinou
Jesus, “a cada um será dado..”
Siga com fé o seu caminho, pratique a caridade cristã e
que a paz de nosso Mestre e Irmão Maior, Jesus, esteja sempre
entre nós,
A Equipe do GEAE
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Sobre Regressão de
Memória
(Transcrevemos abaixo, omitindo os
dados pessoais, uma questão que foi encaminhada para o GEAE)
Prezados colegas do GEAE,
Sempre fui
muito questionador de minha existência aqui neste plano. Quando
estava estudando na (...) conheci (...) o qual me emprestou um livro
que
vinha com um cd para fazer terapia de regressão. Sempre tive
curiosidade de saber à respeito de minhas existências,
apesar de ter tido conselho de que não é ideal fazer este
tipo de regressão sem um profissional e uma
preparação, mas como sou muito teimoso fiz esta terapia
de regressão sozinho e obtive sim, visões que me
surpreenderam.
Uma delas foi a visão de que eu tinha tomado uma
flexada e a imagem que tive foi de um campo de batalha e eu estava com
armaduras e ao meu lado tinha uma pessoa de preto, uma mulher me
ajudando. Achei muito interessante esta imagem, pois desde pequeno eu
sempre tive problemas relacionado ao fígado e esta imagem que eu
obtive era uma flexada exatamente na altura do estômago e do
fígado. Seria uma marca em meu perispírito? A outra
imagem que eu tive foi na época do Brasil colônia, pelo
menos eu deduzi, pois estava com uma roupa de época e uma piruca
branca e uma roupa rosa.
Com estas imagens eu fiquei
pensando em várias pessoas e me questionando sobre quem seria eu
e quem eu sou? Mas depois deste "transe hipnótico" eu fiquei
meio em estado de transe, meio que fora da realidade, vivendo um mundo
de imaginação. Gostaria de opinião de alguns
colegas que já passaram por esta experiência e que me
ajudassem a entender este processo de auto conhecimento.
Um forte abraço.
Caro Amigo,
A mente humana é bastante
complexa,
não somente temos os conteúdos dos quais estamos
concientes no dia-a-dia mas também temos em nós tudo o
que a psicologia classifica nos dominios do inconsciente. Este
inconsciente se estende das lembranças e emoções
desta existência corrente - que por qualquer motivo não
estão mais diretamente acessiveis na experência cotidiana
- até o contato com as memórias do espírito
imortal que todos somos.
Pois bem, as experiências de regressão
trazem para a mente consciente trechos de informações
arquivadas nestas camadas mais profundas do nosso ser espiritual. E o
mesmo pode ocorrer espontaneamente no estado de sono fisico,
manifestando-se estas informações na forma de sonhos.
Foram principalmete estes tipos de sonho que foram estudados por Freud
na sua obra "Interpretação dos Sonhos". Outro trabalho
muito interessante neste campo do estudo dos sonhos provocados pelos
conteúdos do insconciente é o livro de Erich Fromm
intitulado "A Linguagem Esquecida".
O titulo da obra de Fromm destaca um aspecto
importante destas manifestações do insconciente, é
o seu aspecto simbólico. Isto significa que a mente representa
este conteúdo por analogias e por imagens. Possivelmente os
mecanismos que atuam na mente associam emoções, imagens e
significados de forma mais livre que quando estamos no estado de
vigilia dominado por pessamentos racionais. Carl Gustav Jung por sua
vez, na Psicologia Analítica, trouxe o conceito dos
arquétipos (vide "Psicologia do Inconsciente"), como uma forma
de descrever estes processos mentais. Ele notou inclusive que algumas
representações simbólicas são
compartilhadas pela humanidade através da história e
assim formariam uma espécie de insconciente coletivo.
Como a regressão toca estas camadas profundas
- em um estado alterado de consciência, o que você chamou
de "transe hipnótico" - surge a questão de diferenciar os
conteúdos recentes do inconsciente representados sobre a forma
simbólica das lembranças efetivas de existências
passadas. Se compararmos com os sonhos - vide livros citados acima -
veremos que não seria nada espantoso que sua mente associasse
sensações inconscientes de indisposição
fisica no figado com uma cena de batalha em que esta região
fosse ferida e que representasse idéias de ajuda sobre a forma
de uma mulher lhe socorrendo.
E é por isso que existe a necessidade de
cautela com os resultados da regressão e, mais ainda, existem
inconvenientes em realizá-la por pura curiosidade ou sem a
assistência de um psicólogo com conhecimentos na
área. Dependendo do quanto a pessoa é influenciavel as
imagens assim trazidas a mente consciente - e interpretadas de forma
erronea - podem levar a situações no minimo
constrangedoras.
Minha sugestão é que - até
prova em contrário - dê a mesma importância a estas
"lembranças" que daria a um sonho similar e, caso queira
aprofundar realmente estas investigações, só
faça a regressão com o acompanhamento adequado.
Muita Paz,
Carlos Iglesia
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Cultura e Memória
Espírita - Reconstrução, Luiz Carlos D. Formiga,
Brasil
Estimados confrades,
Recentemente escrevemos artigo com base em nossa vivência nas
universidades (UFRJ,UERJ e USP). O Texto foi publicado no Grupo de
Estudos Avançados Espíritas - http://www.geae.inf.br -
Boletim GEAE - Ano 12 - Número 478 - 2004 15 de julho de 2004 -
Titulo - "UNIVERSIDADE DA ALMA. CIDADE UNIVERSITÁRIA DO
ESPÍRITO".
Posteriormente foi encontrado em outras páginas como na do
endereço:
Acontece que citamos a tese (1922) de Brasilio Marcondes Machado. Esse
destemido médico tem sua história ligada a Sede da
Chácara Itaim como verifiquei no texto e endereço abaixo.
_______________
A sede da
Chácara Itaim
A sede da Chácara Itaim, cuja entrada era na altura da rua
Clodomiro Amazonas, ia além da rua Iguatemi, chegando
até as ruas Aspásia e Sertãozinho. Foi adquirida
em 1927 pelo Dr. Brasílio Marcondes Machado, que instalou ali o
Sanatório Bela Vista. Em 1944 o Sanatório Bela Vista foi
vendido para o Instituto Achê, que era dirigido pelos doutores
Solano Pereira e Mário Yahn. Em 1977 a propriedade mudou
novamente de dono, passando a ser do advogado Flávio Solano
Pereira. Em 1982 a Casa Grande foi tombada, mas nunca foi restaurada.
Pouco resta atualmente da sede da Chácara Itaim. No local
há um estacionamento, e o terreno é alvo da
especulação imobiliária:
http://www.itaim.com.br/historiadobairro.htm
_______________
Sobre a tese tecemos considerações no item 2 abaixo, do
artigo acima referido.
2. Vinte e
Nove de Agosto.
Não é por acaso que, tenho em mãos a tese do
doutorando Brasilio Marcondes Machado (27), apresentada no dia 29 de
agosto e defendida no dia 26 de dezembro. Brasilio é semelhante
ao cego de nascença, que curado por Jesus deu o seu testemunho,
diante dos fariseus (16). Na tese, diversos pontos me chamaram a
atenção. Um deles, de valor "estimativo", foi o dia de
sua apresentação. Na pós-graduação,
também defendemos tese de mestrado no mesmo dia, embora 52 anos
depois. O vinte e nove de agosto se repete em 1979, quando defendemos
na UFRJ a tese de doutoramento. Os temas e os resultados são
diferentes.
Brasilio traz uma "Contribuição ao estudo da Psychiatria
(Espiritismo e Metapsychismo)", em 1922. Outro ponto que nos chamou a
atenção é a nota, na
folha de rosto: "A Faculdade não approva nem reprova as
opiniões exaradas nas theses pelos seus autores". Art. 95 do
Regimento Interno da Faculdade de Medicina do Rio de janeiro". Um
terceiro ponto, encontrado antes das dedicatórias é
"Uma Explicação", oferecida pelo doutorando.
"- Ao apresentar minha these para defesa perante a Faculdade,
não cometti a ingenuidade de esperar fosse approvada, não
obstante dispor o art. 95 do Regimento Interno vigente que a Faculdade
não approva nem reprova as opiniões exaradas nellas pelos
seus autores".
"Temia fosse rejeitada sob a allegação do que
dispõe o art. 94: - os alumnos que concluírem o curso
médico poderão defender these sobre assumpto à sua
escolha dentre as matérias ensinadas no referido curso".
"Aconteceu, porém que essa allegação não
poderia ser feita porque já havia sido defendida e approvada uma
these contra o espiritismo".
"Assim, fui chamado à defesa do meu trabalho a 26 de dezembro,
as 13:30 horas".
"Reprovado".
"Deste resultado julguem os que me lerem, pois não quero ser
juiz em causa própria".
"Graças a Deus as fogueiras estão extinctas e os
Torquemadas fora de moda"
"Le monde marche..."
"Vou esperar o um dia depois do outro para voltar à defesa desta
mesma causa que, então, será a de todos nós, na
sciencia ou fora dela".
Vinte e nove de agosto - um dia especial que nos marcou! Não
conhecemos o Dr. Machado, mas parece não haver
dúvida de sua condição de médico e
espírita verdadeiro (22).
______________
Ficamos tristes ao ler "A Casa Bandeirista" no endereço abaixo.
A Casa Bandeirista do Itahim
No final da Rua Joaquim Floriano há um espaço onde, certo
dia, existiu uma linda casa, com árvores frondosas, palmeiras,
jardins e grandes portões... Uma casa com muitas
histórias... Uma casa que tentou resistir ao tempo ... tentou
resistir aos homens... conhecida como a Casa Bandeirista, mas que no
meu tempo, era o Sanatório Bela Vista. Hoje só vejo
ruínas "preservadas". Lembro-me com detalhes quando, bem pequena
e muito curiosa, fui
até lá acompanhar uma amiga. As vezes, essas descobertas
e observações infantis me colocavam frente a
situações inesperadas...
Aquela propriedade havia sido sede da Chácara Itahim, na verdade
uma grande fazenda. E em 1927 a casa foi comprada pelo Dr. Brasilio
Marcondes Machado Para nós Doutor Marcondes, o único
médico da região. Foi ele que abriu o Sanatório
Bela Vista atendendo pessoas com problemas psíquicos.
Recordando essas lembranças, cada vez mais percebo a
importância da preservação desse sítio
histórico de nosso bairro. Nós, moradores do Itaim-Bibi,
merecemos um espaço
cultural de alto nível, junto a reconstrução da
Casa Bandeirista.
_____________
Finalizo perguntando o que poderíamos fazer pela
reconstrução deste espaço que também
pertence à "memória espírita".
Atenciosamente,
Luiz Carlos D. Formiga
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Guia de Espiritismo,
Cristian Fernandes, Brasil
Caro Internauta,
Venho até você
para convidá-lo a conhecer o meu
Guia de Espiritismo, que
elaborei após pesquisar pela Internet
vários sites de nosso interesse:
Pensei em criar um Guia
sobre Espiritismo com o
objetivo de ajudar nas
buscas feitas por todos nós, que sempre queremos saber mais
sobre a
doutrina espírita, mas ficamos dispersos em infinitas
opções de sites,
nem sempre confiáveis.
Agradeço toda e
qualquer ajuda que vocês possam me dar,
pois nosso Guia estará em constante atualização.
Cristian Fernandes
Editor do Guia de Espiritismo
Projeto SobreSites - O Diferencial Humano - [http://www.sobresites.com]
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GRUPO DE ESTUDOS
AVANÇADOS ESPÍRITAS
O Boletim GEAE é distribuido
por e-mail
aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
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