Boletim GEAE

Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec

Ano 13 - Número 487 - 2005            25 de Janeiro de 2005


Editorial

Evolução e as Mudanças na Terra (Parte I)

Artigos

Curso de Ciência e Espiritismo, 5.a Aula, Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil
Um Novo Ano, Ary B. Marques, Brasil

História & Pesquisa

Preparativos para o IV Encontro dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas


Questões e Comentários

Questões Intrincadas sobre o Espiritismo X
Sobre Regressão de Memória

Painel

Cultura e Memória Espírita - Reconstrução, Luiz Carlos D. Formiga, Brasil
Guia de Espiritismo, Cristian Fernandes, Brasil


Editorial


Evolução e as Mudanças na Terra (Parte I)

Encerrou-se mais um ano do nosso calendário, 2004.

A evolução inserida na Lei do Progresso promove mudanças na Terra. As alterações ocorrem constantemente e, neste terceiro milênio, podemos perceber que caminha a passos mais largos.

Barreiras ideológicas vêm sendo rompidas em todas as áreas e a cada uma que se desgasta, o Homem torna-se mais livre e amplia seu espaço em liberdade de pensamento.

É a nova era de melhoria nas condições de convivência social! Em fase transitória, os Homens encontram-se em meio a grandes conflitos pessoais. Mas gradativamente eles vão promovendo as alterações imprescindíveis e significantes para a consolidação do processo evolutivo da Terra.

Mudanças exigem maiores inovações. Num processo de inovação, a reação contrária gera conflito. Inovar significa ampliar as possibilidades conforme o grau de exigência das mudanças. A inovação surge com algo diferente que agrada e se torna mais receptivo. A evolução sempre gera processos inovadores, pois a cada nível evolutivo, o homem vive em busca de soluções mais desafiadoras para satisfazer o seu desejo pessoal de vida.

Quando há recriminação por qualquer ato incomum, há também por outro lado reações de apoio. No balanço geral, vence o progresso. Mas tudo caminha a seu modo. Em algumas áreas, muito se modifica rapidamente, em outras, as mudanças são mais vagarosas. Por exemplo, podemos observar uma criança que deseja e resolve fazer determinadas atividades diferentemente daquelas que eram comuns há tão pouco tempo, como o uso de computador com acesso à internet, de celular para falar com os amigos, discussão sobre temas diversos com adultos, hábitos rebeldes, etc. Não demora muito, o adulto resmunga: - no meu tempo não era assim não! Comigo as coisas eram bem diferentes. Não se podia fazer nada e tudo era muito melhor. Mas o que acaba acontecendo? Suponhamos que um pai deseja que seu filho seja como ele o foi na infância - a chamada educação rígida e limitada -, como hora marcada para comer, sair, etc. O filho vai à escola, entra em contato com a sociedade em geral, mantém um relacionamento normal e volta para casa e diz: - Mas pai, todos os meus amigos fazem isso! Só eu que não posso? Por quê? Nessas condições, quem acaba cedendo? Pode até demorar, porém iremos perceber que não é mais possível fazer as mesmas coisas com o passar do tempo e cada vez mais em menor espaço de tempo. O bom senso deve prevalecer sempre. Procurar o melhor caminho em busca das soluções para os conflitos existentes é fundamental.

Outra observação: um jornalista promove severas críticas a tudo na ânsia de ver as coisas funcionarem melhor e rapidamente. A reação será o conflito em alguns e também a concordância em outros. Onde está a razão? Isso não é importante e sim o fato de levantar o assunto ao debate em busca de soluções mais justas possíveis. Outros vivem do passado e escrevem indignados com as alterações rápidas do presente. E nós continuamos seguindo em frente. O tempo não pára nunca.  O importante é a seriedade, o respeito e a responsabilidade. Aquilo que é fruto de vaidade, orgulho e ganância será esquecido, pois se a evolução é um processo harmonioso, visando manter o equilíbrio do universo, vence o bem comum.

Mudanças promovem desafios fantásticos, encantadores, liberando o potencial da inteligência humana para níveis bem mais elevados.

Mas tudo passa muito rápido e se ficarmos parados o mundo passará ao nosso redor. O tempo promove alto impacto na matéria com alterações visíveis e sensíveis. Então se diz: - Mas já estou com essa idade? Parece que foi ontem que isso aconteceu. Não sinto ter essa idade. O tempo promove o desgaste físico e felizmente também promove a evolução espiritual, ou o aperfeiçoamento do Espírito. E aí percebemos que cada qual encontra-se nessa jornada com seu livre arbítrio, caminhando numa velocidade conforme o seu desejo. Assim, o tempo de existência do espírito encarnado não define seu grau de evolução. Uma criança de 10 anos de idade pode ser muito mais evoluída que um adulto de 80 anos com toda a sua experiência adquirida ao longo de sua vivência na Terra. A evolução espiritual é fruto de aperfeiçoamentos anteriores a esta reencarnação que certamente será complementada por suas ações realizadas agora. O tempo não existe para o Espírito!

Individualmente, a evolução é muito complexa, entretanto, é possível observar a evolução geral de uma comunidade e do planeta Terra como um todo.

Poderemos refletir sobre a evolução do espírito e sua relação com o meio com uma simples analogia, embora imperfeita dada a sua complexidade.  É como se estivéssemos andando numa grande esteira mecânica juntamente com várias pessoas uma ao lado da outra em que esta representasse a evolução contínua e constante. Num dado momento a esteira faz seu giro devagar e todos acompanham a caminhada. Numa outra esteira, todos estão caminhando numa velocidade maior. Em qualquer situação, se pararmos de andar, cairemos da esteira. Se for o nosso desejo (livre arbítrio) de fazer uma caminhada numa determinada esteira, teremos que acompanhar a velocidade dela, determinada pelos demais participantes nessa caminhada. É possível, portanto, aumentar a velocidade da caminhada, substituindo os indivíduos mais lentos por aqueles que apresentem maior capacidade de caminhar. Observa-se que é lógico que uma só substituição não afetará a velocidade da esteira. A Terra é a nossa grande esteira e todos os seus habitantes estão movendo-a conforme os desígnios da Grande Providência Divina.

Ao longo de toda a história da humanidade, a esteira da evolução caminhou num ritmo lento e aqueles que reencarnaram com a missão de promover o adiantamento moral e intelectual em seu tempo, foram os mais perseguidos e os maiores sofredores desse mesmo processo.

Neste terceiro milênio, Deus designou um nível mais elevado da evolução na Terra. A evolução espiritual do nosso planeta está sendo acelerada e, portanto, caberá a ela receber espíritos com evolução mais elevada, ou seja, aqueles que estão caminhando em uma velocidade um pouco maior. Os mais inferiores deverão se adaptar em outro planeta ou local de habitação semelhante à evolução mais atrasada da Terra.

Por que isso agora? A Providência sabe o que deve ser feito. A harmonia do universo depende da intervenção dos espíritos de luz imbuídos na Lei de Deus.
Refletindo com a visão na harmonia universal poderemos deslumbrar a necessidade de mudanças significativas no modo de viver com reflexos na estrutura física da Terra, com o desenvolvimento moral e científico, a fim de mantê-la como um ponto de equilíbrio na grande vida universal e preservá-la dentro dos propósitos divino.

Neste final de 2004, a humanidade recebeu com tristeza e dor a catástrofe provocada por ondas gigantes no Oceano Índico, os tsunamis, que atingiram grande região do sudeste da Ásia, promovendo o desencarne em massa de milhares de pessoas e outras tantas desabrigadas vulneráveis à fome, doenças e todo o tipo de sofrimento. Somente espíritos mais evoluídos e em número muito significativo poderão evitar a destruição do planeta em algum tempo, talvez não tão distante...

Raul Franzolin Neto
Editor GEAE

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Artigos

Curso de Ciência e Espiritismo, 5.a Aula, Alexandre Fontes da Fonseca, Brasil

Contribuições da Matemática. Periódicos espíritas.

1. CONTRIBUIÇÕES DA MATEMÁTICA

Na aula anterior, iniciamos a falar sobre alguns tópicos de pesquisa multidisciplinar entre a Ciência e o Espiritismo. Hoje, comentaremos sobre uma interessante pesquisa na área de Matemática.

MATEMÁTICA: Recentemente, dois artigos de nossa autoria foram publicados na revista FidelidadESPÍRITA [1,2] onde comentamos os resultados interessantes de alguns trabalhos na área de Matemática Aplicada. Trata-se de uma divulgação dos resultados de pesquisas com a chamada Teoria de Jogos. Essa teoria foi desenvolvida para, entre outras coisas, estudar o comportamento de grupos sociais com aplicações na área de Economia. Veremos uma relação entre os resultados das pesquisas acima e alguns conceitos morais.
        
Um tipo de “jogo” é conhecido como o jogo dos bens públicos. Nesse jogo, os participantes recebem uma determinada quantia inicial para investirem em uma atividade rentável comum. Segundo as regras, a soma de todo o valor investido é dobrada e depois repartida igualmente entre todos os participantes. O máximo lucro que o grupo, como um todo, pode obter ocorre se todos investirem tudo o que tem. O mínimo lucro ocorre quando ninguém investe nada. A decisão de investir algum valor é considerada como sendo uma atitude cooperativa dentro do jogo e a de não investir como não-cooperativa. Existe, neste jogo, uma tentação: não investir nada e receber os lucros do investimento dos outros jogadores. Apesar da soma total dos lucros do grupo ser menor nesse caso, o jogador que não investe mas recebe parte do lucro, às custas dos outros, termina a rodada do jogo com mais dinheiro do que se ele tivesse investido algum valor (faça as contas para ver!).

No entanto, uma atitude não-cooperativa motiva os outros jogadores a não-cooperarem e o grupo, após algumas rodadas, tende para o lucro mínimo. Os cientistas decidiram fazer uma análise computacional de estratégias diferentes para verificar qual delas leva a um maior lucro do grupo. A simulação numérica consiste em considerar um grupo elevado de indivíduos que, a cada rodada, decidem se cooperam ou não-cooperam de acordo com a estratégia adotada pela maioria dos vizinhos mais próximos. Alguns exemplos de estratégias são só-cooperar, só-não-cooperar, cooperar se os outros cooperarem, etc. O resultado obtido mostra que a atitude de somente cooperar favorece o progresso do grupo enquanto que não-cooperar leva ao prejuízo total. Esse resultado é bastante lógico mas não corresponde à realidade já que as pessoas são diferentes e adotam estratégias diferentes. Os cientistas, então, testaram a estratégia de cooperar se os outros cooperarem. Ela só funciona se ninguém não-cooperar. Basta que um indivíduo não-coopere para que todos passem a não-cooperar. Essa situação parece um pouco mais real por considerar a reação perante as estratégias dos outros, mas ainda não corresponde à realidade. Curiosamente, os cientistas testaram a seguinte estratégia: cooperar algumas vezes mesmo que o outro não-cooperar. O resultado obtido foi que o grupo evolui para uma situação em que os lucros são maximizados beneficiando a todos. Isso ocorre pois as pessoas desejam obter lucros e até aceitam algum equívoco por parte de um vizinho e só decidem parar de colaborar quando percebem que o grupo realmente não está ajudando. Mas o detalhe que é de interesse para nós é o fato de que se reagirmos cooperando mesmo diante de algumas não-cooperações, o grupo progride. Esse resultado verificado matematicamente ilustra o que o Evangelho ensina: retribuir o mal com o bem. Mesmo que isso pareça prejuízo para nós, num primeiro momento, a atitude de perdoar, esquecer e, se possível, ajudar aquele que nos “persegue e calunia” certamente resultará em progresso espiritual para nós e para ele.

Existe um outro tipo de jogo chamado jogo do ultimato, onde dois indivíduos são chamados para dividir uma quantia de R$100,00, por exemplo. Pelas regras do jogo um dos jogadores faz a proposta de divisão da quantia e o outro decide se aceita-a ou não. Se o outro jogador aceitar a proposta de divisão, ambos ficam com o dinheiro conforme proposto; se ele recusar a proposta, ambos saem com nada. Analisando esse jogo do ponto de vista puramente racional, o jogador que faz a proposta de divisão deve fazer a oferta de menor valor possível enquanto que o outro jogador deve aceitá-la pois receber qualquer valor, mesmo que baixo, é melhor do que não receber nada.

No entanto, pesquisas realizadas com pessoas no mundo inteiro (ver artigo da referência [3]) mostraram que a maioria daquelas que fazem a proposta, oferece valores próximos de 50% da quantia inicial, e a maioria das pessoas na posição dos que aceitam ou não uma proposta, rejeita ofertas menores que 30%. Esse resultado é considerado pelos cientistas, sem teor pejorativo, como irracional. Uma das explicações para isso considerada pelos cientistas é que as pessoas, durante a vida, interagem mais de uma vez umas com as outras fazendo com que aqueles que rejeitam ofertas menos justas adquiram uma reputação que favorece o recebimento de ofertas mais justas no futuro.

O que é digno de nota, é que esse resultado demonstra cientificamente que a Humanidade já progrediu no ponto de vista moral. A vida em sociedade levou a Humanidade a buscar formas mais justas de interação entre os seus membros. Isso demonstra a afirmativa dos espíritos nas questões 766 e 767 do Livro dos Espíritos, de que os homens foram feitos para a vida em sociedade e que todos devem concorrer para o progresso.
Nas próximas aulas comentaremos sobre as contribuições e dificuldades no relacionamento entre a Física e o Espiritismo.

2. PERIÓDICOS ESPÍRITAS

O movimento espírita dispõe de muitos periódicos espíritas. Jornais e revistas, impressos em papel ou hospedados em bonitas e modernas “homepages”, divulgam o conhecimento espírita em todo o nosso país e no mundo.

Nesta aula, vamos discutir como os periódicos espíritas podem contribuir para o desenvolvimento de estudos espíritas de caráter científico, identificando alguns problemas e fazendo algumas sugestões. Vejamos, primeiro, a importância da criação da Revista Espírita pelas próprias palavras de Kardec (ref. [4], pág. 2):

Seria desnecessário contestar a utilidade de um órgão especial, que ponha o público a par do progresso desta nova Ciência e a premuna contra os exageros da credulidade, tanto quanto do cepticismo. É uma tal lacuna que nos propomos preencher com a publicação desta Revista, com o fito de oferecer um meio de comunicação a todos quantos se interessam por estas questões e de ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade evangélica para com todos.” (Grifos nossos). Mais adiante, na mesma referência anterior, Kardec diz: “O exame raciocinado dos fatos e das consequências deles decorrentes é, pois, um complemento, sem o qual nossa publicação seria de medíocre utilidade e apenas ofereceria um interesse secundário a quem reflete e quer dar-se conta do que vê.” (grifos nossos).

Vemos que Kardec apresenta e define os objetivos da Revista Espírita de uma forma que podemos considerar como científica não só porque nasceu dedicada ao aprimoramento e progresso desta nova Ciência, mas porque os periódicos científicos possuem as características acima destacadas. Podemos dizer que, de uma certa forma, toda a comunidade científica está ligada através das publicações em periódicos especializados. Hoje em dia, todas as ciências (e mesmo áreas ainda não científicas) dispõem de periódicos específicos através dos quais os trabalhos de pesquisa são divulgados. Nenhuma ciência ou área do conhecimento humano progrediu sem o concurso desse tipo de publicação e o movimento espírita, desde à época de Kardec, não prescindiu dessa importante ferramenta de divulgação e desenvolvimento.


Hoje, os periódicos espíritas têm contribuído com muita eficiência para que sejam criados e mantidos os laços entre os espíritas. De vários anos pra cá, o interesse do movimento espírita no aspecto científico do Espiritismo cresceu bastante em decorrência do desenvolvimento natural das ciências ordinárias. Cresceu, também, a preocupação de vários companheiros espíritas em buscar concordâncias entre os conceitos espíritas e aqueles oriundos das novas teorias como, por exemplo, os da Física.

Entretanto, o processo editorial atual de publicação de artigos e livros espíritas não permite que os editores e responsáveis pelas publicações possam avaliar, com segurança, a parte técnica do conteúdo das mesmas, se limitando a verificar o aspecto doutrinário. O exame raciocinado dos novos fatos e teorias (como Kardec recomendou no trecho acima) não está ocorrendo pois é impossível, nos dias de hoje, que um editor tenha formação em diversos campos do conhecimento.

Assim, sugerimos que os periódicos espíritas que publiquem artigos e matérias de teor científico, adotem o chamado processo de análise por pares, explicado na aula anterior. Isso permitiria que o exame raciocinado de todo material científico pudesse ser realizado prevenindo o Movimento Espírita contra possíveis excessos de credulidade e de cepticismo (parafraseando Kardec) com relação aos conteúdos de ordem técnicos e científicos. O Boletim do GEAE, de forma informal (e inédita no Movimento Espírita), já vem realizando esse tipo de processo, seja através da análise que os membros do Conselho Editorial podem realizar, de acordo com a especialidade de cada um, seja através de pedidos de análise junto a companheiros espíritas com formação e experiência em determinada área específica do conhecimento.

Estamos vivendo um momento na História onde os conhecimentos estão muito desenvolvidos e crescem de forma muito rápida e especializada. Somente os profissionais de uma determinada área podem realizar um exame raciocinado, como mencionado e recomendado por Kardec, de uma proposta ou idéia nova que relacione o Espiritismo a tal área.

É preciso lembrar que o trabalho de divulgação do Espiritismo e do desenvolvimento de idéais e conceitos novos está constantemente sendo avaliado pela sociedade e os olhos da crítica são altamente especializados. É preciso que o Movimento Espírita tenha mais certeza sobre tudo aquilo que diz e publica. O próprio progresso no conhecimento requer que cada pesquisador e estudioso espírita busque as informações necessárias para assegurar a validade dos resultados de suas pesquisas. O Movimento Espírita não pode prescindir do exame raciocinado a que Kardec se referia e o método de análise por pares é um importante auxiliar para que editores e editoras espíritas realizem esse exame raciocinado e ofereçam aos leitores mais certeza sobre o conteúdo divulgado.

Na próxima aula falaremos sobre o valor de um artigo científico em comparação com livros do tipo “texto” e de divulgação científica.

Referências

[1] A. F. da Fonseca, Aliança entre Ciência e Religião: Uma contribuição da Matemática 2003, FidelidadESPÍRITA 13, pp. 26-29.

[2] A. F. da Fonseca, Jogo do ultimato e o progresso da Humanidade 2004, FidelidadESPÍRITA, submetido para publicação.

[3] K. M. Page, M. A. Nowak e K. Sigmund, Proceedings of the Royal Society of London B Vol. 267, p. 2177 (2000).

[4] A. Kardec, Introdução 1858, Revista Espírita, Jornal de Estudos Psicológicos 1, pp. 1-6.


Continua no próximo Boletim
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Um Novo Ano, Ary B. Marques, Brasil


Chegamos ao fim de 2004. Um ano difícil, mas com saldo positivo. Um ano marcado por acontecimentos muito tristes em todo o mundo, com muita violência, guerras, desemprego, corrupção e fome.

Todos os acontecimentos negativos do ano, sob o ponto de vista espiritual, foram positivos no sentido de que permitem ao homem, no seu processo evolutivo, crescer, aprender, resgatar débitos do pretérito e avançar um pouco mais. As quedas trazem em seu bojo um sem número de lições valiosas, de experiências, de conhecimentos e de progresso espiritual.

Ao fazer uma análise do ano que passou e de como devemos encarar o novo ano, lembrei-me de uma história contada por Wallace Leal Rodrigues em seu excelente livro “E para o resto da vida” denominada “A Tábua”.

Conta a história de um garoto que vivia fazendo traquinagens, causando problemas a todos da casa com um comportamento cheio de pequenas maldades e de atos menos dignos. Seu pai, um dia, chamou-o para conversar. O garoto, tremendo de medo por saber que tinha culpa no cartório, esperava que o pai lhe repreendesse violentamente.

Ao contrário do que o menino esperava, seu pai falou-lhe com calma e com muito carinho. Disse-lhe que observava sua conduta errada, e que iria lhe propor uma fórmula que esperava lhe ajudar em sua vida. Mostrou-lhe uma tábua muito bonita, envernizada, e lhe propôs que cada vez que ele fizesse algo errado, ele, o pai, iria pregar na tábua em questão um prego.

A partir daí, seu pai vivia com o martelo na mão, colocando um prego atrás do outro na tábua. O garoto, cada vez que via seu pai martelando a tábua, sentia uma dor no coração. Ele sentia pela tábua, tão bonita, que ia ficando toda marcada e sentia mais ainda por saber que suas atitudes é que estavam causando aquilo.

Não agüentando mais aquela situação, veio falar com seu pai. Este, então, resolveu lhe propor o seguinte. Cada vez que ele fizesse uma boa ação seu pai arrancaria um prego da tábua.

Com alegria, o garoto viu sumir, um a um, os pregos daquela tábua. Um dia percebeu que já não havia um só prego na tábua. Mas as marcas dos pregos estavam lá. A tábua perdera a beleza do passado, e agora era uma tábua feia e marcada.

Foi conversar com seu pai. Relatou o que sentia. Seu pai então lhe disse que o que acontecia com a tábua é o mesmo que acontece conosco. Todo o mal que praticamos, mesmo depois de reparado, deixa marcas profundas em nosso perispírito, para todo o sempre.

A história de Wallace Leal Rodrigues termina aqui. Vamos acrescentar mais um capítulo nessa história.

Deus, em sua misericórdia divina, nos dá tantas oportunidades quantas forem necessárias para a nossa evolução. Pela reencarnação, permite que voltemos ao cenário de nossas vidas anteriores e comecemos tudo de novo, outra vez, partindo do zero. Recebemos corpos novos, uma vida nova, oportunidades de corrigirmos nossos erros e nossas faltas, de limparmos nossa tábua completamente.

Em nossa vida atual, podemos fazer o mesmo. Cada ano que se encerra nos dá a oportunidade de analisar o que fizemos de bom e de mau. Podemos aprender com os erros que cometemos. E recomeçar.

Cada ano novo representa o reinício. Podemos zerar todos os nossos receios, os nossos medos, os nossos desapontamentos, os nossos deslizes.

Um novo ano surge. Cheio de esperanças. Cheio de oportunidades de mudança. Podemos mudar para melhor, em todos os sentidos.

Iniciemos por agradecer a Deus. Agradecer pelas oportunidades que tivemos no ano que passou. Agradecer pelas nossas falhas, que permitiram um aprendizado e nos ajudarão a fazer tudo diferente agora.

E agradecer pelo Senhor da Vida nos dar a oportunidade do recomeço. Que possamos fazer de 2005 um ano muito melhor. Que apliquemos em nossa vida, em nossa relação com nossos irmãos, toda a experiência obtida no ano que passou.

Vamos acreditar. Acreditar que somos filhos diletos do Creador. E como filhos desse Pai amantíssimo, por certo temos em nós uma centelha divina. Tudo podemos, basta que queiramos.

2005 será bom, claro, desde que o façamos bom. E para isso lembremo-nos da lição de Pedro quando diz que o amor cobre a multidão de pecados. Essa frase, muitas vezes atribuídas a Jesus pelos oradores, mostra que podemos apagar todas as marcas negativas de atos menos dignos que cometemos no passado, pelo amor com que pautarmos nossa vida. O amor nos fará mais fraternos, mais suaves, mais amigos, mais caridosos.

Apliquemos o amor em nossas vidas em 2005. Ele será a mola propulsora de nossa vida, de nosso progresso, do progresso de nosso planeta e de uma vida menos sofrida por parte de nossos irmãos menos favorecidos.

Amando e servindo, conseguiremos chegar ao final de um novo ano podendo gritar alto e bom som a toda a gente: “Feliz Ano Novo”.

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História & Pesquisa

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas")

Preparativos para o IV Encontro dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas

Aos amigos da Liga,

Marcamos para o dia 29 de janeiro próximo, às 15hs. a primeira reunião para a organização do IV Encontro dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas que será realizado na cidade de Santos, São Paulo, em data a ser definida nessa reunião.

A reunião é aberta a quem quiser participar, e encarecemos o convite ao pessoal da cidade de São Paulo e cidades vizinhas para que venham se confraternizar e nos ajudar na organização.

O organizador do Evento será nosso companheiro Marcílio e sua esposa Elaine.

Quem puder me confirmar presença em PVT, agradeço.

Quem não puder vir, mas desejar dar sugestões de temas, horários. dias, palestrantes,alimentação, e tudo que envolva  a organização do evento pode se manifestar que levaremos à reunião.

A cada ano  o Encontro tem se tornado mais proveitoso e Santos sempre foi uma cidade muito hospitaleira para com os espíritas. Colaborem. Participem.

Local: Rua Conselheiro Carrão,191 - Bela Vista
Dia: 20 de janeiro de 2005 - Sábado Horário: 15 horas
Eduardo Carvalho Monteiro
edumonteiro@edumonteiro.com.br

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Questões e Comentários 


Questões Intrincadas sobre o Espiritismo X

(Continuação do Artigo iniciado no Boletim 478)

17) No Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec cita Jo 14,1-3, em que Jesus fala aos seus discípulos: “Não se perturbe o vosso coração. Crede em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai”. Na seqüência, Kardec comenta: “A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito (...)”(Cap 3, p.71, §2). Aqui, apesar da interpretação ser lógica, ela parece não ser fiel ao contexto. Pois, pelo início da conversa: “Não se perturbe o vosso coração!”, vemos que Jesus está se propondo a usar palavras de consolo e encorajamento. Portanto, quando diz: “Há muitas moradas na casa de meu Pai”, ele quer dizer simplesmente que “há espaço para todos estarem ao lado de Deus”. É difícil imaginar que Jesus iria discursar sobre a diversidade dos planetas no universo, numa conversa que visava consolar (e não prestar esclarecimentos filosóficos). Aliás, saber que há diversos planetas não traz consolo algum, uma vez que a maioria deles são mundos primitivos ou mundos de prova e expiação, nos quais reina o sofrimento e cujos habitantes são distantes (simbolicamente) de Deus.

Enquanto países gastam fortunas incalculáveis para tentar estabelecer contato com habitantes do outro mundo, ainda existem pessoas que acham que apenas no mísero planeta terra há vida. Segundo dizem os especialistas, há 100 bilhões de galáxias, cada uma com 100 bilhões de planetas numa imensidão que está fora do alcance da compreensão humana. Admitir que Deus tenha criado tudo isso sem vida é fazer pouco da divindade e achar que possa existir no Cosmo algo inútil. Aí o apego à Bíblia é flagrante por parte de muitos que não aceitam a possibilidade de vida em outros mundos.

Em sua pergunta vemos, ademais, que o amigo se engana novamente. Kardec ou os Espíritos não disseram que a maioria dos mundos é de provas e expiação. Eles disseram que, além desses tipos de mundos, existem os de regeneração e os mundos evoluídos. Disseram, também, que alcançaremos esses mundos se nos esforçarmos por praticar os ensinamentos de Jesus. Quer idéia mais consoladora e encorajadora do que ter a certeza de que os nossos comezinhos problemas cotidianos são menos que nada comparável à grandeza de oportunidades que nos aguarda futuramente? Quer idéia mais educativa do que a que diz que não somos o centro do Universo e por isso devemos nos esforçar por combater o nosso orgulho e egoísmo? Há sim, muitas moradas na casa do Pai e a moeda de acesso a elas depende dos "tesouros espirituais" que amealharmos com a prática do bem ao próximo.

18) Em Jo 9,1-3, lê-se: “Ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença. Os seus discípulos lhe fizeram a pergunta seguinte: ‘Rabi, quem pecou para que ele nascesse cego, ele ou seus pais?’ Jesus respondeu: ‘Nem ele nem seus pais. Mas é para que as obras de Deus se manifestem nele’”. Este trecho não é comentado na obra de Kardec. Por quê? Segundo a doutrina espírita a origem dos males da vida presente estão em pecados pretéritos. Como, então, explicar este trecho?

Nem sempre que nos parece uma expiação o é. O cego de nascença pode ter necessitado passar por aquela prova para aprender alguma coisa que necessitava aprender. Se ele estava em prova, então sua cegueira não era devida a pecado nem dele nem de seus pais. Suponhamos que uma pessoa seja boa, não faça mal a ninguém intencionalmente mas esteja habituada a tudo fazer sozinha sem ouvir os conselhos alheios nem lhes aceitar o auxílio, incorrendo, por isso, em equívocos que lhe atrapalham a marcha. Uma pessoa assim pode vir em uma vida cega ou com outra deficiência física para aprender a receber auxílio, para aprender que somos todos responsáveis uns pelos outros e devemos caminhar de mãos dadas rumo ao Pai e não cada um por si. A cegueira ou uma deficiência física que obrigue o indivíduo a aceitar a solidariedade alheia pode muito bem ser uma prova por que necessita passar e não uma expiação.

Podemos ainda ressaltar que existe reencarnação por missão. Nesse caso não há nenhuma prova nem expiação por que o Espírito tenha por que passar, pois já saiu do ciclo das reencarnações, vivendo na condição de puro Espírito. Apenas por amor vem na condição de encarnado para cumprir uma determinada missão. Podemos, muito bem incluir esse cego nessa qualidade, pois a sua missão foi, além de vir para ser curado para realçar a missão de Jesus, a de afrontar os fariseus de forma a forçá-los a refletir, conforme poderá ser visto em Jo 9, 1-34.

Há ainda que considerar o efeito colateral benéfico da deficiência física. Quando nós, saudáveis, vemos uma pessoa deficiente lutar para realizar trabalhos comuns ou mesmo difíceis, sentimos uma ponta de vergonha por nossas comuns reclamações (tá frio, tá calor, tá doendo, etc.). Quer papel mais nobre do que esse de nos dar o exemplo de que as deficiências não impedem a gente de fazer o bem e trabalhar dignamente? Quando um Espírito evoluído reencarna em missão, muitas vezes ele aceita vir com deficiências físicas junto a uma família saudável precisamente para trazer aos membros dessa família o estímulo de que necessitam para vencer as dificuldades com coragem e alegria ao invés de imprecarem contra destino cruel que os possa estar atormentando.

19) “Larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição, e muitos, os que entram por ele; quão estreita é a porta e apertado o caminho que leva à vida, e poucos são os que o encontram”. (Mt 7,13-14). É complicado entender afirmações tão contundentes de Jesus se compararmos seus ensinamentos com a Lei da Evolução, da doutrina espírita. Afinal, se, pela Lei, todos vão evoluir, hoje o espírito pode optar pela porta larga, mas um dia ele vai passar pela estreita. Assim, não só muitos, como todos acabam encontrando o caminho que leva à vida.Será que Jesus era tão contundente apenas para assustar as pessoas e lavá-las a temer os castigos de Deus? Mas afinal Jesus não veio trazer a idéia do Deus-amor? Jesus falava dessa forma porque o povo da época precisava ouvir dessa forma? Porém, hoje o espiritismo revela que não existem penas eternas, bem numa época em que as pessoas são muito materialistas e desligadas da religião. Nosso povo atual não precisaria de conselhos tão ou mais graves e contundentes, em função disso?

Caro amigo, as pessoas conhecem as penas eternas há muito tempo. O que estas conseguiram fazer de fato? Somente afastaram as pessoas da religião pois são idéias que repugnam a razão. O Espiritismo coloca os pingos nos i's e mostra que somos, sim, responsáveis por nossa evolução. Sofreremos pelos erros cometidos ou para despertar em nós sentimentos mais depurados. O Espiritismo, pelo crescente número de adeptos que tem feito, demonstra que satisfaz a razão sem afrouxar o rigor que a Lei de Causa e Efeito apresenta.

Jesus, ao dizer que "Larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição, e muitos, os que entram por ele; quão estreita é a porta e apertado o caminho que leva à  vida, e poucos são os que o encontram" apenas reflete que a situação moral da humanidade não se alterou muito em 2000 anos. Jesus não está dizendo que as pessoas vão para o inferno eterno, mas sim que colherão os frutos amargos das amarguras que semearam em suas vidas. Jesus diz que ainda é difícil para nossa humanidade abrir mão do egoísmo e do orgulho em prol do que realmente faz a felicidade maior. Não é difícil entender essa afirmativa de Jesus, que você achou contundente, em termos da Lei de Evolução do Espiritismo. A criatura que hoje escolhe passar pela porta larga colherá frutos de sofrimento que a conduzirão para a porta estreita. Com o Espiritismo, o sofrimento não é castigo mas sim processo educativo a despertar no íntimo de nós as fibras de amor adormecidas ou afogadas pelos vícios das sensações. O sofrimento levará os Espíritos a optarem pela porta estreita que é a porta da luta contra as nossas fraquezas morais.

Essa interpretação e entendimento do Evangelho não estão mais de acordo com a razão e com a idéia do Deus-Amor?

*

Nosso povo atual é tão materialista justamente porque os ensinamentos das crenças cristãs tradicionais não fazem sentido para ele. Naquela época a justiça humana só existia em favor dos poderosos e era muito frágil ou inexistente para o povo. Ver Deus como um juiz severo podia ser educativo. Hoje, com a justiça implantada como instituição em todo o mundo, não há espaço para um Deus menos justo e menos tolerante que os juizes humanos.

Já pensou se os sistemas legal e penal fossem tais que houvesse muito menos chance de ficarmos soltos do que sermos presos? Imagine se o Brasil tivesse 100 milhões de habitantes, dos quais 98 milhões estivessem na cadeia e 2 milhões ficassem soltos para sustentá-los com seus impostos. Se tal sandice é impensável, por mais falha que seja nossa justiça, como podemos crer que a justiça divina nos dê uma porta estreita para poucos serem salvos e uma larga para a maioria se perder? Que Deus é esse?

*

Você estranha que o Espiritismo ensine que “todos encontrem o caminho que leva à vida”. Mas é exatamente isso que ocorre segundo a nossa Doutrina e conforme a razão e o bom-senso nos indicam. Voltamos a chamar sua atenção para as instituições humanas, com sua imperfeição, para termos uma pálida idéia das leis divinas. Perguntamos a você, caro irmão: você ignora que as escolas permitem que o aluno repita o ano caso de seu aproveitamento seja inferior a certo mínimo aceitável? Ignora que, mesmo se reprovado na repetência, a escola não o impede de matricular-se em outra para repetir uma terceira vez? Ignora que qualquer criança, mesmo que tenha para isso que mudar freqüentemente de escola, pode repetir a mesma série tantas vezes quanto necessário até lograr passar para a seguinte? Ignora que até adultos, idosos inclusive, podem voltar aos bancos da escola para aprender a ler?

Ora, se as instituições humanas, tão imperfeitas que são, toleram os erros e as deficiências dos alunos e dão a eles incontáveis oportunidades de repetir a mesma série até serem aprovados, como podemos aceitar o absurdo dos que dizem que Deus dá somente uma chance a cada ser humano para acertar e ir para o céu ou errar e ir para o inferno? Não, Deus também nos dá intermináveis chances e nos descortina a eternidade para que aprendamos a lição!

Analisemos algumas passagens bíblicas:

Sl 22, 28. Todos os confins da terra se lembrarão, e voltarão para Javé...

1 Tm 2, 3-4: Isso é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador. Ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.

Conclusão

O mais importante de toda esta discussão é o fato de que o Espiritismo não afirma que "só os espíritas podem ser salvos". Inclusive, existe uma preocupação no movimento espírita de que espíritas estão desencarnando em situação um pouco desequilibrada. Isto ocorre, caro amigo, porque não adianta conhecer ao pé da letra cada mensagem, cada ensinamento. É preciso vivenciá-los. Um ateu que pratique a Lei de Amor mais do que um espírita ou um católico ou outro religioso, vai colher frutos muito mais felizes do que esse espírita ou católico ou quem quer que seja que somente tenha estudado e deixado de praticar o que estudou.

Se você se dedicar exclusivamente à caridade, em primeiro lugar e, em segundo, ao estudo sincero e honesto, dedicando sua energia a praticar o bem e a propagar com paciência e humildade os ensinamentos de Jesus, estamos certos de que logrará melhor resultado do que qualquer irmão que se diga espírita mas que somente estude os ensinamentos do Mestre contidos na Doutrina, sem contudo praticá-los no dia a dia.

Caso o irmão esteja satisfeito com nossas respostas, deseje continuar a estudar nossa Doutrina e tenha ou venha a ter alguma dúvida adicional, escreva-nos, pois teremos grande satisfação em ajudá-lo.

Caso, no entanto, nossas respostas às questões acima não tenham sido satisfatórias ao seu entendimento por deficiência certamente nossa, sugerimos que você visite o site do Grupo de Apologética Espírita (http://apologetico.cjb.net/), onde poderá ler inúmeros questionamentos semelhantes ao seu e as respostas que obtiveram. Nossos irmãos espíritas daquele Grupo também respondem a todas a mensagens que a eles são dirigidas e, desse modo, você nunca ficará sem reposta.

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Assim como recomendou Kardec, o Espiritismo não tem intenção de converter, cativar ou arregimentar pessoas para o seu lado. O Espiritismo, como explicado de forma geral em nossas respostas, não afirma que “fora do Espiritismo não há salvação”. Ele diz com clareza, isso sim, que “fora da caridade não há salvação”. Não importa, desse modo, se nosso irmão segue essa ou aquela religião ou doutrina, nem  se tem esse ou aquele entendimento diverso do nosso. O mais importante são “as obras” no bem que o irmão pratica, segundo as quais, como nos ensinou Jesus, “a cada um será dado..”

Siga com fé o seu caminho, pratique a caridade cristã e que a paz de nosso Mestre e Irmão Maior, Jesus, esteja sempre entre nós,

A Equipe do GEAE

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Sobre Regressão de Memória

(Transcrevemos abaixo, omitindo os dados pessoais, uma questão que foi encaminhada para o GEAE)

Prezados colegas do GEAE,

Sempre fui muito questionador de minha existência aqui neste plano. Quando estava estudando na (...) conheci (...) o qual me emprestou um livro que vinha com um cd para fazer terapia de regressão. Sempre tive curiosidade de saber à respeito de minhas existências, apesar de ter tido conselho de que não é ideal fazer este tipo de regressão sem um profissional e uma preparação, mas como sou muito teimoso fiz esta terapia de regressão sozinho e obtive sim, visões que me surpreenderam.
 
Uma delas foi a visão de que eu tinha tomado uma flexada e a imagem que tive foi de um campo de batalha e eu estava com armaduras e ao meu lado tinha uma pessoa de preto, uma mulher me ajudando. Achei muito interessante esta imagem, pois desde pequeno eu sempre tive problemas relacionado ao fígado e esta imagem que eu obtive era uma flexada exatamente na altura do estômago e do fígado. Seria uma marca em meu perispírito? A outra imagem que eu tive foi na época do Brasil colônia, pelo menos eu deduzi, pois estava com uma roupa de época e uma piruca branca e uma roupa rosa.

Com estas imagens eu fiquei pensando em várias pessoas e me questionando sobre quem seria eu e quem eu sou? Mas depois deste "transe hipnótico" eu fiquei meio em estado de transe, meio que fora da realidade, vivendo um mundo de imaginação. Gostaria de opinião de alguns colegas que já passaram por esta experiência e que me ajudassem a entender este processo de auto conhecimento.

Um forte abraço.



Caro Amigo,

A mente humana é bastante complexa, não somente temos os conteúdos dos quais estamos concientes no dia-a-dia mas também temos em nós tudo o que a psicologia classifica nos dominios do inconsciente. Este inconsciente se estende das lembranças e emoções desta existência corrente - que por qualquer motivo não estão mais diretamente acessiveis na experência cotidiana - até o contato com as memórias do espírito imortal que todos somos.

Pois bem, as experiências de regressão trazem para a mente consciente trechos de informações arquivadas nestas camadas mais profundas do nosso ser espiritual. E o mesmo pode ocorrer espontaneamente no estado de sono fisico, manifestando-se estas informações na forma de sonhos. Foram principalmete estes tipos de sonho que foram estudados por Freud na sua obra "Interpretação dos Sonhos". Outro trabalho muito interessante neste campo do estudo dos sonhos provocados pelos conteúdos do insconciente é o livro de Erich Fromm intitulado "A Linguagem Esquecida". 

O titulo da obra de Fromm destaca um aspecto importante destas manifestações do insconciente, é o seu aspecto simbólico. Isto significa que a mente representa este conteúdo por analogias e por imagens. Possivelmente os mecanismos que atuam na mente associam emoções, imagens e significados de forma mais livre que quando estamos no estado de vigilia dominado por pessamentos racionais. Carl Gustav Jung por sua vez, na Psicologia Analítica, trouxe o conceito dos arquétipos (vide "Psicologia do Inconsciente"), como uma forma de descrever estes processos mentais. Ele notou inclusive que algumas representações simbólicas são compartilhadas pela humanidade através da história e assim formariam uma espécie de insconciente coletivo.

Como a regressão toca estas camadas profundas - em um estado alterado de consciência, o que você chamou de "transe hipnótico" - surge a questão de diferenciar os conteúdos recentes do inconsciente representados sobre a forma simbólica das lembranças efetivas de existências passadas. Se compararmos com os sonhos - vide livros citados acima - veremos que não seria nada espantoso que sua mente associasse sensações inconscientes de indisposição fisica no figado com uma cena de batalha em que esta região fosse ferida e que representasse idéias de ajuda sobre a forma de uma mulher lhe socorrendo.

E é por isso que existe a necessidade de cautela com os resultados da regressão e, mais ainda, existem inconvenientes em realizá-la por pura curiosidade ou sem a assistência de um psicólogo com conhecimentos na área. Dependendo do quanto a pessoa é influenciavel as imagens assim trazidas a mente consciente - e interpretadas de forma erronea - podem levar a situações no minimo constrangedoras.

Minha sugestão é que - até prova em contrário - dê a mesma importância a estas "lembranças" que daria a um sonho similar e, caso queira aprofundar realmente estas investigações, só faça a regressão com o acompanhamento adequado.

    Muita Paz,
    Carlos Iglesia

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Painel

 

Cultura e Memória Espírita - Reconstrução, Luiz Carlos D. Formiga, Brasil


Estimados confrades,

Recentemente escrevemos artigo com base em nossa vivência nas universidades (UFRJ,UERJ e USP). O Texto foi publicado no Grupo de Estudos Avançados Espíritas - http://www.geae.inf.br - Boletim GEAE - Ano 12 - Número 478 - 2004 15 de julho de 2004 - Titulo - "UNIVERSIDADE DA ALMA. CIDADE UNIVERSITÁRIA DO ESPÍRITO".

Posteriormente foi encontrado em outras páginas como na do endereço:

 http://www.cefamiami.com/newsletter/materias/artigo/06.04/index.html

Acontece que citamos a tese (1922) de Brasilio Marcondes Machado. Esse destemido médico tem sua história ligada a Sede da Chácara Itaim como verifiquei no texto e endereço abaixo.

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A sede da Chácara Itaim

A sede da Chácara Itaim, cuja entrada era na altura da rua Clodomiro Amazonas, ia além da rua Iguatemi, chegando até as ruas Aspásia e Sertãozinho. Foi adquirida em 1927 pelo Dr. Brasílio Marcondes Machado, que instalou ali o Sanatório Bela Vista. Em 1944 o Sanatório Bela Vista foi vendido para o Instituto Achê, que era dirigido pelos doutores Solano Pereira e Mário Yahn. Em 1977 a propriedade mudou novamente de dono, passando a ser do advogado Flávio Solano Pereira. Em 1982 a Casa Grande foi tombada, mas nunca foi restaurada. Pouco resta atualmente da sede da Chácara Itaim. No local há um estacionamento, e o terreno é alvo da especulação imobiliária: http://www.itaim.com.br/historiadobairro.htm

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Sobre a tese tecemos considerações no item 2 abaixo, do artigo acima referido.

2. Vinte e Nove de Agosto.

Não é por acaso que, tenho em mãos a tese do doutorando Brasilio Marcondes Machado (27), apresentada no dia 29 de agosto e defendida no dia 26 de dezembro. Brasilio é semelhante ao cego de nascença, que curado por Jesus deu o seu testemunho, diante dos fariseus (16). Na tese, diversos pontos me chamaram a atenção. Um deles, de valor "estimativo", foi o dia de sua apresentação. Na pós-graduação, também defendemos tese de mestrado no mesmo dia, embora 52 anos depois. O vinte e nove de agosto se repete em 1979, quando defendemos na UFRJ a tese de doutoramento. Os temas e os resultados são diferentes.

Brasilio traz uma "Contribuição ao estudo da Psychiatria (Espiritismo e Metapsychismo)", em 1922. Outro ponto que nos chamou a atenção é a nota, na folha de rosto: "A Faculdade não approva nem reprova as opiniões exaradas nas theses pelos seus autores". Art. 95 do Regimento Interno da Faculdade de Medicina do Rio de janeiro". Um terceiro ponto, encontrado antes das dedicatórias é "Uma Explicação", oferecida pelo doutorando.

"- Ao apresentar minha these para defesa perante a Faculdade, não cometti a ingenuidade de esperar fosse approvada, não obstante dispor o art. 95 do Regimento Interno vigente que a Faculdade não approva nem reprova as opiniões exaradas nellas pelos seus autores".

"Temia fosse rejeitada sob a allegação do que dispõe o art. 94: - os alumnos que concluírem o curso médico poderão defender these sobre assumpto à sua escolha dentre as matérias ensinadas no referido curso".

"Aconteceu, porém que essa allegação não poderia ser feita porque já havia sido defendida e approvada uma these contra o espiritismo".

"Assim, fui chamado à defesa do meu trabalho a 26 de dezembro, as 13:30 horas".

"Reprovado".

"Deste resultado julguem os que me lerem, pois não quero ser juiz em causa própria".

"Graças a Deus as fogueiras estão extinctas e os Torquemadas fora de moda"

"Le monde marche..."

"Vou esperar o um dia depois do outro para voltar à defesa desta mesma causa que, então, será a de todos nós, na sciencia ou fora dela".

Vinte e nove de agosto - um dia especial que nos marcou! Não conhecemos o Dr. Machado, mas parece não haver dúvida de sua condição de médico e espírita verdadeiro (22).
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Ficamos tristes ao ler "A Casa Bandeirista" no endereço abaixo.

A Casa Bandeirista do Itahim

No final da Rua Joaquim Floriano há um espaço onde, certo dia, existiu uma linda casa, com árvores frondosas, palmeiras, jardins e grandes portões... Uma casa com muitas histórias... Uma casa que tentou resistir ao tempo ... tentou resistir aos homens... conhecida como a Casa Bandeirista, mas que no meu tempo, era o Sanatório Bela Vista. Hoje só vejo ruínas "preservadas". Lembro-me com detalhes quando, bem pequena e muito curiosa, fui até lá acompanhar uma amiga. As vezes, essas descobertas e observações infantis me colocavam frente a situações inesperadas...

Aquela propriedade havia sido sede da Chácara Itahim, na verdade uma grande fazenda. E em 1927 a casa foi comprada pelo Dr. Brasilio Marcondes Machado Para nós Doutor Marcondes, o único médico da região. Foi ele que abriu o Sanatório Bela Vista atendendo pessoas com problemas psíquicos.

http://www.itaim.com.br/guiomar/g20000526.htm

Recordando essas lembranças, cada vez mais percebo a importância da preservação desse sítio histórico de nosso bairro. Nós, moradores do Itaim-Bibi, merecemos um espaço cultural de alto nível, junto a reconstrução da Casa Bandeirista.

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Finalizo perguntando o que poderíamos fazer pela reconstrução deste espaço que também pertence à "memória espírita".

Atenciosamente,
Luiz Carlos D. Formiga

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Guia de Espiritismo, Cristian Fernandes, Brasil


Caro Internauta,

Venho até você para convidá-lo a conhecer o meu Guia de Espiritismo, que elaborei após pesquisar pela Internet vários sites de nosso interesse:

http://www.sobresites.com/espiritismo/

Pensei em criar um Guia sobre Espiritismo com o objetivo de ajudar nas buscas feitas por todos nós, que sempre queremos saber mais sobre a doutrina espírita, mas ficamos dispersos em infinitas opções de sites, nem sempre confiáveis.

Agradeço toda e qualquer ajuda que vocês possam me dar, pois nosso Guia estará em constante atualização.

Cristian Fernandes
Editor do Guia de Espiritismo
Projeto SobreSites - O Diferencial Humano - [http://www.sobresites.com]

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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
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