Boletim GEAE

Grupo de Estudos Avançados Espíritas

http://www.geae.inf.br

Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec

Ano 12 - Número 475 - 2004            18 de maio de 2004

 

Editorial

A Humildade

Artigos

Golfinhos, Papagaios e Muriquis: Três Caminhos Diferentes da Evolução Anímica, Renato Costa, Brasil

História & Pesquisa

Mesmerismo e Espiritismo, Jáder dos Reis Sampaio, Brasil

São Paulo 450 Anos - O Espiritismo na TV Tupi, Carlos Iglesia, Brasil


Questões e Comentários

Sobre as Planárias e a Individualidade do Espírito, Ricardo Bastos, Brasil

Painel

Estudos Espíritas na Internet
Grupo de Estudos Espíritas em Montevidéu, Simoni Goidanich, Uruguai
Grupo de Apologética Espírita, Paulo Neto, Brasil
Hogar Infantil Remanso de Amor, Confederación Espírita Colombiana, Colombia



Editorial


A Humildade


Não há dúvida alguma de que a característica comportamental do ser humano, a humildade, influi de maneira decisiva nos rumos da vida em sociedade. Desde os tempos mais longínquos de vida na Terra, em que a natureza obrigava o homem a empregar grandes esforços na sua luta pela sobrevivência em um mundo hostil, é de se esperar que a união em harmonia e equilíbrio promova melhores resultados do que a sociedade onde impera a vaidade, o orgulho, o individualismo e a falta de humildade em atos e ações.

Nos dias modernos, com o avanço científico e tecnológico, onde a transformação de bens materiais brutos em componentes imprescindíveis à vida do homem moderno, cada vez mais a competitividade na geração do trabalho pessoal e coletivo torna-se maior e mais forte, sendo o fator humildade o grande diferencial para o sucesso de uma reencarnação produtiva e mais feliz.

Assim, estudarmos a humildade como componente do comportamento humano, visando melhor desempenho da sociedade, é fundamental a fim de promover as reestruturações e adaptações no novo mundo regenerado.

Analisar a humildade do ponto de vista de bens materiais é o mesmo que analisar uma pedra como fator responsável pela morte de uma criatura atirada para tal finalidade. É necessário, portanto, avaliar a humildade como característica intrínseca do indivíduo, herdada desde a criação do Espírito, como centelha componente do amor Divino e sujeita a todas as leis da evolução humana, rumo à perfeição.

É muito comum definir como sinônimo de humildade, a pobreza, ou seja, o homem com deficiência ou ausência de bens materiais os quais não podem promover o conforto de uma vida saudável e tranqüila para ele em nosso planeta. Assim, quanto mais miserável for a pessoa, mais ausente de bens materiais, mais humilde ela seria. Essa análise é absolutamente materialista e improcedente, pois se a característica é intrínseca ao Espírito, ela não pode ser extremamente materialista.

Devemos sim, respeitar todas as formas de crenças e aqueles que se julgam com necessidade de estar entre a miséria para aproximar-se da humildade devem mesmo seguir a ordem natural das coisas. Aliás, muitas dessas pessoas estão de fato no caminho da verdadeira humildade espiritual, levando uma vida de simplicidade, de amor a natureza com desprendimento material. Mas o que é uma vida ligada à matéria e o que é o significado de desprendimento material?

Caso o conceito de humildade signifique a pobreza, a miséria, seria lógico raciocinar de duas, uma. Ou a humildade não significa nada na evolução do homem, ou a pobreza, miséria, riqueza não estão totalmente ou parcialmente ligada a ela. Como já dissemos que a humildade é de fato importantíssima na evolução da humanidade, ela se exterioriza nos atos e ações do espírito e não nas situações de posição social a que ele se encontra no momento.

Evidentemente, como o espírito caminha em evolução eterna no seu aprimoramento pessoal, na sua passagem pela matéria terrestre, os bens materiais não devem ser importantes para a sua evolução espiritual. Cabe ressaltar que o conhecido ditado popular - “a pessoa não leva nada dos bens adquiridos aqui depois da morte” não é correto, pois mantém as atitudes e gostos vivenciados quando reencarnada, após o seu desencarne. Na sua nova jornada, no plano espiritual, continua normalmente a luta em seu aprimoramento pessoal.

A forma e não o fundo é o diferencial importante. Por exemplo, um indivíduo adquire um carro bom, confortável, com boa segurança, necessário a sua atividade de vida e compra com recursos do seu próprio esforço. Para ele, o carro é um meio de vida, assim ele o vê e o usufrui. Outra pessoa, bem mais pobre, adquire um bom carro com a intenção de se sentir melhor do que os outros, mais poderosa, mesmo a duras penas, as aparências são mantidas. Neste caso, o carro satisfaz a sua vaidade, o seu orgulho, nada mais. Onde está o desenvolvimento mais aperfeiçoado da humildade? Certamente não é na posição social em questão. A forma é a visão que se tem do bem, o fundo é a visão que se tem do indivíduo com base na sua posição social. Um homem rico pode ser muito mais humilde que um pobre, pois a condição de riqueza e pobreza é uma condição que deve mesmo ser definida antes da reencarnação, sendo, portanto, temporária.

A verdadeira humildade está no espírito e não na condição reencarnatória. O espírito utiliza de todos os meios possíveis para sua evolução e assim, aliás deve experimentar as mais diversas formas de condições reencarnatórias, passando inclusive pela reencarnação em locais de miséria, pobreza, riqueza, diferentes culturas, raças, credos, na deficiência de meio intelectual, nos meios científicos e acadêmicos, etc. É dessa forma, que ele evolui mais rapidamente passando por muitos caminhos, e principalmente, naquele que mais se despreza, que mais odeia no momento. Nesse ponto, há a total desarmonia espiritual e somente através do sentimento real daquela situação, promove a oportunidade de luz para resgatar o seu equilíbrio pessoal. Por isso, veremos sempre pessoas de grande humildade vivendo momentaneamente entre os meios mais ricos, e certamente, aproveitam essa oportunidade com grande propriedade promovendo a verdadeira caridade, além da material, do seu exemplo de vida em favor do bem comum. Por outro lado, veremos também o inverso, a falta visível de humildade na pobreza, denotando vaidade, orgulho e sem o mínimo interesse pelo seu semelhante.

Numa reencarnação na condição de riqueza, há uma responsabilidade muito maior para a evolução do espírito, pois o meio é muito mais propício a ambição, vaidade, orgulho, etc.

Graças à doutrina espírita temos agora a nossa visão ampliada da humildade, pois observamos o indivíduo como um todo, com sentimentos, atos e ações adquiridos ao longo do tempo, quer no plano espiritual quer no plano terrestre. E tudo se confunde. Não é a simples visão da sua condição reencarnatória atual que deve ser apenas considerada. No plano espiritual, a visão se amplia, e muito.

“Vindo de dentro do ser humano, a humildade é característica daqueles que têm a caridade como meta na evolução do espírito.

Ser humilde não significa ser desprovido de bens materiais, mas ser capaz de aceitar a sua condição na escala evolutiva a que todos estamos sujeitos.

Ser humilde é ser capaz de aprender com pequenos gestos e estar sempre aberto a novos conhecimentos em prol da humanidade.

O maior bem que pode um ser humano almejar é a humildade, pois ela é capaz de construir caminhos que levam à luz, caminhos que permitem o companheirismo sem interesses e egoísmo.

Ser humilde é reconhecer no outro o seu valor. É elevar a auto-estima do amigo e pessoas de jornada evolutiva, através do seu exemplo de vida, sempre fundado na verdade e no bem.

Sede humilde e conseguirás a sabedoria, pois ela é a fonte da inspiração a que todos buscamos nessa jornada.

Estejas sempre atento às atitudes grotescas que destroem a harmonia do seu ambiente no lar, escola, trabalho, etc.

Estejas pronto a ajudar os menos favorecidos que você.

Sejas humilde o suficiente para ensinar aquilo que um dia alguém teve a paciência de transmitir a você. A felicidade depende dessa sua estada.

Quanto mais humilde, mais oportunidade de conhecimento terás e maior será a tua recompensa.

Ajude um amigo e sempre será ajudado quando precisares. Não que esse seja o objetivo da caridade, mas é a lei que rege todo o universo: quanto mais amor for dado, mais amado serás...”  (Mensagem psicografada em reunião familiar)

Muita Paz,
Raul Franzolin Neto
Editor GEAE

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Artigos

 

Golfinhos, Papagaios e Muriquis: Três Caminhos Diferentes da Evolução Anímica, Renato Costa, Brasil

Três espécies vivendo em meios diferentes revelam estar em caminhos seguros rumo ao reino hominal e além

(Artigo Publicado na Revista Internacional de Espiritismo, Agosto de 2003)

Em artigo nosso na edição de maio passado desta RIE, intitulado Os Diversos Caminhos da Evolução Anímica, ficamos de apresentar exemplos de caminhos evolutivos tomados por três espécies animais, uma vivendo na terra, outra, no mar e uma terceira deslocando-se pelo ar. É o que passamos a fazer.

GolfinhosO golfinho roaz-corvineiro (Tursiopis Truncatus) pertence à ordem dos cetáceos, mamíferos que migraram de volta às águas há cerca de 60 milhões de anos.

Os estudiosos têm descoberto vários comportamentos inteligentes desses animais, fazendo eco a uma tradição que remonta à antiguidade grega. Entre tais comportamentos vários se devem ao sofisticado sistema de comunicação que possuem, incluindo um padrão de assobios próprio que cada indivíduo usa para se identificar, como se fosse uma espécie de nome próprio, o uso de dialetos de assovios específicos por cada grupo, capacidade dos indivíduos comunicarem entre si conceitos abstratos, como provado em um experimento feito pelo Dr. Javis Bastian e capacidade de aprender vocalizações e repeti-las.

Igualmente notável é sua elevada inteligência emocional. A maior parte do tempo são alegres, brincalhões e afetuosos entre si, mesmo quando em cativeiro, tendo demonstrado sempre uma amizade especial pelos humanos. Possuem senso de humor, fazendo molecagens com peixes e aves marinhas somente para se divertirem.

Exibem estratégia, usando batedores para sondar pela primeira vez algo novo em seu caminho ou formando alianças entre seu grupo e um outro para enfrentar um terceiro com que têm algo em disputa. Decidem o que fazer usualmente por consenso, depois de demoradas interações entre os membros do grupo. Em interação com o Dr. John Lilly, um golfinho alterou a regra de um jogo de sons e, ao perceber que um assobio seu não estava sendo ouvido, baixou a freqüência do mesmo até se assegurar que a comunicação se havia estabelecido. A partir desse momento o golfinho guardou a faixa de escuta do Dr. e se manteve dentro dela até o final. Foi um caso singular de um animal fazer um experimento com um ser humano.

pic-2 A Ciência hoje se divide principalmente entre duas hipóteses para o surgimento das aves, uma que afirma terem elas descendido dos dinossauros e outra terem tanto elas quanto os dinossauros descendido de uma terceira forma, comum a ambas.

Entre as aves, várias espécies têm revelado comportamento inteligente. Dentre elas, escolhemos para nosso estudo o papagaio cinza africano (psittacus erithacus), espécie que vem sendo estudada há várias décadas pela Dra. Irene Maxine Pepperberg, da Universidade do Arizona.

Alex é o nome do simpático papagaio que vemos na foto ao lado. Ele é o papagaio cinza africano mais velho dentre os estudados pela Dra. Irene e por seus colaboradores. Alex aprendeu a responder a perguntas sobre mais de 100 objetos diferentes. Sabe designar corretamente cores, formas e números, utilizando tais conceitos com sentido e de forma combinada, lidando ao mesmo tempo com conceitos abstratos como o tamanho relativo e a noção de igual ou diferente. Sabe como e quando dizer “não”, “venha cá”, “eu quero <tal coisa>” e “quero ir a <tal lugar>”. Sua capacidade lingüística equivale à de uma criança de dois anos, ao passo que seu raciocínio na solução de problemas corresponde a uma de quatro, pelo menos. Como diz a Dra. Pepperberg, se Alex é incapaz de conversar como um ser humano, por outro lado consegue dizer com clareza o que deseja e responder corretamente a perguntas que lhe                                                                          fazem.

Chamamos a atenção dos leitores para o fato de Alex estar aprendendo a linguagem e os conceitos de uma espécie totalmente diferente da sua, uma espécie não apenas pertencente a outra ordem, como são os golfinhos em relação ao homem, mas a outra classe, feito que em muito valoriza os resultados por ele obtidos. Afinal, não se conhece humano algum que tenha sequer começado a se comunicar na linguagem de uma espécie próxima, quanto mais na de uma tão afastada.

pic-3Das espécies que escolhemos para comentar a que veremos agora é a mais próxima do ser humano. Estamos falando do amigável muriqui (Brachyteles Arachnoides), também chamado de mono carvoeiro, o maior primata das Américas, vivendo no que resta da outrora pujante Mata Atlântica e que hoje, infelizmente, encontra-se ameaçado de extinção. A primeira pesquisadora a estudar os muriquis foi a Dra. Karen Strier, da Universidade de Wisconsin-Madison, mas agora são vários os pesquisadores brasileiros que o fazem.

O Muriqui é uma espécie singular pela sua vida grupal pacífica, onde um grau de disputa mais elevado jamais ocorre. São animais extremamente carinhosos uns com os outros, sendo comum ver esses animais tocando-se ou se abraçando por poucos ou vários minutos, formando, às vezes, cachos onde vários deles se abraçam ao mesmo tempo, pendurados pelas caudas. A hierarquia entre eles não é baseada nem na força nem na idade, como em outras espécies, mas no grau de afetividade de que cada indivíduo é objeto. Fêmeas e machos têm peso e tamanho semelhantes, inexistindo qualquer forma de agressividade ou competição no comportamento sexual, que se mostra livre e respeitoso. A comunicação entre os muriquis parece ser rica e sofisticada, como evidencia um estudo conjunto feito pelos pesquisadores Francisco Mendes e César Ades, sob o patrocínio da Fapesp (Federação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Sem terem que usar qualquer estimulante ou psicotrópico, eles lograram formar a pura sociedade alternativa que a raça humana idealizou e jamais conseguiu realizar.

***

No Item 56 do Capítulo I da Segunda Parte de O Livro dos Médiuns lemos: “Com pequenas diferenças quanto às particularidades e exceção feita das modificações orgânicas exigidas pelo meio em o qual o ser tem que viver, a forma humana se nos depara entre os habitantes de todos os globos. Pelo menos, é o que dizem os Espíritos”.
 
Chama a atenção no texto acima a expressão cautelosa que o Codificador colocou ao final. Fica, no entanto, claro pela leitura, que Kardec entendia que o meio em que o ser tem que viver é fator condicionante da sua constituição física. Kardec, dotado que era de grande cultura, apurado raciocínio e aguçada intuição, devia pressupor existirem mundos de constituições físicas as mais diversas. Ora, em assim sendo, a afirmação de que a forma humana se mantinha, basicamente, entre os diversos mundos deve ter-lhe parecido, no mínimo, estranha. Estaria aí a justificativa da mencionada cautela?

Verificamos não ter o assunto sido objeto de nenhuma questão formal do Codificador aos Espíritos, tampouco o tendo sido de uma resposta assinada por algum dos assim chamados “expoentes da Codificação”. Fomos encontrar, apenas na Revista Espírita de março de 1858, uma outra afirmação de Kardec com base no que haviam dito os Espíritos sobre a questão. Trata-se do artigo intitulado “A Pluralidade dos Mundos”, onde lemos: “Chegamos, pois, por um simples raciocínio, que muitos outros fizeram antes de nós, a concluir pela pluralidade dos mundos, e esse raciocínio se encontra confirmado pela revelação dos Espíritos. Eles nos ensinam, com efeito, que todos esses mundos são habitados por seres corpóreos apropriados à constituição física de cada globo”. Se atentarmos para a última frase, veremos que ela coloca claramente como regra a mesma afirmação que, como consta em O Livro dos Médiuns, pode ser equivocadamente entendida como exceção a uma regra.

Viemos de apresentar exemplos concretos de espécies que evidenciam poder perfeitamente prosseguir em sua evolução sem sofrerem notáveis mudanças em sua constituição física e sutil. Transladados para mundos mais e mais evoluídos, enquanto concluem seu aprendizado no reino onde estagiam, chegará o dia, em que, inevitavelmente, estarão prontos para o ingresso no reino hominal. Nesse dia certamente haverá, dentre as inúmeras moradas existentes na casa do Pai, uma ao menos onde sua constituição física sutil se apresente como a de mais fácil adaptação para se moldar àquela que lá abriga a espécie humana.

Bibliografia

Blackstock, Regina. Dolphins and Man … Equals? (Golfinhos e Homens ... Iguais?). Obtido em fevereiro de 2003 de http://www.polaris.net/~rblacks/dolphins.htm

Davies, Gareth Huw. Maybe Birdbrains are in Fact Clever. (Talvez Cérebros de Passarinhos Sejam de Fato Inteligentes). Obtida em fevereiro de 2003 de  http://flatrock.org.nz/topics/animals/pigeon_spotting.htm

Fioravanti, Carlos. Macacos quase Falantes. Revista Pesquisa Fapesp, 20/03/2003. Obtida em março de 2003 de http://www.revistapesquisa.fapesp.br

Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns. 61 Ed. FEB, 1995.

_____, _____. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 105 Ed. FEB, 1991.
_____, _____. “A Pluralidade dos Mundos”. Revista Espírita, Março 1858. IDE, 1993.

Pepperberg, Irene Maxine. Cognitive and Communicative Abilities of Grey Parrots. – The Cognitive Animal. (Habilidades Cognitivas e Comunicativas de Papagaios Cinzas – O Animal Cognitivo). Obtida em janeiro de 2003 de http://grimpeur.tamu.edu/Phil320/tamu/parrot.pdf

Reinartz, Ulrich. Tursiopis Homepage. Obtida em fevereiro de 2003 de http://home.snafu.de/ulisses/tursiopis.htm.

Muriqui o Pacífico Cara Preta. Obtida em março de 2003 de http://www.omuriqui.hpg.ig.com.br/Portugues/comporta.htm.

Sociedade Alternativa dos Muriquis”. Ciência Hoje, vol 27, no. 162.

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História & Pesquisa

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas" -  Comitê Editorial da LIHPE)

Mesmerismo e Espiritismo, Jáder dos Reis Sampaio, Brasil

É muito usual nos centros espíritas falar-se que o passe tem suas origens em Mesmer, contar-se sobre a tina das convulsões e que o médico vienense magnetizava a água. Estes são alguns dos aspectos do trabalho do mesmo que foi bem mais amplo e que marcou profundamente a Doutrina Espírita, seja em sua terminologia, seja nos princípios teóricos nos quais se baseia a sua prática.

Formação de Mesmer. As opiniões sobre Franz Anton Mesmer (1734/1814) são controvertidas ainda hoje. Alguns o consideram charlatão, outros místico e biógrafos como Zweig são entusiastas em defender sua erudição e espírito científico, que afirma terem sido subvalorizados pelas instituições acadêmicas de sua época.

Sua formação intelectual foi ampla. Possuiu títulos acadêmicos em teologia, filosofia, direito e medicina. Prosseguiu estudando geologia, física, química, matemática, filosofia abstrata e música.

O Início da Clínica. Mesmer iniciou seu trabalho clínico com magnetismo por volta de 1774, quando tornou-se moda usarem-se ímãs como terapêutica para as doenças do corpo. Entre os métodos inicialmente adotados, Mesmer aplicava diretamente ímãs sobre regiões enfermas, friccionava-as, colocava ímãs em bolsinhas de couro para que seus pacientes as usassem no pescoço, magnetizava água, taças, espelhos, vestidos, instrumentos musicais e outros objetos por fricção. Procurou um meio de acumular a energia magnética e conduzi-la. Construiu então o "baquet", ou cuba da saúde, que viria a ser conhecido como a tina das convulsões. Era um grande tanque de água em que "duas garrafas cheias de água magnetizada correm convergentes para uma barra provida de pontas condutoras móveis, das quais os pacientes podem aplicar algumas nas regiões doentes." (ZWEIG, 1956. p.37)

Posteriormente o médico vienense abandonaria os ímãs e escreveria um tratado sobre o "magnetismo animal", onde atribuiria às suas próprias mãos o desprendimento de uma força que curaria os males orgânicos e impregnaria objetos. "De todos os corpos da natureza é o próprio homem que atua com mais eficácia sobre o homem."

No mesmo ano em que redigiu seus primeiros escritos sobre o magnetismo animal (1776) ele defendeu uma tese sobre a ação dos astros sobre o homem através de um éter primordial.

Mesmeromania. Um dos momentos importantes da clínica de Mesmer foi em Paris, na década de 80, quando o povo francês tomou-se daquilo que Zweig denomina "mesmeromania". As descrições dos biógrafos nos sugerem um misto de magnetização e misticismo. Mesmer montou três grandes cubas no seu pequeno hospital. Neste ambiente, tocava-se piano ou harmônio e Mesmer entrava na sala usando uma longa bata de seda lilás e carregando consigo um bastonete de ferro com o qual tocava as áreas afetadas dos pacientes. Enquanto caminhava pela câmara era freqüente o surgimento de convulsionários, principalmente no meio dos pacientes que se tratavam na cuba. É curioso destacar que os pacientes sob a ação do magnetizador eram chamados médiuns e o fato se deve à sua condição de meio de atuação do magnetismo animal.

 Convulsionários. Uma comissão científica composta por Lavoisier, Bailly, Jussieu, Guilhotin e Benjamim Franklin, pelo rei Luís, para pesquisar o fenômeno descreve os convulsionários como se vê:

"Uns se mostram tranqüilos; quietos e como enlevados; outros tossem, cospem, experimentam imensas dores, calor em todo o corpo e têm acessos de suor; outros são presas de convulsões extraordinárias em número, duração e força. Quando se manifestam em um deles, se transmite em seguida aos outros. A comissão as viu prolongarem-se por espaço de três horas, seguidas de expulsão pela boca de uma espécie de água turva e viscosa, devido à violência dos esforços. Observam-se nesses escarros algumas gotas de sangue.

Tais convulsões se caracterizam por irreprimíveis e repentinos movimentos dos membros e de todo o corpo, contrações na garganta, tremores na região abdominal (hipocôndrio) e na do estômago (epigástrio), perturbações e fixidez do olhar, gritos agudos, eructações, choros e acessos selvagens de riso. Seguem-se logo prolongados estados de cansaço e abatimento, languidez e prostração. O menor ruído inesperado os sobressalta em extremo e se tem observado que as mudanças de tom e compasso nas melodias que se interpretam ao piano influem nos enfermos, de modo que um crescendo os excita mais e aumenta a violência dos acessos nervosos.

Nada mais estranho do que o espetáculo dessas convulsões e quem não as viu não pode imaginá-las. Não pode também ninguém deixar de se surpreender ao ver, de uma parte, a calma perfeita de uma série de pacientes e, de outra a excitação dos restantes; os diversos incidentes que se produzem e a simpatia que reina entre eles; vêem-se enfermos que sorriem reciprocamente e conversam com grande delicadeza e afabilidade, o que abranda seus espasmos. Com sua força magnética Mesmer conserva-os subjugados e, se se acham num estado aparente de prostração, seu olhar e sua voz os reanimam num instante."

(ZWEIG, 1956. p.71)

Sonambulismo: Junto aos convulsionários houve um outro tipo de reação, a dos médiuns sonambúlicos. Estes caíam em um estado semelhante ao sono e eram passíveis de sugestões. Mesmer, entretanto, não deu o devido valor a este fenômeno, valor que só veio a ser dado pelo Marquês de Puységur. Puységur estudou os médiuns sonambúlicos (latim: ambulo = passear, andar; somnus = sono) e descreveu coisas importantes sobre eles, como a inexplicável capacidade que possuem de andar de olhos fechados por lugares perigosos sem caírem ou acidentarem-se. Falou de um "sens interieur" ou uma dupla vista (no inglês: second sight). Os médiuns sonambúlicos podiam responder perguntas e um aprofundamento em suas faculdades acabou evoluindo para as chamadas reuniões mediúnicas do início do século XIX. Estas reuniões traziam muitos elementos do Mesmerismo, como a "cadeia" de participantes, popularmente conhecida nos dias de hoje como "corrente" ou "fechar a corrente", que era a colocação das pessoas ao lado da cuba da saúde.

Sucessores de Mesmer: O trabalho de Mesmer desencadeou uma série de escolas que sucederam-no na tentativa de trabalhar com a ampla fenomenologia levada a público pela mesmeromania. Observam-se algumas tendências através do esquema abaixo:

1) Escola Fluidista. Explica os fenômenos pela exalação de uma substância nervosa corporal. Dos muitos ramos que esta escola possui podemos citar Deleuze, Reichembach, entre outros.

2) Escola Animista. Explica os fenômenos pela atuação da vontade sobre a consciência. Podemos citar os trabalhos de Barbarin (sugestão), James Braid (hipnose) e os desencadeados por eles como os de Charcot e Bernheim.

3) Escola Espiritualista. Explica os fenômenos pela ação de entidades extracorpóreas sobre a consciência. Podemos citar a Teosofia (Blavatsky) e o Espiritismo (Kardec).

Ressalva-se que as escolas não são mutuamente exclusivas, isto é, a explicação de uma escola não elimina a explicação de outras, embora alguns dos autores acima citados tivessem reduzido seu trabalho ao seu campo teórico e não dessem notícias dos outros.

O trabalho de Kardec cabe nas três classificações, uma vez que ele relativiza os fenômenos e atribui causas diferentes a fenômenos diferentes. A grande ênfase do seu trabalho, entretanto, reside no desenvolvimento da terceira hipótese, que ele desenvolve no sentido de diferenciá-la do seu objeto de trabalho e não buscando aprofundar-se nela.

 Mesmer em Kardec. As influências do mesmerismo na obra de Kardec são claras.

"Allan Kardec reconhece que o estudo do magnetismo despertou o seu interesse desde 1820; o que fez dizer a certos adversários do Espiritismo, como René Guenon, que os médiuns de Allan Kardec estavam hipnotizados pelo fundador do Espiritismo e que falavam segundo a vontade dele. (...) O magnetismo, escreve Kardec em 1858, preparou o caminho do Espiritismo e os rápidos progressos desta última doutrina são devidos, incontestavelmente, à vulgarização dos conhecimentos sobre a primeira. Dos fenômenos do magnetismo, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas, não há mais que um passo..."

(MOREIL, 1986. p.47)

Uma primeira influência é a da terminologia. Kardec "redefiniu" muitos termos do magnetismo. Muitos leitores do Espiritismo acreditam que ele criou as palavras, mas não é verdade: Kardec criou conceitos novos. Palavras como espírito e médium são anteriores ao codificador. O sentido atribuído a elas por Kardec é que é singular à Doutrina Espírita; são conceitos a partir dos quais ela se constitui.

Médium, para o mesmerismo, é a pessoa que se coloca sob a ação do magnetizador. Para Kardec, "todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos espíritos é, por este fato, médium." (Kardec, 1861. cap. XIV)

termo médium sonambúlico cabe também às duas ciências com acepções diferentes. Para o mesmerismo este seria qualquer pessoa que entra em estado sonambúlico mediante a aplicação do magnetismo. Em Kardec os médiuns sonambúlicos seriam apenas os sonâmbulos capazes de acusar a presença de espíritos e servirem como seus intérpretes ou intermediários. (Kardec, 1861. § 172 a 174)

A noção de um éter primordial está presente em "O Livro dos Espíritos" e em "A Gênese", ampliada e discutida com o nome de "Fluido Universal ou Fluido Cósmico". Em ambos Kardec também trata de temas como letargia, sonambulismo, dupla vista, convulsionários e outros temas importantes ao mesmerismo.

Há três mensagens atribuídas a Mesmer, publicadas na Revista Espírita (1864, p.303 e 1865, p. 153).

Kardec publicou diversos artigos sobre o magnetismo na Revista Espírita. Neles, Kardec faz assertivas como: "O Espiritismo liga-se ao magnetismo por laços íntimos, como ciências solidárias." Ou então: "Os espíritos sempre preconizaram o magnetismo, quer como meio de cura, quer como causa primeira de uma porção de coisas..." Kardec queixou-se dos ataques desfechados por adeptos do mesmerismo em sua época contra o Espiritismo, defendeu os magnetizadores e seu tratamento à base de toques e passes magnéticos, defendeu-os também contra ações judiciais movidas por pacientes insatisfeitos. Relatou o tratamento pelo hipnotismo e descreveu o caso de pacientes tratados por Braid e Broca e por outros acadêmicos da época.

A incorporação dos "passes magnéticos" e da "água magnetizada" ao movimento espírita, não é uma mera transposição de práticas, uma vez que Kardec estudou e propôs a ação e intervenção dos espíritos no tratamento magnético, ampliando a noção de fluido.

O conhecimento do Mesmerismo e de outras doutrinas contemporâneas a Kardec facilitam o estudo da obra do codificador e nos permite fazer leituras mais precisas. Obviamente, o sentido atual de magnetismo, postulado pela Física, difere bastante do sentido do magnetismo de Mesmer. Ignorar este aspecto é perder o sentido de muitas afirmações do codificador. Muitos enganos cometidos por leitores e comentaristas desavisados, e muitas vezes polemistas contumazes, seriam mais facilmente esclarecidos se conhecêssemos melhor as nossas raízes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

     BALZAC, Honoré. Úrsula Mirouët. A comédia humana. (3ª ed bras) Rio de Janeiro: Globo, 1955. v.5, cap.6. Primeira edição francesa em 1841.
CASTELLAN, Yvonne. La metapsíquica.
Buenos Aires, Editorial Paidós, 1955.
___________________ O Espiritismo.São Paulo: Saber Atual, 1961.
EDGE, H. et al. Foundations of parapsychology. London: Routledge & Kegan Paul Inc, 1986.
ESPECHIT, A. Aksakof versus Kardec.
Correio Fraterno do ABC. São Paulo, suplemento literário, fev 87, p.3, mar 87, p.1, abr 87, p.4, mai 87, p.4.
FARIA, Osmard A. O que é hipnotismo. São Paulo: Brasiliense, 1986.
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. (44ª ed. pop. bras.) Rio de Janeiro: FEB, 1978. Primeira edição francesa em 1857.
_____________ O livro dos médiuns.(40ª ed. bras.) Rio de Janeiro: FEB, 1978. Primeira edição francesa em 1861.
_____________ A gênese.(16ª ed. bras.) Rio de Janeiro: FEB, 1973. Primeira edição francesa em 1868.
KARDEC, Allan (Org.) Revista espírita.(1ª ed. bras.) São Paulo: EDICEL, 1986. Traduzido das edições francesas de 1858 a 1869.
MOREIL, André. Vida e obra de Allan Kardec. São Paulo, EDICEL, 1986.
WANTUIL, Zêus, THIESEN, Francisco. Allan Kardec. Rio de Janeiro: FEB, 1980. v.2.
ZWEIG, Stephan A cura pelo espírito. Rio de Janeiro: Delta, 1956.

Extraído de SAMPAIO, Jáder (org.) Doutrina Espírita, Cristianismo e História. Belo Horizonte: Publicação Autônoma, 1996.


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São Paulo 450 Anos - O Espiritismo na TV Tupi, Carlos Iglesia, Brasil

As gerações mais jovens, que cresceram navegando na Internet e com a comodidade dos canais por cabo ou por satélite, talvez não tenham idéia do que era a importância de uma emissora de televisão nas suas primeiras décadas. E menos idéia ainda do que significou para o Espiritismo sua presença na programação destas emissoras.

logotipo TV Tupi
Padrão de Ajuste da TV TUPI*

A transmissão regular de televisão começou no Brasil em 18 de setembro de 1950 com a inauguração da Televisão Tupi Difusora (TV TUPI) na capital paulista. Foi a realização de um sonho de Assis Chateaubriand (1892-1968), que assim trazia para o Brasil um novo meio de comunicação que já existia há algum tempo nos Estados Unidos.

A programação de 1951 era transmitida ao vivo, em branco e preto, para cerca de três mil receptores, muitos dos quais em locais publicos e disponibilizados pela própria Tupi. Em 1952 nasceu em São Paulo a segunda emissora da cidade, a TV Paulista, em 1953 veio a TV Record. Em 1961 nasceram a TV Excelsior e a TV Cultura. Em 1966 a TV Paulista encerra suas atividades e cede seu canal para a TV Globo. Em 1967 nasce a TV Bandeirantes. Estas seriam as emissoras que disputariam a prefência do telespectador nos anos 60 e 70.

O jornalismo surgiu quase que imediatamente na TV e no imaginário popular ainda perduram as recordações do "Repórter Esso" transmitido pela TV Tupi a partir de 1952.

Em 1953 chegou aos lares, através da TV Paulista, o "Circo do Arrelia", outro programa que faria época e que é inesquecivel para quem foi criança na São Paulo dos anos 50.

Com o desenvolvimento do Videotape no final da década de 50, e o seu uso na TV Tupi a partir de 1960, começou a segunda fase da história da televisão no Brasil. Os programas agora podiam ser gravados previamente e editados, findavam-se as limitações de tempo e distância. Pode-se considerar que esta fase se extendeu até o final dos anos 80, pois na década seguinte - nos anos 90 - os canais pagos entraram na disputa pelas preferências dos telespectadores.

A segunda fase é a era de ouro da televisão brasileira. As familias se reuniam ao redor do aparelho de televisão, normalmente um por residência, visto que na época ele era um eletrodoméstico caro. A luta pela audiência a qualquer preço não havia começado, assim a TV buscava principalmente entreter e educar. Diga-se de passagem que a familia mantinha suas estruturas tradicionais e foi em parte por influência da própria televisão, que possibilitava aos brasileiros acompanharem de perto as mudanças da sociedade americana, que as transformações de costumes ocorreram. Realmente era uma televisão muito diferente da que conhecemos hoje, bem menos violenta e com padrões de qualidade mais altos.

Em 1969, quando o homem pisa pela primeira vez na lua, é um mundo interligado por satélites que acompanha o evento ao vivo. Em 1972 é feita a a primeira transmissão em cores: A "Festa da Uva" de Caxias, Rio Grande do Sul.

É justamente neste período de ouro, em 1971, que por duas vezes a TV Tupi, Canal 4 de São Paulo, coloca no ar o programa de entrevistas "Pinga-Fogo" com Francisco Cândido Xavier. A audiência estimada do programa foi de cerca de 20 milhões de telespectadores.

O Pinga-Fogo era um popular programa de entrevistas, em que o entrevistado era sabatinado por todos os lados. Vinham perguntas da platéia, dos entrevistadores, dos convidados especiais e até dos telespectadores por telefone. O primeiro programa, de 28 de julho de 1971, se estendeu das onze e trinta da noite até as três horas da madrugada. Segundo o jornalista Marcel Souto Maior, em seu livro "As Vidas de Chico Xavier", nada menos que 200 telespectadores ligaram durante o programa e 75% dos televisores paulistas se mantiveram ligados até o final [MAIOR, 1994, pag. 172]. O mesmo jornalista informa que nas semanas seguintes o programa foi reprisado três vezes seguidas, na integra, a pedido dos telespectadores [MAIOR, 1994, pag. 176]. A segunda entrevista foi realizada com o mesmo sucesso em 12 de dezembro.

Com base no sucesso das entrevistas no Pinga-Fogo, é a mesma TV Tupi que em 1976 leva ao ar a novela de Ivani Ribeiro (1922-1995) "A Viagem", baseada na obra "E a Vida Continua" psicografada por Chico Xavier, do espírito André Luiz. Novamente em 1978 a TV Tupi voltaria ao tema da mediunidade e do Espiritismo com nova novela de Ivani Ribeiro, "O Profeta".

Se a história do Espiritismo brasileiro pode ser dividida em duas fases - antes e depois de Chico Xavier - a biografia de Chico pode ser dividida em antes e depois do "Pinga-Fogo" e das novelas da Tupi. Em 1971, Chico já era um médium consagrado nos meios espíritas e o Espiritismo uma corrente de pensamento respeitada na sociedade brasileira, mas foi com este programa de televisão que informações completas sobre eles chegaram as salas de milhões de lares. Lares que também acompanhariam, durante meses seguidos, as tramas de temática espírita de Ivani Ribeiro e se familiarizariam com a reencarnação, a comunicação mediunica e a lei de causa e efeito.

E o sucesso destes programas da TV Tupi abriu caminho para a Doutrina Espírita na televisão brasileira. E não seriam poucas vezes que o Espiritismo voltaria a ser tema de entrevistas, noticiários, novelas e programas de todos os tipos. Até mesmo os detratores da Doutrina, buscando pela televisão denegri-la, tem levado incontáveis telespectadores a procurarem maiores informações do que é esta Doutrina tão citada e com conceitos tão interessantes quanto a vida após a morte e a possibilidade da comunicação com os entes queridos que já fizeram a "grande viagem".

Um outro fenômeno, que precisa ser melhor estudado, e que possivelmente também deve muito a TV Tupi, é a penetração da Doutrina Espírita no meio artístico. Não são poucos os atores brasileiros que se declaram espíritas e simpatizantes do Espiritismo e não seria surpresa descobrir que seu primeiro contato com a Doutrina tenha sido em novelas ou programas de temática espírita.

Finalizando este artigo sobre a TV Tupi e o Espiritismo não poderiamos deixar de lembrar que ela também forneceu um veículo de comunicação para  campanhas assistênciais espíritas como mostra um trecho da entrevista com "Aparecida Conceição Ferreira", publicada na Folha Espírita de São Paulo de setembro de 1979, onde se fala do "Hospital do Fogo Selvagem" :

"Pedindo esmolas nas vias públicas e recorrendo aos meios de comunicação, sobretudo com a ajuda dos jornalistas Moacir Jorge e Saulo Gomes, este, através da extinta TV Tupi, e contando com o irrestrito apoio de Chico Xavier, Dona Cida ergueu o grande complexo hospitalar destinado ao tratamento da insidiosa enfermidade."

A TV Tupi encerrou suas atividades em julho de 1980, em meio a grandes dificuldades financeiras, com dividas, salários de funcionários atrasados e problemas com a Previdência. A concessão do canal 4 de São Paulo passou posteriormente para o SBT - Sistema Brasileiro de Televisão - que ainda existe.

http://www.tvcultura.com.br/aloescola/historia/cenasdoseculo/nacionais/tvtupi.htm

Referências Bibliográficas

A História da TV, http://www.tvgazeta.com.br/historia.htm, consultada em 16 de maio de 2004.
GOBI, I. Aparecida Conceição Ferreira. http://www.espiritismogi.com.br/entrevistas/aparecida.htm, consultada em 15 de maio de 2004.
KARAN, D. TV TUPI: A Pioneira. http://www.tvcultura.com.br/aloescola/historia/cenasdoseculo/nacionais/tvtupi.htm, consultada em 15 de maio de 2004.
MAIOR, M. S. As Vidas de Chico Xavier. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
SAMPAIO, M. F. História do Rádio e da Televisão no Brasil e no Mundo. Rio de Janeiro: Edições Achiamé Ltda, 1984
XAVIER, Dos Hippies aos Problemas do Mundo. 4ª edição. São Paulo: LAKE, 2003

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Questões e Comentários 


Sobre as Planárias e a Individualidade do Espírito, Ricardo Bastos, Brasil

Gostaria de uma explicação, à luz do espiritismo, para o que acontece com a planária! Pois como já li, todos nós fomos criados simples e ignorantes e que viemos evoluindo através de várias formas existente, neste orbe ou em outros e que somos seres individuais. Mas como explicar o caso da planária, que pegando um indivíduo dessa espécie e dividindo-o ao meio, em qualquer sentido, ele se torna dois indivíduos totalmente independente. Estou enviando abaixo um texto que explica esse caso biologicamente. Se ele é um unico indivíduo encarnado, como após ser cortado pode se tornar dois? Há uma encarnação de outro indivíduo imediatamente após a secção? Ou o que ocorre? 

"As planárias, representantes da Classe Rhabbditophora do Filo Platyhelminthes, são vermes planos, dulciaqüícolas e de vida livre. São geralmente encontradas nas margens de lagos e córregos.

Há muito tempo os biólogos perceberam que uma planária cujo corpo tivesse sido secionado, tanto transversal como longitudinalmente, regeneraria as partes perdidas, originando vermes completos. Este fenômeno ocorre porque quando uma planária é cortada ou ferida a epiderme adjacente se espalha sobre o ferimento e o sela. Uma massa de células não especializadas (neoblastos), chamada blastema, se forma por baixo da epiderme. Finalmente, as partes perdidas do corpo se diferenciam a partir das células no interior do blastema. De acordo com Ruppert e Barnes (1996) não há certeza quanto à origem do blastema, mas duas hipóteses são aceitas: 1) as suas células indiferenciadas podem surgir de células diferenciadas, tais como as células musculares, por meio de um processo de reversão da célula ao seu estado indiferenciado embrionário totipotente 2) a partir de um conjunto permanente de células indiferenciadas totipotentes, tais como os arqueócitos das esponjas ou as células intersticiais dos cnidários.

É interessante notar que as partes regeneradas já surgem com a forma padrão encontrada no animal íntegro, assemelhando-se a uma "miniatura" da parte original perdida. Com o decorrer do tempo, as regiões em regeneração crescem, atingindo as dimensões originais e proporcionais ao restante do corpo. Formam-se, portanto, dois novos organismos de tamanho e formato similares ao que lhe deu origem. " (Débora Preza, A Regeneração em Planárias, site http://www.ufba.br/~qualibio/074.html, consultado em  maio de 2004)

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Prezado amigo Ricardo Bastos,

Muito interessante a questão apresentada por você!  Minha resposta, com certeza, não esgota o assunto.

Segundo o Espiritismo existem dois elementos gerais no Universo criados por Deus: o princípio material (ou fluido universal) e o princípio inteligente.

Os diversos estados e condensações pelas quais passa o princípio material definem e compõem toda a matéria e toda a energia existente no Universo.

Todos os espíritos são individualizações do princípio inteligente. Mas nem na Codificação, nem nas obras complementares, há o detalhamento de como esse processo de individualização ocorre. Considerando-se a pouca informação que temos a respeito, podemos considerar que o ser só completa sua individualização quando passa a encarnar como ser humano (ou o equivalente em outros mundos). Assim, por exemplo, André Luiz diz que o espírito atinge o desenvolvimento do que chamamos de "pensamento contínuo"  quando ele passa a fazer parte da humanidade.

Como você diz em sua questão, " todos nós fomos criados simples e ignorantes; viemos evoluindo através de várias formas existentes, neste orbe ou em outros e que somos seres individuais", ou seja, o princípio inteligente passa pelas diversas formas vivas sofrendo um processo de individualização que o torna um "espírito".  Já que isso é tudo o que sabemos, não há como formular uma teoria completa da individualização.  O "COMO" e "QUANDO"  de cada etapa são pontos que aguardam novas informações e pesquisas para serem esclarecidos.

Em fontes não-espíritas (não tenho referências precisas) existe uma informação de que aquilo que André Luiz chama de "mônada fundamental" (em Evolução em Dois Mundos) se ligaria a mais de uma forma viva em seu processo de individualização. Porém, analisando a questão de um ponto de vista mais científico, não podemos considerar esta hipótese como válida pois não temos como testá-la ou verificá-la e muito menos os Espíritos superiores, na codificação, mencionaram a respeito. O máximo que eu penso que podemos dizer é que  o princípio inteligente, que está ligado a certos animais, está mais desenvolvido do que aquele que está ligado aos vegetais e seres unicelulares, por exemplo, mas ainda aqui estou fazendo uma extrapolação particular e que necessitaria de uma comprovação (pensando cientificamente).

Portanto, um evento que ocorre no mundo material, como o processo de regeneração/reprodução da planária não implica que deve existir a divisão de "princípio inteligente" ligado a mesma.

Por favor fique a vontade para questionar caso a minha resposta não tenha sido muito clara.

Um abraço fraterno,
Alexandre F. da Fonseca

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Painel

Estudos Espíritas na Internet

De autoria de André Bozetti, os cursos oferecem material em uma seção privativa, protegida por senha, do site da FERGS. Para obter acesso, o aluno deve registrar-se através de um formulário on line. O aluno receberá um certificado de participação ao final do curso. O EDE-Iniciantes resume o conteúdo das obras básicas da Doutrina Espírita. É uma introdução ao Espiritismo, apresentando de forma clara e objetiva os postulados doutrinários.

O segundo curso - Prece, mentalização, irradiação - é ministrado em quatro unidades de conteúdo, subdividida em vinte módulos. A previsão de duração do curso é de dez meses letivos ininterruptos.

O terceiro curso - Espiritismo, filosofia, ciência e religião - será ministrado em quatro unidades de conteúdo, subdivididas em vinte módulos. A previsão de duração do curso é de dez meses letivos ininterruptos.

Para mais informações e fazer o cadastro basta acessar o endereço: http://www.fergs.com.br/cursos/index.html

A Federação Espírita do Rio Grande do Sul (FERGS) está disponibilizando na Internet, desde o mês de março, cursos gratuítos sobre a Doutrina Espírita. São três cursos: "Estudos da Doutrina Espírita para Iniciantes (EDE)", "Prece, Mentalização, Irradiação" e "Espiritismo, Filosofia, Ciência e Religião".

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Grupo de Estudos Espíritas em Montevidéu, Uruguai

Estimados Senhores,
 
Tenho a satisfação de informar-lhes a criação de um grupo de estudos espíritas em Montevidéu, Uruguai. Agradeceria muito se pudessem divulgar estas informações nas publicações do GEAE em português e em espanhol:
 
1) reunião de estudo de O Evangelho segundo o Espiritismo - domingos, às 20 horas;
 2) reunião de estudo da Doutrina Espírita (aspectos morais, filosóficos e científicos) - quartas-feiras, às 20 horas.
 
Contacto: Simoni Privato Goidanich
Telefone: (5982) 712-0478
 
Muita paz,
Simoni

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Grupo de Apologética Espírita, Paulo da Silva Neto Sobrinho, Brasil

Caros Amigos,

Junto com um grupo de pessoas que, como nós, se propuseram a responder os ataques ao Espiritismo, criamos o site: http://apologetico.cjb.net/.
Faça-nos uma visita.
 
Abraços
Paulo Neto

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Hogar Infantil Remanso de Amor, Confederación Espírita Colombiana, Colombia

Amigos,

    Recebemos a mensagem abaixo através dos amigos Gustavo Ariza Guerra e Ismael Enrique Martínez Castillo. Infelizmente não conseguimos publicá-la a tempo  no Boletim para atender o prazo da votação indicada, mas a publicamos como uma forma de dar a conhecer o trabalho que a Federação Espírita Colombiana  realiza.

    Muita Paz,
    Carlos Iglesia




Apreciados Hermanos:

Nuestra obra Social Espirita necesita tu apoyo para poder seguir en la tarea del Bien. HOGAR INFANTIL REMANSO DE AMOR en Cartagena Colombia. http://www.remanso.org/ o http://www.remanso.org/ceeja/ ; Institución de la Confederación Espírita Colombiana.

Se les brinda educación gratuita a 90 niños de muy escasos recursos.(desayuno, clases de preescolar en la mañana y en la tarde, almuerzo, refrigerios, atención médica, entre otros beneficios). Todo eso sin ningún costo para ellos.

Tambien se desarrollan otras actividades de servicio a necesitados o carentes del sector

Nos puedes ayudar de la siguiente manera:

1. Entrando a esta direccion:  http://gente.conavi.com/Obra_Detalle.aspx?id=87 y votar colocando tu nombre y tu email.

2. Contarle a muchas personas, para que tambien entren esa dirección y voten o que te autoricen a votar y para ello es colocar el nombre de ellas y su correspondiente email.   Hay plazo hasta el 30 de abril de 2004.

Necesitamos tu voto y que por favor nos consigas otros mas.

En nombre de los niños del Hogar Infantil Remanso de Amor obra de Asistencia y Promoción Social Espirita del Centro de Estudios Espíritas Juana de Angelis, muchas gracias.

Por favor ayudenos a difundir este mensaje para poder alcanzar el apoyo de 30 millones de pesos para esta obra social y tambien para que la obra asistencia espirita sea reconocida a través de la TV, debido al seguimiento que se le realizará a la obra ganadora y por consiguiente es nuestra amada Doctrina Espírita la que va a recibir tambien Difusión.

Muchas paz en Jesús y confiamos siempre en la protección de nuestro amado Creador.

Gustavo Ariza

Coordinador Area Administrativa FEDERACIÓN ESPÍRITA DEL SUR COLOMBIANO Institución asociada a la Confederación Espírita Colombiana; la cual hace parte del Consejo Espírita Internacional

http://www.geocities.com/fedesur
http://www.geocities.com/confecol
http://www.spiritist.org

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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição/Cancelamento - inscricao-pt@geae.inf.br

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português - http://www.geae.inf.br/pt/boletins
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Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins