Boletim GEAE

Grupo de Estudos Avançados Espíritas

http://www.geae.inf.br

Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec

Ano 12 - Número 473 - 2004            6 de abril de 2004


Editorial

Felizes os que Promovem a Paz

Artigos

Milagres de Ordem Cósmica, Paulo da Silva Neto Sobrinho, Brasil

História & Pesquisa

Documentar é Preservar a História, Marcus V. Monteiro, Brasil

São Paulo 450 Anos - O Espiritismo na Imprensa Paulistana, Marcos Paulo Garcia, Brasil


Questões e Comentários

Como Morreu Allan Kardec?

Painel

III Encontro do GEAE, Raul Franzolin Neto, Brasil
1° Congresso Brasileiro de Pedagogia Espírita
Noite de Autógrafos, Jáder Sampaio, Brasil



Editorial


Felizes os que Promovem a Paz

"Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus", Jesus
(Mateus 5,9 - Bíblia de Jerusalem)

Em tempos como os nossos, em que desfilam pela midia os horrores do terrorismo e da violência em todos os quadrantes da vida social, mais necessário se faz que não percamos a esperança de dias melhores nem que deixemos de nos amparar na fé raciocinada. Fé que nos mostra como único caminho salvador a vivência dos ensinamentos de Jesus.

Ao contrário do que muitos pensan, os ensinamentos de Jesus não são simples coleção de máximas moralizantes, mas são verdadeiramente receitas de vida, que se seguidas levarão o individuo e a sociedade a novos patamares de progresso e de paz. E seguidas, dentro do próprio espírito evangélico, não de boca ou por convenções externas, mas como ações cotidianas direcionadas pelo amor a Deus e ao próximo.
 
Vendo irmãos nossos tombarem vitimas das armas homicidas - na pequena escala dos crimes registrados nas reportagens policiais cotidianas ou nos desesperadores eventos que afetam o mundo e são manchetes internacionais -  não podemos deixar de nos lembrar quanta  falta  fazem ao mundo os pacificadores, os Filhos de Deus, de quem Jesus se lembrou nas célebres bem-aventuranças.

O ciclo de violência que assola o mundo só pode ser contido pela prática do bem e do amor ao próximo.

Busquemos a Paz, promovamos a Paz, façamos a Paz acontecer, vivamos a Paz, sejamos Filhos de Deus!

Muita Paz,
Carlos Iglesia
Editor GEAE

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Artigos


Milagres de Ordem Cósmica, Paulo da Silva Neto Sobrinho, Brasil


A sabedoria do homem sagaz é descobrir o seu próprio caminho... (Pr 14,8).

Introdução

Os que estudam a Bíblia, sem se utilizar das conveniências dogmáticas, devem estranhar certos acontecimentos, cujos relatos fogem ao mais elementar senso de lógica. É assim que ficamos quando nos deparamos com as narrativas de dois fenômenos de ordem cosmológica, os quais se acredita serem “milagres” divinos.

Vejamos, então, duas extraordinárias ocorrências com o Sol. A primeira que o Sol parou, a segunda que a sombra voltou a um ponto anterior.

O Sol parou?

Diante dos amorreus Deus realiza um “milagre” fenomenal, fazendo com que o Sol ficasse parado, de tal sorte que a claridade do dia aumentou consideravelmente. Vejamos a narrativa:

Josué falou ao Senhor no dia em que ele entregou os amorreus nas mãos dos filhos de Israel, e disse em presença dos israelitas: “Sol, detém-te sobre Gabaon. E tu ó lua, sobre o vale de Ajalon”. E o Sol parou e a lua não se moveu até que o povo se vingou de seus inimigos. Isto acha-se escrito no Livro do Justo. O Sol parou no meio do céu, e não se apressou a pôr-se pelo espaço de quase um dia inteiro. Não houve, nem antes nem depois, um dia como aquele, em que o Senhor tenha obedecido à voz de um homem, porque o Senhor combatia por Israel.(Js 10, 12-14).

Supomos que quem fez todas as leis naturais deve ter pleno conhecimento do funcionamento delas, mas nesse caso será que isso acontece? Bom, é interessante como os dogmáticos não fazem a mínima questão de analisar os textos, apenas interpretam da maneira como aprenderam, de tal forma que erros teológicos do passado vão se perpetuando. Haverá de aparecer um “herético” para mudar esse estado de coisas. Nos candidatamos a essa função, já que não correremos mais o risco de alguém nos fazer abjurar isso publicamente sob pena de nos colocar numa fogueira ou “por piedade” nos dê a opção de tomar alguma bebida letal.

Quem redigiu o texto bíblico demonstra não possuir o mínimo de conhecimento da realidade cósmica. Observe-se que aqui fazemos questão de tirá-lo à conta de inspiração divina, pois se isso tivesse mesmo acontecido, o Sol poderia ficar parado para todo o sempre, que o dia não aumentaria sua claridade em um minuto sequer. Sabem por que? É bem simples, porque a lei natural que nos dá o ciclo dia e noite é o movimento de rotação da terra sobre o seu próprio eixo. Assim, para essa ocorrência, pouco importa a questão do Sol estar parado ou não.

E por mais que esse fato inverossímil pudesse mesmo ocorrer, ele fatalmente iria refletir em todo o globo terrestre, o que deixaria perplexos todos os povos do outro lado do hemisfério, aquele em que a noite, conseqüentemente, ficaria aumentada em sua duração. Será que um fenômeno tão extraordinário desse com repercussão mundial, não tenha sido registrado por mais ninguém, a não ser pelos hebreus?

Pasmem: “O dia em que Deus obedeceu a um homem”. Afirmamos: “Não houve, nem antes nem depois, nem nunca, um dia como aquele”.

A sombra voltou atrás?

Vejamos a outra narrativa desses fenômenos que estamos analisando:

Naquele tempo, Ezequias esteve doente, quase à morte. O profeta Isaías, filho de Amós, veio ter com ele e lhe disse: “Eis o que disse o Senhor: Põe em ordem a tua casa porque vais morrer, não te restabelecerás”. Então Ezequias voltou-se para a parede e se pôs a orar ao Senhor; “Senhor, disse ele, lembrai-vos de que tenho andado diante de vós com lealdade, de todo o coração segundo a vossa vontade”. E chorava abundantemente. Depois a palavra do Senhor foi dirigida a Isaías nestes termos: “Vai dizer a Ezequias; Eis o que diz o Senhor, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi tua oração e vi tuas lágrimas, prolongarei tua vida por quinze anos, livrar-te-ei, a ti e a esta cidade, das mãos do rei da Assíria. Protegerei esta cidade. E eis o sinal, da parte do Senhor, para convencer-te de que cumprirá a promessa: Farei a sombra recuar os dez graus que o Sol já lhe fez descer no relógio solar de Acaz”. E o sol voltou dez graus para trás. (Is 38,1-8; ver tb 2Rs 20, 1-11).

Ficamos estarrecidos diante de tanta injustiça, quantas pessoas, talvez até mais fiéis a Deus que Ezequias, não foram livradas da morte, apesar de terem implorado a Deus para que não morressem. Quantas mães virtuosas choraram a morte de seus filhos, porque Deus ficou insensível às suas orações? Será que o “Deus não faz acepção de pessoas” (At 10,34) foi deixado de lado?

Analisando o fenômeno, podemos supor, já que é a única coisa que nos resta fazer, que acreditavam que o Sol voltando um pouco faria com que a sombra também voltasse, o que justificaria o “milagre”, cujo objetivo era um sinal para provar a Ezequias que Deus faria o que tinha prometido. Entretanto, conforme explicação anterior, isso nada adiantaria a sombra continuaria avançando sempre pra frente obedecendo a lei cósmica irrevogável.

Resta-nos, na tentativa de salvar a narrativa, supor que então, talvez a Terra é que tenha voltado, já que é o único fato que faria a sombra retroceder. Mas o que aconteceria se isso viesse ocorrer? É fácil analisar as conseqüências. Vamos dar um exemplo. Suponhamos que tenhamos em nossas mãos uma bacia cheia de água e que, inicialmente, comecemos a caminhar, para ir, gradativamente, apertando o passo até que, em determinado momento, estamos a correr. Imagine a cena. Agora, imaginemos que fizéssemos uma parada brusca e, imediatamente, voltássemos a um ponto qualquer lá atrás. O que acontecerá com a água dentro da bacia? Faça uma comparação em relação à água do mar e tire as suas conclusões sobre o que aconteceria. Por outro lado, a força de gravidade que nos mantêm presos à terra deixaria de existir. Daí perguntamos: o que aconteceria conosco, seríamos lançados para o espaço?

Conclusão

O que será que acontece com as pessoas; o que as fazem abdicar do sagrado dever de usar a inteligência que Deus deu a cada um de nós? Digo sagrado dever, pois é ela que nos difere dos animais. Por que agimos com preguiça mental de estudar, analisar e de pesquisar, simplesmente aceitando tudo quanto nos passam como verdade sem o mínimo questionamento? Até quando iremos agir dessa forma? Não acham que já é hora de acordamos e caminharmos por nossas próprias pernas, em busca dos conhecimentos necessários para a nossa libertação definitiva do jugo dessa liderança religiosa, que só se preocupa com o seu “ganha-pão” (dízimo)? Já não passou do momento de entender Jesus na recomendação: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”? Não estaria Ele falando justamente disso que ocorre conosco, quando nos submetemos ao que nos dizem os outros?

A verdade, caros leitores, só a encontraremos quando questionarmos tudo, mas absolutamente tudo. “Examinai tudo, retende o que é bom” (1Ts 5,21). Os que ficam nos proibindo de ler isso ou aquilo, podem ter certeza, não estão com a verdade, já que a proibição é fruto do medo de que alguém descubra que ele não está com a verdade, que mais cedo ou mais tarde, inevitavelmente, aparecerá, para iluminar as consciências.

Paulo da Silva Neto Sobrinho

Referência bibliográfica:
Bíblia Sagrada. São Paulo; Ave Maria, 1989.

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História & Pesquisa

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas" -  Comitê Editorial da LIHPE)

Documentar é Preservar a História, Marcus V. Monteiro, Brasil

Centro de Documentação Espírita do Ceará, abreviadamente CDEC, fundado em 10 de dezembro de 1997, tem por finalidades, segundo seus Estatutos aprovados em 5 de junho de 1999:

I – promover e estimular, de forma democrática, a cultura e a pesquisa espírita em todos os seus aspectos: histórico, filosófico, científico e religioso, através de palestras, conferências, simpósios, seminários, congressos, exposições, dentre outros;

II – manter um periódico, denominado GAZETA ESPÍRITA de natureza doutrinária, filosófica e informativa e,

III – manter intercâmbio com seus congêneres de outros Estados em âmbito nacional ou internacional.

De sua fundação

Sua fundação (criação) foi inspirada em idéia do confrade e amigo Eduardo Carvalho Monteiro, de São Paulo, idealizador e coordenador do Centro de Documentação Espírita da USE. A data de sua fundação, é uma homenagem ao dia do aniversário de nascimento do cearense Manoel Vianna de Carvalho.

Formação inicial

Formado originalmente por Luciano Klein Filho, Marcus V. Monteiro, Milton Borges dos Santos e Ary Bezerra Leite, o CDEC tem visado, fundamentalmente, ao resgate da memória do Movimento Espírita Cearense. Nesse sentido vem obtendo documentos (atas, livros, jornais, revistas, fitas cassetes e de vídeo, estatutos, cartazes, etc.) de valor histórico.

Acervo atual

Dentre os muitos documentos obtidos, consta do acervo do CDEC:

Objetivos imediatos

Dentre os objetivos imediatos do CDEC, destacamos:

Preservando a História

Desde há muito o Movimento Espírita no Ceará ressentia-se de um organismo dedicado à preservação de sua História... Em Fortaleza, antes mesmo da primeira publicação de “O Livro dos Espíritos” (Paris, 18 de abril de 1857) já eram realizadas reuniões em torno do fenômeno mediúnico, entre pessoas da alta sociedade. Quem garante é o historiador e pesquisador espírita Luciano Klein Filho. Segundo pesquisa do mesmo no jornal “O Cearense”, já em 1853 (quatro anos antes do surgimento da palavra Espiritismo no mundo) se noticiava a realização de reuniões em torno do fenômeno mediúnico aqui mesmo em Fortaleza.

O jornal “O Cearense” do dia 02 de agosto de 1853, publicou uma notícia bombástica. Aqui em Fortaleza, capital da então província do Ceará, um insólito fenômeno chamou a atenção da população. Na casa do Sr. J. S. de V.(o jornal não declinou o nome do negociante, colocando-o em abreviatura, tratava-se do Sr. José Smith de Vasconcelos – Barão de Vasconcelos), negociante local, foi realizada uma experiência a fim de se atestar a veracidade das “mesas girantes”, que assombravam a Europa e a América. Estavam presentes, além do comerciante e sua esposa, os senhores Manuel Caetano Spinola, Antônio Paes da Cunha Mamede, Antônio Eugênio da Fonseca e Antônio Joaquim Barros. Conforme relato do periódico, a maioria desses experimentadores não acreditava na possibilidade de o fenômeno ocorrer, não obstante, posicionaram-se diante de uma mesa de quatro palmos:

"(...) Passaram-se sessenta minutos e já impacientes todos se queriam levantar; porém a pedido do Sr. J.S. de V. demoraram-se mais alguns minutos; quando a mesa oscilou ligeiramente da direita para a esquerda. Depois, houve um pequeno movimento de rotação para o mesmo lado, e nesta ocasião, os atores se puseram em pé; o movimento de lento que principiou, se tornou enérgico e afinal parou (...)”

Novos fenômenos se repetiram em várias localidades nesse mesmo ano e no seguinte, merecendo outras notas no referido jornal. Contudo, apesar do frisson causado, esses fatos não motivaram estudos mais sérios e ficaram no esquecimento.

Projeto – 1868

É o próprio Codificador quem nos dá a chave para a continuidade de nossos trabalhos, quando insere na Revista Espírita de dezembro de 1868, uma exposição de motivos sobre a “Constituição do Espiritismo”, mas sem os comentários que lhe ajuntara antes de morrer, e que foram publicados em “Obras Póstumas”. Entre as instituições acessórias e complementares da Comissão Central , preconizava Allan Kardec: “Um museu, onde serão reunidas as primeiras obras da arte espírita, os trabalhos mediúnicos mais notáveis, os retratos dos adeptos que tiverem muito mérito da causa pelo seu devotamento, os dos homens que o Espiritismo honra, embora estranhos à Doutrina, como benfeitores da Humanidade, grande gênios missionários do progresso, etc.”

Como colaborar

Se você, leitor, dispõe de algo que diga respeito ao Movimento Espírita no Ceará (fotos, cartazes, folhetos, cartas, fitas, disquetes, CDs, livros, ou simplesmente informações) entre em contato com o Centro de Documentação Espírita do Ceará, através de GAZETA ESPÍRITA, ajudando-nos a preservar a História do Espiritismo no Ceará.

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São Paulo 450 Anos - O Espiritismo na Imprensa Paulistana, Marcos Paulo Garcia, Brasil

A imprensa paulistana, possivelmente pelo interesse despertado em seus leitores, sempre deu espaço as notícias sobre o Espiritismo. Uma pesquisa no Arquivo do Estado de São Paulo - http://www.arquivoestado.sp.gov.br - revelou fatos interessantes, como o acompanhamento das eleições de diretorias de grupos espíritas na coluna "Movimento Associativo" do jornal "O Estado de São Paulo". Por exemplo, nela se publicou em 10 de fevereiro de 1915 a notícia da eleição de uma nova diretoria da "União Espírita do Estado de São Paulo" tendo o Dr. Augusto Militão Pacheco como presidente.

Também se publicavam informações sobre conferências - por exemplo em 23 de setembro de 1914 se noticiou uma conferência sobre "Ciências Ocultas" no salão nobre da "Associação Espírita do Estado de São Paulo" feita pelos palestrantes Henrique de Macedo e Raul Silva - e casos prosaicos como a detenção de um médium do "Centro Espírita Nossa Senhora da Aparecida" por exercício ilegal da medicina. Segundo o noticiário de 11 de outubro de 1939, a polícia encontrou um grande número de pessoas em frente ao prédio onde se localizava o centro, pois eram tantos os que procuravam as consultas que não cabiam nas suas dependências. O texto ainda informa que foi apreendido um cartaz que fixava em 5$ o preço das consultas e que o número de "clientes" atendidos diariamente era de 80.

Dentre as curiosidades encontradas no Arquivo do Estado está um artigo sobre Camille Flammarion, publicado na "Folha da Manhã" de 19 de agosto de 1925, que transcrevemos abaixo:


FENÔMENOS MISTERIOSOS

CASAS ASSOMBRADAS

Como Camillo Flammarion encarava os Fanstasmas que vivem a meter medo nas pessoas

Camillo Flammarion, o famoso astrônomo francês cuja morte a pouco se registrou, tratou no seu livro “Casas Encantadas”, de interessantes fenômenos aparentemente fantásticos, mas que estão fora de toda dúvida.

As “Casas Encantadas”, para Flammarion, não são um mito e sim uma realidade.

O leitor vai ler uma das manifestações mais notáveis que ele descreve no seu livro em que se evidencia o desejo de uma esposa querida de mostrar-se ao seu marido e aos seus amigos aqui da Terra.

Acampanhe o leitor conosco a leitura de Flammarion:
 
“O caso ocorreu na noite de 26 para 27 de abril de 1918, na casa nº13 da rua La Palle, em Cheburgo. A casa é de propriedade do Dr. Bonnefoy que era então médico chefe do hospital da Marinha. Eu estive lá em setembro de 1914, com minha esposa, minha secretária, senhorinha Renaudot, e nossa fiel cozinheira, a convite da senhora Bonnefoy.

A senhora Bonnefoy tinha para comigo uma verdadeira idolatria: chegou a colocar em sua casa uma placa comemorativa da minha estada.

Ao regressar ali em 1918, em nova temporada, a senhorinha Renaudot e a cozinheira viram coisas tão extraordinárias que lhes pedi que me descrevessem.

Devo fazer notar que minha secretária é uma mulher de grande instrução e cultura, que não é nada impressionável. A cozinheira que não possue o mesmo nivel intelectual, também sentiu os mesmo fenômenos.

Eis aqui a narração:

“Quando cheguei pela segunda vez a casa que havia sido a residência da senhora Bennefoy, foi-me designado o quarto onde ela tinha morrido e onde o Dr. Colecionava todas as recordações da sua primeira esposa. Na primeira noite não pude dormir. Passei a pensar em minha amiga defunta e a contemplar o seu retrato que pendia diante da cama numa parede.

A segunda noite, ou seja a 26 de abril, pensei em dormir bem, não me preocupando com as recordações.

Mas apenas havia dormido uma hora quando uma batida na porta me despertou. Fui abri-la e não encontrei ninguém. Depois as batidas continuaram na janela, nas paredes, bem distintas, inconfundiveis com os barulhos de ratos, gatos e quaisquer outros noturnos.

Acendi a luz e continuaram os ruidos, que agoram assemelhavam passos dentro do quarto. Logo depois, ouvi o ruido de uma pessoa que tira seus sapatos e o movimento da cama provocado por uma pessoa que nela se encosta. Levantei-me não mais podendo dormir.

No dia seguinte levei a cozinheira para o meu quarto. E as duas da madrugada repetiram-se os barulhos, com maior intensidade, precisamente atras do retrato da senhora Bonnefoy. Parecia que alguém se agitava dentro dele. Logo se ouviu o ruido de uma pessoa que salta do alto.

Parece pois que a senhora Bonnefoy usou do seu retrato como porta de entrada a residência do seu esposo, aonde se manifestava a amigos queridos.”

Eis aqui outro caso contado por Elen Webler, intima de Flammarion:

“No verão de 1874, mudamo-nos para a residência onde até hoje vivemos, 106, High Street, Oxford. Escolhemos um quarto do andar térreo para o dormitório. Na primeira noite não pudemos dormir: uma sensação de terror, de algo invísivel que caia do teto, se apoderou de mim de tal sorte que as duas da madrugada tive que levantar-me e não mais deitei.

A mesma sensação repetiu-se nas noites posteriores, fiquei doente com a falta de dormir. Transladada para Cambridge, prontamente recuperei a saúde enquanto me chegava a notícia de que logo após minha saída, o teto do quarto desmoronou esmagando-me a cama. E então fiquei certa de que tudo foi um aviso para minha salvação.”

O referido livro de Flammarion esta cheio de narrações como essas. Como homem da ciência e investigador psiquico, o grande francês tinha a convicção de que os fantasmas não são mais do que materializações de efluvios individuais que se impregnam nos lugares e as coisas que vivem em contato conosco.

Como a voz registrada num gramofone perdura e sobrevive à morte do seu autor, tais pensamentos também ficam em tudo que nos rodeia e quando uma pessoa subil e sensitiva os interpreta surge o fenômeno. A doutrina de Paracello e Jacob Bohne ja nos diz que “aonde quer que passemos algo de nosso deixamos”.

E Flammarion indica, como Bozzano, que a analogia é completa e que nenhuma consideração cientifica pode opor-se a teoria de que a matéria inerte possua propriedades idênticas às da substancias vivas.

DOCUMENTO: Folha da Manhã – 19 de agosto de 1925.
CÓDIGO: 04/244 – Folha da Manhã – 1925
ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO

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Questões e Comentários 

Como Morreu Allan Kardec?

(Perguntas encaminhadas por uma amiga evangélica)

Gostaria de saber como morreu Allan Kardec ? Fiquei sabendo que ele suicidou, e não morreu por aneurisma como vcs dizem. Me informe disso, mas me dê referencias bibliográficas.

O neto de Allan Kardec esteve na minha cidade falando sobre o espiritismo. Ele é um pastor e se converteu a muitos anos. Porque espiritas viram evangélicos e evangélicos não viram espiritas? Porque os espíritas ajudam as pessoas carentes se as mesmas pagam "carmas"? Nõa seria melhor deixá-las pagando seus pecados. Se seu deus permitiu assim...

_______________________________________________________

Cara Amiga,

Há uma obra extraordinária de Zeus Wantuil e de Francisco Thiesen sobre Allan Kardec - com o nome dele como título - e nela se estudam não só sua biografia como as informações existentes sobre ela. Lendo esta obra você poderá constatar que a causa da morte foi um aneurisma.

Deve-se notar também que Allan Kardec era uma pessoa eminente em sua época, não só seu trabalho pedagógico tinha lhe granjeado grande renome como educador - em seu nome próprio de Hippolyte Léon Denizard Rivail - como a Codificação Espírita  teve grande repercussão. Eram amigos de Kardec personalidades de renome na sociedade francesa e dificilmente um suicidio passaria despercebido e não geraria um grande escândalo na imprensa contrária as teses espíritas. Assim a estória do suicidio realmente não tem o menor fundamento.

Quanto ao "neto" de Kardec o que posso dizer-lhe é que - por todos os dados biográficos existentes - ele não teve filhos, e portanto nem netos! Há notícias no livro de Wantuil de um certo "Marcel Kardec" que pelos anos trinta do século passado se dizia neto de Kardec (seu nome verdadeiro era Louis Henri Ferdinand Dulier), não sei se é o mesmo que você cita ...

A palavra Karma - no lugar da qual normalmente os espíritas preferem usar "lei de ação e reação" - tem sua origem na India Védica e significa "Ação". Nas filosofias da India, principalmente no Vedanta e no Budismo, ela traz a idéia de que existe uma ordenação moral no Universo. Todos os nossos atos tem efeitos e recebemos a reação destes efeitos. Se praticamos o bem temos o bem como retorno, se praticamos o mal sofremos com os resultados desfavoráveis que advem de nossas ações. Bem, neste sentido, é o que traz felicidade ao próximo, mal o que traz infelicidade. Em resumo, o nosso hoje é resultado do nosso ontem e o nosso amanhã depende do que fizermos hoje.

Existe o "Karma" individual e o coletivo. Agrupamentos sociais recebem o retorno de suas ações da mesma forma que os individuos. Vivemos em um mundo de relações e somos assim interdependentes. Se uma pessoa sofre "hoje" por seu "karma" e somos colocados em situação de poder ajudá-la isto - em um caso muito comum - significa que de alguma forma contribuimos para a sua situação atual e é nossa obrigação ajudá-la a sair dela ou a minimizar suas dores. Os filósofos hindus tem até uma palavra para isso, Dharma, que pode ser traduzida por "dever". Cada pessoa em face de suas ações passadas contabiliza um certo "karma" que se reflete em sua situação presente e um "dharma" que corresponde ao melhor aproveitamento que pode ter delas.

Entenda que o "karma" - no sentido da colheita das ações passadas - não é necessariamente negativo.  Uma pessoa, em virtude de seus esforços em direção ao bem, colhe em retorno paz de espírito e situações de felicidade cada vez maior.

A interpretação espírita não é muito diferente, e assim, nós, espíritas ajudamos as pessoas carentes porque acreditamos ser nossa obrigação ajudar na construção de um mundo melhor, onde o ensinamento de Jesus de "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo", seja efetivamente praticado.

Isto é basicamente o que Jesus ensinou quando disse que "a cada um segundo suas obras" e que também pouco valia ficar clamando "Jesus, Jesus ..." e não seguir suas orientações.

Eu pessoalmente não conheço as estatisticas sobre as mudanças de filiação religiosa, que na realidade não importam muito. O principal é que cada pessoa siga a religião que mais se afine com o seu modo de ser e que a pratique com toda sinceridade, pois todas as religiões são caminhos diferentes que levam ao mesmo destino: Deus.
 
Naturalmente a afirmativa de que evangélicos não viram espíritas não é exata, conheço alguns que fizeram esta transição, da mesma forma que conheço os que fizeram o caminho inverso ;-)

Muita Paz,
Carlos Iglesia

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Painel


III Encontro do GEAE, Raul Franzolin Neto, Brasil

Caros amigos,

Realizamos nosso III Encontro do GEAE com sucesso no sábado, dia 06/03/2004, em são Paulo. Eu e o Carlos, participamos como representantes do GEAE e o Milton Bonfante representando a Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas. Foi um encontro muito agradável e produtivo com visita ao Museu Espírita acompanhados pelo seu Diretor, Dr. Paulo Toledo Machado e sua esposa.

Conversamos sobre o histórico do GEAE, sua formação, importância, continuidade até os dias de hoje e perspectivas para o futuro. Ressaltamos que o GEAE só existe graças ao imprescíndivel trabalho de muita gente, amigos que trabalharam e trabalham direta e indiretamente, e sobretudo, a muitos amigos do plano espiritual que nos assistem e nos orientam. Dessa forma, a participação integrada dos editores foi fundamental para o avanço do grupo, mantando-se sempre um ambiente de dedicação, seriedade, responsabilidade e humildade, o que certamente, tem repassado em todas nossas ações nos Boletins, mensagens, material disponível na página, etc.

A integração do GEAE com outros grupos com a participação direta ficou definida como sendo uma ótima ação com a finalidade de desenvolvimento de novos rumos com agregação de valores altamente produtivos no trabalho do GEAE.

Assim, como primeira iniciativa, estaremos colaborando diretamente com a Liga de Historiadores desenvolvendo palestras em suas reuniões e definindo nossa participação no Encontro da Liga que será realizado em Belo Horizonte-MG em setembro próximo. Portanto, a participação do Milton foi muito na nossa reunião foi fundamental para o GEAE.

Finalmente, queremos agradecer em nome do GEAE, ao colega Milton pela gentileza da sua presença e como incentivador de todo o trabalho do GEAE e também aos colegas espíritas, fundadores e dirigentes, do Museu Espírita, que se trata de um marco mundial e representante na história do Espiritismo, o qual desenvolverá um papel fundamental com a colaboração crescente de espíritas do mundo todo.

Ainda, tive a satisfação e alegria de ser acompanhado pela minha esposa, Clélia de Godoy que também freqüenta o Centro Espírita Obreiros do Bem" no qual sou Presidente e de meu filho, Gustavo Franzolin. Tudo isso comsidero como comemoração de meu aniversário que acontece no dia de hoje.

Um abraço a todos,
Raul Franzolin Neto - 08/03/2004

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1° Congresso Brasileiro de Pedagogia Espírita

Idéais, escolas e projetos

 A pedagogia espírita nasceu no Brasil com Eurípedes Barsanulfo, ao fundar o Colégio Allan Kardec, em Sacramento, MG, no início do século XX. Passados 100 anos, muitos deram suas contribuições teóricas e práticas ao desenvolvimento desta pedagogia. A pedagogia espírita não é uma pedadogia sectária, mas uma pedagogia que aborda o ser humano integralmente, visto também em sua dimensão espiritual. Esse Congresso pretende ser um marco histórico. Nele serão discutidas as idéias, as escolas que já existiram e as que estão funcionando atualmente e os projetos para o futuro da proposta espírita de educação.

Programa:

quinta-feira-10/06

Recepção
18 horas
Abertura 19 horas
Coral das crianças Pestalozzi  
Conferência Prof. Ney Lobo
Conferência Profª Drª. Dora Incontri
O que é Pedagogia Espírita
HOMENAGEM A KARDEC - 200 anos
Campanha Associação de Educadores Espíritas
Prof.ªVera Gonzaga, Prof.ª Kátia del Giorno e Prof.ª Carla Teresa Soares Andrade
 

sexta-feira –11/06


Idéias e Personalidades
8:30 às 9:45: Conferência: Educação e Espiritualidade
Prof. Dr. Regis de Moraes (Unicamp-Puccamp)
Intervalo
10:00 às 11:45: Mesa redonda
Comenius, Rousseau, Pestalozzi, Rivail
Profª Drª. Therezinha Colicchio (USP) Profª Drª. Dora Incontri (USP)
Profª Drª. Priscila Nacarato (USP), Prof. Luis Colombo (Facamp)
e Prof. Alessandro Bigheto (Unicamp)
11:45 às 12:30 Debates - Mediador: Dr. José Nilson Nunes Freire
 
12:30 às 14:00 Almoço
 
14:00 às 15:30: Exposição e debate
Anália Franco, Vinicius e Herculano Pires
Prof. Eduardo Carvalho Monteiro,
Profª Clarice Sanchez e Profª Drª.Dora Incontri (USP)
16:00 às 18:30 – Comunicações e Painéis
 
18:30 às 20:00 – Jantar
20:00 às 22:00 –Workshops
Ney Lobo – A escola espírita
Dora Incontri e Alessandro Bigheto - Ética, Filosofia e Ensino Inter-religioso
Luis Colombo - Comenius e o cyberespaço
Heloísa Pires – A contribuição de Herculano Pires
Rita Foelker  - Filosofia espírita para crianças
Adalgiza Balieiro – Organização social e educação
Arimar Martins – A Inclusão dos deficientes

  sábado –12/06

Práticas e escolas
8:30 às 9:45: Mesa redonda
A criança deficiente e a abordagem Espírita
Profª. Heloísa Pires,
Profª. Nancy Puhlmann,
Intervalo
10:00 às 11:45: Mesa redonda
Escolas espíritas
Profª Adalgiza Balieiro (Escola Interativa – Ribeirão Preto)
Prof. Jurandir Bittencourt Leres (Escola Evolução – Jacareí)
Profª. Vilma Guimarães (Associação Pró-Educação espírita do Distrito Federal)
11:45 às 12:30 Debates – Mediador Dr. Caetano de Santis Bastos
 
12:30 às 14:00 Almoço
 
14:00 às 15:30: Exposição e debate
Eurípedes Barsanulfo e o casal Novelino
Prof. Alessandro Bigueto e Dr. Cleber Novelino
16:00 às 18:00 – Comunicações e Painéis

18:30 às 20:30 – Encerramento
Projeto Universidade do Espírito
Dr. Sergio Felipe de Oliveira
Resumos e conclusões
Prof. Ney Lobo
Profª Drª. Dora Incontri

LOCAL : UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA – Santos
R. Cesário Mota, 8 – Boqueirão
Insrições : Até o dia 30 de abril: 20 reais
Até o dia 31 de maio: 30 reais
Até o dia da abertura: 50 reais
Estudantes: 50% de desconto
Aceitamos trabalhos para painéis e comunicações sobre os temas do congresso.

Inscrições e informações: Telefones: (13) 3467 5648 – (11) 4032 8515
Ou ainda pelos e-mails:
pedagogiaespirita@uol.com.br
Hotéis, transporte, pacotes : RW Viagens e Turismo : (11) 3667 3506 – (11) 3661 3026 -
rwturismo@uol.com.br

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Noite de Autógrafos, Jáder Sampaio, Brasil

No dia 15 de abril às 20 horas, haverá uma noite de autógrafos na Bienal do Livro de São Paulo para a divulgação do livro "O Aspecto Científico do Sobrenatural", de Alfred Russel Wallace. O evento será promovido pelo editor e o Jáder nos enviou o aviso convidando a todos para participarem.

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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição/Cancelamento - inscricao-pt@geae.inf.br

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português - http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" - http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins