Boletim GEAE

Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec

Ano 12 - Número 471 - 2004            24 de fevereiro de 2004


Editorial

A Lei do Amor, Raul Franzolin Neto

Artigos

Em Defesa da Vida – Alguns Argumentos contra a Prática do ABORTO IV, Rubens Santini, Brasil
Pureza Espiritual - O Grau Máximo do Espírito, Marco Milani, Brasil

História & Pesquisa

Chico Xavier: O Homem Futuro III, J. Herculano Pires

São Paulo 450 Anos - Ata de uma sessão de efeitos físicos


Questões e Comentários

Respostas sobre "Desdobramento" e "Espírito Velho", Pedro Vieira, Brasil
Resposta sobre "Espírito Velho", Alexandre Fontes da Fonseca, Estados Unidos
Dúvida sobre Questão 165 do Livro dos Espíritos, Alexandre Almeida, Brasil
Sobre Trabalho Mediúnico, Ligia Penninch, Brasil

Painel

Psicodigitação - A Psicografia na era do Computador, Carlos Iglesia, Brasil
Curso de Filosofia Espírita, Percy Vieira, Brasil


Editorial


A Lei do Amor, Raul Franzolin Neto


Um dos pontos mais relevantes a ser entendido sobre a vida é a Lei do Amor. Todo mundo fala, pensa e vive de amor. Cristo disse: "ame ao próximo como a si mesmo; amai vossos inimigos". As religiões certamente garantem que o amor é o caminho do céu, onde todos vivem felizes. O contrário, o ódio é rumo certo para o inferno, lugar de trevas. Uma pessoa muito feliz se encontra em estado de amor.  Muitas vezes encontra o amor em outra pessoa. É a paixão explodindo em seu coração. De repente tudo parece mudar. Será que o amor tem fim? Há um limite e um tempo para amar? Não, amor existe no ser humano e em todas as coisas na natureza. Um rio, uma mata, um animal, uma nuvem, uma chuva, um objeto, etc, etc. Mas as formas de amar são infinitamente diferentes de um ser para outro. Há pessoas que amam sensivelmente outras pessoas, enquanto outras as odeiam. Para uns uma borboleta pode não significar nada, para outros há um envolvimento essencialmente amoroso. Isso observamos em tudo. Como definir o certo e o errado nisso tudo? Não me atrevo jamais a tentar responder uma questão dessa
complexidade. Mas usar nossa razão em qualquer situação pode ser útil.

Realmente o amor é sentimento ímpar. Algo inimaginável, surpreendente, muito acima de tudo o que podemos sentir no momento. A própria vida, essência de tudo, não seria possível caso Deus não houvesse definido a Lei do Amor. Em cada ser espiritual, o Criador inclui a centelha do amor capaz de promover o equilíbrio necessário à manutenção da harmonia universal em todos os sentidos. Isso permite a cada um viver rumo ao infinito caminho da evolução do bem comum. Rumo a felicidade eterna, e conseqüentemente, a manutenção da organização celestial em torno da vida. Nesse caminho, a cada dia, aperfeiçoamos o amor e atingimos momentos felizes. Amor e felicidade caminham juntos. Amor é a causa, felicidade o efeito. Ninguém é infeliz por natureza. A infelicidade momentânea é processo doloroso, sofrimento árduo, que só o amor é capaz de libertá-lo. Amor é solidariedade, fraternidade.  É a verdadeira caridade. Com seu aprimoramento, os laços de afinidades se unem e os momentos felizes se tornam mais e maiores.

Sem esse processo, se pudesse existir uma sociedade com a ausência total da centelha do amor, ou seja, uma comunidade existindo sob a Lei do ódio, egoísmo, vaidade, onde os mais fortes predominariam sobre os mais fracos, tudo caminharia para a destruição, o caos e o nada. Mesmo em locais onde habitam espíritos de níveis de evolução muito inferiores, há a atuação de espíritos de ordem mais avançada no gerenciamento da existência da vida. A centelha do amor presente em todo o universo é, portanto, fruto da perfeição da criação Divina.

Com a formação do Espírito, Deus o torna parte da sua criação universal e recebe a chama do próprio Criador (O AMOR), para trabalhar na construção da vida, gerando a harmonia, o equilíbrio e a adequada Lei da Existência. Cabe a ele se desenvolver, ao longo de uma caminhada infinita, contribuindo com o Criador no arranjo das necessidades para o aprimoramento rumo a perfeição. Mas muito grande é essa jornada e graças a Lei do amor é possível crescer numa velocidade conforme a sua própria vontade, ou seja, seu próprio livre-arbítrio. Quanto mais se avança na evolução espiritual, mais aumenta a sua participação no equilíbrio da criação e maior é o convívio num ambiente feliz. Isso significa conforto e satisfação pessoal cada vez maior.

A Lei do amor é, portanto, a essência de tudo. Como tirar o melhor proveito dessa Lei? É preciso um esforço indescritível de cada um no seu aprimoramento pessoal, buscando amar a todas as coisas. "Conhece-te a ti mesmo". É o diagnóstico do Ser. Como estou? O que desejo? Sou o que sou, melhor do que fui e serei melhor do que sou. O tamanho do passo seguinte depende do passo anterior...

Raul Franzolin Neto
Editor GEAE

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Artigos

Em Defesa da Vida – Alguns Argumentos contra a Prática do ABORTO IV, Rubens Santini, Brasil

No astral inferior: O Vale da Revolta 7

“À medida que nos aproximávamos do Vale,a vibração ia caindo. Era sufocante. Andávamos com dificuldade. Uma neblina enfeiava a paisagem. (...) Pelas ruas encontramos mulheres correndo como loucas, com os cabelos em desalinho. Estavam grávidas e víamos o feto como se galopasse dentro dos seus ventres.

O mau cheiro era terrível e o nosso caminhar muito penoso. (...) Assim era aquela vila: moradia de mentes perturbadas, cujos perispiritos eram compostos de toxinas, formando uma crosta ácida e viscosa, que os alucinava.

Passávamos por eles, mas não éramos percebidos. Nossa equipe orava em silêncio. Quando pude falar, perguntei:

- Este Vale é composto só de aborteiros?

- Sim, e de algumas mulheres e homens que, sem piedade, abusaram do direito de possuir um corpo físico.

- Mas é terrível este lugar! Igual a este só o Vale dos Suicidas.

- Tem razão, Sérgio, são os mais tenebrosos lugares do astral inferior, decorrentes dos crimes contra a vida. Os aborteiros são os piores inimigos da vida, cruéis exterminadores dos sonhos daqueles que aspiram a reencarnar. (...)”


(Em sua maior parte, os aborteiros tinham o perispirito envoltos por Espíritos obsessores - fetos que foram por eles abortados - causando uma grande deformação em seu corpo, deixando-o todo gelatinoso).


“Nisso, avistamos Leocádio. Era uma larva humana e junto a ele vários rostos deformados. Leocádio xingava demais. Era bem visível em sua fisionomia as torturas que sofrera, mas mesmo assim não parava de esbravejar:


- Se preciso for, voltarei a matá-los, a todos, seus fetos imundos! Deixem-me em paz, estou cansado de tê-los junto a mim!


Ísis, aproximando-se de Leocádio, foi chamando pelo nome um por um dos abortados e eles foram se desprendendo da massa gelatinosa, como quando se joga inseticida numa planta e caem os parasitas. Assim também foram caindo sobre o aparelho que Ísis tinha nas mãos. Ela conseguiu retirar de Leocádio uns 20 Espíritos, que Ísis fez adormecer com amor.


Leocádio, com voz orgulhosa, falou:


- Obrigada colega. Agora, ajude-me a voltar a ter um corpo humano. Não sei por que Deus permitiu que esses fetos imundos me atormetassem tanto. Só fiz o que os pais me pediram, nada mais. Sou um profissional, montei uma das melhores clínicas abortivas, na Grande São Paulo, dando todo conforto à gestante. Não acha mais nobre tirarmos as mulheres das mãos das curiosas aborteiras? Na clínica, a mulher recebe toda assistência, o que não acontece em casa de curiosas. Agora, não sei por quê, vejo-me junto a esses fetos mal cheirosos. Eu, o doutor Leocádio, eminente médico brasileiro.


- Irmão, como médicos, temos por dever lutar pela vida e o irmão, quando escolheu a sua profissão de médico, bem sabia que teria de consagrar o seu trabalho à saúde e ao prolongamento da vida física de seus pacientes. Interromper uma gravidez ‚ extinguir vida humana em sua fase embrionária, é tolher o plano divino, que prepara as almas para cumprir sua etapa no mundo físico.


- Pensei que fosse médica, mas pelo visto ‚ mais uma fanática religiosa.


- Engana-se, irmão, sou uma filha de Deus que se esforça para servir a todos os que de mim precisam.


- Deixemos de conversa e me ajude. Quero só a forma humana.


- Sobre isso eu nada posso fazer, o seu corpo está deformado pelo ódio no seu coração, e ele é o seu cirurgião plástico. Por enquanto, o irmão não tem condição de moldar um novo corpo humano. Até lá, será prisioneiro dessas horríveis deformações perispirituais. Não será Deus, nem seremos nós, os médicos mensageiros, que iremos livrá-lhe dessas lesões perispirituais. O seu corpo verdadeiro, o criado por Deus, está latente dentro dessas deformações. Só depende do seu coração ressuscitá-lo.


- Mas eu não suporto mais esse sofrimento...


- A quantos Espíritos o irmão negou um corpo? Por isso hoje o seu é esta massa gelatinosa, composta de fluídos repugnantes. Se ficar livre do orgulho, os fluídos divinos logo o envolverão.

Visão materialista da medicina 8

“Grande parte da sociedade na Terra é preconceituosa e cega ante a realidade espiritual e, apoiada por uma facção da medicina materialista, houve por bem apoiar o aborto quando, pelos aparelhos sofisticados já existentes, detecta que a criança que é portadora de doença congênitas, deficiências físicas e mentais, dever ter sua vida interrompida.

No entanto, se esquece de que tais deformidade fazem parte de programação superior para a reencarnação, para o devido reajuste das almas, na escola terrena, sem a qual, os homens não serão libertos dos débitos criados por eles próprios em vidas passadas.

É preferível reencarnar em tais situações extremamente constrangedores e quitar débitos para o crescimento espiritual, a permanecer em regiões próximas da Terra, revendo dívidas que não só aterrorizam o Espírito, como também evidenciam o quanto ele está distante da liberdade de consciência e felicidade”.

“O jovem, ao se drogar, está em busca de algo; a mulher, ao abortar, julga livrar-se de algo que a atrapalha. Ambos são doentes precisando de amor e esclarecimentos. (...) Precisamos auxiliar o encarnado para que ele não dê trabalho quando desencarnar. Os Espíritos ajudam os homens a conquistar a paz do seu próximo e os homens cooperam com os Espíritos com suas preces e com seu trabalho em prol dos Espíritos doentes”.(8)

Código Penal e o Aborto 9

O Código Penal Brasileiro, em sua parte especial, inclui o aborto entre os crimes contra a pessoa, entre os crimes contra a vida, cap. I, artigo 124 a 128. “Só é permitido o aborto quando não há outro meio de salvar a vida da gestante (o aborto terapêutico ou necessário) e se a gravidez resulta de estupro (aborto moral). Nesses casos o aborto só é feito com o consentimento da vítima ou de seu representante legal, na hipótese de incapacidade daquela para opinar.”

Joanna de Angelis nos diz: “Examinando-se ainda a problemática do aborto legal, as leis são benignas quando a fecundação decorre da violência pelo estupro... Mesmo em tal caso, a expulsão do feto, pelo processo abortivo, de maneira nenhuma repara os danos já decorridos... Não raro, o Espírito que chega ao dorido regaço materno, através de circunstâncias tão ingrata, se transforma em floração de benção sobre a cruz de agonias em que o coração feminil se esfacelou... A renúncia a si pela salvação de outra vida concede incomparáveis recursos de redenção para quem se tornou vítima da insidiosa trama do destino... Sucede, porém, que o sofredor inocente de agora está ressarcindo dívida, ascendendo pela rota da abnegação e do sacrifício aos páramos da felicidade. Não ocorrem incidentes que estabeleçam nos quadros das Leis Divinas injustiça em relação a uns e exceção para com outros...”

Consciência do erro 10


“O conhecimento espírita tem evitado que muitas mulheres comprometam-se no aborto provocado, esse “assassinato intra-uterino”, mas constitui, também, um tormento para aquelas que o praticaram. Medo, remorso, angústia, depressão, são algumas de suas reações. Naturalmente isso ocorre sempre que somos informados do que nos espera em face de um comportamento desajustado.

No entanto, equivocados estão os que pretendem ver na Doutrina Espírita a reedição de doutrinas escatológicas fustigantes e anatematizadoras.

Estribando-se na lógica e no raciocínio e exaltando a liberdade de consciência, o Espiritismo não condena, mas esclarece; não ameaça, conscientiza. E muito mais que revelar o mal que há no homem, tem por objetivo ajudá-lo a encontrar o Bem.

Espíritos imaturos, comprometidos com leviandades e inconsequências, somos todos, ou não estaríamos na Terra, planeta de expiação e provas. Pesa sobre nossos ombros o passado delituoso, impondo-nos experiências dolorosas. Nem por isso devemos atravessar a existência cultivando completamente de culpa.

O que distingue a mulher que praticou o aborto é apenas uma localização no tempo. Ela se comprometeu hoje, tanto quanto todos nos comprometemos com males talvez mais graves, em vidas anteriores.

E se muitos estão resgatando seus crimes nas grades do sofrimento, com cobrança rigorosa da Justiça Divina, simplesmente porque nada fizeram a respeito, há que se considerar a possibilidade de nos redimirmos com o exercício do Bem.

“Misericórdia quero e não sacrifício” - diz Jesus, lembrando o profeta Oséias (Mateus, 9:13), a demonstrar que não precisamos nos flagelar ou esperar que a Lei Divina nos flagele para o resgate de débitos. O exercício da misericórdia, no empenho do Bem, oferece-nos opção mais tranquila.

A mulher que cometeu o crime do aborto, pode perfeitamente renovar seu destino dispondo-se a trabalhar em favor da infância desvalida, em iniciativas como a adoção de filhos, socorro a crianças carentes, trabalho voluntário em creches, berçários ou orfanatos...

Seu empenho nesse sentido proporcionar-lhe-á preciosa iniciação nas bençãos da Caridade e do Amor, habilitando-as à renovação e ao reajuste, sem traumas e sem tormentos”.



Vai-te e não tornes a pecar”

Pergunta: O que fazer no caso de uma adolescente, quando esta ficar grávida e não tiver condições materiais, emocionais e psicológicas para poder criar esta criatura que está no seu ventre? Não seria pior trazê-la à vida, e no futuro sofrer maus tratos dos pais, ou podendo ser abandonada?

Resposta de um Mentor Espiritual: Existe uma Lei e esta deve ser respeitada. Olhemos o caso de um suicida, por exemplo. Na sua maioria são pessoas sem nenhuma fé religiosa e descrentes de uma vida após a morte. Acham que, interrompendo a sua vida, passarão a eternidade num sono profundo, aliviando assim o seu sofrimento. Quando chegam do outro lado, vêem que não é bem assim. Mesmo tendo o total desconhecimento do Mundo Espiritual, da reencarnação e das Leis de Deus, eles terão que arcar com as consequências deste seu ato infeliz. Daí a necessidade de esclarecer as pessoas para poderem evitar este tipo de atitude. Com relação ao aborto, o que pode ser feito é um trabalho preventivo, orientando as pessoas das consequências que poderão acarretar se praticá­-lo. Deus deu a inteligência ao homem, e este, através da ciência criou métodos anticoncepcionais para evitar a gravidez. Agora, quem já praticou o aborto, não adianta ficar se remoendo de dor, lamentando o tempo inteiro o dano causado. Após a orientação recebida, vamos fazer um trabalho daqui para a frente. Vamos nos libertar das amarras que nos prendem às dores do passado. O que pode ser feito para aliviar a dor do aborto praticado é procurar praticar a caridade. Ajudar as pessoas menos afortunadas. Desenvolver um trabalho assistencialista em creches e orfanatos, ajudar no esclarecimento de outras pessoas à respeito da prática do aborto. Repetimos: não adianta ficar se remoendo de remorso o tempo inteiro pelo que já foi feito. Deus é infinitamente bom e caridoso, sempre nos dando novas oportunidades para reparar os nossos erros praticados no pretérito. Procurem sempre se aperfeiçoar e lembrar das palavras do Mestre Jesus: “ Vai-te e não tornes a pecar”.


7. "Deixe-me viver" - Luiz Sérgio
8. "Deixe-me viver" - Luiz Sérgio
9. "Familia e Espiritismo" - Edições U.S.E.
10. "Quem tem medo da morte" - Richard Simonetti

Final

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Pureza Espiritual - O Grau Máximo do Espírito, Marco Milani, Brasil


Uma das questões mais interessantes e com relevância capital na Doutrina Espírita é o processo evolutivo do Ser.

Sempre utilizando-se de uma primorosa argumentação lógica, o Espírito da Verdade e seu nobres colaboradores esclarecem sobre pontos fundamentais, desde a criação até o grau máximo de pureza que o Espírito é suscetível.

Visando este entendimento, consideramos Deus a inteligência suprema e a causa primária de todas as coisas, constatando a sua grandiosidade através de suas obras (sem se confundir com as mesmas), regendo o Universo pelas imutáveis Leis Naturais, destacando-se a soberana Justiça e Bondade.

Universo este que não restringe-se até onde o limitado conhecimento humano atual pode perceber, porém compreende a Criação em sua generalidade, possuindo somente dois elementos essenciais e distintos entre si: o inteligente e o material.

Uma vez criado simples e ignorante, inicia-se a jornada evolutiva do ser inteligente (nas diversas moradas da casa do Pai), ligando-se à matéria em seus diferentes estados e estagiando nos diversos Reinos da Natureza. Este processo é igual para todos, não existindo seres criados em condições privilegiadas. Em cada etapa, estamos nos preparando para a realização espiritual, visto que já trazemos latente a perfeição relativa (somos perfectíveis).

Tendo o Espírito entrado no período da Humanidade, desperta-lhe a razão e exercita-se no livre-arbítrio, descobrindo vagarosamente sobre a sua própria realidade. Continuando a desenvolver as suas potencialidades, aprimora-se moral e intelectualmente, incentivado ao progresso pelas Leis Naturais, certo de que tudo encadeia-se na Natureza por laços que a compreensão ainda esforça-se por alcançar, mas já vislumbrando as suas bases de Justiça.

Por isto todos somos essencialmente iguais diante da paternidade Divina, tivemos o mesmo início, tivemos e teremos as mesmas oportunidades evolutivas mantendo, porém, a individualidade. Não existe dualidade na realização espiritual (bom/mau, masculino/feminino, sábio/ignorante) apenas unidade ontológica (natureza comum inerente a todos e a cada ser)

Entretanto, abordar o último grau da escala evolutiva (ou qualquer um superior ao atual) requer uma aproximação cuidadosa, visto não termos condições intelectuais plenas para a compreensão integral, somente genérica. Mas fugir a estas considerações é não exercitar a inteligência.

Podemos recorrer ao famoso Mito da Caverna, de Platão, como sendo uma boa referência para este caso, onde comparativamente devemos buscar a análise da realidade nos afastando, no mundo dos sentidos, das sombras (aparências) para o mais próximo possível da fonte luminosa (chegando ao mundo das idéias, de preferência...).

É possível afirmarmos, baseados nas informações de Espíritos de escol (como o Espírito da Verdade) constantes nas obras da Codificação e confirmadas pelo critério da Universalidade (ou seja, não é opinião pessoal) que atingiremos um determinado grau evolutivo, onde não mais necessitaremos reencarnar visto a finalização do percurso de todas as etapas evolutivas (LE-113 e outras).

Voltando às sombras citadas no Mito da Caverna, existe um ponto aparentemente paradoxal para alguns leitores quando consideramos que na própria Codificação o progresso é tratado como uma Lei Natural logo tudo deve evoluir... Será que o progresso espiritual não existe após a última escala? Pode-se ter a impressão de que algo não está certo pois foi a mesma plêiade de Espíritos Superiores que confirmou a Lei do Progresso...

Uma das chaves para compreender esta aparente contradição encontra-se numa das questões do próprio capítulo que trata sobre o progresso n´O Livro dos Espíritos (LE-783), que afirma “... o Homem não pode permanecer perpetuamente na ignorância pois deve chegar ao fim determinado pela Providência ...”. Sendo assim, concluímos que existe um objetivo a ser alcançado, e este objetivo é a perfeição de que somos suscetível.

Outra chave para entendermos o problema é a reflexão sobre algo que é intrínseco à evolução: o tempo. Encontramos n´A Gênese, Cap. VI – Uranografia Geral: “O tempo não é senão uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a eternidade não pode ser mensurada do ponto de vista de sua duração; para ela tudo é presente.” (ver também Cap. XVI – Teoria da Presciência). Não precisamos recorrer à Teoria Geral da Relatividade nem à Mecânica Quântica ou qualquer teoria científica sobre o tempo (e espaço) pois não alterariam o sentido filosófico desta questão: Os Espíritos Puros não sofrem a ação do tempo visto que já não sofrem os efeitos impuros da matéria (apesar de atuarem sobre ela) logo não se purificam mais do que já estão, não mudam de um estado inferior para um superior. O tempo nesta condição não existe como o percebemos aqui...

Novamente na questão LE-113 encontramos que este é o estado dos Espíritos Puros, que gozam de felicidade inalterável e não sofrem as vicissitudes e necessidades da vida material. São os mensageiros de Deus e concorrem para a harmonia universal, dirigindo e assistindo aos Espíritos que lhes são inferiores. Os homens podem comunicar-se com eles mas bem presunçoso seria este último que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens.

Existem muitas outras passagens na Codificação que afirmam que o Espírito atingirá o grau máximo de sua perfeição (pureza) mas apenas citaremos mais uma: LE-116 “... todos se tornarão perfeitos”.

Assim, diversas considerações fundamentais podem ser extraídas dos princípios acima, destacando-se:
  1. Todos fomos criados simples e ignorantes e estagiamos em diferentes situações na matéria para desenvolver o potencial da perfeição relativa que já possuímos (perfectibilidade);

  1. O processo evolutivo do Espírito finaliza-se quando atinge a perfeição de que é suscetível (desenvolvimento moral e intelectual máximo, felicidade plena e inalterável). Neste estado não há mais necessidade de evoluir pois sua situação espiritual não será alterada. A noção de tempo atual desaparece perante a eternidade. O Espírito Puro é atemporal.

  1. Concorrerá ativamente para a manutenção do Universo onde, mesmo não sentindo as necessidades e vicissitudes da vida material permanecerá ligado à matéria sutil, atuando através do pensamento e da vontade pelo perispírito, que é o seu instrumento de atuação (ver LM-55: em qualquer de seus graus, o Espírito sempre possuirá o perispírito, visto ser o agente de sua vontade. Ver LE-186: ... tal é o estado dos Espíritos Puros, que só têm por envoltório o perispírito...).

  1. Poderá comunicar-se com encarnados (novamente a necessidade do perispírito pois utilizará os recursos fluídicos necessários para tanto) incentivando-nos ao progresso para que também realizemos a perfeição espiritual relativa e colaboremos de maneira específica na manutenção do Universo.

  1. A Lei de Progresso é válida enquanto ligada à noção de tempo, que por sua vez varia no Universo.

Assim, apesar de praticamente todos nós não estarmos habituados a pensar em algo sem o tempo e matéria como referências (vivenciamos o mundo dos sentidos), verificamos através do raciocínio que os argumentos logicamente tratados pelos Espíritos Superiores sobre a perfeição relativa, o grau máximo da pureza espiritual, são coerentes e sinalizam a conquista da felicidade plena.

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História & Pesquisa

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas" -  Comitê Editorial da LIHPE)

Chico Xavier: O Homem Futuro III, J. Herculano Pires

(Publicado na Revista  Planeta, Numero 10, de Junho de 1973)

Fenômenos objetivos e subjetivos

Mas Chico Xavier não é somente um sensitivo-psigama, restrito a fenômenos subjetivos de percepção extra-sensorial. Os fenômenos, psicapa, de efeitos físicos, também se realizam com ele de maneira espontânea, até mesmo no meio da multidão.

Emmanuel, seu guia espiritual - seu eu controlador, segundo a expressão de Gus­tave Geley é quem limita essas ocorrências em favor da maior atividade psicográfica do médium. Fenômenos de materialização, de transporte de objetos, de transubstanciação, de efeitos luminosos inteligentes, de impregnação fluida perceptível, de ideoplastia e , de voz-direta a escrita-direta também ocorrem com ele. O próprio Emmanuel já se materializou, dando prova palpável da sua existência. Nosso companheiro de PLANETA, conversava com Chico Xavier. Ao nosso lado, em Uberaba, pela primeira vez. Subitamente foi impregnado de perfume de rosas nas mãos e nos braços.

Ninguém mais sentia o per­fume, a não ser que ele aproximasse a mão, como fez conosco. O próprio Chico nada percebia. Um fenômeno físico, objetivo. Nas sessões da Comunhão Espírita Crista de Uberaba é comum a manifestação de ondas de perfumes característicos da presença de certas entidades. A impregnação de líquidos, principalmente água em recipientes fecha­dos, que os freqüentadores levam para fluidificação é, também freqüente. Nessas ocasiões, objetos tocados pelo médium, como uma caneta que lhe emprestam, ficam per­fumados por vários dias .Esse fenômeno é bastante conhecido nos meios espíritas. Verifica-se com vários médiuns em todo o mundo. A transubstanciação é a modificação de um liquido, alterando-lhe as qualidades ou modificando-as por completo. Tem ocorrido espontaneamente com Chico Xavier. Nos casos de materialização Chico cai em transe inconsciente. A projeção do eu, também chamada bilocação ou desdobramento, ocorre com ele. A bilocação pode ser subjetiva ou objetiva. Nos casos de objetivação o eu projetado se torna visível e ate mesmo palpável. Esse fenômeno corresponde a um verdadeiro desdobramento da personalidade. O eu se desliga do soma (do corpo) e se projeta a distância, levado por um chamado da pessoa querida ou por uma preocupação do próprio médium com alguém. O desprendimento se dá de uma maneira instantânea. O corpo fica em estado letárgico. O eu (ou espírito) revestido do corpo espiritual a que se referia o apostolo Paulo, consegue adensar esse corpo por um esforço da vontade e se mostra como a pessoa integral, podendo falar e tocar as demais pessoas. Nos casos subjetivos ninguém o vê, mas o eu desprendido pode fazer observações a distância a provar posteriormente que lá esteve de alguma maneira. Tudo isso parecerá demasiado fantástico e até mesmo improvável para as pessoas estranhas aos problemas do paranormal não obstante, trata-se de um fenômeno acessível a pesquisa cientifica.

Chico Xavier e a epilepsia

A reportagem de uma revista nacional conseguiu fotocópia de um eletroencefalograma de Chico Xavier e submeteu-o ao exame de psiquiatras paulistanos. Estes chegaram a conclusão de que o médium é epilético. A revista anunciou que o cérebro de Chico era anormal. Mas acontece que o eletro não fora provocado por nenhuma consulta de Chico e sim pelo seu próprio medico, dr. Elias Barbosa, professor da Faculdade de Medicina de Uberaba, interessado em pesquisas sobre o transe mediúnico. Por outro lado, o gráfico examinado e publicado referia-se apenas a um momento de pesquisas, que exigira vários registros. Os gráficos feitos com Chico em estado normal não acusavam alterações significativas das ondas cerebrais. Somente o gráfico cor­respondente ao estado de transe; quando Chico recebia uma mensagem, acusou alterações que os psiquiatras consideraram graves. Evans e Osborn apresentaram no Colóquio Parapsicológico de Utrech, em 1953, uma comunicação sobre experiências de eletroencefalografia com sujeito hipnotizado, sem resultados apreciáveis. Wallwork aplicou o eletro em experiências com cartas especiais para testes parapsicológicos mas o sujeito saia de transe a cada aplicarão. O transe mediúnico - como no caso de Chico Xavier - por sua maior profundidade e também pela aquiescência de entidade comunicante, é o que mais se presta a essas pesquisas. O objetivo das experiências do dr. Elias Barbosa foi plenamente atingido, como se vê pelos gráficos que publicamos. No caso de Chico Xavier verificou-se a interferência, no cérebro, de influências estranhas ao seu estado normal. Longe, pois, de tratar­-se de alteração patológica. O que ali se verificava era um indicio positivo daquilo que o professor Ernesto
Bozzano considerava “a ação de uma mente não-encarnada sobre a mente encarnada do médium.”

Rhine esclarece bem esse problema em O Novo Mundo da Mente e Pratto apóia em Parapsychology - Frontier Science of lhe Mind, lembrando ambos que psi reclama uma nova concepção da personalidade humana, encarada essencialmente psíquica e não somática. Estas palavras de Rhine definem claramente a questão: “A prova experimental que hoje possuímos, de que a personalidade humana possui princípios não-físicos, permitirá aos psiquiatras armarem-se melhor para se dirigirem a uma filosofia menos materialista no tocante à interpretação dos seus pacientes a da sua pratica. O resultado seria uma resistência mais firme ante o conceito totalmente materialista da terapia. Essa reorientação do pensamento abriria caminho para a consideração de novas hipóteses, bem como pa­ra novas explorações das zonas fronteiriças, que atualmente permanecem relativamente fechadas”.

A concepção materialista-mecanicista dominante em nossa cultura, particularmente no campo da medicina a da terapia em geral, como acentuou Rhine, está agora sob o impacto das novas descobertas da parapsicologia e da física. Estamos naquilo que Kilpatrick chamou “uma civilização em  mudança”. Não podemos encarar um sujei­to paranormal como anormal ou patológico, nem também como um ser sobrenatural. Os extremos se encontram no erro. Chico Xavier é apenas um exemplar do homem-psi da era cósmica, que já se desenvolve aceleradamente na Terra.

O mecanismo do paranormal

O eletroencefalograma de Chico Xavier, mesmo no campo da psiquiatria, pode e deve ser interpretado com maior largueza de vista. Ao invés de acusar um estado patológico que não se confirma por sintomatologia típica nem pelo comportamento mental e psicológico do sujeito, nem ainda por suas reações fisiológicas fora do transe, confirma em termos de pesquisa a sua paranormalidade espontânea e exaustivamente com­provada. Essa a tese do dr .Elias Barbosa, que dirigiu a pesquisa e se considera muito satisfeito tom os resultados iniciais. Ten­taremos resumir o que nos disse a respeito o ilustre medico e professor de medicina.

Ainda não há - disse-nos ele - explicação definitiva para a causa das descargas de alta freqüência nos focos críticos de um paciente epilético típico. Alterações bioquímicas locais, isquemia e perda dos sis­temas inibitórios vulneráveis de .pequenas células estão entre os mecanismos possíveis que contribuem para a hiperexcitabilidade e/ou respostas hipersincronizadas e excessivas. Essa a opinião de James Toman, apoiada pelo professor De Robertis, para quem as lesões focais podem simular certas formas de epilepsia, mas parece que as crises podem ocorrer sem lesões aparentes, e que o mecanismo fundamental estará por­tanto em nível macrocelular a bioquímico. Sabemos que um eletroencefalograma normal não é garantia absoluta da normalidade e que , segundo Grossmann, 20 por cento dos pacientes nesse caso continuam apresentando fenômenos psico-sensoriais como o do já visto ou o do nunca visto; perturbações auditivas, autemismos ou crises psicomateriais. No estudo da mediunidade psicográfica e dos fenômenos mediúnicos em geral, é bom lembrar a advertência de Donald Klass de que o registro e a interpretação adequados do eletro requerem treinamento especial e extrema experiência, em virtude das muitas armadilhas técnicas existentes. Uma interpretação errônea pode acarretar conseqüências mais graves que a falta de informação. É que também re­fere Garchedi Luccas ao tratar do trabalho de Falconer que contraria o conceito de Penfield.. Luccas conclui sua análise afirmando que ficam muitas questões em aberto a relacionando varias delas.

Só pelo registro de ondas pontiagudas tipo Sharp nas regiões temporais a esquerda -após a hiperpneia - inicialmente tom predomínio nas anteromediais e depois com o aparecimento de raros surtos de ondas Sharp nas regiões temporais a direita, sem predomínio nítido (como se vê do relatório do dr. Borges) poderíamos concluir que o cérebro de Francisco Candido Xavier seja enfermo? Absolutamente não!

Ao que tudo indica, o foco critico nada mais seria do que o ponto de ligação entre as forças da entidade comunicante e as forças do aparelho receptor. Estudos posteriores em outros médiuns em atividade poderão confirmar essa hipótese. Esse foco com­promete o grande sistema límbico, responsável pelo comportamento do individuo, pela sue homeostase afetivo-emocional. Epi­lepsy is not a disease but a symptom, escre­veu Neville Seuthwell. Diga-se o mesmo da mediunidade, que no caso de Chico Xavier é uma síndrome de faculdades superiores que desabrocham no homem atual em benefício de toda a humanidade.

Em acréscimo a esses esclarecimentos do dr. Elias Barbosa lembraremos que parapsicologicamente o cérebro de Chico Xavier não é anormal nem patológico, mas simplesmente paranormal. A palavra paranormal foi cunhada especialmente para distinguir as funções a os fenômenos inabituais, dos habituais que caracterizam a nossa vida rotineira a das suas alterações mórbidas estudadas pela patologia. Já é tempo de aprendermos a fazer essa distinção na terapia e na imprensa.

Final

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São Paulo 450 Anos - Ata de uma sessão de efeitos físicos

Sessão de 21 de outubro de 1954

Os Espíritos confortam a mãe de uma criança

(Ata transcrita do livro "Cumprindo-se Profecias: Materializações de Espíritos em São Paulo" de Mario Ferreira. Este livro, publicado em 1955, traz as atas de sessões de materialização realizadas pelo "Grupo Espírita Padre Zabeu" no período de 1948 à 1954.  O prefácio, datado de 1954,  é de Julio de Abreu Filho e o livro foi editado pela "Édipo - Edições Populares Ltda.", editora fundada e dirigida por ele. O exemplar do livro foi encontrado em um sebo no centro de São Paulo).

Aos 21 dias do mês de outubro de 1954, com a presença de 29 pessoas, conforme assinaturas constantes na pág. 95 do livro de presença, realizou-se no INSTITUTO DE PESQUISAS METAPSIQUICAS do "Grupo Espírita Padre Zabeu", à Avenida Gen. Olimpio da Silveira, 331, 1.o andar, sala 14, em São Paulo, uma sessão de efeitos físicos e de materialização.

Á vista de todos os presentes, no ínicio dos trabalhos, o Sr. José Corrêa Neves, médium de efeitos físicos, foi, dentro da cabine, devidamente algemado e amarrado à cadeira. Em seguida, foi corrida uma cortina, fechando a entrada da cabine e apagada a luz. Dentre os diversos fenômenos anotámos os seguintes: levitação da vitrola; a troca de discos feita no alto; toque de campainha; movimentação de uma corneta, que circulou pela sala, e o de voz direta. Os objetos suspendidos no ar, estavam todos com tinta fosforecente a fim de ser facilitada a visão dos movimentos no escuro.

Todos esses fenômenos foram efetuados pelo espírito conhecido como Geraldo. Êste, dando provas positivas de se achar materializado em forma tangível, em certo momento aproximou-se do redator desta ata e, pegando-o pelas mãos,  fê-lo levantar-se e encaminhar-se para junto da mesa onde estava a vitrola. Ao ser conduzido pela entidade, o anotador da sessão em voz alta ia descrevendo aos circunstantes o que se passava, informando que sentia o contacto das mãos do espírito e que estas eram normais, apresentando o calor natural, decorrente da circulação sanguínea ... Essa demonstração durou três minutos, mais ou menos, e depois o espírito reconduziu o anotador ao seu lugar.

Num dado momento o Geraldo começou a conversar com os assistentes.

Uma das senhoras presentes, que passara recentemente pela dor de perder a sua filhinha, vítima de uma acidente, atribulada pela saudade e, provavelmente, desejando saber algo sobre a situação dela na vida espiritual, perguntou ao Geraldo se a vira.

Talvez não sabendo ou não podendo explicar detalhes com mais esclarecimentos, o espírito limitou-se a dizer o seguinte: "Eu vou explicar ... Eu não pude vê-la, mas ela veio me ver ... Mas agora, o Vigário veio vê-la".

Auxiliando o entendimento dos circunstantes, o diretor da sessão informou, de acordo com o que deduzira das palavras da entidade: "Ela está em ponto intermediário entre o Geraldo e o Padre Zabeu".

Durante a conversa a mesma senhora dissera ao espírito: "Geraldo, eu tenho aqui um botãozinho em flor. Pode levar para a minha filha ?".

"Logo mais eu pego", respondeu a entidade.

Depois de palestrar com alguns dos componentes do grupo, o Geraldo deixou a vitrola tocando a musica "Ave Maria", a fim de preparar o ambiente para a visita do Espírito Padre Zabeu.

Essa elevada entidade, ao se manifestar através da corneta de papelão, assim se expressou:

"Boa Noite. Como vão todos voces ?

Mais uma vez aqui estamos, certos que o nosso trabalho é reiniciado sobre o critério de absoluta auto-confiança. Recomeça também a produzir frutos. Hoje nos foi concedida a presença de inúmeros espíritos que nos visitam, e de cuja hierarquia, posso dizer, somos imerecedores, dada a evolução de cada um.

Antes, porém, desejava eu que você (diretor da sessão) pronunciasse uma prece agradecendo mais essa benevolência, que nos foi dada quando mais a necessitamos".

Após a oração que a seguir fora feita pelo diretor da sessão, a entidade prosseguiu:

"Meus filhos: é realmente extraordinária ..."

Neste interim, o Padre sem completar a frase, dirigira a atenção ao espírito que junto a mesa manejava a vitrola e ordenou: "Geraldo para a vitrola". Estabelecido o silêncio, o Espírito Padre Zabeu continuou:

" ... a disposição com que todos para cá acorrem na certeza de encontrar um lenitivo para suavizar não só o sofrimento, como também indicar o caminho que devem seguir nesta trajetória da vida na terra".

Ditas estas palavras, a senhora que acima referimos e que se achava ainda sob forte emoção, interrogou a entidade:

"Padre, já esteve com ela ? ..."

Respondendo a mãe da criança, disse o espírito:

"Elza, já tive a oportunidade de estar com ela. Já pude, também, transmitir a você, através do Rondino e de todos os componentes do grupo, a minha palavra de fé.

Nesta hora em que você realmente compreende, possam todos sentir e compreender, também, a necessidade de cada um procurar através dos conhecimentos que adquirem, reformar-se, não é ?

Tenho observado, em diversas ocasiões, as discussões que vocês travam intimamente sobre os problemas atinentes à vida espiritual. Observo em cada um a disposição de procurar, através da prática do bem e do amor, reformar-se aos primeiros contactos do consciente sobre o inconsciente.

Noto em muitas oportunidades a duvida que paira em cada um, não é, Paulo ? (médico presente). Mas, também, reconheço a honestidade de propósitos. Este reconhecimento é, sem duvida, uma maneira de demonstrar que cada um de vocês sente o problema em seus aspectos diferentes.

A própria natureza do trabalho, as vezes, não satisfaz a todos. Hoje por exemplo, quase todos estão satisfeitos. E por que ?

É aquele grande problema. É que houve abundância de fenômenos. Eu pergunto: representaria a expressão máxima dos critérios que regem e determinam esses trabalhos ? ..."

Respondendo, em voz alta, o diretor da sessão em poucas palavras afirmou que a finalidade precípua é a da espiritualização, a de incentivar a reforma individual e não, exclusivamente a da produção fenomênica.

Confirmando esta assertiva, a entidade prosseguiu dizendo:

"Esta é a expressão dos trabalhos. No entanto, há exatamente o contrário. Eu assim falo apenas como medida de observância. Entenderam ?

Castro, quando os fenômenos se produzem com mais abundância por determinação, as vezes, das própria ajuda dos médiuns, verifica-se que a expontaniedade é natural. Estou trocando idéias. Vocês não se zangarão comigo, não é ?

Aos visitantes de hoje eu desejo que, ao sairem daqui, meditem mais no que sentiram do que no que viram ...

Não vamos ter outras coisas que poderiam constituir novidades. No entretanto, asseguro que os trabalhos de hoje foram tão produtivos como os outros trabalhos de valor, já realizados por este grupo. Todos, ao sairem daqui, vão sentir-se bem dispostos, aprimorados e encorajados para prosseguir na luta".

Falando a mãe da criança que deixar a terra, o Padre perguntou: "Elza, entendeu o que o Rondino falou ? ".

Esta senhora, respondendo, disse:

"Entendi, Padre : - Também, recebi comunicação de minha filha por intemédio de amiga (médium). Não me sinto merecedora por tantas consolações e não sei mesmo como agradecer. Estou bem conformada".

A entidade continuou:

"Minha filha: tudo o que aconteceu, antes de mais nada, é a própria manifestação dos desígnios de Deus, que bem demonstra a Sua capacidade ao fazer-Se entender.

Não tivesse você conhecimento dos planos de vida, talvez a perda, que não é definitiva, fosse irrecuperável.

Entretanto o porque da vida, você também entenderá que tudo o que aconteceu, nas menores manifestações, como nas maiores, todas elas se identificam pelos desígnios de Deus.

Entenderam ?

Desejo a vocês uma boa noite e que essa disposição se mantenha sempre, para que possamos prosseguir nesta jornada que nos foi dada para cumprir neste grupo.

Boa noite a todos".

Ao notar que o espírito ia ausentar-se. D. Elza bastante emocionada e com a voz suplice, pediu:

"Padre, dê um abraço na minha filhinha".

"Tenho atendido a seus chamamentos", respondeu a entidade.

Em seguida, o Padre Zabeu se retirou e o Geraldo compareceu outra vez para cuidar da parte final da sessão.

O Geraldo, enquanto mudava discos na vitrola, lembrava-se da ordem que o Padre Zabeu lhe dera no início de sua palestra para que "parasse a vitrola". Tanto assim que, gracejando com o diretor da sessão, ele falou nestes termos:

"Castro, você sabe que sou bom tocador de vitrola. Toco tão bem quanto a Rosélys toca piano. No entanto, hoje não estou muito afinado. O Vigário mandou parar ..."

Dito isso, pouco depois acrescentou:

"Esta quase na hora de encerrar. Todos contentes ? Hoje, quero agradecer a contribuição mais acentuada da Roselys, Eunice, Guilhermina e do Caetano" (médiuns),

O Geraldo, já de saída, atendendo ao pedido que antes lhe fizera D. Elza, aproximou-se para receber o botão de rosa que seria entregue ao espírito que na terra animara o corpo de uma criança.  A mãe, então, emocionadíssima, beiju a flor e entregou-a ao Geraldo, que a recebeu em silêncio.

A seguir, o diretor da sessão fêz uma alocução, durante a qual afirmou que, nas nossas reuniões, à proporção que diminuem os fenômenos físicos se acentuam mais os fenômenos espirituais.

Depois de feita a prece de encerramento, ouvimos sinais (estalo de dedos) dados pelo Geraldo. A sala foi, então, gradativamente iluminada.

Com surpresa vimos, em seguida, que o médium Sr. José Corrêa fora, silenciosamente, transportado da cabine para fora e colocado no meio do recinto, próximo da primeira fila de assistentes, conservando-se nas mesmas condições de controle, isto é, com as mãos algemadas e o corpo amarrado à cadeira.

Nada mais havendo a constar, eu, Mário Ferreira, encarregado pelo Padre Zabeu para as anotações, lavrei à presente ata que, depois de lida e achada conforme, vai assinada pela comissão diretora.

aa)  Dr. Francisco Carlos de Castro Neves.
       Prof. Mário Ferreira.
       Cap. Genesio Nitrini.

(Fls 197, v. do 2.o livro de Atas)

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Questões e Comentários 


Respostas sobre "Desdobramento" e "Espírito Velho", Pedro Vieira, Brasil

(Questões publicadas no Boletim 470)
Caro Rodrigo,

As expressões "projeção astral consciente" e "desdobramento astral" são estranhas ao Espiritismo, que chama o fenômeno de "emancipação da alma", estudado de maneira profunda no Capítulo VIII, Livro II de O Livro dos Espíritos.

O Espiritismo trata o fenômeno - anímico, ou seja, do próprio Espírito encarnado - de maneira muito natural, como tudo. Mostra que a faculdade de se emancipar é pertinente a todo Espírito encarnado, embora a independência desse fenômeno varie de pessoa a pessoa, podendo chegar ao grau do sonambulismo profundo, o que chama pelo designador "consciente". Essa variação de graus de consciência física (porque o Espírito está consciente) se deve à formação orgânica do indivíduo, como ocorre em todos os fenômenos psíquicos, sejam anímicos ou mediúnicos.

E também como todo fenômeno psíquico, o Espiritismo nos ensina que deve ter uma finalidade útil e ser explorado com bases de estudo científico-filosófico-moral. Em outras palavras, fenômeno algum se justifica por si mesmo. A justificativa de todos eles é o trabalho útil no bem e não a própria satisfação. Toda vez que se exerce ou estimula um determinado fenômeno sem esses requisitos, ou seja, desviando de sua finalidade, se tem total responsabilidade pelas conseqüências, que podem variar de simples alienação momentânea a processos psicológicos sérios de confusão da realidade física com a imaginação e a realidade espiritual, além das possibilidades obsessivas - externas - associadas.

O conhecimento espírita vem, nesse caso, a socorro, para que todo fenômeno seja exercido de forma consciente, sóbria e com a finalidade correta. Em várias casas espíritas, vemos o anímico em serviço de emancipação em reuniões mediúnicas, no socorro aos encarnados e desencarnados. Recomendamos a leitura do capítulo "Desdobramento em serviço" do livro "Nos domínios da mediunidade", de autoria do Sr. André Luiz para exemplificação deste trabalho e da forma como é exercido.

Talvez a grande diferença do Espiritismo para outras correntes espiritualistas quanto a isso seja tratar o fenômeno de forma natural, sem misticismos ou exacerbações.

Muita paz,
Pedro Vieira




Cara Adriana,

Sua pergunta denota espírito crítico indispensável ao conhecimento espírita. Recomendamos, de antemão, que se dedique ao estudo do Espiritismo, iniciando pela obra "O que é o Espiritismo" de Allan Kardec, passando, a seguir a "O Livro dos Espíritos". Procuraremos responder ao seu questionamento, mas a resposta será, sem dúvida, superficial, dado que o conhecimento da realidade espiritual pressupõe esse estudo.

Segundo o Espiritismo, os Espíritos são criados simples e ignorantes e caminham, ao longo das experiências (em vidas sucessivas e na chamada erraticidade), em direção ao conhecimento, em direção a Deus. Os Espíritos nos esclarecem, também, que o Espírito ignora a própria criação - não sabe nem como se deu nem tem recordações dessa época. Então, é impossível que um Espírito diga-se "velho" por acreditar que tem "mais tempo de criado" que outro, porque a ignorância dele é dupla: em relação a ele mesmo e mais ainda em relação aos outros. O tempo, ademais, é um conceito humano. Para os Espíritos só há o "que já foi feito" (passado) e o que "está por se fazer" (futuro), sem vinculação com tempo.

Por conta disso, entendemos que quando o Espírito referido se utilizou da expressão "Espírito velho" ele deveria se julgar experiente em determinado assunto, por lembrar-se, eventualmente, de algumas vidas que teve militando em determinado meio, ou então, ainda muito vinculado à Terra, referia-se à idade física com a qual desencarnou.

De qualquer forma, não há qualquer categorização entre Espíritos "velhos" e "novos". Há sim entre Espíritos superiores e inferiores. A respeito disso remetemos a amiga à questão 100 de O Livro dos Espíritos, "Escala Espírita". Os Espíritos superiores nunca se dizem superiores. Sua superioridade é atestada em fatos, não em palavras.

Permaneça questionando.

Além do GEAE, colocamos também à disposição da amiga o Serviço de Perguntas e Respostas Espíritas do IRC-Espiritismo no e-mail perguntas@irc-espiritismo.org.br, que conta com uma equipe especializada e multidisciplinar para auxiliá-la em seus questionamentos.
        
Muita paz,
Pedro Vieira

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Resposta sobre "Espírito Velho", Alexandre Fontes da Fonseca, Estados Unidos


Prezada Adriana Brito,

Segundo a Doutrina Espírita a todo o momento espíritos estão sendo criados de forma simples e ignorante, o que significa, que eles não são criados com nenhum privilégio, dom, ou qualquer outra vantagem ou desvantagem pessoal. Todos são criados com as mesmas capacidades e qualidades em potencial que deverão desenvolver de acordo com o desenvolvimento do livre-arbítrio.

Assim, existem espiritos mais "velhos" e mais "novos" que nós no sentido de que eles foram criados antes ou depois de nós, respectivamente.

Segundo a Doutrina Espírita, por exemplo, Jesus seria um irmão mais velho nosso.

Mas um espírito "mais velho" não significa que seja mais evoluido da mesma forma que um espírito "mais novo" não significa que seja menos evoluido.  Estas possíveis diferenças decorrem do uso que cada um fez do seu livre-arbitrio. Alguns se esforçaram mais na prática do Amor e outros se perderam um pouco mais nas ilusões materiais. Então, ser "mais velho" não significa ser "melhor" ou "pior". Segundo o Espiritismo, isso não é um critério de evolução.

Mas quando um espírito por via da psicofonia (comumente, e não apropriadamente, chamada de "incorporação") diz ser um espirito "velho" isso pode significar uma das tres seguintes possibilidades:

1) ele pode ser um irmão "mais velho" no sentido explicado acima, isto é, criado bem antes de nés e que deseja nos passar algum ensinamento;

2) ele pode ser um irmão que se sente bem e feliz em se apresentar com os modos e personalidade de uma pessoa idosa;

3) ele pode ser um irmão que está imbuido de intenções menos dignas em querer obter respeito para as suas idéias com base na impressão que ele pensa estar   transmitindo em dizer que ele é "velho".

O item 3) nos faz lembrar de uma importante recomendação de Kardec: que todas as mensagens mediúnicas sejam analisadas quanto ao conteúdo. Que a assinatura ou o nome do espirito que trouxe a mensagem, por mais respeitável que seja, não é garantia de que uma mensagem é boa. Kardec orienta que uma mensagem deve passar por dois crivos. Um é o do bom-senso, que significa que uma mensagem que fere os princípios básicos da vida ou os principios cientificos bem estabelecidos que conhecemos merece ser rejeitada. O segundo principio diz respeito às  coisas novas. Se uma mensagem não pode ser analisada pelo bom senso, o critério mais seguro para aceitação ou não da mensagem é verificar o chamado "consenso universal dos espiritos". Isto nada mais é que a verificação se a mesma mensagem ou o mesmo conteúdo está sendo enviado por outros espiritos, por intermédio de outros médiuns, em vários locais diferentes. Se isto não está ocorrendo, é prudente "deixar a mensagem de molho" até que se possa confirmá-la no futuro.

Desta forma, prezada Adriana, independente de como o irmão que se apresentou no seu grupo como sendo um "espírito velho" se encaixa em um dos 3 itens acima, devemos ouví-lo com respeito e carinho pois se ele for um irmão necessitado precisamos escutá-lo para descobrir como ajudá-lo; se for um irmão que nos traz uma mensagem, precisamos escutá-lo para analisar o conteúdo de acordo com as recomendações de Kardec.

Muita paz a todos,
Alexandre Fontes da Fonseca

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Dúvida sobre questão 165 do Livro dos Espíritos, Alexandre Almeida, Brasil


Bom dia,

Gostaria que me ajudassem com uma dúvida:

Na  obsevação  feita  por  Kardec após a questão 165, que trata da perturbação que o espírito experimenta após a separação  do corpo, encontramos um ponto que nos deixou em dúvida:

"...Ora, porque  pensa, vê, ouve, tem a sensação de não estar morto. Mais lhe aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe chama a atenção para esse ponto, admira-se de não poder palpá-lo..."

A dúvida reside no fato de o espírito, liberto do corpo físico,  não poder apalpar o próprio corpo espiritual. Do "lado de lá" eles não são matéria, como nós, apenas quintessenciada, mais etérea? Nos livros de André  Luiz  vemos que os espíritos até se cumprimentam! Pelo  que entendemos, no comentário de Kardec,  o espírito desencarnado, quando tentasse tocar o próprio perispírito o atravessaria com a mão?

Um abraço,
Alexandre

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Sobre Trabalho Mediúnico, Ligia Penninch, Brasil


Boa tarde,

Gostaria de receber explicação doutrinária para minhas dúvidas abaixo:

1- Quando uma pessoa está encarnada e a mesma realiza trabalhos espíritas (é medium) e começa fazer coisas erradas dentro deste "trabalho espiritual" é possivel ela ser desencarnada "antes" do tempo, quero dizer: pode-se desencarnar antes de cumprir sua missão para não continuar fazendo trabalhos espirituais errados??

Pergunto isto porque aprendi que quando a pessoa tem mediunidade e faz coisas erradas, é avisado e dado-lhe chance e se não cumprir o caminho certo, lhe é tirado a mediunidade...

2- O que querem dizer com: o espírito desta menina "de 6 anos" é velho? Qual o critério para se saber quando o espírito é mais velho que outro?

2.1- Existe espírito novo?

Muito obrigada pela atenção e retorno.

Ligia Penninch

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Painel


Psicodigitação - A Psicografia na era do Computador, Carlos Iglesia, Brasil


Recentemente o amigo Elzio Ferreira de Souza nos presenteou com um exemplar de uma nova obra mediúnica sua, de autoria do espírito Yogashririshnam, que nos surpreendeu pela apresentação na capa. Junto ao nome do Elzio, como médium, está a palavra "psicodigitação". Lendo o prefácio e trocando idéias com ele entendemos o motivo da designação que é mais do que exata. O prefácio explica:

"As mensagens constantes deste livro foram recepcionadas durante o período de 27.11.2001 a 19.07.2002. Tinhamos concluído e publicado o livro Espiritismo em Movimento cujos capítulos tinham sido inteiramente digitados pela confreira Diana Santiago da Fonseca, quando, em novembro de 1999, o Espírito de Deolindo Amorin convidou-nos à continuação do trabalho psicográfico. Sem tempo para a recepção e posterior digitação, objetei-lhe que as inúmeras tarefas e a saúde seriam obstáculos para a continuação da parceria, tendo ele sugerido a recepção direta no computador, libertando-me do trabalho posterior à psicografia. Aventurei-me porque no trabalho anterior tinha ele datilografado dois capítulos. E foi assim que a psicodigitação se iniciou" (...) " Depois que Deolindo terminou os trabalhos que desejava realizar, Yogashririshnam, utilizou-se do mesmo método para continuar o intercâmbio".

O trabalho anterior mencionado, "O Espiritismo em Movimento", já foi comentado no Boletim, mas é importante recordar que é uma obra séria e de grande valia para o estudioso da doutrina, discutindo diversos problemas e situações que lidam diretamente com a  forma como seus adeptos se organizam e a praticam.. Também chegamos a comentar outra obra do Espírito Yogashririshnam, que traz - dentro da forma de parábolas e pequenos estudos - reflexões profundas sobre o ser e sua vivência da Doutrina Espírita. As origens hindus do autor espiritual de maneira alguma significam sincretismo ou a propaganda de idéias filosóficas estranhas a Doutrina, mas lhe dão uma visão bastante peculiar de seus postulados que lhe permitem ir direto a pontos que normalmente nos passam despercebidos.

A obra que me chamou a atenção para a psicodigitação traz o título "Espaço, Tempo e Causalidade" (Bahia: Circulus, 2003), que a primeira vista parece ser um tratado de física, mas que na realidade se trata de um enfoque sociológico, com explica o Elzio:

" Ao leitor poderá parecer estranho o título Espaço, Tempo e Causalidade por não se tratar de um livro que aborde as questões relativas à ciência física. Determinados termos, porém, são empregados em diversos ramos do saber com diversidade de conceituação conforme o campo do conhecimento em que se estruturam. Espaço, tempo e causalidade são alguns deles. (...) O espaço social é o universo em que se processam as relações humanas ou o campo em que se desenvolvem os processos sociais".

Desnecessário dizer - pois Elzio é companheiro de longa data no GEAE e também tem um histórico longo de atuação no movimento espírita - que seu trabalho é de grande confiabilidade, demonstrada inclusive na forma como ele descreve o "aprendizado" do processo de psicodigitação:

"Ao recepcionar as mensagens, tomei a precaução de cobrir a tela do monitor, digitando de olhos cerrados, rapidamente. Com o passar do tempo, concluí pela desnecessidade da ocultação, continuando a digitar sem visualizá-lo".

E bastante interessante é que o aprendizado teve que ocorrer da parte de Yogashririshnam também:

"Pudemos notar que o Deolindo deveria sentir-se mais à vontade em fazê-lo, acostumado que era, em vida, a escrever seus textos diretamente na máquina de escrever. Yogashririshnam teve que se adaptar ao processo, segundo me parece, porque inicialmente eu cometia erros de digitação quando se tratava deste Espírito, o que quase não acontecia com Deolindo".

A surpresa que tive foi resultado de perceber que este era um desenvolvimento perfeitamente natural no processo mediúnico - considerando o uso cada vez mais intenso do computador - e ao mesmo tempo de não ter ainda visto este gênero novo ser destacado. Também me chamou a atenção o fato de que - da mesma maneira que na época de Kardec* - tenham sido os espíritos que tomaram a iniciativa de propor um novo aperfeiçoamento no processo de transmissão das mensagens mediúnicas.

Enfim, eis que temos uma palavra nova no vocabulário espírita, que com o desenvolvimento da tecnologia e da sociedade, continua a se ampliar.

Muita Paz,
Carlos Iglesia

* "O meio de correspondência era demorado e incômodo. O Espírito, e isto é ainda uma circunstância digna de nota, indicou um outro. É um desses seres invisíveis que dá o conselho de adaptar um lápis a um cesto ou a um outro objeto" Allan Kardec, Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita - IV, O Livro dos Espíritos. Tradução Salvador Gentile, São Paulo: Instituto de Difusão Espírita, 1975.

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Curso de Filosofia Espírita, Percy Vieira, Brasil

(Informativo divulgado na lista de discussão da ADE-SP - Associação dos Divulgadores do Espiritismo do Estado de São Paulo)

O Centro Espírita Obreiros da Eternidade realizará, a partir de 20 de março, o CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA, que se estenderá, neste ano, até o mes de novembro.

As aulas serão ministradas pelo expostor Joel Fernandes de Souza, aos sábados, das 9 às 12 horas, na sede da entidade, constando de exposição, questionários semanais e discussões. Haverá ainda curso de férias, com seminários. O expositor é Coronel Aviador da FAB e formado em filosofia pela USP, em 1999.

Antes, no dia 06 de março (sábado), às 19 horas, o mesmo expositor fará, no mesmo local,  uma palestra sob o título Convite à Filosofia Espírita.

Todos podem matricular-se no curso, inclusive jovens, bastando serem espíritas e gostarem de estudar.
       
Os objetivos do curso são:

1 - Ensinar ao aluno o que é Filosofia e por que a Doutrina Espírita é uma filosofia.

2 - Estudar metodologicamente o "O Livro dos Espíritos" (LE) em seus aspectos filosóficos, epistemológicos, lógicos, ontológicos, científicos e teológicos.

3 - Ensinar ao aluno a encontrar no diálogo construtor do LE os mesmos conceitos dialéticos desenvolvidos pela filosofia tradicional. Estes conceitos são as chaves para o entendimento do livro, com total clareza.


4 - Ensinar ao aluno a estudar o LE analiticamente, porém antes, ensiná-lo a estabelecer uma crise no seu interior, problematizando-o e, após, a encontrar a sua resposta.

5 - Ensinar ao aluno a compreender que o LE é eminentemente filosófico e que sem os fundamentos deste conhecimento tem-se tornado difícil o seu entendimento, motivo pelo qual não o inteligimos completamente. Por exemplo, conceitos como inteligêngia, causa, princípio, lei, lei de causa e efeito, infinito, nada, panteísmo, acaso, etc. parecem-nos incompreensíveis por não fazerem parte do leque do nosso vocabulário conceitual cotidiano.

6 - Desenvolver esforços para procurar pensar com as mentes dos espíritos superiores e a de Kardec, visando compreender como o LE foi sendo elaborado.

7 - Atingir, através do LE, o núcleo da idéia contida na Doutrina Espírita, analisando-o e, após sintetizá-lo, correlacioná-lo em seu tríplice aspecto: filosófico, científico e teológico.

8 - Cruzar constantemente os seus conceitos para verificar a lógica interna que lhe dá coerência e consistência.

9 - Confirmar a sua sempre presente atualidade histórica.

10 - Aprender a ver as causas pelas quais o LE é o livro básico da Codificação e a partir do qual todos os demais livros complementares derivam.

11 - Aprender a ver o LE como sendo um conjunto de instruções de ordem espiritual que contém todos os elementos constitutivos das indagações filosóficas, científicas e teológicas.

12 - Aprender a ver como o LE se estrutura e como as suas partes se articulam entre si.

 Isto posto, muito respeitosamente, solicito (se aprovada) a divulgação do curso e da palestra, no "e-mail", lembrando que a inscrição para o curso pode ser efetuada na data do início do mesmo ou da palestra.

Informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 6204-7637.

O endereço do Centro é: Rua Manoel Muniz dos Anjos n. 14. Bairro do Tremembé, nesta Capital (SP). A rua fica perto da Praça Dona Mariquinha Sciascia, ao lado do Aquacenter.

Antecipadamente agradeço pela divulgação e os convido para os eventos.
             
 Fraternalmente
 Percy Corrêa VieiraPresidente do CEOE

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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição/Cancelamento - inscricao-pt@geae.inf.br

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português - http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" - http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins