Boletim GEAE

Grupo de Estudos Avançados Espíritas

http://www.geae.inf.br

Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec

Ano 12 - Número 470 - 2004            10 de fevereiro de 2004

Artigos

Em Defesa da Vida – Alguns Argumentos contra a Prática do ABORTO III, Rubens Santini, Brasil
Superando Obstáculos, Entregando-se a Deus, Vera M. Bestene, Brasil

História & Pesquisa

Chico Xavier: O Homem Futuro II, J. Herculano Pires

São Paulo 450 anos - O Museu Espírita, Carlos Iglesia, Brasil


Questões e Comentários

Comentário Sobre Artigos do Alexandre Fontes da Fonseca e Nota de Esclarecimento dos Editores, A. Mattos, Brasil
Pergunta Sobre Desdobramento, Rodrigo Reis, Brasil
Pergunta Sobre "Espírito Velho", Adriana Brito, Brasil

Painel

De Volta ao Lar Espiritual, Fátima Salvo, Brasil



Artigos

Em Defesa da Vida – Alguns Argumentos contra a Prática do ABORTO III, Rubens Santini, Brasil

A terapia para recuperar os abortados

A seguir ilustraremos 3 casos ocorridos na Colônia dos Rejeitados:6

CASO 1:

Luiz Sérgio narra um caso emocionante, mostrando um diálogo entre um médico e um abortado, numa tentativa do Plano Maior em recuperar o seu corpo espiritual:

“Outro caso lamentável foi o de Fernando. Da cintura para baixo possuía a forma de um bebê e da cintura para cima o formato de um homem. Seu olhar cintilava de ódio. O médico lhe perguntou:

- Você é o Fernando? - ele assentiu com leve movimento de cabeça. Deseja conversar hoje?

- Não, nada quero, somente morrer de vez.

- Sabe que isso é impossível. E depois, o plano de Deus espera por você. Terá de voltar à Terra e prosseguir viagem.

- Vocês são loucos e sanguinários. Vejam o meu estado! Obedecendo à Espiritualidade Maior, frequentei todos os cursos para o mergulho em novo corpo e hoje, o que restou de mim? Uma deformação odiosa, pela rejeição de alguém que prometeu acolher-me no seu ventre. Tudo mentira! Nada quero, não acredito em mais nada. O mundo é feito de ódio.

- Fernando, por favor, vamos buscar sua antiga forma, ela está na sua mente, vamos correr para os braços de Jesus e verá que é capaz de fazê-lo. Nada pode tolher seus movimentos, eles lhe pertencem, portanto, a saúde está em você, busque-a agora, queira-a, meu Irmão!

Fernando gritava:

- Não posso, não vê que tenho um aleijão? Sou homem e bebê.

- Não, você não é um bebê. Você é que insiste em recordar tão triste fato. Esqueça-o, Irmão querido, e busque na sua alma a forma verdadeira do seu corpo de homem. Agora, vamos imaginar cada órgão seu e verá surgir o verdadeiro Fernando.

- Não posso, eles me matam! A mesa ... os aparelhos ... as seringas ... a dor, a dor, a dor queima, queima! ... Não, não me mate, mãe! Nada lhe fiz de mal, peço-lhe somente: deixe-me nascer!

- Fernando, o seu corpo, o seu corpo, Fernando! Molde-o novamente! Molde-o novamente como você era antes!

- Não posso! O líquido me queima, estou sendo assassinado friamente! O que fiz para vocês assassinos? Reduzem-me a feto e, agora, covardemente, abusam da minha pequenez e me matam! Por favor, deixe-me nascer, não os pertubarei jamais. Abandonem-me depois para que outros me criem, mas não me matem, covardes. Eu não tenho armas para me defender. Um dia terão de pagar por isso e o meu ódio será eterno. Como posso chamá-la de mãe, quando assassina um filho inocente e indefeso? Nem os animais praticam tão cruel assassinato. Bandidos, bandidos cruéis!
Dizendo isto, desmaiou”.

CASO 2:

“... fui com meu grupo até o auditório, onde uma platéia muito estranha ouvia atentamente uma preleção de Olavo. Olhei aqueles corpos, sem encontrar palavras para descrevê-los. Alguns Espíritos, bem deformados, possuiam rosto de criança e corpo de adulto; outros, o corpo de criança com braços e pernas de adulto”.
Mais adiante, Luiz Sérgio reproduz uma parte da palestra ministrada por Olavo:

- “O desejo está em oposição às tendências morais. A mulher só pratica o aborto quando se sente incapaz de assumir uma vida, sendo esta a causa de muitas buscarem ajuda nas clínicas abortivas. Mas os abortados precisam conscientizar-se de que o aborto é um ato físico e o Espírito não deve ficar reavivando os fatos tristes que enfrentou. Sei que carrega no corpo a chaga da rejeição, mas nem por isso deve considerar-se rejeitado. Cada cérebro é uma casa, um mundo, enfim, um universo, e somente seu dono pode arrumá-lo. Se ficarmos ornamentando nossa casa, nosso mundo, com enfeites da revolta, da vingança, do ódio, teremos um cérebro perturbado e uma casa mental em desalinho, fugindo do universo de Deus. Sabemos que no momento do violento aborto o cérebro, defendendo-se, deseja, em alguns segundos apenas, dar outra vez nova modelagem ao corpo. Nesse desespero ocorrem anomalias na forma perispiritual. Não esqueçamos que, para chegar à condição de feto, tivemos de aprender a nos concentrar de tal modo que, por vontade própria, déssemos ao corpo perispiritual a forma diminuta”.

Vimos no que foi relatado acima, a necessidade do abortado de não ficar alimentando a vingança, nem de ficar na cômoda posição de rejeitado. Há a forte necessidade de buscar o equilíbrio mental onde, através de exercícios de concentração e mentalização, buscar o contorno para um novo corpo espiritual. Vejamos a seguir, um destes exercícios:

“Olavo mudou o tom de voz, falando suave e pausadamente:

- Agora, neste auditório, vamos olhar as lâmpadas que se encontram no teto e vamos dar um novo colorido à nossa casa mental. Vamos, ainda, buscar no inconsciente o apagador e, depois de ter retirado da mente os fatos cruéis já vividos, vamos fazer crescer a vontade da cura e plasmar com amor um corpo perfeito para nós. Vamos fixar as lâmpadas e agora, como se fôssemos pintores, tocar cada parte do nosso corpo, dando-lhe as formas das quais ele precisa.

Estabeleceu-se completo silêncio. As luzes ganharam uma nova irradiação e todos aqueles Espíritos, de olhos bem abertos, fixaram as lâmpadas para depois cerrarem os olhos e pouco a pouco foram moldando, cada qual um novo corpo”.





CASO 3:

A seguir um outro exemplo do trabalho terapêutico dos Mentores Espirituais com as Entidades abortadas com deformações no corpo espiritual:

“...e Jacó, em posição de lótus, à frente de Gustavo na mesma posição, iniciou o trabalho mental. Jacó de mãos juntas sobre o peito, cabeça baixa, orava em silêncio. Gustavo, também na mesma posição, tentava entrar em sintonia.
Começou Jacó a falar, num tom de voz dulcíssimo. Sua voz era tão suave que receei também entrar em estado hipnótico.
- Gustavo, a roseira perdoa a mão do jardineiro que lhe furta a rosa perfumada; a terra não reclama paternidade quando o agricultor a abandona, levando os cereais; os pais não amaldiçoam os filhos quando saem de casa para construir um novo lar. A vida só tem valor se a colorirmos de perdão. Neste instante, vamos buscar, na nossa casa mental, o Médico que ganhou de Deus o diploma da vida e optou pela morte; que ele possa ser tocado na sua consciência e compreenda o mal que pratica contra inocentes criaturas; que os aborteiros recebam de nós uma chuva de amor e perdão; que nas suas consciências brotem a semente do Amor. Vamos buscar Paulo e Andréa e dizer-lhes que nada se compara à missão dos pais; que interrompendo uma gravidez, eles estão retardando o momento glorioso de apertar um filho nos braços.

Observava Gustavo, enquanto Jacó prosseguia. Seus olhos pareciam divisar os momentos dramáticos do seu contato com o corpo de sua mãe. O olhar foi ficando duro. Jacó só falava em perdão. A medida que foi falando, Gustavo foi também relaxando e adquirindo um novo olhar, menos vago e mais lúcido. Eu estava emocionadíssimo, mas tinha de fazer força para não atrapalhar o trabalho. Jacó acrescentou:

- Mantenha o pensamento em Deus, firme n’Ele os seus propósitos e busque recordar-se do seu corpo na forma adulta, sem deformações; busque o Gustavo homem.

Em poucos segundos Gustavo se nos apresentou um belo jovem de 27 anos; não saira da posição inicial, apenas crescera ali na frente de Jacó, recebendo forte carga magnética não só do Irmão-paz, como de todos nós que ali estávamos. A operação foi longa e me pareceu complicada, tanto que para realizá-la contamos com Jacó, que na última encarnação foi um líder hindu, conhecedor do magnetismo humano. Gustavo de tanto esforço, caiu desmaiado, sendo socorrido pelos enfermeiros da casa”.




6) Extraído do livro "Deixe-me viver" de Luiz Sérgio

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Superando Obstáculos, Entregando-se a Deus, Vera M. Bestene, Brasil

Pedi, e abrir-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á” Jesus
Mateus 7.7

A Terra, no sistema universal, é um planeta destinado a provas e expiações. Tudo temos para alcançar a tão almejada felicidade, entretanto necessário se faz um remover de obstáculos e uma entrega total à Deus.

Nós, seres humanos, somos seres em desenvolvimento, em progresso, entretanto não somos seres primitivos, espíritos criados recentemente por Deus. Por já termos tido vivências anteriores e algum progresso em nosso desenvolvimento, estamos na Terra, onde teremos a oportunidade de melhorar mais e nos aprimorarmos no bem. Para tanto precisamos passar por provas e expiações, conforme nossas necessidades e o tanto que tenhamos deixado pendente para nossa evolução no bem.

Deus, infinitamente bom, ser soberano, com atributos individuais que só a ele competem, como é o caso da perfeição, nos dá a oportunidade de cumprir com nossos desígnios e, nesta existência, nossas provas e expiações que, quando nos são apresentadas, vêm em forma de problemas, de dificuldades, de obstáculos. Muitas vezes nós temos a sensação de que as provas e expiações são indevidas, que nada fizemos para isto, ou mesmo não contribuímos com nada de ruim. É possível que aparentemente assim o seja, entretanto não podemos afirmar isto com a mesma convicção quando lembramos que nada conhecemos de nossa vida pretérita e é possível que na balança do bem e do mal que trazemos para esta existência, esteja pesada demais no mal.

Nossa reação, quando nos surgem problemas, é entrar em pânico, desesperados, angustiados, depressivos, com toda sorte de sofrimentos que podemos atrair para nós. Não que este seja o caminho correto e o melhor a fazer. Não. Mas é o que habitualmente fazemos. Entretanto quando tomamos esta postura, quando nós estamos absolutamente entregues a pensamentos pessimistas, logicamente não podemos fazer nada além de nos conectarmos com os espíritos que estejam nesta faixa de energia, não recebendo nenhuma beneficio deles, nenhuma indicação de solução ou caminho mais leve ou suave que nos leve a resolução dos problemas. Desta forma abrimos nossos canais às obsessões, e deixamos com que nossos problemas nos estrangulem, nos incapacitem de lutar.

O primeiro passo para quebrar, interromper este ciclo de autodestruição do pensamento, das ações coerentes, é a entrega do problema a Deus, é construir o edifício dos valores de moral cristã, é a vontade de estar com Ele e sentir n'Ele a ajuda necessária. Esta entrega total é sempre tomando por base que se há de ter fé, acreditar na ajuda divina, pois que a fé é fundamental, mas exige que seja raciocinada, coerente, ampla e de verdadeira confiança em Deus e é feita através da oração.

A descontração e o relaxamento nos levam a abrir caminhos ao entendimento e a boa conversa com Deus. Depois, a meditação, descobrindo o eu profundo, o imo do ego, acreditando fielmente que teremos Deus para nos ajudar a resolver os problemas, para nos orientar qual o melhor caminho a seguir. Permitimos assim que Deus aflore em nossa mente, em nosso corpo e retire o bloqueio pessimista que nos embota a visibilidade dos benefícios que se farão claros através da oração.

Mas precisamos lembrar que Deus é a Luz e perdão não havendo trevas no caminho que nos leva à ele. Jesus nos disse que “todo o que pede, recebe; o que busca, encontra e o que bate, abrir-se-vos-á”. Nossa atitude de humildade e confiança, nosso viver íntegro e calcado no bem, no amor ao próximo, no perdão, na caridade ampla e irrestrita, proporciona um andar na luz, mantendo comunhão com Deus, são atitudes de conquista das bênçãos divinas que nos permite, conforme nosso merecimento, minimizar sofrimentos e amenizar dores.

Deus é bondade suprema, ele nos proporciona, a cada vida terrena, a oportunidade de passar por provas e expiar as falhas havidas nessa ou em vidas pretéritas. Nós, no exercício do livre arbítrio, da fé, paciência, esperança e principalmente caridade, teremos aberto o canal de encontro com Deus e, certamente poderemos vê-lo em nosso imo absoluto, pois que Ele está em nós e nós estamos n'Ele e assim superaremos obstáculos e entregar-nos-emos a Deus.

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História & Pesquisa

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas" -  Comitê Editorial da LIHPE)

Chico Xavier: O Homem Futuro II, J. Herculano Pires

(Publicado na Revista  Planeta, Numero 10, de Junho de 1973)

Face a face com Chico Xavier

O contato pessoal com Chico Xavier nos dá a medida do homem-psi. Estamos em Uberaba, face a face com Chico Xavier. Na­da encontramos de impressionante, de surpreendente. Temos pela frente um homem aparentemente comum, vestido com simplicidade, de corpo e estatura medianos, doente dos olhos, e que impede de realizar leituras e estudos que lhe atribuem os que não o conhecem. Chico fala com naturalidade e fluência. Antonio Zago comenta esse fato e o médium sorri, lembrando-nos seus tempos de menino, de adolescente, de jovem, quando gostava de aplicar nas conversas pa­lavras estranhas que ouvia dos outros, achava bonitas mas não sabia o que significavam. “Foi então - diz ele - que Emmanuel começou a me chamar a atenção e corrigir-me.”

Para quem não conhece a vida real desse homem, a miséria que enfrentou desde criança, a doença da vista que o perseguiu sem cessar, isso poderia parecer desculpa, encenação. Mas a verdade brota espontanea do seu falar mineiro, de sua gesticulação natural. Perguntamos se a percepção dos espíritos ao seu redor, o contato permanente com o mundo dos mortos não o perturba. “No principio - responde ele - eu pensava que era visitado ocasionalmente pelos espíritos e me sentia até incomodado. Com o tempo fui compreendendo que aquilo fazia parte de minha vida.”

Os repórteres sempre o enfrentaram com desconfiança. Cada reportagem sobre as suas atividades e cada entrevista com ele estão marcadas de suspeitas a ironias. Em Pedro Leopoldo, a cidadezinha em que nasceu a viveu longos anos, trabalhando em serviços pesados para sustentar-se e ajudar a família numerosa, foi vitima de agressões e chantagens. Certa vez o obrigaram a ajoelhar-se num banheiro para fotografa-lo em atitude ridícula. Não obstante, foi nessa época que produziu as obras psicográficas mais significativas. Os espíritos o assistiam, suprindo a falta de assistência humana. Dois repórteres famosos o maltrataram e o subjugaram. Apresentaram-se como estrangeiros, dando-lhe nomes supostos. Quando iam se retirar, Emmanuel lhe disse que os presenteasse com livros psicografados. Chico autografou os livros a os repórteres partiram apressada­mente. Ao chegarem ao Rio, tiveram a surpresa de verificar que Chico autografara os volumes com os seus nomes verdadeiros. Um deles hoje é espírita e seu admirador.

O saudoso escritor Osório Borba escrevia um livro contra Chico Xavier. O autor de A Comédia Literária desejava provar que Chico não passava de pasticheiro. Encontrou-se comigo e Cid Franco em Belo Horizonte. Íamos a Pedro Leopoldo, visitar o médium. Osório não nos revelou o que estava fazendo mas pediu para acompanhar-nos. Quando voltamos para Belo Horizonte e fomos a um bar, Osório se abriu: “Vou pro­var que o Chico é um pasticheiro, seja consciente ou inconsciente. Ele me impressionou bem, mas tenho de provar isso. Meu livro está quase pronto”. Discutimos a respeito e entre os vários casos que vieram à baila citei-lhe Augusto dos Anjos. Osório, para meu assombro, me disse: “Está aí um ponto curioso. Chico o pasticha bem, mas cometeu em Parnaso de Além-Túmulo um engano imperdoável: atribuiu a Antero de Quental o soneto Número Infinito, que pastichou para Augusto”. Protestei e mostrei-­lhe que esse soneto era um réplica admirável do próprio Augusto dos Anjos ao soneto Último Número que ele tinha escrito em vida. Osório enfureceu-se, protestou, agitou o bar. Prometeu que chegando ao Rio verificaria isso a me escreveria. Nunca me escreveu a respeito e nunca, também, publicou o livro contra Chico.

Lembro-me disso face a face com Chico e lhe pergunto: “Por que foi que esse maravilhoso soneto de Augusto dos Anjos, verdadeira ficha de identidade do poeta, não figurou na nona edição do Parnaso, comemorativa do 40° anos de sua publicação?” Chico baixou os olhos e respondeu: “Não sei. Desde a quinta edição do Parnaso que eles tiraram esse soneto”. E desviou o assunto. Eles são os seus editores da FEB, a cujo departamento editorial Chico cedeu gratuitamente uns oitenta livros. Nem sequer para a sua obra psicografada este homem que deu sua vida ao trabalho mediúnico pode exigir o respeito que ela merece. 

Soubemos depois de outras alterações nesse e em outros livros. Mas Chico Xavier não reclama porque sua missão é unir e não dividir. Perguntamos a Chico se o fato de estar sempre mediunizado não o perturba. Chico lembra que na infância e na adolescência isso o perturbava. E acrescenta: “Vivemos sempre com o retrato que fazem de nós e com a nossa própria realidade interior. Te­mos de nos ajustar a uma e a outra. Aceito o mundo a os homens como eles são, a continuo eu mesmo. Só o tempo me deu esse equilíbrio. E isso não é fruto de santidade, como pensam alguns, nem de perfeição, co­mo dizem outros - é fruto de experiência”.

Este é um dos pontos que nos dão a prova da autenticidade de Chico Xavier: não se faz de santo, nem de perfeito, nem de mestre. Quando o dr. Ranieri publicou um livro com o título de Chico Xavier, o Santo dos Nossos Dias, o médium se aborreceu como se o tivessem ofendido. Não quer que façam dele uma imagem irreal. Sabe que as faculdades paranormais são naturais e que todos as possuem em menor ou maior grau. Está convicto de que todos evoluímos para Deus através da experiência que desenvolve nossas potencialidades espirituais. Não se julga superior a ninguém, pois se considera um semovente do espiritismo, lembrando o dia em que teve de inventariar os bens da fazenda em que trabalhava e descobriu essa palavra: ”Foi então que descobri também o meu lugar”.

Quando Chico passou a usar peruca para cobrir a calva e a vestir-se melhor para se apresentar em público, muita gente o acusou de vaidade. Ainda há pouco alguns repórteres se referiram a isso. Mas Chico pergunta se lhe assiste o direito ou a qualquer outra pessoa, de ferir a sensibilidade alheia e desrespeitar auditórios e assembléias a pretexto da humildade.

”Devemos cuidar da nossa aparência física, como cuidamos da espiritual. Não temos o direito de chocar os outros e enfear o mundo com as nossas deficiências”. Poderão pensar que isso é uma boa desculpa, mas quem conhece Chico Xavier de perto sabe que essa é realmente a sua atitude. “Não posso ser vaidoso de mim mesmo, pois tudo o que fiz não foi feito por mim mas pelos espíritos, devo a Emmanuel tudo o que sou”.

A última de Chico é esta: sua atual reencarnação foi desapropriada pelos espíritos. “Agora estou tranqüilo. Não me pertenço mais. Estou nas mãos deles para o que eles determinarem. O primeiro plano de Emmanuel foi de trinta livros, que cumpri ate 1947; o segundo foi de 60, cumprido ate 1958; de 59 para cá não me compete saber dos seus planos, mas apenas obedecer. É o que estou fazendo e não sei a quantos livros chegaremos.”

Psicografia e automatismo

A obra psicográfica de Chico Xavier se impõe não só pelo valor moral e espiritual, mas também pela autenticidade estilística e temática dos escritores comunicantes. Há uma série de romances romanos transmiti­da por Emmanuel - Há Dois Mil Anos, 50 Anos Depois, Paulo a Estevão, Ave Cristo e Renuncia - que constituem verdadeiro desafio aos que pretendem explicar a psicografia de Chico Xavier pelo pasticho ou pelo automatismo. Roberto Macedo elaborou um Vocabulário Histórico-Geográfico dos Romances de Emmanuel que foi publicado pelo Departamento Editorial da FEB (Federação Espírita Cristã Brasileira) e que mostra a complexidade de dados de que o autor teve de ser­vir-se para escreve-los. Acontece que o médium nunca possuiu cultura suficiente para tanto nem dispôs de material de consulta ou mesmo de tempo para usa-lo.

Como Chico Xavier recebeu esses romances? Sentado a mesa do Centro Espírita Luis Gonzaga ou numa sala de arquivo da fazenda em que trabalhava em Pedro Leopoldo e dispondo apenas de lápis e papel.

A técnica de transmissão paranormal por ele descrita concorda plenamente com a verificada pelas pesquisas parapsicológicas atuais em casos diversos, particularmente nos casos de visões a aparições. Emmanuel não se limitava a ditar os romances por efeitos auditivos ou intuitivos ou ainda a escreve-los pela psicografia automática. No caso de Paulo e Estevão, por exemplo, essa técnica era iniciada por projeções dos episódios do romance numa tela psíquica (implicando um caso típico de retrocognição ou visão do passado) só de­pois dessa projeção é que  médium passava a escrever, sob impulso da entidade espiritual, que lhe movia a mão em processo semi-mecânico. Quem estiver habituado a leituras parapsicológicas deve lembrar-se do livro de Tyrrel, Aparições ou do livro Os Canais Ocultos da Mente da sra. Louise Rhine, em que esse processo é descrito e analisado. A ocorrência desse fenômeno com Chico Xavier não se limita aos casos de psicografia, o que vale por confirmação das suas declarações a respeito. A flexibilidade mediúnica de Chico é extraordinária e os testemunhos insuspeitos das mais variadas formas de ocorrências são numerosos. A escrita automática, como se sabe, muito antes dos estudos de Pierre Janet e outros, já era conhecida dos espíritas. O automatismo psicomotor que a produz resulta da passagem para a mente de correntes de idéias do inconsciente do médium em estado de transe hipnótico ou mediúnico. Esse automatismo é o instrumento, o mecanismo de que se servem os espíritos na produção da psicografia.

É grande a variedade de tipos de manifestação psicográfica, não só entre vários médiuns como na atividade de um mesmo médium. A psicografia pode ser apenas intuitiva (o médium captando mentalmente o fluxo de idéias da entidade comunicante) ou intuitivo-mecânica (o que vale dizer semi-mecânica) pois nesse caso o médium recebe o fluxo de idéias no mesmo tempo em que a sua mão é impulsionada a escrever com grande rapidez. Pode ser também auditiva (o médium ouve o ditado oral da entidade e escreve) ou auditivo-mecânica. E pode ser simplesmente mecânica. Com Chico Xavier a forma mais freqüente, ao que parece, e a intuitivo-mecânica.

Além da serie de romances romanos, suficiente para provocar o interesse dos pesquisadores mais categorizados, Chico Xavier possui na sua obra vários volumes de estudos científicos como Pensamento e Vida, Mecanismos da Mediunidade, Nos Domínios da Mediunidade, Evolução em Dois Mundos, em que a soma de conhecimentos e dados é simplesmente atordoante. Não há possibilidade de se explicar a produção de um só desses livros sem a intervenção de outras mentes na atividade do médium. A pesquisa dos fenômenos theta e o pronunciamento favorável de eminentes parapsicólogos. A permuta de pensamentos entre mentes extra-somáticas e mentes humanas autoriza a aceitação da tese espírita admitida pelo médium.

O livro Evolução em Dois Mundos originou-se de um processo de parceria mediúnica a distancia. Chico Xavier, que então residia em Pedro Leopoldo, recebia naquela cidade os capítulos impares, e Waldo Vieira, que residia em Uberaba, recebia os capítulos pares. A distância entre as duas cidades é de setecentos e poucos quilômetros. A seqüência do livro e o próprio estilo dos capítulos são perfeitos, demonstrando a origem única do trabalho psicográfica dos dois médiuns.

Certamente se pode perguntar o que distingue a psicografia da escrita-automática. A distinção é feita através dos dados objetivos da escrita. Se ela se revela pelo conteúdo e pela forma (as idéias, a temática e o estilo), pela caligrafia e a assinatura, por da­dos pessoai inconfundíveis da entidade comunicante; só o preconceito pode levar um investigador a atribui-la ao animismo (segundo a terminologia espírita) ou ao automatismo psíquico inconsciente (segundo a linguagem psicológica). As duvidas levantadas por meio de hipóteses fantasiosas, co­mo a da captação pelo médium de conteúdos de mentes de pessoas distantes ou de captação num possível inconsciente coletivo, estão fora de moda. A pesquisa intensiva mostrou o absurdo dessas hipóteses.

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São Paulo 450 anos - O Museu Espírita, Carlos Iglesia, Brasil

Comentamos em artigo publicado no Boletim 469 - o primeiro de uma série que pretendemos publicar em homenagem ao aniversário da capita paulista - que nela a Doutrina Espírita encontrou  ambiente propício para sua implantação e desenvolvimento. Pois nesta edição apresentamos um exemplo desta acolhida. Foi em São Paulo que um antigo projeto de Kardec para a manutenção da memória do movimento espírita tornou-se realidade.

Museu Espírita
Museu Espírita

No artigo "Constituição Transitória do Espiritismo", da Revue Spirite de dezembro de 1868, Kardec apresenta a idéia de um "museu em que serão reunidas as primeiras obras da arte espírita, os trabalhos mediúnicos mais notáveis, os retratos dos adeptos que bem o tiverem merecido da causa por seu devotamento, os dos homens que o Espiritismo honra, embora estranhos à doutrina, como benfeitores da Humanidade, grandes gênios missionários do progresso, etc."

No ano seguinte - 1869 - Allan Kardec desencarna e seus sucessores imediatos na direção da Sociedade de Estudos Espíritas de París e na direção da Revue Spirite tem de enfrentar questões mais imediatas como a continuidade da divulgação da Doutrina e sua sobrevivência em um mundo que passa por transformações politicas e econômicas gigantescas. Em 1870 estoura a guerra franco-prussiana que culmina na derrota francesa, pondo fim ao período histórico do Império de Napoleão III.

A turbulência inicial - cujo episódio mais famoso foi a Comuna de París[1] - abre o caminho para a "Belle Époque". É a época do apostolado de Léon Denis, da celebridade de Cammille Flammarion e, junto com o desenvolvimento da fotografia, também a época da fotografia espírita. A França dita a moda e influencia o mundo. Por meio da influência cultural francesa o Espiritismo se propaga e nesse momento de expansão os planos de um museu acabam esquecidos. Investiga-se, discute-se, abrem-se caminhos novos e - para os pioneiros desta época - os fatos que deram surgimento ao Espiritismo são tão próximos que não parecem precisar de um museu para sua preservação[2].

A "Belle Époque" termina com a I Guerra Mundial, uma tragédia de proporções colossais para a cultura européia, tragédia que só seria superada pela II Guerra Mundial. O fim da "Belle Époque" e o início do período de entre-guerras vê o surgimento da Revolução Russa e dos regimes totalitários - de esquerda e de direita - em praticamente todo o continente europeu. Onde se escapa das ditaturas não se escapa do medo que elas infundem. É uma época de incertezas e de receio, o que sai do normal é visto como ameaça e idéias diferentes são um perigo a ser erradicado. Assim o Espiritismo praticamente desaparece na Europa deste período.

Dr. Paulo
Dr. Paulo Toledo Machado

O sonho só seria retomado em 1997, a partir de um acervo reunido durantes décadas pelo Dr. Paulo Toledo Machado e pelo Instituto de Cultura Espírita do Estado de São Paulo. Retomando o projeto de Kardec este acervo foi reunido em local adequado e organizado para permitir sua preservação e análise. O Museu, localizado na Lapa, conta com uma excelente biblioteca, uma hemeroteca em fase final de organização e salas para conferências e apresentação do acervo principal. Em edifício anexo estão sendo preparadas a Pinacoteca, uma sala para projeção de filmes, arquivo histórico e sala de teatro. São ao todo três edificios que contém o Museu, a sede administrativa do ICESP e as instalações citadas.

pinturas
Reconstituição das Pinturas de Monvoisin

Simbolizando a forte ligação entre o museu atual e o projeto de Kardec, estão em local de destaque as reconstituições das pinturas de Monvoisin (Raymond-Auguste Quinsac) presenteadas pelo artista a Allan Kardec. Estas obras constituiriam o ponto inicial do museu proposto (vide Revista Espírita - junho de 1869 - Museu do Espiritismo) e representam momentos históricos de grande significado, como por exemplo a transfiguração no Monte Tabor, cenas da vida de Joanna D´Arc e a execução de João Huss.

Entre as obras disponíveis na Biblioteca e na Hemeroteca, encontram-se livros e periódicos raros. Obras do séc. XIX e início do século XX que permitem reconstituir os passos iniciais do Espiritualismo Moderno e da Codificação Espírita. De destaque são edições originais da Revue Spirite e das obras da codificação, entre elas a edição comemorativa do primeiro centenário do Livro dos Espíritos com o fac-simile da edição de 1857. A edição que é conhecida atualmente foi uma revisão e ampliação desta edição original, publicada em 1860.

Dentro da visão de que um Museu é também um pólo gerador de cultura, ao preservar e interpretar o passado, o ICESP promove ciclos de palestras onde são estudados a história da Doutrina e seus postulados, desde os precursores até o movimento espírita atual. A história desta maneira torna-se guia para a compreensão do presente e base para a escolha dos rumos do futuro.

A revista do Instituto, publicada trimestralmente, também é um dos recursos de apoio deste trabalho, seus artigos veiculam os estudos realizados no ciclo de conferências e aprofundam temas históricos e culturais. Andrew Jackson Davis (1826-1910), Marina Duclos Leymarie (1837-1904), Pierre-Gaëtan Leymare (1827-1901), Adolfo Bezerra de Menezes (1831-1900) além de Chico Xavier e do próprio Kardec foram alguns dos temas principais das edições desta revista.

O Museu, como outras grandes obras espíritas, foi construido com abnegação e sacrificio. Fundamenta-se no trabalho e nas contribuições voluntarias de seus colaboradores. Assim, não seria possivel deixar de salientar que ele está de portas abertas a todos os companheiros que desejarem colaborar com a preservação da memória do movimento espírita.

É uma obra extraordinária e fazemos votos de que continue prosperando, que, da mesma forma que nestes 450 anos da cidade, esteja aberta ao pesquisador nos aniversários de 500, 550, 600 e assim por diante ...

E fazemos votos de que as edições do GEAE estejam lá em seu acervo também ;-)

O endereço do Museu Espírita é:

    Rua Guaricanga, 357
    Lapa - São Paulo, SP
    TEL (11) 3834-4701
    CEP 05075-030
    icesp@frontier.com.br
    http://www.frontier.com.br/Icesp

Notas Complementares

1 - Com a rendição de Napoleão III foi criada na França uma republica de tendência conservadora. O conselho municipal de Paris recusou-se a aceitar os termos da rendição e a forma como a nova republica foi constituida, estabelecendo um governo independente. As tensões do final da guerra acabaram levando a exaltação dos animos e ao radicalismo de ambos os lados. A "Comuna de Paris" reviveu episódios do extremismo jacobino da revolução de 1789, com execuções publicas e assasinatos cometidos pela turba descontrolada. Sem uma organização militar efetiva a Comuna foi facilmente derrotada pela tropa do governo, que por sua vez foi implacável contra seus partidários.

2 - Naturalmente ocorreram algumas iniciativas isoladas para a preservação da história do Espiritismo, como, por exemplo, o livro de biografias escrito por J. Malgras e publicado em 1906: "Les Pionniers du Spiritisme en France" (Os Pioneiros do Espiritismo na França). Em 1926, já no período entre as guerras mundiais, foi publicado o livro "The History of Spiritualism" (A História do Espiritualismo) de Arthur Connan Doyle, que é a principal fonte de informações para a história do surgimento do Espiritualismo Moderno e do Espiritismo.

Bibliografia

BAUMARD, C. Léon Denis na intimidade. Tradução Wallace Leal V. Rodrigues. Matão (SP): Casa Editora O Clarim.

DOYLE, A. C. História do Espiritismo. Tradução Júlio Abreu Filho. São Paulo: Editora Pensamento, 1978.

FRIEDRICH, O. Olympia - Paris no tempo dos impressionistas. Tradução Hildegard Feist. São Paulo: Círculo do Livro, 1992. (Este livro apresenta o panorama cultural do período de Napoleão III. Tem informações interessantes sobre a guerra franco-prussiana, inclusive do cerco de Paris pelas tropas prussianas e da Comuna).

KARDEC, A. Constituição Transitória do Espiritismo, Revista Espírita - Dezembro 1868. Tradução Júlio Abreu Filho. São Paulo: EDICEL (vol. XVI da coleção com as obras completas de Allan Kardec).
___. Museu do Espiritismo, Revista Espírita - Junho 1868. Tradução Júlio Abreu Filho. São Paulo: EDICEL (vol. XVIII da coleção com as obras completas de Allan Kardec).

LEYMARIE, M. P. Processo dos Espíritas. Introdução em português por Herminio C. Miranda. Rio de Janeiro: FEB, 1976 (O livro original é um texto da Madame Leymare em defesa de seu marido, Pierre-Gaëtan Leymare, sucessor de Kardec na direção da Revue Spirite, injustamente acusado de participar de um caso de falsificação de fotografias espíritas. Em 1875 a fotografia espírita estava em voga e chamava muito a atenção de pesquisadores e dos leigos. A edição da FEB é na realidade um resumo de Herminio C. Miranda com uma apresentação inicial sua sobre a fotografia espírita e sua história).

MALGRAS, J. Os Pioneiros do Espiritismo. Tradução Sebastião Paz. São Paulo: DPL, 2002.

SAMPAIO, J. Flammarion: Um Astrônomo diante do mundo dos Espíritos. GEAE: http://www.geae.inf.br/pt/biografias/cflammarion.html

VALENTIN, V. História Universal. Tradução Eduardo de Lima Castro. São Paulo: Livraria Martins Editora: 1948. (Uma excelente obra do historiador alemão Veit Valentin. O tomo III trata desde o inicio do século XIX até o final da II Guerra Mundial. Há um capitulo sobre Napoleão III, abordando inclusive a guerra Franco-Prussiana de 1870. Este historiador viveu pessoalmente os problemas da ascensão do nazismo na Alemanha - teve inclusive que se refugiar no exterior - dando assim uma descrição de primeira mão sobre os fatos que marcaram essa época).

WANTUIL, Z. THIESEN, F. Allan Kardec. Rio de Janeiro: FEB, 1980 (Uma das melhores obras sobre Allan Kardec e seu tempo).

WEBER, E. França Fin-de-Siècle. São Paulo: Companhia das Letras, 1988 (Um olhar sobre a França da virada do século XIX para o XX. A rigor o "fin de siècle" corresponde aos anos finais do século XIX e a Belle Époque aos anos iniciais até a I Guerra Mundial. O nome "Bela Época" foi dado posteriormente face aos horrores da I Guerra Mundial e as incertezas do entre-guerras).

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Questões e Comentários 


Comentário Sobre Artigos do Alexandre Fontes da Fonseca e Nota de Esclarecimento dos Editores, A. Mattos, Brasil

Prezado Editor:
 
Meus parabéns pelo artigo do Ademir Fonseca, sobre Espiritismo e Mecanica Quantica. Procurar paralelos no caos em que se encontra a Ciência hoje é dar saltos no escuro.
 
São louváveis as tentativas de unificar os espiritos com a matéria, com o respaldo da Ciéncia. Einstein também tentou unificar a Ciencia com uma Teoria Unificada da Natureza (que até agora ninguém conseguiu).
 
Como bem pondera o Ademir, não devemos passar da especulação empirica `as afirmaçoes categoricas. Creio ainda estar longe o dia da unificação espiritismo-ciencia. Os cientistas ainda não aceitam fenomenos elementares que todos conhecem, como sexto-sentido (telepatia, premonição etc.), simplesmente porque não sabem nem por onde começar uma explicação. Kardec ja deu essa explicação, mas as primitivas ferramentas (métodos) da Ciencia não conseguem chegar lá.
 
Os cientistas, em seus nobres afãs de explicar a Natureza, tambem teem chegado a paradoxos em outras plagas. No campo da Mecanica Celeste, por exemplo, pessoas seéias teem levantado hipoteses como "o mundo deve ter onze dimensoes, e nao apenas tres", ou "em outras dimensoes as Leis da Fisica mudam completamente", ou "o Universo pode ter infinitas dimensoes, e nos estamos em uma delas". (Estudos sobre as "cordas")
 
No entanto, eu iria ainda mais longe que o Ademir.
 
Não sóa Física está num impasse. A principal ferramenta usada pelos cientistas, a Matemática, também entrou em colapso, quando Goedel concluiu, em 1931, que ela pode chegar a conclusoes absurdas e contraditorias, um defeito inerente `a própria Matemática. Aliás, não só a Matemática, mas a própria Lógica, que todos nos usamos para raciocinar, é insuficiente, pois sempre pode chegar a "becos sem saida"!
 
Em outras palavras, nossas ferramentas não servem para explicar tudo o que existe! Mais detalhes em

 http://www.time.com/time/time100/scientist/profile/godel.html)
 
Não é sem razão que o grande economista Galbraith (de Harvard) escreveu o livro "A Era da Incerteza".
 
Quanto `a Mecânica Quantica, Einstein não aceitou a Estatistica para explicar a Natureza, quando disse "Deus não joga dados com a Natureza". Aliás, existe a respeito a conhecida frase: "A Estatistica é o poste onde o bebado se encosta para não cair".
 
Esse quadro caotico tem se refletido na juventude hodierna: todos contestam tudo, e não acreditam em mais nada (como qq professor universitário pode constatar).
 
Não tenho bola de cristal, mas acredito, como Engels,  que o caos seja o nascimento do novo. Talvez nesse novo mundo se consiga, afinal, unificar o mundo da matéria e o do espirito, com o beneplácito da Ciencia.
 
Pax Vobis
 
Mattos - SP-Brasil


Nota de Esclarecimento dos Editores

O Alexandre Fontes da Fonseca, que tem colaborado sistematicamente com o GEAE, escreveu ultimamente dois interessantes artigos sobre Espiritismo e Física Quântica. O primeiro, veiculado através do Boletim 465, tem como título: Física Quântica e Espiritismo I: Um Alerta! O segundo, veiculado através do Boletim 468, tem como título: Física Quântica e Espiritismo II: Comentando Alguns Paradoxos.

Na veiculação do segundo artigo mencionado acima cometemos um erro no registro do nome do autor, que ficou assim registrado: Física Quântica e Espiritismo II: Comentando Alguns Paradoxos, Ademir Fonseca, Brasil. Em vez de Alexandre, registramos, por equívoco, Ademir. Além disto omitimos também a informação de que este artigo também foi previamente publicado no exemplar 485 do Jornal Alavanca.

Queremos ainda esclarecer que o comentário do Mattos acima é relacionado com o artigo do Alexandre Fontes da Fonseca.

Os Editores.

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Pergunta Sobre Desdobramento, Rodrigo Reis, Brasil

Assino o boletim GEAE há algum tempo, tenho curiosidade sobre um tema especifico e gostaria de fazer uma pergunta:

Qual a visão esprita sobre a projeção astral consciente ou desdobramento astral como designado por Allan Kardec? Já ouvi de alguns espiritas que pode haver algum perigo nesse tipo de prática, mas sem argumentos. O espiritismo considera mesmo perigosa esta prática?

Um abraço,
Rodrigo Reis

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Pergunta Sobre "Espírito Velho", Adriana Brito, Brasil

Bom dia.
 
Quando um espírito incorporado em um médium diz que é um espírito velho, o que ele quer dizer com isso ? O que é julgado espírito novo e velho ?
 
Muito obrigada e abraços.
Adriana Brito                                       

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Painel


De Volta ao Lar Espiritual, Fátima Salvo, Brasil

Caros amigos,
 
Comunicamos-lhe que Paulo Daltro de Oliveira, após dois meses de dolorosa enfermidade, desencarnou na tarde do dia 28 de janeiro, quarta-feira passada, consternando a todos que com ele conviveram em mais de 40 anos de profícuo trabalho em prol do Espiritismo.Pedimos desculpas aos caros amigos pela demora do presente comunicado motivado por problemas em nosso modem de internet.

Agradecemos a todos as orações e gestos de solidariedade demonstrados durante este difícil momento, em especial aos que aderiram à campanha " Amigos de Paulo Daltro", cujo auxílio é inestimável.

Comunicamos ainda, aos  articulistas e leitores da Revista Espírita Allan Kardec, que o trabalho prossegue normalmente, sob a presidência de Estevão Costa Daltro, filho de Paulo. Continuem a nos prestigiar com textos e com a assinatura desta publicação, para que a obra de Paulo tenha continuidade e possa cumprir o seu objetivo que é levar o Espiritismo ao mundo todo.

Mais uma vez, agradecemos a todos, rogando à Espiritualidade Maior que acolha Paulo em seu regresso á Pátria e derrame sobre todos nós, as suas bençãos.
 
Cordialmente
Fátima Salvo
Editora Revista Espírita Allan Kardec

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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição/Cancelamento - inscricao-pt@geae.inf.br

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português - http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" - http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins