Boletim GEAE

Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec

Ano 12 - Número 469 - 2004            27 de janeiro de 2004


Editorial

Admirável Mundo Novo

Artigos

Em Defesa da Vida – Alguns Argumentos contra a Prática do ABORTO II, Rubens Santini, Brasil

História & Pesquisa

Chico Xavier: O Homem Futuro, J. Herculano Pires

São Paulo - 450 anos, Carlos Iglesia, Brasil


Questões e Comentários

Perguntas Sobre Marte e Ufologia, Vagner Pires, Brasil
Comentarios Sobre Artigos do Alexandre, A. Lima, Brasil
Nota Sobre o Artigo da Dora Incontri, Cesar Volkof, Brasil

Painel

ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espirita em Espanhol Online




Editorial

Admirável Mundo Novo

Nestes primeiros anos do século XXI nossa humanidade parece perplexa. O desenvolvimento tecnológico, aliado ao comércio em escala global, transformou em realidade o que há poucos decênios era ficção cientifica. Naturalmente nem todas as previsões - boas ou más - se cumpriram, não navegamos pelas estrelas em 2001 nem passamos pelas catastróficas guerras nucleares previstas pelos mais temerosos.

Neste admirável mundo novo - que não é o de Aldous Huxley autor de um livro com esse sugestivo nome - o ser humano encontra-se diante da capacidade de comunicar-se com grande parte do planeta instantâneamente, assiste ao caminhar dos robôs na superficie de Marte e, infelizmente, sofre com a grande facilidade com que os malfeitores conseguem aproveitar-se de todo esse avanço em detrimento da sociedade. O homem que troca e-mails pela Internet e viaja de supersônico entre os continentes continua tão sujeito ao sofrimento quanto seu antepassado distante - que na busca do alimento cotidiano - mal se distanciava da proteção que os abrigos naturais lhe proporcionavam.

Naturalmente não se deve exagerar este fato. Da mesma forma que nos primórdios da civilização, estamos sujeitos as leis de causa e efeito e a do progresso. O homem é impulsionado para a frente pela necessidade de buscar melhores condições de vida e ao mesmo tempo recebe o retorno de seus atos. Quanto mais ajustados a lei maior - "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo" - mais distantes das dores extenuantes e com maiores possibilidades de desfrutar a felicidade relativa do plano terrestre.

A causa de termos dominado a matéria - e consequentemente melhorado continuamente o padrão de vida no globo terrestre - foi o empenho no desenvolvimento da inteligência, no aperfeiçoamento das estruturas sociais, na melhoria da organização econômica. Por outro lado, a permanência do sofrimento e a persistência do mal resultam do pouco empenho que sempre demos ao nosso desenvolvimento espiritual através das eras.

Não é por falta de avisos do plano espiritual, avisos que foram registrados em todas as religiões do planeta, em todas as linguas conhecidas, em todas as épocas da humanidade. E mesmo assim continuamos - como humanidade - fazendo-nos de surdos e a ignorar todo o esforço em prol do dominio próprio e da educação para a vida eterna.

E assim continuaremos, séculos adiante, se não mudarmos nosso enfoque. De pouco nos adiantará termos redes mundiais se estiverem a cada momento ameaçadas por virus e ataques, sinais evidentes de que o homem  espiritual não se encontra no mesmo nivel que o homem tecnológico. De  pouco nos adiantará termos meios de transporte cada vez mais rápidos se não pudermos sair de casa por medo da violência. De muito pouco nos adiantará termos todas as facilidades para o trabalho e o lazer se não tivermos um minuto de sossego frente a insegurança do que o próximo minuto nos trará.

Para aproveitarmos integralmente este admirável mundo novo que os novos tempos nos trouxeram há que fazer nascer dentro de nós o homem novo, é desenvolvermos dentro de nós aquele reino dos Céus do qual nos falou Jesus. Reino dos Céus que ele comparou com a pequena semente de mostarda, semente que plantada e cuidada dá nascimento a uma árvore imensa.

Desenvolvermos o Reino dos Céus em nós mesmos é um programa vasto e ambicioso, é o caminho estreito tão dificil de trilhar, mas que ao fim leva a melhores destinos que o caminho largo das facilidades terrestres, caminho largo que inevitavelmente termina em desiluções após o túmulo. O caminho correto é estreito, mas é o caminho que traz a paz de espírito em consequência da consciência tranquila. É dificil de trilhar, mas traz a colheita das benções resultantes do agir de acordo com as leis divinas.

Este caminho - que da mesma maneira que os caminhos terrestres tem mapas detalhando-lhe os percalços - encontra-se mapeado nas grandes obras religiosas da humanidade. No Vedanta e nas Upanishads encontramos seus traçados mais antigos, o vemos novamente ensinado nos Sutras Budistas, na sabedoria do Tao e na disciplina de Confucio, o encontramos na austeridade da lei Mosaica e na filosofia de Sócrates e Platão, vemos sua exemplificação na Boa Nova de Jesus de Nazaré.

Dentro das correntes que se desenvolveram a partir da mensagem de Jesus o vemos seguido nas vidas dos grandes nomes da Igreja Católica - basta relembrarmos Francisco de Assis e Teresa de Ávila - defendido pelos grandes nomes da Reforma Protestante - como o reformador tcheco João Huss - e o encontramos no ardor humanitário dos grandes nomes da  ciência - não poderia deixar de citar Pasteur, Chagas ou Sabin.

Nesta mesma corrente de pensamento religioso - entendendo por pensamento religioso a busca incessante da realidade maior - temos também a Doutrina Espírita. Doutrina que descerra as cortinas do mundo espiritual, dando ao ser humano bases novas para a compreensão do Universo e evidencia sua ordenação moral. Apresenta ao espírito humano  as leis que o levam do ponto inicial de sua jornada - simples e ignorante - ao estágio de espírito iluminado,  totalmente desprendido da matéria, auxiliar de Deus na infinita tarefa da criação.

Nós, ligados aos ensinamentos da Doutrina dos Espíritos, encontramos o caminho traçado nas páginas das inumeráveis obras espíritas, todas elas tendo por base segura o trabalho de codificação  - análise e organização - realizado por Allan Kardec. De quem, a propósito, em 2004 se comemoram os 200 anos de nascimento.

Para que este admirável mundo novo - em que começamos a viver - seja realmente um  mundo novo,  voltemos as fontes antigas de sabedoria e delas tiremos as lições, que aplicadas, o tornará não somente novo, mas também melhor para se viver.

Muita Paz,
Carlos Iglesia
Editor GEAE

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Artigos

 

Em Defesa da Vida – Alguns Argumentos contra a Prática do ABORTO II, Rubens Santini, Brasil 

Visão da Doutrina Espírita sobre o Aborto

Consultemos o Livro dos Espíritos:

P-358: O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção? R: -  Há sempre crime, quando se transgride a Lei de Deus. A mãe, ou qualquer outra pessoa, cometerá sempre um crime ao tirar vida à criança antes de seu nascimento, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas de que o corpo devia ser instrumento.

P-359:  No caso em que a vida da mãe estivesse em perigo pelo nascimento da criança, haveria crime em sacrificar a criança para salvar a mãe? R: -  É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe. ”

Emmanuel, em seu livro “Leis de Amor”, diz que “... o aborto provocado, mesmo diante de regulamentos humanos, é um crime perante as Leis de Deus (...). Os pais que cooperam nos delitos do aborto, tanto quanto os ginecologistas que o favorecem, vêm a sofrer os resultados da crueldade que praticam ”.

Aborto delituoso³

Aborto delituoso - ignominioso ato de anular, consciente e brutalmente, uma vida que se inicia prenhe de esperanças e que encontra formal repulsa em todos os principios espírita-cristãos. (...) Ao renascer, o Espírito é semelhante a um botão de rosa, que tem, no mundo das formas, importante missão a desempenhar. Destruir, pois, o jardineiro, o botão que anseia por desabrochar, constitui prática criminosa, eis que, com ela, privará de belo e perfumado ornamento os quadros da natureza.

Impedindo a alma de “passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando”, a eliminação de uma vida abre a seus responsáveis, diretos ou indiretos, um abismo de sofrimento e dor, no qual permanecerão longo tempo. (...)

É mais covarde a mulher que, friamente provoca o aborto; é mais terrível o homem que, irresponsavelmente, sugere-o ou realiza-o, no exercício da medicina, do que aquele que, em conflito circunstancial, elimina um adversário sob o incontrolável destempero de um impulso de cólera. Nos crimes comuns, o homem via de regra, extermina o adversário que lhe poderia acarretar desvantagem no desforço pessoal; no aborto delituoso, provocado quase sempre para fugir à responsabilidade de um deslize moral, a mãe mata o próprio filho indefeso. (...) O ser que vem renascendo, pedindo proteção e carinho, jaz à mercê de mãos criminosas.

Di-lo Emmanuel, em dramática imagem: “...não tem voz para suplicar piedade e nem braços robustos com que se confie aos movimentos de reação”. (...)

Se os tribunais do mundo condenam, em sua maioria, a prática do aborto, as Leis Divinas, por seu turno, atuam inflexivelmente sobre os que alucidamente o provocam. Fixam essas leis no tribunal das próprias consciências culpadas, tenebrosos processos de resgate que podem conduzir ao câncer e à loucura, agora ou mais tarde. (...)

O aborto delituoso é a negação do amor.
 
Filme: “O Grito Silencioso”

Carta publicada no jornal “O Clarim” de Buenos Aires, Argentina, e transcrita pela Revista Informação (Fev/93):

Escreve Graciela Fernandes Raineri:

“Vi o filme médico “O Grito Silencioso”, apresentado pelo doutor E. Nathanson, famoso médico ex-abortista norte-americano. Ele mostra mediante uma ecografia realizada na mãe no momento de abortar, o que sucede com esse Ser que, apenas agora se sabe com certeza científica, já tem todas as ca­racterísticas próprias da vida humana: capacidade sensitiva à dor, ao medo e apego à vida.

Ao vê-lo, acreditei ser uma obrigação social divulgá-lo, porque todos (sobretudo as mães) têm o direito de saber o que realmente sucede em um aborto. 

Em instantes prévios à operação abortiva, se vê o feto (neste caso verídico, de 12 semanas) com movimentos calmos, colocando o polegar na boca de vez em quando, totalmente tranquilo neste ambiente de paz, como é o claustro materno.

Ao introduzir, o abortista, no útero o primeiro elemento metálico procurando a bolsa aminiótica para o seu rompimento, o novo Ser perde seu estado de tranquilidade.

Seu coração se acelera enquanto tenta movimentos nervosos de mudança de lugar.

 A bolsa é rota e se introduz o instrumento de aspiração. É notório que nenhum dos elementos metálicos tocou ainda no feto e, no entanto, ele pressente algo anormal e terrível próximo a lhe suceder, porque agora muda de lugar em um ritmo enlouquecido para os lados e para cima, em um desesperado intento de escapar.
  
Seu ritmo cardíaco se eleva mais ainda.
  
Quando o metal já está quase a tocá-lo, encolhe todo o seu corpinho até o limite superior do útero e sua boca se abre desmesuradamente. Aqui é alcançado pelo aspirador, que desde suas extremidades inferiores o vai succionando e destroçando, até ficar somente a cabeça, que não passa pelo conduto de aspiração. Esta é triturada, então com uma espécie de tenaz que vai retirando os pedaços do que foi um Ser humano aterrorizado, que ainda desde tamanha desigualdade de condições, fez o impossível para não morrer e, no instante final, abrindo sua boca ao máximo, como um último intento de expressão humana, ainda desconhecida e prematura, porém, sem dúvidas, com o instinto de sua natureza de pedir auxilio...
 
A quem???

Eu, pessoa humana, que ascendi à maravilhosa realidade da vida e posso gritar e expressar minha vontade, empresto hoje minha voz a todos os seres humanos que, ao serem abortados, quiserem gritar solicitando a vida, abrindo sua boca, porém, ainda não tinham voz!

Não é uma atitude pessoal subjetiva. Investiguem vocês.
 
É científica e humanamente real.
 
Em nome de todos esses inocentes, eu peço a quem competir, que projete este filme nos últimos anos secundários de todos os colégios de mulheres e homens, nas universidades, etc..., a fim de que se faça conhecer por todos os meios isto que faz a própria essência da pessoa humana, seu inalienável direito à vida”

“...nada ‚ mais belo do que ver o filho sendo amamentado por sua mãe esta lhe oferecendo não só o alimento, mas o mais importante: o amor. (...) É, também, um louvor à mulher que, esquecendo-se de si mesma, luta pela vida do seu filho, dando-lhe o alimento mais completo: o leite materno. Enquanto algumas mulheres matam, outras lutam pelos seus filhos”.4 

André Luiz relata um aborto 5

Relata-nos André Luiz uma operação de aborto de uma moça de 25 anos de idade:

“Nunca supus que a mente desequilibrada pudesse infligir tamanho mal ao próprio patrimônio.

A desordem do cosmo fisiológico acentuou-se, instante a instante.

Penosamente surpreendido, prossegui no exame da situação, verificando com espanto que o embrião reagia ao ser violentado, como que aderindo, desesperadamente, às paredes placentárias.
 
A mente do filhinho imaturo começou a despertar à medida que aumentava o esforço da extração. Os raios escuros não partiam agora só do encéfalo materno; eram igualmente emitidos pela organização embrionária, estabelecendo maior desarmonia.

Depois de longo e laborioso trabalho, o entezinho foi retirado afinal ...

Assombrado reparei, todavia, que a ginecologista improvisada subtraia ao vaso feminino somente pequena porção de carne inânime, porque a entidade reencarnante, como se mantivessem atraída ao corpo materno forças vigorosas e indefiníveis, oferecia condições especialíssimas, adesa ao campo celular que a expulsava. Semidesperta num atro pesadelo de sofrimento, refletia extremo desespero; lamentava-se com gritos aflitivos; expedia vibrações mortíferas; balbuciava frases desconexas.

Não estaríamos, ali, perante duas feras terrivelmente algemadas uma à outra? O filhinho que não chegara a nascer transformara-se em perigoso verdugo do psiquismo materno. Premindo com impulsos involuntários o ninho de vasos do útero, precisamente na região onde se efetua a permuta dos sangues materno e fetal, provocou ele o processo de hemorragia, violento e abundante.

Observei mais.
 
Deslocado indébitamente e mantido ali por forças incoercíveis, o organismo perispirítico da entidade, que não chegara a renascer, alcançou em movimentos espontâneos a zona do coração. Envolvendo os nódulos da aurícola direita, perturbou as vias do estímulo, determinando choques tremendos no sistema nervoso central. Tal situação agravou o fluxo hemorrágico, que assumiu intensidade imprevista, compelindo a enfermeira a pedir socorros imediatos, depois de delir, como pode, os vestígios de sua falta.

- Odeio-o! Odeio-o! - clamava a mente materna em delírio, sentindo a presença do filho na intimidade orgânica. Nunca embalarei um intruso que me lançaria à vergonha!

Ambos, mãe e filho, pareciam agora, por dizer mais exatamente, sintonizados na onda de ódio, porque a mente dele, exibindo estranha forma de aprensentação aos meus olhos, respondia, no auge de sua ira:

- Vingar-me-ei! Pagarás ceitil por ceitil! Não te perdoarei!... Não me deixaste retomar a luta terrena, onde a dor, que nos seria comum, me ensinaria a desculpar-te pelo passado delituoso e a esquecer minhas cruciantes mágoas... Renegaste a prova que nos conduziria ao altar da reconciliação. Cerraste-me as portas da oportunidade redentora; entretanto, o maléfico poder, que impera em ti, habita igualmente minh’alma... Trouxeste à tona de minha razão o lado da perversidade que dormia dentro de mim. Negas-me o recurso da purificação, mas estamos agora novamente unidos e arrastar-te-ei para o abismo... Condenaste-me à morte, e, por isso, minha sentença é igual. Não me deste o descanso, impediste meu retorno à paz da consciência, mas não ficarás por mais tempo na Terra... Não me quiseste para o serviço do amor... Portanto, serás novamente minha para a satisfação do ódio. Vingar-me-ei! Seguirás comigo!

Os raios mentais destruidores cruzaram-se, em horrendo quadro, de espirito a espirito ...”

A Colônia dos Rejeitados

Em seu livro “Deixe-me viver”, Luiz Sérgio nos informa sobre um local para onde são levadas as Entidades que foram  abortadas: a Colônia dos Rejeitados, “... que apesar de bela, possui uma aura triste. Olhei ao meu redor e senti certa melancolia até nas flores, apesar das fontes de águas cristalinas emitirem suave fragrância de jasmim”.

Ali, o autor espiritual narra que foram encontrados inúmeros Espíritos com o perispírito deformado, devido ao choque emocional, atingindo a esfera mental. Eram criaturas metade homem, metade criança. É isto mesmo! “...homem com fisionomia de bebê e bebê com fisionomia de homem”.

Estavam ali para recuperarem a forma original de seu perispirito e, após curados no nível psíquico, tentar uma nova reencarnação.

A frase mais comentada entre essas Entidades, quando se estavam se preparando para a volta a um corpo físico era:

- “Nem sei se vou conseguir reencarnar, minha mãe não me aceita, já me abortou... E temo passar outra vez por semelhante situação”.

Como vemos, cada abortado guarda na lembrança o cruel momento do aborto. E levam muitos anos para adquirirem o seu verdadeiro equilíbrio.

“... fomos levados até uma ala dos recém-chegados... Olhando aqueles fetos, formas diminutas, meu coração chorou, que triste quadro! Alguns se encontraram protegidos por mínimas incubadoras, até do tamanho de uma caixa de fósforos, recebendo luz. Trancafiados em um perispirito reduzido, víamos Espíritos quase dementados, porque seus pais os rejeitam, mandando-os de volta”.
  
“Um aborteiro sequer imagina o mal que está fazendo ao próximo e a si mesmo. Bastava lembrar que, se sua mãe o tivesse abortado, não estaria vivendo a oportunidade da encarnação”.


3. “O Pensamento de Emmanuel” – Martins Peralva

4. Entidade Espiritual denominada Francisca Theresa, comentando a escolha da capa do livro “Deixe-me viver”, com um quadro de Renoir, de uma mãe amamentando a sua criança.

5. “No Mundo Maior” de André Luiz através de Chico Xavier

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História & Pesquisa

(Seção em parceria com a "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas" -  Comitê Editorial da LIHPE)

Chico Xavier: O Homem Futuro I, J. Herculano Pires

(Publicado na Revista  Planeta, Numero 10, de Junho de 1973)


Francisco Candido Xavier não é anormal nem lida com o sobrenatural. Quarenta anos de mediunidade e nenhuma explicacão concreta para seu caso. Jornais, revistas e livros falam dele, mas estao repletos de dúvidas, suspeitas e ironias. Tudo isso ocorre hoje, quando as ciências procuram esclarecer os fenômenos mais espantosos.

Sua obra psicográfica e sua paranormalidade, levam o autor deste artigo a afirmar que Chico Xavier é o protótipo do novo homem que está surgindo: o homem psi.

Jornais a revistas de todo o Brasil divulgam constantemente - desde a publicação do livro Parnaso do Além-Tumulo, em 1932 - entrevistas com o médium Francisco Cândido Xavier. Isso quer dizer que há quarenta anos Chico Xavier vem sendo entrevistado pela imprensa. Mas há também entrevistas de rádio a televisão. Em junho de 1971, ele apareceu no programa Pinga-Fogo, do Canal 4, em São Paulo, que então teve a sua mais longa permanência no ar, e a maior repercussão. Em dezembro do mesmo ano, Chico Xavier voltou ao vídeo no mesmo programa, que teve duração ainda maior. Emissoras de televisão de todo o Brasil adquiriram vídeo-tapes dessas entrevistas e o último programa foi transmitido via Embratel, cobrindo todo o território nacional. Chico Xavier se viu elevado à altura de líder espiritual mais famoso do pais. Assembléias legislativas e câmaras municipais de todo o Brasil prestaram-lhe e continuaram a prestar-lhe homenagens solenes.

Fizeram-no cidadão honorário das principais cidades brasileiras. Agora mesmo, no mês de maio de 1973, recebeu o titulo de Cidadão Paulistano.A obra psicográfica de Chico Xavier é simplesmente espantosa: 117 volumes já publicados, alguns traduzidos para o inglês, francês, espanhol, grego, japonês e o esperanto.

Apesar de tudo isso, o fenômeno Chico Xavier é ainda um enigma. As numerosas reportagens a seu respeito limitam-se a informar o publico sobre sua vida e sua obra. Não obstante, o avanço atual das ciências já permite uma explicação científica do caso. O desenvolvimento da parapsicologia e as últimas conquistas da física nuclear, forneceram elementos suficientes para análise objetiva dos chamados fenômenos paranormais. Chico Xavier se enquadra na moderna classificação de sujeito paranormal. É um sensitivo ou médium, um homem que se abre em dimensões psíquicas fora do comum, capaz de percepções extra-sensoriais ou extra-somáticas, é capaz também de atividades telecinéticas, de ação a distância, ou seja, de produzir efeitos materiais sem contato dos seus órgãos corporais.

Não apresentamos aqui uma reportagem sobre Chico Xavier, mas um estudo científico do caso, Chico Xavier. Damos as respostas que há quarenta anos o público, a imprensa, o radio e a televisão estão reclamando. Vamos mostrar que Chico Xavier a um homem-psi, um novo tipo de homem que está se desenvolvendo em nosso tempo mas que tem as mais profundas raízes históricas.

Uma definição do homem-psi

Desde Giambattista Vico (1668-1744) com sua teoria das três idades ou fases históricas da humanidade, passando por Augusto Comte com sua lei dos três estados da evolução do homem, chegamos à era contemporânea, em que a antropologia cultural nos oferece novos esquemas do processo evolutivo do homem.

Podemos estabelecer um esquema, segundo a antropologia cultural, que nos mostra, a partir do homem pré-histórico, uma seqüência de tipos característicos de várias etapas da evolução humana. Teríamos assim: o homem biológico ou primata, o homem tribal ou gregário, o homem anímico ou pré-civilizado, o homem teológico das civilizações teocráticas, o homem racional da individualização ateniense, o homem metafísico da era pré-científica, o homem positivo da era científica e o homem psicológico da era tecnológica, dos nossos dias. Cada um destes tipos se define dentro do seu horizonte cultural, segundo a tese dos culturalistas alemães.

Em meados do século 18, o prof. Denizard Rivail, aceitando a sugestão de um leitor erudito da Revue Spirite, acrescentou à lei dos três estados de Augusto Comte o estado psicológico. Iniciavam-se no mundo, a partir dos Estados Unidos e da França, as pesquisas psíquicas. O prof. Rivail, sob o pseudônimo de Allan Kardec, tinha fundado o espiritismo científico, do qual se desenvolveriam as varias ciências psíquicas, cujo ultimo ramo é a parapsicologia atual. Não podemos confundir essas ciências com as chamadas ciências ocultas, pois as ciências psíquicas excluem qualquer elemento de magia e se restringem rigorosamente às pesquisas de tipo cientifico.

Com a parapsicologia surge o conceito de homem-psi, um tipo de homem que supera o psicológico em virtude de suas possibilidades extra-sensoriais e extra-somáticas, hoje cientificamente provadas através de pesquisas universitárias nos principais centros científicos do mundo. Quando tratamos, pois, do homem-psi, não estamos encarando apenas uma possibilidade científica ou partindo para uma abertura nas ciências, mas pisando em terreno sólido de uma realidade científica já positivada.

Quando falamos psi estamos além do psíquico e do psicológico. Porque os fenômenos psi pertencem à área do paranormal, que extravasa os limites da pesquisa psicológica. As ciências psicológicas delimitaram o seu campo aos fenômenos normais ou habituais do nosso psiquismo. A própria psicologia profunda, a partir da psicanálise, reduziu a teoria do inconsciente a um conceito de ordem somática, sujeitando o seu desenvolvimento ao processo do crescimento orgânico em relação com o meio. Daí a crítica do prof. Joseph Banks Rhine a toda a psicologia atual, considerando-a como simples ecologia e propondo à parapsicologia a tarefa de reintegrar essa ciência ecológica (que trata das relações sujeito-meio) em sua verdadeira natureza, desenvolvendo-lhe através de novas pesquisas “o seu objeto perdido”.

Para o prof. Rhine a subordinação do psiquismo ao soma (da alma ao corpo) sub­verteu o processo natural do desenvolvi­mento da psicologia, submetendo os métodos psicológicos ao que ele chamou de “ditadura da física”. Assim, aquilo que pode­mos chamar homem-psicológico é um ser tridimensional, cuja razão se fecha nas suas categorias decorrentes da experiência sensorial. O homem-psi corresponde a um conceito novo da razão e da mente em que surge uma nova dimensão com a descoberta da percepção extra-sensorial. Trata-se de uma verdadeira ampliação do conceito do homem, que retorna às dimensões espirituais antigas, enriquecido com as provas cientificas, e por isso mesmo, liberto da ganga das superstições, do misticismo dogmático a do pensamento mágico.

A palavra psi não é mais do que o nome de uma letra do alfabeto grego, largamente em­pregada nas ciências. Foi escolhida para designar os fenômenos paranormais, abrangendo todo o campo desses fenômenos.

Quando falamos fenômenos psi não esta­mos indicando uma possível realidade material ou espiritual, não estamos conceituando esses fenômenos, mas apenas dando-­lhes uma designação técnica. O campo de psi se divide em duas áreas: a da psigama e a da psicapa. Na palavra psigama temos a junção da letra gama à letra psi e na palavra psicapa a junção da letra kapa. A área de psigama abrange os fenômenos psi de ordem subjetiva, a percepção extra-sensorial. A área de psicapa abrange os fenômenos psi de ordem objetiva ou telecinéticos. Podemos colocar num gráfico essa classificação dos fenômenos parapsicológicos para maior compreensão do problema.

P S I





PSIGAMA

CLARIVIDÊNCIA

TELEPATIA

PRECOGNIÇÃO – MEMÓRIA EXTRA-CEREBRAL

RETROCOGNIÇÃO – FENÔMENOS THETA





PSICAPA

PSICOCINESIA

TELECINESIA

PIROVASIA

PROJEÇÃO DO EU

FENÔMENOS THETA


      
Clarividência é a visão a distância ou através de corpos opacos; telepatia é a transmissão de pensamentos; precognição é a visão do futuro; retrocognição é a visão do passado; memória extracerebral ou extrasomática é a lembrança de vidas anteriores, que não pode estar no cérebro; fenômenos theta são fenômenos relacionados com a morte, como avisos de morte a possíveis comunicações de espíritos de pessoas mortas.

Todos esses tipos de fenômenos têm a sua existência provada cientificamente e cons­tam de vasta bibliografia científica dos nos­sos dias, apoiada também numa ampla bibliografia do século passado e princípios deste século.

No campo da interpretação, há divergências que deram origem a várias escolas ou cor­rentes parapsicológicas, mas no tocante à existência desses fenômenos não há propriamente divergências e sim controvérsias sobre a validade e a suficiência das pesquisas. A parapsicologia atual, apoiada num gigantesco acervo de pesquisas realizadas nos maiores centros universitários do mundo, oferece elementos suficientes para a análise, o estudo e a avaliação de casos aparente­mente inexplicáveis como o de Chico Xavier. Por outro lado, o avanço da física além da matéria, com a descoberta da antimatéria e mais recentemente com a descoberta pelos russos do corpo bioplástico do homem (e também dos vegetais a dos animais), fortalece a posição da parapsicologia.

Chico Xavier o homem-psi

Para quem conhece o fenômeno Chico Xavier, basta examinar o esquema acima dos fenômenos psi para ver que o médium neles se enquadra perfeitamente. As pessoas que leram livros como Chico Xavier, Quarenta Anos de Mediunidade, de Roque Jacinto; No Mundo de Chico Xavier, de Elias Barbosa; Trinta Anos com Chico Xavier, de Clóvis Tavares, sabem que todos os fenômenos da classificação parapsicológica ocorrem com o médium. Por isso mesmo, pela amplitude da fenomenologia que o caracteriza como sujeito paranormal, Chico Xavier se apresenta como protótipo do homem do futuro, ou seja, do homem-psi que nele se define às portas da era cósmica.

Não queremos dizer com isso que Chico Xavier seja um caso único. Tomamo-lo apenas como exemplo desse novo tipo humano que se desenvolve atualmente em todo o mundo. Os fenômenos paranormais ocorrem na Terra desde todos os tempos. As pesquisas, antropológicas mostram que em todas as épocas a em todas as latitudes do globo esses fenômenos sempre se manifestaram. John Murphy, em seu livro Origines et Históire des Religions; Ernesto Bozzano em Popoli Primitive a Manifestazioni Supranormali; James Frazer em The Golden Bough e Magie et Religion (edição Quillet) são exemplos clássicos dessa confirmação antropológica.

Mas Murphy, estudando o problema da profecia (ou precognição) analisa o processo de desenvolvimento das faculdades paranormais do homem e demonstra que ele segue o ritmo da civilização. Pouco a pouco, através dos ciclos históricos, a mente humana se abre para a percepção extra-sensorial. E essa abertura só se efetiva no plano social quando as condições do meio o permitem.

O homem-psi só poderia surgir depois do grande desenvolvimento das ciências no século 18 a na primeira metade do século 19. O milênio medieval, segundo Wilhelm Diethey, desenvolveu a razão que devia eclodir no Renascimento. O surto do racionalismo nos tempos modernos criou condições para a compreensão e aceitação dos fenômenos paranormais. Por isso o século 19 daria nas­cimento às ciências psíquicas, a partir das pesquisas espíritas, pois só então havia condições para que o fenômeno paranormal fosse encarado objetivamente. Esses fatos nos mostram que o homem-psi só poderia definir-se simultaneamente com a abertura da era cósmica.

Não é por outro motivo que ao lado da corrida espacial entre os Estados Unidos e a URSS assistimos, neste momento, à corri­da parapsicológica entre as duas potencias que conquistam o espaço cósmico. A percepção extra-sensorial è o equipamento do astronauta, do homem que terá de romper as distancias do cosmo. Em 1971 a Apolo-14 pousou na Lua a levava em sua tripulação o astronauta e homem-psi Fred Mitchel que transmitiu, com relativo sucesso, mensagens telepáticas para a Terra. Não bastaria este fato para explicar o sucesso e a fama de Chico Xavier no Brasil e no mundo? Uma nova era está nascendo e um novo homem, adaptado a ela, marca as novas condições da humanidade terrena. Pa­ra as dimensões cósmicas dessa era teremos as condições extra-sensoriais do homem-psi.

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São Paulo - 450 anos, Carlos Iglesia, Brasil

Em 1953 Gilberto Freyre escreveu um prefácio para a obra "História e Tradições da Cidade de São Paulo", de autoria de Ernani Silva Bruno, em que se referia a importância do seu conteúdo para a compreensão da cidade e de seu papel histórico. A obra seria editada a tempo do 4.o Centenário da cidade de São Paulo como contribuição da Livraria José Olympio Editora para as comemorações do evento. Em um trecho bastante interessante do prefácio ele escreveu:

"No excelente ensáio de historiador social que é o de Ernani Silva Bruno, o passado paulista surge aos nossos olhos, reconstituido não como a figura de um morto, cuja reconstituição apenas de ossos resultasse em simples curiosidade de museu, mas como umas daquelas figuras de mortos de que fala com um fervor quase de Espiritistas a sociologia dos Positivistas: mortos capazes de governar os vivos".

Notável aos olhos do leitor atual constatar que já em 1954 o Espiritismo constituia-se em uma corrente de pensamento tão conhecida no Brasil que um pensador como Gilberto Freyre o usou, sem maiores necessidades de explicação, em uma bela imagem comparativa. O Espiritismo estabelecido desde os finais do século XIX já havia conseguido foros de cidadania em território brasileiro.

E dentro do território brasileiro, talvez com exceção da capital federal de então - a cidade do Rio de Janeiro - não poderia estar mais o Espiritismo a vontade que na grande capital Paulista. São Paulo quatrocentona era uma cidade com um grande número de espíritas, um conjunto razoável de grupos estabelecidos, periódicos e na época das comemorações saiu até um livro intitulado "Cumprindo-se Profecias - As Materializações de Espíritos em São Paulo", de autoria de Mario Ferreira, com prefácio de Julio Abreu Filho e publicação pela Édipo (Edições Populares Ltda. da cidade de São Paulo).

Da mesma maneira a São Paulo que comemora 450 anos é hoje um importante pólo de divulgação e prática da Doutrina Espírita. Adeptos e simpatizantes fazem com que o Espiritismo seja hoje tão popular entre nós que referências como as de Gilberto Freyre são usadas na linguagem cotidiana sem maiores problemas. Quem nas conversas em rodas de amigos, no trabalho ou no lazer, já não ouviu referências bem-humoradas aos problemas atuais como consequências do mal que se fez em encarnações passadas, ou que na próxima encarnação se optará por outro gênero de vida? Quem não teve experiência com amigos que relataram a busca de orientação "Espírita" em situações dificeis da vida? Naturalmente há ainda muita incompreensão do que é ser "espírita" e da proposta completa do ensinamento trazido pela Codificação Kardequiana, mas por detrás de tudo isto já há um reconhecimento implícito de que o Espiritismo existe e exerce um papel importante na vida social.

Não poderia ser diferente na cidade de Batuíra - o da célebre "Rua Espírita" - que desde a virada do século XIX para o XX celebrizou-se por sua bondade e pelo atendimento mediúnico a sofredores de toda a espécie. Também é a cidade de Anália Franco, cuja obra educativa se tornou um marco na pedagogia brasileira e que foi combatida acirradamente por quantos não lhe toleravam as idéias progressistas auridas nas fontes puras da Doutrina dos Espíritos. É a cidade do Sr. José Gonçalves que extendendo os serviços sociais da Federação Espírita de São Paulo criou a Casa Transitória Fabiano de Cristo, obra modelo no atendimento assistencial as mães carentes, pioneiro na visão de ajudar a criança reestruturando-lhe a família.

Muito mais poderia ser escrito sobre os grandes nomes que o Espiritismo forneceu aos quadros da sociedade Paulistana, muito poderia ser dito das interações mútuas entre o Espiritismo e a cidade, de nomes ilustres como Monteiro Lobato, que vinha ao Tatuapé da época das chácaras participar de reuniões espíritas*.

Muito também poderia ser dito das tradições históricas - que os espíritos também as tem - narradas pelos amigos espirituais sobre a cidade e seus vultos eminentes. Tradições que ligam em uma continuidade de atividade os nomes de Ancheita e Fabiano de Cristo, Manoel da Nobrega e Emmanuel, João Ramalho e Batuira, ligações dificeis de serem provadas cientificamente mas que tem seu lado racional junto a importância do Espiritismo para o progresso moral da cidade e da nação.

Falando da importância do Espiritismo não há como deixar de relembrar o quanto esta São Paulo espírita influenciou a vida pessoal de seus cidadãos. Lembro-me do centro que meus avós frequentavam no Brás e onde passei bons momentos de minha infância entre os anos 60 e 70 - União Espírita Cristã Beneficente Laudelino Novaes de Brito (fundada em 1928) - das sessões e dos eventos de confraternização que lá ocorriam. Cheguei a ter a oportunidade de assistir as quermesses, participar de festas para arrecadação de fundos e, infelizmente, não cheguei a assistir apresentações do grupo de teatro organizado havia muitos anos. O presidente e fundador do centro, o médium José Domingues Bueno, com grande sacrificio pessoal havia ao longo dos anos organizado grupos que arrecadavam mantimentos, grupos que se dedicavam a costura e acerto de roupas doadas, grupos de atendimento ao próximo. Ele mesmo dedicava-se ao recituário mediúnico e a orientação espiritual, sendo o espírito Antonio dos Santos responsável pelas consultas, e não poucas vezes distribuia os remédios - sempre homeopáticos, normalmente do laboratório "A Natureza" - com o dinheiro do próprio bolso.

José Domingues Bueno
José Domingues Bueno (1898 - 1976)
Foto tirada em 1967

Imigrantes espanhóis, italianos, portugueses e seus descendentes constituiam boa parte dos frequentadores do centro, bem como parte de sua equipe espiritual. Amigos espirituais como Laudelino Novaes de Brito, Quirubino de Almeida, Antonio dos Santos junto com diversos parentes desencarnados tornavam o contato com o plano espiritual tão próximo e tão familiar como nunca mais vi em minha vida. Na época, dois de meus parentes - uma irmã de minha avó, a Tia Inês, e um de seus cunhados, o Tio Paulo - participavam do grupo de médiuns que, em torno da mesa sembre coberta por toalhas brancas e recoberta de flores, transmitiam a palavra dos guias espirituais e socorriam os espíritos sofredores.

Mesa
Sessão em comemoração ao aniversário do depto assistencial do grupo e
de desencarnação de Querubino de Almeida - 1974

Como boa parte dos espíritas paulistanos, que tiveram a oportunidade de crescer junto aos grupos frequentados por seus familiares, foi no Laudelino Novaes de Brito que começei a vivenciar as grandes tradições fraternas da cidade de São Paulo e a conviver com sua cultura cosmopolita. Foi lá, junto a familiares e amigos, deste plano e do outro da vida - muito antes de ingressar na escola primária - que meu mundo se expandiu para fora do lar e onde começei a ser cidadão paulistano.

Parabéns São Paulo! Parabéns por teu trabalho material que te transformou no sustento de tantas vidas e na oportunidade de progresso de tantos seres! Mas parabéns mesmo por teu ambiente espiritual, que tão bem acolheu a Doutrina Espírita, dando-nos a oportunidade inigualável de crescermos espiritualmente e nos colocarmos cada vez mais a teu serviço e ao do próximo!

Feliz Aniversário!

* Esta referência sobre Monteiro Lobato nos  foi passada pelo Milton Bonfante (LIHPE) a partir de informações que ele encontrou em um livro sobre a história do Tatuapé, inclusive nos prometeu  escrever um artigo a respeito.

Bibliografia

BRUNO, ERNANI SILVA. História e Tradições da Cidade de São Paulo. Prefácio de Gilberto Freyre. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora. 1953.
 
FERREIRA, MARIO. Cumprindo-se Profecias - Materializações de Espíritos em São Paulo. Prefácio de Julio Abreu Filho. São Paulo: Édipo, 1955.

MONTEIRO, EDUARDO CARVALHO. Anália Franco - A Grande Dama da Educação Brasileira . São Paulo: Editora Eldorado Espírita, 1992.
___. Batuíra - Verdade e Luz . São Paulo: Lúmen Editorial Ltda, 1999.
___. Batuíra - O Diabo e a Igreja. São Paulo: Madras, 2003.

PEREIRA, MIGUEL. José Gonçalves Pereira - Apóstolo do Bem e Herói da Caridade. São Paulo: SEDAC, 1996.

RIBAS, MARIA JOSÉ SETTE. Monteiro Lobato e o Espiritismo - As sessões espíritas de Moneiro Lobato. São Paulo: Nova Luz Editora, 2 ed,1997.

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Questões e Comentários 

Perguntas Sobre Marte e Ufologia, Vagner Pires, Brasil

Prezados Srs.

Preciso de uma orientação e explicação doutrinária sobre dois aspectos.

1) Com a visita dos americanos a Marte, os espíritos que povoam aquele país conseguem pressentir ou ver o robô americano em terreno marciano?

2 ) Que forma de vida há em marte? Seria uma forma mais sutil? Estão em outra dimensão como os espíritos aqui na terra?    

3) Sobre os discos voadores. Eu presenciei e vi um disco voador lindo sobrevoando minha região. E estudando o espiritismo não tenho dúvidas quanto a existência  de vida em outros planetas. Porém, por que eles nos visitam? O que querem? Eles seriam mais evoluídos moralmente que nós? Estariam eles estudando nosso planeta como o robô americano está fazendo em Marte?

4) Ainda sobre Ufologia. Podemos um dia nos comunicar com outros planetas? Isso não atrapalharia a evolução na terra? Pois sei que há categorias de planetas, o nosso é de provas e expiações, e pelo que entendi, estes visitantes a terra são de planetas mais evoluídos e pelo que sei, há registros de seqüestros de humanos por eles. Teriam eles levado estes seres humanos para o planeta deles?      5) Outra pergunta, mas sobre outro assunto. Estava vendo o programa da rede globo de televisão chamado "Jovens tardes" e conheci um pouco mais a cantora Edith Piaph (acho que é assim que se escreve), me emocionei muito quando a vi e minhas lágrimas desceram. Sei que eu não poderia ter sido ela, mas a pergunta é a seguinte. Qual o sentimento de um espírito encarnado ver sua vida passada em uma televisão? Vamos imaginar que eu tivesse sido a Edith Piaph, seria este o sentimento? De comoção? Haveria um flash de recordação do passado?    Fico no aguardo de tais esclarecimentos.  

Atenciosamente,
Vagner Pires


Prezado Vagner,

Muito interessante suas questões neste momento em que temos um robô construído aqui na Terra visitando Marte.

Posso apenas emitir meu parecer pessoal baseado no que li na bibliografia espírita. Parece bastante claro que a "Humanidade" ligada ao planeta Marte é totalmente desencarnada. Isso significa que não existem formas de vida “material” como nós próprios. Existem teorias que dizem que Marte num passado muito remoto teve água corrente como na Terra hoje em dia (ainda que não tão abundantemente como aqui que temos oceanos). De outra forma, Marte seria hoje a Terra no futuro. Isso pode indicar que tenha havido vida material num passado remoto em Marte, mas tal se extinguiu. Penso ter respondido parcialmente assim suas questões 1 e 2 abaixo.

Quanto à questão 3. Como já discutido anteriormente em outros boletins (concordando com a opinião de outros colegas), a existência de vida em outros planeta é algo como certo, embora devamos ter em consideração o que entendemos por “vida”. Para os Espíritos que se comunicam conosco, Marte é habitado pois existe uma “Humanidade”, ainda que desencarnada, ligada ao planeta. Esse é o primeiro sentido do princípio da “pluralidade dos mundos habitados”. Outra coisa bem diferente diz respeito à existência de vida tal com entendemos aqui. Assim a visita de outros espíritos ligados a outros mundos a nossa Terra é plenamente possível e, conforme atestam muitas mensagens, existe ainda assim uma diferença de densidade a ser vencida. Essas visitas têm com fim educativo ou auxiliador, dentro do princípio universal de fraternidade que liga todos os mundos, e certamente são feitas por Espíritos em melhores condições espirituais do que nós.

Outra coisa diferente é imaginar a visita aqui de seres encarnados como nós, que é o que sustenta a ufologia. Pessoalmente acredito que muito deve ainda ser investigado a esse respeito e, talvez uma análise mais judiciosa possa revelar que muitos dos avistamentos têm explicações mais simples. Não se trata de duvidar da boa fé das pessoas, trata-se de interpretar o que se vê. Muitas vezes a observação de fenômenos no céu pode levar a conclusões erradas (como no caso do movimento diurno do sol que levou à idéia de que ele se movia em torno da Terra, quando na verdade sabemos que é o contrário). Imagino que isso responda parcialmente também sua questão 3.

Quanto a sua questão 4. Acho que é possível comunicar-se com outros planetas por meio espiritual. De certa forma, muitas das mensagens enviadas por meio de Francisco C. Xavier narrando a atmosfera psíquica de outros mundos (como Marte e Saturno) são instantes de contato entre desencarnados da terra e Espíritos desses planetas. Mas a questão da comunicação materialmente falando, entre “Humanidades” no mesmo estágio evolutivo material é algo mais complicado, que a ciência atualmente tem buscado (por meio de contato de rádio). Acho que a dificuldade de transporte material entre a Terra e uma provável civilização extraterrestre irmã são tão grandes que o contato só poderia se dar mesmo por meio de troca de informação e de forma muito lenta. Acredito que isso pode vir a acontecer à medida que nós nos tornarmos mais preparados espiritualmente a ponto de um eventual contato não trazer complicações. Talvez não possamos utilizar o exemplo passado dos contatos entre os Europeus e as civilizações ameríndias que parecem ilustrar uma situação similar (embora alguns cientistas como o Carl Sagan – ver a série “Cosmos”) gostarem dessa comparação. Tudo isso que digo são considerações pessoais minhas.

Quanto à questão 5. É difícil tentar descrever que tipo de sensações e experimentações pessoais um Espírito pode ter ao ser submetido a estímulos semelhantes àqueles de outras encarnações. É muito difícil, baseado nesse seu sentimento recém descoberto afirmar o que você postula. Do meu ponto de vista acho mais fácil imaginar que tenha tido alguma encarnação na Europa à época dessa grande cantora francesa (que embalava as idas à guerra da resistência francesa, pelo que sei) talvez te conduzindo a essa época – que aliás foi muito difícil na história da Humanidade. Pode ser também que o estilo de sua música se assemelhe a outro que te evoque recordações distintas. É difícil sinceramente afirmar qualquer coisa. Só o Espírito – nas profundezas de sua consciência profunda - sabe efetivamente a verdade...

Ademir L Xavier Jr
GEAE


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Comentarios Sobre Artigos do Alexandre, A. Lima, Brasil

Fino e preciso os editoriais Física Quântica e Espiritismo I e II (GEAE 465 e 468) e O Espiritismo e a Universidade (GEAE 468) de Alexandre Fonseca. Temos que ter em mente que as pessoas andam conforme o tamanho de seus passos, e sem passar pela própria reforma íntima, não adianta querer ensinar o outro a se reformar. 

O fenômeno do salto quântico, tão em voga, hoje, na boca dos espiritualistas, assemelha-se, como se referiu A. Fonseca, aos fenômenos de materialização e desmaterialização, mas não é prova cabal de que assim o seja. Alguns espiritualistas, no afã de curarem as feridas do mundo, querem acelerar a marcha dos acontecimentos, e se o homem está custando a moralizar-se com as mensagens dos Evangelhos e pelos esclarecimentos do Consolador Prometido, criam mecanismos para automatizar esse fenômeno.

Não seria muito mais simples criar um ser perfeito? Era só tirar do forno e pronto: produto deusificado . Prá que perder mais tempo, milênios, eras sem fim? Só pode ser o medo de o mundo acabar e ter que ficar preso no meio de tantos Espíritos imperfeitos, é que leva alguns confrades a buscarem os atalhos, ou melhor, picadas que nem sempre viram estradas. As alternativas de Deus são infinitas. A Terra é apenas uma célula no organismo cósmico.

A colocação de Alexandre Fonseca é serena e segura. É algo como “Não amar sem sentir”, “não comprar sem ver”. Essa coisa de ser Espírita por conveniência, faz com que muita gente aposte todas as suas fichas na Transcomunicação Instrumental, na salvação da humanidade por Discos Voadores e outras coisas fora de época. É até possível que muitas das coisas fantásticas que se fala hoje virem a acontecer, mas creio será num outro contexto, quando a humanidade (e a Terra) já estiver higienizada , quando a ligação entre o mundo material e espiritual for consciente e comum, então essas coisas serão ferramentas e não armaduras como é hoje.

A verificação dos fenômenos espíritas pela ciência vai tornar as pessoas mais conscientes de suas obrigações éticas e deveres morais, mas, entre tomar ciência e ser, existe uma diferença muito grande, existe algo chamado vivenciar, por isso que o Salto Quântico pode até ser o que se pensa que é, e o Espiritismo entrar na Universidade, mas o homem precisa é ser e não estar moralizado.

É necessário que os véus dos mistérios sejam removidos, pois um dos atributos do espírito é o conhecer, mas assim como num computador, o disco rígido, por maior que seja a sua capacidade de armazenar informações, não é a CPU, o espírito humano precisa ser estimulado com os programas e os dados da ciência para colocar em prática a sua potencialidade, mas a capacidade de realizar está em si.

Saudações,

A. Lima
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Nota Sobre o Artigo da Dora Incontri, Cesar Volkof, Brasil

Boa tarde amigos do GEAE:

Gostaria apenas de registrar uma observação com relação ao contido no artigo sobre o Epiritismo e a Universidade, da Sra. Dora Incontri, no Boletim GEAE nº 467 de 16.12.2003.

Ocorre que diferentemente do que está relatado, não foi a USP a primeira universidade brasileira, criada na década de 30 do século XX, mas sim, a Universidade Federal do Paraná - UFPR, fundada em 19/12/1912, contando portanto com 91 anos. ( vide site www.ufpr.br ).

Obrigado pela atenção e parabéns pela seiredade do trabalho, o qual já acompanho há vários anos.

Muita paz Cesar Volkof

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Painel

ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espirita em Espanhol Online


A Federação Espírita Espanhola, inicia em janeiro de 2004, o primeiro curso de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita em Espanhol via internet.
 
Esta iniciativa tem como finalidade ampliar o conhecimento da Doutrina Espírita utilizando os recursos que a Rede de Computadores oferece e permitir a participação a espíritas e simpatizantes dos diversos paises de fala hispânica.
 
Na passada quarta-feira tivemos a primeira aula dentro do Chat da web da Federação Espírita Espanhola www.espiritismo.cc , podereis ver o texto da aula e todo o que foi conversado. Houve a participação de 22 pessoas de diferentes paises de fala hispânica.
  
Se fez uma apresentação do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE) pela FEE atravez do presidente, por Carlos Campetti (Orador e divulgador espírita, membro da FEB, quem desempenhou cargos de responsabilidade no Departamento de Juventude, sendo atualmente responsável pela nova versão em espanhol do ESDE), e por Luis Hu Rivas (Coordenador do Setor Multimídia e Internet do Conselho Espírita Internacional).

   Tudo aconteceu num ambiente de harmonia e seriedade, mostrando os participantes grande interesse por este novo curso na internet, sendo a primeira vez que se oferece o Estudo Sistematizado na Rede com um âmbito internacional.”
 
Em este sentido, convidamos a todos os espíritas do mundo parar participar do Estudo Sistematizado, que serão realizados todas as quartas-feiras nos horários (22hs Madrid  19hs Brasília  18hs Buenos Aires  16hs Lima-Bogotá).
 

Para obter maiores informações acessar ao site da FEE www.espiritismo.cc e entrar no CHAT nos horários adequados ou escrever para xalvador@eresmas.com


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GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS

O Boletim GEAE é distribuido por e-mail aos participantes do Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Inscrição/Cancelamento - inscricao-pt@geae.inf.br

Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português - http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" - http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins