Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec


Ano 10 - Número 436 - 2002            30 de abril de 2002

Conteúdo
Textos Comentários Painel

Textos
Gênese Segundo o Espiritismo (Resumo) Capítulo XV, Joel Matias, Brasil

(texto iniciado no Boletim 425)

Capítulo XV

OS MILAGRES DO EVANGELHO

Superioridade da natureza de Jesus

    Jesus foi um mensageiro direto do Criador, um Messias divino; suas virtudes situavam-se em nível muito acima das possibilidades da humanidade terrestre; não estava sujeito às fraquezas do corpo, pois o dominava completamente; seu perispírito era "tirado da parte mais quintessenciada dos fluídos terrestres". Tratava-se de um Espírito Superior, desprendido da matéria e sua alma devia ligar-se ao corpo "senão pelos laços estritamente indispensáveis"; possuía dupla vista, que devia ser permanente e de excepcional penetração. A pureza de seus fluídos perispirituais lhe "conferia imensa força magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer o bem". Jesus não foi um poderoso médium curador, pois, pela sua superioridade, agia por si mesmo; poderia ser considerado médium de Deus.

Sonhos

    Durante o sono, a alma penetra momentaneamente no mundo espiritual, entrando em contato com os Espíritos afins, encarnados e desencarnados. Nessas ocasiões, os Espíritos Protetores lhe transmitem conselhos mais diretos, dos quais muitas vezes guarda lembrança ao despertar. Nem todos os sonhos, entretanto, representam avisos da Espiritualidade. "Cumpre se inclua entre as crenças supersticiosas e absurdas a arte de interpretar os sonhos".

Estrela dos magos

    A descrição de S. Mateus não é passível de verificação. Não poderia tratar-se de uma estrela, podendo, entretanto, ter sido a aparição de um Espírito sob forma luminosa, ou a transformação de "uma parte do seu fluído perispirítico em foco luminoso".

Dupla vista

    Possuía Jesus a faculdade da vista espiritual em grau elevado e as narrações evangélicas atestam várias passagens em que demonstrava conhecer os pensamentos das pessoas, através das "irradiações fluídicas desses pensamentos", refletidas como num espelho em seus perispíritos. Esta faculdade permitiu ao Mestre indicar o local exato em que Simão deveria lançar suas redes para enchê-las de peixes, no episódio da pesca tida por milagrosa. Conhecia as disposições íntimas de Pedro, André, Tiago, João e Mateus, quando os chamou e imediatamente o acompanharam. Previu a traição de Judas e adiantou a Pedro que por três vezes o negaria.

Curas

  1. Perda de sangue: Na passagem em que uma mulher é curada de hemorragia, doença de que era vítima há muitos anos, após tocar nas vestes de Jesus, sem que houvesse deste um ato de vontade, como imposição das mãos ou magnetização, ocorreu "a irradiação fluídica normal para realizar a cura". O fluído terapêutico deve ser dirigido à matéria orgânica a fim de repará-la. Pode ocorrer pela vontade do curador ou ser "atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra, pela fé do doente". A fé a que Jesus se referia era a força atrativa desenvolvida pela doente que lhe permitiu a cura. A falta de fé "opõe à corrente fluídica uma força repulsiva" que lhe paralisa a ação. Por esta razão, pode acontecer que de dois doentes que tenham a mesma enfermidade, somente um venha a ser curado.
  2. Cego de Betsaida: Procedeu Jesus a duas aplicações nos olhos do cego, que gradualmente recuperou a visão, evidenciando-se o efeito magnético, com recuperação "gradual e conseqüente a uma ação prolongada e reiterada, se bem que mais rápida do que na magnetização ordinária".
  3. Paralítico: No caso da cura do paralítico de Cafarnaum, em que o Mestre lhe disse: "Meu filho, tem confiança; perdoados te são os teus pecados" entende-se que aquela doença representava expiação de males praticados em existências anteriores. Equivalia a Jesus dizer-lhe: "Pagaste tua dívida; a fé que agora possuis elidiu a causa de tua enfermidade".
  4. Os dez leprosos: Quando Jesus curou dez leprosos próximo a Galiléia e somente um deles - um samaritano - retornou para agradecer a Deus a graça recebida, deu uma lição e um exemplo de tolerância, pois curou indistintamente judeus como também samaritanos que eram desprezados pelos primeiros. O samaritano demonstrou sua fé e reconhecimento vindos do âmago do coração, enquanto que os demais demonstraram ingratidão e a dureza de seus corações, sendo de se supor que não tenham se beneficiado da graça concedida, retornando-lhes os seus males.
  5. Mão seca: Os fariseus observavam se Jesus curaria um doente em dia de sábado, a fim de o acusarem. Ordenando ao doente se dirigisse ao centro do templo, perguntou aos fariseus se era permitido naquele dia "fazer o bem ou o mal, salvar uma vida ou tirá- la", ao que não lhe responderam. Sentindo a dureza de seus corações, encarou-os, disse ao homem para estender a mão, e curou-o.
  6. A mulher curvada: Ficaram também confusos os adversários de Jesus quando, ao ensinar em um sábado numa sinagoga, curou uma mulher possuída há dezoito anos por um Espírito que lhe deixava totalmente curvada. Tendo ficado indignado o chefe da Sinagoga, inquiriu-lhe Jesus quem deixaria de aliviar a carga de seu boi ou jumento, dando-lhe de beber, somente por se tratar de um dia de sábado, e por que então não poderia libertar aquela doente da influência daquele Espírito.
  7. O paralítico da piscina: Em Jerusalém havia uma piscina chamada Betesda alimentada por uma fonte natural intermitente com propriedades curativas. Acreditava-se que, a agitação das águas era produzida por um anjo do Senhor, e quem primeiro tivesse nelas entrado seria curado de qualquer doença. Encontrou Jesus, próximo à piscina, um homem paralítico há 38 anos, e perguntou-lhe se desejava curar-se; disse-lhe:"Levanta-te, toma o teu leito e vai-te". Mais uma vez protestaram os fariseus porque era sábado. Reencontrando o homem que curara, acrescentou jesus: "Vês que foste curado; não tornes a pecar, para que te não aconteça coisa pior". Aos fariseus disse que Deus não cessa em nenhum momento suas obras pelo que também ele obrava incessantemente. Jesus deu a entender ao homem que sua doença era uma punição por seus erros, avisando-lhe que poderiam retornar seus males caso não se modificasse. Procedia a curas nos sábados a fim de protestar contra o fanatismo dos fariseus e mostra- lhes que a verdadeira virtude está nos sentimentos e não nas práticas exteriores.
  8. Cego de nascença: Mais uma vez num sábado encontrou Jesus um cego de nascença e, fazendo um pouco de lama com saliva e terra, untou-lhe os olhos e mandou-o lavar-se na piscina de Siloé, após o que o homem passou a enxergar claramente. Levaram-no aos fariseus que, após interrogá-lo e a seus pais, o expulsaram da sinagoga, por não ter admitido ter sido "um possesso do demônio aquele que o curara e porque rende graças a Deus pela sua cura". Mesmo nos dias atuais as curas efetuadas pelo Espiritismo são tidas como diabólicas pelas religiões tradicionais.Haviam os discípulos perguntado a Jesus se aquele homem nascera cego por algum pecado seu ou de seus pais, referindo-se evidentemente a uma vida anterior. A resposta negativa indica que se tratava de uma "provação apropriada ao progresso daquele Espírito". A lama empregada serviu de veículo ao fluído espiritual que produziu a cura.
  9. Numerosas curas operadas por Jesus.- Pregando nas sinagogas, Jesus procedia a curas no meio do povo, provando que "o verdadeiro poder é o daquele que faz o bem". Aliviava ossofrimentos dos homens e, por isso, fazia numerosos prosélitos. Quando João Batista mandou perguntar-lhe se era o Cristo, respondeu: "Ide dizer a João: os cegos vêem, os doentes são curados, os surdos ouvem, o Evangelho é anunciado aos pobres". Assim também o Espiritismo cura, além dos males físicos, as doenças morais, fazendo adeptos entre aqueles que "recebem a consolação para suas almas" e não entre aqueles que pretendem apenas observar fenômenos extraordinários, não lhe reconhecendo a força moral.

Possessos

    Juntamente "com as curas, as libertações de possessos figuram entre os mais numerosos atos de Jesus". Sua superioridade era tal que à sua ordem não podiam os Espíritos resistir e se afastavam efetivamente de suas vítimas. Eram muitos os casos de possessões na Judéia àquele tempo, evidenciando-se uma invasão de Espíritos maus em caráter de epidemia. Diziam os fariseus que era com auxilio de Belzebu, príncipe dos demônios, que Jesus expulsava os maus Espíritos, ao que o Mestre mostrou a insensatez que seria se Satanás expulsasse a si mesmo.

Ressurreições

  1. A filha de Jairo.- Jesus foi chamado por um chefe de sinagoga para impor as mãos sobre sua filha de 12 anos que estava para morrer. Lá chegando ordenou que as pessoas que choravam sua morte se afastassem dizendo-lhes que não estava morta , mas apenas adormecida. Tomando-lhe as mãos ordenou que se levantasse o que ela imediatamente fez e se pôs a andar.
  2. Filho da viúva de Naim: Ao se aproximar da cidade de Naim, deparou Jesus com um cortejo fúnebre; tratava-se de um rapaz, filho único de uma viúva. Compadecido com o sofrimento materno, Jesus ordenou ao moço que se levantasse a que este sentou-se e começou a falar para espanto dos presentes. Tal fato, considerado milagroso, espalhou-se por toda a Judéia e circunvizinhanças.
    Assim como também a ressurreição de Lázaro, os casos citados evidenciavam ter havido ataque de letargia ou síncope, pois, seria contrário às leis da Natureza o retorno ao corpo de um Espírito após rompido o laço perispirítico. Era costume na época sepultar-se logo em seguida alguém que deixasse de respirar, considerando-o morto. (Sabe-se que há casos de letargia que se prolongam por mais de oito dias). Houve então nos casos citados a cura produzida pelo Mestre e não ressurreição.

Jesus caminha sobre a água

    Jesus se dirigiu "caminhando por sobre o mar" aos discípulos que dentro de um barco, se viam amedrontados com a fúria das águas; Pedro pediu-lhe para fazer o mesmo, a que o Mestre mandou-o ir ao seu encontro. Deu alguns passos, vacilou e começou a afundar, sendo socorrido por Jesus, que lhe disse: "Homem de pouca fé! Por que duvidaste?". O fenômeno de levitação de um ser humano produz-se "sob ação das leis da Natureza", por efeito da mesma "força fluídica que mantém no espaço uma mesa, sem ponto de apoio". Poderia também ter ocorrido a aparição tangível de Jesus, estando longe seu corpo real.

Transfiguração

    Jesus proporcionou a Pedro, Tiago e João a oportunidade inesquecível de observarem fenômeno em que se transfigurou totalmente, realçado de excepcional fulgor, em razão da extrema pureza de seu perispírito. Fenômeno também inteiramente explicável dentro da ordem da Natureza, foi a aparição de Moisés e Elias.

Tempestade aplacada

    Enquanto atravessava um lago com seus discípulos, Jesus adormeceu. Diante de súbita tempestade que ameaçava virar o barco, acordaram-no assustados ao que Jesus "falou, ameaçador, aos ventos e às ondas agitadas e uns e outras se aplacaram, sobrevindo grande calma", para espanto e admiração dos discípulos. Não é possível afirmar-se "se há ou não inteligências ocultas presidindo à ação dos elementos". Jesus, entretanto, dormia tranqüilamente, demonstrando segurança advinda de que seu Espírito "via não haver perigo nenhum e que a tempestade ia amainar".

Bodas de Caná

    Tal acontecimento é referido somente por S. João, não tendo causado impressão maior. Se realmente ocorreu, foi o único no gênero, pois, Jesus não era afeito a demonstrações materiais que aguçassem a curiosidade, próprias dos mágicos. Mais racional é se considerar tal fato como uma parábola destinada a levar ensinamentos aos presentes.

Multiplicação dos pães

    Para as pessoas sérias essa narrativa é vista com sentido alegórico, "em que se compara o alimento espiritual da alma ao alimento do corpo". Pode-se também admitir que as pessoas presentes, ávidas de ouvir as palavras de Jesus, fascinadas "pela poderosa ação magnética que ele exercia sobre os que o cercavam",  não tenham tido "necessidade material de comer". Sabia então Jesus que poucos pães bastariam, mostrando aos discípulos "que também eles podiam alimentar por meio da palavra". Posteriormente, nas passagens denominadas "O fermento dos fariseus" e "O pão do céu", ficou confirmado o fato de que o Mestre não se referia a pães materiais, quando disse aos discípulos: "Ainda não compreendeis que não é do pão que eu vos falava..." afirmando que se trabalhasse principalmente para conseguir o "pão do céu", e dizendo: "Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome e aquele que em mim crê nunca terá sede".

Tentação de Jesus

    O episódio da tentação de Jesus não corresponde a uma ocorrência física; deve ser entendida como uma parábola, a fim de mostrar aos homens sua falibilidade, devendo vigiar sua mente "contra as más inspirações a que, pela sua natureza fraca, é impelida a ceder", devendo ainda prevenir-se contra os perigos da ambição. Também inadmissível seria a tentação moral do Cristo, pois, "o Espírito do mal nada poderia sobre a essência do bem".  Assim também as parábolas do filho pródigo e do bom samaritano mostram a misericórdia do Pai face o arrependimento do filho que, tendo sucumbido às tentações mas, praticando a lei de amor, vale mais aos Seus Olhos do que os irmãos que o desprezaram.

Prodígios por ocasião da morte de Jesus

    Com relação às trevas que teriam ocorrido por ocasião da morte de Jesus, tal fato não foi notado, pois, não consta em citações de nenhum historiador; poderia ter havido obscurecimento do Sol causado pelas "manchas físicas que lhe acompanham o movimento de rotação", sem causar no entanto trevas. Pode também ter havido algumas aparições de Espíritos naquela ocasião, o que também seria um fenômeno natural. "Compungidos com a morte de seu Mestre, os discípulos de Jesus sem dúvida ligaram a essa morte alguns fatos particulares", que em outra ocasião não teriam notado.

Aparição de Jesus, após a sua morte

    Jesus apareceu após sua morte, em várias ocasiões, descritas com detalhes por todos os evangelistas, não se podendo duvidar de tais fatos que, sendo semelhantes a muitos fenômenos antigos e atuais, são explicáveis "pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito" o qual chega em certos casos a tornar-se tangível. As circunstâncias dos aparecimentos e desaparecimentos de Jesus, algumas vezes em recintos fechados, sua linguagem breve e sentenciosa, a sensação de surpresa e medo causada pela sua presença, tudo isto demonstra que "se mostrou com o seu corpo perispirítico, o que explica que só tenha sido visto pelos que ele quis que o vissem".

    Seu maior milagre foi "a revolução que seus ensinos produziram no mundo". Jesus era pobre, nascido no seio de um pequeno povo sem expressão política ou literária, pregou sua doutrina durante apenas três anos, tempo esse em que foi "desatendido e perseguido pelos seus concidadãos". Foi "obrigado a fugir para não ser lapidado", traído por Judas, renegado por Pedro - seus apóstolos - supliciado como um criminoso; entretanto, mesmo sem nada escrever, "sua palavra bastou para regenerar o mundo"; "sua doutrina matou o paganismo onipotente e se tornou  facho da civilização".

Desaparecimento do corpo de Jesus

    Tal fato foi constatado no terceiro dia após a crucificação, pelas mulheres que foram ao sepulcro. Alguns consideraram um fato milagroso, outros atribuíram "a uma subtração clandestina".

    Há a teoria de que Jesus não teria tido um corpo material e sim um "corpo fluídico" sendo aparentes seu nascimento, atos de sua vida e sua morte. Assim se explicaria o desaparecimento de seu corpo do sepulcro. Entretanto, no período anterior à sua morte "tudo se passa, pelo que respeita à sua mãe, como nas condições ordinárias da vida". Durante toda a sua vida revelou-se com os "caracteres inequívocos da corporeidade", sendo "acidentais os fenômenos de ordem psíquicas". "Depois de sua morte, ao contrário, tudo nele revela o ser fluídico". Supliciado e morto, "todos o puderam ver e tocar". Seu corpo foi sepultado normalmente, "donde forçoso é concluir que, se foi possível que Jesus morresse, é que carnal era o seu corpo".

    Por outro lado, sendo o corpo "a sede das sensações e das dores físicas, que repercutem no centro sensitivo ou Espírito", segue-se que um Espírito sem corpo físico "não pode experimentar os sofrimentos". Não se pode duvidar que Jesus sofreu materialmente, pois de outra forma a paixão, sua agonia, seu último brado teria sido uma comédia indigna de um ser tão superior. "Jesus, pois, teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que é atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe assinalaram a existência".

(Continua no próximo boletim)



Do Leproestigma ao Clone Estígmatizado, Luiz Carlos Formiga, Brasil

Enfoque microbiológico - Parte I

"No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho".
Carlos Drummond de Andrade

    Os que melhor podem discutir a clonagem são os biologistas moleculares, mas eles se uniram aos microbiologistas uma vez que o gen para ser perpetuado deve ser clonado. Assim, precisa ser introduzido em um veículo de clonagem, isto é, uma molécula de DNA que seja capaz de se replicar de forma independente, no interior de um microrganismo. Os que trabalhamos com Microbiologia Clínica na atividade rotineira preocupamo-nos com diversas outras práticas que não se aproximam, de imediato, dessa linha de pesquisa.

    Somos capazes de aceitar nossa ignorância em diversos campos da ciência. A clonagem humana é um deles. Somos especialistas em clonagem bacteriana para poder surpreendê-la no exercício patogênico. Nesse campo demos alguma contribuição (ver referências abaixo).

    O futuro não pede parcimônia com determinadas referências bibliográficas, porém, facilitando a eventual vontade de exclusão usaremos cores diversas.

    Embora a clonagem humana não seja objeto de nossas pesquisas, a dimensão ético-legal da questão envolve a todos. Nesse terreno o parâmetro fundamental é o respeito à vida e o respeito à autodeterminação da pessoa. Segundo essa dimensão, deve ser condenável a geração de embriões como material disponível para experimentação e a manipulação do DNA humano com fins seletivos e eugênicos. Ainda hoje, a tentativa de clonagem humana poderia ser considerada um ato irresponsável, antiético e não profissional.

    Pequena viagem retrospectiva.

    Experimentos com ervilhas podem ser úteis para estudar os mecanismos da hereditariedade? Esta resposta foi dada em 1869. E o esperma? Esta resposta foi possível encontrando-se doadores entre as trutas do rio Reno, que foram escolhidas em 1871 para que se pudesse descrever o DNA. Após setenta e dois anos demonstrou-se que o DNA (1943) é uma molécula capaz de alterar a hereditariedade das bactérias. Em 1958 isolou-se a enzima (polimerase) capaz de sintetizar o DNA num tubo de ensaio, isso demorou mais quinze anos. Depois de outros quinze (1965) constatou-se que a resistência a antibióticos, em bactérias, se devia a genes geralmente transportados por plasmídios. Esse DNA extracromossomial é hoje objeto de investigações em diversas espécies microbianas.

    A partir de 1965 os passos dos avanços científicos são mais rápidos.

    Estabeleceu-se o código genético completo; isolou-se a primeira proteína capaz de cortar as moléculas de DNA em sítios específicos (enzimas de restrição); demonstrou-se que esses fragmentos gerados podem ser ligados entre si, por um outro tipo de enzima (DNA ligase). Observou-se, em 1973, que inserções de fragmentos (estranhos) podem ser feitos e ainda assim funcionar em uma célula bacteriana (E. coli). Criou-se assim, o potencial para inserção e clonagem de qualquer gene em bactérias. Em menos de quinze anos (1965-78) a Somatostina se tornou o primeiro hormônio humano produzido pelo uso de DNA recombinante e oito anos depois (1986) vimos o FDA e OMS liberar uma vacina contra a hepatite B produzida por DNA recombinante.

    Outros acontecimentos importantes ocorrem neste período: a construção da primeira planta industrial para a produção de DNA recombinante; a anemia falciforme foi detectada no diagnóstico pré-natal através da análise do DNA fetal (enzimas e sondas); o levedo de cerveja é usado para clonagem de seqüências do genoma do vírus da hepatite B e produção de partículas imunizantes.

    Há uma revolução com as técnicas da engenharia genética. Mas estamos ainda em 1986. O que aconteceria dez anos depois?

    A clonagem, que é o desenvolvimento de uma cópia geneticamente igual ao indivíduo, foi desenvolvida em 1996. Após 277 tentativas frustradas, nasceu Dolly em 1977, o primeiro clone de mamífero adulto oficial do mundo. No entanto, após o ano 2000, na ficção, o Dr. Albieri consegue o primeiro clone humano brasileiro, a partir de um dos irmãos, gêmeos, na novela da Rede Globo de Televisão.

    Nasce Leo, xerox de Lucas que é irmão univitelino, monoplacentário, de Diogo, morto acidentalmente. Diogo é clone de Lucas e vice-versa. Dr. Albieri que tinha preferências por Diogo, sabia disso.

    Com a ovelha Dolly (e com o clone-Leo) nasce, também na sociedade brasileira, uma série de questionamentos de ordem ético-morais e ficam explícitos os riscos potenciais à diversidade e integridade da espécie humana. Começa-se a explorá-los na TV, no horário nobre. Se a maioria dos clones de quatro patas apresenta problemas congênitos ou morre, o que pode acontecer com um clone humano?

    Dr. Albieri foi realmente feliz na sua experiência?

    A mãe tinha que ser uma "deusa", como enfatiza o companheiro que é estéril.

    Eventualmente, a vaidade poderia ter sugerido a Edvaldo, companheiro de Deuza, que ele poderia ser o doador, o que não interessaria ao médico Albieri. Edvaldo entraria posteriormente como inocente útil.

    Nem tudo é perfeito! Todos observamos que o clone-Leo é "diferente", embora humano em todos os sentidos.

    Temos nós algum estigma? Também somos diferentes!

    Somos indivíduos únicos, específicos e peculiares.

    Quais os efeitos dos estigmas sobre os indivíduos de modo geral?

    Uma pessoa é portadora de um estigma quando ela possui alguma diferença que constitua uma dificuldade para a sua aceitação integral na sociedade. O termo é de origem grega e se referia a sinais corporais que colocavam em evidência alguma alteração marcante no seu aspecto físico. Em seguida, tornou-se mais abrangente e adquiriu um sentido figurado. Estendeu-se ao campo moral em caráter negativo, significando marca vergonhosa. Por isso nós tendemos a acreditar que a pessoa não seja um ser humano. Um clone não se livrará facilmente desta marca e deverá sofrer discriminação, o que reduz chances de vida.

    Informações no endereço http://www2.uerj.br/~morhan/index.html . Esta página é parte do Projeto de Extensão "Informar Para Integrar" da Faculdade de Enfermagem da UERJ.

    Em termos psíquicos, os clones, poderão ser deficientes da figura paterna locomovendo-se com auxílio de muletas psicológicas?

    Dr. Albieri detém o direito de patenteá-lo?

    Clone-Leo é uma propriedade, um produto das experiências do médico tecnicamente competente?

    A experiência do doutor Albieri.

    A memória das células diferenciadas de mamíferos é reversível. Assim, a célula somática de Lucas foi induzida, "in vitro", em cultura, a este estado de quiescência, perdendo a memória da sua diferenciação. Retornando a totipotência comportou-se, após a fusão, como uma célula germinativa. Em outras palavras. Albieri retirou um ovócito, óvulo imaturo, das trompas da uma mulher-Deusa pouco depois da ovulação. Arrancou o núcleo da célula feminina que é o local onde existe a contribuição de tinta da mulher para pintar o quadro do novo ser. O que restou foi apenas a tela para a pintura. A seguir pegou o núcleo de uma célula isolada de Lucas ("pintor" ou "doador", nesse caso não consentido) onde está o manual de instruções (DNA) para se pintar um novo Lucas. Vamos relembrar que a célula (de Lucas) tinha sido submetida à regressão de memória a idades bem infantis (quiescência) e se sentiu germinativa. "Sentiu-se" porque, sob o ponto de vista ontogênico, não pode ser assim considerada. Estamos diante de um fenômeno cientificamente ainda não esclarecido. Nestas circunstâncias é como se o núcleo entrasse num estado de transe "hipnótico-químico" revendo toda a sua vida pregressa ou programação, podendo a partir daí tornar a expressá-la. O núcleo, da célula de Lucas, que é da raça branca, foi transplantado para o citoplasma do óvulo (tela ainda não pintada). Aí, ele pode acionar todo o seu código genético. Depois de algumas divisões celulares, Albieri as colocou no útero da mulher de raça negra e sadia e aguardou o trabalho da natureza.

    Clone-Leo não poderia nascer moreninho, pois a contribuição feminina foi só de suporte (tela) para a linha completa de instruções codificadas pelo genoma da célula de Lucas. Albieri sabia que o seu produto não teria problemas em termos de preconceito racial. Assim Lucas (a célula doadora) e o clone-Leo são gêmeos idênticos com idades diferentes. A cópia xerox foi feita noutra máquina alguns anos depois.

    Na teoria a técnica para se criar clones humanos é muito simples. Devemos lembrar que teoria e prática são diferentes e a segunda pode estar sujeita a idiossincrasias do pesquisador. Ninguém é comunicado pelo Dr. Albieri dos experimentos por ele realizados. Sob o ponto de vista do interesse de todos os personagens envolvidos na trama, mas principalmente dos interesses do paciente, a obtenção do seu "consentimento esclarecido" é conduta obrigatória. Este consentimento é previsto nos comitês de bioética institucional.

    Precisamos estar atentos no campo dos valores éticos e legais. Na sede de conhecimento, fama ou poder os personagens que pertencem ao campo técnico-científico podem se comportar como a "Alicinha". Na novela, ela era capaz de "fazer qualquer negócio" para atingir seus escusos objetivos. E, ela não tinha por trás a ajuda dos "interesses econômicos".

    A sociedade possui papel importante e fundamental na inibição de pessoas que perseguem objetivos obscuros. Deve exigir a criação de "polígonos de segurança ética" uma vez que as instituições, incluindo as de pesquisas, não estão totalmente a salvo das inteligências tecnicamente capazes, mas que possuem elevado grau de miopia na visão dos valores. Os veículos de comunicação podem exercer significante papel na denúncia desses profissionais de nível de consciência baixo. Já tivemos notícias de que pesquisadores publicaram dados que objetivamente não encontraram. Por isso damos preferência por revista científica que tenham um corpo editorial competente e sério.

    De posse da competência técnica deveremos realizar a clonagem?

    A Constituição Brasileira assegura direito à pesquisa, mas estabelece a proteção à dignidade da pessoa humana como limite ao uso do conhecimento. Porém, o homem é de natureza multifacetada, por isso acreditamos que se o clone humano puder ser feito, sê-lo-á. Ainda mais porque sabemos que restringir pesquisas significa apenas retardar a marcha do conhecimento.

    As técnicas de clonagem animal ainda estão sendo aperfeiçoadas e os pesquisadores dizem que não existem fundamentos universais para nos basearmos na hora de tomarmos decisões éticas. Como fazer? Com "277 tentativas" poderemos chegar a um resultado "satisfatório"? Perfeição não é obra do acaso! Será ético experimentar em se tratando de seres humanos? Grita o imperativo ético, questionando!

    Trabalhar com vírus e bactérias é "relativamente" fácil. Ninguém ainda perguntou quais são os direitos daquela bactéria virulenta que não tem consciência dos seus atos e aguarda no corredor da morte (autoclave), por ter fulminado uma criança.

    Se não existem fundamentos universais para nortear nossas decisões diante das inquietações éticas relativas às novas técnicas, como fazer?

    A partir de outubro de 2001 a UNESCO passou a examinar a possibilidade de desenvolver um instrumento universal sobre bioética partindo da Declaração Universal (novembro de 1997) sobre o Genoma e os direitos da Pessoa Humana. Diz a Nota Técnica sobre Clonagem Humana do Ministério da Ciência e Tecnologia em 26/11/2001 que o debate bioético pode ter como ponto de partida a premissa de que a clonagem não reprodutiva e o uso de células tronco, em si, não seriam rejeitáveis como procedimentos de suporte a terapias médicas. Essas poderão substituir células lesadas de órgãos como coração e cérebro. Os países desenvolvidos e o Brasil já dominam essa tecnologia. Uma vantagem é que usando células dos próprios pacientes se evitará o fenômeno imune da rejeição. Ansiedades e angústias serão aplacadas além de nos livrarmos da terapêutica com drogas imunossupressoras.

    Cabe ainda lembrar que a Comissão Jurídica da Assembléia Geral das Nações Unidas decidiu apoiar a proposta de elaboração de um tratado internacional que proíba a clonagem de seres humanos por ser "contrária a dignidade humana". Esta missão está sendo conduzida pela UNESCO.

    Embora as células conseguidas de um embrião, obtidas na primeira semana depois da fecundação, sejam extremamente poderosas, o seu uso prevê a destruição do embrião. Sob o ponto de vista ético isso é condenável. As células-tronco, obtidas da medula óssea são também muito eficientes e se equivalem as células que podem ser colhidas da placenta, no cordão umbilical, no momento do nascimento.

    As células-tronco derivadas de sangue de cordão umbilical podem ser armazenadas num banco de sangue. Mesmo aqui não ficamos isentos das questões científicas, éticas e sociais que surgem dessa tecnologia emergente. Um exemplo é que o processo de obtenção de consentimento "pós-informado" para a coleta de sangue de cordão umbilical deve ser antes do trabalho de parto e do parto. Um outro ponto que também desponta é a necessidade de estarmos atentos às práticas de marketing deste banco no setor privado. Será que os mais pobres terão garantias no sentido da democratização do acesso?

     O que se aproxima de nossa atividade de pesquisa é que no futuro poderemos desenvolver anticorpos monoclonais menos problemáticos. No entanto, permanecemos ainda com o pires na mão na universidade pública e acreditamos que vamos esperar mais quinze ou vinte anos para transformar sonho em realidade. No Brasil, parece mais fácil financiar atividades bancárias.

    E a clonagem humana?

    Se a ciência não é capaz de nos dizer o que é bom (ou não) é necessário estimular a transparência e um profundo debate transdisciplinar. Clone-Leo não poderia nascer ao arrepio da lei, de maneira antiética, como nasceu na novela cinco anos depois de Dolly

    No mês de agosto de 2001 (USA) pesquisadores anunciaram que o primeiro bebê clonado poderia ser concebido e nascer em 2002. Para um ser de natureza bio-psico-sócio-espiritual é muito mais adequado o nascimento pelos meios naturais. Como a clonagem é um processo sujeito a imperfeições pode-se perceber que pesquisadores andam indo muito ao teatro. A clonagem de humanos é ainda humanamente injustificável e eticamente inaceitável.

    A hora é inusitada e paradoxal. Estamos convivendo com mosquitos e epidemia de Dengue no mesmo momento em que questões éticas sobre clonagem são levantadas, antes que a técnica seja aplicada ao ser humano.

    Trazendo para a linha de pesquisa, nossa equipe não imaginaria no início dos anos 90, que poderíamos nos candidatar a participação em 2002, Viena, de um encontro sobre Difteria, uma doença da era colonial americana.

(Continua no próximo boletim)


As Quatro Nobres Verdades, Carlos Iglesia, Brasil

(Série de artigos iniciada no Boletim 428)

IV - Questões Filosóficas

Concepção deste mundo

- Budismo
"(...) convém esclarecer que a verdade do sofrimento, enunciada pelo Buda em seu primeiro sermão, pertence à verdade relativa e não descreve a natureza última das coisas, pois aquele que atinge a realização espiritual goza de uma felicidade inalterável e percebe a pureza infinita dos fenômenos: nele, todas as causas de sofrimento desapareceram. Então, por que destacar tanto o sofrimento ? Para tomar consciência, em um primeiro momento, das imperfeições do mundo condicionado. Neste mundo da ignorância, os sofrimentos se acrescentam uns aos outros: um de nossos pais morre, o outro o segue algumas semanas depois. As alegrias efêmeras se transformam em tormentos: parte-se para um alegre piquinique em família e nosso filho é picado por uma cobra. A reflexão sobre a dor, portanto, deve nos incitar a tomar o caminho do conhecimento. (...) " Matthieu Ricard, Ação sobre o mundo e ação sobre sí mesmo, O Monge e o Filósofo, Ed. Mandarim
    A ilusão de um "eu" individual leva ao egoismo e a considerar as coisas deste mundo como permanentes. Este apego leva ao sofrimento. O homem deve libertar-se dessa ignorância, compreender que tudo é impermanente (transitório) e aí terá atingido a felicidade.

    O ser que age para se libertar da ignorância, seguindo as regras do caminho óctuplo, vive longe dos extremos - nem o ascetismo exagerado, muito menos o apego desmesurado aos bens materiais - daí a expressão "caminho do meio".  Pelo ideal do Bodhisattva, há a valorização do esforço para melhorar o mundo e trazer a felicidade para todos. O Budista deve sempre agir para diminuir o sofrimento, onde e da maneira que lhe for possível.

- Espiritismo

"172 - Todas as nossas diferentes existências realizam-se na Terra ? Não, vivemo-las nos diferentes mundos: as da Terra não são as primeiras nem as últimas, porém das mais materializadas e distantes da perfeição.

173 - A cada nova existência corporal a alma passa de um mundo a outro ou lhe é possivel viver muitas vidas no mesmo planeta ? Pode reviver várias vezes no mesmo planeta, se não estiver suficientemente avançada para passar a um mundo superior." O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.

    O mundo material é transitório, temos uma percepção limitada da realidade devido as nossas limitações de entendimento e de percepção. Como o mundo fisico é uma escola na jornada evolutiva do ser, e as vissitudes da vida material desafios para o espírto, o verdadeiro espírita deve sempre procurar melhorar a sí mesmo e, consequentemente, melhorar também seu modo de agir no mundo.  Assim, pela lei de caridade e pela prática da sabedoria, o espírita deve sempre procurar melhorar a situação de seu próximo e da sociedade em que vive. O Espiritismo não aprova os extremos, nem o ascetismo exagerado nem o apego aos bens materias. Somos depositários temporários dos bens deste mundo e devemos emprega-los do melhor modo possível para o bem de todos.

- Análise

    A primeira vista, em um estudo superficial, o Budismo parece ter uma visão pessimista deste mundo, por sua aguda percepção do sofrimento e de suas causas. Isso porém não corresponde a realidade, pois faz parte das bases doutrinarias do Budismo a conscientização de que é possivel superar-se o sofrimento e agir de tal modo que se possa ter um razoavel grau de felicidade já nesta vida. Desta maneira, a concepção do mundo - e consequentemente da ação do homem no mundo - valoriza o esforço no sentido do bem e do progresso.

    O Espiritismo por outro lado, valoriza imensamente as oportunidades de aprendizado oferecidas por este mundo material, enfatizando que o correto agir, conforme as leis morais, resulta não só no progresso individual como no coletivo. Para o Espiritismo ainda estamos a caminho da verdadeira civilização, onde as leis de amor e de justiça serão aplicadas em sua verdadeira extensão. Para que esta civilização seja atingida, precisamos nós todos nos empenharmos no esforço de reforma interior e consquente mudança de comportamento.

    Uma vez que se compreenda que somos espíritos, temporariamente reencarnados em um corpo material com finalidades educativas e que tudo neste mundo é transitório, se tem uma nova visão do mundo e pode se atingir a felicidade relativa que nosso nivel de progresso permite. A verdadeira felicidade só é atingida com o progresso do espírito e sua depuração de todas suas imperfeições.

    O fim do egoismo, almejado tanto pelo Budismo, como pelo Espiritismo, transformam o individuo e o mundo ao seu redor. Não há o apelo para o abandono da ação no mundo, mas o redirecionamento desta ação. O melhor exemplo dentro do Budismo é o próprio Dalai Lama, em seu trabalho incansável -  e pacifico, conforme as diretrizes de Buda - em prol de seu povo.

(Continua no próximo boletim)




Comentários
Comentário sobre "A Erisipela de Meu Pai", Simoni, USA

   Prezados senhores,

    Gostaria de parabenizar o Senhor Antonio Carlos por seu excelente artigo "A erisipela de meu pai". Compartilho de suas ponderações e, como ele, creio que, nós, espíritas, devemos refletir bastante sobre a exigência formal do estudo sistematizado para o exercício da mediunidade.

    Evidentemente, a mediunidade é um terreno que precisa ser bem trabalhado e cuidado. A reforma íntima e o aprendizado da doutrina são ferramentas indispensáveis para que nesse terreno divino sejam cultivadas as mais belas flores ao invés de ervas daninhas. Entretanto, do mesmo modo que o Senhor Antonio Carlos, acho preocupante a exigência absoluta de vàrios anos de estudo sistematizado para que possamos exercer a mediunidade em uma casa espirita.

    Fiz quatro anos de estudos espíritas em São Paulo. Hoje vivo nos Estados Unidos, tenho mediunidade aflorada, mas não posso praticà-la na casa espírita. Encontro-me novamente às voltas com mais estudo sistematizado, como se eu nunca tivesse estudado nada de espiritismo. Não descarto a importância de continuar estudando, pelo contrário. O que lamento é precisar tolher minha mediunidade para reiniciar um estudo que ja fiz. Como deverei mudar-me de país a cada três anos, em razão da profissão de meu marido, provavelmente nas próximas casas espíritas em que eu vier a me oferecer para exercer minha mediunidade, precisarei reinicar mais estudo sistematizado. Nessas condições, ao final de minha existência, eu terei colecionado décadas de estudo sistematizado, mas talvez sequer um ano de prática mediúnica.

    Entendo que não devemos prendermo-nos a formalismos. O que precisamos desenvolver é a noção de responsabilidade no medium, para que ele continue aprimorando-se moral e intelectualmente. Em suma, mais responsabilidade e menos formalidade.

    Simoni Privato Goidanich
    Bethesda, Estados Unidos



Sobre Mediunidade, Gustavo Rodrigues, Brasil


Prezados Senhores,

    Durante a leitura do Boletim GEAE: Número 435, deparei-me com a pergunta sobre mediunidade feita por Simoni Goidanich, USA:

(...)Gostaria de saber se todas as pessoas são realmente médiuns. Em que trecho da Codificação Kardec responde isso?
    O Sr. Carlos Iglesia responde:
Cara Simoni,

    "Tôda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva".  Trecho inicial do capítulo XIV do Livro dos Médiuns, intitulado "Os Médiuns".

Atenciosamente,
Carlos Iglesia

     Concordo com o Sr. Carlos Iglesia, que todos somos médiuns, mas através da correta interpretação do texto, observa-se que a citação apresentada não serve como justificativa. Observem que Kardec escreve: "são raras as pessoas que não a possuem".  Se são RARAS, elas EXISTEM, se existem não são TODOS que a possuem.

    Mas, afinal, qual o trecho da codificação que dá base a afirmação de que todos somos médiuns ?

    Entendemos que o trecho da codificação que melhor justifica essa afirmação está em O Livro dos Espíritos, no capítulo IX da Parte 2a, em Anjos da Guarda - Espíritos Protetores, familiares e simpáticos, pergunta 495.  No último parágrafo da resposta de Santo Agostinho lemos:

"(...)São essas comunicações de cada um com o seu Espírito familiar que fazem sejam médiuns todos os homens, médiuns ignorados hoje, mas que se manifestarão mais tarde e se espalharão qual oceano sem margens, levando de roldão a incredulidade e a ignorância. (...)"
    Espero ter sido útil.

    Atenciosamente.
    Gustavo Henrique Novaes Rodrigues




Painel
Entrevista com Miguel Pereira - Grupo Espírita "Os Mensageiros", Carlos Iglesia, Brasil

(As informações sobre o grupo "Os Mensageiros" foram transcritas de sua página na Internet e a Entrevista com Miguel Pereira foi efetuada via e-mail por Carlos Iglesia)

GRUPO ESPÍRITA "OS MENSAGEIROS"
http://www.mensageiros.org.br/

    Tem como objetivo divulgar a doutrina espírita através de folhetins denominados "mensagens" que são distribuídos gratuitamente por todo o Brasil, América Latina e Europa.

    Formado estatutariamente para imprimir mensagens psicografadas por Francisco Cândido Xavier ou de autoria de Allan Kardec, para distribuição gratuita, as mensagens são impressas e enviadas por correio, transportadora ou pessoalmente aos pontos de distribuição e às pessoas físicas cadastradas.

    De 1953 até hoje, já foram produzidas cerca de 1 bilhão de mensagens impressas.

BREVE HISTÓRICO

    O Grupo foi fundado por José Gonçalves Pereira em 18 de abril de 1953, quando das visitas ao médium Francisco Cândido Xavier, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais.

    A idéia surgiu numa dessas visitas quando o Sr. "Gonçalves" notou que um grupo de jovens copiava em cadernos escolares usados, mensagens psicografadas por Chico Xavier, bem como outras extraídas dos livros da Codificação Kardequiana, cadernos esses que eram por eles utilizados como livros de estudos doutrinários.

    Isso se dava porque naquela época o preço do livro tinha seu custo final de venda acima do poder aquisitivo da maioria das pessoas, o que era justificável, porque as editoras os confeccionava quase que artesanalmente.

    No início, o Sr. "Gonçalves" pagava as despesas do próprio bolso e alguns anos depois, começou a receber ajuda de alguns amigos.

    Os primeiros colaboradores doavam, além da participação financeira, o apoio na distribuição desses folhetos que mais tarde denominaram-se "mensagens" e eram distribuídos junto às escolas da Federação Espírita do Estado de São Paulo - FEESP, principalmente aos assistidos do Departamento de Assistência Social, e duas vezes por semana realizavam esse serviço nas praças Clóvis Bevilácqua, Sé e João Mendes, no centro de São Paulo e nas Campanhas Auta de Souza (famosa campanha espírita que arrecada mantimentos para os carentes).

    Dentre as muitas mensagens psicografadas, destacam-se as de Emmanuel (mentor espiritual do médium Francisco Cândido Xavier) que ao longo destes anos tem-se mostrado o orientador espiritual das terras Brasileiras.

    Muitos Espíritos têm se manifestado através da abençoada psicografia de Chico Xavier. Dentre eles destacam-se Bezerra de Menezes, Batuíra, Humberto de Campos, André Luiz e renomados poetas brasileiros, tais como Castro Alves, Casimiro Cunha, Olavo Bilac, entre dezenas de outros espíritos sendo que, nos últimos anos, muito tem se apresentado Cornélio Pires, trazendo seus versos sempre muito alegres.

    Hoje, a distribuição das mensagens é realizada por 152 sucursais no Brasil, três na América Latina, uma na Europa com tradução para o castelhano, uma nos Estados Unidos da América (castelhano e português) e uma no Japão (mensagens em português), para centros espíritas dirigidos por Brasileiros e estando iniciando a produção em inglês.

    Muitos são os casos que marcam a história do grupo. Pessoas que estavam prestes a cometer suicídio nos escrevem revelando que a leitura de uma simples mensagem evitou a consumação do ato. Ou o caso daquele motorista de táxi, cujo passageiro, notando nele um certo nervosismo, pede licença para ler em voz alta uma mensagem. Após a leitura de Confia Sempre de autoria de Meimei o motorista pára o automóvel e em prantos agradece aquela providência mostrando um revólver que havia comprado para matar a própria esposa.

    Há também o caso daquela senhora que morava no nono andar de um edifício e que, acostumada a distribuir mensagens, viu-se impossibilitada de fazê-lo, em vista de uma enfermidade que comprometeu os movimentos da perna. Após pensar um pouco, resolveu experimentar uma nova maneira de realizar o serviço. Apanhou uma mensagem e deixou que ela caísse ao vento pela janela do edifício e, verificando que um senhor que passava apanhou-a, leu-a e guardou-a no bolso, passou então a realizar esse tipo de distribuição quatro a cinco vezes por dia.

    Assim, queremos enviar ao coração do benfeitor José Gonçalves Pereira nosso preito de gratidão e reconhecimento, que na expressão de Maria Dolores é o apóstolo do bem e Herói da Caridade, por ter dedicado 40 anos de sua existência terrena à assistência Social espírita, culminando com a construção da Casa Transitória Fabiano de Cristo, merecendo também ser lembrado por seu expressivo trabalho na divulgação da Doutrina Espírita.

MIGUEL PEREIRA

    Nasceu em São Paulo, Capital, em 21 de abril de 1941, no bairro da Barra Funda.

    De família espírita, conheceu a doutrina muito cedo. Participou da Federação Espírita do Estado de São Paulo e da Casa Transitória e, em 1974, uniu-se ao Sr. Gonçalves para o trabalho de impressão de mensagens.

    Com esta união, ao ver desencarnar José Gonçalves Pereira, deu continuidade à impressão de mensagens e tornou-se presidente do Grupo Espírita "Os Mensageiros" desde o ano de 1989, formalizando estatutariamente o Grupo que até então funcionava informalmente.

ENTREVISTA

- Tenho acompanhado o trabalho do grupo "Os Mensageiros", desde que o conheci na Casa Transitória Fabiano de Cristo, e gostaria de divulgar este trabalho junto aos companheiros do GEAE. Desta maneira a primeira pergunta é sobre os objetivos do grupo e como ele é constituido?

Miguel Pereira - O Grupo Espírita "Os Mensageiros", foi fundado em 18 de abril de 1953 por José Gonçalves Pereira e tem por objetivo, a divulgação da doutrina espírita através de mensagens.
- Qual é a extensão do trabalho de distribuição das mensagens espíritas no Brasil e no Exterior?
Miguel Pereira - No Brasil, a distribuição é realizada por 155 sucursais que recebem em quantidades maiores para redirecionarem as casas espíritas.
- Qualquer grupo espírita pode solicitar as mensagens? Qual é o processo para faze-lo? É possivel obter mensagens em outros idiomas, como o inglês ou o espanhol?
Miguel Pereira - Qualquer grupo espírita, pode solicitar mensagens, bastando escrever para o endereço que vai impresso no rodapé das mensagens, que é:  Cx.Postal 522, CEP: 01059-970, São Paulo - SPNós encaminharemos os pedidos à sucursal mais próxima do solicitante.
- Como uma pessoa pode colaborar com o trabalho do grupo? Há parceria com outros grupos (por exemplo, fora do Brasil)?
Miguel Pereira - A maior fonte de apoio do grupo, são os mantenedores, que espontaneamente se manifestam através de cartas, desejosos de colaborar. Quanto à questão de parceria, consideramos a tarefa realizada pelas sucursais do grupo, extremamente importantes, sem as quais, seria muito difícil a realização da tarefa.
- Existem restrições ou regras para a utilização das mensagens enviadas pelo grupo "Os Mensageiros" em publicações espíritas?
Miguel Pereira - A mensagem tem o poder de caminhar:  No bolso, na bolsa, na mala de viajem, de mão em mão, ou esquecidas no banco do ônibus, do táxi ou do metrô, nas filas por alguém que levantou uma hora mais cedo para fazer a distribuição aqui ou acolá e que vai chegar uma hora mais tarde em casa, pois completou à tarde sua tarefa de distribuição, na entrada da casa espírita, no hospital, nas cadeias, nos cemitérios. Elas atravessam fronteiras e não carecem de passaporte. A única regra mais severa quanto a mensagem, é interna do GEOSM, que são o cuidado na correção de texto e a citação da fonte e da origem. Depois ela se transforma no porta voz ambulante, da luz do esclarecimento espírita cristão.
- A história do grupo está bastante vinculada ao Sr. José Gonçalves Pereira, vocês poderiam nos falar algo sobre sua pessoa e idéias? Qual era a visão do Sr. José Gonçalves do trabalho de distribuição das mensagens?
Miguel Pereira - José Gonçalves Pereira, teve uma participação muito ativa na doutrina espírita. Em 1949, foi nomeado  Diretor do Departamento de Assistência Social da FEESP. E em 1960, no desempenho de suas funções nesse departamento, fundou a "Casa Transitória Fabiano de Cristo" e foi o seu diretor por três décadas. Fundou e dirigiu o "Grupo Espírita Os Mensageiros", em 18/04/1953 e foi o seu Presidente até 1989, sempre com o objetivo de que a idéia espírita pudesse chegar em todos os lugares de forma gratuita.
- Que balanço vocês fariam hoje deste trabalho? A aceitação tem sido boa no Brasil e no Exterior? O interesse por mensagens espíritas tem crescido ? Qual é o tipo de mensagem mais distribuido?
Miguel Pereira - Nesses 48 anos de existência do Grupo, já foram impressas um bilhão de mensagens. A princípio, na década de 50 e 60, grande número de pessoas, se recusava a recebe-las. Visto haver preconceito quanto ao espiritismo crescente, mas com o tempo, foi se espalhando a idéia renovadora do espiritismo, e hoje, com uma produção acima de quatro milhões e meio de mensagens mensais, quantidade essa que  têm sido insuficiente. Houve um tempo, em que imprimíamos também em castelhano e enviávamos a Venezuela, que as distribuía aos paises de língua castelhana, posteriormente porém, voltamos a imprimi-las somente em português, visto que é muito grande a demanda. Vários países cuja língua predominante é o inglês, as receberem impressas em português, já que os centros espíritas são de brasileiros radicados lá. As mensagens mais distribuídas e solicitadas são as consoladoras, pois além de consolarem, ensinam.
- Existe vinculo histórico entre o trabalho iniciado pelo Sr. Gonçalves e o costume de se distribuir pequenas mensagens impressas nos grupos espíritas?
Miguel Pereira - Gonçalves foi o pioneiro na distribuição de mensagens em praça pública, já na década de 50, quando reunia um grupo de voluntários. As primeiras distribuições em São Paulo, foram realizadas nas praças: Sé -João Mendes - Clovis Bevilaqua e no Pacaembu, nos dias de jogo.
- Que orientação vocês dariam aos amigos que pretendam começar um trabalho semelhante em outras localidades?
Miguel Pereira - A tarefa de imprimir e distribuir mensagens espíritas exige força de vontade, disciplina e direcionamento, para que o conteúdo leve realmente o que há de mais puro dentro da doutrina de  Kardec, evitando os modismos dos que afirmam que Allan Kardec está ultrapassado.
- Encerrando a entrevista, gostariamos de perguntar-lhes se não gostariam de dirigir alguns palavras aos amigos que recebem o Boletim GEAE com relação a Doutrina Espírita, a divulgação ou ao próprio trabalho dos mensageiros?
Miguel Pereira - O avanço tecnológico nos dá a possibilidade de ampliar a área de divulgação do espiritismo. O livro e a mensagem impressa caminharam e caminharão, levando a mensagem de Jesus, assim como a internet, que é um livro eletrônico que viaja em alta velocidade, chega a casa de milhões de pessoas, desempenhando o importante papel de "MENSAGEIRA".


Viagem do Raul Teixeira a Áustria, República Tcheca e a Eslováquia, Rejane Spiegelberg, Austria

(Artigo sobre a viagem de Raul Teixeira a Austria, Rep. Tcheca e a Eslovaquia, enviado pela Rejane. Este artigo foi originalmente publicado na RIE)

No inicio:

    Raul Teixeira fala-nos sobre nossas carências e por que nos sentimos carente, mostrando a necessidade do homem ser solidário para que não se sinta solitário.

No final:

    Quando o estudo desce ao coração, o conhecimento une-se ao sentimento, e modifica a forma de sentir, e por consequencia a forma de agir, abrindo caminho a irmandade, que ao escorrer pelas mãos leva a prática a caridade.

Pela estrada afora...

    Neste começo de ano, fomos brindados com a visita de Raul Teixeira à Austria, e às Repúblicas Tcheca e Eslovaca, entre outros países que ele percorreu em suas tres semanas na Europa. Ao sentar-me para escrever sobre sua visita lembrei-me da canção infantil que diz: "Pela estrada afora, eu vou caminhando, levar os meus doces...". Realmente, Raul Teixeira e Divaldo Franco, andam pelas estradas do mundo trazendo-nos as doces palavras de amor de Jesus, e divulgando a Doutrina Espírita aqueles que vivem fora do Brasil, sejam estes brasileiros ou simpatizantes de outras nacionalidades. Lembro ainda de Paulo de Tarso, percorrendo as estradas do mundo romano de 2000 anos atrás, divulgando o cristianismo pelo mundo. Ontem Paulo pregava o cristianismo. Hoje estes nobres homens pregam o cristianismo redivivo, através da doutrina dos espiritos!

    Podem vocês leitores acharem exagero, mas é preciso participar destas jornadas espíritas, acompanhar os passos destes desbravadores para entender o seu trabalho. Um trabalho, onde não há tempo para turismo, para descanso. É chegar, fazer palestra aqui, acolá, saindo pela manhã e retornando à noite, para comer algo, dormir e continuar no dia seguinte, viajando de uma cidade a outra.

    Raul Teixeira visitou três cidades na Austria, República Tcheca e na República Eslovaca em 5 dias. Neste dias, proferiu três palestras e um seminário de seis horas. Viena tem sido o ponto central destas visitas. Aqui, realizou-se uma palestra e o seminário na Sociedade para estudos espíritas Allan Kardec (VAK). De Viena viajou-se à Brno, na República Tcheca e à Bratislava na República Eslovaca. Ambas cidades estão a mais de uma hora de Viena, com um tempinho adicional para controle alfandegário, eventuais congestionamentos e outras formalidades, leva-se até 2 horas de viagem.

    Nestas cidades, um público fiel aguarda as palestras sobre o espiritismo. Esta audiência foi se formando ao longo dos anos através das visitas de Divaldo Franco e do próprio Raul Teixeira. É um trabalho de formigas! Trabalho lento e paciencioso, como todo trabalho de divulgação da Doutrina Espírita fora do Brasil. Nestas palestras abordam-se temas atuais sob a visão do do espiritismo trazendo aos poucos os conceitos básicos da doutrina à população local.

    Desta vez, Raul Teixeira abordou o tema "O homem e sua solidão" traduzido para a lingua local de cada cidade visitada. Não comparecem aqui as multidões que ouvem suas palestras e seminários no Brasil, mas um público de 50 a 60 pessoas atentas e sedentas de conhecimento. Tampouco são somente brasileiros que comparecem as palestras. Em Viena a audiência é formada de brasileiros, austríacos, e alguns latino-americanos. Ao contrário, em Brno e Bratislava, o público é predominantemente local, e os brasileiros são somente aqueles que acompanham as viagens, e residem em Viena.

    Na palestra Raul Teixeira falou-nos sobre nossas carências e por que nos sentimos carente, mostrando a necessidade do homem/mulher ser solidário para que não se sinta solitário. Quando o homem/mulher aprende a estender a mão, ajuda e cumpre seu dever de cidadão/ã espirita, deixando de se preocupar egoisticamente consigo mesmo, para trabalhar para o bem estar de toda a humanidade. Recebe então, em troca, o prazer de ajudar e deixa de estar só!

    O seminário em Viena abordou o tema "O homem e o mundo".  Raul Teixeira iniciou analisando a casa como um espelho dos seus moradores. Da casa individual passou à análise da casa planetária - a Terra.

    Assim, ensinou-nos que somente vamos valorizar e cuidar nossa casa planetária quando valorizarmos a nós mesmo. Lembrou-nos ainda, que Jesus foi o mensageiro da ecologia, pois sempre envolvia os animais e a natureza em seus ensinamentos. Deste modo, simples, mas contagiante, Raul Teixeira vai falando sobre a relação do homem com a natureza, a influência dos espiritos na natureza,  sobre a importância da maternidade e paternidade, encarnação, a vivência em sociedade, a relação do individuo com o mundo e a necessidade de se cultivar o auto-conhecimento e atitudes de tolerância e respeito pelo individuo e pelo mundo em que vivemos.

    Ressaltou deste modo simples, pontos importantes da doutrina espirita e a importância de se praticá-la sob três importantes aspectos: estudo, irmandade e caridade. Segundo Raul Teixeira, o espirita deixa que o estudo lhe penetre no intelecto, aumentando o seu entendimento do mundo em que vive. O estudo ajuda a congregar pessoas de todos os níveis sociais e culturais, enriquecendo a todos. Quando o estudo desce ao coração, o conhecimento une-se ao sentimento, e modifica a forma de sentir, e por consequencia a forma de agir, abrindo caminho a irmandade,  que ao escorrer pelas mãos leva a prática a caridade.

    Rejane Spiegelberg-Planer
    Viena



Pintura Mediunica, Oswaldo Galvão, Brasil

Prezados Confrades,

    Gostaríamos de utilizar o espaço do GEAE, para divulgação evento beneficente Pintura Mediúnica ou Psicopictografia que será realizado no dia 11/05/02 - sábado - a partir das 15: 00 hs, pela médium Valdelice Salum no IFCC - Instituto Fraternal de Cromoterapia dr. Castilho, Rua Doresópolis, 100 - Jd. Sta. Clara - Guarulhos - Grande São Paulo - Entrada Franca - Maiores informações tel.: 9105 4718 c/ Oswaldo ou então visitando o site: www.ifcc.com.br no menu eventos/palestras/cursos.

    Fraternalmente,

    Oswaldo Galvão Fo.
    Pres. Conselho Deliberativo
    Acesse: www.ifcc.com.br
    E-mail: cromoterapia@ifcc.com.br



Dois anos de lista Espiritismo-Brasil, Coordenação das listas Espiritismo-Brasil

Queridos companheiros de ideal espírita,

que a paz do mestre Jesus esteja e permaneça conosco.

    Há exatos dois anos atrás, no dia 26 de abril de 2000, enviávamos uma mensagem para a Coordenação deste valoroso grupo de estudos espíritas virtual, solicitando a divulgação da mais recente, àquela época, iniciativa de divulgação e esclarecimentos acerca da Doutrina Espírita na Internet: a lista de discussão Espiritismo-Brasil.

    Passados dois anos, muitos ajustes de percurso foram necessários e muitas modificações foram efetuadas. Ao longo deste período, fomos delineando mais claramente a proposta inicial de trabalho, e hoje a lista é totalmente voltada aos internautas que se situam nos primeiros estágios do conhecimento espiritista, buscando também acolher os leigos e os interessados em travar um primeiro contato com a Doutrina Espírita.

    Apesar de ser uma data que naturalmente se reveste de sentimentos de júbilo e congraçamento, preferimos não nos perder na auto-exaltação do trabalho nem na apresentação de estatísticas e realizações. Não há que se tratar "do que foi feito", mas sim, do muito que ainda há por realizar.

    E é exatamente com esta proposta de realização que após dois anos, voltamos a convidar os amigos do GEAE a participarem das listas, buscando tanto aprender quanto esclarecer, concedendo assim nossa quota de esforço para humanizar não apenas o mundo, mas nimbar de luz esta poderosa mídia denominada Internet. Veículo passivo que é, destina-se tanto à veiculação da luz quanto das sombras. Façamos, portanto, nossa parte para que a Doutrina Espírita seja fonte geradora de luz nesta comunidade virtual de proporções mundiais.

    Apenas gostaríamos de informar que atualmente a lista inicial se encontra desdobrada em três vertentes, cada uma com sua proposta esclarecedora e público alvo distintos. Conheça um pouco mais sobre as listas, e veja como participar em nosso site oficial:

    http://www.espiritismo-brasil.org.br/

    Agradecemos aos caros amigos coordenadores deste periódico pela oportunidade novamente concedida, e apresentamos nossas rogativas de muita paz, harmonia e saúde a todos os confrades que nos lêem.

    Nosso abraço fraterno,

    Coordenação das listas Espiritismo-Brasil / Mensagem do Dia
    www.espiritismo-brasil.org.br/
    www.joannadeangelis.org.br/




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