Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec


Ano 10 - Número 435 - 2002            16 de abril de 2002

Conteúdo
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Textos
Gênese Segundo o Espiritismo (Resumo) Capítulo XIV, Joel Matias, Brasil

(texto iniciado no Boletim 425)

Capítulo XIV
   OS FLUIDOS

I - Natureza e propriedades dos fluídos: elementos fluídicos

    Os fenômenos materiais tidos vulgarmente como milagrosos, foram explicados pela Ciência, tendo em vista as leis que regem a matéria. Quanto aos fenômenos "em que prepondera o elemento espiritual" não explicáveis unicamente pelas leis da Natureza, encontram explicação nas "leis que regem a vida espiritual".

    O fluído cósmico universal assume dois estados distintos: o de imponderabilidade - seu estado normal(eterização), passando ao de ponderabilidade que preside aos fenômenos materiais, de alçada da Ciência; no estado de eterização situam-se os fenômenos espirituais ou psíquicos, ligados à existência dos Espíritos, estudados pelo Espiritismo. Neste estado, os fluídos sofrem maior número de modificações, adquirindo propriedades especiais, sendo para os Espíritos o que para nós são as substâncias materiais: elaboram, combinam, produzindo os efeitos desejados. Tais modificações são feitas por Espíritos mais esclarecidos, enquanto que os ignorantes, mesmo participando do fenômeno, são incapazes de entendê-las.

    Nossos sentidos e instrumentos de análise não podem perceber os elementos fluídicos; alguns fluídos, entretanto, pela sua ligação com a vida corporal, podem ser avaliados pelos seus efeitos: são fluídos mais densos que compõem a atmosfera espiritual da Terra. Possuem vários graus de pureza, sendo desse meio que os espíritos deste planeta, encarnados e desencarnados, tiram os elementos necessários à manutenção de sua existência. Em outros mundos ocorre o mesmo, com as devidas variações de constituição e condições de vitalidade de cada um.

    Os fluídos espirituais na verdade são "matéria mais ou menos quintessenciada"; somente a alma ou princípio inteligente é espiritual. Assim os fluídos espirituais são "a matéria do mundo espiritual". Quanto à solidificação da matéria, na realidade "não é mais do que um estado transitório do fluído universal, que pode volver ao seu estado primitivo, quando deixam de existir as condições de coesão".

Formação e propriedades do perispírito

    Originado da condensação do fluído cósmico, o perispírito - corpo do espírito envolve a alma, conservando sua "imponderabilidade e suas qualidades etéreas". Assim, tanto o perispírito como o corpo físico originam-se do mesmo elemento primitivo, formados dos fluídos próprios ao mundo em que vivem; "são matéria, ainda que em dois estados diferentes". Ao emigrar para outro planeta o espírito deixa seu envoltório fluídico, para formar "outro apropriado ao mundo onde vai habitar".

    Muitos Espíritos inferiores possuem perispíritos tão grosseiros, de tal modo que, mesmo após o desencarne, julgam-se vivos, continuando suas ocupações terrenas. Outros, menos materializados, não conseguem alçar-se "acima das regiões terrestres". Quanto aos Espíritos superiores, podem comunicar-se com mundos materializados como a Terra ou mesmo encarnar em missão, compondo seu perispírito e (ou) corpo à partir dos fluídos deste planeta.

    Os fluídos espirituais que envolvem a Terra constituem-se em camadas inferiores mais pesadas, tornando-se mais puras nas faixas mais superiores. Sendo heterogêneas, compõe-se de moléculas elementares alteradas e outras de diversas qualidades, de onde formam seus perispíritos os espíritos que aqui vivem. Entretanto, cfe. seja o espírito mais ou menos depurado, "seu perispírito se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluído peculiar ao mundo onde ele encarna". Assim, a constituição íntima de cada perispírito varia cfe. o progresso moral realizado em cada encarnação. Um espírito superior encarnado em missão possui o perispírito menos grosseiro que o de um indígena deste mundo. Quanto ao corpo carnal, é formado dos mesmos elementos, independendo da inferioridade ou superioridade do Espírito.

    "O fluído etéreo está para as necessidades do Espírito, como a atmosfera para as dos encarnados". Assim como os animais terrestres não sobrevivem em uma atmosfera rarefeita, os Espíritos inferiores não podem suportar o brilho dos fluídos mais etéreos. Somente após depurarem-se, transformando-se moralmente, despojando-se dos instintos materiais, gradualmente se adaptam a um meio mais depurado. Existe, portanto, um encadeamento, uma interligação de tudo que existe no Universo, submetido "à grande e harmoniosa lei de unidade, desde a mais compacta materialidade, até a mais pura espiritualidade".

Ação dos Espíritos sobre os fluídos - Criações fluídicas - Fotografia do pensamento.

    Os fluídos espirituais constituem-se nos materiais utilizados pelos Espíritos, o meio onde ocorrem os fenômenos especiais bem como onde se forma a luz perceptíveis no plano espiritual, como também é o veículo do pensamento. Através do pensamento imprimem direção, aglomeram, combinam ou dispersam, dando forma e cor, mudam as propriedades dos fluídos, de acordo com leis específicas. Tais transformações podem ocorrer pela vontade como também resultar de um pensamento inconsciente. Para o Espírito, basta que pense em algo para que se produza. Pode, pois, tornar-se visível a um médium, mostrando a aparência de qualquer encarnação em que fixe seu pensamento, com todas as características e particularidades. Pode criar fluidicamente objetos com duração efêmera (idêntica à do pensamento que os criou) que, para ele "são tão reais como o eram, no estado material, para o homem vivo". O pensamento "atua sobre os fluídos como o som sobre o ar"; criando imagens fluídicas reflete-se no perispírito como num espelho, encorpa-se e se fotografa. Assim, os mais secretos movimentos da alma repercutem no perispírito, permitindo a que leiam uns aos outros como num livro. Vêem a "preocupação habitual do indivíduo, seus desejos, seus projetos, seus desígnios bons ou maus".

Qualidades dos fluídos

    Assim como "os maus pensamentos corrompem os fluídos espirituais", sendo portanto viciados os fluídos que envolvem os Espíritos maus, os fluídos que envolvem e são emitidos pelos bons Espíritos são puros na medida de sua perfeição moral.

    Os fluídos modificam-se cfe. os eflúvios do meio em que agem, adquirindo qualidades temporárias ou permanentes. Recebem denominação cfe. suas propriedades, efeitos e tipos originais. O perispírito dos seres encarnados irradia ao redor do corpo e o envolve com uma atmosfera fluídica. "Desempenha preponderante papel no organismo". Ao expandir-se, o perispírito se relaciona com os Espíritos livres e com os encarnados. O pensamento se transmite através dos fluídos, de Espírito a Espírito, e, "cfe. seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluídos ambientes".

    O perispírito "recebe de modo direto e permanente a impressão de seus pensamentos", guardando suas qualidades boas ou más. Enquanto o Espírito não se modificar, seu perispírito conserva-se impregnado daqueles fluídos viciados que acabarão por reagir sobre o corpo ocasionando desordens físicas, ou seja, várias enfermidades.

    Em uma reunião ocorre o mesmo que numa orquestra: pensamentos bons produzem salutares eflúvios fluídicos tornando agradável o ambiente, como as harmoniosas notas emitidas por uma orquestra afinada. Por outro lado, pensamentos maus, mesmo que não se externem, viciam os fluídos causando ansiedade, mal-estar, assim como uma nota desafinada. Nas reuniões homogêneas e simpáticas o homem "recupera as perdas fluídicas que sofre todos os dias pela irradiação do pensamento". Assim "um pensamento bondoso traz consigo fluídos reparadores que atuam sobre o físico, tanto quanto sobre o moral". Para evitar, portanto, a influência dos maus espíritos, o meio é simples: à invasão dos maus fluídos, deve-se opor fluídos bons com a emissão de bons pensamentos, repelindo assim as más influências. Refletindo o perispírito as qualidades da alma, ao melhorá-la criamos como uma couraça que afasta os maus Espíritos.

II - Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais: Vista espiritual ou psíquica. Dupla vista. Sonambulismo. Sonhos.

    Representando o perispírito a ligação entre a vida corpórea e a espiritual, permite o relacionamento com os desencarnados e opera no homem os fenômenos tidos como sobrenaturais.

    A vista espiritual, dupla vista ou ainda vista psíquica tem como causa as irradiações do perispírito, na função de órgão sensitivo do Espírito, assim como os sentidos do corpo nos dão a percepção das coisas materiais. É a alma que vê independentemente dos olhos do corpo. Durante o sono o Espírito vive uma vida espiritual, quando então ocorre a emancipação da alma, podendo deslocar-se a pontos distantes da Terra, ligado ao corpo pelo laço fluídico; "confabula com os amigos e outros Espíritos, livres ou encarnados também". Ao despertar, às vezes conserva uma lembrança de suas peregrinações, que constitui o sonho.  Guarda algumas vezes intuições que lhe sugerem novos pensamentos, auxiliando na resolução de problemas que lhe pareciam insolúveis. Fenômenos como o sonambulismo natural e magnético, catalepsia, letargia, êxtase, etc, sendo também "manifestações da vida espiritual", explicam-se igualmente desta maneira.

    O mundo espiritual é "iluminado pela luz espiritual, que tem seus efeitos próprios", "tem o seu foco em toda a parte", não havendo obstáculos à visão espiritual em razão da distância, nem pela opacidade da matéria, inexistindo para ela a obscuridade. Então a alma, envolta no seu perispírito, "tem consigo o seu princípio luminoso", e desenvolve seu alcance à medida da desmaterialização do Espírito.

    A vista espiritual nos espíritos encarnados manifesta-se através da segunda vista, em vários níveis, "tanto no sonambulismo natural ou magnético, quanto no estado de vigília". Com maior ou menor lucidez, permite a certas pessoas ver órgãos doentes e descrever a causa das enfermidades. Manifestando-se de modo imperfeito nos encarnados, a segunda vista pode permitir percepções mais ou menos exatas devido ao estado moral do indivíduo, tais como:

1)- Fatos reais ocorridos a grande distância, descrição detalhada de uma localidade, causas e remédios para uma enfermidade;
2)- Presença dos Espíritos;
3)- Imagens fantásticas criadas pela imaginação (criações fluídicas do pensamento), das quais guardam lembrança ao sair do êxtase, dando-lhes a ilusão de confirmarem-se-lhes as crenças de existência do inferno ou paraíso.
    Durante os sonhos podem ocorrer as três situações acima, incluindo-se as duas primeiras na categoria de previsões, pressentimentos e avisos, e a última explicando imagens fantásticas, que parecem reais ao Espírito, ao ponto de já ter até causado embranquecimento dos cabelos. São provocadas por exaltação das crenças, fortes lembranças, gostos, desejos, paixões, remorsos, preocupações, necessidades do corpo, disfunção orgânica, ou mesmo por outros Espíritos.
Catalepsia - Ressureições

    O corpo e o perispírito são insensíveis, transmitindo as sensações ao "centro sensitivo, que é o Espírito", o qual as recebe como um choque elétrico. Pode haver interrupção causada por lesões corporais ou em virtude de momentânea emancipação da alma (sobreexcitação, preocupação, febril atividade, assim se explicando por que um soldado no ardor da batalha, não percebe ter sido ferido). Em alguns fenômenos de sonambulismo, letargia e catalepsia, ocorre idêntico efeito, embora mais pronunciado, como também nos convulsionários e mártires em que há total insensibilidade. A paralisia, ao contrário, tem causa nos próprios nervos, que "se tornam inaptos á circulação fluídica".

    Nos casos de coma, em que o Espírito se acha ligado apenas por alguns pontos ao corpo, podendo inclusive iniciar-se a decomposição parcial, existe ainda vida, que poderá voltar a manifestar-se pela própria vontade ou por um influxo fluídico estranho. Assim se explicam alguns prolongamentos de vida e mesmo supostas ressurreições. Ocorrendo no entanto total desprendimento do perispírito, ou degradação irreversível dos órgãos corporais, "impossível se torna o regresso à vida".

Curas

    Tendo o perispírito e o corpo como origem comum o fluído universal, pode o primeiro "fornecer princípios reparadores ao corpo" desde que um Espírito encarnado ou desencarnado, pela sua vontade, inocule "num corpo deteriorado uma parte da substância do seu envoltório fluídico", substituindo cada molécula doente por uma saudável.  A cura depende também da intenção e energia da vontade, "que, quanto maior for, tanto mais abundante emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluído". Uma  fonte impura, entretanto, funciona como um medicamento alterado.

    Os efeitos da ação fluídica podem ser lentos ou rápidos. Certas pessoas podem operar curas instantâneas, por imposição das mãos ou mesmo só por sua vontade; pessoas com tal poder em seu máximo grau são raras. A ação fluídica depende então da qualidade dos fluídos como também de circunstâncias especiais.

     Pode a ação magnética ser produzida pelo próprio magnetizador, dependendo de sua força e qualidade (magnetismo humano), pelo fluído dos Espíritos (magnetismo espiritual), produzindo diretamente e sem intermediário: curas, sono sonambúlico espontâneo, influência física ou moral qualquer. Podem também os Espíritos combinar seus fluídos com os de um magnetizador, imprimindo-lhes qualidades especiais; produz-se assim um magnetismo semi-espiritual, servindo o magnetizador de veículo para aplicação desses fluídos.

Aparições - Transfigurações

    Assim como um vapor rarefeito e invisível pode se tornar visível pela condensação, o perispírito pode tornar-se momentaneamente visível pela vontade do Espírito, que o faz "passar por uma modificação molecular", produzindo o fenômeno das aparições, que podem apresentar-se mais ou menos vaporosas, como também podem chegar à tangibilidade; se o desejar, pode o Espírito apresentar-se com "todos os sinais exteriores que tinha quando vivo". Quando tangível existe somente a aparência do corpo carnal; ao desagregarem-se as moléculas fluídicas, instantaneamente desaparecem ou se evaporam. Conhece-se várias aparições de agêneres, que se apresentam como pessoas estranhas com linguagem sentenciosa inspirando surpresa e temor; passam algum tempo entre os humanos e depois desaparecem.

    Espíritos encarnados, em momentos de liberdade, também podem aparecer, em local diverso do corpo, sendo reconhecidos, fenômeno "que deu lugar à crença nos homens duplos". As aparições são percebidas pelos encarnados através da vista espiritual, podendo o Espírito tornar-se visível ou mesmo tangível para algumas pessoas, enquanto outras não o conseguem ver e muito menos tocar. Faltam às aparições as propriedades comuns da matéria, pois, se as tivessem, seriam percebidas pelos olhos do corpo.

    As transfigurações, por outro lado, resultam "de uma transformação fluídica" que se produz sobre o corpo vivo tornando-se visível para todos os assistentes pelos olhos do corpo. Resultam da irradiação do perispírito em torno do corpo carnal, envolvendo-o com uma camada fluídica e o tornando mais ou menos apagado; vistos através dessa camada, os traços da pessoa podem aparecer totalmente modificados e com outra expressão.

Manifestações físicas - Mediunidade

    O perispírito é o meio pelo qual o Espírito quando encarnado atua sobre o corpo, como também o é, quando desencarnado, para manifestar-se. Envolvendo e penetrando um objeto com seu fluído perispirítico, produzindo uma espécie de atmosfera fluídica, pode produzir fenômenos de tiptologia, mesas girantes, levitação, etc.  Ao envolver um médium com seu eflúvio fluídico, faz com que escreva, fale, desenhe. Representam então, tanto o médium como os objetos de que se utiliza, os instrumentos de manifestação do Espírito. Para o Espírito não há dificuldade em erguer no ar uma pessoa ou uma mesa, tomar um objeto e lançá-lo longe. Produz ruídos dirigindo um jato de fluído sobre o objeto, causando o efeito de um choque elétrico.

    Há médiuns que possuem a aptidão de escrever em língua estranha, explanar ou escrever sobre assuntos acima de sua instrução, sendo alguns até analfabetos, compõem poesias e músicas, desenham, pintam, esculpem, utilizam a grafia e assinatura do Espírito comunicante. Agem os Espíritos sobre eles como se a uma criança se guiasse a mão fazendo com que executasse a tarefa que desejássemos. Entretanto quando possui o médium na mente os conhecimentos à respeito do que pretende o Espírito executar, torna-se o trabalho mais fácil e rápido. Tais conhecimentos podem ter sido adquiridos pelo médium em encarnações anteriores.

Obsessões e possessões

    A ação malfazeja dos maus Espíritos é uma constante na Humanidade "em conseqüência da inferioridade moral de seus habitantes". A ação persistente de um Espírito mau sobre uma pessoa, constrangendo-a a agir contra sua vontade, ação esta que pode ser perceptível ou não, influenciando moral ou fisicamente, ou então a obstinação em manifestar-se através de um médium tornando-o exclusivo, constitui-se na obsessão. Decorre sempre de uma imperfeição moral do obsidiado. Contra seus efeitos deve-se contrapor uma força moral com o fortalecimento da alma através do trabalho na melhoria íntima. Representam as obsessões quase sempre uma vingança com origem em encarnação anterior. Nos casos graves o obsessor envolve sua vítima com um "fluído pernicioso, que neutraliza a ação dos fluídos salutares e os repele". Juntamente com a aplicação de passes no obsidiado é necessário que se atue com superioridade moral sobre o obsessor, levando-o a "renunciar aos seus maus desígnios". A vontade e a prece por parte do obsidiado concorrem efetivamente para que mais rapidamente seja libertado da obsessão. Quando porém se ilude com as qualidades de seu obsessor e se compraz no erro a que é levado, resulta em estado de fascinação, "infinitamente mais rebelde sempre, do que a mais violenta subjugação". A prece é o "mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor".

    Na possessão o Espírito atuante toma temporariamente o corpo por consentimento do encarnado, falando por sua boca, vendo por seus olhos, movimentando-se como se vivo estivesse, imprimindo-lhe sua voz, linguagem, maneiras e até expressão fisionômica. Pode se tratar de um espírito bom que deseja se comunicar de forma mais expressiva, não causando qualquer perturbação ou incômodo. Entretanto, se for um Espírito mau e se o encarnado não possuir força moral, será martirizado, podendo inclusive o possessor tentar exterminá-lo. Blasfema, maltrata as pessoas que o cercam, mostrando-se louco furioso. Tanto a obsessão como a possessão ocorrem, na maior parte dos casos, individualmente. Pode no entanto "uma revoada de maus Espíritos" invadir uma localidade atacando muitos indivíduos ao mesmo tempo, em caráter epidêmico.

    Mostrando a causa das misérias humanas, o Espiritismo "indica o remédio a ser aplicado: atuar sobre o autor do mal que, sendo um ser inteligente, deve ser tratado por meio da inteligência".

(Continua no próximo boletim)



Espiritismo e Empresa, José Cid, Brasil

    Algum tempo atrás foi publicado em um dos jornais brasileiros com foco em notícias econômicas, uma série de artigos sobre a religiosidade em empresas. Foi analisado o fato dos fundadores abraçarem determinada religião e trazer para dentro da empresa alguns princípios da sua doutrina religiosa. Foram citadas empresas com base protestante, católica, mulçumana e o conhecido caso da Quaker. Desde então tenho pensado no assunto...

    Não encontrei referencia sobre empresas fundadas por espíritas, ou que identificasse algum de seus princípios como espírita. Entretanto, o Espiritismo é uma doutrina que encontra aplicação no dia-a-dia das pessoas. Será possível que seus princípios não tenham aplicação no mundo empresarial? Duvido!

    Me propus então a iniciar uma discussão sobre o assunto. Gostaria de trazer para este forum a questão. Vou trazer mensalmente um artigo discutindo aspectos empresariais e sua relação com a doutrina espírita. E, o mais importante de tudo, espero a participação de todos que se interessem pelo assunto. Somente com a discussão e participação poderemos tirar algum proveito para nossas vidas.

    Vou tentar estimular a discussão em torno do assunto, escrevendo sobre alguns temas:

 Propriedade (dinheiro)
 Ética
 Informação
 Lucro
 Relacionamento interpessoal (com chefes, subordinados, colegas)
 Empresa
    Para começar, então, vamos analisar alguns aspectos da propriedade. Possuir bens. Seria isso natural, importante, ou uma fonte de problemas? Afinal, seria o dinheiro o mal do mundo?

    Em primeiro lugar, vale lembrar que nós somos espíritos. Momentaneamente estamos encarnados, mas não deixamos de ser espíritos. Portanto, nossa presença aqui é temporária e deveríamos nos preocupar mais com os aspectos do espírito.

    Agora complicou... Se nossa presença aqui é temporária, para que acumular bens? Será que isso não traz nenhum benefício para o espírito, já que mais cedo ou mais tarde retornaremos ao mundo espiritual e não teremos mais como usufruir dos bens? Será que os bens são para ser usufruídos?

    Nós estamos encarnados com o objetivo de progredir, tanto no aspecto moral quanto no aspecto intelectual. Nosso corpo é um instrumento material a serviço do espírito em aprendizado. Ora, se o espírito precisa da encarnação para progredir, de um elemento material (corpo) para progredir, não seriam os outros bens que recebeu - por empréstimo - instrumentos para seu progresso?

    Claro que sim! Tudo que acontece em nossas vidas, cada instante, pode - e deve - ser usado favoravelmente para nosso progresso. E, como na parábola dos talentos, se não usarmos bem o que recebemos, não teremos o que dar em retorno no momento de prestarmos contas com Deus. Por isso compre cuidarmos bem de nossa saúde, de nossa família, de nossos bens. Apesar de que nada disso é nosso realmente.

    Por outro lado, qual a real função dos bens materiais, mais especificamente do dinheiro?

    Muitos acreditam que o dinheiro é ruim. Ele leva à discórdia, guerras e problemas diversos. Esta é uma afirmativa muito fácil de fazer, mas totalmente superficial. Transfere para a matéria um defeito que realmente é nosso, fruto de nosso atraso moral, fruto de nossa ignorância. Nós não sabemos lidar com dinheiro, por isso falamos mal dele, atribuímos a ele a razão de todos os problemas. Mas no fundo o problema está em nós.

    Podemos encontrar facilmente muitas pessoas reclamando que não tem dinheiro. Dizem que se tivessem dinheiro ajudariam muita gente. Mas, também é fácil encontrar pessoas que tiveram muito dinheiro em suas mãos, gastaram e distribuíram seus bens a esmo. E ficaram sem nada. E aqueles que ajudaram ficaram sem nada. Seria o dinheiro a fonte do mal? Ou seria a falta de conhecimento do que fazer com o dinheiro para que ele seja realmente útil?

    A nossa sociedade está estruturada de forma que todos precisamos do dinheiro. Ele possibilita trocas que de outra forma seria difícil ou mesmo impossível. Para obter dinheiro, nós trabalhamos. Para conseguirmos empregos melhores, mais bem pagos, estudamos mais. Entretanto, existe uma grande legião de irmãos que não tem como estudar, se preparar ou mesmo arranjar um emprego...

    Aí entram aqueles que, por uma razão que certamente desconhecem, recebeu dinheiro "emprestado" da providência.

    Os bens materiais, o dinheiro que recebemos por empréstimo, deve ser usado na geração de progresso. Gerar emprego, gerar conhecimento e, em conseqüência, gerar progresso só é possível com investimento. Ora, estaria isso em desacordo com a Doutrina Espírita? Qual a relação disso com o "Fora da caridade não há salvação"?

    Voltemos à questão da parábola dos talentos. É bastante comum encontrarmos pessoas que são tomadas por uma necessidade quase compulsiva de consumir. Eu já me peguei varias vezes assim. E tenho que pensar muito para conseguir não entrar no ciclo vicioso do consumismo. Tenho certeza que todos nós conhecemos pessoas que estão muito endividadas, em uma situação realmente difícil, porque gastam mais do que recebem.

    Na minha opinião estas pessoas estão enfrentando esta situação porque, como o sujeito que desperdiçou seu talento e quando encontrou Deus tinha as mãos vazias, não soube viver de acordo com o que lhe foi emprestado. Faltou encarar a vida do ponto de vista do espírito.

    Vamos analisar agora outro aspecto da parábola. Quando encontramos alguém na rua, com aparência maltrapilha, que nos pede dinheiro, damos, quase como quem quer se livrar de um incômodo, de uma visão ruim... Mas será que este é um bom emprego para o talento que recebemos emprestado?

    Não discuto a necessidade de cada ser humano de ter suas necessidades básicas providas. Mas é muito mais importante que cada ser humano seja capaz de prover suas próprias necessidades! Na minha opinião, a esmola é como o talento que é devolvido para Deus intacto, como recebido, sem se multiplicar.

    E aquele que soube multiplicar seus talentos? Este promoveu o progresso, que é confundido pelos críticos com a riqueza. Soube multiplicar os talentos que recebeu emprestado e com isso pode proporcionar boas coisas para muitos.

    Como mensagem final, gostaria de relembrar que nós somos espíritos, portanto, o que importa é o uso que fazemos dos bens materiais que chegam à nossas mãos. Ter bens não é ruim. Não ter também não é ruim. O mal está no destino inadequado que damos aos nossos bens.

José Cid
Editor GEAE



As Quatro Nobres Verdades, Carlos Iglesia, Brasil

(Série de artigos iniciada no Boletim 428)

IV - Questões Filosóficas

O homem em sua essência

 Budismo

    A percepção que o homem tem de sí mesmo, como de um individuo distinto dos demais e com uma individualidade permanente, é uma ilusão. O que entendemos como nosso "eu" é na realidade um conjunto de circunstâncias e de agregados temporários que, na ignorância, tomamos por um todo único. Estes componentes, conhecidos tecnicamente no Budismo como "skandas", são cinco:

    - O corpo;
    - Os sentimentos;
    - As percepções;
    - Os impulsos e emoções;
    - Os atos de consciência;

    A combinação destes fatores se dá através das leis de causa e efeito e eles ocorrem não só no mundo material, como também nos mundos espirituais. O corpo sutil, espiritual, também é temporário e, do mesmo modo que o fisico, um elemento sujeito as vissitudes da lei de causa e efeito. O individuo, portanto, em sua essência, não corresponde a uma entidade isolada, eterna, mas pode-se falar de uma consciência individual - sem uma base física, como a entendemos - que é o sujeito da lei de causa e efeito e, este sim, eterno. Matthieu Ricard - no livro "O Monge e o Filósofo" - se refere a esta consciência individual como um "fluxo de consciência". A este fluxo de consciência, como resultado de suas ações se agregam os cinco "skandas", resultando no ser material ou espiritual. A libertação espiritual é descrita por Matthieu como a purificação deste fluxo até o ponto de sua pureza máxima.

    O ser que atinge a iluminação no Budismo, pelo menos no Tibetano, não deixa de existir, mas sua existência não está mais sujeita ao ciclo de reencarnações ou presa as leis de causa e efeito[1]. Completamente livre de todos os fatores que o prendem a um corpo perecivel, seja nos mundos materiais, seja nos mundos sutis - pois o Budismo também reconhece diferentes niveis de existência - ele goza de uma paz absoluta e da compreensão total do Universo. Sua "consciência" continua a existir - consciente de si mesma - mas sem a ilusão de que é algo independente de todas as outras consciências ou do Universo.

    "O espírito junta-se então ao próprio espírito do Buda, essa substância chamada espírito sutil, sem começo nem fim, independente do corpo e do cérebro, e sem duvida a verdadeira causa da consciência. Esse espírito sutil que se manifesta, finalmente livre de todo apego, eliminou totalmente os obstáculos que se opunham à visão 'da última natureza de toda a existência' (...) "

    "- Aliás - diz o Dalai Lama - Buda jamais falou do nirvana. Sim, ele indicou uma libertação dos renascimentos (o que só torna a noção compreensível para um ocidental  se ele admitir como fato o encadeamento das transmigrações, o samsara), mas suas indicações param por aí. Daí uma multiplicidade de interpretações. Você me pergunta o que é o nirvana. Eu lhe respondo; uma certa qualidade do espírito".  (trechos do cap. "Para uma ciência do Espírito", A Força do Budismo).

- Espiritismo

    O homem é composto do corpo material, de um corpo sutil ou fluídico denominado pelo Espiritismo de "perispírito" e do principio inteligente, denominado espírito. A essência do espírito é desconhecida para nós, por nos faltarem conceitos e percepções suficientes para entendê-lo.

    O Espírito é criado por Deus simples e ignorante[2], ao longo de sua evolução se utiliza do "perispírito", para poder atuar nos mundos materiais, que lhe servem de estágio para o aprendizado e exercicío de suas capacidades. O perispírito se modifica conforme o nivel de evolução do ser e do mundo em que se encontra. O perispirito desempenha papel importante como intermediário entre o espírito e a matéria, sendo determinante na formação do corpo fisico quando do processo de reencarnação (interferindo, selecionando, dirigindo, complementando o código genético).

- Análise

"O fluxo de consciência é uma sorte de metáfora não distante daquela outra: o Espírito é uma centelha"
Elzio Ferreira de Souza,  trecho de e-mail sobre a questão da essência do ser.

    A questão do ser humano em sua essência é bastante dificil de ser analizada, o Budismo procura desvincular a essência do ser de um ente individual e chega a imagens bastante abstratas. A melhor comparação que vi, foi a de considerar o ser como uma "onda de consciência" no infinito. Tal qual as ondas de luz, que sem um suporte material individual, assim mesmo se propagam por seus caminhos próprios no imenso oceano eletromagnético que é o espaço.

    Esta "onda de consciência" - elo não material que liga todas as existências do ser, dando consistência a uma lei de causa de efeito - é que serve de "guia" a combinação dos componentes que formam o ser, resultando em um corpo sutil e, quando necessário, um corpo material. Ela é a base dos sentimentos, das emoções e até do pensamento. Dificil dizer exatamente quais são seus atributos, principalmente depois de atingido o Nirvana, mas me parece que se poderia dizer que é a inteligência pura, o espírto em seu estado mais abstrato.

    Vale lembrar que para os espíritas, a palavra "espírito" significa o "elemento inteligente" do ser, ou seja, a essência mesma , a qual se agregam, para sua jornada evolutiva, o corpo espiritual - o perispiríto - e o corpo físico. No Livro dos Epíritos, o espírito é descrito como a individualização do principío inteligente e portanto é o que retém, em última instância, a individualidade do ser. Um espírito puro é esta individualidade em seu grau de perfeição e pureza máximos.

     Do mesmo modo que não é possivel descrever-se exatamente o que é o ser após ter atingido sua Iluminação, também não há como descrever o que é o espírito:

    "O Espírito não é fácil de analisar em sua linguagem. Para os homens não é nada, porque o Espírito não é algo palpável; mas para nós, é alguma coisa. Saibam-no bem, nenhuma coisa é o nada, e o nada não existe". (resposta a questão 23a, O Livro dos Espíritos)
 


Notas Explicativas

1 - "(...) Os seguidores do Vaibhashika, entendem,  portanto o nirvana final em termos da total cessação do indivíduo. Deduz-se que, quando o Nirvana final é atingido, o ser individual deixa de existir.

        Essa opinião não é aceita por muitas outras escolas budistas. Há, por exemplo, uma objeção muito conhecida, de autoria de Nagarjuna, que sustenta ser a conseqüência lógica da doutrina Vaibhashika a de que ninguém atinge o Nirvana, porque o indivíduo deixa de existir quando alcança o Nirvana. Portanto, esse posicionamento é absurdo. (...)"   (cap. "A Transformação através do altruísmo", Transformando a Mente, XIV Dalai Lama)

2 - "Simples e ignorante, o que seria isto? A mim, parece-me que é o ponto inicial da carreira do Espirito no reino hominal, ou seja o estágio do ser no momento em que atinge o processo de hominização. Poderíamos também dizer que é o momento em que ele alcança o livre-arbítrio e descobre-se responsável: na linguagem bíblica, descobre a própria nudez. (...) Outras questões, entre as quais a 540, dá outra noção do Espírito do ponto de vista da substância. O simples e ignorância é referência ética." Elzio Ferreira de Souza, comentando em e-mail o uso desta expressão no artigo.

    Na atualidade, os espíritas admitem que o princípio inteligente evolui a partir das formas mais simples de existência. Nestas formas rudimentares ele começa a aprender a se relacionar com a matéria e aos poucos vai assenhorando-se da capacidade de organizar corpos mas complexos, começa talvez pelas bactérias e seres unicelulares; de seres unicelulares progride aos vegetais; dos vegetais aos primeiros animais; destes animais simples aos animais superiores, dotados de instintos desenvolvidos e rudimentos de inteligência; dos animais mais inteligentes aos primatas ancestrais do homem; dos primatas ao homem moderno. Milênios infindáveis de evolução, nos dois planos de existência - material e espiritual - e em quantos mundos forem necessários.

    Durante esta evolução o desenvolvimento do perispírito acompanha a complexidade dos organismos, influenciando o processo de reencarnação e sendo por ele influenciado. É um dos mecanismos por detrás do processo de seleção natural e de evolução das espécies, estudado pelo seu lado puramente material por Charles Darwin.

    O livro "The Origin of the Species", de Darwin, que consagrou cientificamente a teoria da evolução biológica das espécies, foi publicado em novembro de 1859, depois do "O Livro dos Espíritos" e provocou um grande abalo na opinião publica. A resistência enfretada pelas novas teorias, principalmente no tocante a descendência biológica do homem a partir dos primatas, permite entender a cautela com que os Espíritos trataram a questão da evolução espiritual na época de Kardec.  Assim restringiram-se a detalhar o progresso do Espírito a partir do momento em que, atingido o estágio humano, ele sem maiores conhecimentos do bem e do mal - simples e ignorante - começa a exercer escolhas que determinaram seu passo rumo ao futuro.

    Desta maneira, a expressão "simples e ignorante" pode assim ser entendida, como comentou o Elzio, como uma descrição qualitativa do estado do espírito no início do seu processo de desenvolvimento humano, quando cruzou a fronteira entre o animal e o homem.  Também pode ser entendido, e neste sentido utilizei no texto, como o "simples" das formas primitivas de vida e o "ignorante" da ausência completa de qualquer sofisticação da inteligência - seja na forma de controle da organização biológica, seja instintos seja a "inteligência" humana propriamente dita.

    É um grande mistério o início desta escala de evolução, pois como os espíritos disseram ao final da resposta para a questão 450, citada pelo Elzio, "é assim que tudo serve, tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele mesmo começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia, de que seus Espíritos limitados não podem abranger o conjunto". Tal resposta deixa entrever a possibilidade de que por detrás da organização da matéria, da energia tão bem estruturada em particulas elementares sob as leis da natureza, possa já estar atuando o principío inteligente em seus primórdios. Na mesma linha de raciocinio, Ernesto Bozanno, cita em seu livro "Os Animais tem Alma", um pequeno trecho de uma obra mediunica:

O gás se mineraliza,
O mineral se vegetaliza,
O vegetal se humaniza,
O homem se diviniza.
(Old Truth in New Light, Lady Cathness)
    Por toda a linha de evolução, o processo é progressivo. Um espírito que atingiu o nivel evolutivo suficiente para nascer no reino animal, não tem mais necessidade ou possibilidade de nascer em um vegetal. Da mesma maneira, o espírito que atingiu o nivel dos primeiros primatas não volta ao animal. Finalmente, o homem moderno não teria como reencarnar no Australopitéco. A própria sofisticação do perispírito - definido por Hernani Guimarães Andrade como um modelo organizador biológico (vide seu livro Espírito, Perispírito e Alma), por conduzir os processos reencarnatórios, selecionando a bagagem genética e integrando-a as necessidades karmicas do espírito - tornaria impossivel tal reencarnação. O "homo sapiens" de nossos dias, só pode reencarnar como "homo sapiens", ou, caso tenha a necessidade de reencarnar em outros mundos, em um ser com uma organização nervosa equivalente em sofisticação. Mesmo em um desterro a mundo mais atrasado, o ser até nasceria em um hominídio primitivo culturalmente, mais ainda assim, que reunisse as condições nervosas necessárias.

    Esta posição filosófica - distinta da adotada pela metempsicose grega e pelo Budismo - de que o ser humano sempre reencarna como ser humano,  justifica as respostas dos Espíritos as questões 592 a 610 (Os animais e o homem), em que apresentam os animais como seres distintos dos homens. Estas questões, que levaram muitos espíritas a negar a continuidade espiritual entre os reinos da natureza, podem ser entendidas perfeitamente se considerada também a resposta a questão 611:

    "Duas coisas podem ter uma mesma origem e absolutamente não se assemelharem mais tarde. Quem reconheceria a árvore, suas folhas, suas flores e seus frutos no germe informe contido na semente de onde saíram ? No momento em que o princípio inteligente atinge o grau necessário para ser Espírito e entrar no período de humanidade, não há mais relação com seu estado primitivo e não é mais a alma dos animais, como a árvore não é a semente. No homem, há somente de animal o corpo, as paixões que nascem da influência do corpo e o instinto de conservação inerente à matéria. Não se pode dizer, portanto, que tal homem é a encarnação do Espírito de tal animal; logo a metempsicose, tal como a entendem, não é exata."

    Apesar da clareza desta resposta, foram necessários muitos anos para que se formasse o consenso em torno da questão. Pouco depois da época de Kardec, eminentes pesquisadores como Ernesto Bozzano (vide seu livro "Os Animais tem alma ?") e Gabriel Delanne, (vide seu livro "A reencarnação") apresentaram provas inquestionaveis de que os animais tinham alma (espírito encarnado), que sobrevive a desencarnação tal qual a alma humana. Mais ainda, da mesma maneira, reencarnam e evoluem segundo as mesmas leis do progresso e de ação e reação.

    Nas últimas décadas, principalmente com a obra mediunica de Francisco Cândido Xavier - veja-se, por exemplo, o livro "Evolução em Dois Mundos" do espírito André Luiz - a resistência a idéia praticamente desapareceu e hoje já é amplamente aceito que não há seres privilegiados na criação.

    "Evolução no Tempo: É assim que dos organismos monocelulares aos organismos complexos, em que a inteligência disciplina as células, colocando-as a seu serviço, o ser viaja no rumo da elevada destinação que lhe foi traçada do Plano Superior, tecendo com os fios da experiência a túnica da própria exteriorização, segundo o molde mental que traz consigo, dentro das leis de ação, reação e renovação em que mecaniza as próprias aquisições, desde o estímulo nervoso à defensiva imunológica, construindo o centro coronário, no próprio cérebro, através da reflexão automática de sensações e impressões, em milhões e milhões de anos, pelo qual, com o Auxílio das Potências Sublimes que lhe orientam a marcha, configura os demais centros energéticos do mundo íntimo, fizando-os na tessitura da própria alma.

    Contudo, para alcanzar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser, automatizado em seus impulsos, a romagem para o reino angélico, despendeu para chegar aos primórdios da época quaternária, em que a civilização elementar do silex denuncia algum primor de técnica, nada menos de um bilhão e meio de anos. Isso é perfeitamente verificável na desintegração natural de certos elementos radioativos na massa geológica do Globo. E entendendo-se que a Civilização aludida floresceu há mais ou menos duzentos mil anos, preparando o homem, com a benção do Cristo, para a responsabilidade, somos induzidos a reconhecer o caráter recente dos conhecimentos psicológicos, destinados a automatizar na constituição fisiopsicossomática do espírito humano as aquisições morais que lhe habilitarão a consciência terrestre a mais amplo degrau de ascensão à Consciência Cósmica" André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos.

(Continua no próximo boletim)




Comentários
Comentário Sobre Afirmativas do Dr. Sérgio Felipe, Alexandre, Brasil

Caros editores e leitores deste boletim,

    Gostaria de me manifestar em apoio ao comentário feito pelo Sr. Marcos Antonio Borges, no boletim número 431, a respeito de algumas afirmativas do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira sobre os mecanismos de interação entre o perispírito e a molécula de DNA. Sou físico e espírita e gostaria de expor alguns pontos de vistas contrários às teorias do Dr. Sérgio Felipe. Respeito muito o seu trabalho e esforço na divulgação da nossa doutrina, porém concordo com o Marcos quando diz que "todo o cuidado é pouco na hora de fazer comentários espiritas utilizando termos científicos". Creio que o movimento espírita tem a perder se não tomarmos estes cuidados.

    Em uma entrevista dada à Folha Espírita de abril de 1997 o Dr. Sérgio Felipe afirma que "a molécula de DNA atrai o espírito à reencarnação". Arguido sobre qual seria o mecanismo dessa atração Espírito-DNA, o Dr. Sérgio Felipe se utiliza de teorias da física para explicar o assunto. Primeiramente ele expõe, corretamente, que as forças que regem o equilíbrio entre os átomos da molécula do DNA são de origem eletromagnética. Em seguida ele comenta sobre as forças que atuam dentro do átomo que são as chamadas forças fracas e fortes que são objeto de estudo da Física Nuclear.  Por causa de algumas teorias físicas que unificam as forças fraca e eletromagnética o Dr. Sérgio propôs uma explicação de como o perispírito agiria sobre as possíveis conformações (formas tridimensionais) da molécula do DNA, interferindo, desta maneira, nas funções vitais desta molécula. Vamos, então, enumerar algumas das idéias defendidas pelo Dr. Sérgio Felipe que são passíveis de crítica:
 

  1. O perispírito é a causa da chamada energia flutuante quântica do vácuo;
  2. Agindo nesta energia, através da ligação/unificação entre as forças fraca e eletromagnética o perispírito controlaria o equilíbrio eletromagnético do DNA, e desta maneira, sua forma tridimensional;
  3. Portanto, o processo de abertura da molécula do DNA ocorre como efeito de uma ação interior aos seus átomos tendo como causa uma ordem do perispírito.
    Vamos à argumentação:

    Sobre o ponto número 1):

Em nenhum lugar na ciência, na física, na química ou mesmo na matemática, existe, até onde eu sei, alguma idéia científica ou resultado experimental que sugerisse tal afirmativa. Quando muito, existe um efeito chamado "efeito Casimir" que se trata do aparecimento de uma força entre duas placas colocadas muito perto uma da outra no vácuo. Este efeito tem a ver com essas energias flutuantes do vácuo, porém, sua atuação é totalmente cega, isto é, não apresenta nenhum caráter que supusesse a ação inteligente de algum espírito. De outro lado, Eu não conheço nenhuma mensagem confiável, através de um médium confiável, oriunda do plano espiritual que pudesse levar a essa conclusão. Por estas razões e como não existe experimento que pudesse ter comprovado tal afirmativa, considero não científica a afirmativa 1).
    Sobre o ponto número 2):
Quero fazer apenas um comentário sobre a unificação entre as forças eletromagnética e fraca. Um especialista, o professor de física teórica,  Dr. Michio Kaku, do City College da Universidade de Nova York, em seu livro entitulado "Hiperespaço" (editora Rocco), na página 235, diz que "Se aquecermos um gás a 1 quatrilhão de graus Kelvin, a força eletromagnética e a força fraca vão se unir." Como as nossas células estão a uma temperatura da ordem de 300 graus Kelvin estamos muito aquém das condições necessárias. Portanto a hipótese de unificação não serviria para nós em nada.
    Sobre ponto número 3):
Tive oportunidade de iniciar estudos introdutórios sobre a física da molécula do DNA. Segundo tais conhecimentos, a forma tridimensional que a molécula do DNA assume depende de muitos fatores, a maioria deles externos a ela. Por exemplo, ela depende de propriedades elásticas da molécula que, por sua vez, dependem de como os átomos em cada par de base interagem entre si e com os dos pares de base vizinhos. Isto gera a conhecida forma helicoidal que vemos nos livros textos sobre o assunto. Os processos como o de duplicação e codificação que fazem parte do cotidiano do DNA dependem muitíssimo da ação de proteínas e enzimas externas, conforme já mencionado pelo Marcos no boletim 431. Portanto quaisquer efeitos ocorridos no interior dos átomos que compõem a molécula do DNA são irrelevantes na determinação da estrutura tridimensional e, consequentemente, na função biológica do DNA.
    Existem ainda outros detalhes passíveis de crítica mas desejo finalizar argumentando sobre por que eu não concordo com a afirmativa de que é a molécula do DNA que atrai o espírito à reencarnação. O meu argumento é relativamente simples. No nosso organismo milhões de células estão vivendo: nascendo, crescendo, se reproduzindo e morrendo. Isto significa que em cada uma delas uma molécula enorme de DNA está constantemente ativa se duplicando, produzindo RNA e codificando proteínas. Nem por isso, cada uma delas atrai um espírito. Alguém pode dizer que nosso espírito já está ligado a elas. Tudo bem. Consideremos outra situação: tomemos algumas células de nosso corpo físico e deixemo-las crescerem e se reproduzirem em tubo de ensaio, imersas em meio contendo substâncias que as alimente. Em pouco tempo elas se duplicarão e se desenvolverão. Elas não mais estão ligadas a nós. Porém eu não acredito que algum espírito se sinta atraído a elas só porque elas contém DNA. Por essa razão, eu estou propenso a acreditar que não é somente a molécula de DNA que atrairia um espírito à reencarnação, mas sim o sistema completo que chamamos de embrião. Todos nós sabemos que um embrião é a primeira célula, ou célula ovo, a partir da qual o ser se desenvolverá. O que quero dizer é que o DNA sozinho não é suficiente. É necessária a existência de um embrião. A próxima pergunta seria: seria necessário que o embrião estivesse no útero da mãe para atrair o espírito? Eu creio que não porque a existência dos "bebês de proveta" atesta que não é necessário o embrião estar no útero para que o espírito se ligue ao novo corpo.

    O Sr. Daniel Martins Freitas, no boletim 432, comentou sobre algumas pesquisas a respeito das necessidades de calorias em contrapartida à quantidade que ingerimos diariamente. Eu não conheço tais pesquisas e gostaria de pedir ao Sr. Daniel que divulgasse as referências sobre isso porque o assunto é realmente interessante. A única coisa que eu gostaria de dizer é que o fato destas pesquisas sugerirem que pode existir algo mais que não sabemos sobre a vida, não estamos autorizados a, simplesmente, formular teorias e sistemas que expliquem os mecanismos destas coisas.  Tal atitute não é científica e não pode gerar conhecimento de valor e confiança científicos. Para se chegar a conclusões válidas, devemos estudar muito aquilo que desejamos pesquisar, fazer análises detalhadas pensando-se em todas as possibilidades possíveis. Por fim, devemos nos embasar em fatos ou experimentos para que a nossa teoria não seja meramente um exercício mental. Eu gostaria de lembrar que Kardec foi muito científico nos primeiros momentos em que teve contato com os fenômenos espíritas. Podemos estudar e ver que no começo ele achou que os fenômenos das mesas girantes se tratavam de fenômenos físicos, magnéticos que ainda não haviam sido explorados. Somente após muita observação, feita com muito critério é que ele chegou à conclusão de que se tratava de uma força externa inteligente. Conforme orientação do próprio Kardec, devemos questinoar sempre porque mais vale rejeitar 10 verdades do que aceitar uma só mentira (A. Kardec, Revista Espírita 8, 257 (1861)). Neste espírito é que eu desejo que nós pensemos na questão discutida acima.

Muita paz e estudo a todos nós,
Alexandre Fontes da Fonseca


Olá Alexandre.

    Suas considerações são bastante oportunas. Gostaria de expor meu ponto de vista sobre essa situação, que é muito comum no meio espírita. Há uma compreensão errônea sobre a maneira como se dá o processo de geração de conhecimento dentro das ciências (chamadas consagradas, química, física, biologia etc) e particularmente na física. Você deve saber que na grande maioria das vezes o trabalho em física não se dá pela proposta de novas teorias a toda hora, mas pela busca de mecanismos que, através das leis conhecidas possam explicar (principalmente quantitativamente) a maneira de ocorrer os fenômenos. Esses fenômenos são materiais, isto é, o escopo de estudo da física é a matéria por excelência. Infelizmente (ou felizmente talvez...) o espírito não faz parte desse escopo e tentar incorporá-lo "a força"  levando ao sacrifício de teorias bem consagradas, gera para seu proponente uma situação de ridículo e descrença.

    Concordo com você, não há nenhuma relação entre o perispírito e a energia do vácuo, que poderíamos talvez interpretar porém com muito cuidado como o "hauto do Criador" no dizer de André Luiz. As forças forte, fraca e eletromagnética agem sobre a matéria, são assim forças materiais, e a proposta de unificação dessas forças pelo perispírito não faz algum sentido.

    Mas gostaria apenas de lembrar a você que existe para mim um mecanismo de interação entre o Espírito e a matéria, ainda não explorado e que pode ser uma porta de entrada bastante fértil para experimentações e desenvolvimentos futuros. Trata-se do mal explicado "colapso da função de onda"  e que é um tema em contínuo debate na atualidade. De fato, poderíamos argumentar que o espírito através do perispírito (lembramos que perispírito é um elemento material que transcende no momento a qualquer tentativa de explicação pelas teorias ordinárias da física) seja capaz de alterar ou decidir o resultado de um colapso da função de onda e, assim, modificar, por exemplo, em maior ou menor grau, o resultado de uma determinação de fenótipo a partir de sua base genética. Essa determinação dar-se-ia obviamente no nível molecular. Lembramos com André Luiz que o perispírito tem sua divisão em orgãos e muito provavelmente "matrizes de células" que poderiam, por esse mecanismo de determinação de estados, alterar materialmente o corpo físico. Esse seria um esboço mal feito de uma explicação para, por exemplo,  as variações observadas no sistema imunológico de um indivíduo que algumas vezes podem fortemente depender do estado psíquico interno do mesmo.

    Se isso ocorrer, poderiamos inverter a argumentação e expecular que todo elemento material  está de certa forma unido a um elemento perispiritual e espiritual, que pode em princípio atuar sobre os estados materiais internos. Isso proveria a base para uma teoria da evolução espiritual mais detalhada, onde o elemento espiritual (no início totalmente cativo da matéria) se desenvolveria aos poucos, atuando e dominando o elemento material, até se libertar definitivamente.

    Lembro ainda que o Espiritismo é uma ciência porque fornece uma explicação para uma ampla gama de fenômenos (inclusive materiais) utilizando uma estrutura científica. Não há relação entre o grau de cientificidade de uma certa doutrina com o elemento que ela estuda. Assim a química, física e biologia não são "ciências" porque estudam certos fenômenos materiais, mas porque estão igualmente estruturadas de maneira científica (ou paradigmática). Assim, do ponto de vista epistemológico, o paradigma espírita é tão válido quanto o da física, da química etc, apenas diferindo quanto ao objeto de estudo, no caso o espírito, suas manifestações e interrelações.

Muita paz,
Ademir L Xavier Jr.- Editor GEAE


Caro Ademir,

    Concordo com você em suas idéias. Eu tomei contato com um livro de um físico chamado Amit Goswami, que, com base nas controvérsias da mecânica quântica, propõe a existência de uma consciência que, pelo que entendi, me pareceu uma consciência meio coletiva. Sem discutir os méritos, é a primeira vez que eu vejo uma proposta de inserção do elemento espiritual de maneira embasada em fenômenos reais e de forma bem racional sem "viagens" que algumas pessoas, mesmo bem intencionadas, fazem. Eu concordo com você sobre isso ser uma porta de entrada nas questões espirituais. Em um outro ponto de vista, eu tenho uma certeza (até que alguém me mostre algum erro ela será uma certeza para mim) que, em detalhes, é o seguinte: por fé nós acreditamos que somos um espírito que "comanda" o nosso corpo físico. Portanto não acreditamos na tese materialista de que nossos atos e pensamentos são frutos da atuação de leis materiais deterministas.

    Assim sendo, em algum ponto ou em algum nível o perispírito, que segundo os espíritos, faz a ponte entre o nosso espírito e o nosso corpo físico, interage com o corpo físico e eu não consigo deixar de pensar que esta interação é física já que as células do nosso corpo são físicas. Se alguma coisa gera um impulso no meu cérebro que leva a um ato, essa "alguma coisa" trocou energia com o primeiro neurônio ou com alguma parte dele de modo a alterar a sua situação anterior de "repouso", digamos. Nós não acreditamos que os nossos impulsos são gerados aleatóriamente. Como nós aprendemos que o estado de uma partícula ou de um corpo não se altera a menos que alguma coisa externa atue sobre ele então, por mais sutil que seja essa coisa externa (o perispírito ou talvez como os orientais crêem, alguma de suas camadas)  ela tem que ser algo físico no sentido que a Física dá para essa palavra. Isso nos levaria a pensar que ela poderia ser quantificada e poderíamos medí-la de alguma forma.

    O que considero ser o problema nisso tudo é que o que os seres vivos tem de complexidade o perispírito tem de sutileza. Ambas as características tornam difíceis quaisquer tentativas de se pensar teórica ou experimentalmente em demonstrar a existência de um corpo espiritual. Por ser muito sutil, o perispírito escapa à percepção, mesmo a mais acurada, e por ser um sistema aberto, longe do equilíbrio termodinâmico e formado por um incomensurável número de partículas, o ser vivo é considerado um sistema complexo que pode, portanto, apresentar comportamento rico e variado, impossível de ser previsto numericamente. O que eu quero dizer com esse monte de blablabla é que eu acho que a questão sobre a existência de "algo além da matéria" é um objeto de estudo legítimo para a Física. Porém tenho consciência de que ainda tem muito chão pela frente até vermos isso acontecer.

    E aí, eu concordo com o que você disse a respeito do caráter científico do espiritismo. Eu concordo que os espíritas podem e devem desenvolver os conhecimentos espíritas desde que não se esqueçam de fazer isso com métodos adequados e confiáveis, seguindo mesmo, o exemplo do Kardec.

    (....)

   Um grande abraço fraterno,
    Alexandre




Perguntas
Reforma Íntima - Palestras/Palestrantes, Janaina, Suiça

Meus caros,

    Encontro-me feliz por poder trabalhar em um centro espírita. Participo de vários eventos, estudos e da mesa mediúnica. Há porém algumas perguntas que sempre me ocorrem:

· A reforma íntima é algo que deve ser discutido em um grupo de trabalho?
Digo isso pois as constantes discussões sobre a reforma íntima e todos os  nossos vícios morais ou físicos me pertubam um pouco. Sei do nosso dever de aprimoramento e evolução, muitas vezes porém, sinto que  meus colegas almejam alcançar uma perfeição utópica. Não usamos os mesmos métodos para combater os desvios morais...
· O que fazer quando as palestras não nos satisfazem? Muitas vezes volto para casa feliz por ter tido uma hora de tranqüilidade durante o tempo da palestra mas com a sensação de não ter aprendido nada pois o conteúdo não me satisfazia. Sou uma pessoa muito curiosa e estudo muito, tendo muito ainda a aprender. Qual a finalidade da palestra em sua opinião? Conforto? Ensinamento? Creio que a resposta deve ser relativo ao tipo de pessoa que busca auxílio no Centro Espírita? O que fazer no meu caso? Devo afastar-me um pouco?
    Agradeço a resposta. Um abraço e um forte desejo de que todos se econtrem em paz,

Janaina Escher - Suiça



Pergunta Sobre Mediunidade, Simoni Goidanich, USA

    Em primeiro lugar, parabéns pela iniciativa de publicar um boletim eletrônico sobre espiritismo. Gostaria de saber se todas as pessoas são realmente médiuns. Em que trecho da Codificação Kardec responde isso?

    Com gratidão,
    Simoni Privato Goidanich,


Cara Simoni,

    "Tôda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos mediuns. Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva".  Trecho inicial do capítulo XIV do Livro dos Médiuns, intitulado "Os Médiuns".

    Atenciosamente,
    Carlos Iglesia




Painel
GEPEC - Grupo Espírita de Pesquisas Eletrônicas Cristófilos e a TCI, Pedro Vieira, Brasil


    Caros amigos,

    A TCI (Transcomunicação Instrumental), gênero de intercâmbio com o Plano Espiritual por aparelhos eletrônicos, tem sido alvo de muitas atenções de grupos espiritualistas em geral nos últimos tempos. Comunidades se formaram para sua prática e seu estudo, cada uma à sua maneira, obedecendo aos imperativos de suas crenças e conhecimentos técnicos.

    Entendemos que o fenômeno, por se mostrar novo, atraia a atenção natural de todos. Entretanto, como espíritas e profissionais (engenheiros eletrônicos, físicos e técnicos de eletrônica), não podemos deixar de desejar imprimir ao fenômeno que ora existe um duplo caráter: o embasamento doutrinário espírita, que permite como ele só um mergulho profundo nos mecanismos e causas do fenômeno e a pesquisa científica como entendida pela Academia, utilizando-se aparelhos específicos e métodos reconhecidamente laboratoriais para a obtenção do fenômeno. A falta da conjugação desses fatores têm trazido prejuízos mais do que lucros a diversas agremiações e falta de credibilidade às suas captações por parte do Movimento Espírita e da própria Universidade.

    Recorremos à orientação do Plano Espiritual por meio do médium baiano Divaldo Pereira Franco, do Centro Espírita Léon Denis e do Centro Espírita Cristófilos - obedecendo ao imperativo espírita do Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos - bem como consultamos diversos espíritas de reconhecida bagagem doutrinária e, com muito prazer, anunciamos para dia 04/05/2002 o início das  atividades do GEPEC (Grupo Espírita de Pesquisas Eletrônicas Cristófilos), formado por Físicos, Engenheiros Eletrônicos e Técnicos de Eletrônica de sólida formação acadêmica em um laboratório especialmente montado e desenvolvido para a finalidade da pesquisa em TCI, dentro da Casa Espírita.

    A primeira fase, de estudos preliminares - toda atividade espírita deve ser precedida por estudos -, é pública e aberta a todos. Ocorrerá aos Sábados, de 2 em 2 semanas, no Centro Espírita Cristófilos, em Botafogo, no Rio de Janeiro (Rua Martins Ferreira, 57), a partir de 04 de Maio do presente ano, das 16:00h às 17:30h.

    A segunda fase, de intercâmbio mediúnico, será privativa ao grupo e se iniciará até o final do ano, sem prejuízo para a fase pública, e se destinará quinzenalmente à recepção do Plano Espiritual de orientações ao grupo e a perguntas específicas ao entendimento dos fenômenos, nos moldes empregados por Allan Kardec na Sociedade Espírita de Paris, no século XIX, utilizando a psicografia mediúnica e o Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos.

    A terceira fase, de pesquisas, será também privativa e se iniciará em 2003, com a montagem de laboratório de eletrônica com aquisição de aparelhos destinados especificamente a este fim (analisador de espectro, osciloscópio, computador com placa DAQ, bancada, antenas, componentes, etc).

    Em anexo segue o informativo/convite para a primeira fase - de capacitação - em formato PDF. A distribuição deste informativo/convite é livre e estimulada. Alternativamente ele poderá ser encontrado online em http://www.celd.org.br/gepec/informativo.pdf

    Em nome do GEPEC e do Centro Espírita Cristófilos, agracedemos a atenção e pedimos aos irmãos espirituais que prossigam nos auxiliando no objetivo da
divulgação da idéia de Deus, do amor e da paz, com lógica e coerência, pela Doutrina Espírita.

     Pedro Vieira / Rio de Janeiro

GEPEC
Grupo Espírita de Pesquisas Eletrônicas Cristófilos


Centro Espírita Cristófilos
Ligado à USEERJ/FEB - 5o CRE
Há 98 anos divulgando o Espiritismo!
Rua Martins Ferreira, 57 - Botafogo
Rio de Janeiro - RJ - CEP: 22271-010
Telefone: 21-2539-0978

O que é o GEPEC?

    O GEPEC é um grupo espírita que se dedica a pesquisas em Transcomunicação Instrumental, a comunicação com o plano espiritual por meio de aparelhos eletrônicos.

Quem são os participantes do GEPEC?

    O GEPEC conta com Técnicos de Eletrônica, Físicos, Engenheiros Eletrônicos (de especializações diversas) e equipe espírita de apoio (técnico e mediúnico).

Qual é a meta do GEPEC?

    O GEPEC não tem interesse simplesmente em realizações de gravações do plano espiritual. Tem por objetivo, por contar com equipe técnica altamente especializada, desenvolver aparelhagem específica com componentes eletrônicos de última geração visando uma comunicação límpida, constante e sem ruídos do plano espiritual ao plano material.

Que atividades o GEPEC desenvolverá para atingir a meta?

    Como todo trabalho espírita e todo processo científico, o GEPEC contará com alguns meses de estudos aprofundados sobre os processos medianímicos visando modelar e entender da melhor maneira possível o intercâmbio eletrônico. Essa fase é pública e se realizará todos os sábados de 16:00h às 17:30h no Centro Espírita Cristófilos, no salão principal. Os dias e temas encontram-se listados abaixo, na tabela.
    Após o período de capacitação, o trabalho será privativo e se organizará com uma equipe mediúnica, aparelhagem eletrônica específica e equipe técnica.

Como você pode contribuir?

    Participando dos estudos públicos, visando entender de maneira mais profunda o processo de intercâmbio por Transcomunicação Instrumental sob a luz da Doutrina Espírita. O GEPEC não tem interesse neste instante por captações de vozes de imagens externas, já que o objetivo do grupo é um trabalho seguindo o método científico, sem o que a meta não poderá ser alcançada.

O GEPEC divulgará seus resultados e atividades?

    Segundo critérios a serem estipulados sim, visando a não exploração da idéia da TCI e a precaução científica de que se deve cercar. Provavelmente a divulgação dar-se-á especificamente para outros grupos espíritas parceiros do GEPEC.
    O GEPEC deverá gravar em vídeo as palestras da fase preparatória e distribuí-las a quem de interesse, por entender que o embasamento espírita é condição fundamental para o trabalho espírita.

Qual é a programação dos estudos públicos para 2002?


            DATA                                                       TEMA                                                                                   BIBLIOGRAFIA


         04/05/2002                         O Espiritismo e a História da Mediunidade                                                                         (Tema Livre)
         18/05/2002                                         Elementos fluídicos                                                                   LE: Questões 27 e 29-34/GE: Cap. XIV, itens 1-6
         01/06/2002                             A Quarta Dimensão e o Hiperespaço                                                               Espírito, Perispírito e Alma: Cap. II
         15/06/2002                             Perispírito - formação e propriedades                                                      LE: Questões 93-95/GE: Cap XIV, itens 7-12
         29/06/2002                    Corpo Vital e Corpo Astral Modelo Organizador Biológico                                   Espírito, Perispírito e Alma: Cap. I e III
         13/07/2002                                 Ação dos Espíritos sobre os Fluidos Qualidade dos Fluidos                                   GE: Cap. XIV, itens 13-20
         27/07/2002                                         Ectoplasma e Ectoplasmia                                                                  Espírito, Perispírito e Alma: Cap. VIII
         10/08/2002                     Ação dos Espíritos sobre a Matéria                                                                                       LM: Parte II, Cap. I
         24/08/2002                     Manifestações Físicas - Mesas Girantes                                                                                LM: Parte II, Cap. II
         07/09/2002                         Corrente Elétrica e Corrente Mental                                                                     Mecanismos da Mediunidade: Cap. V
         21/09/2002                         Circuito Elétrico e Circuito Mediúnico                                                                  Mecanismos da Mediunidade: Cap. VI
         05/10/2002                         Fenômeno Magnético na Vida Humana                                                                Mecanismos da Mediunidade: Cap. XVI
         19/10/2002                                         Efeitos Físicos                                                                                        Mecanismos da Mediunidade: Cap. XVII
         02/11/2002                                         Materializações                                                                                                     (Tema Livre)
         16/11/2002                    TCI - Fenômenos das Vozes Eletrônicas (EVP)                                      A Transcomunicação através dos tempos:Cap. XXVIII
         30/11/2002            O Spiricom de George W. Meek / Os Spiricoms Mark III e Mark IV     A Transcomunicação através dos tempos:Cap.s XXX e XXXI
         14/12/2002                             Transcomunicação e Espiritismo: desafios                                                                          (Tema Livre)

Bibliografia detalhada:

* ANDRADRE, Hernani Guimarães - A Transcomunicação através dos tempos. São Paulo: Jornalística Fé, 1997.
* ANDRADRE, Hernani Guimarães - Espírito, Perispírito e Alma - Ensaio sobre o Modelo Organizador Biológico. São Paulo: Pensamento, 1995
* KARDEC, Allan - A Gênese. Rio de Janeiro: FEB, 1944
* KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 1944
* KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 1944
* XAVIER, Francisco Cândido (André Luiz - Espírito) - Mecanismos da Mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1985.


Palestras de Divaldo Franco na Europa Central, Rejane Spiegelberg, Viena

    No próximo mes de maio, DIVALDO FRANCO estará mais uma vez caminhando pelas estradas da Europa central para divulgar o espiritismo. Desta vez, abrindo uma nova porta com a primeira palestra sobre espiritismo em Budapeste, na Hungria.

    O itinerário de Divaldo Franco será:

 
Data
Local
Tema
17 a 20 maio  Zurique, Suiça 
Procure e acharás
(palestras dia 17 e 20 de maio, e seminário nos dias 18 e 19)
22 maio Praga,  Terapia do perdão para saúde
23 maio  Brno, Rep. Tcheca  Amor e auto-amor
24 maio Bratislava, Eslovaquia Terapia do perdão para saúde

(seminário de 4 h)

 

25 maio Budapeste, Hungria O espiritismo e a ciência contemporânea
26 maio Viena A Busca do Eu interior

(seminário das 10:00 às 17:00h)

    As palestras e seminários na Austria, Rep. Tcheca, Eslovaquia e Hungria são organizadas pelo VAK (Sociedade de estudos esppiritas Allan Kardec). As palestras em Zurique, Suiça são organizadas por Andre M. Studer e grupos espiritas da Suiça.

    Para informações contatar: Josef Jackulak (jackulak@hotmail.com) ou Rejane Spiegelberg-Planer ( spiegelberg@aon.at) ou VAK: vienna_kardec@hotmail.com




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