Grupo de Estudos Avançados Espíritas

http://www.geae.inf.br

Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec


Ano 10 - Número 430 - 2002            19 de fevereiro de 2002

Conteúdo
Textos Comentários Perguntas Painel

Textos
Gênese Segundo o Espiritismo (Resumo) Capítulo VII & VIII, Joel Matias, Brasil

CAPITULO VII

ESBOÇO GEOLÓGICO DA TERRA

Períodos Geológicos

    A perfuração de poços, minas e pedreiras, facultou a observação dos terrenos estratificados, o que permitiu à Geologia estudar a origem do globo terrestre como também dos seres que o habitam.

    As camadas, variando de cms. até mais de cem metros, são geralmente homogêneas e horizontais, distinguindo-se claramente umas das outras; formaram-se por depósitos sucessivos até chegar à última camada de terra vegetal, derivada de detritos orgânicos. As camadas inferiores denominam-se rochas, formadas de areia, argila, marna, seixos rolados, ou grés, mármores, crés, calcáreos, carvões de pedra, asfaltos, etc. A forma e consistência das camadas revelam sua formação pela ação do fogo ou da água.  As camadas formadas por depósitos aquosos e que se encontram inclinadas ou verticais foram deslocadas, após a solidificação, por convulsões do solo.

    A ocorrência de despojos fósseis de animais e vegetais dentro das camadas inferiores situam sua existência naquela época. Tais fósseis resultaram petrificados, sem alteração da forma (penetrados por matérias silicosas ou calcáreas); outros foram envolvidos por matérias em estado flácido, mantendo-se intactos, dentro das mais duras pedras; outros finalmente deixaram somente marcas como a forma de um pé com dedos e unhas, permitindo identificar o animal que as deixou. O estudo das camadas e dos fósseis permitiu estabelecer-se os períodos geológicos principais: primário, de transição, secundário, terciário, diluviano, pós-diluviano ou atual.

Estado primitivo do globo

    O achatamento dos polos indica que o estado primitivo da Terra era de fluidez ou flacidez por ação do calor. A cada 30 metros de profundidade a temperatura aumenta de um grau, alcançando temperaturas em que toda a matéria conhecida se funde. A espessura da crosta terrestre é comparável à da casca de uma laranja, levando a concluir-se que no princípio a Terra era uma massa fluida incandescente, que esfriou pouco a pouco da superfície para dentro, conservando-se a matéria interior em estado de fusão. Durante o resfriamento a matéria sofreu transformações, combinações várias, resultando a formação de uma atmosfera densa, opaca, formada pela volatilização de metais como enxofre e carbono o que não permitia a passagem dos raios solares.

Período primário

    Com o progressivo resfriamento, houve solidificação da parte exterior da massa em fusão, formando uma crosta uniforme e compacta constituída de granito, pedra extremamente dura formada por feldspato, quartzo e mica. Ocorreram numerosas fendas pelas quais a matéria efervescente extravasava.

    Continuando o resfriamento, ocorreu liquefação de vapor de metais em suspensão, causando chuvas e lagos de enxofre e betume (ferro, cobre, chumbo e outros metais fundidos), que, infiltrando-se pelas fissuras, deram origem aos veios e filões metálicos. Várias misturas produziram os terrenos primitivos sobre a rocha granítica, porém sem estratificação regular. Em seguida as águas, em ciclos de vaporização e chuvas, acabaram por depositar-se no solo. Permaneciam os elementos confundidos, desestabilizados, impossibilitando o surgimento de qualquer forma de vida vegetal ou animal. Tal período poderia ter levado cerca de um milhão de anos.

Período de transição

    Dada a pequena espessura da crosta granítica, ocorriam intumescências, por onde extravasava a lava interior. A superfície do globo era quase que totalmente coberta por águas pouco profundas. A atmosfera, embora mantendo temperaturas ardentes, foi sendo progressivamente liberta dos gases pesados, sendo o último deles o ácido carbônico, por ação das chuvas copiosas e quentes, permitindo a passagem dos primeiros raios de Sol.

    Após formarem-se os terrenos de sedimento, surgiram os primeiros seres vivos do reino vegetal e animal. Primeiro surgiram os vegetais criptógamos, acotiledôneos, monocotiledôneos (liquens, cogumelos, musgos, fetos e plantas herbáceas). Quanto a árvores, somente as do gênero palmeira, cuja haste é semelhante às das ervas. Surgiram então os primeiros animais marinhos (polipeiros, raiados, zoófitos) de organização rudimentar, seguindo-se-lhes os crustáceos e peixes de espécies atualmente extintas.

    Predominando ainda na atmosfera o ácido carbônico, favoreceu a formação de vasta vegetação de plantas gigantescas, que em razão do deslocamento das águas, vieram a ser cobertas por sedimentos terrosos, num ciclo de aniquilamento e renascimento, formando, através dos séculos, camadas de grande espessura. Pela ação dos gases, ácidos, sais, houve a fermentação daqueles vegetais soterrados, convertendo-se em hulha ou carvão de pedra, que é encontrado em quase todas as regiões do globo. Nesse período, em que a temperatura da Terra era uniforme, pois o fogo central produzia calor muito superior ao dos raios solares os quais eram enfraquecidos pela pesada atmosfera, ainda não havia gelo na Terra.

Período secundário

    Ao final do período de transição, desapareceram os vegetais e animais, devido a ocorrências de grandes subversões e erupções do solo, ou ainda por modificações na atmosfera. O período secundário é caracterizado por numerosas camadas minerais formadas no seio das águas, marcando diferentes épocas bem diferenciadas. Modificações na atmosfera produziram vegetais menores que no período anterior, surgindo as plantas de caule lenhoso e as árvores.

    Quanto aos animais, continuavam aquáticos passando a anfíbios, desenvolvendo-se no seio dos mares animais de conchas, peixes com organização mais aperfeiçoada, os cetáceos. Surgiram os répteis marinhos monstruosos como: ictiossauros, plessiossauros, teleossauros(anfíbios), megalossauros, iguanodontes (terrestres), pterodáctilos.

    O grande número de camadas atesta a longevidade desse período, onde se desenvolveu consideravelmente a vida animal, pelas melhores condições da atmosfera, permitindo que alguns vivessem na terra. Encerrado esse período, desapareceram os grandes répteis aquáticos.

Período terciário

    Iniciou-se esse período com uma destruição quase total dos seres vivos. Durante esta fase, devido à maior espessura da crosta terrestre, a pressão interior ocasionou erupções sucessivas em todos os pontos do globo, formando os picos e cadeias de montanhas, planaltos e planícies, acomodando-se as águas nos locais mais baixos, donde surgiram os continentes e cumes de montanhas formando ilhas. As camadas de calcário encontradas no topo de montanhas comprovam a teoria acima, pois em nenhuma época seria possível ao mar atingir tais altitudes.

    Por ocasião desses levantamentos e erupções ocorreram também rasgaduras do solo expondo o granito que se encontra na sua periferia em certas regiões. Surgiram também os vulcões que representam válvulas de segurança equilibrando a pressão interior.

    Tais levantamentos e abaixamentos do solo resultaram em constantes deslocamentos das águas formando camadas irregulares  através da superfície do globo, ao contrário do que se observa nos períodos anteriores, onde as camadas são regulares.

    Desde que se acalmaram as revoluções iniciais, melhorando as condições ambientais, reapareceram os vegetais e animais com organização mais apropriada a uma atmosfera mais purificada. Os vegetais atingiram desenvolvimento estrutural quase ao nível dos atuais.

    Enquanto que nos dois períodos anteriores as águas cobriam quase que a totalidade do globo, favorecendo a existência de animais aquáticos e anfíbios, no terciário vários continentes se formaram, aparecendo os animais terrestres. No período de transição havia vegetação colossal, no secundário répteis monstruosos, no terciário surgiram os gigantescos mamíferos, tais como, elefantes, rinocerontes, hipopótamos, paleotérios, dinotérios, mastodontes, mamutes, etc. São desse período os pássaros e a maioria dos animais atuais.

    Algumas dessas espécies sobreviveram aos cataclismos posteriores. Outras, compostas de animais antediluvianos, desapareceram ou foram substituídas por espécies menos pesadas e menos maciças.

Período diluviano

    Caracterizou-se pela ocorrência de dilúvio universal, onde uma imensidade de espécies foram destruídas, as águas invadindo continentes e arrastando terras e rochedos, derrubando florestas seculares, formando depósitos denominados terrenos diluvianos. Deslocaram rochedos de granito das montanhas por centenas de Kms., fazendo surgir nas planícies os blocos erráticos, surgindo também os aerólitos. Ocorreu nessa época o súbito congelamento dos polos, atestado pela descoberta de elefantes e mamutes congelados; caso o fenômeno tivesse sido gradual, tais animais teriam tido tempo de se retirarem para regiões mais quentes.

    Supõe-se que tal cataclismo foi causado por uma brusca mudança de inclinação do eixo da Terra, fazendo com que as águas se projetassem sobre as terras; alguns animais, tentando escapar da fúria das águas, ocuparam cavernas e fendas em lugares altos, onde sucumbiram entredevorando-se ou afogados, ocasionando grandes quantidades de ossadas chamadas brechas ou cavernas ossosas.

Período pós-diluviano ou atual - Nascimento do homem.

    Após restabelecido o equilíbrio - com a superfície mais estável, o ar mais puro, o Sol espargindo um calor mais vivificador - ressurgiu a vida vegetal proporcionando alimentação mais suculenta aos animais, menos ferozes e mais sociáveis, de órgãos mais delicados. "Apareceu então o homem, último ser da criação, aquele cuja inteligência concorreria, dali em diante, para o progresso geral, progredindo ele próprio".

    Não foram encontrados vestígios humanos nas camadas dos períodos primário e secundário, tanto que naqueles períodos não havia para o homem condições de vitalidade. Também não se encontrou seus vestígios no período antediluviano, pelo que se considera como característico da presença do homem o período pós-diluviano.


CAPITULO VIII

TEORIAS SOBRE A FORMAÇÃO DA TERRA

Teoria da projeção

    Teoria de Buffon: Um cometa teria se chocado com o Sol, causando a projeção de fragmentos incandescentes no espaço, originando assim os planetas, que mantiveram o movimento no sentido do choque primitivo, no plano da eclíptica. Com o resfriamento contínuo a Terra acabaria por congelar-se totalmente dentro de 93.000 anos.

    Com a descoberta de que os cometas são formados de matéria gasosa, sendo inviável que seu choque pudesse causar deslocamento de matéria solar, foi abandonada a teoria de Buffon, tanto mais que seu cálculo de tempo para congelamento da Terra não levou em consideração a ação dos raios solares, somente o calor central. "Para que a Terra se tornasse inabitável pelo resfriamento, fora necessária a extinção do Sol". Por outro lado, aceita-se atualmente que o Sol, em vez de massa incandescente, seja formado por matéria sólida cercada por uma fotosfera.

Teoria da condensação

    É a que prevalece na Ciência: a Terra seria originária da condensação da matéria cósmica, inicialmente incandescente, formando após uma crosta sólida pelo resfriamento. Tal teoria coincide com a exposta no Capítulo VI: Uranografia geral.

Teoria da incrustação

    Segundo essa teoria, de Miguel de Figagnères, com poucos adeptos, a Terra teria uma alma que provocara a junção de quatro astros que com isto concordaram, visto terem livre-arbítrio, mediante soldadura, mantendo-se, durante a operação, todos os seres que os habitavam em estado cataléptico.  Tal Teoria contradiz os dados da ciência experimental, não havendo quaisquer vestígios das soldaduras, como também de geologias particulares aos astros componentes da nova Terra. Além do mais não explica a origem dos planetas incrustados.

Alma da Terra

    A idéia de que a Terra teria uma alma inteligente não pode prosperar, pois, não tendo nosso globo sequer a vitalidade de uma planta, não poderia abrigar um espírito superior.

    Por alma da terra pode-se racionalmente designar o "Espírito a quem está confiada a alta direção dos destinos morais e do progresso de seus habitantes, missão que somente pode ser atribuída a um ser eminentemente superior em saber e em sabedoria".



A Física Quântica em Busca da Partícula Divina, Luís de Almeida, Portugal

(Este artigo de Luís de Almeida foi originalmente publicado na Revista Internacional de Espiritismo de Janeiro de 2002)
"Confesso que, após cuidadosa e atenta leitura deste trabalho, conclui que foi um dos melhores artigos que já tive o prazer de ler. Ele se me afigura o mais erudito e informativo trabalho acerca da relação  entre a Física e o Espiritismo, até agora escrito em idioma português. Se traduzido para o inglês será, sem dúvida, apreciadíssimo, inclusive pelos físicos mais modernos que, atualmente, divulgam obras acerca do relacionamento entre a Consciência e o Universo, vislumbrado sob a óptica das Físicas Quântica e Relativística. Menciono, como exemplos, os livros de Michio Kaku (Hiperespaço, ed. Rocco, Rio de Janeiro, RJ) e de Amit Goswami (O Universo Autoconsciente, edit. Rosa dos Tempos, Rio de Janeiro)."
Dr. Hernani Guimarães Andrade
    A Física continua a dar ao Espiritismo, ainda que os físicos de tal não se apercebam, ou melhor, não queiram por enquanto se aperceber, uma contribuição gigantesca na confirmação dos postulados espíritas, que de maneira nenhuma nós, os espíritas, poderemos subestimar. Existe uma ciência espírita, com uma metodologia de ciência, assentada nas questões espirituais, mais do que possamos imaginar, e a prova disso é O Livro dos Espíritos - uma obra actual -  um manancial para a Física Moderna. Trazendo-nos um novo conceito básico sobre a visão macro e microcósmica de Deus (ao defini-Lo como "a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas") do Espírito e da Matéria propriamente dita.
 

    · A Física Moderna leva-nos ao encontro do Espírito e de Deus

    A física quântica pode constituir uma ponte entre a ciência e o mundo espiritual, pois segundo ela, pode-se "reduzir" a matéria, de forma subjectiva e no domínio do abstracto, até à consciência - causa da "intelectualidade" da matéria. A consciência transforma as possibilidades da matéria em realidade,  transformando as possibilidades quânticas em factos reais. Essa consciência deve apresentar uma unidade e transcender o tempo, espaço e matéria. Não é algo material, na realidade, é a base de todos os seres.

    Recordemos o professor de Lyon In O Livro dos Espíritos (9):

23. Que é o Espírito?
    - "O princípio inteligente do Universo".

a) - Qual a natureza íntima do Espírito?
    - "Não é fácil analisar o Espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa."

    Tanto é assim, que os físicos teóricos postulam a existência de uma "partícula", que seria a partícula "fundamental", que ainda não foi encontrada, mas a qual o Prémio Nobel da física, Leon Lederman, denomina a "partícula divina". Partícula essa decisiva pois é ela que determina a massa das restantes, bem como a coesão dada pela gravidade dos 90% do universo ainda desconhecido.

    Leiamos Kardec In O Livro dos Espíritos (9):

25. O Espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som o é do ar?
    - "São distintos uma do outro; mas, a união do Espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria."

26. Poder-se-á conceber o Espírito sem a matéria e a matéria sem o Espírito?
    - "Pode-se, é fora de dúvida, pelo pensamento."

        Cabe lembrar que os físicos, a partir das pesquisas do norte-americno Murray Gel Mann nos aceleradores de partícula, já admitem a existência de um domínio externo ao mundo cósmico dito material onde provavelmente existam agentes activos também chamados frameworkers,  capazes de actuar sobre a energia do Universo, modulando-a e dando-lhe formas de partícula atómica, ou seja por outras palavras - o espírito, chamado também "Agente Estruturador"por vários físicos teóricos.

    Retomemos novamente o mestre lionês In O Livro dos Espíritos (9):

76. Que definição se pode dar dos Espíritos?
    - "Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material."

536. São devidos a causas fortuitas, ou, ao contrário, têm todos um fim providencial, os grandes fenómenos da Natureza, os que se consideram como perturbação dos elementos?
    - '"Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus."

b) - Concebemos perfeitamente que a vontade de Deus seja a causa primária, nisto como em tudo; porém, sabendo que os Espíritos exercem acção sobre a matéria e que são os agentes da vontade de Deus, perguntamos se alguns dentre eles não exercerão certa influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir?
    - "Mas evidentemente. Nem poderia ser de outro modo. Deus não exerce acção directa sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos."

    · A Teoria das Supercordas e a Dimensão Psi

    Outra teoria quântica, que vem de encontro a existência de uma "partícula divina consciêncial" no final da escala das partículas subatómicas, é a teoria das supercordas. Essa teoria foi melhorada e é defendida por um dos físicos teóricos mais respeitados da actualidade Edward Witten, professor do Institute for Advanced Study em Princeton, EUA. De maneira bastante simples e resumida, a teoria das supercordas postula que os quarks, mais ínfima partícula subatómica conhecida até o momento, estariam ligados entre si por "supercordas" que, de acordo com sua vibração, dariam a "tonalidade" específica ao núcleo atómico a que pertencem, dando assim as qualidades físico-químicas da partícula em questão.

    Querer imaginá-las é como tentar conceber um ponto matemático: é impossível, por enquanto. Além disso, são inimaginavelmente pequenas. Para termos uma ideia: o planeta Terra é dez a vinte ordens grandeza mais pequeno do que o universo, e o núcleo atómico é dez a vinte ordens de grandeza mais pequeno do que a Terra. Pois bem, uma supercorda é dez a vinte ordens mais pequena do que o núcleo atómico.

    O professor Rivail, esclarece In O Livro dos Espíritos (9):

30. A matéria é formada de um só ou de muitos elementos?
    - "De um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva."

    Ou seja, é a vibração dessas infinitesimais "cordinhas" que seria responsável pelas características do átomo a que pertencem. Conforme vibrem essas "cordinhas" dariam origem a um átomo de hidrogénio, hélio e assim por diante, que por sua vez, agregados em moléculas, dão origem a compostos específicos e cada vez mais complexos, levando-nos a pelo menos 11 dimensões.

    Corrobora Allan Kardec In O Livro dos Espíritos (9):

79. Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material?
    - "Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material.."

64. Vimos que o Espírito e a matéria são dois elementos constitutivos do Universo. O princípio vital será um terceiro?
    - "É, sem dúvida, um dos elementos necessários à constituição do Universo, mas que também tem sua origem na matéria universal modificada. É, para vós, um elemento, como o oxigénio e o hidrogénio, que, entretanto, não são elementos primitivos, pois que tudo isso deriva de um só princípio."

    Essa teoria traz a ilação de que tal tonalidade vibratória fundamenta é dada por algo ou alguém, de onde abstraímos a ?consciência? como factor propulsor dessas cordas quânticas. Assim sendo, isso ainda mais nos faz pensar numa unidade consciencial vibrando a partir de cada objecto, de cada ser.

    Complementa Kardec In O Livro dos Espíritos (9):

615. É eterna a lei de Deus?
    - "Eterna e imutável como o próprio Deus."

621. Onde está escrita a lei de Deus?
    - "Na consciência."

    Seguindo esta teoria e embarcando na ideia lançada por André Luiz In Evolução em Dois Mundos (11), onde somos co-criadores dessa consciência universal, e cada vez mais responsáveis por gerir o estado vibracional das nossas próprias "cordinhas" - a chamada dimensão Psi por vários investigadores espiritas -, à medida que delas nos conscientizemos, chegaremos a harmonia perfeita quando realmente entrarmos em sintonia com a consciência geradora que está em nós, e também no todo, vulgarmente conhecida por Deus, ou como alguns físicos teóricos sustentam "O Supremo Agente Estruturador".

    Leiamos o Codificador In O Livro dos Espíritos (9):

5. Que dedução se pode tirar do sentimento instintivo, que todos os homens trazem em si, da existência de Deus?
    - "A de que Deus existe; pois, donde lhes viria esse sentimento, se não tivesse uma base? É ainda uma consequência do princípio - não há efeito sem causa."

7. Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas?
    - "Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária."

    Interpretemos Allan Kardec In A Génese (10)  Cap. II - A Providência:

    20. - A providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas. Ele está em toda parte, tudo vê, a tudo preside, mesmo às coisas mais mínimas. É nisto que consiste a acção providencial.
«Como pode Deus, tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo, imiscuir-se em pormenores ínfimos, preocupar-se com os menores actos e os menores pensamentos de cada indivíduo?» Esta a interrogação que a si mesmo dirige o incrédulo, concluindo por dizer que, admitida a existência de Deus, só se pode admitir, quanto à sua acção, que ela se exerça sobre as leis gerais do Universo; que este funcione de toda a eternidade em virtude dessas leis, às quais toda criatura se acha submetida na esfera de suas actividades, sem que haja mister a intervenção incessante da Providência.

    Esta consciência única do raciocínio quântico, transforma-se em dois elementos: um objectivo e outro subjectivo. O subjectivo chamamos de ser quântico, universal, indivisível. A individualização desse ser é consequência de um condicionamento. Esse ser quântico é a maneira como pensamos em Deus, que é o ser criador dentro de nós.

    Voltemos ao génio de Lyon In A Génese (10) Cap. II - A Providência:

34. - Sendo Deus a essência divina por excelência, unicamente os Espíritos que atingiram o mais alto grau de desmaterialização o podem perceber. Pelo facto de não o verem, não se segue que os Espíritos imperfeitos estejam mais distantes dele do que os outros; esses Espíritos, como os demais, como todos os seres da Natureza, se encontram mergulhados no fluido divino, do mesmo modo que nós o estamos na luz.

    Geralmente, nós interpretamos Deus como algo unicamente externo. Pensamos em Deus como um ser separado de nós. Isso é a causa dos conflitos. Se Deus também está dentro de nós, podemos mudar por nossa própria vontade. Mas se acreditamos que Deus está exclusivamente do lado de fora, então supomos que só Ele pode nos mudar e não nos transformamos pela nossa própria vontade. Não podemos excluir a nossa vontade, dizendo que tudo ocorre pela vontade de Deus. Temos de reconhecer o deus que há em nós, como afirmou o Doce Amigo há 2000 anos. Então seremos livres.

    Allan Kardec atesta In A Génese (10) Cap. II - A Providência:

24. - (...) Achamo-nos então, constantemente, em presença da Divindade; nenhuma das nossas acções lhe podemos subtrair ao olhar; o nosso pensamento está em contacto ininterrupto com o seu pensamento, havendo, pois, razão para dizer-se que Deus vê os mais profundos refolhos do nosso coração. Estamos nele, como ele está em nós, segundo a palavra do Cristo.

    Para estender a sua solicitude a todas as criaturas, não precisa Deus lançar o olhar do Alto da imensidade. As nossas preces, para que ele as ouça, não precisam transpor o espaço, nem ser ditas com voz retumbante, pois que, estando de contínuo ao nosso lado, os nossos pensamentos repercutem nele.

· O Livro dos Espíritos: uma obra actual e de referência

    A Física continua a dar ao Espiritismo, ainda que os físicos de tal não se apercebam, ou melhor, não queiram por enquanto se aperceber, uma contribuição gigantesca na confirmação dos postulados espíritas, que de maneira nenhuma nós, os espíritas, poderemos subestimar. Existe uma ciência espírita, com uma metodologia de ciência, assentada nas questões espirituais, mais do que possamos imaginar, e a prova disso é O Livro dos Espíritos (9) - uma obra actual -  um manancial para a Física Moderna. Trazendo-nos um novo conceito básico sobre a visão macro e microcósmica de Deus (ao defini-Lo como "a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas") do Espírito e da Matéria propriamente dita.

     Concluímos com Allan Kardec In O Livro dos Espíritos (9) resumindo toda esta teoria da Física Moderna de forma magistral, simplesmente espantoso, acreditem...:

27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito?
    - "Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o Espírito possa exercer acção sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o Espírito não o fosse. Está colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria, e susceptível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a acção do Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá."

Luís de Almeida éDirigente do Centro Espírita Caridade por Amor, da cidade do Porto, com pagina na Internet http://www.terravista.pt/PortoSanto/1391
Email: electronico ceca@sapo.pt
_______________

Bibliografia:

(1) Dyson, Freeman em INFINITO EM TODAS AS DIRECÇÕES - Edições Gradiva - 1990 - Portugal.
(2) Greene, Brian em O UNIVERSO ELEGANTE - Edições Gradiva - 2000 - Portugal.
(3) Hawking, Stephen em BREVE HISTÓRIA DO TEMPO (Edição actualizada e aumentada, comemorativa do 1º Aniversário) - Edições Gradiva - 2000 - Portugal.
(4) Hawking, Stephen em O FIM DA FÍSICA - Edições Gradiva - 1994 - Portugal.
(5) Homepage, CERN - ORGANISATION EUROPEENNE POUR LA RECHERCHE NUCLEAIRE  -http://www.cern.ch/
(6)  Homepage, ESA -  EUROPEAN SPACE AGENCY  -  http://www.esa.int/
(7)  Homepage, FERMILAB - FERMI NATIONAL ACCELERATOR LABORATORY   - http://www.fnal.gov/
(8)  Homepage, NASA - NATIONAL AERONAUTICS  & SPACE ADMINISTRATION  -http://www.nasa.gov/
(9)   Kardec, Allan em O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Edições FEB 76ª  edição
(10)   Kardec, Allan em A GÉNESE - Edições FEB 36ª edição.
(11)   Luiz, André em EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS - Edições FEB 12ª  edição
(12)   Reeves, Hubert em  O PRIMEIRO SEGUNDO - Edições Gradiva - 1996 - Portugal.
(13)   Sagan, Carl em UM MUNDO INFESTADO DE DEMÓNIOS - Edições Gradiva - 1997 -   Portugal.



As Quatro Nobres Verdades, Carlos Iglesia, Brasil

(Série de artigos iniciada no Boletim 428)


III - Visão Geral


História

- Budismo

    Surgiu na India, em torno do V século A.C., a partir dos ensinamentos de Sidarta Gautama, o Buda. Sidarta deixou sua vida de principe, comovido pela descoberta do sofrimento, para dedicar-se a encontrar suas causas e como elimina-lo. Não deixou nada escrito, seus ensinamentos foram compilados por seus seguidores imediatos e transmitidos oralmente durante séculos. Passaram para a forma escrita, somente no inicio da nossa era. A longo do tempo surgiram algumas escolas de pensamento ligeiramente diferentes. Basicamente estas escolas se agrupam em duas linhas:

    - Escola Theravada (Escola dos Anciãos);
    - Escola Mahayana (Grande Veículo);

    A diferença principal entre elas é a enfâse dada aos objetivos da salvação ou libertação do sofrimento. Enquanto na escola Theravada, mais próxima ao Budismo primitivo, a libertação é procurada como objetivo máximo e em bases individuais, a escola Mahayana coloca grande ênfase na compaixão e no esforço para a salvação de todos. Esta escola enfatiza o ideal do "Bodhisattva", que é o nome dado ao indivíduo que atingiu todos as condições necessárias para a libertação individual, mas que a retarda, para ajudar aos demais a encontrar o caminho da salvação. Ou seja, o Bodhisattava renuncia ao Nirvana por compaixão aos demais seres.

    Em muitos escritos Mahayana, a escola Theravada é chamada de "Hinayana" ou "Pequeno Veículo" - veículo no sentido de meio de condução do ser para a salvação - com conotações pejorativas (por apresentar um objetivo mais restrito, de salvação individual, em comparação com o objetivo de auxiliar na salvação de outros). Desta maneira, apesar do tempo ter mitigado o sentido original, é aconselhável evitar esta designação.

    Em certos aspectos, o Budismo constituiu uma resposta a problemas enfrentados pelo pensamento filosófico hindu da época de Sidarta Gautama. Principalmente a divisão da sociedade em castas e as polêmicas em torno da criação do Universo, de que papel tiveram as divindades nela ou quais as que eram as principais. De qualquer maneira, seu surgimento e desenvolvimento dentro da sociedade hindu se deu mantendo o mesmo espírito de tolerância característico da india védica.

    No auge da influência Budista na India, pelo segundo século antes de Cristo, o mundo viu algo inédito e extraordinário, o governo do Rei Asoka, que se norteou pela justiça e pelo respeito a todos os seres vivos. Este rei manteve um país próspero e seguro, inclusive enviou missionários para a divulgação o Dharma em terras distantes.

    A partir do continente indiano, o Budismo se expandiu pelo extremo oriente: Burma, China, Coréia, Japão, Java, Sri Lanka, Sumatra, Tailândia, Tibete, Vietnã, etc ... Com a expansão do Islã (a partir do século VIII da nossa era) e, posteriormente, com as destruições massivas pelas mongóis nas regiões que lhe constituiam o berço (século XII) , o Budismo deixou de ser representativo na India. Ele também sofreu algum recuo em regiões fortemente influenciadas pelo comércio com o Islã.

    Foi por volta do ano 700 dc, que vários monges budistas chegaram ao Tibet e difundiram a escola Mahayana. O Budismo se desenvolveu consideravelmente a partir dos diversos mosteiros fundados, tornando-se o centro da vida Tibetana. Traduções dos textos antigos foram feitas para o Tibetano, desenvolveram-se novas concepções, tendo grande avanço uma terceira escola - ou "terceiro veículo" - o Veículo Adamantino, Vajrayana, que acrescenta técnicas espirituais para se atingir o desenvolvimento espiritual. A religião local, o "Bon" - uma espécie de Xamanismo, com metafisíca complexa - continuou a existir em paralelo ao Budismo e, inclusive, muitos de seus costumes se incorporaram ao Budismo Tibetano.

    Com a integração do poder temporal com a estrutura de mosteiros, o seu lider espiritual, o Dalai Lama, - "mar de sabedoria" - também tornou-se o centro político do país. O atual Dalai é o XIV de uma linha - pelas crenças tibetanas é a reencarnação de seu antecessor - que já vem de alguns séculos.

    O Budismo encontrou também grande progresso na China, tendo se incorporado a sua civilização, lado a lado com o Taoísmo e o Confucionismo. Foi apenas na segunda metade do século XX, nas grandes turbulências que se seguiram ao final da segunda guerra mundial, que o Budismo Chinês passou a ser marginalizado, com a implantação do comunismo por Mao Tse Tung. O estado materialista, que vê a religião como o "ópio do povo", também chegou ao Tibet com sua anexação pela China a partir de 1949.

    Em seu auge, o Budismo Chinês influenciou profundamente o Japão. Em terras japonesas o Budismo Zen foi o que mais se difundiu e passou a conviver pacificamente com a religião nativa do país, o "Xintoismo".  No século passado, a partir de 1930, pelo trabalho do prof. Masaharu Taniguchi, surgiu dentro do Budismo japonês um movimento, denominado "Seicho-no-ie" (Lar do Progredir Infinito), que é hoje bastante divulgado, inclusive no Brasil.

    O Budismo passou a ser mais conhecido nos países ocidentais após a II Guerra Mundial, quando as tropas aliadas passaram a ter contato direto com o Budismo Zen. Posteriormente, em 1959, a ocupação chinesa no Tibete forçou a fuga de monges tibetanos para outros países. O Dalai Lama e muitos dos que o acompanharam, encontraram refugio no norte da India, dando de novo a este país um papel importante na preservação e difusão do Budismo. Desde então, Sua Santidade, o XIV Dalai Lama, tem viajado frequentemente a muitos países, dando conferências e publicando livros sobre o "Dharma". Ao mesmo tempo, tem sido fundados mosteiros Budistas e cada vez mais ocidentais tem se dedicado ao estudo da doutrina.

    A divulgação do Budismo no Ocidente também foi beneficiada pela crise espiritual que se tornou evidente a partir dos anos 60. Como resultado do período da "guerra fria", do medo de uma guerra nuclear, das guerras verdadeiras - tendo a do Vietnã sido a primeira amplamente coberta pela midía moderna - a juventude do mundo ocidental passou a questionar as respotas tradicionais aos problemas existênciais e a buscar novos caminhos. Foi um período histórico de transformação acelerada, não só de costumes mas da própria visão do homem dentro da sociedade, com muitos erros e acertos, cujas conseqüências ainda estamos vivendo e cuja análise mereceria um estudo bem mais profundo do que seria possivel neste artigo.

- Espiritismo

    Historicamente o Espiritismo surge na França, na segunda metade do século XIX,  na sequência do "Espiritualismo Moderno". Como todo movimento importante de transformação espiritual, suas raizes são bem mais antigas, podendo-se percebê-las nas especulações filosóficas do Iluminismo europeu do século XVIII e nos grandes espiritualistas do período, como o vidente suéco Swedenborg.  Outro precursor desta fase histórica foi o médico vienense Mesmer, que com seu "magnetismo animal", abriu campo para o estudo de fenômenos que escapavam ao objeto costumeiro da ciência newtoniana.

    A data oficial para o nascimento do novo movimento espiritualista, conhecido como "Espiritualismo Moderno" (Modern Spiritualism), é 31 de março de 1848. Nesta data aconteceu um evento extraordinário por suas implicações futuras, mas que por si só é de uma simplicidade inacreditavel: Uma menina de onze anos - Katherine Fox - teve a idéia de solicitar a um espírito, que "assombrava" a casa em que viviam, em Hydesville (EUA), que repetisse o número de batidas que ela desse. Estava inaugurada a comunicação aberta entre os dois planos da vida. Doravante a comunicação com o plano espiritual não estaria mais restrita aos iniciados em doutrinas secretas, nem aos grandes ascetas ou a mistícos extraordinários. Homens e mulheres comuns, muitas vezes jovens, como no caso de Katherine, seriam os "medianeiros" - médiuns - entre nós encarnados e os entes queridos no outro lado da vida.

    As ocorrências na casa da familia Fox chamaram rapidamente a atenção da vizinhança e logo da midía da jovem democracia americana.  Religiosos, cientistas e estudiosos das mais variadas especialidades se interessaram pelos fenômenos, que não conseguiam explicar pelas respostas costumeiras de mistificação ou ilusão, mais que isso, esses fenômenos começaram a se reproduzir por outros médiuns e, desde as primeiras mensagens, seus autores se identificavam como sendo os mesmos seres humanos, apenas despojados das vestes físicas - do corpo material - pelo fenômeno da morte.

    As batidas nas paredes foram substituidas pelas "mesas dançantes" - mesas em que as pessoas se sentavam ao redor e que sob controle dos espíritos, levantavam-se e batiam os pés. Após as mesas dançantes vieram os lápis amarrados a cestos e a pranchetas e finalmente a comunicação direta através dos médiuns. A mediunidade passou a se revelar uma sensibilidade normal do ser humano, que pode se manifestar de diversas maneiras diferentes - pela comunicação falada (psicofônia), pela comunicação escrita (psicografia), pela vidência ou mesmo pelos eventos físicos, dos quais o mais espetacular e raro é a "materialização" completa dos espíritos.

    O enorme interesse despertado pelos fenômenos mediunicos, a partir de 1848 até praticamente o final do século, contribuiu para que fossem divulgados amplamente no outro lado do Atlântico. Em todas as capitais européias se formaram grupos de estudos e surgiram médiuns cuja fama perdura até nossos dias. Entre eles se destaca Daniel Dunglas Homes, médium de efeitos fisícos, cujas demonstrações foram feitas diante das personalidades mais ilustres da época e em circunstâncias que as tornavam acima de qualquer suspeita.

    Naturalmente estes fenômenos chamaram a atenção dos estudiosos e, entre eles, o educador francês Hyppolite Leon Denizard Rivail. Em suas obras, que publicou usando o pseudônimo Allan Kardec,  reuniu os resultados de suas pesquisas sobre os fenômenos mediúnicos e uma acurada análise das mensagens transmitidas pelos espíritos. Elas vieram a constituir o que se convencionou chamar de "Codificação Espírita", sendo 18 de abril de 1857, data em que foi publicado em Paris o "O Livro dos Espíritos" , considerada como a de surgimento do "Espiritismo".

    A "Sociedade Pariense de Estudos Espíritas", formada por Allan Kardec se tornou o modelo a partir do qual se estabeleceriam outros grupos espíritas na França e no exterior. A "Revue Spirite" - a Revista Espírita - dirigida por Kardec entre 1858 e 1869 foi, junto com os livros de Kardec, o veículo de comunicação das idéias espíritas em seus primeiros tempos.

    O Espiritismo rapidamente se estendeu a outros paises europeus e a américa latina. No inicio do século XX, pioneiros já haviam criado grupos espíritas do México a Argentina, incluindo Porto Rico e Cuba. Na Europa se sobressaiam França e Espanha, onde se realizariam grandes congressos até as vesperas da Guerra Civil. No mundo de lingua inglesa, prevaleceu  inicialmente a variante americana - Modern Spiritualism - caracterizada principalmente pela rejeição a idéia da reencarnação. No Brasil, o Espiritismo foi introduzido já na época de Kardec.

    Com o período das grandes guerras mundiais e dos regimes autoritários[1], o Espiritismo praticamente desapareceu da Europa. Seus adeptos foram perseguidos e presos, os grupos fechados e os poucos remanescentes jogados para a clandestinidade. Durante este período, se desenvolveu consideravelmente no Brasil, tendo entre seus grandes nomes personalidades como o médico Adolfo Bezerra de Menezes e o médium Francisco Cândido Xavier. Não se pode deixar de mencionar também o excepcional médium de curas José Arigó, que através de sua abnegação - atendendo gratuitamente todos os que o procuravam - e capacidade de trabalho, atendeu milhares de doentes e tornou-se prova viva do Espiritismo para muitos dos que o procuraram. Durante fase dificil de sua vida, em que as perseguições - sob o pretexto de curandeirismo - o levaram a prisão, foi através de indulto do próprio presidente da Republica, Juscelino Kubischek, que foi libertado.

    Nos últimos anos, com o final da guerra fria e o retorno a normalidade democrática em todos os paises da Europa, o Espiritismo tem retornado gradualmente a este continente. Grupos espíritas se formaram imediatamente em Portugal e na Espanha após o fim das proibições e, no resto do continente, aos poucos, superando a cultura materialista imperante após o período das guerras. Merece menção, neste grande trabalho de renascimento do Espiritismo, o esforço abnegado dos imigrantes brasileiros, que passaram não só a criar nucleos espíritas em seus países de adoção, como a apoiar os movimentos espíritas locais. Como médiuns, tradutores de obras espíritas do português para as linguas nativas, interpretes de conferêncistas e de médiuns em viagens, contribuiram significativamente suprindo as deficiências causadas nestes paises pelas turbulências do século XX. Conferêncistas brasileiros também tiveram e estão tendo papel importante nesta fase histórica. Podemos citar rapidamente, como exemplo - pois uma análise detalhada desse trabalho de divulgação, fazendo juz a todos os que participaram dele, demandaria uma série de artigos - nomes como Divaldo Pereira Franco, Miguel de Jesus Sardano e Reinaldo Leite.

    Nos demais paises da América Latina, o Espiritismo vai relativamente bem, tendo enfrentado dificuldades com as revoluções e guerras civis, mas sobreviveu até mesmo em Cuba. A america latina também tem dado grande grande contribuição ao movimento espírita internacional e, da mesma forma que o Brasil, tem contribuido com médiuns, tradutores, trabalhadores e conferencistas como, por exemplo, Juan A. Durante.

    Nos Estados Unidos vem se instalando gradativamente, ressentindo-se talvez mais que na Europa, do materialismo e do consumismo vigentes. Os grupos espiritualistas americanos, sucessores do "Modern Spiritualism", ainda existem, mas são bastante dispersos e cada qual seguindo seu caminho próprio, o que dificulta muito uma colaboração mais efetiva. O lado positivo é que em sua maioria já aceitam a reencarnação sem maiores restrições[2].

    Pelo próprio escopo do artigo, é natural que se fique devendo aos leitores um panorama mais amplo das biografias dos grandes vultos da Doutrina Espírita. Incontáveis seriam os nomes que deveriam figurar em uma história detalhada, começando pela própria esposa de Kardec, Amélie Gabrielle Boudet, educadora como ele e sua colaboradora de todas as horas:

    Léon Denis, Cammille Flammarion, Gabriel Dellane, Eusapia Palladino, Amalia Domingo Soler, Miguel Vives y Vives, Cosme Mariño, Euripides Barsanaulfo, Batuíra, Bittencourt Sampaio, Analia Franco, Caibar Schutel, Teles de Menezes, Ivone A. Pereira, Francisco Valdomiro Lorenz, Vinicius, Herculano Pires, José Gonçalves Pereira ....
 


Notas Explicativas

1 - Em geral pode se considerar que este período histórico começa com a primeira guerra mundial em 1914, se estende entre guerras com o estabelecimento do comunismo, do facismo e do nazismo, prossegue com a guerra civil espanhola de 1936, a grande guerra de 1945, as guerras na ásia e a guerra fria até o fim dos anos 80. Pode-se dizer que entre a primeira guerra mundial e o fim da união soviética na década de 90 o mundo viveu um período contínuo de tensão, com o consequente apego ao imediatismo materialista, mesmo porque grande parte da Europa ficou, por longo tempo, sob regimes ditatoriais e violentos.

2 - É interessante notar que a diferenciação entre "Modern Spiritualism" - Espiritualismo Moderno - é bastante sutil e na maior parte das vezes sem muita importância. Na realidade o que ocorreu foi uma lentidão na difusão das obras de Kardec nos meios espiritualistas de lingua inglesa. Essa demora foi em parte provocada pela rejeição que americanos e ingleses tinham quanto a idéia da reencarnação, em parte pela diferente visão quanto ao papel das comunicações dadas pelos espíritos. Enquanto Kardec - e os Espíritas - consideram as comunicações como meio de estudo, objeto de análises critícas e sujeitas ao critério da concordância, os espiritualistas de lingua inglesa as viam como revelações de um plano superior e os espíritos que as transmitiam, acima de suspeita por serem guias iluminados.  Não só pioneiros do Espiritismo, como Léon Denis continuaram utilizando o termo "Espiritualismo Moderno", junto com "Espiritismo", como em tempos recentes Júlio Abreu Filho traduziu a obra de Connan Doyle - History of Modern Spiritualism - para o português com o titúlo de "História do Espiritismo" (Editora Pensamento).  O resultado desta opção de tradução é que o leitor espírita se surpreenderá ao notar, em uma história do "Espiritismo" o pequeno espaço reservado ao trabalho de Kardec e o posicionamento do autor contrário a reencarnação, principalmente se não prestar atenção no prefácio, onde Herculano Pires alerta sobre a questão.

    A propósito, o motivo que levou Kardec a criar uma nova palavra - Espiritismo - foi para evitar mal-entendidos.  A designação "Moderno Espiritualismo" não é muito precisa, uma vez que espiritualista é todo aquele que crê em algo além da matéria e não necessariamente em espíritos e na sua possibilidade de comunicação conosco.




Comentários
Porque sou Espírita Kardecista, Ednilsom Montanhole, Brasil

(Ver texto "Porque Não Sou Espírita Kardecista" do Wladisney, Boletim 429)

    Existem algumas correntes dentro do Espiritismo que contestam o uso do termo "Kardecista", dizendo que não existe mais de um tipo de espírita, apenas aquele seguidor da codificação de Kardec, e que por isto mesmo é uma redundância.

    Devo primeiramente dizer que concordo plenamente com esta argumentação, posto que ela está baseada na própria codificação, a qual não há absolutamente motivos para contestar.

    Mas para me apoiar, vou usar a mesma codificação, especificamente o Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu capítulo XVII, item 10, o segundo parágrafo nos diz:

   "Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa santificar."

    Assim, no meu entender, devemos viver o hoje, e não o período em que Kardec estava vivo. Acontece, que quando Kardec cunhou o termo espiritismo, ele estava sozinho em sua tarefa. Nesses nossos dias, uma miríade de variantes que seguem ou não os ensinos que ele nos legou também denominam-se espíritas.

    Vejam o caso de meu vizinho, ótima pessoa, moral elevada, bom pai, trabalhador, nada que o desabone. Ele é médium. E freqüenta um centro de Umbanda. Vá, qualquer um destes que dizem que espiritismo só tem um, dizer-lhe que ele não é espírita. Ele fica uma fera! E vai argumentar uma dúzia de motivos que o fazem crer que é espírita.

    Agora, não importa se ele está certo ou errado, o fato é que esta visão se espalha por toda a nossa sociedade. Qualquer um que não esteja diretamente ligado ao Movimento Espírita faz esta associação. Já vi evangélicos referindo-se a nós como "saravá", já vi católicos surpresos ao me declarar cristão, um colega judeu me perguntou se era eu que matava as galinhas do despacho, e por aí vai...

    Em língua portuguesa, quando determinadas palavras, mesmo que alienígenas, tornam-se de uso corrente, elas são incorporada à língua. Hoje encontramos no Aurélio termos como deletar, escanear e laioute, estrangeirismos que devido ao uso e costume fazem agora parte de nosso vocabulário diário.

    É assim que encaro o termo Kardecista. Quando começam a falar comigo sobre despachos, eu simplesmente comento: "Sou Kardecista", e a conversa muda de rumo.

    Vivemos no mundo, e devemos "nos sacrificar às suas frivolidades", dizer-se Espírita Kardecista é uma delas, sem dúvida uma redundância, talvez até mesmo um desapreço ao nosso caríssimo Allan Kardec que certamente o desagradaria, mas na falta de termo melhor para me identificar em meio a este caldo que o pensamento popular chama de espiritismo, que seja.

    Ednilsom Montanhole



Resposta a Pergunta da Adriana sobre Mediunidade

(Pergunta Veiculada no Boletim 429)
Cara Adriana,

        Sim, é possível. A respeito especificamente de como se dá o processo recomendo a leitura do livro "Nos Domínios da Mediunidade" de autoria de André Luiz (espírito), psicografado por Chico Xavier, no capítulo chamado: "Psicofonia sonambúlica". Lá André Luiz descreve o processo de afastamento do médium de seu corpo. Médium, espírito, pode colocar-se à distância do corpo, indo a outros locais realizar outras tarefas, mas não se desliga do corpo, mantém-se vinculado a ele, vinculação que só pode se romper com a desencarnação.

        Conheço pessoalmente dois casos assim. Um deles de um presidente de uma conhecida Casa Espírita no Brasil que, ao servir de médium para seu orientador espiritual, vai andar pelo Centro para verificar como está o andamento das tarefas e recolher impressões sobre elas, incentivado pelo próprio Espírito.

        Outro de um médium completamente sonambúlico que se afasta do corpo a ponto de, durante uma comunicação que presenciei, querendo eu pedir uma informação ao médium, o Espírito pediu um tempo para pedir para "buscá-lo" onde estava e ele, fora do corpo, falou ao Espírito que se comunicava, que me passou o recado. O Espírito incorporado serviu de "médium do médium" tal o grau de despreendimento do corpo físico no processo de psicofonia sonambúlica.

Muita paz.
Pedro Vieira



A Clonagem sobre o Ponto de Vista Reencarnacionista, Nelson Sauders, Brasil

Prezados editores,

    Durante leituras sobre a clonagem deparei com posições contraditórias a respeito desta técnica do ponto de vista reencarnacionista, ético e moral na perspectiva espírita. Em virtude do fato de encontrar fundamentação nos pressupostos desses autores, gostaria da contribuição deste Conselho Editorial concernente a esta temática, devido à consistência  doutrinária, filosófica e científica apresentada nos textos e discussões que encontro no Boletim GEAE. Para sustentar esta questão cito primeiramente Rodigues, Henrique ("Sexo, TVP, Clones e outros temas: abordagem espírita", EMF, São Paulo, 1998).

 "os corpos em formação no útero aproveitam o material genético dos pais, e principalmente da mãe, até o nascimento. Depois cada ser, de acordo com seu padrão vibratório e estruturação dos campos morfogenéticos, deixa transparecer na forma, o que já existia na fôrma, independente do processo de fecundação ou gestação. É o"carma" de cada um (1998:44)
    Em seguida ele enfatiza que quanto aos clones, alguns condenam, e outros não. E indaga:
"E se Deus estiver querendo modificar a sistemática de reencarnação? Não se pode dizer que estamos querendo contrariá-Lo. O tempo é o senhor da razão. Deixe-o passar, e ele mostrará onde a verdade se esconde..." (1998:45)
    Reforçando esta idéia e fundamentando nos mecanismo moleculares que possibilitam a reencarnação envio um texto anexo (abaixo).

NA CLONAGEM A MOLÉCULA DE DNA ATRAI O ESPÍRITO À REENCARNAÇÃO
(FE - Abril de 1997 entrevista a Marlene Nobre)
    O médico e mestrando da USP, dr. Sergio Oliveira, durante a aula do curso de genética que ministra as 5ª feiras, na AME-SP, para médicos, profissionais de saúde e estudiosos da ciência do espírito, esclareceu dúvidas quanto a questão da clonagem.

O que é clone?

    Os clones são conjunto de células de mesma carga genética. Já existem de forma natural. Os gêmeos univitelinos pôr exemplo, são uma clonagem da natureza. Neste caso, só uma célula ovo vai dar origem a dois seres, geneticamente idênticos, mas com impressões digitais diferentes. São idênticos do ponto de vista genotípico, porque têm a mesma carga genética, mas não são iguais quanto à fenotipia. No caso desses gêmeos, os bebezinhos estarão acomodados, no útero materno, um à direita e outro à esquerda, porque, é óbvio, dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Isso, pôr si só, já traz influências estereoespaciais diferentes. As ovelhinhas também não são iguais na fenotipia, porque foram geradas em espaços físicos e tempos diferentes. Essa diferença vai ser ainda mais acentuada pelo fato de que dois Espíritos vão estar ocupando cada um dos conjuntos de células que vai dar origem a um novo ser. No caso das ovelhas, são os princípios inteligentes diferentes. Na clonagem, é importante ressaltar, que há semelhança de corpos, mas os seres não são idênticos., uma vez que receberão influências estereoespaciais diferentes. E experiências diferentes é o mesmo que seres diferentes. O clone pode ser entendido, assim, enquanto genética, mas não enquanto ser. Se fizer um estudo comportamental na Dolly e na ovelha fornecedora da célula mamária que a originou, vamos ver que são seres diferentes. Elas vão ter semelhanças comportamentais? Vão, porque existem determinados tipos, padrões de comportamento que são genéticos. Pôr exemplo, o papagaio, imita o som, já nasce com esse tipo de comportamento, mas vamos ter o papagaio mais arisco e o mais afetuoso, o que aprende mais fácil e o que tem mais dificuldade. Existem, assim, nuances diferentes dentro da mesma espécie. No caso da Dolly, elas vão ter semelhanças mais do que se tem entre duas ovelhas, mas não mais do que se tem nos gêmeos univitelinos. Quanto menos células mais dificuldade de se achar diferenças, mas no caso de ovelhas e macacos já fica mais difícil, as diferenças são mais perceptíveis, porque são seres mais complexos, já são trilhões de células, de modo que as diferenças se acentuam.

   Quais as condições criadas em laboratório que permitem ao espírito ou princípio inteligente reencarnar, como no caso da Dolly. Os cientistas utilizaram uma célula mamária de uma ovelha - poderiam ter empregado uma outra, pôr exemplo, do fígado, do estômago - e fizeram essa célula regredir à forma blástica. Nessa condição, a célula tem características muito próximas da fase embrionária e assume a sua capacidade de totipotência, isto significa que tem grande capacidade de reprodução, de se multiplicar, e também de diferenciação em muitos tipos celulares. Qualquer espécie de tratamento que se faça, químico ou pôr indução de outras células ou núcleos, para levá-la à forma blástica, já se está repetindo a instância embrionária e propiciando as condições para a reencarnação. No caso de Dolly, a técnica empregada utilizou duas células, mas creio que vai ser possível realizá-la com uma só, dependendo do ponto de regressão a que se chegue. O que pode atrair o espírito do ponto de vista físico, é a molécula de DNA. Pôr isso, usa-se o núcleo da célula e o material genético. Na forma blástica, o DNA vai ter um determinado padrão de abertura de suas alças de tal sorte que permite o funcionamento das áreas genéticas da ontogênese. Que áreas genéticas são essas? Exemplo: os homeoboxes, genes responsáveis pela formação do esqueleto axial do embrião, são eles que vão permitir a clivagem das células, encaminhando algumas delas para a esquerda, para cima, para baixo, porque é a direção que essas células tomam no embrião, que vai determinar o conjunto de órgãos que vão formar. Desse modo, os genes da ontogênese, só funcionam enquanto o corpo está sendo formado, depois disso, eles se fecham, não mais exercem essa função e outros vão se abrir. O gene é regulado pôr um relógio que vai dizer a que horas cada alça vai estar funcionando. Pôr essa razão, quando se consegue reduzir para a forma blástica, abre-se as alças da ontogênese, e , daí, pode sair um embrião.

Qual o mecanismo mais íntimo dessa atracão Espírito-DNA, no processo reencarnatório?

    O gene tem uma estrutura única, muito interessante. Nele, há um campo de forças, que une os átomos entre si, são forças eletromagnéticas. Como decorrência disso, as forças de Vandervaus, as iônicas, as covalentes, as pontes hidrogeniônicas, são todas padrões de força para unir um átomo a outro para que seja possível construir a molécula de DNA, mas o comando dessas forças vem do interior do átomo, onde, obviamente, não existe matéria, encontramos o períspirito. Este tipo de estrutura é detectado na forma do que os físicos chamam de energia flutuante quântica do vácuo. É o perispírito que está ali.. Então, numa estrutura interna, o perispírito vai agindo sobre o DNA, induzindo-o a se abrir ou a se fechar, conforme as ordens de comando vindas do espírito. O que acontece? Dentro da estrutura atômica, existe uma força chamada nuclear fraca. Esta forma um túnel com a força eletromagnética, matematicamente, pode-se juntar essas duas forças. A força nuclear eletrofraca é intra-atômica, então, ela está mais ligada ao universo do vácuo atômico e as forças eletromagnéticas são interatômicas, estão do lado de fora. Tem-se, assim, um túnel que liga o lado de dentro com o lado de fora, sendo que as ordens de comando do períspirito vêm pôr dentro, abrindo ou fechando essas alças, através do túnel de comando para as forças eletromagnéticas. O que vai acontecer então? O processo de passagem de uma ordem de comando do períspirito para a estrutura molecular, esse túnel produz matéria que a unificação do conjunto celular passa a agregar. Para a agregação da matéria há a atuação de uma força gravitacional, então, tem-se uma atração de massas para o corpo que vai sendo formado pôr células que vão se aglomerando. No processo de proliferação celular dentro do útero, vai ocorrer um processo de materialização. Há uma agregação de matéria como na origem do uni, onde está presente também a força gravitacional. São campos de grávitons que estão ligados à estrutura de gravidade do planeta. É pôr essa razão que o períspirito possui as características próprias da esfera, do planeta no qual está sediado. Se se vai para outro mundo, muda o perispírito, porque o campo de grávitons é outro. A interação dessas forças intramoleculares vai permitir a indução do processo de proliferação celular. Do ponto de vista físico-químico, o DNA não difere de qualquer molécula do organismo, mas no aspecto estrutural, diferencia-se pôr funcionar como uma lente atratora-redutora. Assim, a molécula do DNA atrai as energias perispirituais não mensuráveis e materializa-as permitindo a transdução dessa matéria quintessenciada para a matéria biológica. No caso do laboratório, para fazer um campo atrator para o espírito reencarnar é preciso uma molécula com a formação lenticular como a do DNA, sob as condições da fase embrionária ou de totipotência.

Quer dizer que o conjunto dessas forças leva à materialização do corpo, ao renascimento?

    Sim, há uma malha eletromagnética extra-atômica, ligada pôr uma espécie de túnel com a malha de forças intra-atômicas, representada pela força nuclear fraca, a qual , pôr sua vez, tem ligação com a energia flutuante quântica do vácuo. Nesse vácuo atômico tem-se todo um campo de grávitons que vai fazer com que haja agregação de matéria. Na verdade, esse campo de grávitons é que vai dar a característica lenticular para a molécula, permitindo o processo de materialização. Se observarmos bem, o útero materno é uma sala de materialização. É aí, nessa câmara escura que se dá a transdução de matéria ?invisível? para a matéria tangível, biológica. A abertura dos genes da ontogênese dá à célula altíssima capacidade de multiplicação, com grande velocidade. No câncer, isso ocorre de forma anômala, porque as células perdem o comando equilibrado do espírito. Uma vez abertos, esses genes têm capacidade de concentrar ectoplasma e transformá-lo em fótons, empacotando-o sob a forma de ATP - trifosfato de adenosina. No caso da Dolly, escolheu-se um núcleo que tinha DNA para que houvesse um campo atrator. Essa estrutura faz tudo sozinha, sabe empacotar e desempacotar. Nós a rigor, não sabemos nada. Não temos idéia de como funciona o gene.

Basta apenas a abertura dos genes da ontogênese para haver reencarnação?

A estrutura genética é um agente predisponente, mas não determinante. Nesse caso, os fatores espirituais vão ser determinantes. Creio que as experiências de clonagem vão possibilitar maiores certezas de que a espiritualidade existe. Quando se fizer a clonagem humana e constatar-se o nascimento de dois seres diferentes, embora com carga genética igual e, muitas vezes, com diferenças pronunciadas, as indagações vão exigir respostas convicentes. O que está pôr trás dessas diferenças?


    Por outro lado, Ângelis, Joanna de (espírito). Dias gloriosos; Psicografado por Divaldo P. Franco. Salvador: Livraria Espírita Alvorada, 1999. argumenta que
"a clonação do ser humano perde a possibilidade de tornar-se realidade, em razão de a vida não se repetir no campo da inteligência sem o seu agente pensante, encarregado de definir os rumos do progresso, partindo da destinação que lhe está reservada pela Vida que o apresenta simples e ignorante, para ir-se equipando de valores; à medida que se reencarna e desdobra o incomparável potencial nele jacente que aguarda oportunidade" (1999:90).
    Estas referências teóricas apresentam outras argumentações referentes à clonagem e suas implicações. Mencionei as citações acima a título de ilustração.

Face ao exposto aguardo, dentro do possível, uma resposta deste Conselho. Que a luz divina ilumine o trabalho desse Grupo.

Saudações,
Nelson Saunders




Perguntas
O Que Aconteceu com o Conteúdo do Boletim, José Ricardo, Brasil

Prezados irmãos,

    Foi com enorme satisfação que recebi o novo Boletim (429). O GEAE finalmente reencarnou. Só fiquei muito triste ao ver que não havia nenhum "link", o conteúdo maravilhoso sumiu. Vamos ter tudo isto de volta?

    Muita Paz ... e que brilhe a vossa Luz!

Com votos de muita PAZ do Irmão,
José Ricardo


Caríssimo José,

    Talvez não seja do seu conhecimento que o GEAE ficou por quase dois meses fora da Web por problemas com provedor. Tivemos que mudar de provedor e reiniciar a construção da nova página, a qual já se encontra na Web e gradativamente os links serão restabelecidos.

http://www.geae.inf.br/

    Com relação ao conteúdo imagino que não tenha havido nenhuma mudança substancial, uma vez que o GEAE não mudou em nada em sua proposta de estudo fraterno da Doutrina Espírita.

    Contamos com a sua compreensão e quem sabe até mesmo com alguma contribuição para fazermos do GEAE um forum onde a participação dos seus membros seja realmente intensa e por via de consequência o contúdo muito rico em troca de experiências.

Muita Paz,

Antonio Leite
Editor GEAE



Pergunta sobre o Perispírito, Katia, Brasil

    Satisfação e alegria à todos, Gostaria de se possível receber uma resposta sobre qdo recebemos um perispírito, qdo ainda como princípio inteligente? Pois se até a pedra tem um alo de luz?! Desde já agradeço a atenção.

Muita paz.
Katia Pelli




Painel
Notícias sobre o Movimento Espírita em Portugal, Associação dos Divulgadores de Espiritismo de Portugal, Portugal

http://www.terravista.pt/bilene/3095/

CURSO DE ESPIRITISMO EM RIO TINTO (PORTO)

    Inicia na próxima quarta-feira, no 1.º piso da sede Comunhão Espirita Cristã, em Rio Tinto, um Curso Básico de Espiritismo que vem sendo anunciado desde final do passado ano. Com início às 22h05 e término às 22h40, este curso vai abordar, com recursos didácticos, 10 capítulos, sendo alguns deles O QUE E' O ESPIRITISMO, A REENCARNAÇÃO, PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS, ESPIRITISMO E OUTRAS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS, etc. A inscrição é gratuita e a turma dispõe ainda de algumas vagas que poderão ser preenchidas até ao próximo dia 7 de Março.

ENCONTRO NACIONAL DE JOVENS

    Os órgãos de comunicação social portugueses estão a receber um 2.º comunicado sobre o 19.º Encontro nacional de Jovens Espíritas que terá lugar nas Caldas da Rainha, no próximo fim-de-semana. Curiosidades: associações espíritas presentes: 21; 233 participantes.

ADEP PROMOVE COLÓQUIO SOBRE CURSO DE ESPIRITISMO

    A Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal vai levar a cabo um colóquio, no próximo dia 2 de Março, no Porto, no Centro Espírita Caminheiros da Luz, sábado à tarde (conforme cartaz e desdobrável já enviados às associações espíritas portuguesas).

8.º ANIVERSÁRIO DO CEBV

    O Centro Espírita Boa Vontade, comemorou no passado, dia 2 de Fevereiro o seu oitavo aniversário, um encontro simples, mas muito bem animado pelos jovens, que mais uma vez surpreenderam e emocionaram com representação dramática e canções espíritas. Seguiu-se o lanche e um momento de confraternização entre jovens e adultos.




Informações Gerais - http://www.geae.inf.br/pt/faq
Conselho Editorial - editor@geae.inf.br
Coleção dos Boletins em Português - http://www.geae.inf.br/pt/boletins
Coleção do "The Spiritist Messenger" - http://www.geae.inf.br/en/boletins
Coleção do "Mensajero Espírita" - http://www.geae.inf.br/el/boletins