Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec


Ano 10 - Número 426 - 2001            24 de dezembro de 2001

Conteúdo

Editorial

Textos Comentários Perguntas

Editorial
Problemas com o site do GEAE e com a distribuição dos Boletins


Amigos,

    No final de setembro e inicio de outubro tivemos problemas técnicos com nossa página e constatamos que o suporte técnico do nosso provedor não atendia as nossas expectativas. Após varias tentativas frustadas de reestabelecer a operação normal do GEAE, decidimos mudar de provedor. A mudança de Provedor acabou implicando na reconstrução da página, pois as características dos serviços de hospedagem são diferentes, e no registro de um novo domínio. Nosso dominio anterior, atualmente está inoperante - estamos tentando transferi-lo para o novo site - e temos um novo endereço:

        http://www.geae.inf.br

    Pedimos a todos a todos que atualizem seus links e bookmarks com este novo endereço e, aproveitamos também, para pedir compreensão pela nossa ausência. Devido a mudança do provedor, acabamos ficando com as listas desabilitadas e somente agora pudemos reestabelece-las na situação anterior ao problema. A página está sendo reconstruida aos poucos e em breve teremos todas as funcionalidades de volta.

    Atenciosamente,
    Os Editores
      editor@geae.inf.br



Prece pelas vitimas do atentado de 11 de setembro


Amigos,

    Pedimos que se juntem a nós em uma prece pelas vítimas do atentado de 11 de setembro, pelas que desencarnaram no trágico evento; por seus parentes; pelas crianças, atingidas pela perda de pais e familiares. Não nos ocorre prece mais oportuna que a de Cáritas, cujas palavras expressam tudo o que gostariamos de pedir ao Criador em um momento como este,

Deus, nosso Pai, que sois todo Poder e Bondade,
dai a força àqueles que passam pela provação,
dai a luz àquele que procura a verdade,
ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.

Deus ! Dai ao viajor a estrela guia,
ao aflito a consolação,
ao doente o repouso.

Pai ! Dai ao culpado ao arrependimento,
ao Espírito a verdade,
à criança o guia,
ao orfão o pai.

Senhor ! Que vossa bondade se estenda sobre tudo o que criastes.

Piedade, Senhor, para aqueles que não vos conhecem,
esperança para aqueles que sofrem.

Que a vossa bondade permita aos Espíritos consoladores derramarem por toda a parte
a paz, a esperança e a fé.

Deus ! Um raio, uma faísca do vosso amor pode abrasar a Terra;
deixai-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e infinita,
e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão.

Um só coração, um só pensamento subirá até vós,
como um grito de reconhecimento e de amor.

Como Moisés sobre a montanha,
nós vos esperamos com os braços abertos,
oh ! Bondade,
oh ! Beleza,
oh ! Perfeição,
e queremos de alguma sorte merecer a vossa misercórdia.

Deus ! Dai-nos a força de auxiliar o progresso a fim de subirmos até vós;
dai-nos a caridade pura,
dai-nos a fé e a razão;
dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas o espelho
onde se refletirá a Vossa Imagem.

    Os Editores,
    editor@geae.inf.br



Feliz Natal


Amigos,

        Narra a história, que pelos fins da Idade Média, o espírito do Cristianismo estava perdido nas cerimonias e na pompa do clero secularizado, religiosos mais preocupados com a herança de César do que com as inesqueciveis lições do Nazareno. Quando a noite se fez mais escura, em uma época em que os homens chegaram ao extremo de matar para conquistar o pedaço de terra em que Ele viveu, usando seu nome para justificar a crueldade, uma luz se acendeu na Italia. Lá, em Assis, um homem começou a reconstruir a igreja do Caminho.

        Francisco, o "Pobrezinho", mudou o mundo, de forma suave, como todo verdadeiro emissário do altissimo age. Restaurou a alegria da Boa Nova, mostrando que ela não se reduzia ao temor do inferno, muito menos no temor a Deus, que antes deve ser amado como Pai bondoso e justo. Novamente no mundo se ouviram as palavras do Rabi galileu ditas por um coração que as compreendia perfeitamente.

        E na restauração da mensagem evangélica, Francisco recriou a cena do nascimento do Salvador, dando origem a tradição do presépio. Restaurando o espírito de Natal, ele mostrou o Jesus que não se negou a nascer entre os mais humildes e despossuido de tudo, tudo conquistou. Tão bela tradição perdurou durante séculos e até recentemente ainda era o centro das atenções na decoração Natalina. Hoje perdeu muito de seu brilho, no mundo consumista - nesta nossa nova noite espiritual - sintomaticamente os homens preferem as casinhas de Papai Noel, com suas renas e seus sonhos de muitos presentes.

        Hoje, estamos como que perdidos em um mundo globalizado - em que o egoismo se globalizou e os bons sentimentos se escondem, por não serem competitivos - mas temos a esperança que no espírito do Natal se encontre o caminho para a volta. Assim lhes desejamos um Feliz Natal, não como a midia espelha, mas um Natal como o que Francisco recriou, um Natal de Paz, de Amor e de Felicidade. Um Natal em que as esperanças de um mundo melhor renascem, renascem porque sabemos que acima de tudo, Ele está com todos aqueles que, de boa vontade, se unem na busca do seu reino. E mesmo que falhemos nesta busca, Ele ainda assim não nos desamparará e, se for necessário, não desdenhará renascer em uma manjedoura para nos ajudar.

         Um Feliz Natal e que a Paz esteja Convosco,

        Os Editores,
        editor@geae.inf.br



Textos
A Gênese Segundo o Espiritismo (Resumo), Joel Matias, Brasil

CAPÍTULO II

D  E  U  S

Existência de Deus - Da natureza divina - A Providência -   A visão de Deus.

Existência de Deus

     Muito embora as forças materiais atuem mecanicamente, pelas leis de atração e repulsão, como as plantas nascem, brotam, crescem e se reproduzem sempre da mesma maneira, por ação do calor, eletricidade, luz, umidade, não se pretende afirmar que tais forças sejam inteligentes. São postas em ação, distribuidas apropriadamente de modo a produzir um efeito útil por uma causa inteligente. "Deus não se mostra, mas se revela pelas suas obras".

Da  natureza  divina

    Falta-nos o sentido próprio para compreender a natureza divina, o qual só adquiriremos com a completa depuração do espírito. Podemos, no entanto, conhecer seus ATRIBUTOS:

1)- Deus é a suprema e soberana inteligência;
2)- Deus é eterno; (Não teve começo nem fim).
3)- Deus é imutável;
4)- Deus é imaterial; (Se não o fosse estaria sujeito a mudanças).
5)- Deus é onipotente;
6)- Deus é soberanamente justo e bom; (Se tivesse qualquer resquício de maldade, não poderia ser infinitamente justo, bom e perfeito).
7)- Deus é infinitamente perfeito;
8)- Deus é único;
    Assim, qualquer religião, filosofia, dogma, que estiver em contradição com quaisquer destes atributos divinos, não poderá estar com a verdade. "A religião perfeita será aquela cujos artigos de fé jamais contrariem tais atributos, suportando a prova de verificação sem nada sofrerem".

A Providência.

    A ação providencial divina se faz sentir nas menores coisas, demonstrando que tudo vê, a tudo preside, está em toda a parte agindo através das LEIS GERAIS DO UNIVERSO  de modo que toda a criatura está submetida à sua ação, sem que haja necessidade da intervenção incessante da Providência.

    Imaginemos um fluido inteligente que preencha todo o universo, de modo que a Natureza inteira esteja mergulhada neste fluído divino. Assim, todos os seres estão saturados dele, de modo que qualquer pensamento, por menor que seja, estará diretamente em contato com o Criador. "Estamos NELE como ELE está em nós".

    Assim como uma sensação em qualquer parte do corpo é percebida pelo espírito, através do fluído perispirítico , também o pensamento de qualquer criatura será instantaneamente sentido por Deus.

    Admitindo-se que deva haver um centro de onde a Soberana Inteligência irradie incessantemente por todo o Universo, pode-se supor também que percorra constantemente todas as regiões do espaço, ou ainda que não necessite movimentar-se por sua CONSCIÊNCIA abranger todo o Universo, podendo assim estar em qualquer local ao mesmo tempo.

A  visão  de  Deus

    Enquanto encarnados podemos ter a compreensão de Deus através de seus atributos. Somente nossa alma pode ter a percepção de Deus, percepção esta que será maior à medida que o espírito progrida moralmente através de suas várias encarnações, despojando-se das imperfeições que lhe toldam a visão espiritual, até alcançar a plenitude de suas faculdades. Somente as almas puras, portanto, possuem a faculdade de ver o Criador.



A Vida, Gilberto da Costa Valle, Brasil

    A vida é o sopro do Criador que percorre toda a Criação, incessantemente, animando tudo que nela existe. Verificamos o movimento estuante da vida em toda a Natureza. Basta um simples olhar, mais atento, à nossa volta para percebermos este inexaurível dom de Deus.

    Percebemo-la desde o movimento elétrico das partículas subatômicas até o distante brilho de uma estrela, que fulgura no zimbório azulado do horizonte.

    Os átomos se reúnem na constituição da matéria e os astros se sustentam uns aos outros na dinâmica do Universo, graças a esta divina vibração.

    Vemo-la maravilhosa no caminhar das formigas a carregar o alimento necessário ao seu sustento; no vôo incessante de belas borboletas, que nos encantam a visão; no mavioso canto dos pássaros; no trabalho das abelhas, que laboriosas buscam o néctar que as flores lhes possam oferecer e até mesmo na atividade dos cupins que, vorazes, nos roem a peça de madeira.

    A luta pela sobrevivência, que muitas vezes assistimos perplexos, também nos dá notícia da vida.

    Viver é a necessidade e a aspiração íntima de todos os seres da Criação. Nenhum ser que tenha sido criado foge desse imperativo. O iluminado mentor Emmanuel nos diz em determinada página que da morte podemos escapar, mas, da vida ninguém fugirá jamais.

    A semente, que brota vitoriosa da cova escura, nos fala desta força misteriosa.

    Até na ferrugem que nos corrói o objeto de metal identificamos a ação da vida que não cessa.

    Milhares de seres microscópicos pululam na face fértil do solo planetário ou no rico líquido aquático que nos banha as terras. Uma infinidade de bactérias, vírus, fungos, algas e protozoários minúsculos se agitam em toda a parte, movidos pela força da vida.

    É do nosso conhecimento que aproximadamente 90% do oxigênio que nos garante a vida é produzido pelas algas.

    Bactérias nitrificantes trabalham pela vida tanto quanto fungos quase insignificantes levedam a massa do pão que nos sustenta a mesma.

    O sol é fonte de vida.

    A chuva fertiliza a vida.

    O vento transporta a vida.

    O sorriso de uma criança nos fala de vida, e o choro também.

    A lágrima que corre cristalina pela face de uma mãe nos fala de vida, porque a vida é a mais bela e soberba manifestação do amor.

    Olhemos para nosso corpo e pensemos na quantidade de células, seres pequeninos que nos servem em nome da vida e reflitamos no pulsar do coração que bate no compasso adequado milhares de vezes por dia para nos mantê-la.

    E o que é a morte, senão a transformação da própria vida, que se renova triunfante.

    Além da vida encontramos a vida.

    Além do que podemos perceber com nossos limitados sentidos, a vida prossegue incessante.

    Reconhecidos e jubilosos louvemos a Deus pela Vida.

Gilberto Costa Valle



Que fazer agora? Carlos Iglesia, Brasil

(Texto escrito após 11 de setembro em resposta a questões enviadas ao GEAE)

    Pergunta difícil que nos chega pela Internet e que também se coloca em nosso intimo - Diante do horror da violência, que, no atentado terrorista, fez tombar milhares de vítimas inocentes e colocou todos nós diante da fragilidade de nossa vida cotidiana, que fazer ?

    Não podemos - e nem temos o direito de responder - com relação as medidas que a nação americana tomará, não nos cabe palpitar em domínios dos quais não temos conhecimento ou dos quais não participamos, podemos apenas responder como cidadão deste pequeno mundo, cada vez menor, como ser humano e como espírita.

    Somos seres frágeis, nossa vida cotidiana - nossas certezas, nossa segurança - tem bases muito tênues. Cá estamos, neste mundo, como passageiros de uma viagem muito curta. A violência que a todos nós ameaça, é apenas o lembrete mais forte desta realidade, que em tempos passados se mostrava - talvez mais suavemente - pela doença, pelo avanço da idade, pelos acidentes ou pelas guerras distantes.

    Neste instante, como seres humanos, nos parece que o desespero, o medo - a insegurança enfim, venceram ...

    Respondem-nos porém nossos amigos do mais além: Somos a constatação viva de que a morte não existe! A violência, condenável, não destrói o ser eterno - tende fé, os que partiram agora iniciam nova etapa de sua vida, as vítimas amparadas por amigos e parentes do outro lado e os agressores - Deus tenha piedade deles - pela lei de causa e efeito, jungidos a seus crimes e a comparsas tão insanos quanto eles. Para uns, amparo fraterno e recomeço, para os outros, começo de expiações seculares.

    As dores da vida, quando superadas pela fé - não a fé cega, mas a certeza oriunda de que nosso mundo é apenas uma escala na vida eterna - doem menos. Não podemos ainda viver em um mundo sem o mal, mas podemos contribuir para que esse mal não se propague e mesmo diminua.

    Não propaguemos o mal, não façamos apologia da vingança, confiemos na justiça dos homens e na de Deus. Amparemos os que perderam seus entes queridos, com a certeza de que vivem e que se sofreram, agora estão bem, de que a separação é temporária. Amparemos os que passam por situações dificeis, mostrando-lhes que o sofrimento, quando levado sem revolta, um dia termina e que pode servir de apoio para passos maiores na jornada evolutiva da alma.

    Vivamos normalmente, certos de que nas horas difíceis, de um modo ou outro, Deus encontrará meios de nos amparar. Se pelas circunstâncias de nosso destino - regido não só pelas leis de causa e efeito, como também pela de progresso, nosso e da humanidade - nos encontrarmos diante de situações que nos sujeitam a dor e ao sofrimento, a sermos vítimas da violência e do terror, lembremo-nos daquele homem inocente que diante da tortura e da morte - a mais ignomiosa e dolorosa possível dentro dos códigos legais de seus agressores - não só se manteve sereno, como ainda pediu "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem".

    Nossos pensamentos de solidariedade e de apoio a todos os que foram vítimas inocentes na tragédia deste setembro, nossos votos sinceros de que encontrem forças para superar as perdas e as dores, nossa esperança de que tamanho horror não se repita jamais.

    "Vendo a multidão, ele subiu a colina e, assentando-se, aproximaram-se seus seguidores. E abrindo a boca se pôs a ensiná-los, dizendo:

Felizes os pobres em espírito,
        porque deles é o reino dos céus.

Felizes os que estão aflitos,
        porque serão consolados.

Felizes os humildes,
        pois eles herdarão a Terra.

Felizes os que têm fome e sede de retidão,
        porque serão saciados.

Felizes os misericordiosos,
        pois eles encontrarão misericórdia.

Felizes os de mente pura,
        porque eles entenderão a Deus.

Felizes os pacificadores,
        pois eles serão chamados Filhos de Deus.

Felizes os que são perseguidos por causa da retidão,
        porque deles é o reino dos céus.

    Felizes sois vós quando vos ultrajarem, perseguirem e disserem qualquer tipo de maldade contra vós  por causa de mim. Alegrai-vos e exultai pois grande é a vossa recompensa nos céus, porque dessa forma perseguiram os profetas que foram antes de vós" Jesus, O Sermão do Monte - O Evangelho conforme Mateus, trad. do grego por Djalma Motta Argollo.

    Muita Paz para todos,
    Carlos Iglesia



Comentários
Comentário sobre Resposta à Pergunta referente Assistência aos Animais, Pedro Fernando, Brasil

(Resposta veiculada no Boletim 424)
Prezado amigo Pedro,

    Creio que o amigo não entendeu direito meu objetivo. Em nenhum momento afirmei que animais podem ser médiuns, mas sim, estender os benefícios da mediunidade aos animais necessitados, conforme recomenda André Luis em conduta espírita capítulo 33: "No socorro aos animais doentes, usar os recursos terapêuticos possíveis, sem desprezar mesmo aqueles de natureza mediúnicas que aplique a seu favor. A luz do bem deve fulgir em todos os planos".

    Se o amigo acha que o passe não pode ser aplicado aos animais, recomendo a leitura do livro "Mediunidade" de Herculano Pires, capitulo mediunidade zoológica.Quanto a importância dos centros espíritas se dedicarem a este tema, acredito que seja muito importante que os palestrantes destas casas tentem modificar a percepção das pessoas a respeito dos animais. Francisco Xavier em entrevista ao jornal O Espírita Mineiro de Junho de 1991(disponível no site do GEAE) afirma: "A nós seres
humanos, Deus outorgou a condução e a proteção de nossos irmãos mais novos os animais". Em "O Consolador", perguntas 78 e 79, o espírito nos adverte sobre a responsabilidade dos homens sobre os animais.

    Muitas pessoas, em suas reformas íntimas, esquecem de considerar o tratamento que estão dispensando aos nossos irmãos inferiores. Animais de rua, um dos grandes problemas de nossas cidades, não são selvagens. Eles são frutos da irresponsabilidade humana, que em algum momento de sua vida ou de seus ascendentes,os abandonou. Então eu pergunto: De quem é a responsabilidade de alertar aos homens acerca de sua responsabilidade? Na minha opinião é das religiões, pois a elas cabe alertar aos humanos sobre o que Jesus nos ensinou. Quando ele disse: "Amai ao próximo como a ti mesmo", não especificou a que reino da natureza este próximo pertence.

    Se esta responsabilidade é das religiões, porque não a nossa? Quanto aos animais permanecerem pouco tempo no plano espiritual, é algo que eu questiono, pois já é fartamente provado os benefícios que os animais proporcionam aos portadores de deficiências em nosso mundo; não te parece que eles  seriam altamente benéficos também em um mundo onde é grande a quantidade de espíritos sofredores? Em relação ao capitulo citado do "Livro dos Médiuns", recomendo que o amigo leia a edição da Lake do mesmo livro onde Herculano Pires, ao pé da página faz importantes esclarecimentos acerca do assunto. Também é muito interessante o livro: "Animais Nossos Irmãos" de Eurípedes Kuhl.

Espero ter esclarecido minha posição.

Atenciosamente,
Pedro Fernando Gonzaga



Dúvidas de Ricardo Gentil, Antonio Lima, Brasil

(Boletim 423)

Prezado Ricardo,

     Na sua extensa questão, e na não menos extensa resposta de Ademir (?), imagino que você ainda tenha ficado se questionando: Será que entendi?"

    Olha, eu tentaria explicar a existência dos espíritos da seguinte (e também extensa) maneira, esperando não trazer mais confusão ainda:

    Olhem para os lados e observem as montanhas. Estão lá pelo menos há alguns milhões, ou até, bilhões de anos e não se transformaram em outra espécie (vegetal ou animal). Cheguem à beira do mar e observem o vai e vem das ondas, que está assim outros tantos milhões de anos, e a água continua água.

    Muito provavelmente algumas moléculas das montanhas, das árvores e plantas e a dos animais já tenham sido trocadas entre si inúmeras vezes, mas isso não é transformação de espécies é interação. De qualquer maneira, esta é uma das pequenas provas de que nada no mundo se cria, mas sim se transforma. A equação da conservação da energia, e a ciência é pródiga em provas para tal, nos demonstra que é impossível se criar energia no universo, mas tão somente transformá-la.

Antes de se tentar provar a existência de Deus, façamos uma primeira tentativa, de provar a existência dos espíritos.

Partindo da equação da conservação da energia, meditemos (sem conotação doutrinária) sobre a nossa inteligência. O que é ela? Bem, podemos definir rapidamente a inteligência como o processo mental elaborado dentro do cérebro (sem importar a origem) capaz de assimilar dados e produzir uma ação estruturada como resultado de processos emocionais e racionais, e que pode ser repetida, aprimorada ou transformada. Essa ação pode ser passiva (geração de idéias e pensamentos) ou ativa (geração de movimentos). Um robô faria igual? De certa maneira sim, ele poderia responder a uma entrada de dados com uma ação elaborada, repetí-la e transformá-la, mas dificilmente conseguiria agregar emoção ou racionalização, pois ambas dependem muito das reações adversas e possíveis do comportamento humano, o que para um robô, seria quase que impossível a sua reprodução, pois uma reação matematicamente aceitável, por parte da máquina, seria inaceitávle pelo lado emocional ou racional.

Num artigo sobre Inteligência Artificial (IA), na edição de julho de 2001 da SuperInteressante, esse fato é exemplificado, na prova do Prêmio Loebner, organizado pela Universidade de Cambridge, Inglaterra. Todo o ano, é simulado um teste onde é escolhido o computador alimentado com IA, que mais se aproxima da resposta humana a um diálogo. Nesses testes se vê coisas do tipo: Qual seu lugar favorito? Não tenho lugar favorito, mas minha cor favorita é a verde! Pode-se depreender como seria uma reação cibernética a uma sitruação humana. Dirão alguns: logo, logo a ciência conseguirá criar biochips e agregar inteligência à ação dos robos. Olhem, a mente humana é tão rica em opções, que uma ação pode gerar infinitas reações, e coisas como o amor, por exemplo, é quase impossível para um robô sentir.

Mas não entremos por aí, fiquemos na ação humana inteligente. A lógica e a experiência de uma ação é armazenada nos escaninhos do cérebro, e pode ser rechamada tantas vezes quanto a queiramos ou a pudermos lembrar. Tudo isso consumiu do reservatório universal uma certa quantidade de energia, que podemos tranquilamente chamá-la de energia mental. Dentre a extensa lista de tipos de energia, esta energia mental é uma extremamente refinada, quase imaterial. Ela situa-se entre os mais primários tipos de energia, e é extremamente tênue.

A energia cinética das moléculas de um corpo, quando em contato com a energia cinética das moléculas de outro corpo, causa uma interação, principalmente pela transferência de movimento entre as moléculas de um corpo para o outro. As moléculas menos energéticas receberão um "empurrão", e por seu turno, vão frear a velocidade dessas. Por exemplo, as rodas de um avião ao tocar o solo, transferem movimento a este, fazendo com que a Terra ande um "pouqinho" mais rápida, mas como a massa dela é muitissimo maior que a do avião, o efeito é a frenagem do avião, fritando os pneus, transformando a energia do movimento em energia mecânica de atrito e calor. Essa classe de energia se transforma total ou parcialmente uma na outra. A mesma energia não volta a acontecer, pois foi transformada.

No caso da energia mental, o processo se dá de modo diferente. Apesar de um pensamento poder gerar calor (penso que estou com frio e fricciono a mão sobre o braço gerando calor), e o calor gerar um pensamento (se está frio, o corpo gelado pede uma ação), a energia mental se transforma mais facilmente em seu nível, ou seja, o pensamento se transforma em conhecimento e vice-versa. Mas apesar disso, ainda é energia. Quem sabe toda a vez que geramos um pensamento (energia mental) já conhecido, haja uma sublimação (no sentido poético) da razão em sabedoria. Mas, isso já é "filosofar", o que importa é que essas energias transformáveis ocorrem incessantemente centenas ou milhares de vezes durante o dia, e milhões de vezes durante uma vida.

Quando um ser falece, sua quantidade de energia física é transformada principalmente em energia bioquímica, onde os elementos químicos e a ação dos micro-organismos operam para reduzir o corpo a pó e ossos. Mas e os pensamentos, idéias e intelecto, para onde vão, se são energia, e não podem ser zerados? Ninguém conectou um cabo de dados no cérebro do moribundo e realizou uma transferência de informações, emoções, sentimentos e pensamentos, e portanto, ela deve circular por aí num nível ou plano fora da realidade comum, além do que, o pensamento é individualizado na identidade do ser. Todo o acervo intelectual somado ao acervo emocional compõem uma experiência absolutamente pessoal, que é o conhecimento. Ninguém pode assumir a expectativa, a alegria e as emoções em geral de uma pessoa, que não a própria. Cada experiência pessoal é instransferível. O amor que sentimos por alguém é único, pois é vivenciado pelo meu complexo interior. De novo então a pergunta: Após a morte do corpo, aonde vai essa experiência pessoal, essa parcela de energia sublime adquirida pelo ser? Para o lixo, para o pó? Não, decididamente não, quando muito deveria ficar pairando pelo ar, a espera de alguma mente receptora. Mas fulano incorporaria (no sentido literário) completamente as experiências de beltrano? Beltrano se emocionaria completamente com as emoções de sicrano?

A Natureza não desperdiça, portanto, tudo é trocado. Assim, a nossa identidade, que agora posso chamar de alma, adquire o conhecimento de uma vida e o guarda consigo, e após a morte do corpo, continua com esse conhecimento, e as experiências poderão ser trocadas.

Uma coisa deve ser considerada, isto é, uma energia superior não pode ser a transformada de uma inferior, sem a adição de energia suplementar. Assim, o ignorante não se transforma em inteligente se não receber um agregado de informações. Um ser quando nasce, parece possuir uma capacidade infinita de aprender, e quem sabe a possue, mas parce trazer também, uma tendência a ser o que é, apesar da educação recebida em família, o que costumamos chamar de "má índole", "dom", etc. A que atribuir isso?

Poderíamos dizer então, que provamos a existência do Espírito, que é a parte do ser humano pré- e pós-existente ao corpo físico, receptáculo do intelecto e das emoções, transcendente ao corpo físico, que após a morte, vai habitar um lugar no espaço, que constitui o Plano Espiritual, lugar de reunião dos espíritos.

Analogamente, se existe um aglomerado de espíritos, habitanto cada um, um corpo ou fora dele, e sendo esses espíritos capazes de desenvolver inteligência, podemos dizer que um ser mais inteligente criou-os todos, pois não existe efeito inteligente que não tenha uma causa inteligente. E qual seria esta causa?....Deus, ou o ser supremo, mente suprema, que criou tudo a nossa volta.

Simples e complexo não?

Sem adotar a doutrina religiosa A ou B, podemos provar sem precisar de fenomenologia espiritual, ou experiências místicas, a existência de espíritos e a existência de Deus, donde é com tranqüilidade que reforçamos as palavras de Kardec quando ele diz em suas obras: Fé sim, mas raciocinada.

Após ler as obras de Kardec, ficamos mais livres para meditar sobre todo o aspecto da religiosidade do ser humano, suas crenças e incertezas, e ficamos mais livres também, para interpretar os escritos constantes na Bíblia, principalmente nos Evangelhos, pois tudo o que lá está, não constitui uma verdade inquestionável, pois foi anotada e escrita por mãos humanas, passível de erros de transcrição, tradução e adaptação, mas de posse das alegorias e parábolas, podemos interpretá-la à luz da razão, da ética e da moral.

Assim Ricardo, espero ter contribuído para dirimir um pouco suas dúvidas e aplacar um outro tanto o seu ateísmo e ceticismo, e uma coisa é certa, por mais que demonstremos um fato com provas e registros, nada substitui a lógica, a razão e os sentimentos. Elas constituem a nossa verdade. E toda a verdade é verdadeira, no sentido que ela nos atinge a razão. E como estamos em constante processo de evolução, a nossa razão de ontem, pode não ser a de hoje, assim como a de hoje pode não ser a de amanhã,.mas uma coisa é certa, chegará o dia em que todas as verdades convergirão, e então a humanidade estará próxima da perfeição.

Com relação a um dos pilares do Espiritismo, que é a reencarnação, podemos dizer que ela é básica para a existência da igualdade entre os seres. Não podemos aprender tudo em uma só existência, assim como também, nem sempre fazemos tudo o que devemos em uma só vida. Entre créditos e débitos, devemos voltar mais vezes para o aperfeiçoamento do nosso ser. O nosso espírito precisa da vivência na carne para desenvolver suas experiências de relação, e verifcamos no dia-a-dia, que elas são tão pobres e rudimentares, e estamos longe da felicidade.

Se tudo o que foi dito acima não lhe tocar a razão, não importa, há um tempo prá tudo, o imoprtante é explorar os benefícios da meditação. Deixe a mente voar. E se você quer começar a ser religioso, basta desejar ao próximo o que deseja para si. Pronto! lei número dois, ela puxa as outras.

Com relação aos seus outros questionamentos, i.e., eficiência de passes, se há ou não comunicação entre espíritos e nós etc, sugeriria a leitura do O Livro dos Espíritos de Allan Kardec. Isto não "cheira" a tentativa de conversão, pois o Espiritismo não prega a conversão de ninguém, mas acredito vai lhe dar uma base de sustentação e esclarecimento para muitas horas de meditação. Use e abuse do seu senso crítico, sem antepor paradigmas, e suponho que você vai ter uma boa leitura e mente aberta para aceitar ou rejeitar.

Tente!
Saudações

Antonio Lima




Perguntas
Modo de Contracepção, Aline, Brasil


Saudações Amigos do GEAE,

    Venho através deste mail expor algumas dúvidas que me são impostas freqüentemente, e gostaria da ajuda de vocês para resolvê-las, se estiver ao alcance de vocês, é claro. E' o seguinte:

    A reação do sexo é a gestação. Hoje a mulher possui plenas responsabilidades sobre seu próprio corpo e modo de vida. Não vive mais como em tempos atrás, quando sustentada pelo marido, dispondo de tempo integral para planejar gestações, cuidar dos filhos, da casa e do marido, uma vez que não era obrigada a se preocupar com a parte financeira, responsabilidade do homen. Parte esta, que nos dias atuais pesa muito tanto nas costas de homens como de mulheres, e influencia muito no
planejamento familiar de um jovem casal.

    A mulher desde muitos anos faz parte do mercado de trabalho. Hoje, muitas estudam e trabalham em prol de um futuro melhor, e de condições favoráveis à futuras gestações. Ao mesmo tempo, protege-se de uma gravidez indesejada através de contraceptivos. Penso não ser um problema se a mulher evita que o processo de fecundação se realize num momento inoportuno para ela. Não sou a favor da utilização de contraceptivos visando a liberdade sexual excessiva, inúmeras trocas de parceiro, apenas pensando no prazer do corpo, sem que haja uma relação mais séria entre homen e mulher, sem que haja o amor, pura e simplesmente. Tampouco sou pelo aborto, exceto em casos em que a mãe arrisca sua própria vida.

    PERGUNTO:

1) Como são vistas pelo Espiritismo, as mulheres que aguardam o momento oportuno para ter seus filhos, e utilizam contraceptivos?

2) Seria considerado um ato de desrespeito ao direito de vida de um espirito, que minuciosamente vem planejando sua volta ao mundo dos encarnados, o ato moderno da mulher evitar a gravidez usando contraceptivos?

3) Tomar a pilula do Dia Seguinte pode ser considerado como aborto?

    Agradeço muito pela atenção e pelas futuras respostas.

Fraternalmente,
Aline


Oi Aline.

    Primeiro, gostaria de esclarecer que, como as questões que voce coloca não são encontradas explícitamente no Livro dos Espíritos ou em qualquer outro que forma o conjunto compilado por Kardec, voce não vai conseguir obter uma resposta para "Como são vistas pelo Espiritismo...". O que vou colocar a seguir são minhas opiniões, fruto de minha vivência pessoal, assim como tudo que li e ouvi. Não vou dizer que são unanimidades dentro do Espiritismo, principalmente porque sei que não são. Vamos lá!

    1 - Na minha opinião o livre arbítrio foi feito para ser usado. Cabe a cada um de nós analisarmos as situações que vivemos e a condição que teremos de dar o suporte que consideramos adequado ao irmão que reencarnará. Claro que existe uma tenue diferença entre um sincero desejo de "dar o melhor" e "vai dar muito trabalho". A contracepção não deve servir ao medo ou preguiça. O que nossos filhos mais precisam é de nosso amor, não de dinheiro ou posição social. É importante que escutemos o coração, além de procurar nos manter cercados de bons espíritos (estejam eles encarnados ou não).

    2 - Como coloquei antes, tudo depende da intenção. Existe uma grande interação entre os espíritos, estejam eles na posição de futuros pais ou futuros filhos. A contracepção não deve, na minha opinião, servir para evitar a convivência com um espírito que sabemos ser difícil. Claro que a "providência" tem suas nuances... Voce, certamente, conhece filhos "da pílula" ou da "camisinha estourada".

    3 - Novamente dou minha opinião. Eu creio que sim, pelo que conheço dela. Ela não evita a concepção, mas evita a adesão do feto ao útero. Mas já ouvi espírita dizendo que não acha que seja aborto. São apenas opiniões. A minha análise é a seguinte. O espírito começa a se unir ao feto no momento da concepção. Alias, ele já vem se preparando antes disso. Se for evitada a adesão do feto ao útero, toda a preparação daquele espírito estará perdida.

    Claro que como tudo na criação, somos responsáveis pelas decisões que tomamos. Na minha opinião, devemos nos preparar para tomar a melhor decisão possível, e, depois, arcar com as consequências do que acontecer em virtude de nossa ignorância.

Um grande abraço,

José Cid.



Pedido de Auxilio numa Questão, Márcia, Brasil

    Questão:  Albert Einstein provou, na sua teoria da relatividade que o "Espaço"  e o "Tempo"  são instâncias sobre as quais pensamos e não sobre as quais vivemos.  Portanto, podemos concluir que vivemos em mundo sob a égide da Mecânica de Newton e não da Mecânica relativista, ou seja, o nosso mundo é algo limitado por poucas contrações espaciais e temporais (Lorentz).

    Perguntas:

1 - Como o Espiritismo "vê"  as questões do espaço e do tempo. Existem?

2 - O que é  Matéria?

3 - O que é o Espírito, é matéria ou energia?

    Albert Einstein provou que a Energia e Matéria são a mesma coisa (E=mc2).

4 - O Espiritismo fala muito em dimensão, se a questão é apenas de dimensão, então podemos falar em matéria,
energia e ondulatória nesta doutrina?

5 - Em outra dimensão, do que vive o Espírito?  Como passa o tempo?  E o espaço? Como se deslocam, pela Ação
e Reação (3º lei de Newton?

6 - Nesta dimensão os sistemas são conservativos? Existe entropia, entalpia, e energia interna?  Se os espíritos se movimentam, gastam energia, então o sistema é dissipativo, logo, como são cerca de 3 bilhões de espíritos, então o entre e sai, ou seja, o encarna e desencarna, já teriam gasto energia suficiente para não haver mais a possibilidade de quaiquer movimentação neste plano, logo pela Física, este plano já estaria extinto!!

7 - Como fica a entropia?  (entropia = grau de desordem).

8 - Na extensão de entropia como fica o envelhecimento?

9 - No nosso mundo, temos 3 dimensões, que são altura, comprimento e largura, porém, quando falamos "Plano
Espiritual", estamos nos referindo a duas dimensões, com duas dimensões. Neste caso, como seria o espírito,
bidimensional? É plano? Se nos aparenta, como somos na última encarnação, então é tri-dimensional!!! Comentar....

10 - As leis da Física e Química, que são postulados universais, como são caracterizados, segundo o Espiritismo?? Sabemos que matéria atrai matéria na proporção direta do produto entre suas massas e inversamente ao quadrado da distância que as separa. O Espírito não é matéria! Então só pode ser sob a forma de energia. Se é energia, o sistema é dissipativo, logo com o passar do tempo se extinguiria. Então esta dimensão espiritual, não existiria mais...



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