Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec


Ano 09 - Número 422 - 2001            24 de julho de 2001

Conteúdo

Editorial

Textos Comentários Perguntas Painel

Editorial
Capítulo Final de "História do Cristianismo"

    Ao longo dos seus quase nove anos de existência o GEAE tem dado a sua substancial parcela de contribuição no estímulo ao estudo sério e permanente dos postulados espíritas.

    Consciente da advertência de Kardec quando nos fala da inarredável necessidade de um estudo sério e persistente como condição indispensável para o verdadeiro entendimento da Doutrina Espírita em seu tríplice aspecto: científico, filosófico e moral, o GEAE tem, sistematicamente, empreendido ações voltadas para esta conquista.

    No Livro dos Espíritos, em sua "Introdução ao estudo da Doutrina Espírita", o Mestre de Lyon assim se manifesta:

    "Por isso é que dizemos que estes estudos requerem atenção demorada, observação profunda e, sobretudo, como aliás o exigem todas as ciências humanas, continuidade e perseverança. Anos são precisos para formar-se um médico medíocre e três quartas partes da vida para chegar-se a ser um sábio. Como pretender-se em algumas horas adquirir a Ciência do Infinito? Ninguém, pois, se iluda: o estudo do Espiritismo é imenso; interessa a todas as questões da metafísica e da ordem social; é um mundo que se abre diante de nós. Será de admirar que o efetuá-lo demande tempo, muito tempo mesmo?"

    Convém salientar todavia, que seria muito difícil, quase mesmo impossível, que os componentes do Conselho Editorial do GEAE pudesse atingir esta meta, não fosse a importante e permanente ajuda que recebemos de muitos membros do grupo, através de textos, comentários e questionamentos acerca dos mais variados aspectos da doutrina.

    Este permanente intercâmbio de troca de idéias e experiências na abordagem de temas espíritas, é a característica essencial do GEAE e faz dele um laboratório vivo, bem como um excelente canal para o estudo fraterno da Doutrina Consoladora.

    A excelente contribuição da equipe da UEC-União Espírita Cearense, sob a coordenação do Maurício Júnior, consubstanciada no texto "História do Cristianismo" cujo último capítulo publicamos neste boletim, é uma amostra desta realidade. Recebemos inúmeras mensagens de congratulações pela iniciativa desta publicação, bem como vários pedidos de remessa dos capítulos já publicados, solicitações estas vindas daqueles novos membros que se inscreveram no GEAE depois da publicação dos capítulos iniciais do texto, o que demonstra o grande interesse que despertou.

    Dando continuidade aos nossos permanentes esforços  no sentido de estimular o estudo constante da Doutrina dos Espíritos, desta vez voltamos nossas atenções para o estudo das obras básicas da codificação, o que é de fundamental importância. Assim é que estaremos em breve iniciando a publicação de um excelente resumo de "A Gênese", de Allan Kardec, trabalho este compilado pelo companheiro Joel Matias de Blumenau-SC, e que será publicado em 15 capítulos, um por boletim.

    Queremos mais uma vez aproveitar a oportunidade para agradecer aos confrades da UEC, bem como a todos aqueles que tem dado a sua prestimosa colaboração na concretização desta solidária e fraternal maneira de estudar a Doutrina Espírita.

Antonio Leite
Editor GEAE




Textos
História do Cristianismo XV, Maurício Júnior, Brasil

(Seqüência do texto publicado no Boletim 421)

AULA 15 - O SÉCULO XIX: MARCO DE UMA NOVA ERA

As Doutrinas Materialistas
Espiritismo: o Consolador Prometido

1 - AS DOUTRINAS MATERIALISTAS

    Em geral, a perspectiva materialista na Filosofia tem surgido da necessidade de afirmar o espírito positivo ou científico contra a mentalidade alienada por forças e motivos religiosos ou metafísicos. É o que se pode presenciar ao tempo dos pensadores pré-socráticos, como Tales de Mileto e Anaximandro. Na primeira fase do despertar da razão, a dualidade de matéria e espírito não estava bem formulada e, por isso, atribuíram à matéria propriedades que pertenciam aos seres vivos, devido mais à dificuldade natural de se conceber outras realidades de natureza não-material.

    Entretanto, é a partir do séc. XVI, iniciando no período renascentista e culminando na Era da Razão, que o movimento materialista ganha força e um corpo doutrinário consistente e sistemático. Isto, devido às grandes mudanças que, pouco a pouco, foram se operando  na Europa abrangendo todas as atividades humanas, quer de cunho social, político, econômico e religioso.

    Cansado de dogmas obscuros, de interesseiras teorias, de afirmações sem provas, o pensamento humano deixou de se empolgar pela dúvida. Uma crítica inexorável joeirou (1) rigorosamente todos os sistemas. A fé se extinguiu em sua própria fonte; o ideal religioso desapareceu.

    Em que se tornaram as civilizações do passado, aquelas em que o indivíduo não se preocupava senão com o corpo, com as suas necessidades e as suas fantasias? Acham-se em ruínas; estão mortas.

    Voltamos a encontrar, precisamente em nossa época, as mesmas tendências perigosas que as perderam: são as que consistem em tornar tudo adstrito à vida material, em constituir objeto e fim da existência tudo aquilo que é percebido tão-somente pelos sentidos físicos. A crítica e a consciência materialistas restringiram os horizontes da vida. Às tristezas da hora presente acrescentaram a negação sistemática, a acabrunhadora idéia do nada. E por esse modo, agravaram todas as misérias humanas; arrebataram ao homem, com as mais seguras armas morais de que dispunha, o sentimento de suas responsabilidades.

    Materialismo é a doutrina filosófica que encara todos os fatos e acontecimentos do universo como explicáveis em termos de matéria e movimento. A explicação materialista reduz, igualmente, todos os processos psíquicos, como o pensamento e os sentimentos, a resultados de mudanças e transformações do sistema nervoso.

    Para esta teoria, a única realidade concreta é a matéria em movimento, a qual, dada a sua riqueza, é capaz de produzir certos efeitos surpreendentes que chamamos de psíquicos ou mentais. As principais correntes do materialismo são:

1. Materialismo cosmológico. É aquele que criou um sistema racional compreensivo do Universo, em que a realidade fundamental é essencialmente material. São numerosos os exemplos deste materialismo, na história da Filosofia: o Atomismo de Demócrito, o sistema estóico, o epicurista, etc.

2. Materialismo científico. Originou-se de certos preconceitos de médicos e fisiologistas do séc. XIX, que relutavam em atribuir os fenômenos da mente ou da vida à alma, ao espírito ou a um princípio vital qualquer. Só aceitavam como realidade o que podia ser tocado pelo bisturi ou visto através do microscópio. Este foi o materialismo de Lamettrie, de d?Holbach, de Hume, etc.

3. Materialismo dialético. Como é evidente, o único princípio admitido é a matéria, mas esta se encontra em contínuo movimento dialético (em processo de transformação) pelo qual se constroem e determinam novas realidades do mundo.

    O Materialismo, contudo, pode ser encarado como um postulado metodológico da pesquisa científica. Ao pesquisador compete descobrir os aspectos do mundo acessíveis à nossa experiência.

    O Positivismo, escola filosófica fundada por Augusto Comte (1798-1857), chamada posteriormente Filosofia Científica, considera que o espírito humano atravessa três estados teóricos e distintos - o teológico, o metafísico e o positivo, que, de resto,  são três métodos diferentes de busca do conhecimento -, o Positivismo interpreta o primeiro estado como a "infância da humanidade". O segundo, de transição, é caracterizado pelo espírito de crítica. O terceiro, finalmente, utilizando processos próprios e científicos, representa a idade madura da humanidade e instala um período fixo e definitivo.

    Essa evolução se acha consubstanciada na "lei dos três estados", formulada por Comte, espécie de espinha dorsal do Positivismo, cujo maior esforço teria sido o aniquilamento da Teologia e a destruição da Metafísica.

    O resultado dessa atitude foi só considerar verdadeira a filosofia quando aplicada aos fenômenos naturais, os quais se acham sob o império de leis imutáveis. É a negação total do valor de qualquer pesquisa de causas primárias ou finais.

    Para completar o sistema, Comte criou uma nova ciência - a Sociologia - a qual, tratando das relações entre os homens, dispensa toda influência de caráter sobrenatural.

2 - ESPIRITISMO: O CONSOLADOR PROMETIDO

    Para quem quer que observe atentamente as coisas, os tempos em que vivemos estão carregados de ameaças. Parece brilhante a nossa civilização, e, todavia, quantas manchas lhe obscurecem o esplendor! O bem-estar e a riqueza se têm espalhado, mas é acaso por suas riquezas que uma sociedade se engrandece? O objetivo do homem na terra é, porventura, levar uma vida faustosa e sensual? Um povo não é grande, um povo não se eleva senão pelo trabalho, pelo culto da justiça e da verdade.

    Face a essas questões, formula-se a pergunta: Teria falhado o cristianismo na tarefa de ordenar uma sociedade, senão ideal, pelo menos razoavelmente equilibrada e feliz? Teria ainda o cristianismo condições de realizar essa tarefa?

    Sabemos que o cristianismo vigente e aceito pela maioria dos homens não tem respostas adequadas para as mazelas da civilização. O cristianismo que hoje conhecemos é mais uma doutrina sobre o Cristo do que a doutrina de Jesus. A ênfase maior deslocou-se para a figura pessoal de Jesus, como Deus e Messias, nascido sob condições excepcionais e ressuscitado depois de morto, de maneira incongruente, para ser, finalmente, situado no céu, ao lado de Deus-Pai, com o qual seria coeterno. Para alcançar o reinado da paz e da felicidade espiritual que Jesus proclamou, mais uma vez, a ênfase não repousa no exato teor da sua pregação, mas num conjunto de rituais, crenças e sacramentos, administrados e ministrados pela Igreja que ele teria fundado e entregue a Pedro e, por sucessão, aos seus herdeiros, de um reino bem terreno e temporal.

    Mas, se o que temos hoje com o nome de doutrina cristã não é, precisamente, o que Jesus ensinou e pregou, então o que aconteceu? Quando, onde, como e por que o movimento que tomou o seu nome como bandeira começou a afastar-se de suas origens? Por que razão, remontando, hoje, a correnteza caudalosa do movimento cristão, não estamos conseguindo identificá-lo nas fontes de onde pensávamos que ele estivesse jorrando todos esses séculos? Como foi que Jesus acabou divinizado e por que ficou o seu pensamento obstruído por um sistema de idéias que nada têm a ver com ele? A que manipulações foram submetidos os seus ensinamentos a ponto de transformá-los numa teologia irracional? Com que finalidade foram inventados ritos, sacramentos, exclusividade salvacionista? Como foi que, em vez da doutrina do amor, que ele colocou como pedra de toque de tudo quanto ensinou, tenha começado, de repente, a ser imposta uma teologia, literalmente, a ferro e fogo, sangue e lágrimas? Que loucuras foram essas?

    Jesus não fundou a religião do Calvário para dominar os povos e os reis, mas para libertar as almas do jugo da matéria e pregar, pela palavra e pelo exemplo, o único dogma de redenção: o Amor.  Jesus, espírito poderoso, divino missionário, médium inspirado. Veio, encarnando-se entre os humildes, a fim de dar a todos o exemplo de uma vida simples e, entretanto, cheia de grandeza - vida de abnegação e sacrifício, que devia deixar na Terra inapagáveis traços.

    As eternas verdades, que são os pensamentos de Deus, foram comunicadas ao mundo em todas as épocas, levadas a todos os meios, postas ao alcance das inteligências, com paternal bondade. O homem, porém, as tem desconhecido muitas vezes. Desdenhoso dos princípios ensinados, arrastado por suas paixões, em todos os tempos passou ele ao pé de grandes coisas sem as ver.

    Por isso, Jesus dirigiu-se aos apóstolos: Se vós me amais, guardai os meus mandamentos, - e pedirei a meu Pai, e Ele vos enviará um outro Consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: O Espírito de Verdade, que este mundo não pode receber, porque não o vê; mas por vós, o conhecereis, porque permanecerá convosco, estará em vós. Mas o Consolador que é o Espírito Santo que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas,e vos fará lembrar de tudo o que vos disse.

    Esta predição, sem contradita, é uma das mais importantes do ponto de vista religioso, porque constata, da maneira menos equivocada, que Jesus não disse tudo o que tinha a dizer, porque não seria compreendido, mesmo pelos seus apóstolos, uma vez que era a eles que se dirigia. Se lhes tivesse dado instruções secretas, delas fariam menção no Evangelho. Desde que não disse tudo aos seus apóstolos, os seus sucessores não poderiam saber mais do que eles; portanto, puderam se equivocar sobre o sentido de suas palavras, dar uma falsa interpretação aos seus pensamentos, frequentemente velados sob a forma de parábolas. As religiões fundadas sobre o Evangelho não podem, pois, se dizerem na posse de toda a verdade, uma vez que ele reservou para si completar ulteriormente as suas instruções.

    Anuncia ele, sob o nome de Consolador e de Espírito de Verdade aquele que deve ensinar todas as coisas e fazer lembrar o que disse; portanto, o seu ensino não estava completo; além do mais, prevê que se esquecerá o que ele disse, e que se o será desnaturado, uma vez que o Espírito de Verdade deve fazer lembrar, e, de acordo com Elias, restabelecer todas as coisas, quer dizer, segundo o verdadeiro pensamento de Jesus.

    Quando deverá vir esse novo revelador? É muito evidente que, se na época em que Jesus falava, os homens não estavam no estado de compreender as coisas que lhe restavam a dizer, não seria em alguns anos que poderiam adquirir as luzes necessárias. Para a inteligência de certas partes do Evangelho, com exceção dos preceitos de moral, eram necessários que só o progresso da ciência poderia dar, e que deveriam ser obra do tempo e de várias gerações.

    Desde a promessa de Jesus, no Evangelho  de João, até a vinda do Consolador, podemos ver através da História, o trabalho bimilenar de preparação que se realizou, para o seu cumprimento. Após dois mil anos de fermentação histórica, de doloroso amadurecimento do homem, de criminosas deformações da mensagem cristã, afinal se tornava possível o restabelecimento dos ensinos fundamentais em sua pureza primitiva.

    O Espiritismo realiza, assim, todas as condições do Consolador prometido por Jesus. Não é uma doutrina individual, uma concepção humana; ninguém pode dizer-se o seu criador. É o produto do ensino coletivo dos Espíritos, ao qual preside o Espírito de verdade. O Espiritismo vem, portanto, no tempo marcado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito de Verdade preside a sua instituição, chama os homens à observância da lei e ensina todas as coisas em fazendo compreender o que o Cristo não disse senão por parábolas.

    Jesus, dizendo aos seus apóstolos: Um outro virá mais tarde, que vos ensinará o que não posso vos dizer agora, proclamava, por isso mesmo, a necessidade da reencarnação. Como esses homens poderiam aproveitar o ensino mais completo que deveria ser dado ulteriormente; como estariam mais aptos para compreendê-lo, se não devessem reviver? Jesus teria dito uma inconsequência se os homens futuros devessem, segundo a doutrina vulgar, ser homens novos, almas saídas do nada no seu nascimento. Admiti, ao contrário,  que os apóstolos, e os homens de seu tempo, viveram depois; que reviverão ainda hoje, a promessa de Jesus se acha justificada; a sua inteligência, que deve ter-se desenvolvido ao contato do progresso social, pode suportar agora o que não poderia então. Sem a reencarnação, a promessa de Jesus teria sido ilusória.

    Se se dissesse que essa promessa realizou-se no dia de Pentecostes, pela descida do Espírito Santo, responder-se-ia que o Espírito Santo os inspirou, que pôde abrir a sua inteligência, desenvolver neles as aptidões medianímicas que deveriam facilitar a sua missão, mas que nada lhes ensinou a mais do que Jesus havia ensinado, porque não se encontra nenhum traço de ensino especial. O Espírito Santo, pois, não realizou o que Jesus anunciara, do Consolador; de outro modo, os apóstolos teriam elucidado, desde quando vivos, tudo o que permaneceu obscuro no Evangelho até esse dia, e cuja interpretação contraditória deu lugar às inumeráveis seitas que dividiram o Cristianismo desde os primeiros séculos.

    Portanto, a Igreja do Cristo há de ser algo mais, mais e muito melhor que tudo isto. Maior que Roma, maior que Lutero, maior que as demais igrejas que a si próprias dão o título de únicas verdadeiras. Dentro dela hão de caber todos os homens de boa-vontade, chamem-se judeus, protestantes, católicos ou maomemetanos; doutra sorte não seria baseada na justiça, nem seria universal, caracteres inseparáveis da religião divina.

    O judeu, o muculmano, o protestante, o budista, o católico, o cismático, que ama a Deus em Espírito e verdade e pratica a virtude, está com Cristo e dentro da verdadeira igreja, porque fora da caridade não há salvação.


(1) Joeirar - Examinar ou averiguar minuciosamente.

 TEXTOS EXTRAÍDOS DE:

AMIGÓ Y PELLÍCER, D.José. Roma e o Evangelho.
MIRANDA, Hermínio C. Cristianismo: uma mensagem esquecida.
DENIS, Léon. Cristianismo e Espiritismo.
Dicionário Prático Ilustrado. Lello & Irmãos, Porto.
Enciclopédia Barsa.
SAVELLE, Max. História da Civilização Mundial.


 ANEXO

 OS CONCÍLIOS

1o. Concílio de Nicéia (325) - proclama que o Filho é consubstancial ao Pai.

1o. Concílio de Constantinopla - decide que a unidade absoluta em Deus é inseparável de uma diversidade igualmente absoluta: o Pai, fonte de divindade, seu Filho e seu Espírito. Neste concílio como no anterior, a decisão é a mesma: o Espírito Santo procede do Pai através do Filho.

Concílio de Éfeso (431) - examina a questão fundamental da união em Cristo do divino e do humano, centro da discórdia entre nestorianos e monofisitas.Enquanto os nestorianos pregavam a dupla natureza de Cristo, os monofisitas acreditavam em sua natureza divina única. O concílio decide preservar o Mistério da Encarnação, que mantém a unidade do divino e do humano em Cristo.

Concílio de Calcedônia (451) - estabelece a base da cristologia ortodoxa: Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que se apresenta em duas naturezas sem distinção, indivisíveis e inseparáveis, de tal forma que as propriedades de cada uma permanecem ainda mais firmes quando unidas numa só pessoa. Discordando das decisões desse concílio, os monofisitas afastaram-se para compor as Igrejas dissidentes da Síria, da Armênia, do Egito, da Etiópia e da Índia do Sul.

2o. e 3o. Concílios de Constantinopla (553 e 680) - retomam a questão e confirmam a cristologia ortodoxa definida em Éfeso e na Calcedônia. O Concílio de 680 dinamiza a noção da dupla natureza: em Cristo - pela adesão da vontade humana á divina - as energias da divindade e da humanidade se interpenetram, sem que as naturezas se misturem, e a humanidade transfigura-se, como o ferro se torna incandescente e rubto pelo fogo.

2o. Concílio de Nicéia (787) - O Sétimo Concílio Ecumênico, estabelece a veneração das imagens sagradas - os ícones. A graça divina repousa no ícone. Quem o venera, venera a pessoa que nele está representada. Ele é parte integrante da liturgia. Numa perspectiva mais ampla, a Igreja, com sua arquitetura e seus afrescos, representa no espaço o que a palavra litúrgica representa no tempo: o reflexo, a antecipação do Reino de Deus.

Concílio de Lyon (1274) - a doutrina filioquista, elaborada pela teologia latina, segundo a qual o Espírito Santo procede do Pai e do Filho como de um só princípio, é dogmatizada.

Concílio de Florença (1439) - há uma tentativa de concordância doutrinária, mas a convocação desse concílio atendia a necessidades antes políticas que religiosas. O imperador de Bizâncio se submete à autoridade do papado de Roma, numa tentativa de conseguir aliados face ao avanço turco que ameaçava Constantinopla.



Comentários
Análise Crítica da questão sobre a Fé e a Razão , Curitiba, Brasil

(Referente a texto publicado no Boletim 419)

    O estimado professor iniciou um paradoxal raciocínio ao conceituar a fé se funda na convicção e a razão na dúvida, porquanto até é possível validar a primeira dentro da Doutrina Espírita, pois a fé na sua visão funda-se na CERTEZA ADQUIRIDA, porém engana-se profundamente ao dizer que a razão funda-se na dúvida, muito pelo contrário, a razão funda-se na certeza.

    A dúvida é utilizada pela razão para direcionar-se à certeza por meio do questionamento e análise das hipóteses, mas jamais para fundar-se na dúvida. Conclui-se portanto, que fé é crer, seja no que for, não necessariamente numa coisa lógica, embora seja essa a necessidade característica da fé para com a visão espírita; porém razão é um argumento em que se baseia um raciocínio; eu posso ter fé baseado num argumento, porque não? Todavia para que a minha fé seja racional, ela precisa adentrar um argumento em todos os seus aspectos lógicos e racionais.

    É lógico que os termos crer e duvidar são opostos, portanto o termo RAZÃO é neutro, cabe ao fim lógico a que se destinar; e no tocante a doutrina espírita à fé, fé racional. Contudo Allan Kardec jamais diz que crer e duvidar são a mesma coisa, mas diz que fé inabalável é aquela que pode encarar a razão, e encarar a razão é encarar um argumento em que se baseia um raciocínio, cabendo portanto a fé racional encarar logicamente qualquer espécie de raciocínio, seja ele científico, filosófico ou ainda religioso.

    Essa foi a análise de Kardec, embora tenha tentado tal professor "desafiar" os espíritas utilizando-se de um sofisma criado por ele (professor) próprio. Mas ainda que o raciocínio de tal professor não estivesse propositado a induzir-nos ao erro, ele diz que é impossível crer com razão, pois razão é duvidar, então será que é possível que ele venha a crer ser filho de sua mãe (o que é racional, pois todo filho é filho de sua mãe)? Mesmo nesse simples exemplo continuará admitindo ele a impossibilidade da fé ligada a razão? E mesmo crendo ser filho da sua mãe pode ele duvidar mesmo tendo certeza? Sofisma imenso!

    Aconselho o mesmo, antes de qualquer outra coisa, procurar no dicionário o significado dos termos que desconhece o sentido real e o estudo desses termos aplicados à Metodologia Científica, no qual relacionará ele razão a dedução perante hipóteses, e não razão à dúvidas. Aconselho-o ainda mais, realizar a leitura das Obras Básicas, porquanto só tem autoridade de crítico aquele cujo conhecimento do assunto que critica é no mínimo total ao objeto de sua crítica.

    Um amigo (Curitiba/PR)



Comentários sobre pergunta acerca de Desobsessão Infantil, José Carlos, Portugal

(Pergunta formulada no Boletim 421)
Olá amigos,
Tudo de bom!

    Quanto à pergunta sobre desobsessão infantil, «Quando e  como deve fazer-se uma desobsessão a uma
criança? E se possivel, a partir de que idade isso é possível?», é necessário esclarecer o seguinte:

    Não existe desobsessão infantil e desobsessão adulta. As reuniões de desobsessão têm o mesmo carácter, dinânima e estrutura, indepedentemente da idade, cor, raça, cultura, etc, etc, da pessoa.

    A reunião de desobsessão deve ser um grupo de pessoas devidamente preparadas para tal que se reunem para auxiliar os espíritos necessitados que estejam ligados àquela pessoa. Nesse sentido, com uma certa antecedência, programa-se essa actividade de desobsessão para a ficha daquela pessoa necessitada (seja criança ou adulta) não sendo necessário nem permitido a presença do obsidiado na reunião de desobsessão, por motivos óbviso (veja-se  «O Livro dos Médiuns» de Allan Kardec).

    A reunião de desobsessão em prol de alguém nada tem a ver com a idade dessa pessoa, podendo ela ser muito nova ou muito velha. Ter-se-á é de analisar bem a situação para aferir da necessidade de se canalizar ou não esse pedido de auxílio para a reunião de desobsessão.

    Com amizade e sempre ao dispor,
    José Lucas




Perguntas
Como é o mundo espiritual? Luciano, Brasil

Paz a todos,

    A tempos me ocorre relatos/fatos de que não consigo concatena-los. Vemos na Literatura espirita como "Nosso Lar (André Luiz)" que após o desencarne (André Luiz) foi para o umbral e posteriormente para Colônia (Nosso Lar), mesmo acontece no livro "Violetas na Janela";

    No livro "A 2.000 anos" Lívia, esposa de Lentulus(Emmanuel), devido ao seu merecimento foi para plano espiritual mais evoluído, ou seja, outro mundo espiritual que não é a realidades das Colônias espirituais.

    Pois bem, no dia a dia, nos deparamos com manifestações espirituais (obsessões, possessões...) que ao meu ver é um outro mundo espiritual, do ponto de vista do espirito que esta se manifestando, pois este, tem contato com o mundo material.

    Como explicar essa diversidade de "Lugares" espirituais e qual a regra para que se vá para um mundo e outro. E também como pode um espírito se movimentar (ir e vir) de um lugar para o outro?

    Obrigado pela atenção.
    Luciano M. Cunha


Olá Luciano,

    Muito interessante suas questões. De fato os lugares parecem ser muitos, como disse Jesus "Há muitas moradas na casa de meu Pai", ele não estava se referindo apenas a outros planetas habitados.

    Porém, por uma questão de princípios, somos obrigados a considerar que só há um único "mundo espiritual". Explico. A diversidade de "mundos" se dá por causa dos vários estados em que pode se encontrar a alma ou Espírito no mundo espiritual. Assim como o mundo material onde aparentemente vivemos é um só e os diversos lugares são apenas construções humanas que refletem gostos, tendêncas e esperanças, o mundo espiritual (com muito mais razão) é um mundo único plasmado por forças muito poderosas que emanam da mente dos desencarnados. Assim, cada espírito cria em torno de si uma "psicosfera" ou "campo mental" que tem características muito semelhante a seres independentes. Entre essas características está o fato de atuarem entre si por repulsão ou atração onde se formam, coletivamente, as grandes colônias ou agrupamentos de Espíritos afins que para lá vão por exclusiva vontade ou predisposição pessoal. Muitos dizem parecer um ato divino arbitrário a emissão de muitos Espíritos a certos lugares purgatoriais ("regiões umbralinas") o que se aviva diante das narrações dos Espíritos que você cita. Isso tudo parece ser uma interpretação erroônea por demais afetada por nossas crenças maniqueistas de 'céu e inferno'. Nelas parece que muitas equipes de salvamento evitam o trato com certos Espíritos como se pudessem de fato salvá-los dos lugares onde se encontram. Verdadeira violência seria mesmo retirá-los a força de tais lugares enquanto suas mentes conscientemente se afinam com o tipo de entidade neles presentes.

    A diversidade de lugares espirituais se explica assim pela diversidade de tendência, gostos, apetites, intenções, crenças, esperanças etc. dos Espíritos tal como explicamos a diferença de lugares e países no mundo onde vivemos neste instante. O fator preponderante porém é a diferença de estagiamento moral que causa uma grande separação. A regra que diz para
onde se irá é bastante clara e simples: "diga-me com quem andas que te direi quem tu és", ou ao contrário "diga-me o que gostas e o que és que te direi com quem haverás de estar mais tarde...".

    Quanto à liberdade de ir e vir dos Espíritos, essa haverá sempre de ser relativa e dependente de seu estado de adiantamento espiritual. Não se pode esperar liberdade completa de Espíritos pouco adiantados, mesmo porque eles sofrem forte atração pelos ambientes espirituais de seu interesse, estando ligados às mentes que lhes são simpáticas. Já as almas mais evolvidas gozam de muita ou grande liberdade, mas seus interesses também são bem diferentes daqueles dos Espíritos inferiores. [ver questões 224, 225, 232, 233 e "Ensaio teórico da sensação nos Espíritos" no "Livro dos Espíritos" de A.Kardec]. De qualquer forma por causa dessa diversidade de graus de adiantamento, há uma escala de liberdade de atuação e permanência nos diversos "lugares". Sabe-se também que para Espíritos pouco avançados, ainda que se lhes fosse possível vislumbrar os planos superiores, eles dificilmente suportariam uma vida nesses lugares. Os prazeres e o estado de espírito dos mundos superiores necessitam o desenvolvimento de qualidades internas no Espírito, o que pode exigir muitos estágios probatórios.

    É natural que Espíritos muito atrasados tenham plena liberdade no mundo material pois este parece ser o ponto mais baixo da escala. Há porém que se considerar que mesmo aqui os "vivos" (que são Espíritos encarnados) podem limitar o trânsito de muitas entidades inferiores mantendo-se relativamente ligados a idéias superiores ou por meio da prece. De fato, podemos explicar o sucesso e continuidade do ideal religioso mesmo nos dias de materialismo de hoje (e assim também o sucesso explosivo de muitas agremiações religiosas, grupos evangélicos e seitas) por causa dessas leis de atração mental. Conectar-se a idéias religiosas, implorar pela "salvação" como fazem muitos representam uma verdadeira mudança de fase mental que pode
"operar milagres" pois afasta os encarnados (ao menos transitoriamente) da influência negativa a que se submetiam anteriormente. Isso se reflete imediatamente na vida material e no bem estar pessoal do indivíduo que passa a acreditar (para seu bem naturalmente) que Deus em pessoa atuou em sua vida.

    Muita paz,
    Ademir - Editor GEAE



Congresso Espirita em Lyon/ França 2004, Antonio Silva, Brasil

Prezados amigos,

    Estou precisando de informações sobre o congresso em Lyon no ano de 2004. Programação, locais, Datas, Palestrantes, tema e etc. Se você tiver alguma informação para me enviar , ficarei muito grato. Estamos querendo reunir um grupo de pessoas para este evento.

    Antonio Silva (email  racionalbhz@bol.com.br)



Pergunta sobre Logosofia, Elaine, Brasil

Olá,

    Tenho estudado muito sobre a Dotrina Espírita. Sou uma pessoa que mantém a mente aberta a possíveis respostas e a conceitos que estejam errados em minha vida. Ha poco tempo, 2 semanas, tive a oportunidade de conhecer um pouco sobre esta nova ciência, "Logosofia", o que vem a ser e tudo mais. Até agora vi que algumas coisas que na dotrina espirita ensina, como que de nada vale os bens materiais, outra coisa que esta ciência explica, ela tenta ensinar uma forma de conhecer a si mesmo, e nos fala que os pensamentos influênciam muito na vida da pessoa, e que eles podem ser mudados.

    Gostaria de saber se existe alguma ligação dessa ciência com a dontrina espirita? E que se a dontrina espirita concorda com esta nova ciência? O site desta nova ciência é: http:\\www.logosofia.com ou http:\\www.logosofia.com.br.

    Obrigada mais uma vez, por esta oportunidade de poder compartilhar e aprender.
    Elaine



Pergunta sobre Perispírito, Wilton Pontes, Brasil

    Estava estudando a Gênese, questão sobre o perispírito, e me veio uma dúvida. Está escrito que o espírito para ir para outro planeta tem de mudar seu perispírito adaptando-o a atmosfera do planeta onde ele vai habitar e que não pode ir com seu perispírito atual.

Pergunta:
1. No vácuo do espaço ele não tem perispírito?
2. O perispírito muda para adaptar-se ao vácuo e transforma-se novamente para o do planeta onde vai habitar?
3. O espírito transforma seu perispírito assim que sai de um planeta já com as propriedades do planeta para onde vai?

Saudações,

Wilton Pontes



Painel
Iniciado o movimento CESSE O SOFRIMENTO, Gezsler, Brasil

Amigos,

     Foi iniciado o movimento CESSE O SOFRIMENTO no Estado de Pernambuco. O movimento não tem qualquer tipo de discriminação, é despersonalizado, não institucional, sem fins lucrativos e sem qualquer vínculo de exclusividade. Abaixo está uma síntese do mesmo, assim como temos esperanças que o respectivo movimento possa se multiplicar por outros locais.

 CESSE O SOFRIMENTO

MISSÂO (a razão de existir):  "Sensibilizar, conscientizar e mobilizar a sociedade, sem nenhum tipo de discriminação, para atuar na renovação social alcançando o bem estar do ser humano e o equilíbrio da vida".

VISÃO (sonho a ser alcançado): "Até o ano 2015 ter no mínimo a metade da população mundial comprometida com o movimento CESSE  O SOFRIMENTO".

VALORES (São as bases éticas e norteadoras do movimento. São palavras cujas iniciais coincidiram com as letras que formam o CESSE):
 

Competência  --> Saber e fazer as coisas;
Ética --> Respeitar o ser humano e a vida;
Sensibilidade Social --> Valorizar o outro e a sociedade como um todo;
Espiritualidade --> Buscar os bons sentimentos humanos.


PRINCÍPIOS OPERACIONAIS ( Pontos importantes para as ações práticas):
 

Despersonalização e não institucionalização --> O movimento CESSE O SOFRIMENTO é como a LUA e o SOL, todos podem percebê-los e acompanhá-los, mas ninguém pode apropriar-se deles;
Liberdade --> Ninguém será vigiado por ninguém. Estar em sintonia com o CESSE O SOFRIMENTO, é concordar com os seus valores e ser honesto na tentativa de segui-los, que é um processo de natureza íntima.
    Os pensamentos acima colocados, formam a "espinha dorsal" do movimento CESSE O SOFRIMENTO. As ações práticas ocorrerão naturalmente pelos vários segmentos e formas de organização da sociedade que entrem em sintonia com o movimento, dentro da riqueza das suas diversidades e multiplicidades, sem nenhum tipo de modelo prescritivo. Inicia-se então, um grande processo de diálogo e articulação, visando que cada vez mais pessoas e instituições comprometam-se, dentro de suas áreas de atuação, com o movimento CESSE O SOFRIMENTO. Por exemplo: Empresários sintonizados com o CESSE O SOFRIMENTO começariam a disseminar a idéia com os seus pares, bem como relacionando várias ações que poderiam ser iniciadas, que estejam em sintonia com os valores do movimento. Poderiam iniciar uma grande campanha de conscientização empresarial, sobre a importância de vínculos de cidadania e responsabilidade pública, através de parcerias e convênios com organizações que lidam com educação de carentes, prostituição infantil, etc. Assim como na área empresarial, também ocorreria em outras áreas da sociedade, como educação, artística, universidades, saúde, ambiental, entre outras.

    Já está em funcionamento a Lista CESSE O SOFRIMENTO na Internet, cuja finalidade é integrar e dialogar sobre o movimento com as pessoas envolvidas e interessadas no mesmo. Para os que tenham interesse em se cadastrar na mesma, favor enviar nome, endereço residencial e e-mail  para  gcw@elogica.com.br  ou acaciocarvalho@uol.com.br

    Foi criado um "núcleo de articulação" para facilitar o diálogo e articulação inicial com os interessados mas, conforme dito anteriormente sobre a não institucionalização do movimento, este núcleo é informal e sem regimentos legais.

    No estado de Pernambuco, o movimento já está se articulando com seis áreas iniciais: Empresarial, Política, Ensino, Religiosa, Artística e Divulgação. Em breve outras áreas serão envolvidas. Que outros estados, cidades e países também criem seus "núcleos de articulação" e possamos juntos nos comprometer com o movimento CESSE O SOFRIMENTO.

    Paz, Gezsler.
    (Recife-PE)




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