Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec


Ano 09 - Número 412 - 2000            06 de março de 2000

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História do Cristianismo V, Maurício Júnior, Brasil

(Seqüência do texto publicado no Boletim 411)

AULA 6 - O CRISTIANISMO PRIMITIVO

O Começo do Cristianismo
A Doutrina Secreta
A Expansão do Cristianismo
A Vida dos Cristãos Primitivos







O1 - O COMEÇO DO CRISTIANISMO

    A história de Jesus não termina com a sua morte, mas continua com a fé dos cristãos na sua ressurreição, que transcende a ciência histórica. Não é um fato que pertence simplesmente ao passado, é atual, ultrapassa os limites da história. Os primeiros cristãos viviam desta fé: ?Agora o Cristo ressuscitou, primícia daqueles que dormem?(1 Coríntios 15, 20). A morte e a ressurreição de Jesus constituem o ponto central da mensagem do Novo Testamento. Através delas é que Deus anunciaria e realizaria a salvação dos homens e do mundo. A morte e a ressurreição de Jesus representam, para os cristãos, um acontecimento único e definitivo: o ?evento Jesus Cristo?. Na verdade, todo o Novo Testamento e toda a teologia cristã limitam-se a desenvolver o significado desse evento de Cristo. Assim, se Jesus Cristo é o centro da verdadeira profissão de fé cristã, a cristologia é o centro vital de toda a teologia cristã.

    O fundamento de todas as reflexões teológicas cristãs é a união hipostática, união da natureza divina e da natureza humana numa só e mesma pessoa: ?Ensinamos que Ele é perfeito na divindade, perfeito na humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem? (Concílio de Calcedônia, 421 d.C.).

    A partir da fé na ressurreição de Jesus, o grupo disperso dos discípulos se recompõe e, na espera de sua volta iminente, torna-se a Igreja. Os seus lábios se abrem e proclamam, no Espírito do Senhor ressuscitado, ?as grandezas de Deus? (Atos 2, 11). O seu testemunho suscita novos crentes, mas renova também a oposição e as perseguições. Tem início a história da Igreja, da sua missão e expansão para além dos confins da Palestina, em todo o mundo. Uma história rica de conflitos e de tensões, na qual o mundo se defronta com o Evangelho, mas também a Igreja se encontra com o mundo, obrigada a apresentar a mensagem de Jesus Cristo em formas e em línguas sempre novas. História de ações e reações, de fidelidade e infidelidade, de intuições e erros, de vitórias e fracassos entre os povos e no coração dos homens. Tudo isso é ainda, aos olhos da fé, a história de Jesus Cristo e do seu poder, mas também a história da sua paixão e morte que não termina jamais.

    O cristianismo nasceu na Palestina, que estava em grande ebulição, quando foi oficialmente anexada por Roma em 6 d.C. Existiam então muitas seitas, algumas espirituais e outras políticas, que esperavam o Messias, o Salvador prometido, que os livraria do domínio romano.

    O Império Romano foi bastante tolerante em assuntos religiosos enquanto as novas crenças não atentavam contra os princípios do Estado romano, e os conflitos que teve com religiões estrangeiras foram mais de ordem política que espiritual.

    O fundador do cristianismo, Jesus de Nazaré, começou a pregar que ?o Reino de Deus estava próximo?, mensagem que muitos judeus esperavam. Multidões o seguiram, porém as autoridades judaicas suspeitaram dele e seus seguidores diminuíram. Depois de pregar seus ensinamentos por três anos, foi detido, julgado e crucificado pela autoridade romana. Apesar disso, a fé cristã começou a se propagar, embora inicialmente se limitasse a um contexto essencialmente judaico.

    Paulo de Tarso, judeu converso, ampliou o âmbito do cristianismo pregando nas ilhas do Egeu, Ásia Menor, Grécia, Itália, etc., onde existiam comunidades judaicas, que nem sempre se convertiam. Muitas vezes explodiram revoltas contra o cristianismo, chegando estas comunidades a se separarem irremediavelmente quando os cristãos não apoiaram  a revolta judaica em 66 d.C. O número de convertidos crescia à medida que se deteriorava a situação econômica do império, e adquiria mais seguidores nos centros urbanos do que no campo, já que neste conservavam-se as crenças pagãs.

    Antióquia, considerada o berço do cristianismo dos gentios, estendeu sua influência para o norte e para o leste. No séc. I foram construídas igrejas em Roma e, ao que tudo indica, na Espanha. Em meados do séc. II, estas haviam-se estendido para as províncias orientais do império e apareciam no Vale do Reno e ao norte da África. A importância que atingiu o cristianismo atraiu a atenção de escritores como Plínio, o Jovem, e Tácito, que descreveu como Nero utilizou os cristãos para desviar a hostilidade que havia contra sua pessoa.

    Apesar das perseguições e da repressão, as conversões continuaram, e a negativa dos cristãos em exercer o cargo de magistrado, portar armas ou render culto ao imperador os tornaram oficialmente suspeitos. No séc. III, com a decadência dos cultos tradicionais, o cristianismo passou a ser uma força considerável.

    No ano de 313 o Edito de Milão decretou a liberdade religiosa e a igualdade de direitos para os cristãos, a devolução de bens expropriados à Igreja e a abolição do culto estatal. Posteriormente, o cristinaismo foi reconhecido como a religião oficial do império.

2 - A DOUTRINA SECRETA

    Quando se lança um golpe de vista sobre o passado, quando se evoca a recordação das religiões desaparecidas, das crenças extintas, apodera-se de nós uma espécie de vertigem ante o aspecto das sinuosidades percorridas pelo pensamento humano. Um primeiro exame, uma comparação superficial das crenças e das superstições do passado conduz inevitavelmente à dúvida. Mas, levantando-se o véu exterior e brilhante que ocultava às massas os grandes mistérios, penetrando-se nos santuários da idéia religiosa, achamo-nos em presença de um fato de alcance considerável. As formas materiais, as cerimônias extravagantes dos cultos tinham por fim chocar a imaginação do povo. Por trás desses véus, as religiões antigas apareciam sob aspecto diverso. Todas as grandes religiões tiveram duas faces, uma aparente, outra oculta. Está nesta o espírito, naquela a forma ou a letra. Debaixo do símbolo material, dissimula-se o sentido profundo.

    A doutrina secreta achava-se no fundo de todas as religiões e nos livros sagrados de todos os povos. Na Índia, os Vedas narram que o Ser Supremo imola-se a si próprio e divide-se para produzir a vida universal. O mundo e os seres saídos de Deus voltam a Deus por uma evolução constante. Daí a teoria da queda e da reascensão das almas que se encontra no Oriente. Os Vedas afirmam a imortalidade da alma e a reencarnação: ?Há uma parte imortal do homem que é aquela, ó Agni, que cumpre aquecer com teus raios, inflamar com teus fogos. - De onde nasceu a alma? Umas vêm para nós e daqui partem, outras partem e tornam a voltar.?

    Durante a época védica, na vasta solidão dos bosques, nas margens dos rios e lagos, anacoretas (1) e rishis passavam os dias no retiro. Intérpretes da ciência oculta, da doutrina secreta dos Vedas, eles possuíam já esses misteriosos poderes, transmitidos de século em século, de que gozam ainda os faquires e os iogues. Dessa confraria de solitários saiu o pensamento inovador, o primeiro impulso que fez do Bramanismo a mais colossal das teocracias.

    Krishna, educado pelos ascetas, foi o inspirador das crenças dos hindús. Essa grande figura aparece na História como o primeiro dos reformadores religiosos. Renovou as doutrinas védicas, apoiando-se sobre as idéias da Trindade, da imortalidade da alma e de seus renascimentos sucessivos. ?O corpo, dizia ele, envoltório da alma que aí faz sua morada, é uma coisa finita; porém, a alma que o habita é invisível, imponderável e eterna. Quando o corpo entra em dissolução, se a pureza é que o domina, a alma voa para as regiões desses seres puros que têm o conhecimento do Altíssimo. Mas, se é dominado pela paixão, a alma vem de novo habitar entre aqueles que estão presos às coisas da terra. Assim, a alma, obscurecida pela matéria e pela ignorância, é novamente atraída para o corpo de seres irracionais.?

    Em que pese toda a sabedoria contida neste pensamento, se considerarmos o Bramanismo somente pelo lado exterior e vulgar, por suas prescrições pueris, cerimonial pomposo, ritos complicados, fábulas e imagens de que é tão pródigo, seremos levados a nele não ver mais que um acervo de superstições.

    Assim como na Índia, também a religião do Egito, com seu culto popular a Íris e Osíris, não era senão uma brilhante miragem oferecida à multidão. Debaixo da pompa dos espetáculos e das cerimônias públicas, ocultava-se o verdadeiro ensino dos pequenos e grandes mistérios. Isto ficou comprovado, quando Champollion descobriu três espécies de escrita nos manuscritos e sobre os templos egípcios: os primeiros caracteres, demóticos, eram simples e claros; os segundos, hieráticos, tinham um sentido simbólico e figurado; os outros eram hieróglifos, que tinham um triplo sentido e não podiam ser decifrados sem chave.

    Assim também, poderíamos citar a Grécia e a Gália. A Gália conheceu a grande doutrina; possuiu-a sob uma forma poderosa e original; soube dela tirar consequências que escaparam aos outros países. ?Há três unidades primitivas, diziam os druidas, Deus, a Luz, e a Liberdade?. Quando a Índia já andava dividida em castas estacionárias, em limites infranqueáveis, as instituições gaulesas tinham por bases a igualdade de todos, a comunidade de bens e o direito eleitoral. Nehum dos outros povos da Europa teve, no mesmo grau, o sentimento profundo da imortalidade, da justiça e da liberdade.

    Durante os primeiros tempos do cristianismo, sente-se perfeitamente acentuado o cunho da doutrina secreta. Os primeiros cristãos acreditavam, com efeito, na preexistência e na sobrevivência da alma em outros corpos, como vemos nas perguntas feitas a Jesus sobre João Batista e Elias, e também da que os apóstolos fizeram relativamente ao cego de nascença, que parecia ?ter atraído esta punição por pecados cometidos antes de nascer?. A idéia da reencarnação estava espalhada por tal forma entre o povo judeu, que o historiador Josefo censurou os fariseus do seu tempo, por não admitirem a transmigração das almas senão entre as pessoas de bem.

    Os cristãos entregavam-se às evocações e comunicavam-se com os Espíritos dos mortos. Encontram-se nos Atos dos Apóstolos numerosas indicações sobre este ponto; Paulo, em sua primeira epístola aos Coríntios, descreve, sob o nome de dons espirituais, todas as espécies de mediunidade.

    Santo Agostinho, o grande bispo de Hipona, no seu tratado De Cura pro Mortuis, fala das manifestações ocultas e ajunta: ?Por que não atribuir esses fatos aos espíritos dos finados, e deixar de acreditar que a divina Providência faz de tudo um uso acertado, para instruir os homens, consolá-los e induzí-los ao bem??

    Na sua obra intitulada Cidade De Deus, tratando do corpo fluídico, etéreo, suave, que é o invólucro da alma e que conserva a imagem do corpo material, esse padre da Igreja fala das operações teúrgicas (2), que o punham em condições de se comunicar com os Espíritos e os anjos, e de ter visões admiráveis.

    Clemente de Alexandria e Gregório de Nice exprimem-se no mesmo sentido. Este último expõe que ?a alma imortal deve ser melhorada e purificada; se ela não o foi na existência terrestre, o aperfeiçoamento se opera nas vidas futuras e subsequentes?.

3- A EXPANSÃO DO CRISTIANISMO

    Já se tem dito que o maior milagre do cristianismo foi sua própria difusão e posterior triunfo como a religião predominante do mundo ocidental. Ninguém teria profetizado que a nova religião duraria muito, quando, na morte de Jesus, passou aos cuidados dos doze Apóstolos, pequeno grupo de homens pobres e incultos, membros de uma raça oprimida que habitava remota província do Império e renegados pelos próprios judeus. Contudo, dentro de uma geração após a morte de Cristo, seus ensinamentos eram conhecidos em todo o mundo mediterrâneo.

    A difusão do Cristianismo inicia-se no seio da comunidade judaica de Jerusalém. A seguir, devido a perseguição à Igreja movida por Saulo, e a morte do primeiro mártir, Estevão (At 7, 54-60, 8, 1-3), o Cristianismo conquista os judeus dispersos por todo o Império Romano, ganhando as províncias orientais - o Egito, a Ásia Menor e a Grécia. Convertendo os judeus de Alexandria, Éfeso, Antióquia, Corinto e outros centros lança as primeiras bases para se fazer ouvir pelos pagãos. Até meados do séc. II d.C., o número dos seus seguidores cresce em Roma penetrando igualmente na Gália e no norte da África, onde se salienta a comunidade de Cartago. Apesar de submetido a duras perseguições, por parte dos romanos e dos judeus, o Cristianismo adquire, no decorrer dos séc. II e III, grande força política que se consolida no governo de Constantino (306-337), primeiro imperador cristão.

    Em Antióquia, pela primeira vez, os discípulos foram chamados cristãos (At 11, 26), designação que os próprios seguidores de Cristo só começam a aplicar a si mesmos por volta do séc. II.

    O número de mártires crescia à medida em que as conversões aumentavam e o império se sentia contestado. Inicialmente considerado pelos romanos como um simples ramo do judaísmo (At 18,14-16), o cristianismo foi aos poucos suscitando a hostilidade dos judeus e cresceu o bastante para assinalar diferenças e evocar toda sorte de perseguições. Surgiram então os Atos dos mártires, documentos que narravam os padecimentos e morte dos cristãos condenados e que se destinavam à leitura nas comemorações anuais em sua honra, como ato de culto público. Tomavam como base as informções oficiais dos julgamentos e os testemunhos pessoais. Entre os Atos conhecem-se o Martírio de Policarpo (115), Atos de Justino e seus companheiros (163-167) etc.

    A expansão da Igreja, no entanto, continua intensiva. No ano 200, o rei Abgaro, de Edessa (Mesopotâmia), converte-se ao cristianismo. Na Grécia, sem contar Tessalonica e Corinto, os progressos não eram grandes. No Egito penetra entre a população nativa.

    Na medida em que a nova crença vai se difundindo, implantam-se as primeiras comunidades cristãs, fora dos limites da Palestina, passando a ação apostólica a se dedicar à conversão dos gentios. O desenrolar desses acontecimentos acha-se registrado nas epístolas de Paulo, dirigidas a núcleos estabelecidos em diferentes regiões do Império Romano. A coríntios, tessalonicences, gálatas, efésios, filipenses, romanos e colossences, envia o apóstolo suas mensagens, confortando-os e aconselhando-os como agir de acordo com os desígnios cristãos.

    A nova religião organiza-se sob forma comunitária, capaz de levar a Boa Nova às mais longínquas regiões do Império Romano, ultrapassando os limites da pequena comunidade judaica de Jerusalém. Gozando, por vezes, de completa liberdade religiosa, perseguidos e martirizados em determinados momentos da história, os cristãos procuraram conquistar o maior número possível de adeptos. Graças à dedicação dos Apóstolos, apesar dos inúmeros obstáculos, a propagação do Cristianismo transpôs os limites da Palestina e atingiu os judeus da Diáspora e os gentios. Salientaram-se nessa tarefa, de modo especial, Pedro, João, Tiago e Paulo.

    No início de sua pregação, os Apóstolos, que antes de sua conversão ao Cristianismo haviam sido adeptos do Judaísmo, procuravam evangelizar os judeus que se encontravam reunidos nas sinagogas. Em consequência, o aparecimento dos principais núcleos cristãos deu-se nas áreas em que se havia estabelecido a Diáspora. Nesse período são implantadas inúmeras ecclesias (assembléias de fiéis) nos principais centros urbanos do Império Romano: Antióquia, Éfeso, Cesaréia, Esmirna e Alexandria.. Em Corinto, um dos centros comerciais mais importantes do Império, Paulo, Silas e Timóteo fundam uma das primeiras comunidades cristãs.

    A seguir, o Cristianismo começa a difundir-se no Oriente, durante o séc. I. Antióquia, na Síria, transforma-se em centro de irradiação do trabalho missionário, que se estende até a Ásia Menor. Os êxitos das igrejas do oriente foram excelentes. O monacato e o ascetismo deram à Igreja egípcia (copta) um enorme fervor missionário que os levou à Etiópia e aos reinos núbios. A Igreja nestoriana, entre os séculos VII e XI, alcançou o tamanho e a influência de qualquer outra igreja cristã da sua época: no ano 1000 havia cerca de 25 províncias metropolitanas e uns 250 bispados que abrangiam territórios na Síria, China, Arábia, etc.

    O triunfo do cristianismo no Ocidente é posterior ao período apostólico. Na época em que sua expansão nos centros urbanos orientais já é enorme, limita-se a reduzido número de comunidades na Gália e na Espanha, florescendo mais tarde, de modo predominante, nos portos marítimos. Com exceção da Palestina e da Ásia Menor, a implantação de comunidades cristãs cocorre nas regiões vizinhas ao mar. Só penetra no interior através das vias romanas, ao longo dos vales, no período pós-apostólico.

    As missões dos anglo-saxões elevaram o cristianismo no Ocidente; mas Roma e Constantinopla se dividiram em duas tendências: católica e ortodoxa, que procuraram se vincular com os povos da Europa Oriental, sendo que Constantinopla conseguiu a conversão de territórios como Sérvia, Bulgária e Rússia, onde depois missionários russos levaram o cristianismo a povos pagãos como os carélios, lapônios, permianos, etc.

    No leste, o cristianismo católico atraiu a Polônia (966) e Hungria (1001), que optaram por entregar suas igrejas à proteção direta de Roma e assim evitar a dominação franca. Desde o papado de Leão X (1048-1054) enrijeceu-se a disputa entre Roma e Constantinopla, culminando em 1054 com um cisma permanente.

    Se no período da Antiguidade os principais acontecimentos da história da Igreja se deram no Mediterrâneo e no Oriente, na Idade Média os centros mais importantes localizam-se na Itália, França, Inglaterra e Alemanha. Assim sucedeu em virtude de dois acontecimentos principais: a penetração islâmica no sul do Mediterrâneo e a adoção do cristianismo pelos germanos e eslavos. De um lado a Igreja conquistou novos povos, de outro perdeu territórios na Síria, Egito e parte do norte da África. As conversões começaram com os visigodos, ainda no séc. IV. Depois foram os vândalos, os ostrogodos e outras tribos, culminando a expansão cristã com a aceitação da fé católica por Clóvis, rei dos francos (496).

4 - A VIDA DOS CRISTÃOS PRIMITIVOS

    Os primeiros cristãos proclamam o Ressuscitado como o Messias, numa relação de identidade com o Jesus terreno e histórico, a quem eles conheceram e a quem agora reconhecem glorificado por Deus. Jesus de Nazaré é o Cristo!

    As confissões de fé que o Cristianismo primitivo expressou por diversos modos, em breves fórmulas de fé e de pregação, em hinos e orações, no batismo e na refeição comunitária, na luta contra ?falsas doutrinas? e no testemunho dos mártires, dão todas um título de honra a Jesus de Nazaré: Cristo (Messias), Filho de Davi, Filho de Deus, Filho do Homem, Senhor. Todos esses títulos querem dizer que Jesus de Nazaré é aquela pessoa concreta, na qual se decide a salvação do mundo e de cada homem em particular. Nesse sentido, a ressurreição e a elevação de Jesus são exaltadas como ação de Deus, o qual reintegrou nos seus direitos de Senhor aquele que se tinha humilhado, fazendo-se obediente até a morte na cruz.

    Desta forma, a adoção da religião cristã demandava moralidade completamente nova, assim como nova teologia. Jesus dissera que a fé deve refletir-se em boas obras e, especialmente para o convertido gentio, isso significava maior desapego da vida pagã que conhecera. Teatros, jogos, festejos e mesmo o serviço público foram proibidos como idólatras. Todas as posses eram partilhadas e pouca importância se dava aos negócios práticos, pois a segunda vinda do Cristo logo daria fim ao mundo material. Louvava-se o celibato voluntário, mas fortes laços de família também se dirigiam para a glória de Deus. A vida desses cristãos voltava-se exclusivamente para o trabalho durante o dia e, à noite, reuniam-se a comentar passagens da vida de Jesus, tentando assimilar as mensagens proferidas pelo Mestre.

    O culto cristão dos primeiros tempos caracterizava-se pela simplicidade do ritual, celebrado, entretanto, com grande alegria e piedade, decorrentes da esperança na volta iminente do Senhor. Os recém-convertidos cediam suas casas para que os cristãos pudessem reunir-se diariamente a fim de orar, conhecer a doutrina evangélica e participar da ?fração do pão?, expressão pela qual é designado o sacramento da Eucaristia nos Atos dos Apóstolos. Mas a frequência ao Templo continuava normalmente, já que o Cristianismo ainda não se havia libertado totalmente da influência e das práticas judaicas.

    As antigas perseguições aos cristãos fizeram muitos mártires. Esse termo vem do grego martir, significando ?testemunha?. E o seu culto originou-se no séc. II. Os martirizados eram heróis da causa cristã e sua veneração tornou-se significativa: eles poderiam interceder junto a Deus. Os cristãos passaram a invocá-los, reunindo-se em torno de seus túmulos, que se transformaram em centros de religiosidade cristã. Especialmente em Roma, as comunidades mais ricas adquiriam terrenos onde sepultavam seus mortos. Para abrigar os túmulos de possíveis profanações, construíram as criptas no subsolo e, sobre elas, edifícios de culto. Esses cemitérios cristãos - particularmente os mais resguardados - passaram a chamar-se ?catacumbas? (originariamente o nome de um campo próximo ao cemitério de São Sebastião, em Roma).

    Com o desenvolvimento do culto aos mártires, a vida cultual nas catacumbas assumiu grande importância. E, quando os cemitérios passaram à jurisdição da Igreja, tornando-se propriedades oficialmente cristãs, a vida cultual nas catacumbas teve ainda maior impulso.

    Caracterizados dessa forma, os cemitérios foram muito visados quando o poder romano pretendeu impedir as reuniões cristãs. Alguns imperadores interditaram suas entradas e confiscaram os edifícios. Apesar das proibições, nos períodos de crise mais aguda, os cristãos reuniram-se no subsolo. Para se protegerem, cavaram estreitos corredores, cobriram outros já existentes e construíram escadarias. Dificultavam assim o acesso dos soldados.

    As catacumbas foram utilizadas num curto período, principalmente em Roma, e seus arredores. Tornaram-se, entretanto, para os cristãos, o mais eloquente símbolo de seu testemunho, significando a realização das palavras do Evangelho:  ?Pela vossa constância alcançareis a Salvação? (Lucas 21, 19).


(1) Anacoreta - Religioso ou penitente que vive na solidão, em vida contemplativa.
(2) Teurgia1 - Espécie de magia baseada em relações com os espíritos celestes. 2 - Filos. No neoplatonismo, arte de fazer descer Deus à alma para criar um estado de êxtase.
(3) Ablução - Ritual de purificação por meio da água, praticado em diversas rel
 

TEXTOS EXTRAÍDOS DE:

DENIS, Léon, Depois da Morte.
DENIS, Léon. Cristianismo e Espiritismo.
SAVELLE, Max. História da Civilização Mundial.
Dicionário Prático Ilustrado. Lello & Irmãos Editores, Porto.
Enciclopédia Btitânica.



Entrevista com Divaldo Pereira Franco, Carlos Iglesia, Brasil

(Entrevista publicada em espanhol no Mensajero Espírita , número 3 - março 2001)

    1) Observando a história do Espiritismo, reparamos que ainda no séc. XIX ele chegou aos paises de lingua espanhola e propiciou o estabelecimento de grupos pioneiros. Na Argentina e no México, por exemplo, criaram-se grupos quase que na mesma época que no Brasil. Até mesmo periódicos, que ficamos conhecendo através da biografia de Amalia Domingo Soler. Agora nos causa estranheza o aparente retrocesso ou pouco progresso do Espiritismo nesses países, como poderiamos entender o que ocorreu? As dificuldades politicas, econômicas e sociais por que passaram podem ser consideradas como causa principal?

    A Espanha, no passado, foi berço de eminentes espiritistas, o mesmo havendo ocorrido com o México, a Argentina, Cuba, Porto Rico, apenas para citarmos alguns países de língua hispana. Não obstante o brilhante florescimento da Doutrina Espírita nesses países por um largo período, face a ocorrências, especialmente políticas - na Espanha a ditadura franquista, na Argentina o período da ditadura militar, no México as sucessivas revoluções, em Cuba a revolução comunista, em Porto Rico as lutas de libertação nacional surgiram as dificuldades que obstaculizaram o contínuo progresso da divulgação e vivência dos postulados kardequianos.

    Apesar dessas vicissitudes, em todos essas nações tem havido uma verdadeira renascença doutrinária, graças à abnegação de homens e mulheres admiráveis que se têm empenhado pela preservação do pensamento espírita na excelência que nos foi legado pelo nobre Codificador. No atual momento há um revigoramento idealístico muito expressivo, que dá início a uma nova época de realizações doutrinárias.

    2) Nos parece que nos últimos anos o Espiritismo tem retomado seu vigor na Espanha e também na América Latina, até mesmo em paises com grandes dificuldades como Cuba. Isso corresponde a realidade? Sendo assim, é uma coincidência, ou corresponde a algum movimento mais amplo do plano espiritual? Neste último caso, qual a contribuição mas efetiva que poderiamos dar?

    Indubitavelmente, conforme citamos acima, está ocorrendo uma revivescência das idéias espíritas por toda a América latina, bem como em outros países do mundo. Isto se deve ao intercâmbio doutrinário que tem havido, especialmente no que diz respeito às conferências realizadas por abnegados trabalhadores do Brasil - nos últimos 35 anos -  e do estrangeiro em toda parte, bem como as facilidades propostas pela mídia, no que diz respeito á divulgação das teses espíritas.

    O homem moderno, cansado de ciência e de tecnologia, encontra-se esvaziado de idealismo. Como conseqüência, a sua busca de Deus tem sido feita com sofreguidão. Porque o Espiritismo é a doutrina de respostas, nesse oceano de luz todos encontram os esclarecimentos que buscam e a paz que anelam, aderindo às suas admiráveis lições.

    Todos podemos contribuir vigorosamente para que mais se expanda o pensamento espírita no mundo, através do auxílio para facilitar a publicação das Obras básicas, que ainda não estão traduzidas aos idiomas da atualidade, ou que no passado, embora traduzidas, encontram-se necessitadas de revisão da linguagem e de novas publicações.

    Por outro lado, seria ideal se os espíritas seguros pudessem visitar os diversos países, oferecendo o valioso contributo doutrinário conforme exarado na Codificação, através de conferências, intercâmbios fraternais, evitando porém as idéias pessoais e preconcebidas, que somente confundem e perturbam.

    3) Temos reparado algumas diferenças culturais entre o Brasil e os seus vizinhos latino-americanos, principalmente no modo como interpretam o conceito de religião. Nestes países, por  características de formação histórica, o conceito de religião está fortemente vinculado ao sentido de "religião organizada", com ritos e dogmas,  não sendo corrente sua conotação mais filosófica. Temos o receio que isso possa vir a tornar-se uma barreira dificil de transpor, impedindo a troca salutar de idéias. Como lidar com estas diferenças culturais ?

    Tenho viajado por todos os países latino-americanos desde 1964 e a questão religiosa jamais se me apresentou como dificuldade. Respeitando as idiosincrasias de cada povo, procuramos divulgar o Espiritismo conforme se encontra nas Obras básicas, esclarecendo as dúvidas que pairam nos auditórios, evitando os debates e contendas perniciosos, jamais impondo as minhas idéias e cingindo-me sempre ao contexto da própria Doutrina.

    Há, inevitavelmente entre alguns de nós espíritas, no Brasil, uma idéia que me parece errônea, qual seja a de tentar exportar um Espiritismo à brasileira, como se tal houvesse. O Espiritismo é um só. É aquele que se encontra na Codificação. A interpretação e adaptação às condições históricas, econômicas, filosóficas são resultados das necessidades de elucidação dos problemas e desafios existentes em cada povo ou lugar.

    Se respeitarmos as convicções das pessoas e Instituições, apresentando o Espiritismo na sua claridade diamantina, lentamente aqueles que aderirem aos seus postulados irão modificando a maneira de encarar os objetivos existenciais e os comportamentos, de acordo com os seus níveis de consciência e imposições evolutivas.

    4) Em muitos dos países latino-americanos há mediuns que atuam nas mais diversas correntes religiosas, algumas surgidas do sincretismo religioso entre indigenas, africanos e europeus. Não seria o caso do plano espiritual, através desses médiuns, reforçar a mensagem espírita que está sendo reintroduzida vagarosamente? Como entender fenômenos como a Santeria e o Vodu, que nesses paises são normalmente confundidos com o Espiritismo?

    Não nos esqueçamos que essa ocorrência animista/mediunista também acontece entre nós, através dos Movimentos de Umbanda, Quimbanda, Candomblé e outros que têm surgido nos últimos tempos, adotando nomes de pessoas, médiuns ou não, a desserviço do Espiritismo. Trata-se de um fenômeno antropossociológico inevitável, que o tempo vai diluindo ou colocando fronteiras bem definidas.

    Todo movimento espiritual que visa ao bem geral é nobre e digno do nosso maior respeito. Desde que existem, são necessidades do processo evolutivo das criaturas, e a Divindade se utiliza desses valiosos recursos para conduzir os seres humanos à Realidade, qual ocorre através de outras correntes de pensamento e de fé...

    Em cada um deles, portanto, especialmente no que adotamos, os Benfeitores da Vida Maior têm tomado as providências compatíveis, auxiliando no esclarecimento dos indivíduos, à medida que se desenvolvem intelectomoralmente conforme afirmava Allan Kardec.

    5) Um dos desafios que se apresentam aos espíritas de lingua espanhola é justamente a desinformação da sociedade hispanica em geral quanto ao Espiritismo. Nestas sociedades foi introduzida a idéia de que o Espiritismo é a prática da bruxaria, da advinhação, da cartomancia, enfim do comércio com o plano invisivel. Como o plano espiritual vê a questão e qual seria o melhor caminho para reverter esse panorama?

    Esse fenômeno também se deu no Brasil, e ainda prossegue em alguns bolsões da nossa sociedade. Os Espíritos nobres jamais deixaram de atender as necessidades de iluminação dos seres humanos. No que diz respeito ao Espiritismo, a mediunidade dignificada em toda parte abre portas ao entendimento da missão da Doutrina, ao tempo que escritores hábeis, periodistas intimoratos e intemeratos, oradores lúcidos se encarregam de dar prosseguimento ao ministério esclarecedor.

    6) Muitas perguntas que nos chegam ao GEAE são relacionadas com a procura de grupos espíritas, que nem sempre existem nas proximidades e que quando existem, algumas vezes não correspondem as expectativas. Como fazer para localizar um grupo espírita no exterior, há algum critério que possa ser recomendado para a pessoa que tem interesse no conhecimento espírita? É viavel a recomendação de estabelecerem-se grupos espíritas familiares onde não existe ainda nenhum estabelecido?

    Quase sempre essa solicitação é de brasileiros que viajaram para outros países. Aí temos duas dificuldades: a primeira é resultado do vício de alguns militantes que, em nosso país buscam o Espiritismo com objetivos menos elevados, quais sejam as soluções de problemas, amparo na hora da dificuldade, liberação de perturbações espirituais... O interesse que denotam firma as raízes nessa conduta, procurando dar prosseguimento ao parasitismo junto aos trabalhadores incansáveis, sem fazerem quase nada para mudar a situação em que se demoram. E como em alguns países o Movimento apenas se delineia, torna-se difícil encaminhá-los para os grupos iniciantes. Seria então, ideal, que se sugerisse o estudo do Espiritismo no lar, a princípio com a família, depois com algum amigo interessado e, por fim, criando-se um grupo bem estruturado. A segunda diz respeito a uma óptica equivocada também. Estando em um país estrangeiro a pessoa tem necessidade de encontrar companheiros de sua origem nacional, e no Espiritismo irão estar com aqueles que falam o seu idioma, sentem iguais saudades e vivem os mesmos problemas. Não raro, transformam os grupos em lugares de encontro para tratar de assuntos que ficaram no país de origem. Como efeito negativo, evitam falar o idioma local, permanecendo com as fixações que conduziram quanto ao trabalho espírita conforme era realizado na sua cidade... e desejando impô-lo em detrimento dos objetivos doutrinários que são muito sérios. Com essa conduta, afastam os interessados do país que, em se acercando, não compreendem o idioma em que os seus membros se comunicam, nem os chistes que provocam sorrisos e gargalhadas, deixando neles impressão muito negativa  sobre o pensamento espírita que passa a ser uma esquisitice de Terceiro Mundo... Há sem duvida respeitáveis exceções.

    Quando porém, se tratar de pessoa que vive no país e está sendo despertada para o entendimento espírita, seria aconselhável recomendar-se o CEI - Conselho Espírita Internacional - que possui a maioria dos endereços de Instituições e grupos espíritas em mais de vinte e cinco países, podendo recomendar com segurança os que tiverem melhores condições para receber principiantes ou não.

     7) Nos Estados Unidos há médiuns, ligados a movimentos espiritualistas sucessores do Modern Spiritualism, que cobram por suas atividades. Pelas informações que temos, muitos deles são sérios e as mensagens que recebem não diferem muito em conteúdo dos ensinamentos espíritas. Como é possivel a coexistência da mediunidade paga e a comunicação confiavel de espíritos esclarecidos? Não deveria haver da parte dos próprios espíritos comunicantes uma reação a comercialização de seus esforços?

    Os Espíritos agem conforme acreditam que é melhor para a criatura humana. Deveremos respeitar a mentalidade de cada povo, ao invés de bitolá-la em nossos padrões. O Codificador recomenda a mediunidade gratuita e Jesus foi muito claro quando estabeleceu que se deve dar de graça o que de graça se recebe. A questão porém, é de consciência individual. Embora essa condição imprópria, que o tempo modificará - e recordemos que os médiuns europeus que foram instrumento da confirmação científica da mediunidade, como alguns americanos, eram todos profissionais, e os Espíritos, respeitando-lhes a conduta, não se negaram a estar presentes nas experiências realizadas - os Amigos espirituais continuarão servindo e esclarecendo os instrumentos de que se utilizam, a fim de que também encontrem o rumo do equilíbrio e do ministério de amor mediante a gratuidade dos seus serviços .

    8) Considerando seu contato com grupos espíritas nos mais diversos países do mundo, como está a situação do Espiritismo em geral? Existe cooperação e compreensão mútua ou estamos incorrendo nas mesmas dificuldades de entendimento que afetaram, por exemplo, a reforma protestante - que diversificou-se em uma infinidade de igrejas a medida que se espalhou por povos e grupos culturais diferentes?

    Afirmava Nietzsche que ?tudo quanto o homem toca corrompe?. Esse é, sem dúvida, um conceito pessimista muito destrutivo. Eu não diria dessa forma, porém, reconheço que toda idéia quando chega ao nosso plano de comportamento sofre as injunções da maneira de ser de cada um de nós que, ao invés de introjetá-la para vivê-la conforme o seu conteúdo, a adaptamos à nossa forma de interpretação, com prejuízo para o seu valor intrínseco. Assim, toda idéia que se expande perde em profundidade o que adquire em superfície.

    No Movimento espírita, que eu saiba, ainda não houve ocorrências semelhantes ao que aconteceu com o luteranismo, com a reforma protestante, não obstante existam atividades paralelas em diversos grupos que adotam comportamentos não doutrinários, apresentando-se como calcados no Espiritismo.

    9) Em que sentido devemos entender a "união" proposta pelos espíritos e a "unificação" almejada pelos espíritas? Ela é viavel considerando a inesgotavel variadade psicologica humana e as diversas formas de ser e de ver o mundo? Como incentiva-la e mante-la através das fronteiras geográficas? A chamada "globalização" tem ou terá um papel a desempenhar nesta questão?

    Fundamentada a moral espírita naquela que foi ensinada e vivida por Jesus, não podemos fugir à vivência do amor e da fraternidade, conforme a trilogia proposta pelo Codificador: Trabalho, Solidariedade e Tolerância.

    Para torná-la verdadeira em nossa conduta, a união é indispensável entre as criaturas, especialmente entre os espíritas, e a Unificação doutrinária torna-se a conseqüência natural que decorre da adoção desta Doutrina que a todos nos irmana. A união bem como a Unificação, não visam à uniformização, mas à identificação de propósitos, à tolerância com as deficiências de pessoas e de Instituições, nas quais sempre se deve ajudar ao invés de destruir, de forma que venhamos um dia a formar um só rebanho.

    Quanto nos seja possível, cabe-nos auxiliar além fronteiras àqueles que se iniciam no comportamento espírita a experiência luminosa de ser fraterno, de estar identificado com os outros grupos, trabalhando todos juntos embora quaisquer diferenças de opinião que possam existir. Assim, será fácil preservar a saudável divulgação doutrinária e a sua vivência no cotidiano, sem o que estaremos apenas teorizando, sem demonstração de uma legítima vinculação emocional através da conduta moral mantida em razão dos objetivos divulgados.

    Sinceramente não acredito que a globalização nos termos que vem sendo apresentada, possa auxiliar-nos nesse mister, que é muito pessoal e dignificador, tendo-se em vista que essa ruidosa proposta, segundo os especialistas na área, tem oferecido mais danos à economia, à socialização entre pobres e ricos, que abre cada vez mais o abismo que os separa, do que propriamente benefícios...

    10) Em nome de todos os nossos amigos, que recebem o Mensajero Espírita, gostariamos de agradecer-lhe a gentileza desta entrevista e aproveitamos para perguntar-lhe se há alguma mensagem ou orientação final que gostaria de transmitir aos nossos irmãos de lingua espanhola?

    Agradeço, sinceramente comovido, a gentileza com que me distinguem os companheiros do Mensageiro Espírita, e como palavras finais, gostaria apenas de recordar o ensino de Jesus, quando diz: - Nunca fazer a outrem senão aquilo que gostaria que outrem lhe fizesse.

          Salvador, 7 de fevereiro de 2001.
          Divaldo Pereira Franco



Comentários
Resposta à Pergunta sobre Mediunidade, Pedro Vieira, Brasil

(Resposta à pergunta formulada por Elizabeth no Boletim 411)

Cara Elizabeth,

    O fenômeno de bilocação ou desdobramento é bastante comum e os sintomas que você descreveu são perfeitamente normais. Portanto, não se preocupe. Recomendo, de antemão, que procure uma Casa Espírita e lá, em reuniões de educação mediúnica, peça uma orientação ao Plano Espiritual de como proceder, dentro do Centro Espírita, para educar sua mediunidade. Na Casa que freqüento há duas médiuns de bilocação que são acompanhadas em desdobramento pelo dirigente mediúnico, que desdobra com elas, ajudando-as a compreender o fenômeno. Esse seria o ideal.

Vamos às suas perguntas:

    1) As crises de choro, que em algumas pessoas são gritos, taquicardia, movimentos bruscos, são pura reação do corpo físico à angústia que você sente enquanto fora do corpo. Imagine que você esteja sentindo por alguma situação uma angústia imensa, mas que por algum motivo não a possa expressar (por exemplo, numa reunião de trabalho). Quando vai a local onde
é possível exteriorizar, você "desaba", ou seja, coloca para fora o sentimento em forma de choro, tremedeira, taquicardia, etc. O fundamento é o mesmo. Longe do corpo físico as suas reações orgânicas são muito diminutas. Quando retorna, trazendo a angústia contida de você, Espírito, o corpo sente o choque e responde, com esses sintomas. Com o exercício mediúnico isso passará naturalmente.

    2) Elas parecem reais porque elas são. Repare que quando há a bilocação você enxerga as cores clara e perfeitamente. Os sonhos Freudianos são em preto-e-branco, como reflexo do sub-consciente. Não quero dizer com isso que todas as vezes que consiga distinguir cores esteja em desdobramento, mas que a realidade dos fenômenos é tão patente que contrasta com o estudo psicanalítico dos sonhos em preto-e-branco. As cenas são reais e, principalmente pelo estado assustado que está, esquecê-las é mais difícil. Com o tempo serão lembranças que guardará mais ou menos, como todoas as outras, à medida que te interessem mais ou menos também.

    3) Não é hipnose. Você precisa se convencer - e isso só se dá com treinamento mediúnico - de que está fora do seu corpo físico. O que acontece quando você fala normalmente? Envia informação para articular a palavra. Se a palavra não sai pela boca, ou seja, se você não a ouve com os ouvidos físicos, então não fala o resto da frase. Muito provavelmente você ainda está confundindo o falar físico com a linguagem do pensamento do Espírito, razão pela qual fica aguardando inconscientemente um OK do corpo físico, quando ele não existirá. Com o tempo também isso melhora. É estranho, você fala mas é uma sensação diferente do falar físico. É o pensamento, mas articulado como se fossem palavras. Você sabe o que falou e para quem falou, sem necessidade de uma resposta física do corpo autorizando a continuação.

    4) Provavelmente um Espírito afim que se incumbiu da tarefa de guiá-la nos primeiros passos do trabalho de desdobramento, que serve para auxiliar outros Espíritos, mas quando estiver perfeitamente equilibrada.

    5) Normalmente, Elizabeth, grandes choques emocionais produzem efeito em todas as áreas do corpo e do Espírito. A mediunidade é também afetada por conta disso. Pode ser que a eclosão da mediunidade tenha sido apressada não só pelo choque em si, mas pela necessidade de provar a você mesma que a vida continua, de modo a diminuir seu sofrimento. Não encararia como uma prova, mas como um presente o fato de o desdobramento começar a ocorrer exatamente nessa época.

    6) Porque nós esperamos a resposta que nós queremos, e não a que Deus nos dá. Daí achamos que todos os sorrisos que a vida nos dá são meras contingências e a resposta ainda não chegou. Os hebreus esperam o Messias até hoje, porque Jesus não foi a resposta que desejavam para suas dores. Mas foi a divina resposta que Deus deu a toda a humanidade sofredora. Quem sabe o desdobramento não é uma maneira de auxiliar seu filho e outros jovens que também se encontram em pós desencarne recente?

    Elizabeth, tenho algumas recomendações finais quanto ao fenômeno, baseadas em vivência prática, que poderão auxiliar:

    a) Ore antes de dormir, de preferência fique em prece até o momento de dormir, mesmo que a prece seja automática no final. Você provavelmente desdobrará orando, o que te fará lembrar da prece sempre que precisar fora do corpo.

    b) É comum haver inquietação no retorno ao corpo físico. Estar em cima do corpo (uma distância média de 2 dedos) e não conseguir mexê-lo. Nessa hora não adianta violência nem inquietação. Ore e aguarde. Em poucos instantes acontecerá a religação. Esses poucos instantes, quando estamos inquietos, parecem horas.

    c) Convença-se de que o que transmite não é sua boca, mas seu pensamento. Quando vir o seu avô, pense em direção a ele. Formule a ele uma pergunta. Pergunte como proceder para falar. Não deixe de questionar os Espíritos que vê sobre a situação em que se encontra. Julgue as respostas e execute-as se achar que são de bom senso.

Espero que a nova oportunidade de serviço te seja repleta de luz e realizações.

Muita paz,
O amigo Pedro Vieira



Ainda Resposta à Pergunta sobre Mediunidade, Vander, Brasil

(Resposta à pergunta formulada por Elizabeth no Boletim 411)

Muita a Paz a todos,

Vou tentar formular algumas idéias que talvez possam lançar alguma luz a algumas dúvidas colocadas pela Sra. Elizabeth.

     1- como voltar para o corpo sem crises de choro?

        O processo mediúnico deve ser constantemente trabalhado e desenvolvido, trata-se de uma perspectiva simplista da intersecção dos mundos fisico e espiritual. A este fato, estamos todos de alguma forma nos adaptando e buscando melhor compreensão. Mas como tudo no mundo espiritual, o equilibrio desta intersecçãao esta baseado na evolução moral, esta deve ser sempre a nossa meta. E por mais impressão que tenhamos que chegamos lá, sempre que algo que nos desequilibra acontece, nos mostra que nossa caminhada ainda não terminou. Todos temos o sentimento real de tudo em nós mesmos, encarnados ou desencarnados nossa consciência sempre nos fala. Busca o melhoramento, não existem fórmulas e métodos. Temos de qualquer forma de cumprir toda a caminhada, cabe apenas a nós acelerarmos ou reduzirmos nossa velocidade.

    2- as cenas são muito reais, como num filme, não consigo esquecê-las.

        Não nos esqueçamos que nossa vida natural é a vida espiritual, portanto o que vemos em espírito é tão real quanto o que vemos em carne. A única diferença é a natureza da matéria de um plano e de outro. O efeito da ligação ao corpo fisico, causa normalmente distorções psíquicas as lembranças ou imagens, isso se deve ao problema das sensações e paixões as quais estão sujeitos todos os espíritos encarnados. A busca do aperfeiçoamento, faz com que o espírito cresça ou seja desmaterialize-se, isso significa que a ação dos efeitos materias sobre o pensamento vão sendo minimizadas até cessarem completamente. Não é necessário e nem de alguma forma útil esquecer o que vimos e sentimos, ao contrário busquemos compreeder.

    3- às vezes fico impotente, como que hipnotizada, ouço falarem comigo mas não consigo responder.

        Aplica-se os mesmos principios explanados a cima...

    4- vou há tantos lugares, mas só escuto meu avô, que diz, vem comigo.

        Muitas vezes a ajuda nos bate a porta e estamos cegos. Nos falam mas não ouvimos, nos mostram mas não vemos... Façamos com que os ensinamentos do Mestre Jesus façam de fato parte do nosso dia-a-dia. Parafraseando-O "...ouça quem tem ouvidos para ouvir, veja quem tem olhos para ver..."

    5-sou kardecista, procuro sempre melhorar, mas a partida de meu filho em acidente de carro, à quatro anos e cinco meses, deixou-me muito mais sensível, com apenas 23 anos despediu-se, estamos sofrendo ainda, eu principalmente, será prova para mim e meu esposo ou prova dele?

    Irmã, o espírito em sua escalada necessita de lições constantes, pois só aprendemos aquilo que nos é ensinado, nossa escola é a Terra e aqui estamos sujeitos às Leis da matéria, mas muito mais do que isso, lembremos que estamos submetidos às Leis Divinas criadas de forma a atuar na harmonia do Universo. Lembremo-nos sempre que nosso Pai NUNCA nos desampara e que não nos dá fardo superior às nossas capacidades. Estudamos, nos instruimos o tempo todo e conseguimos falar e escrever coisas tocantes e sensatas, mas é na tempestade que vemos o quanto aprendemos. Nosso livre arbítrio nos permite basicamente duas formas de aprendizado pelo AMOR e pela DOR, infelizmente nós quase sempre optamos pela DOR... Mas numa perda de um ente querido como não ver a DOR? Irmã, qual foi a perda? Vosso filho morreu em espírito? Não creio... ao contrário pederíamos dizer que "ressucitou" em espírito! Ele teve sua missão completa por hora e voltou a pátria assim como vós e todos voltarão... Creia e Amai a Deus acima de todas as coisas, busque-O em ti, vosso filho querido está em bons cuidados e quer que a Sra. também esteja, assim como ele aceitou a ajuda, ele deseja que a Sra. também a aceite, abra seu coração para o amor e para a caridade, temos tantos filhos sedentos de um sorriso, de um abraço, de uma palavra amiga,... o Vosso que foi da Terra lhe pede para que vós, vos fortifique em vosso pensamento e que em seu nome estenda vossas mãos aqueles que necessitam e ele estará contigo a cada passo e se fechardes os vossos olhos e abrirdes vosso coração, poderás sentí-lo e ouví-lo e receberás tal Dávida que nunca imaginastes ser possível nesta vida, receberás algo que não seria possível de outra forma senão pelo laço espiritual. Creia em Deus e em Jesus, "...ajuda-te  e o Céu te ajudará..."

    6- Gostaria, sei que às vezes não é possível, tenho o lema orar e vigiar que Emmanuel nos ensina através de Francisco Xavier, mas como e porque o plano superior demora tanto a nos responder?

    Irmã, reveja o que hoje trouxemos a ti, olhe para dentro de si e abra vosso coração para a voz interior que clama a ti "... Eu sou o caminho, a verdade e a vida..." e verás a imensa generosidade e prontidão que somos todos atendidos pelo nosso Pai Celestial...

Muita Paz,




Perguntas
Dúvidas, Marinete, Brasil

    Gostariade fazer umas perguntas.Um rapaz que conheci, descobrimos que ele finge estar com espíritos. Finge estar com malandro, com um cigano e outros espiritos. A minha pergunta é: o que acontece com uma pessoa que finge e diz que todos os seus espíritos são os bons e os das outras pessoas não são nada? Eu penso que a pessoa deve ser desequilibrada, mas essa pessoa se formou em psicólogo (não sei como).

    Penso que os espíritos saiban disso, escutam o que ele fala, mas e dai? Acontece alguma coisa com a pessoa? Ela vai continuar enganando as outras pessoas? Como isso funciona? Já chamaram a atenção desse rapaz, e se ele continua, ele vai continuar, nada acontece? Acredito que isso é uma coisa muito séria. Tenho muitas coisas desse rapaz para contar sobre isso, o que ele fala, o que ele faz quando se diz incorporado, o que fala das outras pessoas que encorporam realmente e ele não se dizendo incorporado diz que a outra pessoa está fingindo. Gostaria muito de uma resposta, pois o que ele faz encomoda muito a todos. Gostaria de uma resposta de alguém que realmente podesse me esclarecer.

Agradeço desde já.
Marinete.


Cara Marinete,

    Realmente uma pessoa que haje desta maneira está desequilibrada e contrai pesados débitos para o futuro. A justiça
divina determina que "a cada um segundo suas obras" e assim nosso amigo está semeando para si próprio uma colheita de sofrimentos. Talvez ele não perceba, mas como todos nós temos em algum grau a mediunidade, ele já pode estar sendo instrumento, sem saber, de espíritos tão levianos qto ele.

    Enfim, os espíritos superiores respeitam o livre arbitrio do ser humano e o que erra aprende com as consequencias
do próprio erro. Até mesmo o "incomodo" que ele causa acaba servindo de algo, pois as pessoas aprendem a usar o senso critico. De resto, o que se pode fazer é orar em favor dele, para que crie juizo.

    Atenciosamente,
    Carlos Iglesia



Pergunta sobre Telepatia, Aline, França

Saudacões ao GEAE,

    QUESTÃO: Ontem vi uma reportagem na televisão francesa sobre a telepatia. A qual está sendo estudada por um
senhor francês que tenta provar por A + B que ela é verdadeira. O único homem considerado telepata pelos cientistas americanos apareceu nesta reportagem guiando um barco com a forca do seu pensamento; em volta de sua cabeca foi posta uma tira conectada a um computador e tb o barco estava conectado ao mesmo computador.

    Na Alemanha, uma médica está usando esta técnica para ajudar seu paciente totalmente paralisado após um acidente, a se comunicar escrevendo mensagens no computador através de sua mente.

    A minha questão é:

1) Qual é a visão do Espiritismo sobre a Telepatia?

2) Será ela também uma lei da natureza desconhecida pelos cientistas, como a lei das manifestacões dos Espíritos?

Agradecidamente,

Aline de Lima,
Paris, France.


Prezada Aline:

    O fenômeno da telepatia foi primeiramente anunciado pelos Espíritos (embora demonstrações de sua existência sempre
tenham existido) a Kardec no "Livro dos Espíritos" conforme podemos ler nas questões 419, 420 e 421 desse livro. A
questão 421 é particularmente interessante:

"-Como se explica que duas pessoas, perfeitamente acordadas, tenham instantaneamente a mesma idéia?
São dois Espíritos simpáticos que se comunicam e vêem reciprocamente seus pensamentos respectivos, embora sem estarem adormecidos os corpos."

    No comentário Kadec refere-se ainda à "linguagem dos Espíritos" para explicar a comunicação de pensamento. O nome "telepatia" foi usado no século XX nas pesquisas dos fenomenos ditos "paranormais". Na verdade, sua existência nunca foi aceita pela comunidade científica como um todo por razões que não vamos comentar aqui.

    O fato é que ela existe. Eu particularmente pude inúmeras vezes comprovar isso, e a maneira mais fácil (pelo menos por
experiência própria) é com as chamadas telefônicas. Inúmeras vezes eu já me vi na situação de pensar em telefonar a alguém
(em geral um parente bem próximo) e esta pessoa, alguns segundos após me telefonar. De outras vezes acontece o oposto:
Eu telefono para certa pessoa e esta, atendendo, me reporta ter manifestado seu pensamento em mim ou do desejo da comunicação.

    Penso que a única explicação convincente (além da óbvia "coincidência", digo óbvia porque ela trivialmente explica qualquer coisa) é a da telepatia conforme explicam os Espíritos na questão acima. Imaginaria que a explicação da coincidência poderia ser válida se calculássemos a probabilidade de acontecer, o que acredito ser muito pequena, já que nos casos a que me refiro, eu não tenho comunicação muito frequente com as pessoas em questão. Penso que, prestando melhor atenção a essses pequenos fatos (aparentemente sem importância) poderíamos coletar de outras pessoas coisas semelhantes (principalmente entre pessoas que guardam certo parentesco).

    Já o fenômeno a que você se refere antes das duas questões colocadas, a meu ver, não guardam nenhuma relação com a telepatia. Fazer trenzinhos ou outro dispositivo elétrico se movimentar por meio de ligações com eletrodos ligados à cabeça de um indivíduo não parece ter nenhuma relação com a telepatia, nem pode ser classificado como fenômeno espírita. O que acontece é que, através de placas sensíveis que captam pequenas variações de potencial (e que se correlacionam diretamente com esta ou aquela ação mental) na cabeça, é possível naturalmente acionar, por meio de amplificadores, filtros e outros dispositivos eletônicos, outros sistemas com movimentação macroscópica sensível. No caso famoso do trenzinho (ou do barco), o que faz o trenzinho andar são baterias bastante potentes a ele conectadas. O controle da movimentação, se o trenzinho anda ou para, vai para direita ou esquerda etc, é que é feito pela ação mental macroscópica sobre os eletrodos. Em princípio o fenômeno é tão trivial quanto fazer meu braço se movimentar para cima ou para baixo através de conexões cerebrais normais.

    Certamente esse fenômeno é de grande utilidade aos portadores de deficiência física, já que torna possível a realização de
inúmeras tarefas simplesmente ao "toque de um pensamento".

Muita paz,
Ademir - Editor GEAE



Perguntas sobre a Permanência do Espírito na Erraticidade e Doação de Órgãos, Fernando, Brasil

    Poque alguns palestrantes afirmam que o espírito na erraticidade leva de cem a duzentos anos para reecarnar? Sendo que em alguns livros, a reencarnação é citada em menos tempo.

    À respeito da doação de órgãos, já ouvi pessoas estudadas dizerem que o espírito doador sofre com a doação, nos casos de morte cerebral, pois o espírito ainda esta ligado ao corpo. Em outros casos, o perispírito é igualmente afetado e ele sofre as consequências da doação pois esta fica imprimida no seu perispírito.O que o sr pode me dizer à respeito?

Obrigado e um abraço
FERNANDO (Bauru-SP)


Caro amigo Fernando,

    As suas questões são realmente complexas e exige de nós todos muita reflexão em busca de informações que muitas vezes ainda não as possuimos. A literatura espirita apresenta alguma coisa sobre isso, mas há ainda uma falta de definição precisa.

    No meu entender, não há como ser definido um tempo exato para um espirito reencarnar e nem aproximado. Tudo depende do grau de evolução de cada um e ainda de uma série de condições que talvez desconheçamos no momento. Uma delas, que tem que ser lembrado é que o espirito continua evoluindo no plano espiritual. Portanto, como definir quando ele vai retornar? E se ele evolui muito mais rápido no plano espiritual ao ponto de não mais necessitar retornar? Assim. não acredito que possa haver um tempo determinado, nem mesmo um tempo médio.

    O assunto transplante de orgãos tambem é muito polemico. Existe ainda muita dúvida a respeito e acredito mesmo em muita fantasia que são publicadas. Vejo tudo dentro de uma harmonia quando o espirito tem certo grau avançado de evolução. Para ele, a concientização do seu próprio estado, não permite sofrimento, visto que o transplante, beneficiará outros e isso deverá ser motivo de satisfação pessoal.

    No caso de um espirito atrasado em evolução, de fato, poderá haver sofrimentos causados pelo seu próprio estado de não aceitação do fato. Isso ocorrerá, certamente, através do periespirito, por ser um fluido semimaterial, já que ele se encontra livre do corpo físico e no meu entender, não há esse caso de o espirito estar ligado ao corpo. Isso só ocorre quando encarnado. Após o desencarne, a ação se faz pelo periespirito. Enfim, espero que voce continue pesquisando o tema.

Um abraço
Raul Franzolin



Pergunta sobre Biografia, Carlos Roberto, Brasil

Prezados Senhores

            No mês de janeiro/2001, enviei um e-mail  solicitando perguntando sobre a possibilidade  de obter  alguma  biografia  do ilustre espírita  Dr. Leocádio José Correia.

            Como até a presente data não recebi  nenhuma  informação  de  V.Sas., venho novamente solicitar a citada biografia ou  outros quaisquer dados, para que eu possa conhecer mais sobre o Ilustre Espírita.

             No aguardo, subscrevo-me, desejando a todos do GEAE muita paz  em nome do nosso PAI CELESTIAL.

Carlos Roberto Lemberg



Painel
Memórias do Espiritismo no Ceará, Gazeta Espírita, Brasil

Release MEMÓRIAS DO ESPIRITISMO NO CEARÁ

    Ciente de que ?Documentar é preservar a História? o Centro de Documentação Espírita do Ceará - CDEC, promove no próximo dia 6 de fevereiro de 2001, o lançamento nacional, em evento marcante a ocorrer no Auditório Mallet, do Colégio Militar de Fortaleza, às 19h 30min, com participação do Grupo Musical AME, apresentação do jornalista e radialista Cid Sabóia de Carvalho, servindo como mestre de cerimônias o jornalista e radialista Nonato Albuquerque, do livro ?Memórias do Espiritismo no Ceará?.

    ?Memórias do Espiritismo no Ceará?, nova obra de Luciano Klein Filho, com 50 biografias de vultos eminentes do Espiritismo no Ceará. Prefácio do juiz de direito e jornalista Paulo Eduardo Mendes. A capa tem o toque artístico de Rogério da Silva e Souza, com foto de Gentil Barreira retratando um recanto do Passeio Público. A Editora DPL de São Paulo juntou
tudo e produziu um livro com 136 páginas, formato 14 x 21 cm, ao preço de R$ 16,00 o exemplar.

    O intuito desta coletânea de biografias é homenagear os valorosos companheiros de ideal que, numa época de grande intolerância a novas concepções espiritualistas, arrostaram preconceitos de toda sorte para que o Boa Nova Espírita fosse semeada na Terra da Luz.

    O autor esclarece na introdução da obra que as biografias enfocadas referem-se somente a companheiros que reencarnaram até a década de vinte e já desencarnados, que tiveram participação específica no movimento espírita local. Não são retratadas as personalidades já conhecidas nacionalmente, como: Bezerra de Menezes, Vianna de Carvalho, Júlio Abreu Filho, Francisco Peixoto Lins, entre outros, por terem já suas vidas amplamente divulgadas por diversos biógrafos e amplamente conhecidos no Movimento Espírita Nacional.

    No prefácio da obra, o juiz de direito e jornalista Paulo Eduardo Mendes, assim se expressa:

    ?O Ceará conhecendo os vultos de destaque da jornada espírita. O texto do Professor Luciano Klein Filho dando os retoques no quadro das relembranças que nos enriquecem. Gente nossa na descrição topográfica dos seus feitos. Realizações que edificaram o Movimento Espírita no uso consciente das idéias cognitivas do mundo do além.

    Desfile operoso de vultos que ficaram na retentiva dos que escrevem revigorando épocas, produzindo exemplos que só a história pode fixar no museu das reminiscências.

    Elenco de personagens escalados para formar um enredo cuja dissertação tem a representação cênica de um teatro do ontem. Revivência de episódios na ribalta da vida que todos gostam de conhecer. Vivenciar momentos que os refletores do passado projetam na luminosidade de um redator-roteirizador.

    Diretor de uma peça de reposição para guardar na memória romântica que sempre nos liga ao passado. Convivência prazerosa com os vultos de nomeada na projeção espírita. Personalidades desenhadas a caráter pela sedimentação dos seus feitos. Lições sempre vivas para estabelecer parâmetros na construção do hoje.?

Sobre o Autor

    Luciano Klein Filho nasceu em Fortaleza, Ceará, a 2 de fevereiro de 1964. É Bacharel em Administração de Empresas e Licenciado em História, com pós-graduação em Teoria e Metodologia da História. Membro do Instituto dos Docentes do Magistério Militar, exerce a função de Professor Efetivo de História no Colégio Militar de Fortaleza.

    Espiritista desde o ano de 1985, é trabalhador da Sociedade Espírita João, O Evangelista e presidente do Centro de Documentação Espírita do Ceará. Além de atividades relacionadas ao resgate da memória histórica do Espiritismo em seu Estado, promove, através de palestras, divulgação doutrinária em instituições da capital e do Interior. Publicou os livros : ?Palavras de Vianna de Carvalho?, em 1995 (Editora da Federação Espírita do Estado do Ceará), em parceria com Francisco Cajazeiras; ?Vianna de Carvalho, o Tribuno de Icó?, em 1999, (Editora Lachâtre) e organizou o livro ?Bezerra de Menezes - Fatos e Documentos?, em 2000 (Editora Lachâtre/CAPEMI).



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