Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec


Ano 08 - Número 398 - 2000            22 de agosto de 2000

Conteúdo

Textos

Comentários Perguntas Painel

Textos
A Civilização Hindu e o Espírito de Tolerância, Carlos Iglesia, Brasil

(Breves considerações históricas sob o enfoque espírita)

Deixe os pensamentos nobres chegarem de todas as partes
(Rig-veda, http://sarasvati.simplenet.com/nsindex.htm)






    Há mais de 4.000 anos, começou a surgir uma civilização que marcaria profundamente o desenvolvimento espiritual da nossa humanidade. Entre os vales do Indus e do Ganges, arqueólogos modernos desenterraram cidades, que de tão velhas,estavam esquecidas da história. Revelaram impressionantes remanescentes de uma vida social organizada e fragmentos de uma das mais antigas escritas já encontradas, infelizmente indecifrada.

    Entre as ruinas, provas de contato comercial com povos distantes, que também começavam a dar os primeiros passos rumo a civilização. Permanece o mistério de quem exatamente eram e do que lhes aconteceu - desapareceram silenciosamente, por volta do 2º milênio antes de nossa era. Substituidos por outros povos, possivelmente em migrações sucessivas, que aos poucos  introduziram uma nova lingua e nova estrutura social.

    Não se sabe o quanto de sua visão do mundo passou para seus sucessores, mas há indícios nos fragmentos encontrados e em textos posteriores, de que ali nasceram muitas das antigas tradições. Assim aos deuses trazidos nas migrações, se juntou um substrato filosófico que fermentaria novas concepções: Os hinos sagrados dos Vedas, os comentários filosóficos das Upanishads, as concepções religiosas registradas nos épicos (Ramayana eMahabharata) e a obra prima, o "Baghavad Gita"  - a sublime canção do  senhor Krisnha (inserida no texto do Mahabharata).

    Por volta de 500 a.c., surge Sidharta Gautama, o Iluminado (Buda), que, ensinando um novo caminho para a libertação do sofrimento, abandona as fórmulas dos Vedas e a estrutura de castas - que tinha a casta sacerdotal, os brahmans, no topo - mas sem repudiar os conceitos filosóficos básicos e a postura central destes conceitos: a tolerância.  Também como alternativa de libertação espiritual surgem os Jainas, que com um respeito profundo a toda manifestação da vida, se recusam a matar até mesmo os insetos.

   Do quinto século antes de Cristo até o sexto século de nossa era, diversas filosofias se misturam pacificamente no subcontinente indiano e se espalham pelo Oriente distante. Da renovação filosófica da classe sacerdotal (principalmente na filosofia Vedanta), surge o hinduismo na forma em que o entendemos hoje. Brahmans, Jainas e Budistas se espalham pelas trilhas e mares - Sul da India, China, Sri Lanka, Camboja e além. Persas e gregos chegam as margens desse mundo distante e voltam para o Ocidente com notícias espantosas sobre os conhecimentos dos sábios exóticos (conta-se que um Jaina - da corrente mais radical, que não aceita nem mesmo usar roupas para não esmagar acidentalmente algum inseto oculto - retornou com a expedição de Alexandre e causou profunda impressão nos pensadores helênicos).

    Por trás de alguns mitos ocidentais posteriores - Pitágoras aprendendo reencarnação da India; Jesus peregrinando entre Brahmans e Budistas antes dos 30 anos; etc ... - está o reconhecimento do avanço na compreensão espiritual para lá do Sindhu ("rio" em sânscrito, em particular o "Indus", o rio por excelência).

    Com o sétimo século de nossa era, se inicia um novo período para a India. O Islã começa a avançar sobre o subcontinente e aos poucos torna-se a força dominante (séc. XIII). Nos séculos posteriores, mongóis e europeus também constroem impérios por lá.

    A civilização hindu, outrora tão admirada, torna-se vitima da dominação estrangeira. Não mais espíritos curiosos como os filósofos gregos que acompanharam Alexandre o Grande, mas seguidores de religiões exclusivistas, orgulhosos de sua superioridade e dispostos a converter os demais a qualquer preço, ou melhor, se possivel espoliando-os ao máximo de seus tesouros. É assim que os hindus aprendem o que é a intolerância religiosa, sentindo-a na própria pele.

    Como parênteses, fica a observação de que os hindus, nesses contatos forçados, não tiveram a oportunidade de  conhecer verdadeiros seguidores de Jesus de Nazaré, trazendo a Boa Nova do reino de Deus, nem mesmo do Islã culto dos filósofos de Bagdá e da Andalusia, que podiam compreender em profundidade os ensinamentos do Profeta Maomé.  Tiveram contato com representantes de exércitos invasores, que fanaticamente refletiam em suas crenças os seus interesses de dominação.

    O resto é história recente, que teve momentos dignos de um povo milenar quando Gandhi, munido apenas da não-violência (Ahimsa), libertou milhões do jugo colonial. Desde Ashoka, um dos grandes reis da India (por volta de 300 a.c.) , que governou um próspero e grande reino baseado no Dhamma (de muitas traduções possiveis, entre elas: dever, piedade, boa-conduta e decência), nunca tão grande espírito (Mahatma) tinha orientado os rumos politicos da nação.

    Naturalmente um milênio de invasões e de submissão forçada a outras culturas, criou cicatrizes que se refletiram na tumultuada divisão (pós-indepêndencia) em um pais muçulmano e outro hindu. Apesar de todo esforço de Ghandi, e da tradição milenar de tolerância, hoje a India compartilha, com o Ocidente e com o mundo Islâmico, a existência de pequenos grupos fundamentalistas e os violentos conflitos decorrentes. Também a miséria e a ineficácia em levar os serviços sociais básicos a uma população numerosa, resultam nos mesmos problemas de outros paises do 3º Mundo, incluindo-se entre eles a criminalidade.

    Mas enfim, abstraindo-se os problemas recentes, onde no substrato filosófico desta civilização se encontra a razão para a tolerância que a caracterizou ? De onde seus grandes pensadores tiraram o conceito de que não deveriam hostilizar-se mutuamente ? De quais dos ideais Védicos surge essa postura perante o mundo ?

    Diria que de dois pontos principais: Da enfâse na vivência - para um hindu, a filosofia só faz sentido se refletida no comportamento de quem a adota - e da compreensão de que a realidade última está muito além das nossas possibilidades de descrição. De que é impossivel descrever a Brahman (a Causa Primária de todas as coisas) e compreende-lo com nossa mente finita e, assim, todas as descrições são aproximações. Desta última posição, da que está além da nossa capacidade de raciocínio descrever o infinito, de que nossa percepção se perde nos efeitos e não consegue perceber a causa (escondida pela Maya - a ilusão dos sentidos poeticamente representada pela magia de uma deusa), resulta principalmente a consequência de que todas as descrições são válidas - apenas aproximações da verdade.

    A investigação da realidade, realidade da qual participa o espírito de cada um, levou a uma busca interior - desenvolvida nas escolas de meditação - que permitiu uma compreensão bastante precoce da psicologia humana. Conhecendo a psicologia, não fazia sentido forçar condutas exteriores. Também da investigação da realidade surgiu a convicção de um ordenamento moral do universo, tal qual o ordenamento promovido pelas leis fisicas - ordenamento refletido na lei de ação e reação (Karma) e no dever de cada um em cumprir o melhor possivel o seu papel na vida (Dahrma). Ora, o Karma é intrinsicamente resultado da ação de cada um e portanto jamais passaria pela cabeça de um filósofo Hindu a idéia de queimar alguém para lhe salvar a alma.

    Finalmente, essa realidade última - a Causa Primária de todas as coisas - omnisciente e infinitamente além das nossas limitações, de modo algum pode ser atingida pela nossa ignorância. Infinito amor não tem como se ofender porque alguém crê que é desta ou daquela forma, que se chega a ele por tal ou qual caminho. Os que lhe conhecem - atráves da busca interior - não só não o conseguem descrever exatamente - por estar além das nossas palavras - como não precisam se preocupar em defende-lo, pois não há como feri-lo ou ofende-lo.

"Sejam quais forem os deuses a que seu coração sirva,
sempre sou eu o escopo da fé que o anima".
cap 7, verso 21 - Bhagavad Gita
Trad. Huberto Rohden, ed. Martin Claret

    Diante da civilização hindu e do seu espírito de tolerância, brevemente apresentados acima, não é possivel para o pensador espírita deixar de refletir na influência de uma filosofia sobre a vida de um povo. Mais que isso, de uma filosofia espiritualista, reencarnacionista e cônscia de um ordenamento moral do Universo. Apesar das turbulências enfrentadas nos últimos séculos e de seus problemas - por exemplo, a dificuldade na compreensão de suas diversas correntes de pensamento, com seu complexo linguajar técnico e sua simbologia, se reflete na adoração pelas camadas populares de uma infinidade de deuses - é uma civilização que merece toda atenção.

    Só finalizando este pequeno estudo, e para mostrar que a posição de tolerância da filosofia hindu nenhuma estranheza deve causar ao espírita, transcrevemos abaixo o trecho final da mensagem "Fora da Caridade não há Salvação", do espírito Paulo (Paris, 1860), que consta do "Evangelho Segundo o Espiritismo" (os grifos são nossos):

    "Meus amigos, agradecei a Deus, que vos permitiu gozar a luz do Espiritismo. Não porque somente os que a possuem possam salvar-se, mas porque, ajudando-vos a compreender os ensinamentos do Cristo, ela vos torna melhores cristãos. Fazei, pois, que, quando vos vejam, se possa dizer que o verdadeiro espírita e o verdadeiro cristão são uma e a mesma coisa, porque todos os que praticam a caridade são discípulos de Jesus, qualquer que seja o culto a que pertençam.".


Bibliografia

- As Upanishads, Carlos Alberto Tinôco, IBRASA.
- Bhagavad Gita, trad. Huberto Rohden, Ed. Martin Claret.
- Breve História do Budismo, Nan Huai-Chin, Ed. Gryphus.
- Filosofias da India, Heinrich Zimmer, Editora Palas Atenas.
- India: A History, John Keay, Harper Collins Publishers.
- La Filosofia de los Hindues, Helmut von Glasenapp, Barral Editores.
- O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, trad. J. Herculano Pires, EDICEL.
- Pérolas no Fio, Yogashririshinam, médium Elzio Ferreira de Souza, Círculo Espírita da Oração.



Ernesto Bozzano, Revista Cristã de Espiritismo - nº 07, trad. espanhol: Francisca Ribert

(Fuente: Revista Cristã de Espiritismo, nº 07 - Traducido del portugués por Francisca Ribert. Lista Espiritismo-Hispano)

    De materialista convencido a gran defensor del Espiritismo, Bozzano dejó  una obra de incalculable valor para la humanidad.

    Eminente pensador y científico italiano, nacido el 9 de enero de 1862 en la  ciudad de Génova y fallecido en la misma ciudad el día 24 de junio de 1943.

    Ernesto Bozzano, a los quince años de edad ya mostraba una vocación para el  estudio y se interesaba por la filosofía, la psicología y por las ciencias  naturales. Quería encontrar respuestas, a las múltiples preguntas que  agitaban su alma juvenil, sobre la naturaleza humana y el sentido de la vida. Por falta de apoyo familiar no pudo seguir  estudios superiores, pero su  apasionado amor por el saber lo llevaron a obtener con esfuerzo propio una  sólida formación filosófica y científica. Estudió también por su cuenta la  lengua inglesa, dominándola perfectamente.

    Inicialmente, su pensamiento  presentó tendencia al materialismo y al positivismo, influenciado por las  doctrinas de Comte y de Spencer, las cuales llegó a profesar con fervor e  intransigencia. Admiraba por encima de todo al eminente filósofo inglés, a  quien consideraba como "el Aristóteles de los tiempos modernos", por haber  construido una impresionante síntesis de todo el conocimiento humano. Años después confesaría: "Fui un positivista-materialista a tal punto  convencido que me parecía inverosímil que existiesen personas cultas,  dotadas de buen sentido, que pudiesen creer en la existencia y en la  sobrevivencia del alma".

    En 1891, el señor Théodule Ribot, profesor de la Sorbona y director de la Revue Philosophique, le informó del lanzamiento de la revista Anales de las  Ciencias Psíquicas, dirigida por el Dr. Dariex y bajo la orientación del  profesor Charles Richet. El profesor Ribot lo exhortaba a la lectura de la  revista con atención, pues allí se estaba proponiendo un nuevo enfoque para  la psicología, con la incorporación de los fenómenos supranormales. Su  primera reacción fue de desagrado, ya que consideraba un verdadero  escándalo que representantes de la ciencia oficial discutiesen seriamente  la posibilidad de la transmisión del pensamiento o la aparición de  fantasmas. Pero la lectura detenida de los Anales fue removiendo  progresivamente sus preconceptos, obligándolo a cambiar de opinión.  Posteriormente, Bozzano y Richet mantuvieron con regularidad una  correspondencia franca y afectuosa.

    En ese período apareció el famoso libro de Gurney, Podmore e Myers,  "Phantasms of the Living" (Los Fantasmas de los Vivos) traducido al francés  con el título modificado de "Hallucinations Télépatiques" (Alucinaciones  Telepáticas) donde un grand número de casos comprobados sobre telepatía,  clarividencia, premonición, telekinesia, desdoblamento, apariciones y  mediumnismo en general eran presentados. Bozzano estudió meticulosamente la  obra y comenzaron a disiparse las dudas que lo afligían. Otra obra que  ejerció una influencia significativa sobre Bozzano fue "Animismo y  Espiritismo", del gran investigador ruso Alexander Aksakof.

    De ahí en  adelante se dedicó a estudiar sistemáticamente los fenómenos espíritistas,  tomando como ruta las obras de Kardec, Denis, Delanne, Gibier, Crookes,  Wallace, Du Prel y otros eminentes investigadores de las ciencias psíquicas.

A LA  BUSQUEDA DE A COMPROBACIÓN

    Cuando ya había adquirido un amplio conocimiento teórico, consideró Bozzano  que había llegado el momento de comprobar los hechos mediante experiencias  propias. En enero de 1899, fundó el Círculo Científico Minerva, un grupo experimental dedicado a la verificación de los fenómenos psíquicos y  mediúmnicos con la participación de varios profesores de la Universidad de  Génova.

    Durante cinco años, gracias al intenso trabajo efectuado, aquel selecto grupo dio mucho  que hablar a la prensa italiana y mundial, tanto por la  calidad de los fenómenos que allí ocurrían como por el rigor científico con que eran estudiados. Se produjeron manifestaciones mediúmnicas  impresionantes, tanto de orden intelectual como físico, tales como la  psicofonia, psicografia, xenoglosia, voz y escritura directas, levitaciones  e, inclusive, la materialización.

    El desarrollo de las sesiones en el  Círculo Minerva y sus resultados se volvieron conocidos por el trabajo de  sus diferentes experimentadores, en diversos fascículos, monografías y  libros, constituyendo un material muy valioso para la bibliografía  especializada en el tema.

    Bozzano pasó casi una década estudiando, analizando, comparando, antes de  comenzar a escribir y a publicar. Su primer artículo titulado  "Espiritualismo y Crítica Científica", apareció en diciembre de 1899 en la  Revista di Studi Psichici, que era editada en Turín bajo la dirección de  Cesar Baudi de Vesme, y que simultáneamente era editada en francés con el  nombre de Revue des Etudes Psychiques. A partir de ahí, y durante más de  cuarenta años, trabajando a un ritmo intenso de 14 horas diarias, llevando  una vida austera y disciplinada, se consagró a la redacción de artículos,  monografías y libros que, si fuesen reunidos en volúmenes de tamaño medio,  llegarían al respetable número de 15.000 páginas.

    Fortalecido en sus  argumentos, valiente en sus informaciones, Bozzano proclamó la veracidad de  las tesis espiritistas y enfrentó con su argumentación clara y serena los  preconceptos académicos y la aversión  religiosa.

UN POCO DE SU OBRA

    Por su amplitud y por estar dividida en centenas de artículos publicados en  revistas espiritistas y metapsíquicas del mundo no es posible presentar una  relación completa de su obra escrita. No existe tema vinculado a la  investigación psíquica que haya escapado a su observación y análisis.

    Aquí  relacionamos algunos de sus libros más conocidos y divulgados:

    Cuando fue necesario salir en defensa del Espiritismo, no dudó en discutir  con los más ardientes contradictores, defendiendo sus argumentos con la  fuerza del razonamiento y apoyando sobre los hechos todas as sus  afirmaciones, sin detenerse en discusiones estériles o en la  descalificación personal de sus adversarios, a quienes siempre ofreció su  amistad. Así ocurrió con Sudré, Morselli, Mackenzie y otros estudiosos  contrarios a la interpretación espiritista, que siempre demostraron respeto  por la inteligencia y las cualidades morales de Bozzano. El propio Richet  confesó en una carta que fueron sus monografías lo que le hicieron vencer  su escepticismo al respecto de la existencia y de la inmortalidad del espíritu.

    Ernesto Bozzano es, sin duda, el mayor representante italiano del  Espiritismo. Su contribución a esta "Ciencia del Alma" así llamada por él,  a la Metapsíquica y a la Parapsicología es inestimable, contribuyendo tanto  a la formulación de sus principios teóricos como en  su  demostración  experimental. Su trabajo constituye una de las más poderosas  demostraciones a favor del reconocimiento de la idea trascendente que habrá  de orientar al ser humano en su ascensión evolutiva: la sobrevivencia y la  continuidad del espíritudespués de la muerte.

    "Ni el libre-albedrío, ni el determinismo absolutos, durante la encarnación  del espíritu, la libertad condicional" (Del libro "Los Fenómenos Premonitorios")

    "Prosiguiendo con la exposición sintética de los resultados obtenidos,  observo que el examen de los hechos nos llevó a establecer que ya no es  lícito dudar de la existencia de una 'influencia personal humana'  registrada por los objetos y perceptible por los sentidos, y cuya  'influencia' sirve para establecer la 'relación' entre el sensitivo y el  poseedor del objeto psicometrado, de cuyo subconsciente el sensitivo  extrae, telepática y casi integralmente, las informaciones aportadas" (Del libro "Enigmas de la Psicometría")




Comentários
Sobre "Textos onde Deus condena a prática chamada Espiritismo", ACM, Brasil

(O texto já havia sido publicado no Boletim 382, o transcrevemos novamente para facilitar a inserção dos comentários)

Prezado GEAE:

    Li no Boletim GEAE Número 375, de 14 de dezembro de 1999, a listagem de Rodrigo (Brasil), sob o titulo: "Textos onde Deus condena a prática chamada Espiritismo", onde ele mostra, com base nas escrituras cristãs (Novo Testamento) e judaicas (Velho Testamento), as condenações ao espiritismo.

    Resolvi, entao, tecer alguns comentarios a respeito, ao notar a interessante novidade neste GEAE de se ter textos tb contrários ao espiritismo de Kardec1.

    Naturalmente, discutir temas morais, filosoficos e teológicos com sectários de correntes diferentes geralmente não faz com que as partes mudem de opinião, descambando, amiúde, para um "dialogo de surdos"2.

    No entanto, sem querer aqui levar o Rodrigo a mudar de posição, gostaria de listar 10 argumentos para sua (e nossa) reflexão. Talvez um dia ele compreenda o que eu digo. Ou talvez não.

    Data maxima venia:

1. O catolicismo representa apenas 16.9% das religiões do mundo:

    (Fonte: Der Spiegel, Jan-99)

    Assim, a citação de obras adotadas pelo mundo católico está muito longe de ser um bom argumento, pois são seguidas apenas por 16.9% dos religiosos do mundo (não incluidos aqui os não-religiosos, como ateus, agnósticos etc., que também possuem opiniões que representam "a Verdade" para eles). No máximo, a listagem do Rodrigo mostra o que (talvez) pense 16.9% dos religiosos do mundo.

2. A citação de obras que datam de cerca de 2000 anos, também não é um bom argumento. Por exemplo, para os muçulmanos, que usam o Alcorão, mais recente, Cristo não foi crucificado, embora todo o Evangelho cristao diga que sim: Maomé nega isso, com base em informações recebidas do anjo Gabriel, que seguramente não é uma pessoa que habitava a Terra. Fruto de um contacto com o "outro mundo", como também ocorreu na Biblia com os profetas. Tambem, para eles, Cristo nunca foi Deus, mas apenas mais um profeta3, como Moisés, Maomé e tantos outros (aliás, dizem os muçulmanos que "o Alcorão veio atualizar e modernizar a Biblia").

3. A História tem mostrado ad nauseam que as idéias, crenças, costumes, pensamentos, e a própria "Verdade", mudam com o passar dos tempos. O papa católico achava que o Sol girava em torno da Terra (por isso Galileu quase foi à fogueira inquisitorial, salvando-o sua amizade com o Sumo Pontificie). No processo de Galileu também existiram listagens, semelhantes à do Rodrigo, para "provar" essa "Verdade", com base nos escritos sagrados. Aliás, Buda já alertava:

Não creiais em coisa alguma pelo fato de vos mostrarem
o testemunho escrito de algum sábio antigo.
Não creiais em coisa alguma com base na autoridade
de mestres e sacerdotes.
Aquilo, porém, que se enquadrar na vossa razão e,
depois de minucioso estudo, for confirmado pela vossa experiência,
conduzindo ao vosso próprio bem e ao de todas as outras coisas vivas:
A isso aceitai como Verdade.
Por isso, pautai a vossa conduta.
( Gautama Buda, c. 500 a.C. )

4. Os "contactos com o outro mundo", desde as origens do Homem, sempre foram conhecidos, embora amiúde combatidos (talvez por medo do desconhecido), como mostra a listagem do Rodrigo. A História cita inúmeros casos de videntes, oráculos, pagés etc. Assim, se as Escrituras os combatem, é porque admitem a sua existência.

5. O combate ao "outro mundo", além do medo ao desconhecido, também existe porque se supõe que "quem fala com mortos é um praticante do mal". Isso é muito apregoado nas igrejas pentecostais (Universal, Cristo-Salva etc.), onde o espiritismo é a "seita de satanás". Isso, de fato, é verdade em vários casos. Os praticantes da quimbanda, dos "rituais satânicos" e outros semelhantes, parecem sempre visar o mal. Os "macumbeiros", muitas vezes também procuram "despachar" os desafetos,  causando-lhes mal. Essas manifestações espíritas, muito conhecidas, realmente são mal vistas pelos católicos e protestantes, com justa razão.

6. Entretanto, muitos poucos no Globo sabem que nem todos os envolvidos com o "espiritismo"4 são feiticeiros ou partidários de satanás. De fato, nem mesmo a "omnisciente" Encyclopaedia Britannica sabe disso, pois a sua visão espirita, antiga e primitiva, ainda associa o espiritismo aos rituais tribais e indígenas, do tipo vodu ("voodoo", em ingles). Assim, o desconhecimento geral, de que nem todo o espiritismo é a prática o mal, deve ser compreendido. Afinal, ignorância não é crime (embora também não seja desculpa, pelo menos perante a lei, que diz que "ninguem pode alegar ignorância da lei para se eximir de culpa"). Mal comparando, eu diria que os fenomenos espiritas sao como uma faca: pode ser usada para o mal (matando alguem), ou para o bem (cortando uma fatia de um saboroso pão).

7. Os seguidores dos ensinamentos de Alan Kardec, TAMBEM denominados espíritas4, se incluem naquele conjunto minúsculo de pessoas que não têm como objetivo a prática do mal. Ao contrário, seu objetivo é a pratica do bem e da caridade. Assim, a ignorância do Rodrigo frente a esse fato é compreensível. Mas, talvez por ser muito pequeno esse conjunto, acabam os kardecistas por serem enquadrados junto com os demais espiritas, como faz a Britannica, que não os distingue.

8. Pessoalmente, eu era católico e ia ser "sacerdos in aeternum". No entanto, verifiquei com o tempo que a doutrina catolica (e cristã em geral) possui graves contradições internas. Sem querer me alongar, cito apenas uma: A de um Deus perverso e maligno, sádico e vingativo, que se apraz em criar criaturas que serão um dia lançadas no inferno, sofrendo para sempre ("per omnia saecula saeculorum"), embora Ele já soubesse disso com antecedência (pois é omnisciente), quando as criou5.

9. O que mais me atraiu no espiritismo de Kardec foi a resolução inteligente dessas contradições e lendas antigas, através de uma doutrina coerente e muito mais aceitável -- cientifica e racionalmente --, do que os escritos muito antigos, como a Biblia e o Alcorão. Aliás, a origem do espiritismo Kardecista foi uma pesquisa cientifica engendrada por Kardec, procurando encontrar explicações para fenômenos fisicos, bem reais, que em 1850 ninguém tinha qualquer idéia do que poderia ser (mesas que giravam e emitiam sons). A origem do kardecismo, pois, é tipicamente cientifica, não tendo vindo de lendas ou de crenças antigas (note que os Evangelistas não conheceram Cristo, quando escreveram o Novo Testamento - c. 100 AD - e se basearam no que o povo dizia a respeito dele, 100 anos depois de sua morte)6.

10. Finalmente, como a própria Bilbia diz, "muitos são chamados, mas poucos os escolhidos" (Mt 22:14). Sem tomar essa frase ao pé da letra -- mesmo porque, para os kardecistas, TODOS serão escolhidos um dia (pois Deus não é aquele Ser perverso dos cristãos, como já mencionei) -- quero dizer que para tudo existe um tempo. Se uma pessoa não está preparada para receber um ensinamento hoje, não adianta se precipitar. Dia virá em que ela estará em condições de assimilar uma nova doutrina, mais moderna e muito mais racional. Mesmo que isso leve séculos.

Isso diz o Alcorão.
Isso disse Kardec.
Assim é hoje com o Rodrigo.
Assim já foi comigo.
    Pax vobis.
    Mattos, de S.Paulo, Brasil



Sobre os comentários do Mattos, Conselho Editorial - GEAE

1 - Na realidade não é uma novidade nossa, o próprio Kardec na Revue Spirite chegou a comentar textos de opositores do Espiritismo, analisando-os contra os fatos e a razão. Na nossa condição de aprendizes, publicamos o texto para que no estudo conjunto pudessemos aprender com eles. No minímo são comentários e posições que um espírita está acostumado a ouvir de seus colegas católicos e protestantes, sendo útil entende-los e poder esclarece-los adequadamente. (retorna ao texto)

2 - Somos da mesma opinião e nosso intuito não é polemizar, mas sim aprender. Este é o objetivo primordial do GEAE. (retorna ao texto)

3 - Os muçulmanos consideram Jesus como um dos maiores profetas e Maomé como o selo dos profetas (o que vem por último, encerrando a seqüência dos profetas). A critíca de Maomé aos cristãos é que se desviaram dos ensinamentos do Cristo e passaram a representa-lo como Deus. O Islam é fundamentalmente monoteísta e considera sacrilégio qualquer forma de idolatria.  Na mistíca islâmica - no Sufismo - encontramos diversas referências aos ditos de Jesus e seus ensinamentos morais são tidos em alta conta. Miguel Asín Palacios, um erudito espanhol que se dedicou ao estudo da Espanha muçulmana (Al Andalus), até mesmo escreveu uma obra  excelente sobre Abenarabi (o sufi nascido em Murcia e que viveu, entre outros lugares, em Cordoba - também se usa Ibn Arabi) intitulada "El Islam Cristianizado".   (retorna ao texto)

4 - Permitam-nos aqui discordar do nosso colega Mattos: As palavras "Espírita" e "Espiritismo" foram criadas por Allan Kardec para designar a nova doutrina filosófica apresentada com a obra "O Livro dos Espíritos", doutrina que tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível (Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, O Livro dos Espíritos). A doutrina tem por princípio o estudo da mediunidade e das comunicações obtidas por este meio, mas vai mais além, estruturando-se em uma ciência e filosofia, com conseqüências que se estendem a todos os campos do conhecimento humano. O uso puro e simples da mediunidade, para a comunicação com os espíritos, sem maiores compromissos com o restante da doutrina (inclusive da metodologia seguida por Kardec para a análise e validação do fenômeno, apresentada na obra "O Livro dos Médiuns"), não é Espiritismo. (retorna ao texto)

5 - Novamente aqui discordamos do nosso colega. Há que se diferenciar a Doutrina Cristã como deixada pelo Cristo, e praticada por seus legitimos seguidores, do seu uso equivocado em alguns dos períodos mais negros da história ocidental. Se ainda muitos se apegam a visão medieval de um Deus que mais parece o soberano de um reino barbáro, existiram cristãos que entenderam verdadeiramente o que Jesus quiz dizer com "Pai Nosso". Os verdadeiros Cristãos estão por toda a história, desde Francisco de Assis até a recentemente desencarnada Irmã Dulce. Também temos o exemplo notável de Madre Teresa de Calcutá. Não podemos esquecer que o mesmo mal uso ocorre com outras doutrinas pelo mundo afora, quem desconhece os excessos do fanatismo religioso, seja o cristão, hebráico, hindu ou islâmico. (retorna ao texto)

6 - Aqui entram algumas questões:





Perguntas
Sobre afastamento dos entes amados, Marcelo Perez, Brasil

    Nao entendi bem o que quiz dizer o texto abaixo, se puderem falar mais sobre o assunto eu agradeço , mas pelo pouco que entendi nao concordo segue o texto :

    "Zela com dedicação pelo bem daqueles que o Senhor te confiou, mas se um  dia, os entes amados se te afastarem do convívio, não te lastimes.
    Cada um de nós, em certas ocasiões da existência, é chamado a percorrer caminhos diferentes.
     Não cultives apego demasiado. Serve amando e ama sem prender-te e sem prender os outros ".
    Mensagem recebida por Francisco Cândido Xavier, publicada no Boletim 381




Painel
Entremédiuns 2000, Leonardo, Brasil

Queridos amigos,

    O Entremédiuns 2000 é o III Encontro de Trabalhadores e Médiuns Espíritas, esse ano com o tema 2000 anos com Jesus - Uma análise histórica do cristianismo.

Data: 15, 16 e 17 de setembro de 2000
Local: Centro Cultural Pio XII, Belo Horizonte, MG
    Favor divulgar para seus destinatários! - o seu empenho em parceria conosco é vital para o crescimento e a consolidação de um
encontro que pretende reunir trabalhadores de todas as formas para discutir, entre médiuns, os dois mil anos de Jesus na história do
homem, e o homem há dois mil anos com Jesus.

    Contamos com você.

    Maiores informações:

(31) 357-1598 / 357-2970
mail to: lmoller@horizontes.net



Divulgar os videos,Luis Hu Rivas, Peru

Amigos do Geae

    Favor Divulgar que o Portal Espirita www.plenus.net esta colocando videos online, para serem assistidos sem fazer download.
Iniciamos com Reynaldo Leite e em Breve, Divaldo Franco, Raul Teixeira e  Jose Medrado.

    Muito Gratos
    Luis Hu Rivas



Página da Mocidade Espírita Allan Kardec, MEAK, Brasil

E ai Galera !!!

    Mais de 1000 Pessoas Já visitaram a Home Page da Mocidade Espírita Allan Kardec !!! E para comemorar, ela está com mais Novidades...

    Um novo Layout da Página Principal que facilitará muito a navegação do Visitante.

    Em Outras Mocidades, a MEFA - Mocidade Espírita Francisco de Assis, Já está com seu espaço, ainda que começando...

    Também não poderíamos nos esquecer do Mural para Recados, Agenda do Estado de São Paulo, Fotos do Movimento Espírita,
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    Aceitamos qualquer tipo de Crítica, pois só assim poderemos melhorar a Home Page. Estamos abertos para Dúvidas e Sugestões...

    Um Grande Abraço
    Equipe de Apoio da MEAK
 



Boletim Batuira, Grupo Espírita Batuira, Brasil

Caros irmãos e irmãs de Ideal Espírita

    Tomamos a liberdade de nos dirigirmos diretamente a vocês para informa-los do inicio da publicação do "Boletim Batuíra".

    Este boletim será distribuído regularmente por e-mail e visa apresentar informações sobre as atividades do Grupo espírita batuíra de São Paulo e da sua pagina na internet.

    Também teremos mensagens fraternas e um fórum de discussões.

    Caso desejem receber o Boletim, basta enviar um e-mail para boletim@geb.org.br, colocando no titulo a palavra "inscreva", ou
inscrever-se diretamente na pagina inicial do site.

    A todos, convidamos a nos fazer uma visita, nosso endereço é: http://www.geb.org.br

    Um abraço fraterno a todos.
    Editor Chefe do Site Batuíra



IX ENJESP, Randal Juliano, Brasil

Olá caríssimos companheiros!

    Viemos através desta, divulgar e pedir a colaboração de vocês, para que divulguem o seguinte evento:

IX ENJESP/ZS - Encontro dos Jovens Espíritas da Zona Sul de São Paulo

    O tema deste ano será: Mocidade Espírita, o que é?

    Local: Centro Espírita Irmãos da Nova Era
    R. Gal. Roberto Alves de Carvalho Filho, 522  Santo Amaro (rua do Hospital Regional Sul)

    Data/hora: dia 17 de setembro (domingo), das 08:00 às 16:30hs.

    Valor da Inscrição: R$3,00 , pagos no dia, na recepção.

    Estamos esperando aproximadamente 160 jovens, que serão divididos em grupos e discutiremos sobre a nossa importância para o grupo de jovens, a importância do grupo e da Doutrina para nós.

    Como no ano passado será formado também um grupo especial para os pais! Portanto, traga seu pais também!

    Ah, e uma novidade: durante o encontro haverá uma feira para troca de livros! Portanto, traga seu livro para trocá-lo com um amigo!

    Como sempre, o almoço será comunitário, então, traga sua colaboração! (salgadinhos, docinhos, sanduichinhos...)

    Qualquer dúvida:

Randal: randjuliano@uol.com.br ou 5511-8037
Sheila: shooby@ig.com.br
Edilson Jr.: bip. 5188-3838 cód. 70111
    Agradecemos a todos os pré-participantes e a todos que puderem nos auxiliar na divulgação!

    Um abração,

    Randal Juliano
    DM-USE Distrital Sto. Amaro



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