Grupo de Estudos Avançados Espíritas

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Fundado em 15 de Outubro de 1992
Boletim Quinzenal de Distribuição Eletrônica

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade", Allan Kardec


Ano 08 - Número 390 - 2000             02 de maio de 2000

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Textos
Em Certos Momentos, Paulo Eduardo Castaldi, Brasil

Em certos momentos, principalmente quanto estou semi acordado ou meio que dormindo, não sei bem ao certo, sou surpreendido por algumas idéias que fogem ao meu controle e muitas vezes rio atoa...
Porém, durante esta madrugada, não sei se afetado pelos escandalosos noticiários da TV., iniciei uma conversação com alguém invisível que falava diretamente à minha mente, mais ou menos nestes termos:
- Não te preocupes com todos estes desmandos, faz parte da situação embrionária em que vive o homem atual. – Me dizia a voz amiga.
- Como assim... “embrionária” ? – Interroguei.
- Sim, vocês homens da Terra, são ainda pequenos embriões ! - Respondeu.
- Estou mais confuso, achei que fossemos algo em torno do 3º lugar na evolução...- Argumentei.
- Ah...., para você ter uma idéia do quanto está errado, lembra-se daquela frase do Paulo de Tarso, que diz: “...vivemos e nos movemos em Deus” ? – Interrogou-me o companheiro.
- Sim, lembro-me. – Respondi.
- Pois isto é a pura verdade, todos nós seres vivos, encarnados ou desencarnados, vivemos e nos movemos em Deus, fazemos parte de seu corpo celeste, ou seja, somos parte Dele. Esclareceu o Amigo.
- Bem, sendo assim, onde nos encontramos então ? – Interroguei curioso.
- Imagine um GIGANTE, MAS GIGANTE MESMO !!! tão grande mas tão grande que fosse do tamanho do UNIVERSO. Imaginou ?, pois bem, esse é Deus. Agora imagine que você está dentro dele . Conduzia o amável companheiro.
- Sim, imaginei isto tudo. -  Respondi.
- Pois bem, agora imagine a Terra como um grãozinho de feijão, e toda a sua população, prédios, máquinas, em fim tudo... sobre este grãozinho, o qual o Gigante engoliu e este está parado em seus intestinos. – Continuou o locutor.
- Não me agradou a idéia de estar parado num intestino. – Argumentei.
- Sei que não lhe agrada, mas vamos continuar. - Olhando de longe, os pequenos seres que vivem sobre este pequeno grão, mais se assemelham aos microscópicos vermes que habitam as fezes. Corroem e destroem seu próprio habitat. Movimentam-se apressados de um lado para outro, passam uns por sobre os outros, demonstrando apenas interesses pelas coisas imediatas. – Explanou o mensageiro.
- Compreendi onde você quer chegar, “somos ainda vermes” ! – Respondi.
- “Vermes”, sim, mas não no sentido pejorativo da palavra, mas na condição de seres pequeninos, ainda desprovidos de inteligência e visão suficiente para compreender a grandeza divina, de todo o Universo.
- Bem, até onde você quer chegar com isso ? – Interroguei.
- Agora imagine, que lá do cérebro do Gigante, um de seus habitantes, o mais adiantado de todos, recebeu Deste a missão de ir até lá no intestino, e tomando a forma de “verme” foi habitar  durante algum tempo o caroço de feijão. - Explanava o ente invisível, quando interrompi.
- Capitei....este era o Cristo !!! Afirmei.
- Sim, era ele mesmo !!! – Confirmou o locutor. E fizeram com ele e com sua doutrina de Amor tudo o que fizeram. E o que hoje ai está, é o resultado. – Concluiu.
- Analisando sob este aspecto, fico imaginando como teria sido difícil Sua encarnação em meio tão imundo. - Conjeturei.
- Foi realmente um grande gesto de Amor, deixar o cérebro do Gigante e ir habitar um meio ambiente tão inóspito, manter-se puro em meio a tanta imundícia, tratar tão pequeninos vermes como irmãos, e deixar-se assassinar por estes, para provar que a vida eterna está no espírito, e que Ele continua lá no cérebro do Gigante comandando com Este, todo o Universo, e esperando dos habitantes do caroço de feijão, um gesto de evolução. – Concluiu o amigo.
- Bem, depois disto, sinto-me um “verme” privilegiado, por que recebi uma idéiazinha lá do cérebro. – Respondi.
- Você é presunçoso mesmo!, apenas por achar que foi capaz de receber um pensamento, já pensa que foi do cérebro...és um “verme” mesmo !, durma!
 




Comentários
Endereços nos Boletim do GEAE, Junior José Valadares, Brasil


Gostaria em 1º lugar, parabenza-los pelo trabalho de divulgacao da doutrina espirita.
        E, em 2º sugerir que todas as pessoas que mandam as suas materias, coloque os seus respectivos email´s, para que as pessoas que  se interessaram  sobre o assunto possam entrar em contato.
        Espero ter contribuido com minha sugestão.

[]´s fraternos Juninho
   juninho@enut.ufop.br


Nota do Editor

Obrigado Junior pela sua sugestão.
Mantemos a conduta de preservar o endereço das pessoas que fazem comentários sem termos uma autorização definida. Quando o comentário pode trazer constrangimentos, aí publicamos somente o nome (sem sobrenome), pois entendemos que é importante o fundo da questão e não a forma. O nome completo e o endereço eletrônico são publicados quando solicitados. Mas estamos entendendo também que nos comentários ou textos "normais" a publicação do e.mail seria útil para troca de informações diretas. Mesmo porque, qualquer endereço pode ser facilmente alterado pelo provedor de acesso, caso o usuário deseje maior privacidade. Além disso, nós devemos lutar contra qualquer tipo de preconceito, inclusive o de ser ESPÍRITA...
Um abraço
 Raul Franzolin



Meditemos, Antonio Lima, Brasil


Irmãos,

    Quanto ao tema "Meditemos, Irecê Trein, Brasil" no Boletim 386, gostaria de tecer alguns comentários, sem entrar em polêmica e muito menos contestar as palavras da pessoa que enviou.
    De modo geral, as passagens da Bíblia são muito figurativas, quando não direcionadas para uma população específica, tais como israelitas, egípcios, hebreus, palestinos, etc. As palavras "Deus apareceu...", "Deus falou à ....", etc, demonstram que espíritos comunicantes, impressionando os sentidos físicos e mediúnicos dos médiuns daquela época, foram percebidos como divindades, dada a ignorância e desinformação daqueles, sobre as relações do mundo corpóreo com o espiritual.
    Hoje, em função do alto grau de informação das pessoas devido à TV, à internet e até pessoalmente, graças às  facilidades dos meios de transporte, ficam mais raras as surpresas devido a fatos novos. Esses podem não ser esperados acontecer hoje ou amanhã, mas podem acontecer a qualquer instante. Exemplo: digamos que os cientistas descubram um novo planeta na órbita solar. Isso não seria surpresa, pois a todo instante é desvendado um mistério do cosmo. Se um novo vírus for descoberto, também não será surpresa, pois tudo está acontecendo neste final de milênio. E por aí vai.
    Mas há dois, três, quatro ou mais milênios atrás, tudo era envolto em mistério, pois éramos extremamente ignorantes das coisas, principalmente em se tratando das coisas do Além. Assim, a aparição de um espírito era coisa fantástica (apesar de hoje ainda ser, mas não com tanta estupefação), e por falta de designação melhor, dizia-se "Anjo do Senhor" ou "Deus" em última análise.
    Outros fatores que devemos levar em conta são os que dizem respeito aos entraves entre a linguagem falada e a escrita, e aos acidentes da comunicação, que eram extremamente dependentes da capacidade das pessoas em levar informação, além do que, em determinadas épocas da nossa história, havia a necessidade de se codificar os dados para que eles perdurassem e atingissem às pessoas. Em épocas de perseguição política e religiosa, boca fechada era sinônimo de vida longa. Parábolas e textos
codificados eram bem-vindos, haja vista as profecias de Nostradamus, que para atravessarem incólumes o período da Inquisição, foram escritas de forma tão inintelígível para a época, que sobreviveram (inclusive o autor) pelos delegados religiosos.
    A linguagem escrita e popularizada só começou com os gregos, pois antes ficava restrita aos doutores da lei. Quantas palavras e quantas idéias não foram distorcidas em nome dessa falta de cultura. Aliado ao fato das interpretações comprometidas de historiadores e dirigentes religiosos, podemos imaginar que a Bíblia é um amontoado de "meias verdades". Não digo isto em tom preconceituoso ou pejorativo, mas sim fazendo uma análise desapaixonada da situação.
    Obtive da Internet, um artigo que fala sobre a Bíblia, a origem do texto não me recordo, mas de qualquer maneira, ele cita a fonte. A seguir alguns trechos, mostrando o quanto pode ser difícil uma visão clara e descomprometida quando se é radical, dogmático, ortodoxo, e outras inflexibilidades inerentes ao ser humano, aqui e acolá. Vejamos alguns trechos:
    Leia o que escreveu Herculano Pires, no livro "Visão Espírita da Biblia", sobre a lenda do dilúvio.
    Católicos e Protestantes nos criticam por não crermos na Biblia como a Palavra de Deus inquestionável.
    Realmente, damos importância apenas a Jesus, pois nada há de útil no Velho Testamento para os dias de
hoje, exceto os Dez Mandamentos. O próprio Jesus afirmou:
"Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. (Matheus 22:37-40)
    No Sermão da Montanha, Jesus revogou algumas coisas do Antigo Testamento, retificando o que era
humano nas leis mosaicas: "Ouvistes que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo..." (Mateus 5:38 a 42) "Ouvistes o que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem" (Mateus 5:43 e 44)
    Paulo também disse:
"Com efeito: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. (Romanos 13:9)"
    O que aí não se inclui, são quinquilharias humanas. Jesus não trabalhou aos sábados; não permitiu que
apedrejassem a adúltera; foi contra o divórcio, contrariando Moisés, pois, afinal, eram leis de Moisés,
leis para doutrinar aquele povo, e não leis divinas, que nunca se alteram. A expressão "a palavra de Deus"
é de origem judaica. Foi naturalmente herdada pelo Cristianismo, que a empregou para o mesmo fim dos
judeus: dar autoridade à Igreja. A Biblia, considerada a "palavra de Deus", reveste-se de um poder
mágico: a sua simples leitura, ou simplesmente a audiência dessa leitura, pode espantar o Demônio de uma
pessoa e convertê-la a Deus. Claro que o Espiritismo não aceita nem prega essa velha crendice, mas não a
condena. A cada um, segundo suas convicções, desde que haja boa intenção. As pesquisas históricas
revelam que os livros que compõem a Biblia tem origem na literatura oral do povo hebreu. Só depois do
exílio na Babilônia foi que Esdras conseguiu reunir e compilar os livros orais (guardados na memória) e
proclamá-los em praça pública como a lei do judaísmo, ditada por Deus. É impossível provar que "de capa
a capa" a Biblia é divinamente inspirada. O "credo quia absurdum" (acredito mesmo que absurdo) é fruto
do dogmatismo, criação humana dos concílios, enquanto o Espiritísmo é a doutrina do livre-exame e
consiste na fé raciocinada, apta a "encarar a razão face a face em todas as épocas".
    Mais:
    Será mesmo que tudo na Biblia tem inspiração divina? A despeito da expressa proibição: "Em ti não se achará quem faça passar pelo fogo seu filho ou a sua filha" (Deut. 18:10), os judeus de vez em quando queimavam seus filhos em sacrifício (2.o Reis 17:17) e até alguns reis cometeram esse crime hediondo, como Manasses (2a Reis, 21:16) e Acaz (2.a Cron. 28:3), e até o grande libertador Jefté, que foi Juiz em Israel por seis anos, foi "cheio de espírito e ofereceu a sua filha em holocausto a Deus" (Juizes 11:29 e 39)
    Alguns textos levam a supor que os sacrifícios humanos tinham o beneplácito de Jeová , uma vez que "o homem consagrado a Deus nao poderá ser resgatado, será morto" (Lev. 27:29).
    Jeu, rei de Israel por 28 anos, matou 2 reis israelitas, Acazias e Jorão (2.a Reis 9:24-33), bem como toda a linhagem do ex-rei Acab, inclusive seus 70 filhos (2.a Reis 10:7) e mais 42 irmaos de Acazias (2.a Reis 10:14), além de inúmeros adoradores de Baal (2.a Reis, 10:25) e apesar de tao zeloso "não se apartou dos pecados do ex-rei Joroboão e nem destruiu os bezerros de ouro" (2.a Reis 10:29). Pois foi a esse rei idólatra e sanguinário que Jeová afirmou: "Bem obraste em fazer o que é reto aos meus olhos" (2. Reis 10:30) Samuel era vidente de Deus (1. Samu. 9:19), mas mandou que o rei destruisse totalmente os amalequitas, "matando desde o homem até a mulher, desde os meninos até os de mama, desde os bois até as ovelhas e desde os camelos até os jumentos" (1. Samuel, 15:3). Mas Saul poupou os animais e por isso foi castigado (1. Sam., 15:26). Moisés, que "era o mais manso de todos os homens que havia na Terra" (Num 12:13), desce do Sinai com as "Tábuas da Lei", onde constava o mandamento "Nao Matarás" e logo, para
passar da teoria à prática, manda matar 3 mil dos seus compatriotas e ainda por cima pede a benção de Deus para os assassinos (Ex. 32:28/29). Josué conquistou todas as cidades da prometida "Canaã destruindo totalmente a toda alma que nelas havia" (Jos. 10:35), "destruindo tudo que tinha fôlego, como ordenara o Senhor Deus" (Jos 10:42), o que não é de se admirar, uma vez que Jeová é "homem de guerra" (Ex. 15:3).
"Cada um tome a sua espada e mate cada um a seu irmão, cada um a seu amigo, cada um a seu vizinho" (Ex. 32:27)
"Nenhuma coisa que tem folego deixarás com vida" (Deut. 20:16)
"Se o povo de uma cidade incitar os moradores a servir outros deuses, destruirás ao fio de espada tudo quanto nela houver, até os animais" (Deut. 13:12/15)
    Nossa, até os inocentes animais!!
    E por aí vai, entretanto, se olharmos as coisas com outros olhos, poderemos compreendê-las e até aceitá-las, mas o que é muito provável, é que Deus nunca tenha aparecido à alguém, pois, entendo, Sua estrutura espiritual é tão perfeitamente pura que não é possível a alguém, e mesmo até entidades espírituais mais evoluídas, concebê-Lo ou percebê-Lo.  O que é perfeitamente viável, é que os ditos profetas (videntes) do passado tenham recebido comunicações com entidades superiores, ou mesmo apenas um pouco mais evoluídas, que para época, eram consideradas divinas (na concepção usual da palavra).
    Acredito até que tenham sido anjos, em algumas ocasiões, mas não sempre.
    Outro ponto, é a questão de sempre imaginarmos Deus como uma pessoa, quando dizemos: Adoremos à
Deus, Pai Todo-Poderoso....
    Em primeiro lugar, porque "Pai"? Se tem pai, tem mãe, e quem é Deus-Mãe? Será que Deus precisa de uma entidade espiritual com polaridade sexual oposta para gerar um espírito? Suponho que não, mas então, novamente, porque "Pai"?
    Entendo que devemos abandonar esta conceituação antiga, ortodoxa, machista (como o foram todas as
definições e ideologias da igreja até agora) e considerar Deus simplesmente Deus, sem ser pai, nem mãe,
quando muito Espirito criador, Entidade criadora, ou outra designação. Assim como uma idéia pode ser
criada, e esta ser adotada por homens e mulheres, podemos associá-la a um espírito, que será incorporado
por uma mentalidade masculina ou feminina, e a idéia não necessariamente tem que ter sexo, ela simplesmente é. Em analogia, Deus É. Ele é absorvido pelos espíritos criados, fazendo com que sua
estrutura (essência) seja internalizada neste, e é por isso que somos criados à Sua semelhança. Então, Deus é como se fosse uma idéia que pode ser assumida, e não faz sentido atribuirmos sexo a uma idéia.
    Em segundo lugar, o que é adorar Deus? Sempre que leio esta palavra, me vem a mente a idéia de
ajoelhar-nos à frente de alguém, ou uma entidade, e dizer um rosário de palavras respeitosas e colocar-nos à disposição da entidade para o que der e vier. Acho que muita gente mentaliza esta idéia, quando se fala em adorar Deus.
    Penso que deveriamos mudar esta designação. Deus não precisa ser adorado, pois é perfeito e não
necessita ficar "ouvindo" que é perfeito e nem precisa ter o ego alimentado por adoradores. Porque não
esclarecer melhor isto ou simplesmente dizer: cumprir Suas leis.
    Até no primeiro mandamento: Amar a Deus acima de qualquer coisa, deveria ser dito "Cumprir Suas leis acima de qualquer coisa".
    Em resumo, todo o que foi dito no passado, deve ser visto com olhos críticos. Pode ser tudo verdadeiro, mas o sentido é que não está claramente entendido.
    Então ficarmos questionando as passagens da Bíblia também não se ganha muita coisa. Quem a leva ao
pé-da-letra está mais perdido, mas quem medita sobre o sentido das palavras, pode ganhar algum
conhecimento ou orientação.
    Um abraço fraterno a todos os leitores deste boletim.

    Antonio Lima



Romances Espíritas, Luiz Américo Lisboa Junior, Brasil

    Prezados confrades, venho já há algum tempo observado em feiras e catálogos de livrarias espíritas além de diversos clubes do livro, que há uma proliferação muito grande de romances espíritas em circulação. Esses romances representam hoje em dia a mais variada gama de literatura espírita vendida e divulgada. Não tenho nada contra os romances (em que pese existam alguns que equivocam-se em informações doutrinárias), mesmo porque eles estimulam os leigos ou aqueles que querem conhecer
a Doutrina Espírita. Porém um fato vem me preocupando e talvez tenha passado despercebido por muitos.   É que a divulgação das obras básicas (Pentateuco Kardequiano), e livros de Leon Dennis, Gabriel Dellane, Ernesto Bozzano, a Revista Espírita editada por Kardec, livros importantes de Emmanuel como Roteiro, O Consolador, Emmanuel, A Caminho da Luz, Religião dos Espíritos e outros, além da obra de Humberto de Campos (Irmão X) e outros tantos livros fundamentais para se conhecer verdadeiramente a Doutrina Espírita e estudá-la com base, têm ficado relegados a segundo plano em todas promoções ou divulgação feita pelas livrarias e editoras. O hábito da leitura fácil, chamativa e por vezes comercial de muitos romances, faz com que os verdadeiros ensinamentos caiam no desinteresse. E quando chegamos a um Centro Espírita, verificamos que muito pouco se conhece de EspiritIsmo, porém ao falarmos de um romance qualquer todos sabem sua história e tocam a falar sobre os personagens e vivências lidos.
    Os grandes livros da Doutrina Espírita, são os que dão a base segura do entendimento e renovação, os outros são coadjuvantes ou leitura secundária, que tem por finalidade apenas o entretenimento. Continuem os romances, mas divulguem-se com mais seriedade os nossos clássicos, não precisamos de romanceiros e sim de Espíritas esclarecidos e com conhecimento doutrinário, desta forma a mensagem repassada será verdadeira e segura.



Tratamento Desobsessivo, Jaime


Desejamos muita paz para todos.

    Meus queridos amigos, tenho algumas dúvidas sobre a técnica usada no tratamento desobsessivo e gostaria de alguns esclarecimentos.
    Eu frequento uma Casa Espírita que usa o seguinte procedimento;
    Como exemplo, uma criatura chega nesta casa necessitando de ajuda espiritual, ela é encaminhada para uma entrevista em um ambiente reservado diante de uma pessoa habilitada para este procedimento que faz uma triagem e quando identifica uma possível influência espiritual que de alguma forma esteja causando mal a esta criatura , a mesma é encaminhada para uma consulta mediúnica.
    Quando diante de um médium em transe mediúnico a entidade espiritual aconselha o tratamento desobsessivo, o paciente é encaminhado para assistir palestras evangélicas-doutrinárias, tomar regularmente a água fluidificada e tomar passe.
     No tratamento desobssessivo, nos dias previamente marcados, o paciente é convidado para entrar na sala onde se encontra um dirigente dos trabalhos mediúnicos, os médiuns e os doutrinadores. Quando o paciente entra na sala durante os trabalhos ele é convidado para tocar nas mãos do médium que está em transe e após o toque do paciente no médium,   a entidade  "encorpora" no médium e o doutrinador inicia seu trabalho de doutrinação,  neste instante o paciente se retira da sala.
     Meus amigos, gostaria de encontrar respaldo doutrinário e científico que justifique a necessidade do paciente tocar na mão do médium, pois esta técnica se aplica em alguns Centros Espíritas em minha cidade e qual o número de entidades que em uma noite de trabalho, aproximadamente uma hora de trabalho por semana, um médium seria possível receber sem haver animismo significativo que podesse alterar as informações dos espíritos sofredores em detrimento do médium, evitando assim o chamado "Stress Mediúnico".
     Ficaremos no aguardo de uma breve resposta dos amigos e aproveito a oportunidade para desejar muita paz e harmonia para todos.
    Jaime


Nota do Editor

  A observação do Jaime é de extrema importância no conhecimento da Verdade em relação as comunicações entre os planos terreno e espiritual, ou seja, as manifestações mediúnicas.
 A doutrina espírita nos ensina a tudo passar pelo crivo da razão e nada aceitar sem que nossa razão julgue um fato como "coerente" ou "isso faz sentido" e não como um "absurdo".
 O mais importante é a seriedade dos trabalhos e o constante estudo no conhecimento teórico buscando eliminar qualquer forma de comportamento desnecessário envolvido por um ambiente místico.
 Eis aqui um belo exemplo do porque o GEAE foi criado. Buscamos o conhecimento sempre progressivo, ou seja, estudos avançados espíritas.
 Incentivamos os(as) companheiros(as) com afinidade com o tema para nos enviarem comentários ou artigos que possam ser úteis aos nossos estudos.



Páscoa, Dante Luiz Zech


 Em resposta a nossa irmã Marinalda (Boletim 389).

    A páscoa é uma festa Judia, incorporada ao Cristianismo, optou-se pelo significado da ressurreição de
Cristo como justificativa para a comemoração, mas, na verdade o que ocorreu foi que quando houve a
"criação da igreja Católica" - que muito respeitamos pelo seu conteúdo histórico, pela condução do povo e
da fé Cristã, apesar de todos seus erros e abusos - por culpa dos homens é claro, muito contribuiu para
que nos tornemos o que somos hoje e abriu caminhos para a verdadeira evangelização do orbe terrestre,
tarefa esta em andamento e que sofre dia após dia uma aceleração visível. A páscoa foi uma das
comemorações absorvidas pelo Cristianismo nascente, visto o povo ainda necessitar de cultos e
comemorações - como vemos o Natal, originado de uma festa pagã em homenagem a um deus qualquer ou à
comemoração do solstício de inverno no hemisfério norte, existem muitas explicações para todas as festas
ditas Cristãs, na verdade Jesus em momento algum apregoou comemoração, culto ou cerimonia, respeitou
sem dúvida nenhuma as festas de seu tempo, a única comemoração que Ele quis foi a da nossa felicidade e
crescimento espirito/moral.
    Cabe a nós Espíritas, pesarmos à luz da razão, todas as festas ditas Cristãs, encontrarmos seu
significado verdadeiro, comemorarmos como seres humanos - afinal, vivemos no mundo material e fica
difícil para nós que somos pais de crianças pequenas, explicarmos porque das outras receberem
chocolates/presentes e elas não, apenas retirando o caráter "sagrado" que é dado a muitas delas,
explicarmos as crianças o significado histórico e se soubermos, o verdadeiro, e cuidarmos para não
incutir na mente delas este teor sagrado, tão arraigados de dogmas e idéias que nos remetem ao
paganismo...
    Quanto a "esquivar-se" do assunto, é escolha nossa, más cabe à responsabilidade de cada um a opção
por todos seus atos e as conseqüências boas ou más de cada um deles - "A quem muito foi dado muito
será pedido", e " A cada um segundo suas obras".
Dante Luiz Zech - Curitiba


Práticas Distantes, Orson Peter Carrara, Brasil

Agora passou! Mas todo ano, a cena se repete. Chega a época dos feriados católicos da chamada "Semana Santa" e surgem as questões:

1)Como o Espiritismo encara a Páscoa;Sexta-feira Santa"?;

2)Qual o procedimento do espírita no chamado "Sábado de aleluia" e "Domingo de Páscoa"?;

3)Como fica a questão do "Senhor Morto"?

Sabe que chego a surpreender-me com as perguntas. Não quando surgem de novatos na Doutrina, mas quando surgem de velhos espíritas, condicionados ao hábito católico, que aliás, respeitamos muito. É importante destacar isso: o respeito que devemos às práticas católicas nesta época, desde à chamada época, por nossos irmãos denominada de quaresma, até às lembranças históricas, na maioria das cidades revividas, do sacrifício e ressurgimento de Jesus. Só que embora o respeito devido, nada temos com isso no sentido das práticas relacionadas com a data.

São práticas religiosas merecedoras de apreço e respeito, mas distantes da prática espírita. É claro que há todo o contexto histórico da questão, os hábitos milenares enraizados na mente popular, o condicionamento com datas e lembranças e a obrigação católica de adesão a tais práticas.

Para a Doutrina Espírita, não há a chamada "Semana Santa", nem tão pouco o "Sábado de aleluia" ou o "Domingo de Páscoa" (embora nossas crianças não consigam ficar sem o chocolate, pela forte influência da mídia no consumismo aproveitador da data) ou o "Senhor Morto". Trata-se de feriado e prática católica e portanto, não existem razões para adesão de qualquer tipo ou argumento a tais práticas. É absolutamente incoerente com a prática espírita o desejar de "Feliz Páscoa!", a comemoração de Páscoa em Centros Espíritas ou mesmo alteração da programação espírita nos Centros, em virtude de tais feriados católicos. E vejo a preocupação de expositores ou articulistas em abordar a questão, por força da data... Não há
porque fazer-se programas de rádio específicos sobre o assunto, palestras sobre o tema ou publicar artigos em jornais só porque estamos na referida data. É óbvio que ao longo do ano, vez por outra, abordaremos a questão para esclarecimento ou estudo, mas sem prender-se à pressão e força da data.

Há uma influência católica muito intensa sobre a mente popular, com hábitos enraizados, a ponto de termos somente feriados católicos no Brasil, advindos de uma época de dominação católica sobre o país, realidade bem diferente da que se vive hoje. E os espíritas, afinados com outra proposta, a do Cristo Vivo, não têm porque apegar-se ou preocupar-se com tais questões.
Respeitemos nossos irmãos católicos, mas deixemo-los agir como queiram, sem o stress de esgotar explicações. Nossa Doutrina é livre e deve ser praticada livremente, sem qualquer tipo de vinculação com outras práticas. Com isso, ninguém está a desrespeitar o sacrifício do Mestre em prol da Humanidade. Preferimos sim ficar com seus exemplos, inclusive o da imortalidade, do que ficar a reviver a tragédia a que foi levado pela precipitação humana.

Inclusive temos o dever de transmitir às novas gerações a violência da malhação do Judas, prática distoante do perdão recomendado pelo Mestre, verdadeiro absurdo mantido por mera tradição, também incoerente com a prática espírita.

A mesma situação ocorre quando na chamada quaresma de nossos irmãos católicos, espíritas ficam preocupados em comer ou não comer carne, ou preocupados se isto pode ou não. Ora, ou somos espíritas ou não somos! Compara-se isso a indagar se no Carnaval os Centros devem ou não abrir as portas, em virtude do pesado clima que se forma???!!!... A Doutrina Espírita nada tem a ver com isso. São práticas de outras religiões, que repetimos respeitamos muito, mas não adotamos, sendo absolutamente incoerente com o espírita e prática dos Centros Espíritas, qualquer influência que modifique sua programação ou proposta de vida.

Esta abordagem está direcionada aos espíritas. Se algum irmão católico nos ler, esperamos nos compreenda o objetivo de argumentação da questão, internamente, para os próprios espíritas. Nada a opor ou qualquer atitude de crítica a práticas que julgamos extremamente importantes no entendimento católico e para as quais direcionamos nosso maior respeito e apreço.
Vemos com ternura a dedicação e a profunda fé católica que se mostram com toda sua força durante os feriados da chamada Semana Santa e é claro, nas demais atividades brasileiras que o Catolicismo desenvolve.

O objetivo da abordagem é direcionado aos espíritas que ainda guardam dúvidas sobre as tres questões apresentadas no início do artigo. O Espiritismo encara a chamada Sexta-feira Santa como uma Sexta-feira normal, como todas as outras, embora reconhecendo a importância dela para os católicos. Também indica que não há procedimento algum para os dias desses feriados. E não há porque preocupar-se com o Senhor Morto, pois que Jesus vive e trabalha em prol da Humanidade.

E aqui, transcrevemos trecho do capítulo VIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, no subtítulo VERDADEIRA PUREZA, MÃOS NÃO LAVADAS (página 117 – 107ª edição IDE): "O objetivo da religião é conduzir o homem a Deus; ora, o homem não chega a Deus senão quando está perfeito; portanto, toda religião que não torna o homem melhor, não atinge seu objetivo; (...) A crença na eficácia dos sinais exteriores é nula se não impede que se cometam homicídios, adultérios, espoliações, calúnias e de fazer mal ao próximo em que quer que seja. Ela faz supersticiosos, hipócritas e fanáticos, mas não faz homens de bem. Não basta, pois, ter as aparências da pureza, é preciso antes de tudo ter a pureza de coração".

Não pensem os leitores que extraímos o trecho pensando nas práticas católicas em questão. Não! Pensamos em nós mesmos, os espíritas, que tantas vezes nos perdemos em ilusões, acreditando cegamente na assistência dos espíritos benfeitores, mas agindo com hipocrisia, fanatismo e pasmem, superstição ... quando não conhecemos devidamente os objetivos da Doutrina Espírita, que são, em última análise, a melhora moral do homem


Nota do Editor
 Agradecemos aos amigos Dante e Orson pelos esclarecimentos sobre o feriado católico da Páscoa, concluindo que devemos compreender e respeitar sempre e identificarmos em condutas apropriadas à nossa própria evolução espiritual à luz da Doutrina Espírita.



Painel
Listas do IPEPE-Instituto de Intercâmbio do Pensamento Espírita de Pernambuco


Amigos,

É com muita alegria que informamos o início de funcionamento da Lista IPEPE-JURÍDICA. Relembramos para todos, a nossa atual realidade em termos de Listas do IPEPE:
 

   1.Lista IPEPE-DEBATES (Geral): Em funcionamento desde 16/8/1999;
   2.Lista IPEPE-EDUCAÇÃO(Específica): Em funcionamento desde 16/5/2000;
   3.Lista IPEPE-SOCIOPOLÍTICA(Específica): Em funcionamento desde 16/5/2000;
   4.Lista IPEPE-SAÚDE(Específica): Em funcionamento desde 24/5/2000;
   5.Lista IPEPE-JURÍDICA(Específica): Em funcionamento desde 28/5/2000.
 

    Informamos que qualquer pessoa pode participar de quantas Listas quiser. As inscrições são gratuitas e poderão ser feitas a qualquer momento através do e-mail ipepe@ipepe.com.br, enviando-nos o nome completo, endereço residencial, e-mail e nome da Lista.
Para maiores informações, favor entrar na seção "debates" da Home Page do IPEPE ( www.ipepe.com.br).

Muita paz,

Gezsler Carlos West
Coordenador Geral do IPEPE
 


Grupo de Estudos Avançados Espíritas


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